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UNIVERSIDADE DE COIMBRA BOLETIM FACULDADE DE DIREITO (SUPLEMENTO XV) HOMENAGEM so. DOUTOR JOSE ALBERTO DOS REIS VOLUME T COIMBRA (PortTUGAL) 1961 Os tribunais de execucdo das penas em Portugal(’) (Razdes determinantes da sua criacao —Estrutura— Resultados e sugestdes) J, BELEZA DOS SANTOS roteor a Faenade te Da te Csi Sumério:—1. A denominacio tribunais do ezecugilo das penas é inudegiada para a angoes que exercem no direlto portogués.—2, Oe wikuonis de execugdo das penas n80 inter. vee na vide interna des prisdes, ‘Tambée Incidentes da exeougde das senloncan penis cor 3.—Bxplicacdo potsivel do nome erdbunase de exaeupto das uficncla deste expilcagéo, Eales tribuoais no ‘SBD apenas Judcos de eagucanca, oem podem ter como Bn de Unica efeclivar & prevencdo expecial. 4, Delimilacde ds competéneia dos tribanala de execugio dee genase Male ‘que dela sto exeluidas.—5, Raabea que no direito portu- ads deleriionrnm « eriseko dos tribunals de execucao d penaa. ‘Tentativas para carrigir a Gxacdo peal rigida - Osieo lwcho correesionalista — 3 lberdads preparatirsa e a datenpd “stplemontar n0 Projecto pertuputs de 1851-1854 — Fontes ¢) UWicagio destes complements depanas ~Incoeréncia do sistema, cofreccionalista: limite da detengio suplemeater para o8 no, fzamos neste egludo foram, v8 sus maior parte, obtidos 20 Tribunal de Bxecugdo das Pense de Lisbos, onde '€ 0 methor acotbioento por ing, a quem vivamente agradece. ‘mos. Seja-nos perinitido espeeibear o Jai, Dt. Bernardea de Wieandn, ‘ave 08 permitiu eonsultar maitas dan suas eentencas-e algune rela {orioa de notavel intereaee, e 0 Di nqueira, que nos pro- Poreionou elementos valiosos de ialormagso, cortigidos — Bxplicngdo desta Incoeréncin ~ 0 prolongaimento, a pena fundamenlavase para os correctionalislas ox culpa 40 delinguente em odo se corrigit. Abnidados deata explica- ‘lo com a doutrina recente da culpa na direopBo da vida Owen ‘utomadelacto da pereoratidade.—6, Directo posterior 20 projecto de INIL-18é4 —Medides de seguranca contra plurirelaci- dentes seiv de 1862 e de 1918) ~ Caractoristica destas medidas ‘=Liberdade condicional e termos erm que foi criada pela let 40 6 de Julho de 1808.7. Le institai um conjunto de medidas de vopurancs dea — Sua duragdo indeterminada e modttcnbi modalidaiies da liberdade condicionel. ~ 8 Teoblemas a que featas normas legeis deramn lugar ou que Lornaram mais Rudo = Maior oreessidade de se couhecer a personalidade do delin- quente - Exempla tpico: oF dabmquentes habifuaie — Dike. dudes de prozose— Extmplos pratiooe: alguns easos conere tos de delinquents habstuaie que ee Loroaram inofenivos 0M sp readaptaram aocialmente — Fixacdodas otr/gardes & impor 20 liberitdo eondiciouaimente; sua dilculdade e gravidade. — , Necessidade de juriedicionaliear oe desitGes acerea dart medidas de segurtnsa © da Wberdade condicignal — Hgts neces ‘Sidade provocou & institulgdo de tribunais de cardoter especial 10, Fontes da lei portuguess n.* 2:00, de 16 de Main de 1944, ‘que rou estes tribunais ~ Diversidade de soluches que se oferesinm a0 legislador portugude ~ Ceminko por ele sepuido ~ Prefertncia pelo jute singular Fidncie portugness. — 11, Sintese das priseipais a os tribunals de ¢xeeugdo das peons.—12, Modoe de aclun- eo destes (ribunais e sus resultados. — 13, Ensinamentos ‘Gu experiencia portuguees e sugastdee que dele renullr 1A denominagio Tribunal de exesueso das pena 4 inadequada para dar uma ideia precisa da aclividade este Srgio judicidrio. Bla pode induzir em erro acerca do seu dominio de acgao; peca por defeito e por excesso. Por um lado, sugere que # sua competéncia legal 6 dema- siado ampla e, por outro, due é excessivamente restrita. De facto, nao se trata de um simples jutzo de eze- cupéo, Os Wibunais desta nalureza sio mais € menox do que isto, ou antes, coisa diversa. ‘Ndo s€ limilam a exscular decivoes anteriores, a pOas em aegao. Procedem, em alguns casos, indepen- xtcugio DAs Pevaw ay romuaa, $80 dentemente, intervindo logo na fase declaratéria do pro- 0880, E, ainda naqueles processos em que jé se proferin uum juigamento averca dos factos, da culpabilidade © da aplicagao de uma pena, a actuagto desses tribunais nunca representa a pura execugdo de um julgamenta anterior Pode traduzir-se em decisdes complementares, que rep senlem a sequéncia das jé tomadas por outros tribunais, mas com indole diversa destas ditimas e, em todo 0 caso, distinta das providéncias judiciais meramente executé- rias, Bo que acontece, por exemplo, quando o tribunal de execuglo das penas decide sobre a liderdade condi cional ou sobre a reabilitagéo, Vejamos em pormenar 0 que acabamos de enun 2—A releréncia que na designagao referida se faz 4A ezecupao das penas parece inculear que se trata de uma actividade judicidria exercida dnicamente para promoter a efectivagto das sangdes impostas numa sentenga conden {6ria, ou para determinar a forma como se hio-de cumpri (ou para fiscalizar a observiincia da lei e dasentenga cond natoria no camprimento delas. E, no entanto, nfo sto estas as lunges dos tribunais de execugdo das penas em Portugal, que, sob estes pontos de vista, se afustam, em grande parte, dos julses de vigilancia do direito iia~ Hiano (+) © das Comissdes de vigildncia junto dos estabe- (1) Codigo Penal Taliano, artigo 114, Codi Penal Itsliano, artigo 885 e regulamento penitenci6no, Cir. relate Flo que precede o Decreto portugues 1.* 34:58, de 20 de Abril de 1345. Os jee de axecupto das penas em Porlugah diferentemente Gos juioss de vigiltncia italinnos, nBo Lém fungbes de énspeeybo 02 de vipitoncie soa estabelecimentos weaplo nas quosides entre os recluso® # « Direogto £, no entento, indisculfvel que 0 pensamento italiano exeereu infuéncie wo direito portuguds e que ae devem A ciénela ® & 980 da Lidia, nfo 86 08 primeiros passos, man uma podeross, sugestio 00 sentido da jurisdicioualizagko de cerlas malérias re. lecimentos prisionais, aconselbadas polo 4* Congreso do direito penal de Paris, realizado em Julho de 1937 (+), ‘Quis-se evitar, entre nds, uma inlerferéncia de cardéc- ler judicidrio na terna das prisdes, isto 6, na efec- tivagho ou na fiscalizagao do regime penitencidrio que af deve observar-se. Por isto, 08 tribunais de execugéo das penas no so chamados a intervir nas relagbes entre & Adininistragdo ¢ 05 presos, nem a resolver conililos que ‘surjam, por exemplo, na escolha do \rabalho ou na sua aprendizagem, ou em maléria de salérios, de visitas aos reclusos, ou de correspondéncia que eles enviem ou rece- bam, Também ndo lm qualquer ingeréncia na impo- sigio de penas disciplinares, nem podem pronunciar-se acerca dak regalias ou desfavores, resultantes da aplic ¥o concreta do -respectivo regime prisional. E assim, no sistema progressivo—que no direito portugues 6 apli cado, em principio, sempre que se trate Ge Yongos inter- namentos prisionais (?)—0 jufzo de execugto das penas também n&o 6 chamado a pronunciarse acerea do pro- greseo ou retrocesso dos presos. Quer dizer, néo 6 0 Li bunal que decide, nem sequer em recurso, quando é que ltentes & exept da ponas © apicaco © execugho das mad Gos de mpuranean Velanvar, para s Bistria discuss daw idvins a eal ree ito e-em onpecal quanto a0 diceil italiano: Tee Grande Syetimes Pamitintiires actos, © at paticolarmente estudo de Versi Era Sliwowsky, Za pouvotrs du jupe, Pelehy Ditto process Haseaioo, vol hy Flavian, Fvinetpi di dare procaruce penal ae eaicas, pan. 616; e ainda Ferre Canon, Bute due rt tion pontontoir, 08 Revue pintentiivs fa drat pena, a0 197, prs 3a 8, Pinal, Trors Blairs ae Stone Penitentoire fs Difou rere, pie. 96 © 0 Journtes ramen Belg Tao Bouya (05th, Zs role du mopistrat dana Vetontion dc einen oper Sl aepurties; Giminer de Avon, BI Crmmabta, pag. 17 (0) “Vide Slovak ob. et, pga Ole putes eos respec: on clarion bt Reout Internationale de dott pena, a0 107, ot hi (2) Vide 0 nosso estado Nova Orgonieapio Prisionat Portu- ove, pg. ‘wis recluso ascende a um grau superior, por exemplo, do erfodo de experiéncia ao de canfianga, ou quando deve egressar @ um perfodo inferior. Todas as decisies a este respeito sio reservadas & Administragéo Penitencidria, isto ¢, a0 Director do esta belecimento, ouvido 0 Conselho Téenico. Entende-se que a ingeréneia de um tribunal nestas malérias pode- Tia diminuir @ autoridade, 0 prestigio ¢ a inicialiva da Girecgao do estabelecimento prisional. Como veremos, porém, as direcgbes dos estabeleci- mentos dio todo o valor a% sugesiées que Ihes rém daqueles tribunais, por exemplo, quanto ao tratemenss de presos, & preparacio ou aperfeigoamento profissional que Ihes convém, ete. Se 0 recurso a0 Tribunal fosse permilido nos casos a que acima se fez referéncia, este recurso, em veu de consliluir um meio de apaziguar e de derimir conflitos, -los, alimentando 0 espirito chicaneiro nga de eerios presos, sobretudo daqueles que estio sempre prontos a eriar embaragos aos funcio- narios, daqueles que se mostram queizosor nao s6 do mat que sofram, mas do.bem feilo a oulrus, por mais justos que sejam um e outro (*). As relagdes entre 08 Tribunais de Execugdo das Penas ¢ a Adininistragio Penitencidria so aclaalmente de bom enlendimento © de compreensiva cooperagio, Ora ha o justo reeeio de que este ambiente de enten. ~dimento ceciproco viesse a modificar-se, que se dessem Alrilos e desinteligéncias, ee os Lribunais fostem chams- dos a derimir quesiées entre funciondrios ¢ reclusos, ou a inlervir, por outro modo, na vida interna das prises, Nem se vé necessidade de alterar o acluat estado de evisas, sob este ponto da vista, porque nao ha difi- (2). Vide nas Journtes Franco-belg-tusembunrpeoiesdesconce ‘Pénale (Novembro de It) 08 celaiGrion de Huybrechls, page 8 80 © 116, © a8 obsernagiea, muito crllerioses « aulorie main, pg. 112, oot 2 ames bos santos culdades nem abusos que justifiquem suficientemente: qualquer modificagéo do critério existente. Por outro lado, quaisquer énoidentes da execugdo, no sentido restrito ¢ téenico desta palavra, isto 6, todas as: ddvidas de cardeter contencioso acerea da interpretagio,. aplicagio ow eflegeia da sentenga condenatéria, conti- nuam a set decididas, nao pelo tribunal de execugéo das penas, mas por aquele que tiver proferido aquela venienca. yerante a tsibuinal de condenagio que cor- rem og termos do que constilui propriamente a exacugo judicitria. E axsimn, 6 este Ultimo tribunal, ¢ nao 0 primeiro, que decide as questées acerea do momento em que a pena deve reputar-se cumprida, acerca da identi- dade do réu, acerea da aplieag’o das leis de amnis. tia, ete.) 3—Mas, sendo assim, porque 6 que se deu tal nome a tribunais que néo sio jurisdigées de mera execupto penal? Se tivermos especialmente em visia a campetén: que de inicio Ihes foi atribuida, parece-me podermos encontrar a explicagto seguinte: Estes tribunais, em uma grande parte da sua actuagio, intervém s6 depois de proferida uma deciséo condenatéria anterior. Durante 0 cumprimento da pena ou até posterior- mente, podem verificar-se faclog essencialmente respei- tantes & personatidade e & oonduts do delinquente e que determinam a necessidade de uma nova deciséo. Estes faclos podem mostrar, pot exemplo, que um delinguente ‘habituel condenado a pristo, apesar de ter cumprido toda & pena em que foi condenado, s¢ nto modilicou para melhor € contivua perigoso. Quer dizer, pode razodvel- mente prever-se que, uma vez em liberdade, voltaré a praticar erimes. Neste caso, a lei autoriza que seja prorrogado o inter- 1) Goaigo Penal, aetigo U8 Cédigo de Processo Penal, artigos 628. © 638° 418 De execugho OAs hamento para se continuar tentando a recuperagao do preso, ou ao menos para se proleger a socjedade contra a aciividade criminosa que ele presumivelmente conti- nuaria exercendo, se fosse posto em liberdade. ‘A gravidade de uma deciséo que, embora imposta para defea da sociedade, pode afectar profundamente a liberdade individual, determinon o legisladar portugues a confé-la ao tribunal de execugio das penas. Pelo contrario, durante a execugto penal podem ap: vecer faclos que mostrem que a pena cumprida 6 jé sufi- ciente e que 6 recomendavel a experiéncia de uma liber- dade condicional. Neste caso, por motivos paralelos aos acima indieados, isto 6, por uma imposigao dos interesses da defesa social e da liberdade individual, atribui-se a0 tribunal de execugio das penas 0 poder de decidir. B assim, @ sua actividade funcional aparece aqui satreitamente ligada & exeouptio penal; 6 win complemento que ela determina. Mas esta tentative de expliragio nao parece bastante para justificar a denominagéo legal empregada... O seu maior defeito @ ainda o de deixar Gicar ba sombra um dotsinio importuntissimo onde se exerce a actuagio juris- dicional dos referidos tribunai Queremos referir-nos as medidas de seguranga a apli- ‘car aos delinguentes perigosoe. B certo que, segundo a nossa lei, a declaragio de que um delinguente 6 por exemplo, um habitual, um alcodtico, wn anormal oa wm vadia, pode e deve fazer-se logo na sentenga condenaldria, se 0 tribunal liver ele mentos para a formular(+). Mas se os nfo tem, e 36 depois tais elementos aparecerem, pode o tribunal de execugéo das penas, observadas as condigdes leyais, desta rar o estado perigoso do delinquente e ordenar a respec- tiva medida de seguranca. Por outro lado, 6 a este tribunal que compete inves- (2) Decreto 0.9 25:83, artigos 100.9 2 Deerele mf BH863, de 30 de Abril de 1946, 102 § doleo, Ce. com igo Se © pardgratos. tigar se esse estado de perigo permanece —o que determi- naré a prortogagio do interaamento de seguranga —ou se 0 preso methorow por forma a estar indicada a liber dade condivional, ou se ele se modificox por modo a acon- selhar a alteragio da medida jé preserita B tho irmportamte esta funpdZo do tribunal de execugdo das penas a que nos estamos referindo, que ele ja foi con- sidetado um verdadeiro Jutso de seguranca (*). Parece-nos, poréro, que esta designagso também se no ajusta imeiramente as suas fungdes, nao s6 porque ‘no abrange uma parte delas, mas porque pode sugerir {que sto exercidas sempre com uma finalidade unilateral. De facto, estes tribunais podem, nao 86 intervir na aplicagdo, modifieagio ou termo das medidas de segu- ranga, mas em matérias que, pelo menos sob certos aspecios, se relacionam com as penas, como, por exemplo, quando colocam em liberdade condicional um recluso: inda em cumprimento de pena, ou decidem sobre a sua reabilitagao, 0 que, neste dltimo caso, determinaré a ces: sagt, tolal ou parcial, dos efetlos pena Por outro lado, nem toda a actuagdo dos éribunais de ezeeupto dav penas 6 dominada exclusivamente pelo fim de prevencdo especial, isto 6, de evitar a reincidéncia do detinguente. Em direito penal portugues, as penas tem, além deste fim de actuagdo especial sobre o criatinoso, 0 da repro- tagdo 6tico-juridica da infracgio e 0 da prevencto da gentratidade das peasoas, para as desviar da prética dos. crimes, quer pela intimidagdo, quer pela manulencto © consolidapGo de bons hébites sociais de ordem, de res- peito pela lei € pelos interesses que ela protege (*). (2) Vide Relatorio do Deereto ms 8§:859, de 90 de abrit: de 1945, 12) Vide 0 Relstoria do Decrelo n.r $8:648, de 9 de Maio de 1986, 0 nosso estudo, Nova Organieardo Prisional Portuguesa, Ag. 8, « 08 artigos Medias de separ onc » preverigho, que pubtica: ‘mos na Hevieta de Loglslagao « de Jurisprudéyeia, ano 78°, pag. 85. sees + te 4 oe ramet 08 execuGio DAB PavAs eu roRTUGAL 295 __ ase remuurans on execugio pas patie wt Tore Ora os tribunais nao podem perder de viste aquele conjunto de fis, ta) como ele & prescrito no nosso direito, Por isso, os de execugdo das penas, quando tomam deck shes complementares, em matéria penal ov com ela conexa, tom de coordenar a sua actuagdo com a da Sentenga condenatéria anterior e wav podem perder de » vista 08 fins penais que ela deve ter tomado em conta. De tacto, 0s nossos tribunais de execugdo dus penas obedecem a esta orientagao. Repetidas vezes a afirmam, por exemplo, nas decisdes acerca da concesstio da liber fade condicional, ou da liberlagéo definitica, condicio- vando-es pelo espérito da Gecisao proferida na respectiva sentenca condenatéria. F assim procuram determinar se a pena jd cumprida 6 ou nao suficiente para ter reali- zado os fins de reprovagGo e de prevenpdo gerat da pena cada (* aa eraes tipanais nao podem, por isso, considerar-se meros juieox de xeguranca, que apenas devam ter cin vista a prevengdo especial. ; Por outro lado, os outros tribunais que conhecem factos, que os qualificam como crimes, que apreciam se clpabiligade e depois aplicam as penas, n8o podem deixar de ter em vista o methoramento do delinquente, fn eva recuperagio social. Olhados sob este ponto de 1), flerfete que gem eb et nen ab out panto a08 juin de taco tas anus & peas aprecor » decile do Jat dt Sedona erate wenn pretender obreor a prépta pant aeeo fas agua qoe fel ete Uo WU, ao ae juren dete fton, conan dante tect oar pea wpeagan aun evan 0 ban de aE ve ly Survoto tobe istoee Ge route 0 om jlo 6 fevisdo relativawsente ton tribunals comuns. Uma interrencio em TTualquer dos eentidos ectme indicados, nao 48 6 jlemal, como gale em deaarmonie com a prop 0 expecial ‘Por Isto, nfo nos parece aconaeinave, ood 4 ottentagio dos dots parsesres publicados no Beletim do Hi fio Sunt, avo (GER. pgs 181 © (HA, ainds que 4 celtlca, emt i Toeema, pudesse justilicar-e. visla, sto tarnbém jufeos de prevengifo especial. E slo-n0 Alé exclusioamente em certes casos, quando deciaram um delinguente perigosd ¢ determinam a respectiva medida ‘de seguranga, como, por exemplo, se mandam internar um manicémio criminal ¢ agente de um rime gue se provou ser um doente inimpulavel ¢ perigoso, ou quando Gecidern que o réu 6 um delinquente habitual, nos casos em que © poder fazer. Se 0s novos tribunais nfo so, portanto, verda- doiras jurisdigoer de ezeougdo das penns, embora parte da sua aclividade com ela so relacione, nao devem também considerar-se meros jatzos de repuranca ou de resengéa eepesiat, apesar de intervirem largamente na aplieagio, modificagio ou extingdo de medidas de segu: ranpa Poderia pensar-se em denominé-los jxisor comple: mentares. Mas esta designagao nfo abrangeria aquelas Sanghes que exercem independentemente, isto 6 que nko pressupdem decisées anteriores de outro tribunal. Seria, além disto, uma expressao de sentido merainente formal ‘que nao poderia sugerir o que hd de substancial e earac: Aerislico na sua actividade. Apesar destas objeccdes, parece-nos esta ditima deno inagio a menos mé, dentre as que tein sido sugeridas. Na verdade, os tribunats a que nos estamos referindo, completam, em virlude da sua estrutira ¢ tneios de acgao, & actividade judicidria eriminal dos outros tribunais. Estes ltimos, pelo imperfeito conbecimento da perso- nalidade do delinquente que a simples instrugto do pro- cess0 normalmente nia cexela, e pela difovidade senio impossibilidade de seguir devidamente o efeito produ- vido sobre ele pelas penas ou pelas medidas de segu- ranga, no tém elementos, para tomar decistes devide- mente fundadas. 4—Seja-me relevada esta longa digressio acerca, das designagdes que 6c sido ou podem ser atribuldas aos (ituinais de que estamos fulando... Mas, 2 seme- peaaene Aegeuensecimeemy arpa: jecogio DAR PeNAG x6 PORTUGAL 207 Ibanga de Montaigne, podemos dizer que, sob pretexto dog nomes, se enunciaram certas indicages titeis (2) remot que, por este meio, demos um primero passo para caracterizar a competéacia dos tribunais em causa. Deste modo, poderemos por a claro, desde jf, o que eles 1Go edo, isto 6, aquila que, pelo direito portnguts, da sua jurisdigio foi excluldo. B assim, os nossos tribunaty de eaecugto das penas: 1.+—Nao vieram reatringir a campeténcia dos outros wunais. Estes vltimos continuam a decidir sobre a ‘existéntia dos factve, cobre @ sua qualifioagso como ert- ‘mos, sobre a culpabilidade doe agente sobre a pena a apli- earthes. Se dispéem de elementos bastantes, podem ‘mesiao promuntiar-se acerea do eardeter perigoso de cer- tos delinguentes ¢ sobre a medida de seguranga que legal- mente deverd ser-ibes aplicada, como, por exemplo, quando se trata de doentes. mentais, oa de um delin~ quente habitual ou por tendéncia (*). ‘Tambom sto estes tribunais de condenagdo, € niio os de azecuada dae penas, quem decide acerca dos ineidentes ‘que sobrevenbam na execugio das sentengas dos pri- meiros (* 2¢— Néo intervéin na vida interaa dos estabeteci- mentos prisionais, no fiscalizam nem, por outra forma, iuterferem na aplicacao do regime penitenciario, nem em matéria disciplinar, nem em contlitos de qualquer especie entre os reclusos ¢ 0s funcionérios da prisio, Se quisermos indicar, em linbas genéricas, 0 que anal @ a competéncia legal destes tribunais, poderi mos dizer que eles intervém sempre que, no decurse (°) Sous ta sonsidération des noms, je mon wou fate te une golimofrde de divers articaz. Resa, veo 1%, capitulo stv1 (2) Sobre 0 sontetdo deatea eovceline Qo diteio portagnte, ‘ejate © nosso esiudo Nova Organisarto Prisienal Portugwesa, aége- 15 6 26.020, (8), Deereto:Let w+ 8:08, de 2 de Outubro de 1940, art. 23° 398 2 mena os SATO da execugio de uma pena ou de uma medida de seguranca privativas de liberdade se dao eircunstancias que obri- gam a prolangd las, a oubstitut-las, a ectingui-tas, ou a por Xermo aos seus efeitos. Podem também declarar o estado erigoso de um delinguente, e aplicar inicialmente a res- eotiva medida de seguranga quando esta decixio alo oi tomada por. outro tribunal. H& mesmo um certo nntimero de casos em que aos tribunais de execugto das penas foi conferida uma competéncia exclusiva para estes fins, como, por exemplo, em relagao 40s vadios 2 aos equiparades, isto 6 Agueles que se encontram numa fase ‘gue alguns escritores denominam de pre-eriminalidade. 5— Para melhor esclarecimento das atribuigaes dos tribunais de execuggo das pens, seré stil indicar suma- Fiamente as razdes que no direito portugues determina. ram a sua criagio e conseqaentemente Ihes modelaram a estratara, Em Portugal, como nos outros paises, vem de longe © pensamento de se procurar através da pena o meltio- ramento élico-juridico do criminoso, a sua readaptagio 2 uma vida social correcta. De ha muito se reconteteu paralelamente a necessidade de uma defesa social ade- quada contra os delinquentes que, com toda a probabili dade, depois do cumprimento da pena voltam a cometer crimes. Sistas duas ideias foram formuladas e procuraram, ‘embora difcitmente, abrir eaminho para a sua realizagao, J4 antes da Escola Positiva italiana, que Ibes veio a dat ‘um particular relévo ¢ as levou a consequéncias extremas. Especialmente a volta de 1860, sob a influéncia da doutrina correccionatista e ainda de uma certa corrente do pensamento francés, ¢ da prética penitencidria inglesa, comecou a desenhar.se em Portugal a construgio seguinte Gomo a pena de pristo deve ter como fim, ou pelo menos como um dos flus esseuciais, o melhoramento moral do- condenado, quando este se mostrar corcigido antes de finda a pona, deveré ser posto em liberdade, embora a 8 YRIBUNATS DE REMCUGKO DAB PESAB BN FORTUGA. 3H: Uitulo de experiéneia. Se, pelo contrério, apena peé-tixada © cumprida 0 ndo melhorou, deverd ser-Ihe prolongado 0 internamento prisional. Dayui dois complementos das penas privativas de liberdade: a liberdade preparatéria € a delencao suplementar. Estas ideias defendidas pelos ecorreccionalistas por- tugueses(*) tiveram uma primeira tentativa de realiza- G0 no projecto do Cédigo Penal de 1861, aovamente publicado, com modificagées, em 1864. © projecto de 1861-1864, que nfo chegou a conver- ter-se em lei, mas que teve uma infiueneia importante no direito posterior, seguiu e procurou aplicar, sob este ponto de vista, o que ensinavain Roeder e 0s seus con- linuadores, isto @, Charies Lucas, Béranger, Ortolan e ‘oultos (*), Na redacgao das respectivas disposigses, 0 projecto portugués de 1864 tomou para modelo, embora fo completamente, © projecto francés de Bonneville, sobre instituicdes complementares do regime peniten” cidrio (9). No que respeita & prorrogagdo do internamento dos delinquentes que, finda a pens, se nfo mostrassem melho- rados, os dois projertos, 0 francés e o porlugués, realiz ‘yam 08 grincipios que fundamentalmente 08 otientaram, por uma forma ainda timida. Sé6 germitiam o prolonga. mento da prisio até certo limite, Este limite, no project (2) Altes de Gourein, A rfrma dan Cadsas (180, igi nas 108 « 16a Sobre 0 aramotolons ow Eopsta eat ake frandeeitanto, manne: elo Calon, Dre pone 8 ie ‘oite pigs tse iS Anton Once @ Mc Dreno ae {on tn" pas 8» Anton Oran, La wom bene! ae ered Montr, pga bres de Asin, Malad de loose Ot elm 3 pag 1h Tuer el ol, Dereon Eira) pig 190 IB SatpnBrsn, Lo ldo rok tian de Siac, pgs We 8, (8) attr do Project te 1 pig. 10 0, (8) Ro iv date utr Dx aes Staton compa {aires rginepnetnire Parish, epecaimente ape MO © seguintes, 48 ¢ seguintes ¢ 691 © 692. oie portugués, era de um tergo dla pena imposta na condena 440, podendo elevar-se ao dobro, quando se tratasse de “um reineidente (*), A rato de ser do prolongamento da pristo para além do tempo Sxado na sentenga condenatéria, razio de ser que era 0 nfo melhioramento do condenado, ape- sar do cumprimento da pena, deveria conduzir ldgica menie & manutengio do tralamento penitencidrio a6 ‘que o preso fosse julgado orregide ou inofensivo. Assim © exigia aquela precangdo de seguranca pitblioa contra 08 delinquentes perigosos, de yue faleva a préprio Bon- neville... (2) Mas, os inovadores daquele tempo... estavam deme: siadamente vineulados ao passado. ‘A prorrogacdo do Imlernamento prisioval para os dolinquentes perigosos, aparecia-Ihes ainda com um carde- ter penal, era um euplemento de pena e, segundo o pen sametito dominante na époea, a pena repugnaya a inde- lormsinagéo, Por outro lado, a pena pressupée a culpabilidade este prinefpio do «rulla poena sine culpas mantinha-se quanto & detengdo suplementar. Esta legitimava-se, a0 propriamente com a culpa do erime cometido, mas com 8 culpa do eriminoso por nao ter methorado como devia, por nao ter aproveitado suficientemonte o valor correc- ive da pena. A culpa da nfo correcgio era por estes doutringrios equiparada ma conduia prisional, Boone- ville diz claramente que a detengto suplementar represen- tava ima pena inflingida disciptinarmente ao delinquente rebelde, que afinal se mostrava um doenle nfo curado para quem & pena aplicada na sentenga condenaisria, por sua culpa, se mostrara insuliciente (*). Era como que uma antecipagao da doutrina recente (9). Projecto portuguts de 1804, artigo 106.* Cie. prajesto de Bonneville, lig. 698 da obra cltada, (2) Ob ett, pag 39, (2) onmeritie, ob et, pg, ADE. execu da exipa na direee da pripcia vida, ou na avito mode- lagio da personalidade. Tudo se passa, a este respeito, como se tal doulrina livesse jé sido pensada por alguus autores do meado do século xix, Na verdade, ela j& nesse tempo foi implicitamente suposta ¢ nio apenas no caso de que estamos falando, inas em outros, como, por exemplo, nox fandamentos invocados para justificar a agravagdo da pena aos reineidentes (*). A construgdo artifical formulads por Booneville & seus continuadores deveria condazir a um prolonga- mento da pena por tempo indefinido, porque, enguanto © preso se no corrigissse, mostraria ler culpa em 180 {1} 0 Relatério da proposta de Tei que se converteu na Hoforma penal de 1884, dé como ume das raziea da agravagho da ona, na reineldéacia, a expecta propensio criminosa e, por conse- | ‘qotncla, a eepectal incorrigibitidads que reveln. OFe, come a pene ¢ eondicionade pele eulpabilidade, pressupde-se que aquele incor ibiidade resulta da culpa do delinquents. io we adzite, porée, ‘rove em conteério (reja-ce © que, a esle respelto, escrevemos m TRapista de Lepilapto 0 de Jarteprudénaia, sobre Crimes da. mesma ‘nafureea na rrincidineia, ano 75°, pa 69, nota I, & Rossi, Trait troit crimivel (1690), pix. 485, © Helle, Théorie du Code Péval, 24 ed tome t, pag 810) Sobre doulting da culpa na formagho ou auto-reodelagso da personalidade, ou oa dirsecdo da vide, um direte partagats, vide Professor Caveleiro do Ferreira, & personatidade do delinquents 1a reprassto ¢ na preventie: Professor Eduardo Correia, A doutrina ‘da culpa na formagao da personalidad: do mesmo aulor, 4 feoria 2 Spe normation do agente, an Lighes de Diresto Crimfnal e ainda Unidads ¢ plaratidads ae snfroccoes, pb. 301; Silva Cunt, & per- smatidade do eriminaso; Juan del Rosal, Pereowalidads del delin- ‘quente on la Séentca penal. pig. 65; ¢ 0 n0se0 estudo Nowa Organi- {a¢ho prisiowal portugueso, pigs, 82 29 ¢ nolas. Vejumae ainds Bockelmano, Studien ram Tateretcafrecht,2° parte, pags. 128 8163, ‘0 diverace esludoe de Merger citedos a0 neu Deutschen Strafreeht, sin Grwndriss, pipe. 8 € 85 © SebGake, Strofgaustshuch Kommentar, 3 ed, pg. 02. Pare uma critica desta dovttias consulte-se, ent Outros, Helsiz, Strafmastung und Porsénlickeit fa Zeitscheif fr di Gasarnie Strafroch! Wissenscha]?, gov S950, pags. TH 76 e aulores ai eitados, ¢ Kavfmano, Dos Unrechtbensstanis in dor Sehuldlohee des Strafreshts, pg. soe 2. MELEE B08 exxros se emendar, 0 que justificar limite de prazo. As imagens de que se serviam os defensores da detenpdo suplementar eram até de molde a sugerit-Ihes aquela consequéncia: De facto, eles assimilaram 0 orime 4 uma doenga contagiosa da alma, 3 pena ao seu remé- dio © a prido a um hospital, onde deve fazer-se 0 trata mento © a cura (1), Ora, estabelecer um mndximo para este tralamento € dizia Saleilles, «como se um médico alienista que assina o boletim de entrada no asilo indicasse, ao mesmo tempo, a data da saida do doente, ou como se um médico vulgar fizesse 0 mesmo a um doente a internar em qual- quer hospital» (2), Mas nessa altura, em meados do século x1x, a pror- Fogagio do inlernamento numa priséo, porque 0 preso no melhorara suficientemente, era uma ideia nova e ‘queria-se aeaulelar o individuo contra posstveis arbitrios da auloridade, ainda que fosse judicidrie, A experiéncia anterior determinara no século xvitt uma forte reaegio contra a latitude do poder de aplicar penas, reacgio que conduzitl & saa fixagao rigida na lei. Montesquieu apre- sentava @ este respeito como modetar o direito inglés: +Declarado culpado © réu, o tribunal deve limilar-se a prouunciar a pena prescrila na lei para o crime. Para tanto basta ao juiz... ter olhoss (3); Beccaria e os seus ‘continuadores adopistarn a mesina orientagéo. Por isto— vineulado a esta tradigao Jegalista~o Projecto portugués de {861 mareava limites estreitos & detengio suplementar dos presos nao corrigidos, con- fiande a decisio acerea da detengio suplemenlar ao 4 prorrogagao da pena sem (2) Bonneville, 0. eit, pag 261. (©) Individuattuation deta point, 38 ed, ps, 268, (2) Baprtt dar lis, liveo 6», capitulo 32. Sobre este opinito de Montesquieu, veje-se Rudbruch, Vorschule dar Rechtaphitorophie, ng A. oe raumosais De wx vorruost 908, Lribunal da localidade do estabelecimento penal (*). Nesta parte divergia da orientagao administrativista de Booneville (*). Nao deve dizer-se, portanio, que © pensamento cor- reccionalista acerca do suplemento da pena para os nao corrigidos era contraditério. A sua incoeréncia aparente resullava apenas da limita¢ao de um interesse por outro, isto 6, da conciliagao do interesse da defesa social eoutra ‘0s delinguentes perigosos nio corrigidos. com a segu- ranga juridica, com a justa defesa do individuo contra © arblirio jadieiétio, ow administrativo. 6 —0 projecto do Cédigo penal portugués de 1861, apesar do seu merecimento, nto foi eonvertide em lei. No entanto, exigéncias jurfdico-sociais idénticas a8 ‘que tinham determinado as providencias deste projecto acerca da prorrogagto do tratamento penitencidrio para ‘08 presos nao corrigidos ¢ da liberdade preparaliria para os melhorados, provocecam, embora muito mais, tarde, providéncias legistulivas. Estas, apesar de tradu- zirem, no essencial, 0 pensamento do projecto de 1851, realizaram-no por forma diferente, inspirando s¢ em fon tes doutrinais e legislativas diversas. No que interessa aos «lelinquentes de diffeil correc- Ho, foi @ orientagio da Lei francesa de 1885 sobre a relegacdo dos reineidentes (*} que inspirou o diteito por- (2) Ybnice 80 antiga 185.6 (2), No prajecto de Bounevitle atributa-se ao winistroda tnte- rior cu #0 Prefeito, segundo Os casos, a determinecao do prazo da deteacio suplementar 10. et, pag. 6) (8) Quanto a liberdede preparatéti, eram concordes 0 pro- jeoto francés © o portupués, em alribule compeléncie Iegel para tal Wins « entidades administeativas, gob propesta da adwinisteacko do ‘estabelecimonto penel, ouvido o Ministerio Publica {Projecto para. ‘poe de 1851-1866, ar 107) (4) Sobre eata Ie, tide Donnedien de Vabres, Teattd de droit rious 34 edicho, pi. SLO e Bousal, Trost theerique et pratique ta droit penal, pg. 92. Auguts, tredurida primeito na Lei de 21 de Abril de 1802 @ depois na Lei de 20 de Julho de 1912, que cria- ram medidas de seguranga para os reincidentes, para ‘8 sadios ¢ para aulros individuos de conduta ‘social perigosa. ‘A Lei de 1892, como o seu modelo francés, permitia ‘a deportagio destes delinguentes para o Uitramar. ‘A Lei de 1912 autorizava 0 intornamento delze om colénias agrtcolas ou casas de trabatho. Esta medida de defeea social tinlia as seguintes carac- teristicas na Lei de 1912, especialmente quanto aos rein- cidentes: — Nao se exigia qualquer indagagio sobre a per- sonatidade do delinquente para ser declacado perigoeo. Desde qite fosse condenado um cerlo niimero de vezes, ficava abtomdtiramente sujelto & medida de soguranga. 2°— Esta consistia no internamento em estabeleci- mento especial, tendo-se, de facto, criado, para tal fim, uma colénia agricola em Sinica destinada a plurireinci- dentes vadios (’) 8°—0 tempo do internamento poderia variar entre um minimo © om mdaimo, ista 6, de 3 meses a 6 anos. 4.2 — Rste internamento era ordenado pelos tribunais que punham o reineidente & disposigho do Governo, A gua duragio ere, porénn, determinada pelo Ministério da Justiga, ouvido 0 Consetho disciplinar do estabele- cimento (7). ‘A liberdade preparaléria j& prevista no projecto de 1851 apenas toi estabelecida muito mais tarde, em 1893, pela Lei de 6 de Julbo, gue couterin ao Minis- am 0 seu funcionamento velam-se of «Apontamentor da Colénie Penal de Sinicar do seu director, Dr. Kurico Pereira dos Santos, ‘que sio umn Felatdrio de vivo interease © ulidede (2) Tei de 20 de Jaito de 1913, ortigos Gee 11° O*-TAIBUEAIG Ox HEBCUGLO DAE PRNAS HM PORTUGAL —_305- \étio da Justiga competéncia para a coneeder ¢ para a revogat (*}, 7-— Em 1936 0 Decreto-Lei de 28 de Maio veio remo- delar 05 services prisionais e, a0 mesino tempo, introduziu novos principios e instituigdes penitenciérias. Mantendo a estrutura cléssica das penas com seus fins de reprovapdo ético-juridica e de prevengio geral, esta reforma atribuiu um particular valor ao fim de preven- (do especial, isto 6, Ja actuagao da pena sobre o delin- quente para que nao reincida e, portanto, para o intimi- dat, para o melhorar e para o destocar ou alastar do meio social, segundo 0s casos (#). ‘Nesla linha de pensamento, procuron, por um lado, evitar, quanto possfvel, as més influéncias na pristo, e, por outro lado, intensifiear a acgio penitencidria reedu- ealiva, assim como @ acgio post-prisional para recuperar 08 delinguentes acessiveis a uma influéncia reeducadora. © melhoramento dos presos e a sua adaptagio @ uma vida social correcta ow inofensiva, deverdo, segundo Reforma, ser sempre tentados, mesmo para os habituais ‘que nio’ so considerados na lei incorrigéteis, mas de difiil corresedo(*), Considerou-se fundamental o agrupamento e a sepa- ragio de cerlos delinquentes, em relagdo a outros que podetiam grejudics los ou a quem poderiam prejudicar, ‘on que exijam um tratamento penitenciério especializado. Daf a criagio, a par das prisdes comuns, de estabeleci. metilos especiais: para menores de mais de 16 anos até () Artigo 62 Esta Jel dea aos tribunais © poder ée aie da. gene, verifeados certos pressupostor log Carle, 62 e eens). Clr. Deereto de 16 de Novembro de 1898 ¢ Port rie de 33 de Julho de 1805. 2). Vide 0 estuto sobre Madides de seguranca © prescrcao ‘que escreremos na Revista de Tagislaghy » de duevegrudéncis, ‘400 762, pigs. 85 e aege. © ano 80.*, phx 98 e weRS. (2) Vide © nosso esiudo ova Organizupto Prisioncl Portw= putea, pigs: Ue neguintes, aos 25 (Pritées Hscolas}, @ ainda para os deliaguentes de dificil corregao (babituais, por tendéncia ou indiscipli nados), para os anormais imputtveis (Prisdes Asilos), ele. Por outro Jado, a tei de 1936 eo divelta posterior procuraram intensilicar a defesa social contra 03 delinguen- tes perigouos, prescrevendo um conjunto de medidas de seguranca, de cura e de readupiagao, nao s6 para os dain: quenies habituais, por fendéncia ou rebeldes disciplina prisional, mas para o¢ anormais imputdveis, para os dogntes mentais irresponsdveis, pata 0s alcodtioas @ por outra forma ixtowioados, para 0s vadios outros indivi duos de comdula a-social ou anti-social verigosa (rufides, mendigos, ete). Estas medidas, condicionadas pelo estado perigoto do delinquents, deverao \et a duragho necessiria para o reeducar ou, pelo menos, para o tornar socialmente ino. fensivo e, por isso, 80 podem ser proviamente deter- minadas. Come diz Mare Aneel, exté na 6giea dosistema a sua indeferminagao (*). EB tambgm consequéncia daquele principio, e uma viva necessidade prética, tornar possivel a substituigao de uma medida por outra, se a primeita se mostrar ina- dequada. 0 direito portugués, a partir de 1936, orientou-se aberlamente neste sentido e permitiu a prorropagio do imtermamento de todos 08 delinquenles yerigasos, sem limite de tempo(*), O seu tratamento penitencidrio manter.se-d até mostrarem sérias probabilidades de rea- daptagdo social ou de inocuidade. Mas esta prorcoracho 6 cautelosamente feits, segundo a lei, por perfodos suces- (1) Les masures do curate en matitre criminals, pip. 88, eja-ne mais Jimenes de Asia, Ld sentencia indeterminada: (2) Tato 6, daqueles que a Jel denomina de difte! oorrecpto (habituais, pr tendéncia ow indistiplnades) « doa anormars vadtos © outtos a-sociai, alzodlicos ou por outra forma intoxicados, O inter: ‘amento ¢ tambSm prorrogavel para os que dao entrade numa pri- ssio-escola WDeerele-Lel n® 36.61, de 38 de Maio de 1235, atipn4 8 BI2, 1172, 13L9 @ 1572, § nico). sisos, com revisdo obrigatéria de cada caso, pelo menos de trés em trés anos, para se verificar Se o estado perigoeo permanece ou se extinguin(*). Admitia também a modificagia da medida tomada, quer em sentido favordvel quer desfavordvel, consoante © que for de aconselhar. B assim, pode um delinguente, elassiticado como habitual, passar 20 regime dos delin- ‘quentes comuns, se fez progressos morais que justi quem a mudanga. Por outro lado, um interuado numa Prisio-Escola pode ser mandado para um estabeleci- niento para presos de diffeil correegao, quando se mos- {se perigora e teoha mais de 25 anos (*). Sempre na mesma linba de pensamento, a lei portu- sues alargon muilo o campo de aplicagao Ua lberdade condicignal, ue {oi torvieda ebrigatéria, como experiéncia @ como preparagao para a liberiagio detinitiva, em rela- Ao a certos delinquentes. I assim, esta obrigatoriedade existe para os cle mais dificil readaptagao soviet, como, or exeinplo, para os habétuais, para os antormais © para 0s vadios. B também preserita para os que no estejam nesies easos, mas necessilem de uma preparacao gradual para a liberviade definitiva feita através de uma liberdade igiads @ avientade pelo servigo social, que servird de complemento & uma acgio penitencidria particularmente educativa, vomo acontece com os menores internadox nas Prisbes-Bstotas(* }. Bla inteusifiragio da defesa da sociedade contra 0 crime, nos moldes da lei de 1936 do direito posterior, implica uma adequagio das penas e das medidas de seguranga & individuatidade do delinquente, ou melhor, (2), 0 Decreto a.* 36:649 estabetecia o prazo de 8 aoe pars tes, 0 Decreto-Lel u.* 38:888, de 8 de Agosto de 1961, elevou, porém. 0 prazo a tres anos. (2) Decrelo 10 96:61, de 98 de Malo de 1096, artigos 118° 6808 j Onieo, (2) Gitado DecretorLei 702 € 02° 8:05, artiggs tae, LARS, 162° aos diferentes grupos de delinguentes a tamar em consi- deragio no tratamento penitenciério. Esta adequagio torna-se muito mais acentuada nesta nova’ fase jurfdica do que no direito anteri 8 —Dagui resultaram, porém, novos problemas. E assim, tomou muito maior vullo a necessidade de ‘se conhecer a personalidade dos criminosos, em especial daqueles em relagao aos quais a escola e duragao da medida a tomar dependem de uma avaliagia desta per- sonalidade e da indagayzo daquilo que nela pode repre- senter um perigo de delinguir, das suas causas e dos meios de as combater ou compensar, Vejamos, por exemplo, 0 caso dos delinguentes habi- tua Antes da reforma de 1936, eram apenas assim con- siderados os plurireincidentes, Bastava contar o numero das condenagées anteriores & diltima intracgao cometida. Preenchido o nimero legal. duas, trés ou cinco, segundo a gravidade das penas aplicadas, o tribunal de julga- mento daquela infracgio colocava mecanicamente 0. fractor a disposigao do Governo, que o mandava para a respectiva Golénia Agricola ou Casa de Trabatho. Sob este pouto de vista, quase dasiana ao juix ter olhos para aplicar 0 que eslava escrito na lei, como dinia Montesquieu certo que para s¢ avaliar a efiedcia do interna- mento ¢ consequentemente a afiura em que deveria cesvar, tornava-se indispensdyel a observagao do preso, que se fazia, tal como podia fazer-sa, no respective esta- pelecimento. Como, porém, este internamento tit tes (trés meses dois anos). embora pudesse representar uma privagto de liberdade, possivelmente pesada, nao fina a gravidade de uma medida de seguranga por tempo indeterminado. A partit de 1936 tornow-se diferente a situagdo. Hé ainda casos em que ofarto de-© acusndo ter sofrido um certo niimero de condenagées, varidvel segundo a 6 FRINUNATS Ue WENCUGAO DAS FENAS AM PORTUGAL 900 eravidade das penas("), determina, sem mais, a decla- ‘Tagho de que cle & um delinquents habitual. A lei como que formula uma presungio juris et de ure, que, em casos excepcionais, poderd no se justifear 0 erro de classificagao resultante da presuncao legal poder, porém, em eerta medida, ser posteriormente cor- Tigido (). Mas, além destes casos de declaragao automética de ‘habiluatidade, hé outros, ¢ nestes sto necessérias duas condigies cesenciais: 1.*—que 0 delinquente aja come- Yido um certo wimero de crimes dolosos, embora sem ter sido condenado (*); 2"— que tenba 0 hdbito de delingytr A primeira, referida Unicamente & prética de uma determinada quantidade de infracgbes, 6 um pressuposto ‘exigido para que a declaragéo de habitualidade apenas tenba Jugar quando hiaja para tel motixos s6rios, Baten- deu-se que a realisagio de vérios crimes 6, de per si, jf um {ndice, embora falfvel, do estado perigoso do delinguente. Esla condigdo 6 por isso, uma garantia para evitar a irreflectide classifieagdo de um condenado como habitual. A segunvla condigao prescrita na lei para esta declar ragao de babitualidade 6 que exista, em concrete, um ‘dbito criminoxo, 0 que implica uma indagacio delicade, (1) Daas vezes ou mais em pena de pris malor cea, ts ‘vezes ou mais em quaisquer penas privativas de liberdade pum latal de § anos ou Gals, tendo 0 delinguente «rime, deede que todas estas infracedessejam dolo ant. s089, not 1-e 8). Vide o meu estado: Dalinquentar hobituais, ‘undies + squiparacdes mo direte porkuguie, nu Revisla de Lagislacho ¢ ‘da Jurisprudéncia, anos TOS, 71° 722 © 7s 1)" Como o interoamento do habitual, para além do tempo da ‘peng em que foi condenado pela ditima infraegdo, apenas pode sor prorrogado se 0 delinguente zontinuar perigoso, quande ele nko for, na realidade, umn habitual & pratrogagio oo oerk ordenada e 1 daclaragio de habituatidads, proferida em harmovia com 8 Ye, sdeixark de prodatir o seu principal feito, ‘i (©) Trée deotes crimes a que correspondam penae de pr maior, ou quatro, a que correspondam qusiaquer Ge Merde (Dees a9 BAR, art. 109. 310 2 mavaza pos sunroe 86 acerca dos mébiles dos crimes cometidos, como da conduta ou género de vida do delinquente, numa pala- vra da sua pervonalidade, constitucional ou adquirida, Esta indagagao pode exigir inquéritos sociais, infor. magdes, exames médico-psiquidtrico-psicolégicos, ouma palavra, todos os meios de observacio que podem esclare- cer acerca de quem & 0 delinguente ¢ do sex extade perigasn. Muitas vezes,é diffi! formular um juizo seguro acerca da existéncia de um babito criminal. E no entanto, ums Gecisdo a tal respeito pode ter no direito portugués efei- tos muito graves, ndo 56 para a liberdade do eondenado, Porque dela poder fear ptivado por tempo indetermi- nado, mas para uma futura reabilitagao e ainda sob uteas pontos de vist A insisténcia oa pratica de crimes pode nio si ficar win babito de delinguir, mas unicamente o efeito de ums crise, de uma sugestio temporiria, ou de outra situagao especial coorrida az vida do criminoso, donde Fesultou a prética de vérias infracgdes (+), Em certos casos, Se for ultrapassada @ crise, 0 delinquente deixaré de cometer crimes. £ assim, poderd ser um pliriocasional © ao am habitual perigoso. Conhecemos, entre outros, 0 caso de um homem de 40 anos que até aos 30 nao praticara delito algam Depois, no espago de 4 anos, cometeu uma série de furtos, © que levou o tribunal a declaré-lo habitnat. Os inguéritos de varia ordem que se Gzeram, as decla- rages do delinquente e a boa conduta aa prisio, mos- lara ser de todo o ponto verosimil a explicagio que ele deu acerca dos furtos cometidos: Tinka vivido, nasse tempo, com uma mulher sem moral, com grande dominio sobre ele e foi esta mulher que o impeliu para o crime. (4) 08 detinqueotes chamados de crise (Krisenverbrecker), ‘to de varias eapécies e neim & todas #0 aplicam as eonsideracves ‘que v@ Kiem no texto. (Vide Mezger, Kréminal politi, 143; do mesmo autor, Kriminolegte, pags. 198 6 seguintes; Seetig, Lehrbuen der Eriminologte, pags. 91 woguintes, os TRTDUNATS OF RXECIIONG DAS PRNAS HX PORTUGAL SIT © tribunal de execugdo das penas colocou-o em liberdade condicional e uma das obrigagdes que Ihe impos foi regressar ao seu meio rural, para junto da inde e de um irmao, onde nfo poderia receber sugestoes ins da antiga companheira, de quem aliés se havia jé separado, HG a mesma necessidaide de investigar a personali- dade © conduta do delinquente e aniloga diticuldade em decidir, quando s¢ trate da prorrogagao ou ndo prorroga- cao da’ pena, consoante o delinguenle habituat continue ba nao & mostret-se Verigoso, isto 6 com om sem pro- habilidade de reincidir, uma’ ver posto em liberdade, Rtas decisées, segundo a nossa lei, tém de ser tomadas, 4 primeira vez, fivdo o tempo da pena pré-fixada pelo iribunal aa ditima voncenagéa e depois, pelo menos, de trés em trés anos, enquanto o dolinquente estiver inter- ado. As diflenldades em formutar um jufzo sobre @ clas- sifieagdo de um acusado como delinguente por tendancia © sobre & permangncia ou moditicagéo do seu estado perigoso, sto, pelo menos, iguais As da determinagko a habituatidade € do perigo dela resultante. As conse- quéncias das decixées a tal respeito e das que devam proierir-se acerea da prorrogagao da pena, sto de gravi- dade igual as da mesma natureza proferidas relativa- mente eos habituais, porque o regiine juridico e peni- tencidrio destes dois grupos de delinquentes 6 idéntico, sogundo a nossa lei. Para por em relevo aquelas dificuldades, basta recor- dar 0 conceito de delinquente por lendéncia no direito portuguds. £ assim classificado aquele que cometeu, pelo menos, um homicidio dotoso ou graves ofensas corporis, que revelaram perversao ou malvadés, por forma a ta%é-lo considerar gravemente perigoso (*). (C8) Deeroto ne st:688, antiga 110 oe 4 Bunz 908 SastO8 Apesar da designagio especial atributda aos erimi- noses desta espécie, a lei portuguesa ndo teve em vista um certo tipo criminal, constituide por dados morfolé- ‘wie0s € por uM Conjunto preciso de caracteristicas, sob © ponto de vista petquico (1). Partin apenas de um facto averiguado: a existéncia de pessoas que praticam crimes por motivos ou em cir- ‘unstancias que, por um lado, revelam falta de piedade pelo sofrimento aleio on até o prazet dle o provoearem, € por outro, denuneiam um perigo de reincidéncia em crimes graves(*). Sio muito pouco frequentes as decisées dos noscos wibunais que declaram 0 reu detinguonte por tendéncia. Mas, nos casos relativamente raros em que estas decisées sto de proferir, as indagagdes a fazer sio diffceis e podem ser graves o8 efeitos dessas decis6es, a comecar pela pos- sibilidade de um internamento por tempo indeterminado. © direito portugués criminal € penitencidtio poste- rior a 1936 trouxe ainda mais problemas, e de uma outra espécie, que convém par em relevo, para explicarmos as razies que delerminaram a eriagao dos tribunais de eze- updo das penas e a competéncia legal que tbes foi atri- bufda. Queremos referit-nos a liberdade condicional e 4 reabililagao, (2) Com ode a ratdo ercroveu reeotemente © psiquatre 1. Bove: «A nogdaJurdien do dellaqvente nko corooponde Auer nopio pslolipes ou piqusisice wntora. Néo exlste une doenca denominadn crominaliZade « senoe slain ut Lipo peal fleo inl te todon ov dalinqucter © ab 0 dou delingatee FB ncreecnta: sedate que a delingueatin. come il cot lodce so omposeatee soca, jriico» polls que imple, poss reves tir o-cardler de uma caraclertetia biologicamenteheredléta,€ ‘um oo seaso que peense aie, som une concept eria doe ‘ou petcoptinconstituicral, penta ca defender, ee aspects Diyehiniriuee deta adinqvance just, pegs 8,9 + (2) Vejoee goo eatado nob © Neve Orgonieghe Pr ona. Poruguca, page Se segue 44 aludimos a maior amplitude que a reforme de 1936 deu a liberdade condicional, presorevendo-<, abrigatiria~ ‘mente, para um certo ntimero de delinquentes, e pormi- Hindo, de uma maneira geral, a sua concessio a todos os delinquentes a que tenha sido aplicada uma pena de pristo por mais de 6 meses. A prdpria concepgio da liderdade condicional mo ficou-se n0 direito portugués, como alids sucedeu em ‘outros paises. A principio, era eonsiderada um beneficio, relativamente excepeional, a titulo de ectimulo e de Fecompensa pela boa conduta na prisko (1), Depois de 1956, passou a constituir uma fase normat da execupto dax penas ¢ das medidas de seguranga pri tivas de liberdade de uma certa duragao, para os delin- ‘quentes com possibilidades ¢ boa vontade de se resdap- larem sociaimente. Como disse um eseritor suigo, em referéncia ao direito do seu Pals: (+), J 0 projecto do Cédigo Penal Portugués de 1861 Pretendeu juriscionatisar as medidas de seguranga priva- tivas de liherdade. Este projecto confiava @ um tribapal ieagdo da detenpio suplementar, destinada, coino , a tenlar a correegdo do delinquente que, depais de cumprida a pena, se nao mostrasse sullcientemente smethorado (*). 10—As nocessidades e a experiéncia do Pais, em consequéncia «2 cava erientegda de direito eriminal © penitencifrio, a so:tir de 1986, determinaram a elabora: cfo da Lei n 28100, de 16 de Maio de 1944, que eriou ein Portugal os tribunais de execuglo das penas, sendo posta em execucdo pelo Decreto n.* 34:540, de 27 de Abril de 1985, Fez-se sentir na preparagao desta lei a influéncia das leis internas e projectos de lei de outros. paises. e também das discussdes € volos de Congresses nacionais e inter- nacionais, onde se afirmou o prinefpio fandamental da intervengéo judietiria, néo s6 na aplicacao, mas na moditi- cagio. susperisio e extincto das ponas ¢ das medidas de semuranca, Assim, foram. tidas em conta as leis ¢ projectos de alguns paises que ofereciam indicagdes no metme sentida, como, por exemplo, a lei italiana (*) que eriou o juéeo de vigiléncia, do qual, no entanto, como dissemos, 0 juiz portugues de execucdo das penas difere, sob diversos (©) Ob cit, pag, 2% Velane igualmente Pierre Ganuat, Esquiose Cane juridiction pénilentiatre, na Beta pénitentiagee +t de droit pina, 71. ano (1947), 58. (2) 0 teibunel seria o Jairo de 1. instncia da localidade do ceslabelecimento penal art. tsi), (3) Vide em Les grands systimes pénitentiaires actuals 0 cestudo de Vassall e Brra, péga 243 e294.

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