You are on page 1of 118
MIRACY BARBOSA DE SousA GusTIN Esgcializaem Metdoogia el Universi e Michigan ~EUA, Meat em Cnc Polis eestor et Fibs do Dut pela UEMG. Profesor Adana dos core de Grane ae smacito “Faculdade de Det da UPME. Maria TEREZA FONSECA DIAS Professor Caordenador do Nile de Pegi ¢ dot “Monogr do Caso de Divo dis acids ‘Metsu Iepadsabel lend. estan do Curso de Pegaso ‘enDaein ma UEMO. (RE)PENSANDO A PESQUISA. JURIDICA ‘Teoria e Pritica Belo Horizonte ones eno tT aumion actus _— en pra PREFACIO 0s julgamentos dos projetos de pesquiss em Direito no ‘mbito do CNPq, dos quals pariipo como integramte do co- ‘mi assessor nessa rea, tm sida monocérdios e recorren- tes. Invariavelmente, a cada sesso 90% dos pedidos sho re- jeitados logo de inicio, por falta de um rigor metodol6zico. ‘Mal formulados em seus objtivos, inconsistentes em ermos analficose inconvincentes em sua fomentagiotedrica, esses projetosrevelaram o grau de desinformacto de seus autores ‘Além de nio saberem claramente o que é um projeto cade ‘mico ou uma tese, eles também desconhecem 0 funciona ‘mento das universidades norte-americanas e curopéias mais importantes, o nome de seus principals professores, as aquisas de ponta em andamento. o proprio “estado da ate" de fas respectivas dreas de expecializasto, Exe problema é de carter estrutural e est ligado & mé qualidade do ensno juriieo, tanto na gradvacao quanto, em Alguns casos, na propria pés-graduagio, Excessivamente formalist ¢ resto a0 aprendizado de eSdigosullapassados, leno acompamhou as sessivas transformages softies pelas imigbes de Direlto no ambito de uma sociedade mafcada pela velocidad, inensidade e profundidad de suas mudangas. ‘Acima de tudo_o-ensino jridico se destaes pelo f sgzamtseavethesimento de seus esquemas cogmilivas ¢ bel segcamento de sous paradigmastericon, Por ist, tomou-se incapaz de identficare comprecndera extrema heterogencidade dos novos conflitos sociais, a enorme complexidade técnica das novas normas, as interdependéncias cada vez mais presen- tes no funcionamento da economia, os valores, as demandas © ‘as expectativas por ela gerados na sociedade e a emergéncia de ‘um sem-rimero de novas fontes de Direto com a preeminéncia dos conglomerados transnacionais como atores internacionais, [Embora esse diagnéstico seja conhecido hi anos, as poucas solugdes adotadas até agora — como a flexibilizacio curricular a introduglo de maior niimero de diseiplinas te6ricas ~ no dram os resultados esperados. Esta situaglo, contudo, nfo é exclusiva da érea de Di- reito. Num belo texto sobre sua rea de atuagio, a economia, Robert Heilbroner William Milberg lembram que a teoria econdmica atualmente ensinada na graduagio © na pés-gra ‘duagio estaria atingindo um grau de isolamento e dista ‘mento da realidade compardvel apenas ao alcangado pelo pen- samento escoléstico medieval (The crisis of vision in modern ‘economic thougth. Cambridge: Cambridge University Press, 1966). Essa teoria econdmica é repleta de abstragdes e mo- elizagbes mateméticas dos mercados afirmam eles, sem ne- nnhuma relevincia — inclusive ética ~ para o entendimento do mundo real. O hiato entre essa teoria © a realidade é cada vez ‘mais flagrante e perigoso, concluem, levando assim os cursos {de economia a terem uma percepel0 equivocada ou enviesada ‘quer do proprio objeto do ensino, quer do mercado de trabalho. ‘A mesina ertica, creo, também pode ser feita ao ensino jurfdico. Ele continua preso a uma concepagio estita de $0- ciedade (encarando-a como um sistema dotado de.estruturas estabilizadas), a um tipo de Direito (0 editado por um Estado soberano) e 40 papel dos tribunais como locus privilegiado de resolugio dos conflitos. Na pritica, contudo, a crescente com- plexidade da sociedade contempordinea vem tornando invidveis (0s mercanismos juridicos de controle e directo baseados na rigida dicotomia entre o constitucional eo incostitueional, legal e o ilegal. Esté tornando impossivel 0 enquadramento Jjuridico de situacdes heterogéneas e multfacetas por normas pedronizadas com validade universal E tem minado a efetvidade das intervengtes diretas por parte do Estado, rompendo com, 4 exclusvidade de seus direitos ¢ obrigando-o a promover um ambicioso © problemético processo de deslegalizagi0 de suas dobrigagies e desconsttucionalizaglo de suas responsabilida- des. Incapaz de promover uma regulagto minudente das rela- ‘es socioecondmicas, ele optou pragmaticamente por esti- + ular a livre negociag e aceitar como inexordveis 0s meca- nismos de auto-organizagao social eecondmica, limitando sua atuagZo juridica a tentaiva de coordenar essas diferentes for- ‘mas emergentes de legalidade “Apesar de seu impeato desagregador sobre os paradgimas te6ricos vigentes no ensino juridico, essa metamorfose do Direito e de suas insttuigdes continua sendo por ele ignorada, ‘A maioria dos cursos trata a ordem jurfdica contemporiinea ‘como se ela ndo tivesse sofrido nenhuma alteragdo estrutural nos, times 50 anos, quando o Pafs softeu sua revoluglo in ‘dustrial. Confunde-se a elaboraco de uma dissertagio ou tese ‘com a redacio de projetos de lei pretensamente capazes de ‘resolver problemas socioecondmicos eujosalcance e implica- {g0es ainda nem sequer sto conhecidos. Acima de tudo, s80 jgnoradas algumas questoes essenciais para a revitalizago do ensino do Direito e do préprio pensamento juridico, dentre as uals se destacam: ‘Como ¢ possivel a produgio legislitiva em contextos ‘marcados pela velocidade e intensidade das tranfor- ‘magOes econdmicas e pela proliferacto de situagSes sociais novas e ainda nlo estruturadas? ‘Se 0s direitos civise politicos nasceram contra 0 Es- tado, © que poderd acontecer com eles, agora que © Estado-naglo parecer entrar em refluxo com a trans- nacionalizagto dos mercados? Nesse context, em ‘outras palavras, nio esto esses direitos com sua con- tinuidade ameagada? * Ses direitos econdmicos e sociais foram concebidos ;para serem concretizados basicamente por meio das. Polfticas overnamentais de carder distributivo, como ‘podem ser eficazes no ambito de Estados enfraqueci- ‘dos perante 0 poder econdmico transnacional? ‘ Até que ponto tribunais empenhados em assegurar @ Ccumprimento desses direitos no correm 0 risco de encarecer os custos das transagdes econdmicas e, por consequéncia, afungentar investimentos externos ge- radores de empregos, prejudicando indiretamente os supostos beneficidrios desses mesmos direitos? ‘+ Se, com o fendmeno da globalizagio, a esfera da polt- tica vem sendo progressivamente esvaziada pela esfe- +1 da economia, e como esta vai sendo cada vez me- nos determinada pelos Estados e cada vez mais condi- ‘cionada pelas empresas transnacionais, sem nehum ‘compromisso social como o ambiente em que atuam, ‘de quem cobrar responsabilidade? Que tipo de direito ‘pode ser invocado e que tribunal pode ser acionado? ‘© Com a redugo do tamanho © do alcance do direito positivo, a paralela expansio do Direito Internacional, ‘a emergéncia do Diteito da integrago regional, 0 res- ssurgimento da lex mercatoria e a prliferagio de nor- ‘mas téenicas produzidas por entidades privadas, como (0 Accounting Standards Commitee e a International Organization for Standardization, a ordem juridica se estilhaga em distintos sistemas normativos inde- pendentes e colidentes entre si? Ou, a0 contro, exis- te entre eles algum tizo de sincronia e congruéncia? ‘+ Porfim,o processo de deslegalizago atualmente patro- cinado pelos Estados e o peso crescente da lex merea- ‘oria produzida pelos cenglomerados transnacionais po- dem levar a0 refluxo do direito pblico e ao retorno do direito privado como parzdigma da reflexdo juridica? Evidentemente, hé muitas outras questdes mais técnicas « interdisciplinares. O problema € saber como traté-as com ‘igor metodol6gico. E é justamente essa a tarefa_a que se pro- ‘poem as professoras Miracy Barbosa de Sousa Gustin e Ma- ria Tereza Fonseca Dias, neste livro. Ou seja, fornecer 208 cestudantes de Direito um roteiro metodol6gico para a elabo- ragHo de projetos e execuglo de pesquisas juridicas, permi- tindo-thes desta maneira ultrapassar estreito patamar dos textos retéricos e crticos rumo a trabalhos mais analiticos e corretamente fundamentados, sem os quais o ensino jurfdico continuaré desprovido da massa erftica necesséria para fo- ‘mentar e alimentar sua modemizagio, José Eduardo Faria Professor Titular do Departamento de Filosofia e Teoria do Direito ‘da Universidade de Sio Paulo (USP), SUMARIO LISTA DE FI APRESENTAGAO 7 caPtruLo 2 VISAO GLOBAL SOBRE A PESQUISA a \ 2.1 Concetes dens pretimtaares a \.2.2 Ovigem das investigagieschenticns 2 N12 A enudanga de cums om concept de peste, 2m caPtruLo 3 ‘A CIENCIA JURIDICA F SEU ORJETO DE INVESTIGAGAO. 29 3.1 0 paradigma da razdo comunicacional 2 cAPETULO 4 [A OPCAO METODOLOGICA » 4.1 Grandes vertenesteérico-metodoligieas da pesquisa social splicada e Juridica « 4.2 Tipos genéricos de Investiasies das Cléncias Socials Api- ‘eda & Citncla Juridica 45 4.3 As fontes da produgto do conhecimentejuriice 2 carfruto s (© DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA, SEUS ELEMENTOS FE FASES ESSENCIAIS . QA ete do mare ttn = 5.2 Desenvolvi investigngfo CAPITULO 6 ESTRUTURA DO PROJETO DE PESQUISA 6.1 Indicagdes pretiminares 6.2 Partes prétextals 153 0 corpo ou testo do projet de pesquisa \ 63.1 Acslagiodoprbiema \ 63.2 Oscbjetvosda pesquisa \ 6.33 Aniptese 7 \ 6.344 Vaieiseindeaors . : 6.35 Reviso da tiersar sobre oassnto \63.6 Ameodelogia 6.4 Partes pés-textuas do projeto ‘caPfruLo 7 (© RELATORIO DA PESQUISA, A MONOGRATIA FINAL DE GRADUACAO EM DIREITO, A DISSERTAGAO DE MES- 'TRADO E A TESE DE DOUTORADO 74 Desenvolvimento da argumentasio os corpo do relatrio N71 Incoioterico meodoliicn 47.12 Ocomdoreiaiio. N711.3 Conctsto cu Consens 12 Notas sobre 0 formato do texto aprescntagso dos origins CcAPfToLo 8 \NOTAS CONCLUSIVAS REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS s 6 a 8 8 ns 13 ne 1» 1 19 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 16s ANEXOS 1697 [Anexo A Proposta para chamento de textos 167 Anexo B Projeto de pesquisa m Anexo C Quidrov-sintese das geragSes metodoigias da histria 185. _Anexo D Exemplo de pesquisa diagnéatia © andlive de dads. 177 ‘Anexo E Exemplo de questiondrio para acompanhamento de carentos mu LISTA DE FIGURAS Fie 1. Bxemplode fina derstode pet de pesquisa ~ Fie. 2. Exemplodereamodeprseto depesmisa n Fig 3. Exemplodesumériode projet de pesquisa. n ie & Exemplode flhade ron detsede Doucranen M6 FR $. Bxemplodeflhaderono deeauipe de eaquieatoes 1 Rib 6 Exerplo fod roo de monorail de penis din agiention we (ofp 7, Exemploderesumode msde Desorameno, 150 Fg 8. Exemploderesuno pura parspaoemenconaescienicos... 181 (Fe 9, Bremplodesumérodetse de Douoranes 132 Rg lO. Bunplodeepigat 14 CapiruLo 1 APRESENTACAO O texto seguir tem o propésito de apresentar um conjun- tode indicagbes bisicase preliminares para o desenvolvimento de pesquisas no campo das Ciéncias Sociais, mais especifica- ‘mente no campo do Direito, ‘Além do curso promovido pelo Necleo Interdisciplinar para a Integragdo do Ensino, Pesquisa e Extensio ~ NIEPE, dda Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, este texto € produto de diversos outros cursos minis dos em graduagées e pés-graduagoes e palestras proferidas sobre os temas, em vérios Estados brasileiros, bem como de tuma larga experigncia em planejamento e pesquisa na Funda- ‘glo Jodo Pinheiro, por parte de uma das autoras.' Um outro motivo, de igual importincia, derivou da inclusdo nos curr Jos dos cursos de Direito da disciplina Metodologia da Pesqui- ‘saem Direto e da obrigatoriedade da apresentacio e defesa de monografias de final de curso para obtengao do titulo de Ba- charel em Direito.? Também na diseiplina de pés-graduagio "asatoras podem opine adequar seus conecimentosmetodoicos se campo do Dist, 0 plansjamento, implementa eavaliagso de ‘quis ao do Projet Polos Repreduores de Csdaani, da Faculdade de Direio ds UFMC, em convéni com «Coordenadei de Dios Haran ‘daPreftur de Belo Hoszonte, mem sbactanelado CNP © aco panhament de orimtajto da Gradua e Parada 2 VidePoarian 1886 de 3/1294 do Mniéro da Eagar, 18 (OPENSANDO A PESQUISA TURIDICK ‘Metodologia da Pesquisa e do Easino em Direito, urge a ade- ‘uagio de metodologias genéricas a0 campo da produyo do cconhecimento juridico, (© motivo maior deva ser, talvez, a exighidade de textos especificos sobre o assunto, dado o surgimento recente do inte- resse pela pesquisa cientifica na esfera jurfdica do conheci- ‘mento. Hoje j& ndo se contesta a insergdo da Ciencia Jurdica Exemplo: “Compreender as formas que permitam @ hharmonizagao legilatva no Direto Comunitario do Mer osu! tendo-em vista a pressuposigto toricn de que 88 nor ‘natvidadesnacionalsincorporam dados culturals determl- imente com relago a proposes nor. ‘ative part a harmonizagto na Sra especti do Dieta {do Constmidor” Pelo exemplo exposto, pode-se entender, com rezoével clarez, 0 objetivo da pesauisa 1. compreender formas pssiveis de harmonizagto (aso Sobentende que nlo se accita a teorla da uneidade tegstavay F Eeretemeereninaticin ESTRUTURA DO PRETO De MESQUSA n 2° no campo especifico do “Direto Comunitrio" 3.° no paradigma teGrico do culturalismo 4° apesqusa no s6seré compreensiva como propostiva em relagdo 8 rea dos direltos do consumo. Diz-se com “azofvel clareza” pois valeria a pena especi- ficar melhor tema determinado dos direitos do consumidor em que ocorreria a referida proposigao normativa, ‘Os @bjgtivos especficnd tem, 20 contrrio do objetivo eral, naluPSZ8 OpERATORAT Ou sea eles se referem a proce- dlimenios ou operagBes que deverto ser realizados parn que, 40 inal de seu cumprimento, chegue-se so produto da pes- bisa, atngindo o objetivo geral ralificando ou now hipste- Se da inventigagfo. Dessa forma, 08 verbos deverso indicar agbes precisa. Exemplos 2) Levantar os itens constitucionise/ou legislagdes es- peciais com relagto ao Direito do. Consumidor em ‘ada pals integrante do Mercos ©) Construir princpios gerais ou especificos que per- mitam a fundamentagho das Tegislagdes expecificas levantadas, considerados os pressupostos da teoria raciovitalista de RECASENS SICHES (1970). ©) Outros objetvos espeifios poderto ser definidos, 3 exemplos anteriores so bastante ilistrativos do que ‘stamos chamando de operacionalizgao do objetivo geal A pri- tei alo 86 poderia ser este "Tevanamiena” de dao r= Tnativos, O segundo exerplo, além de propora ago, complemena © objetivo geral demonsrando qual das eorias citrate serd Uulizada Da mesma forma, outros objtivos poderio ser acres- dos com o meso fim, 6.3.3 Ahipétese A hipotese 6 a oferta de-uma solucto possivel 29 pro- blema formulado em relagio ao objeto da pesquisa. E uma expressto discursiva suscetivel de ser declarada verdadeira ‘ou falsa. Ao contrtio do que generalizadamente se pens, a hipétese ¢ uma resposta peévia eno uma pergunta ou inda 7 (BEANO A PESQUSA JORDI nso, Outro engano & entender que a formulagto de hipste- fer ¢ sun comprovagdo/eftag80 nao se aplica as Ciéncias SociaisAplicadas, especialmente ao campo do Dirt. Al- fzuns argumentam que as pesquiss dessa naire 56 se apli- am diretrzes (ou insirogdes) relatives as formas de encarar © problema identificado-e em relagdo aos modos de ag20, ‘Apesar da proposta de substiuigo de hipéteses por dretri- ze, também previa, orcioeinio permanccehipotico 1og0, ha somente uma troce de termos. sem a midanga dos pro. cessos estnciis de inferéncin. A uilzagio de hipsteses e de seu processo de testagem nto se apicasomente 8s pesqisas naitativas. As pesguisasapicada, qualitative eargumen- tativasnéodispensam a posulao de respi peliminaes, fun cos rigorosamente const fos. Sobre a adequasto da wliasao de hipseses em pesui- ss dese tipo, veja a diferenga ve fazem GLASS & STAN- LEBY entre “hipotese cientfica” “hipétse estatistien” (de referencia quanttativa pura) ml ESSE HERE uma sugestio de slugao a um probleme constitu ti ntligente, based cm oma Epis informagto eer uma educago exruturada (A formulas de una tou hpses ints 6 um at re mene eitvo. Por out ad, ipoese eaten a fento um enuncido a respelto de um partmeto deteo- shed 1974273) A formulagio de hipéteses permite a qualquer pesquisa- dor, inclusive de iniciagdo cientfiea, a organizacio do racio- cinio argumentative prévio e sua telagio com todos os tipos {de comprovacto e de testagens concretas. So caracterfstcas ‘das hip6teses cientficas aplicadas 8) possuirem clareza conceitual ») estruturarem-se a partir de um marco te6rico; ©) apresentarem Hinguagem parcimoniosa e especific; "STRUTURA Do FROIETO DE FESQUSA ~ { Oreizemsc «conetos qv poem er veri (eferécia empiicn, Assim, quando nos refeimos 3 testagem do “valor reli sioidade",sabe-se que o indicador deve ser claro eter ree Fénciaobjetiva, por exempl, a “freqlcia cults” As hi pstesesnio devem expressar-se por meio de termos por de- Inais genericos ou se ligarem a Gbjtivs pretensiosos, des- garados das condigbesTactvels da investgagto. A rego Dreciria das hipotses as tcorasjésucientenentetstadas Ouracionalment refltidas pode conduc aerosinominaves. Por exemplo, a incometa corrlagdo da situagdo de domina. 80 da mulher com 0 tamanho desea cérebro. Sto fons de onde se ciginam a hiptess «observa. 0, om rerlfadot de pesgiaas, as arias © as inuigdes. No Primeiro caso, a observagio, 2 hipétses sto formuladas a Pats de expeséncias coudianas em dterminado campo de {5H0. Isso no significa, contudo, que essa font nO serd cruzada com determined marco tcérico que a validard como fonte para a formulagio da hipstese. Os resultados de pes- dquisas gozam de maior grau de confablidade como fone ses resultados dovem estar, 0 ent, intimamenterelacio. rads com o objeto, o marca teérico eo problema da pesaui- S que se protende desenvolver. A teorias como fonte de labora de hipoteses atibuem estas nos grande confi. bilidade como promovem a relagio entre essase 0 conjunto te6rico mais amplo das cincias. Una hipteseorginar se de lima tcoria ow ama teoia ja comprovada constitut-se em hipdtesea ser testada no significa que ax demas no devarn se refers a marcos tedrcos determinados. A intulglo, como font, é a menos confidvelcenificamente.Apesat de fed. das em varias obras de metodologa, neste curso peferese que os “simples papites” nto sejam utlizados come Tone de crigem das hipStescs. Supoe-se que somente aos peu. ‘es com grande experiénctaseja permit utliagao dessa. font. Continvam os a entender, condo, que monno a ex. perigncia relevante como pesguisador nfo validaria uliza. 0 (RAND A PESQUSAIURIDICA «Go de simples intuigdo como fonte cientfica. A intuigio &, Imuitas vezes, confundida com sinteses as quais © pesquisa dor chega apés vérios investimentos tedricos e que, de forma parentemente repentina,surgem como “erdadeiras” desco- bertas. Ao longo de nossas vidas, a partir de todo patriménio imelectual, social e cultural que acumulamos, as “descober- tas” ou “intuigbes" tornam-se quase que corriqueiras. Na ‘maioria das vezes, sio sinteses de investimentos anteriores. Nao estamos, no entanto, afirmando que as intuigdes iio cexistem e que nfo sejam utlizadas como fontes de hipéteses. Em LAKATOS & MARCONI (1982a) sio ressaltados lués tipos primordiais de hipéteses: a) easuisticas: muito frequentes nas pesquisas hist6ri- case que ocorrem em casos bastante delimitados. Exemplo: “Os estéleos, e no Kant ou Erasmo, for- ‘mularam pela primeira vez o axioma da “hu- ‘manidade no individuo’, daf porque 0 con- ceito de autonomia interativa deve neles se fundamentar.” b) freqii@ncia de acontecimentos: freqiéncia em de- terminado grupo, sociedade, cultura, Exemplo: “Tendo em vista a questio da transexuali- dade € o resultado de pesquisas sobre as ‘condutas em tribunais, afirma-se que pare- ceres jurisdicionais de conteido conserva- dor s20 mais frequentes entre magistrados de sexo masculino.” 6) Felagio de associagiio entre varivels _Exemplos: "Se os perfis diagnosticados nos alunos de todos 05 cursos da Universidade, no ato da ‘matricula, corresponderem 2 realidade © a reiteragio do discurso de senso comum sobre as diferengas de conduta entre pro- STRUTURA DO RONETO DE FESQUSA 81 fissionais puder ser valdada, afirma-se-é que alunos dos eursos juricos Sio mais eonser- vvadores que aqueis os de ciéncias sociais.” (varidveis: curso/conservadorismo) “Considerando os diagnésticos da medici: na legal sobre fatores causadores de mor- fe, opina-se que o {ndice de sulefdios & maior entre soltelros que casados.” (varidveis: estado civilsuicidio) 6.3.4 Varidvels ¢ indicadores ‘A esta altura de nossas argumentagdes, vale a pena en- tendermos o que é uma variével, Por sua maior clareza, ado- taremos a definigio de KOCHE: “Variéveis so aqueles as- ectos, propriedades, aractriticas individvas ou fatores, men- Surdveis ou potencialmente mensurdveis, através dos diferen- tes valores que assumem, discertveis em um objeto de estu- ddo, para testar a relagdo anunciada em uma proposigio” (1979:112), Existem as variéveis independentes e dependen- les. As primeiras so aquelas que determinam ou afetam outra varidvel. Ela ¢ fator determinante de resultados, efeitos ou con- seqléncias. As variéveis dependentes, ao contro, so fato~ rs, valores ou fendmenos influenciados pela variével indepen: dente, Esse tipo de variavel pode desaparecer quando o inves tigador manipula a variével independente Exemplos: 8) “A classe social da mulher influencia sua frequéncia de divéreios.” (varidvel independence: pendente: “divércio") b)"A migragio de familias de rua ocasiona proble- mas relacionados a ‘choques culturais’ e & capacidade de preservacao do niicleo familiar. (varidvel independente: “migragio de familias de ra vvariveis dependentes: “choques culturais"; “preserv ‘fo do nucleo Familiar”) lasse social"; variével de- 2 arreesano0 A REUISATRIDICA “Temos indmeros outros tipos de varidveis,tais como: mo- deradoras e de controle, extrinsecas e componentes, inter venientes © antecedentes, dentre outras que nio serio objeto de estudo neste trabalho. Purece-nos, entretanto, que os concei- tos e tipos mais importantes jé foram apresentados.* Para a andlise e interpretagio das varidveis devemos arrolar um nimero de indieadores que permitirio a atribui- ‘lo de objetividade as varidveis que, muitas vezes, sio valo- res que precisam ser concretamente definidos. A relagio com ‘a “realidade” investigada faz-se por meio dos indicadores. Por exemplo, em uma hipétese que é formulada a partir 4a relaglo entre as variévels “depresstio/suiefdio" (a prime +a, independente; a segunda, dependente), estas podem ser ‘mensuradas ou testadas mediante os seguintes indicadores: 1, frequéncia a terapeutas; 2, uso permanente de antidepressivos; 3. personalidade introvertida nas relagOes sociais © de trabalho: 4. mimero de tentativas de suicfdio, dente varios outros indicadores. ‘Outro exemplo pode ser dado com relagio a varidvel “religiosidade” ‘0s indicadores poderiam ser: 1. frequéncia a cultos; 2. freqUéncia a outros eventos ou agbes religiosas (carita- tivas, associativas ete); 3 uso permanente de omamentos simbélicos (cruzes, ‘colares alusivos ete); 4, elementos simbéticos que indicam desconexio social (cabelos muito longos, vestimentas antiquadas et.) Parmar aprofindamenio ince teacbrade Eva Masa LAKATOSe Mra ‘Se Ande MARCONI (1982, Menlo clef. emseacsplo 3, [ESTRUTURA Do FRORETO DE FESQUIBA 8 Em um projeto de pesquisa, uma boa relagdo de indica- ores, relacionados aos miicleos temsticos dos abjetivos e das variaveis relacionadas as hip6teses, € um bom indicia de faci- lidade no desenvolvimento da pesquisa. Pois a partir desses indicadores a relagio de atividades a serem efetuadas durante ‘ investigagao torna-se bem mais completa e objetiva. ‘Apresentamos, a seguir, uma proposta de plano de acio ‘com indicagio de variaveis para o estudo do fendmeno do pluralismo jurfdico desenvolvido pela frente “Vilas e Favelas” {do Projeto Polos Reprodutores de Cidadania (Faculdade de Direito da UFMG/Prefeitura de Belo Horizonte/CNPa) PROPOSTA DE PLANO DE ACKO 27 FASE DA PESQUIA-ACKO DA FRENTE VILAS EFAvELAS” NOAGLOMERADOSaNTA LOCIA Dando seguimento so tabaods frente “Vise Faves Organiza Popul” prociraemas,endoem vs ndatvos plan de pss da Fete do Digit deride do Agama Sat Lc CARVALHONETTO, GUSTIN tal, 198), aprfundaralgumas quests indicadas ese plano, procarando aeevaer, 1) levanumeto de preps Gindviuise pais tre epidermis ‘vatamento dos significadsconsttuidos a imaging- io comunitecm reno seas comunity) Indcadors: opel das eran, eqn doe or ‘ado seus, ages pains pelea eae ‘oda comida pos de prebieras qo evans Plertidaee pelos sind frat ema de de Soc aaclagio dea dei pelos arias das ree 0 ee prema sexed plac nade ees praca pean, neo, “Estratégias metodoégias: observa pricipan- ‘emreunides eventos promovios pela comunidad, (HE PENSANDO A PEEQUISA TURD percep (siiode campo) conver infomas Fant ur var setdades da amoseae ees. ‘eserigidoinaginioda comunidad €um bao de ‘tncrvajocontnune deve ete aento fla" e- foenes expos: dos mordoe (1/"momen). ‘Questies propostas: 1, Pirgiea inSenta Riad Cs posdusssocn- es de bina Ceca porgue a sci posse ‘hjeonaisloalias que a demas caidas. Quis ‘osfacres quem dfcuandooufartan)a3580 sawocapderdemondors? 2 Ateo stag dosmovimenoscuaras Vier ‘quem ace organzadores dos eventos, quem 9.08 rtcipanes, dus sips deavidads propsts, Fomoas pesrastcomporan oq dzemee-Hiea- ‘mentum marine 6 comunidad naelz0 ‘dese tipo denviade conorne fia Ditgs- co? iia de "Scuola naling das ‘eferias ivites Com que objeivos? Os econtos ‘ultras esto votados sent pra laze ou para ‘oval comune? Vater rei e3sco (pended Vic sida aera {os movinerton culuaisedos gruposregoes: Como ‘sacar niente nocondmnentum pripio- Sova ceerapo deer sr feta de mane ine. 2 Deveseveifior st coniesde cilou e as0 dscns, temcomoa ipfcago de suas cones Fiscatem adenine sats p> ‘cepyder dos psqusde campo. ss perepo és esau eos mores do Aglrercd? 4 Sevinineresane procuarconhece os cits de ‘ablaimern dens den dos bas Por ate {conemnago das cei em un props Ria Pipl Ran So Tonic Aine A Pesan Artur Bands? Comoo arora den iso Aone ‘do infoenca naa erica ds estes do ‘Agoners _STRUTURA Do PROJET De ESQ 1 levine de expecttvasemeaso opus 'serem desenvavidor pels entidadescomuniiriat indicadas na umoxte pel Proje PlosReprodres Cadi Indindores:mportci dos stores plticos dos mo- iments sci pare perarmadangas neces as ‘stra soins polite do Aplomerndo Sata cia (pepe dsempenhado pls idea peo partir esd rene comnts) easfoma rode "pao dogrpo social os movimento populares ‘ss, adeguago ds metodloga do projet expecta- as dascnidaes comune. opp! arse prc ‘ncn a aides oPoeo Pos Reprodures de Cetin stratégas metodolgics: al da pousibildade de uilizagiode converasinforais apa doroiro decnmevia (1 moment) poe detectar catego esas expecttivas eo papel ase desenvolvig pelo Preto Plo Rees de Guinea CDC PB, Pretendee tind, compor uma sme nena de marae do Aglomersdo pacer dea ee owas geo enti min ‘as @2"manen). Questies propostas: 1. O atode que ht poura sods ou nts as uml de eu SA) dap Poder ico deve serconseralo como um inttorpsi,nepvoon eva face amano estes? Quin ia de pers oii religions do Poser ico) no funconamesto dea emidaes? eter rel de inca das pea frontend des. Até que pono as endaesarem mode son “identi de wsutiem doa inte is pola Ij ov sities? 2 Quisesenesquefinncisn ssenidadesecomoes inflenciam atom de deses sas cies? 2. Asdemandas quar ao iereer ae ji” ‘reenaramalos ides em rela Pst legale as (RPENSANO A PESQUISARIDICA sits darian doaescene"Di- ‘oxdotnbalhadr” Esa demandasdacomunidade se ‘sturmem amo de qurtes "cencreaseiedians™ ‘As ders pocar efee rblemas oda ide, da etd, do enevistado ou aprcepss0 do ‘tevisadosohre comune Quaissioesupsdede- tc etaplacomunidade? De que maneiracsas eran digi is enidades ens ergos abl ‘ong desnvolver presagses soca (esd Ass ‘Encl Social prety deservigos ealzagfo dots, ‘eapiesde beter) 90 Agnes? 4 Howeumexpessivolotese pote "Prise ‘leubiri”tan€raode algun expecta vile- {vii pormordorsbservaremeanpol Edevido® stusgo pola no Aglomendo?Edevido hag ds stra cocina jee ear ‘> Aglomernd? Qual sta dapopalas dante dese fata? Como € entero deses ex presiirios “tence” nolo!” 5. Ness questo sobre os intresse a ea jai, guns temas form apotads como neese Por ‘pe? Das hipsessfomulae, quis conepde eae Tide local ade qu averin uma sbrepsiso dos ‘as? Os interes da entidades do Aglomerato sto ris? Hd um deconbecimenio qian scones a. {ado por caro do Diets? Hoave fade interesse ‘mdr erpsts a questions? Outta se frm ‘comoo problemas calla? {6 Como éetenddooprobiemado"saneaneno bis ("pk moro do Aplomernds? Exe prblema de nae ample brangendo asad, osbanson dopo ‘erp. amis ecurs quests poss? 7. Qusiscumeie tequnen prasbrdager does sic comunidad? ecosfcars formas ibid partido po social nos movimento populares capa promovers implanagio de rogramas eso diesen iso ‘strap der moras nacomniade. Indicadores: Cone eae oats spsimentsngti- ‘vor ipdereute quem mbar acorn strains metodeigias:Apliasso do Roti de Enrevitaquese segue oimapnisio social contri, Questies: 1A demand pea rade “Cider funds ‘meas no cone, cee redo mun expes- sv. Qualacompeento dpa “id con- ‘exp doumondres dosglmerd? 2 Vesifcor-sem campo reso do enevisados de ‘um posvel efi deconsenizapto ds muleres no sglomerado. so podeiaindearaenetaca de una ‘somatvidade unde a fread neo, ol ‘mero queexzeinceto domo loa? compre inser dat enidades pesquisa o- muni lea. como comeqdécis cats da ob ‘nod puricpagodosmordoe em tates Inder: Importaciad fungi esermpenid pe tad no Aglomerao, casa pont praalae ‘nc formae egal ds euites segundo pra eniadese mondores dives, excolhids i ‘ecionimenteemanasra er defi atratégis metodolicas: Roti de Entrevista ¢ cena ings pending Questa 1, Qhuisiam toed deeb desman ‘esd Aglomerado Sana Lica? Fas deumna cultura ris. ii pelascheviGci onaoiioo ‘guna des odvada pl fb de edad sescomuns dosmorndors com seni? (Como reaconaresa queso como to de gue ese tom sion dovpinpas yb dena "7 os mento A PESQUISA JURIDIC 2 Aconserrag ducts oolong dss vis pie (sd Agha Rs Pipl Av. Artur Bemarese ‘Rat io Tze Aico) pose ered pec Ai como um eda paiva neatvo angen em [néncianamebiago pp deo dsbaios? | Quaisormavosdospreme hate o gras ime rocasmnanesimtlages das eniadesno Aglorer ‘doeaaparetedeamobiizagopopuarenconrada? “4 Pocque comunidad no participa dasentidades que team lik oblemas comune? Cece > ado sobre arin dos moradoes sens. |S. Ascomijges das ener Goal data, ro) so ae- _qonas pra ripe da comunidad? 6 Quisosietvesque tram at entdaesantoconsie- ‘emake demon orpuia camo pce: ‘mancomunidad? Np havea senimentodeictmesdo ‘clan po problem? Osos problemas ponaosno apo es peocgam mi? 6.35 Revisio da literatura sobre 0 assunto ‘A “introdugo" ao projeto ou ao problema poders abor- dar pontos significativos da literatura que permitem melhor fentendimento do objeto de pesquisa sua problematizacio, Entende-se, entretanto, que em um projeto a revisao da lite- rata, adequada aos relatérios finas de pesquisa, s6 tem uma ‘azio objetiva: justificar a investigagao proposta. ‘Como isso pode ser feito? 1") 0 pesquisador, a partir da apresentagio dos nicleos te6ricos primordiais da literatura selecionada (geral- mente o$ teGricos mais importantes daquele campo ‘espectfico), demonstra a auséncia de anslise ou de andlise insuficiente em relagio ao objeto de estudo; 29) 0 pesquisador demonstra, por meio da abordagem e literatura selecionada, a existéncia de contradi- {es Insuperfvels entre os autores com relago 30 problema posto e ao objeto da pesquisa; "STRUTURA Bo PROIETO DE PESQUI » 3.) apesar de nio ser lacunosa @ literatura sobre 0 as- sunto e de nfo conter contradigies insuperdves, 0 pesquisador deseja demonstrar a inadequago das conclusies dos autores as condigies sociojuridicas objetiva 42) 0 pesquisador, apesar da auséncia de todas as argu- mentagdes negativas anteriores, deseja retestar as cconclusées dos autores sobre o objeto de estudo; 52) existindo somente literatura estrangeira sobre 0 as- ‘unto, o investigador poderd pretender a adequaga0 das conclusdes as condigées culturais de seu pals, Essas so algumas das formas que podem ser utilizadas para, por meio da revisio de literatura especializada, jusificar 4 oporiunidade do estudo. Somente esse objetivo valida a in- clustio de revisto de literatura em item especial, Na érea do iret, dependendo do objeto problematizado, poder-s-4, tam- bbém ou exclusivamente, realizar uma revisio das legislagoes ppertinentes e de prinefpios juridicos gerais ou espectficas com, ‘© mesmo objetivo: a justficagtio do estudo propost, 6.3.6 A metodologia Neste trabalho entendemos metodologia nio 36 cor lum conjunto de téenicas e procedimentos utilizados par Constructo de um trabalho cientifico. Por essa razio, nossa ‘concepgo metodolégica incorpora também a dimensio tes- rica dada 2 investigacdo e outros elementos que ndo cost ‘mam integrar 0s conceitos usuais sobre metodologia comu- ‘mente aceitos na literatura sobre 0 assunto, A. 0 marco teérico Inicia-se a segdo sobre a metodologia sempre com a expo- sigio do mareo teérico que fundamentart a investigagio to- ‘dos seus elementos. Como esse wpico ja foi analisado, dispen- ‘sase nova abordagem sobre o assunto, Deve-se realgar, conti- 90 (REPENSANDO A PESQUESA TRIDICK do, que, apesar de ser este item 0 local mais adequado para uma ‘apresentagio completa e aprofundada do marco te6rico, no se pode dispensarreferéncias a ele nas segtes anteriores. Como inroduzir 0 projeto, apresentar © problema ou a hipétese sem referéncia ao marco te6rico? Com isto, deve-se entender que © ‘marco teérico tem de permear toxdos os elementos do “corpo” do projeto, pois € fundamentoindispensavel nao s6 para o planeja~ ‘mento como, primordialmente, para 0 desenvolvimento da in vestigagto. Seo marco tedrico € mudado durante a pesquisa, ‘caem por terra todos os demais elementos (problema, objetivos, hipstese et.) Sendo assim, a pesquisa seré outa e tudo come- ard da estaca zero, B. Setores de conhecimento Logo apés a exposigo discursiva do marco tesrico, apro- fundando seu conhecimento, 0 pesquisador devers indicar 0 setor ou setores do conhecimento nos quais se insere 0 objeto de estudo, Como dito anteriormente,rarasinvestigagGes serio "uniisciplinares (pertencentes a um tnico setor), dada a inade~ ‘quagio desse tipo de pesquisa s novas metodologias. Seré importante, por iso, indicar se a pesquisa seré multi (ou plu), er ou transdiciplinar. As primeiras realizam cooperagdeste6- rico-doutrindriastpica e feagmentadas. As disciplinas (conexas (08 no) ou os setores diferentes de determinada discipina nes- ‘se tipo~ pluridiseiplinar ~ permanecem separadase com iden- {idades proprias (conteddos e paradigmas diversos). 14 as pes- {uisas interdisefplinares realizam uma coordenagio de con- tedlos pertencentesadisciplinas diferenciadas (no préprio cam- ‘pedo Direito ou em campos conexos). Assim, partes das disci- plinas permanecem cootdenadas programaticamente, hé uma ‘unio real de contedido, uma articulagao que permite desven- dar objeto da pesquisa em todas as suas caracteristicas plu- ras. Nas pesquisis cujo setor de conhecimento €transdiseiptinar hi produgdo prépria de novos conbecimentos que se dé de for- ‘ma intertelacionada, numa unidade de saber, como ocorre nos campos da Sociologia Juridica, da Psicologia Forense, da Cri- ‘minologia, da Medicina Legal, entre tants outros. Esse tipo de pesquisa no apresenta qualquer fragmentagdo entre discplinas fu setores de conheciment, ESTRUTURA Do PROTO DE PESQUSA a © pesquisador deveré esclarecer quais as disciplinas, setores, areas ou insttutos juridicos, ainda os campos cone- {os que esto envolvidos sia pesquisa, justificando a inclusio de cada um. Essas disciplinas ou setores podem se relaciona tanto com a esfera dogmatica quanto zetética do Direito. O * livro de Tércio Sampaio FERRAZ JUNIOR (1994), Introdu- (Wo ao estudo do direito: técnica, decisio, dominagao, apre- Senta uma relagdo de disciplinas¢ setores dogmaéticos © zeté- ticos razoavelmente completa, C. Processos de estudo Esses processos de estudo foram suficientemente analisa- {dos quando abordamos os tipos genéricos de investigegao no ‘campo doDireto® os processos mentais ou raciocinios wtliza- dos na discursividade argumentativa para a explicagdo e inter- pretaso do objeto da investigago. Por essa Fazio no nos de- teremos em novas explicagoes sobre esse assunto. D. Natureza dos dados (0s dados levantados e operacionalizados pela pesquisa so de dupla natureza: priméria ou secundéria. Os dados pri- _irios s20 aqueles Ievantados e tabalhados diretamente pelo Pesquisador, sem qualquer intermediagio de outros indivi- ‘duos. Sao dados ou fontes primérias: as entrevistas, os dacu- 'mentos oficiais ou nao oficiais, a legislagao, a jurisprudéneia, (0 dados estaisticos, os arquivos de todo tipo ete. As fontes primdrias atribuem & pesquisa uma condisio de autonomia ¢ {de novidade isto porque o(8) pesquisador(es) levantam uma relago de dados ou percepebes por eles selecionados eimedia- tamente analisados segundo marco te6rico definido e os processos de estudo indicados. Os dados secundérios sio também relevantes para a investigagao, apesar de serem, no campo juridico, aqueles de ‘maior utilizagio, SSo secundétios por derivarem de estudos aves htio juices jrtioexploratin jacceconpectvs, codecs jr prjtvase rte propos 2 (mPENsAnOO A PESQUSAIURIDICA andlisesjé realizados por intermediérios entre 0 pesquisador © (0 objeto de investigagdo. Sto fontes secundérias: conteddos ‘de compéndios diditicos, livros de toda espécie, artigos de revistas ou jornais, doutrina, legislagoes interpretadas etc. Dependenda do objeto da investigagao, do problema e da hhipstese da pesquisa, essas fontes adquirem maior ou menor relevo. £ verdade, no entanto, que pesquisas fundadas so- mente em dados secundérios so formas “empobrecidss” de ‘desenvolvimento investigativo-cientfico. Ao final, quase sem- pre se repete 0 que jé foi dito por outros teéricos, sem qual- ‘Quer inovagio ou producto de conhecimento “novo” E. Grau de generalizagao dos resultados ‘A delimitagio da pesquisa ¢ o estabelecimento de limi- tes para a investigagio, Esta pode ser delimitada quanto 20 assunto (seleciona-se um determinado tema ou parte de con- {edd j& previamente Kimitado);b extensfio limita-se 0 Ambi- to da investigagio) ou 20 nimero de fatores (delimitagio {quanto 20s meios humanos, econdmicos, de tempo etc.). 0 Sbjeto, por sus vez, quando bem definido,jé limita a investi- ‘gasio quanto a todos esses elementos. Diz-se que 0 objeto da pesquisa pode consttur-se a partir de toda sua abrangéncia (de todos 0$ elementos aos quais a pesquisa se reere) ou de todo seu universo de abrangéncia. Os Fesultados, nesse sentido, seriam generalizaveis a toda a “popu- lagdo” referida pelo objeto da pesquisa. Esse universo poderia ser: 0 conjunto total de normas de determinado institut jur- dicot 0 conjunto de membros stuantes em determinado érgio Judicial ete, Diz-se, a, que a pesquisa nso foi feita por amos- ‘tragem, ou sea, abrangendo parte desse universo. A amostragem feita pela necessidade de limitago do campo de abrangéncia ‘da pesquisa, tendo em vista a grande extensio da “populagdo” ‘em foco, Pode ser entendida como “... uma parcela convenien- temente selecionada do universo (populacdo): um subconjunto do universo” (LAKATOS; MARCONI, 19822:28) Essa amostragem, nas pesquisas qualitativas, podem ser classficadas segundo uma grande ou genérica divisto: amos- tras aleatérias (probabilisticas) ou amostragem intencional (ao-probabilisticas) * s6ria simples ESTRUTURA Do PRIETO De PESQUSA 93 ‘A amostragem aleat6ria, ou a0 acaso, permite a delimi- taglo estatfstica da parcela selecionada do universo. Est tipo ‘evita incorregdes quanto a representatividade esignificincia da mostra em relagdo aos objetivos definidos para a pesquisa. 4, pelo menos, nove tipos de amostras probabilisticas: “alea- tematic”, “de maliplo estégio", “por érea”, por “conglomerados ou grupos”, “de Varios graus”, “em varias tapas”, “estratificadas” e “amostratipo ou padrio”. © primeiro tipo, aaleatéria simples, tem sido utilizado ‘com maior frequéncia no campo das pesquisas aplicadas, por sua simplicidade e seguranga. Em um arquivo de individuos atendidos em uma Delegacia de Mulheres, seleciona-se a mostra: por exemplo, retirando-se cada décima ficha. As- sim, em um niémero total de cem mulheres atendidas no més, terfamos uma amostra de dez. Selecionam-se, da mesma for. ‘ma, casas de uma rua; adolescentes internos em casas de corregio ete A estratificada tem como diferenga o fato de que os Individuos sio ordenados por estratos, segundo determinados atrbutos:renda, idade, sexo etc. Cada estrato devers ter todos (0s atributos designados pela pesquisa. A amostra mais simples ‘aquela que contera somente dois estratos: por exemplo, “Sexo 'masculino” e “sexo feminino”. A incorporagio de outras varié- veis dari maior complexidade a essa amostragem. Se acres- centéssemos “idade” (até 18 anos, por exemplo),terfamos uma, mostra de tés estratos,e daf por diante. Os demaistipos so vvariagGes desses, com menor ou maior complexidade” A amostragem intencional ou nlo-probabilistica tem ‘maior aplicabilidade nas pesquisasjuridicas qualitativas. Eas Ido necessitam de tratamento estatistico e, por isso, s80 en tendidas como de menor confiabilidade quantitativa. O tipo mais comum € o intencional puro. Ele ¢ escolhido segundo determinados elementos de interesse da equipe pesquisadora Por exemplo, deseja-se saber 0 conceito de cidadania das lide- xangas de determinado bairro, vila ou favela, Dessa forma, o¢ Pov srasarmbéemLAKATOS & MARCONI(991). 94 (RPENSANOO A PESQUISAJURDICA pesquisadores selecionam intencionalmente uma parcela da opulacio a ser investigada, segundo seu interesse. [Em nossa Faculdade, o Projeto “Pélos Reprodutores de (Cidadania” jé constituiu uma amostragem intencional segun- ‘do.aconstituigdo por “quotas” que foi adaptada & metodologia utlizada, Esse tipo consttui-se assim: a) clasifica-se a popu- Talo mediante uso de propriedades pertinentes; b) cada clas- se 6 indicada pela inclusao segundo determinadas caracters ticas, postuladas pelo paradigma da investigacio. ‘Apresenta-e a seguir como foj constitufda a amostragem do Projeto “Pélos", na Regio Nordeste de Belo Horizonte: PROJETO “POLOS REPRODUTORES DE CIDADANIA" |AMOSTRA DA FASE DA FESQUISA DE CAMPO (GUSTINad. 1995) FFendmneno aleatéroa ser pesquisa: Raconsidade normativa nio-esaal, segundo 0 eo tedeco-doutrinio de Bonventre Sous Sats ‘Acomposiolaraionalequaiativadaamotrassertabe Thad segunda da pesquisa segundo indians ds Die ‘rans prnconigunsio dames crnaments brad ples ‘retard poets etn apr don os do Quesondso [reacts cai comoade stir conformist” (1081213) esTaUTURA Do FROJETO DE FESQUSA 9s ima 455%) esr cancers ris pra vei ‘icant como fetimena dpe oe Eels cece obcrndospraa lod Asocia- esd Baio frm ivel de npizgi da nid eqncin os ‘sociados is eanies perdca,aabrangencia da ividadere ‘ees das ries ep defrceamernenmerode css inserts mena Alen dso dss composites ‘endo vena sige iis (risen) deca um doses [Nocsodo nel deonanizagto das ends, po exp, roi arse als comnielao (pss coselos eects debe dora env baixades (psoas execs funges veri em dao forma, escorted tafomaonivel mato (pon ene alguns sees dates Special) Assunta cance ud ‘meni do endo aser observa posible a vide ‘compara das rags ver cats or dare vd agree Docruzamers detox doe don che ‘seaumal de 6 (i) edad Onivelderenda doo a0 gl sco eens ‘cur iro soi pra cmporaamosrainecional: dt Soci oazadarem ear com ares ims para eg (aiorendanenoren), poserimse seo Considers sind posibidase de paring As series de Biro sts em ade avlanero, pir sh que ‘nase aproximam da pesquisa realzada pel Prot Boxvenrae ‘Sous Santos fave casos do Jarrod, ore Pasta) Asin, ds oops poder sr seleiond, ‘Aro daesclha dos ites menionadosasea 0 0 de que tis quests podem aproximar-nos do fendmeno da ‘coral normatvanio- eal objet deta pesquisa Alm do cruzament do dad do goestonsro compat od umosraincorporcu a pereepo ds pesos decampo tobre aeatidas vistas DDocruzameno ds dos proposes iat, fonmlow- so spuimequatodemeonurtvo das caidas selon FPawacscatadk Associates de Baio pence tee imo term

You might also like