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MICHAEL HORTON Uma Teologia Sistematica para os peregrinos no Caminho DOUTRINAS DA FE CRISTA O DOGMA E O DRAMA: UMA TEOLOGIA PARA OS PEREGRINOS NO CAMINHO 'm 1949, a dramaturga e novel y Ens ‘comum a doutrina em seus dias: “Dogma enfadonho, eles o chamam’ De acordo com Sayers, no entanto, o cristianismo é a ’ara muitos cristios, palavras como = evocam imagens de jamais contada, “E 0 dogma é 0 drama” doutrina € orgulho intelectual, numa caixa, ordenadament F claro que somos quase motives corruptos e par orgulho espiritual boa teologia & hut experiéncia ou moral. No entanto, 0 obj is diante do Deus trino de majestade e g completa, 0s antigos tedlogos da Reforma e da pos- dda majestade de Deus que eles chamavam seus resumos e sistemas de “nossa hhumilde teologia” e “uma teologia para peregrinos no caminho’ |, POR QUE TECLOGIA? DRAMA, DOUTRINA, DOXOLOGIA E DISCIPULADO Teologia significa simplesmente “o estudo de Deus” e doutrina significa “en- Desde: ras € 0 desdobramento do fhosso cOnjuge ou para outras com eles eter comunho com e ‘len suas caracteristicas, con de que nio gostam e planos para o futuro. que amamos que queremos gastar tempo larmente, mas nada queremos saber sobre as pessoais, coisas de que gostam e "Dowty Syers: Cre or cor. (Nova Yorks Harcourt & race, 1949) 9, INAS DA FE CRISTA No entanto, quando falamos de Deus, com frequéncia as pessoas imaginam ser possivel ter um relacionamento pessoal com Deus a parte da teologia. De fato, alguns cristios assumem que o fato de conhecer doutrina e a vida pritica sio in: nula- ido consequéncias desastrosas na vida ja € no seu testemunho para o mundo. Espero mudar a mente de alguns tores a respeito da teologia sistemitica ¢ de sua relevincia ao primeiramente idar nossas pressuposic6es operantes sobre sua natureza, objetivos e métodos. teresses rivais. A dicotomia moderna entre doutrina e vida, teologia ed do, conhecer e fazer, teoria ¢ pritica te da A. DRAMA: A MAIOR MAIS CONTADA, Um mito moderno é 0 de que nés superamos as histérias. Quando alguém s pede para explicar quem somos, nés contamos uma histéria. Ademais, terpretamos nossas narrativas pessoais como parte de um enredo maior. Quem. somos? Por que estamos aqui? Para onde estamos indo? Qual é o objetivo? Existe lum Deus e, em caso afirmativo, é possivel conhect. w mundo? As questées mais importantes, que exigem a andlise jorosa, sio realmente doutrinas que emergem de uma historia particular que nds ou pressupomos ou aceitamos com convicgao 1 responde ‘essas grancles perguntas ao recitar a historia do Deus trino na criagdo, a queda ddas criaturas que ele fez a sua propria imagem, a promessa de um redentor por ‘meio de Israel, ¢ 0 cumprimento de todos os tipos e sombras na encarna¢ morte, ressurrei¢éo, ascens: niceno nio sto apenas uma lista de doutrinas-chat forma de uma histéria, nosso testemunho compart tantes da realidade. Os secularistas atuais imaginam frequentemente que su fundamente enraizadas nao sio na verdade cr ado dos fatos mais impor- crengas mais pro: as em hipotese alguma, 0s, Eles supdem que nio ertamente nao tém senso de que esses “fatos” sio ynjunto maior de pressupostos (ic., narrativa) De fato, “contar uma historia” é frequentemente classificado com os mitos e as fibulas, Embora a cura seja pior do que a doenga, se tomada em doses excessivas, accritica pés-moderna do “mito da neutralidadc” ow “a visio de lugar algum” for. niece um poderoso antidoto & artogancia da razio moderna, Nao é apenas a tribo oso que tem seus pressupostos, convicgdes e préticas ular; as ideias modernas de “progresso’,“ilumi- bertacio” também sao parte de uma narrativa compartilhada que tem sido assumida por ocidentais desde 0 Renascimento, mas especialmente depois dos séculos 17 e 1 Bdlro quea ide” no é apenas uma const de" nio é apenas uma m 1s uma ficgio inteligente, como Friedrich Nietzsche pensava, No entanto, nossa compreensiio da verdade da realidade 6 (© DRAMA: UMA TEDLOC PARA © SO CAMINO 17 rc sempre interpretada, Por exemplo, na sepultura de uma pessoa amada, trés pes- soas podem estar diante da mesma realidade (Le., a morte). A primeira pessoa lerpreta o acontecimento dentro da fa do estar “morto em Adao” versus tendo “vida eterna em Cristo’, enquanto a segunda pessoa trata a morte como uuma libertago da alma para (espera-se) uma reencarnacio melhor, ¢ a terceira pessoa pode interpretar © mesmo acontecimento como nao mais do que uma cessacao das fungdes temporais. Por mais de trés séculos agora, ateus e céticos tem catequizado 0 Ocidente na crenga de que & medida que a cultura progredir a erenga em Deus ~ ou pelo me- nos na intervengao divina extraordinaria na natureza ena Histéria ~ vai acabar. © que os proponentes esquecem é que o priprio conceito de “progresso” em si pressupde certo sma interpretagao de realidade que exige um com- promisso pessoal. Entre outras coisas, esse conceito de progresso pressupée que a realidade ¢ inteitamente autocriada e autorregulada (aut6noma), de tal modo quea propria ideia de um Deus pessoal que entra num mundo que temos defini- do como “sem Deu ‘ " fechando a sua mente arbitrariamente para qualquer argumento ou evidéncia que possa desafiar tals pressupostos. Os paradigmas narrativos sao resistentes, les podem ser derrubados, mas todos trabalham ativamente para preservé-los do impeachment, No Ocidente, houve um tempo que alguém poderia tornar-se at {sta apenas com considerivel dificuldade; a narrativa muito difundi- dda dentro da qual todos funcionavam tornava a descrenga implausivel. Hoje, é ‘exatamente 0 oposto. A crenga no Deus trino das Escrituras que fala e age na téria requer um ato de apostasia do credo assumido na nossa era ig0 tudo isso para deixar claro que nao € apenas a religido que precisa de histotias. A conexao inextricavel entre fe prética em termos de dramas doutri- doxologia e discipulado tem corolérios evidentes em cada filosofa, reigiio tura. O drama determina as grandes perguntas, bem como as respostas. AS 1as sito convicgbes que emergem d luz desse drama. Pessoas nao ajuntam suas crengas uma a uma, empilhando uma sobre @ outra. Em vez disso, hd cer- limitagao nas crengas que uma pessoa especifica esta disposta a aceitar dada idade do paradigma (ou drama) que ele ou ela no momento assuma ‘como verdadeiro, E entéo, ninguém menos do que o cristo mais ardente faz. 0 co religioso viver de acordo com essas convicgdes, Nao menos do que o cris- tianismo, o marxismo e o capitalismo, a democracia e o totalitarismo, o feminis- mo €0 fascismo sio, de fato, histérias que envolvem compromisso pessoal. Nao fstou afirmando com isso que ha apenas interpretagées (historias) e nao fatos (Werddades), mas que nio existe ta coisa como fatos ni ‘mais endurecido pode viver no mundo de pura propria narrative pressupbe, Na sua pritica diéria, amo, Nem mesmo o {alta de significado que 18 Dourrinas 1 18 ‘omais ardente cético religioso deve pressupor uma ordem e inteligibilidade basi- ‘eas na realidade que contradiz o credo da criagio aut6noma pelo acaso, ie que nao é uma histéria é chamada lém’). Muitos dos pressupostos mais tos da razio absoluta e universal. Por exemplo, onde progresso para os c significa tanto a execucio do plano redentor de Deus na Histéria quanto nosso crescimento em graga e conhecimento de Deus (definido pela historia bi para os secularistas atuais progresso significa a libertacao da superstigio infantil » a crenga na intervengao milagrosa de um Deus transcendente na Histéria ena natureza). Tudo na religiéo ~ é biblica ~ que pertenci rativa ou histéria foi repudiado como verdade cont nessas historias tinha de set demonstrada pelos cons da razio e da moralidade Uuniversais, Na sua versio mais autoritativa, a religito foi considerada como “nao Em meados do século 20, o tedlogo Rudolf Bultmann formulou um étodo de “demitologizar” a Biblia, de modo que as pessoas modernas ainda pu- dessem achar 0 evangelho relevante a sua existéncia no mundo sem ter de accitar suas hi poentes da filosofia ocidental - especialmente Sécrates, Plato e Aristételes ~ {entaram refinar 0 ouro da verdade libertando-o da escéria dos mitos gregos dos deuses. © resultado é uma metanarrativa ~ uma historia disfarcada de uma descrigéo puramente racional das “coisas como elas realmente sio’ Num ensaio semi Frangois Lyotard resumiu 0 pés-modernismo como “incredi ai 1 metanarrativa’, Como ele a defi- hit, uma metanarrativa é uma histéria “demitologizads”. Fingindo ter trans- ido narrativas particulates ¢ descoberto a verdade arquétipa em si, nés nos esquecemos de que muitos dos valores, expectativas e convicgdes mais caros sio criagées vinculadas a um tempo e lugar particulares, em vez de serem ver- dades universais? Numa reagdo contra 0 pés-modernismo, alguns cristaos tem insistido que se num entendimento incorreto, Para Lyotard, uma mi modo pelo qual a modernidade legitimou seu discurso absolutista e 0 originou ou fundamentou na razdo auténoma. “No discurso filoséfico”, observa Merold Westphal, “neta significa uma diferenga de nivel e no primariamente de ta- manho!: No entanto, a fé biblica ndo se legitima ou se fundamenta desse modo. postmodern condition: report on kxowledge (rad, Geoff Bennington © iversidade de Minnetot, 19 A PARA OS PEREGRINOS NO CAMINHO. 19 “Agora, inegavelmente o cristianismo é uma meganarrativa, uma grande historia, 8 Ba) 86 Ihistéria da redengio] no credo e nos sermées pertence a primeira ordem do Aiscurso cristo” E uma confissao de fé, um ato pessoal de testemunho do Deus {que entrou na nossa Historia em e por meio de uma narrativa particular que nao pode ser “traduzida” ou demitologizada em termos seculares. Todas as nossas cosmovisdes sio historias, O cristianismo nao afirma ter fugido desse fato. Os profetas € apéstolos estavam comple do fato de que eles esta- da estrutura de uma narrativa particular de tanarrativas prometeicas. A metanarrativa modern uma série de dogmas que tomamos por ce narrativase sistem: 503) ocidentais estavam dispostos {ria crista em simbolos de verdades supostamente mais elevadas. Por exemplo, embora para eles Cristo nao fosse 0 Deus encarnado que morreu pelos nossos pecados e foi corporalmente ressuscitado no terceiro dia, a modernidade permi- permanecessem ainda como simbolos do reino raza, rligido, moral smo ou democtacia, capi ismo, progresso cientifico, arrogancia imperial ou naciot mo, Para os fildsofos greg luma historia” ~ a casca dispensavel que escondia o lluminismo (e 0 liberalismo protestante) seguiu o mesmo curso com 0 1 ce), enquanto a religido estava preocupada com os, jue encontramos no mito). litavam que os atos poderosos de Deus na dispensiveis que representavam verdades a grande histéria no apontava para algu- cla propria era o ponto. Deus realmer }omens A sua imagem, ¢levou Israel a at ‘omar Vermetho terra seca, Ble realmente afogou um reino maior do que 0 Parad e seu exército na morte e ressurreigio de Cristo. Os atos poderosos "Westphal Overcoming onto aon 20. Dournas pa Fe cRISTA de Deus na Hist6ria nio sio mitos que simbolizam verdades atemporais; eles criam 0 enredo revelado dentro do qual nossa vida e nosso destino encontram suas coordenadas corretas. ‘As metanarrativas do origem a ideologias que reivindicam a submissio do mundo até mesmo, se necessirio, por meio da violéncia. O cerne da narrativa a0 contrério, €0 evangelho ~ a boa-nova a respeito do amor salvifico e da ericérdia de Deus em Jesus Cristo. E a histéria que interpreta todas as outras historias, cujo personagem principal é senhor sobre todos os outros senhores. No entanto, a histéria cristé também ¢ diferente de tais metanarrativas em origem e legitimacio, tendo sua origem na revelagio, néo na filosofia, e mais especialmente néo na filosofia ‘moderna, fundamentada na autonomia do sujeito humano, seja oindividuo como conhecedor (0 ego cogito de Descartes), 0 individuo como detentor de direitos aliendveis (Locke, Jefferson) ou a humanidade moderna coletivamente como 0 ‘cumprimento da Histéria (Hegel, Marx, autoconsciéncia popular norte-america- nna como uma cidade colocada sobre um monte)* Consequentemente, Westphal acrescenta, © cristianismo tem pelo menos fundamentos tio bons quanto os de Lyotard para ser cético e descontfiado; cético com relagio as relvindicagbes de ser a pura ‘voz da razio sobre as bases de que a finitude e falibilidade humana solapam esse ‘deal, que remonta & nogio de Platéo da alma humana como divina;e desconfiado ‘quando (talvez com a ajuda de Lye ivas da modernidade sio vistas pelo que de fato sio, a autolegitimacso da autolaudatéria modernidade.? As metanarrativas tentam “nos” justificar ejulgar o resto do mundo, enquan- que ele & verdadeiro, C. 8. Lewis afirmou que o cri 10-0 mito que realmente tornou-se fato. “Ele a ‘num lugar especifico, seguido de consequéncias um Balder ou um Osiris, que morreram em data e lugar que ninguém sabe, para uma Pessoa histérica crucificada (tudo esté em ordem) sob Péncio Pilatos. Por © dock Fo DRAW: Una TEDLOGA NOSNO CAMINO. 21 tornar-se fato, nfo cessa de ser mito”? Em outras palavras, ainda & uma hist6ria, embora seja verdadeira, Nem mesmo a ressurreico & uma metanarrativa; seu significado nao pode ser simplesmente explicado da superficie dos acontecimen- {os hist6ricos, mas é definido pelo seu contexto intratextual como parte de um enredo em curso. Os profetas, apéstolos e evangelistas da Biblia néo imaginaram que histéria ¢ fato eram de algum modo antitéticos (equivalentes a ficgdo e nao ficgao). Nem ‘ocorreu a eles que a fir de oferecer testemunho dos acontecimentos histéricos do momento eles teriam de ocupar um ponto de vantagem ostensivamente neu- tro, livre de valores. No entanto, eles também afirmaram que esta era. histéria de , que eles eram tanto testemunhas oculares dos seus atos quanto seus men: sageiros escolhidos, que tinham recebido do proprio Deus a interpretacao da~ es atos. Diferente dos idolos das nagdes que so a cara do seu criador, 0 Deus © Criador eo Redentor, 0 Alfa ¢ 0 Omega, 0 Senhor e 6 Consumador da Histéria. Enquanto a modernidade constr6i os seus impérios com base numa meta- narrativa de progresso, autossuficiéncia e confianca num destino de humanidade 10s ps-modernos é perder qualquer senso onsciente de que nossa prépria vida é parte de um enredo maior. Tornamo-nos partir de combinagdes sem sentido de escolha infinita. Em nossos dias, 0 roteiro hos é vendido com propaganda persuasiva que promove satide, prosperidade € Alegria aqui e agora. Nossa experiéncia didria ¢ inundada com imagens de pes- sous de sucesso e a historia de vida que nés podemos ter se comprarmos os aces- 3s adequados. Até mesmo “Deus, “Jesus” ¢ espiritualidade tem o seu lugar, i para nossa autocohstrugio {otransformagao. No entanto, nao hi nada especialmente pés-moderno nessa testemunhamos nas nossas culturas ocidentais contempori- 1ma renkincia &s metanarrativas, mas 0 d legais & medida que vamos entre 0 nascimento e a morte. Esse ni adismo) aspira & condigio de ideologia absoluta com tanta convicgio ‘quanto as cruzadas triunfalistas que o precederam. ‘No entanto, a fé crista ¢ um contradrama a todas as meganarrativas e meta- ‘avrativas dessa era de transigao - antiga, medieval, moderna ¢ ps-moderna. lla fala do Deus teino que existiu eternamente antes da criagdo e de nés mesmos om personagens desse enredo. Criados & imagem de Deus ainda que caidos fem pecado, temos nossa identidade formada pelo movimento dessa historia dra- snitica de promessa ¢ cumprimento em Jesus Cristo, Esse drama também tem TER Lew, “Np became sm God nthe dock org, Water Hooper; Grad Raps: Berdinans, 22 Doutnnas vs ## ‘ (© DOEMA FO PRAMS: UMA TEOLOGIA FARA OS PEREGRINDS NO CAMINO 23 sacess6rios poderosos, tals qua a pregagdo, o batismo e a Santa Ceia - os doutrina impede a narrativa de deslizar para o passado; ela indica o significado eis pelos quais deixamos de ser espectadores para sermos de fato incluidos desses acontecimentos para nds agora e no futuro.? no elenco. Depois de trocar 0s nossos trapos riquezas da justiga de Cristo, Especialmente como o propésito dessa missio torna-se mais evidente aos dis- agora encontramos nossa identidade “em Cristo’ Em vez de Deus ser um ator cipulos & medida que se aproximam de Jerusalém, Jesus direciona a atengio deles juvante na histéria da nossa vida, nés nos tornamos parte do elenco que 0 para sua crucificagio e ressurreicio. Mesmo assim, mesmo depois que Pedro faz Espirito esté recrutando para a pesa tea sua confissio maravilhosa de Jesus como 0 Cristo (Mt 16.13-20), ele repreende n primeiro lugar e acima de tudo, um drama, uma pega de Jesus por falar de sua morte iminente (v, 21-23). Apenas depois da ressurreicio, teatro em acd, Geerhards Vos observou qué A Biblio um manual dogmé- jesus intido ele era 0 person >, mas um livro hist6tico cheio de interesse drat Ess histviaque = Deion a aor aces dle nba see Sp ips, centrada em Cristo, nfo apenas informa nossa mente de ipado. Na sua Grande Comissio, Jesus ordenou aos discipulos levarem suas manera ria; ela cativa o coragio e @ imaginagio, animando e motivando nossa mensagens a todos, batizando-os e ensinando-os em seu nome (Mt 28.18-20), agfo no mundo. Quando a Histéria parece chegara uma pausa em pecado, culpa Pentecosts eles receberam poder como testemnhas, para proclamar do que € morte, os profetas levam o povo de Deus ao cumprimento de sua prom eowvido. lida que tomamos conhecimento dessa historia, o Espirito nos convoca 1 diseipulos na sua jornada da Galileia para Jerusalém, nds nos encontramos As grandes doutrinas da f& crs compreendendo 0 objetivo da missio de Jesus, nao de fato compreendendo-o, se fez carne e habitou entre nds, cheio de graca e de verdade, e vimos.a st fe entao realmente reconhecendo sua pessoa € obra. Por causa do Pent 1.14). 0) entendemos o significado da vida, morte, ressurreigao e segunda vinda de Cristo concentra sobre verdades eternas atemporais os ensinos mai ais do que os préprios discipulos antes da descida do Espirito. Nas suas epistolas, 0s apdstolos desenvolvem e interpretam, sob a inspiracao conquistado nossa redencao no Gélgota. No fo, essa peca teatral (2Tm 3.10-17; 2Pe 1.16-21), relacionando os vé- entanto, vivemos deste lado da agao divina. Ao mesmo tempo, Cristo ainda nio ros aspectos do evangelho e explicando suas implicagdes para a nova sociedade Inaugurada pela ressurreicao de Cristo, Nesse ponto, eles vem de maneira clara {© que era menos evidente a eles antes, iterpretando nao apenas sua propria ex- peridncia de testemunhas oculares da pessoa e obra de Cristo, do Antigo ‘Testamento que culminou em tal experiencia. Sob esse testemunho nds também podemos descobrir o significado desses acontecimentos, ie define e refina a nossa compreensio da peca em desenvolvimen- pe foi enviado ao tesoureiro da corte da Btipia, juntou-se a ele ragem quando ele estava lendo Isafas 53. “Compreendes o que vens 1 perguntou, O tesoureiro respondeu: “Como poderei entender, se falguém nio me explicar? E convidou Filipe a subir e a sentar-se junto @ ee. |. ‘Wntio, Filipe explicou; e, comecando por essa passagem da Escritura, anunciou- athe a Jesus” (At 8.30-31,35). Essa é a razio pela qual Cristo deu mestres & sta lore = em primeiro lugar, profetas e apéstolos, e agora pastores e mestres. to dia; ele “foi entregue por causa das nossas transgressbes e essuscitou por causa . parte dessa narrativa dramética, a doutrina torna-se abstrata, como 08 axio- da nossa justficagao” (Rm 4.25, énfase acrescentada). Como um comunicador ‘has matemticos. No entanto, se nos concentrarmos apenas na histéria crsta (a eficaz, Deus que ele esté pronto para fazer, faz, ¢ entio nos diz o que ele micia de algumas teologias narrativas), perderemos as implicagdes cruciais Paul Ricoeur observou, a venredo € as conexdes internas entre suas virias sequéncias. " Geerhardus Vos, bial thology Old amd New estamos (Grand Rapid 24 Dournnas pa Como Dorothy Sayers observou em The lost tools of earning (Os instrumen- tos perdidos do aprendizado}, comegamos nosso desenvolvimento educacional ido. nossos pais, irmaos mais velhos e professores. Nesse estigio do “bé-d- -bai, as criangas deleitam-se em rimas simples e frases repetitivas que de modo crescente tornam-se 0 repertério do conhecimento bisico do qual elas vio ex- trair durante o restante da vida. Entdo, a medida que caminhamos para a ado- lescéncia, gostamos de argumentar. Comegando a pensar por meio de conexdes ligicas entre os diversos fatos do nosso conhecimento e experiéncia, entramos no estigio dialético, tipicamente um perfodo de questionamento, testes e pensa- ‘mentos sobre por que cremos no que cremos. Pelo menos no pasado, pensava-se ‘que o propésito do colégio era formar nossos habitos de pensamento ¢ expressio ‘quando entramos no nosso estigio retérico de desenvolvimento. ‘No nosso crescimento e discipulado cristaos, também passamos por esses es- tgios. Seja como novos convertidos ou como criangas que cresceram na igreja, somos apresentados a palavras tais quais Deus, redengto, Trindade, imagem de Deus, meios de graca, justi € escatologia. No devido tempo, nés nos tor ramos suficientemente competentes com essa nova linguagem a ponto de fa- zermos boas perguntas ~ até mesmo a ponto de desafiar 0s nossos professores a que nos deem razes para essa fé que professamos e que nos mostrem como as varias doutrinas estdo relacionadas umas as outras num sistema de verdades. Ao 4questionar e testar nossa interpretagao da Palavra de Deus, passamos a conhecet aquilo em que cremos e por que cremos, de modo que a gramitica da fé torna-se nossa linguagem de adoracao, por meio da qual interpretamos toda a realidade e vivemos no mundo. A teologia ¢ 0 interesse de cada cristao porque é 0 “bé-é-ba” da f crsta, Imagine qual seria o resultado se as escolas do fundamental decidissem 0 ou a diferenga entre as frequentemente as, ‘yeem como irrelevantes, tediosas e mecanicas? Por experiéncia, sebemos quanto ¢ dificil aprender uma nova lingua como adultos em comparagao com as crian- sas: seja a nova gramética do francés, hebraico, mandarim ou a lingua de uma nova vocagio, Aqueles dentre nés que cresceram com méquinas de escrever com, frequéncia ficam impressionados com a habilidade superior que nossas criancas. {ém com o computador pela aprendizagem da gramitica dessa tecnologia recente ‘num estgio em que tal gramética € mais facilmente adquirida. Se decidissemos que nunca mais aprenderfamos nada que ¢ dificil, complicado e frequentemente tedioso, a gama de nosso conhecimento, emocées e experiéncias humanas tor- nar-se-ia bastante limitada, Perderfamos alguns dos aspectos mais interessantes « satisfatdrios da realidade. 'Na teologia sistematica, juntamos todos esses estdgios: ensino do vocabulirio regras de discurso ("bé-a-ba’) do cristianismo, investigacao de sua consi cia e coeréncia internas, bem como comparagio e contraste com interpretagdes rivals (l6gica), de modo que possamos defender nossa fe nwo 25 (© boats £0 DRAM: UMA. inistério de pregagdo cdificagdo, unidade e maturidade ao corpo de Cristo de sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela ast zem 20 erro, Mas, seguindo a verdade em amor, crescamos em tudo naquele que 6 cabega, Cristo [..]” (BF4.14-15), C, Doxo.ocia: DIZENDO “AMEM!” Quando a doutrina é compreendida no contexto de sua narrativa dramitica, encontramo-nos estupefatos pela graca de Deus em Jesus Cristo, rendendo-nos A doxologia (louvor). Longe de nos tornarmos senhores, tornamo-nos senhore- sm Vez. de nos apegarmos a verdade, somos agarrados p lo dom de Deus, para o qual podemos apenas dizer: “A seja 0 Senhor!” Esse padrio pode ser discernido nas ¢ exemplo, depois de conduzir os ouvintes pelos cumes alpinos da graca eletiva, ficadora, regeneradora, santificadora e preservadora de Deus - com a con sumagao ainda por acontecer - Paulo irrompe em maravilhamento ante a vi "Que diremos, pois, destas coisas? Se Deus ¢ por nds, quem seri c nds?” (Rm 8.31). Depois de outro excurso sobre os propésitos da eleigao de Deus, Paulo exclama, 0 € sua importincia doutrinéria, nossa doxo- Jogia torna-se desfocada, Nosso louvor perde nao apenas em profundidade, mas a: pelo qué, exatamente, estamos louvando a Deus? Estamos Heyponcendo ao caréter e obras de Deus, ou meramente nos expressando? ‘Aomesmo tempo, a doxologia desafia nosso orgulho intelectual e reduz nossa ‘ede por especulagéo. A si doutrina ¢ um combustivel para a nossa adoracao, € i. Quando o apéstolo Paulo atinge o limiar da majestade de 1s doxologias que ciel, ele nao mais faz perguntas e as respond, mas ‘silora ao Deus que foge d nossa compreensio. On melhores tedlogos na Historia tém evidenclado uma submissio semelhan- mistério, Por exemplo, em virios pontos de suas Institutas, Jodo Calvino 26 Do st resume sua interpretagao de um ensino da Escritura e entio exorta-nos a adorar ‘© mistério em vez de tentar compreendé-lo. Séculos antes, Anselmo de Cantudtia escreveu até mesmo suas investigagdes mais profundas em forma de oragio, como esta que se tornou famosa: "Nao vou me esforcar, 6 Senhor, para penetrar a tua sublimidade, pois de modo algum posso comparar minha compreensio com ela, mas desejo entender em alguma medida a tua verdade, na qual o meu coragao cré e & qual ele ama, Isso porque nao procuro compreender aquilo em ‘que creio, mas creio para que possa compreender’ D, Disciputabo: © CAMINHO DE CRISTO NO MUNDO ‘Com nossa mente transformada pela Palavra de Deus de modo que somos reconhecidamente cativos do louvor a Deus, somos refeitos & imagem de Cristo ‘omo novos personagens na sua pega teatral. A teologia esta inextricavelmente ligada ao batismo, Ao fazer seu juramento de cidadania, os imigrantes comecam_ ‘aprender a linguagem e os costumes do seu nevo pais. No batismo, juramento de Deus vem ptimeiro. No entanto, quando Deus nos reclama como beneficié- rios de suas misericérdias pactuais em nsportados do império desvanescente do pecado e morte para o reino de graca. Como sinal visivel eselo da promessa salvifica de Deus, 0 batismo também provoca nossa resposta de arrependimento e fé ~ no apenas uma vez, mas por toda a nossa peregrinagio. Isso € chamado de mortficagdo e vivificagdo: reconhecendo que 0 nosso “velho Aquele que & batizado tem o pri gua de Sido, ‘A menos que sejamos deslocados das historias da era passageira para nossa nova identidade em Cristo e comecemos a entender as implicacdes desse novo papel, nosso discipulado sera um pouco mais do que moralismo. Meramente imitar o exemplo de Cristo € diferente de estar unido a Cristo pela fé, apre- sentando o fruto de sua vida ressurreta. E 0 credo que dé origem ao louvor e, Ftanto, a0 amor, a0 servigo € 20 testemunho, feitos de maneira informada ¢ sincera ao préximo no mundo. Doutrina separada de pritica é morte; pritica separada de doutrina é apenas outra maneira de autossalvagdo e autoaperfeicaa- mento. Um discfpulo de Cristo & um estudante de teologia. Embora o conceito biblico de discipulado certamente signifique mais do que estudo, ele nio signi- fica menos. A pratica comum de seguir um rabi (que significa “mestre”), para receber instrugio diéria formal e informal, era o padrio do ministério de Jesus. ‘A palavra na nossa lingua, discipulo, de fat discipu- ls, que significa “estudante” igio e a obrigacao de aprender a "Anselmo "Proslogion’: em Se Ans, proslgton and monolgium (ead. Sidney Notton Deane; Chieno: Open Goa, 1935) 6. ov © boat fo DRAM U A.OS PEREGRINGS NO CAMINO 27 Apenas depois de ter entendido e vivenciado esse evangelho surpreendente encontramos a motivagdo correta para 0 nosso discipulado no mundo. Assim, escreve: Rogo-vos, pois, irmiios, pelas miserieérdias de Dews, que apresentets 0 vosso ‘corpo por sacrificio vivo, santo e agradavel a Deus, que & 0 vosso culto racional. E ndo vos conformels com este século, mas transformal-vos pela renovagao da vossa mente, para que experimenteis qual sejaa boa, agradavel e perfeita vontade de Deus (Rm 12.1-2, itlico acrescentado). Nos 11 capitulos anteriores, Paulo havia explorado o vale traigoeiro da nossa condenagio em Adao e os pincaros empolgantes da nossa salvago em Cristo. Ao longo do caminho, os argumentos doutrinérios foram pontuados com exclama- bes doxoldgicas. Apenas agora ~ por causa das misericérdias de Deus ~ 0 cha- mado ao discipulado torna-se nosso “culto racional” de adoragéio, e nao apenas . Agora, podemos oferecer a nés mesmos, nao como sacri 1-40, mas como sacrifcios vivos de gratidao. Nao podemos afir- teressamos por Deus ou pela Biblia se consideramos a di mificante. A concepgao neotestamentaria de discipulo nao era em lugar um modo de viver que Jesus conclamou os diseipulos a imitar, mas um ministério messidnico tinico que ele os chamou a compreender por meio dos seus ensinos e agdes. Fles foram chamados, em primeiro lugar e principalmente, fmm festemurnhas ~ apontando para longe de si mesmos & Palavra que se fez.carne para a nossa selvacio. E, JUNTANDO TUDO: © NOVO PAPEL DE DEUS PARA NOS NA I cer en tort cpa env dean nari. doatyng, do- ologia e discipulado é evidente a0 longo das epistolas do Novo Testamento. Ele também é aparente nos Salmos,o hinério da Biblia, em que frequentemente des- kobrimos o relato dramético dos poderosos atos de Deus a despeito do pecado /umano, provocando no salmista um louvor grato e, entao, uma resposta de fé e no significa que sempre nos movemos em linha reta do drama ido, As vezes, algo que acontece na nossa experiéncia nos desper- {h para uma verdade que nunca havfamos compreendido de fato, ¢ as vezes, a ca molda e deforma as nossas convicgdes doutrinérias, Muitas vezes, {una doutrina mais ou menos aprendida ou um episédio parcialmente lembra- do no drama redentor torna-se mais completamente compreendido em oraca0 1 louvor, especialmente em momento de crise ou de delicioso maravilhamento, © tnifego se move em todas as diregdes, para frente e para trés e entre essas das, de modo que nossa fééancorada ns obra do Deus teinoe chega a0 préximo em amor, 28. Dourunss 04 cRISTA De modo geral, perfodos de reforma, tanto nas pessoas quanto na igreja cor- porativamente, vém da tedescoberta desse padrao circular de drama biblico para doutrina, desta para doxologia e desta para o discipulado. Periodos de declinio ‘geralmente fazem 0 caminho inverso. Primeiro, comegamos a questionar a confia- bilidade da narrativa, Como podemos encontrar nossa prépria hist6ria no drama 4da milagrosa intervengio de Deus na Historia para os pecadores, quando nosso mundo parece governado por nada mais do que processos e causas naturais ou humanamente concebidos? As doutrinas podem ser verdadeiras, mas sua narra- tiva historica torna-se questionével. Segundo, as doutrinas sdo submetidas dc ca na medida em que as pessoas reconhecem que a doutrina depende da narvativa Ninguém cré que Jesus ressuscitou de entre os mortos por causa de qualquer lei da natureza, da razio ou da moralidade, Nao é um veredito da experiéncia reli ‘giosa universal, Portanto, se Cristo nao foi de fato ressuscitado corporalmente no terceiro dia, entéo nao ha base para especular sobre a “doutrina da ressurreicio’ Terceiro, a adoragao perde a sua base ligica. Ainda podemos expressar nossa ex- perigncia interior de piedade (pelo menos por um tempo), mas no final isso nos levard & exaustdo, pois € autorreferente, Nosso coracio ¢ movido pela verdade e nko por exercicios vazios, Finalmente, tornamo-nos discipulos mais da cultura do que de Cristo, Em vex de sermos transformados pela renovasio da nossa men- te, tornamo-nos conformados ao padrio dos nossos préximos nao cristios (Rm 12.1-2), Num tltimo anseio por autenticidade religiosa, a igreja tenta defender a ‘moralidade judaico-cristé (discipulado), mas essa € uma tentativa desesperada.. ‘A batalha jé foi perdida em estdgios anteriores. Sem os credos, as ages no pas- sam de mero moralismo, ‘Como cristios individuais ¢ como igrejas, estamos sempre inclinados a cair, ‘ menos que sejamos trazidos de volta & Palavra pelo Espirito, Portanto, precisa- ‘mos sempre de uma teologia baseada na Palavra, na dependéncia do Espirito. O estudo da doutrina crista é sempre uma tarefa indispensdvel para a fé ¢ pritica de toda a igreja - nao apenas de estudiosos ou mesmo de pastores, mas de toda @ comunhao dos santos. Toda pessoa que confessa o credo deveria estar sempre crescendo no entendimento de sua profundidade e implicacoes. Aalternativa do nosso nascimento natural nesta atual era {mpia. Néo obstante, segundo a sua muita misericérdia, nos regenerou para uma viva esperana, mediante a ressurreigao de Jesus Cristo dentre os mortos, para ma heranga in- ccorruptivel, sem macula, imarcescivel, reservada nos eéus para ws outros que sols guardados pelo poder de Dews, mediante af, para a salvagho preparada para ‘evelar-se no dito tempo (Pe b " (© DOGMA Eo DRAMA: UMA TEOLOGIA PARA OS PEREGRINGS NO CAMINHO 29 Antes estranhos & promessa de Deus, somos agora reinscritos no roteiro de Deus, Nao deveriamos nunca perder nosso assombro pela boa-nova de que em Cristo até mesmo os gentios podem ouvir o divino dramaturgo declarar: ‘Vbs, porém, soisracaeleta,sacerdécio real, nagio santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das uz; vs, Povo, mas, agora, sgora,alcanas- tes misericérdia, (1Pe2.9-1 ‘As marcas-chave nesse enredo nao sto pré-modernidade, modernidade ou 1pos-modernidade, mas antes e depois da ressurreigio de Cristo de entre os mor- tos, Visto que Cristo foi ressuscitaco como as primicias da nova criagio, estamos vivendo nestes “iltimos dias” (2Tm 3.1; Hb 1.2; Tg 5.3; ef. 1Pe 1.5) que antece- ). Portanto,é esse drama que nos orienta como personagens novos {que sabemos onde estvamos, onde estamos ¢ para onde estamos indo. ‘Ahistoria do mundo nao precisa ser ensinada a ninguém; nds nascemos com ‘la, como filhos caidos de Adio. No entanto, temos de ser ensinados @ como sair dela por pastores e professores persistentes, que sabem que, por natureza, prefe- rimos pensar de modo diferente a respeito de Deus ¢ de nés mesmos do que do modo que as Escrituras prescrever. Paulo adverte Timéteo: impos difles, pois 0s ho- , arogantes, blasfemadores, desobe- pais, ingratos,ireverentes, desafeicoados,implacives,caluniaores, idores,atrevidos,enfatuados, mals Amigos dos prazeres que emigos de Deus, tendo forma de pedade, negando-Ihe, entretanto,o poder (2Tm 31-5) Sabe, pozém, isto: nos thimos dias, sobrev Ba renovacio constante da nossa mente pela Palavra de Deus que nos reo- Henta para longe desta era passageira com seu enredo sem sentido, suas palavras ‘Vis (15.6) e suas “Filosofia e vs sutilezas” (Cl 2.8), em diregao & heranca eterna em Cn wo acontece, em primeiro lugar, na reunio regular do povo de Deus ~ 0 chamado ao elenco que nos transfere da morte para a vida por meio da pregagao ‘t tlos sacramentos. No entanto, nao podemos tomar essa identidade como certa. Ws Ser constantemente renovados nessa heranga, visto que noss0 cenirio- ins: sempre o roteiro que governa as idolatrias da nossa era atual. Ademais, ‘que somos criados por Deus inerentemente como criaturas pactuais - em nto com Deus e uns com 03 outros, € visto que a redengao restaura Idlentidade extrovertida = a teologia ¢ mals’bem produzida em comunidade 30 Dourrinas 0s ISTH «@ dilogo em vez de isolacao solitéria. Teologia sempre € feita para e pela igreja. Por isso, inclui perguntas para discussio ao final de cada capitulo na esperanga de que elas incentivem interagdes produtivas e vivas sobre as questies que so importantes para todos. I]. POR QUE TEOLOGIA SISTEMATICA? Cada disciplina ou campo de pesquisa tenta reunir pontos especificos num todo integrado enquanto permite que o todo seja determinado pelas stias pai tematica é como a tampa da caixa de um quebra-cabeca, e cada cris- tao 6 um tedlogo no sentido de que est reunindo as pecas, Se nao conseguirmos reconhecer que ha uma tampa com a figura completa negat, pelo menos por implicacio, que a Bil de textos variados que so unidos pela sua origem divina (o Pai falando), seu con- teticlo (a obra de redengio do Filho) e seu poder para produzir 0 mundo sobre ‘6 qual cles falam (a obra do Espirito de inspiracao, 1agdo e regeneracio). No entanto, se ignorarmos o padio que nos foi dado pela propria Escritura, tentaremos forsar as pegas para cabet nos nossos conceitos prévios. ‘Todos te- ‘mos pressuposigoes quando nos aproximamos de qualquer passagem, do ou pritica biblicas. Desse modo, temos uma teologia sist {queiramos ou nao, Ao reconhecer que nds de fato temos certas pressuposigies sobre o ensino completo das Escrituras, estamos mais habilitados para avalié-las aprecti-las, No minimo, nosso objetivo deveria ser o dei para frente e para entre 0 todo ¢ as partes. Assim como o todo fornece um contexto para compre- endermos as partes, as partes podem desafiar nossa compreensio do todo. Em utras palavras, o sistema pode mudar ~ que é exatamente o que acontece nas revolugdes teoldgicas, bem como nas sociais, politica e cientificas."! Juntando o drama, a doutrina, a doxologia e o discipulado que nos convocam como novos personagens na peca teatral de Deus, tha de maneira muito préxima com suas disciplinas irmas. A teologia sistematica depende de uma exegese cutidadosa da Escritura, colhendo os frutos dos labores dos estudos do Antigo e do Novo Testamentos, Ela também depende da teologia Taji por exerpo, Thomas Kun, Te sr reo cenfic revolution (© DOGMA € © DRAMA: UNA TESLOGIA PARA OS PEREGINOS NO CAMINO 3 hhist6rica eda histéria da igreja para a sua compreensio da maneira em que a igreja tem interpretado a Palavra de Deus, tanto de modo fiel quanto infil, num esforgo para seguir sua sabedoria e evitar suas loucuras.” Do mesmo modo que acontece com as demais disciplinas, a teologia nao pode comegar do zero a cada nova era ou pensador profundo. Nés sempre estamos sobre os ombros daqueles que vieram antes de nés, tomando como certas diversas conclusoes que aprendemos a cde um consenso maior. Somos herdeiros da verdade e do erro, da clareza eda con- fusio, da fidelidade eda loucura, Apenas envolvendo 0 passado podemos adquirir (8 recursos para interpretar as Escrituras no nosso tempo e lugar. ‘A teologia sistemética também considera a teologia prética (as vezes chamada de teologia pastoral), ética e apologética a fim de manter sua reflexao intimamen- te ligada a batalha concreta do corpo de Cristo ¢ sua missio no mundo, talvez a subdisciplina mais proxima da teologia sistematica sejaa teologia bl coloca juntas todas as vertentes para nos ajudar a ver 0 desenvolvimento orginico da revelagio ica fixa nossa atencio no desenvolvimento tando para suas continuidades ¢ descontinuidades ~ "em que Deus nos falou pelo Filho” (Ht dda tedengao na Hist pela descida de Deus. Com cada era nova da 1 “coisa nova” que Deus fez visando a dar continuidade aos seus propésitos em Josus Cristo. Reconhecemos Yahweh como nosso Deus, ainda mais plenamente ‘onhecido em Cristo e pelo Espirito como o Deus trino. A medida que a narrativa favanga, podemos tragar o crescimento da igreja a partir da primeira familia hu- mana até a nagio de Israel e, agora, aé as partes mals longinquas da terra." No entanto, é a teologi a que retine todos esses temas com 0 ob- 10 de mostrar suas conexdes ldgicas. Geerhardus Vos, tedlogo de Princeton lo comego do século 20, explicou de modo muito interessante a harmonia entre 1 teologia sistema realmente o que queremos dizet {raga uma linha de desenvolvimento. A teologia sist Porexernplo, a doutrina da Trindade nao cai do céu de uma vez, mas foi revelada

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