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Sistemas de Aquisição e Processamento de Sinais Jorge Martins

3
CIRCUITOS COM AMPOP’S
UTILIZADOS NOS SAPS

3. C IRCUITOS COM AMPOP’S UTILIZADOS NOS SAPS

- 3.1 -
Sistemas de Aquisição e Processamento de Sinais Jorge Martins

3.1 Introdução

Numa primeira fase, apresenta-se os circuitos somadores e subtractores utilizados nos blocos de
entrada dos SAPS. Determina-se a sua função de transferência e identifica-se as suas limitações.
Com vista a resolver diversos problemas associados aos subtractor básico, conhece-se um
subtractor melhorado, denominado de amplificador de instrumentação.

Numa segunda fase, estuda-se os circuitos integradores e comparadores baseados em


AMPOP’s. Estes circuitos não são nenhum dos blocos constituintes de um SAPS, no entanto, são
estudados, pois vão ser utilizados para desenhar os DAC’s e ADC’s, estudados nos capítulos 7 e
8, respectivamente.

3.2 Somador Não-Inversor

Apresenta-se na figura 3.1 o denominado somador não-inversor. Vai-se em seguida determinar


a equação da tensão de saída, v o(v 1,v 2).

R1 i
v1
v3

v2 vo
R2

R3
R4

Figura 3.1 – Somador não-inversor.

De v 3 para v o, tem-se o conhecido circuito amplificador não-inversor, logo

 R 
v o = 1 + 3  ⋅ v 3 (3.1)
 R4 

Para determinar v 3(v 1,v 2) pode-se notar que

- 3.2 -
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v1 − v 2
i= (3.2)
R1 + R2

e que

 v − v2 
v 3 = v2 + R2 i = v 2 + R2  1  (3.3)
 R1 + R2 

que pode ser escrita na forma

R2 R1
v3 = v1 + v (3.4)
R1 + R2 R1 + R2 2

Logo, utilizando (3.4) em (3.1), pode-se concluir que

 R   R2 R1 
v o =  1 + 3  ⋅  v1 + v 2  (3.5)
 R4   R1 + R2 R1 + R2 

Este circuito é um somador de v 1 e v 2, no qual pode-se ter pesos diferentes para cada uma das
entradas. Por exemplo, para R2=2⋅R1 e R3=R4, vem

v o = 1.33v1 + 0.66v 2 (3.6)

A aplicação típica deste circuito é considerando-se R1=R2=R3=R4, v o vem dado por

v o = v1 + v2 (3.7)

Este circuito apresenta alguns inconvenientes, a saber:

• só tem 2 entradas;

• não se pode ter ganhos arbitrários associados às entradas v 1 e v 2;

• a impedância de entrada é baixa e, pior ainda, é variável; isto é, a impedância de entrada


de v 1 depende do valor de tensão em v 2.

Para resolver estas limitações pode-se utilizar o circuito somador inversor, analisado já em
seguida.

3.3 Somador Inversor

- 3.3 -
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Considere-se o circuito somador inversor da figura 3.2. Dado que o nó v a é um nó de massa


virtual, tem-se que

v1 v2 v
i= + + •• • + n (3.8)
R1 R2 Rn

Atendendo a que

v o = −R ⋅ i (3.9)

vem

 R R R 
v o = − v1 + v2 + • • • + v n  (3.10)
 R1 R2 Rn 

R1 R
v1

R2 i
v2
va vo

Rn
vn

Figura 3.2 – Somador inversor.

Apesar da saída aparecer invertida, o que por vezes é indesejado, este circuito tem diversas
vantagens em relação ao somador não-inversor, estudado anteriormente,

• pode-se escolher, de forma perfeitamente arbitrária, o número de entradas e o ganho de


tensão associado a cada uma delas;

• a impedância de entrada, apesar de ser baixa, é fixa. A impedância de entrada de v 1 é


R1, de v 2 é R2, e assim sucessivamente.

3.4 Subtractor

Na figura 3.3 pode-se conhecer um circuito utilizado para fazer a subtracção de dois sinais de
entrada.

- 3.4 -
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i
R2
R1
v1
vb
vo
va
v2
R3
R4

Figura 3.3 – Subtractor.

Da análise do ramos associado à entrada v 2, tem-se que

R4
va = ⋅v (3.11)
R3 + R4 2

Por outro lado, analisando-se a outra entrada, verifica-se que

v1 − vb
i= (3.12)
R1

e ainda

(v1 − vb )R2  R  R
v o = −i ⋅ R2 + vb = − + v b = 1 + 1  ⋅ vb − 1 ⋅ v1 (3.13)
R1  R2  R2

Atendendo ao curto-circuito virtual formado pelo AMPOP, v b=v a, o que em conjunto com
(3.11) leva a

 R  R4  R
v o = 1 + 1   ⋅ v 2 − 1 ⋅ v1 (3.14)
 R2  R3 + R4  R2

Através da análise de (3.14) verifica-se que este circuito realiza uma subtracção ponderada dos
dois sinais de entrada. Por exemplo, para R1=R2=R3=R4, vem

v o = v 2 − v1 (3.15)

Apresar deste circuito poder ser utilizado para realizar subtracção de sinais, o mesmo apresenta
diversas limitações, a saber:

- 3.5 -
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• à semelhança do que acontece com o somador não-inversor, a impedância de entrada é


baixa e, pior ainda, é variável; isto é, a impedância de entrada de v 1 depende do valor
de tensão em v 2;

• não se pode de forma simples, por exemplo através do ajuste de uma resistência, variar
o ganho do substractor, K (v o=K⋅(v 2-v 1)).

Em seguida estuda-se um circuito subtractor que contorna estas limitações, denominado de


amplificador de instrumentação.

3.5 Amplificador de Instrumentação

Apresenta-se na figura 3.4, o denominado amplificador de instrumentação. Como se verá nesta


secção, este subtractor de sinais tem características que o tornam mais eficiente para se utilizar na
entrada dos SAPS, para fazer interface com os sensores de saída diferencial.

v1
vc
R2 R
R
va
R1 i vo
vb
R
R2 R
vd
v2

Figura 3.4 – Amplificador de instrumentação.

Vai-se, em seguida, determinar a equação de saída deste circuito. Como ponto de partida,
começa-se por identificar que o circuito formado pelo AMPOP e as quatro resistências da lado
direito da figura 3.4, constitui o circuito subtractor estudado na secção anterior, logo

vo = vb − va (3.16)

Para a malha de entrada, pode-se escrever a corrente i como

- 3.6 -
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v c − vd
i= (3.17)
R1

Atendendo ao curto-circuito virtual de ambos os AMPOP’s, pode dizer-se que v c=v 1 e


v d=v 2, logo (3.17) fica

v1 − v 2
i= (3.18)
R1

Circulando na malha formada por R1, pelas resistências R2 e pela entrada do circuito subtractor,
tem-se que

i ⋅ R2 + i ⋅ R1 + i ⋅ R2 + (v b − v a ) = 0 (3.19)

Utilizando (3.16) e (3.18) em (3.19), vem

 R 
v o = 1 + 2 2  ⋅ (v2 − v1 ) (3.20)
 R1 

v1

R2
R
R
R1 vo

R R
R2

v2

Figura 3.5 – Amplificador de instrumentação comercial.

Conclui-se pois, que este circuito calcula a diferença dos sinais de entrada, à semelhança do
circuito subtractor; no entanto, apresenta diversas vantagens, a saber:

• a impedância de entrada de ambas as entradas é infinita;

- 3.7 -
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• o circuito apresenta um ganho ajustável por R1 ou R2.

Na prática, os amplificadores de instrumentação comerciais são do tipo dos apresentados na


figura 3.5. A resistência R1 tem de ser colocada externamente ao circuito integrado, e pode ser
utilizada para ajustar o ganho do subtractor.

3.6 Integrador

Na figura 3.6 apresenta-se o circuito integrador. Nesta secção vai-se determinar a equação
temporal da saída v o. Este circuito vai ser utilizado no capítulo 8, no desenho de conversores A/D.

vc

R C
vi
vo
i

Figura 3.6 – Integrador.

Atendendo ao nó de massa virtual na entrada inversora do AMPOP, tem-se

vi (t )
i (t ) = (3.21)
R
Por outro lado, tem-se

v c (t ) = VC (0 ) + i (t )dt
1
C∫
(3.22)

Atendendo a que v o = -v c, e utilizando (3.21) em (3.22), conduz a

v o (t ) = −VC (0 ) − vi (t )dt
1
RC ∫
(3.23)

Conclui-se, pois que este circuito calcula o integral da tensão de entrada, negativo, e ponderado
pelo factor 1/RC. Apresenta, como seria de esperar, uma tensão de desvio que coincide com a
tensão inicial (no entanto de valor simétrico) do condensador C.

- 3.8 -
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Por exemplo, para um sinal de entrada do tipo quadrado, a saída deste circuito apresenta um
onda do tipo triangular invertida, como se pode ver na figura 3.7.

vi
A

vo

VC (0)=0 V
-A

Figura 3.7 – Diagrama temporal da saída do integrador.

3.7 Comparadores

Nesta secção, estuda-se os comparadores simples negativo e positivo, e o comparador com


limiar negativo. À semelhança do que acontece com o circuito integrador, o comparador de tensão
vai ser utilizado no capítulo 8, no desenho de conversores A/D.

A forma mais simples de implementar um comparador de tensão é utilizar um AMPOP sem


realimentação, ligado da forma indicada na figura 3.8(a). Quando o sinal de entrada é maior que
zero, a saída do AMPOP está na saturação negativa, e para uma entrada negativa, a saída
encontra-se na saturação positiva (figura 3.8(b)). Dai este comparador se chamar de comparador
simples negativo.

Caso se deseje um comparador positivo, isto é, com a característica estática simétrica em


relação ao eixo do xx’s, basta inverter os pinos de entrada do AMPOP (figura 3.9).

- 3.9 -
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vo

VSAT+

vi
vo
vi

(a)
VSAT-
(b)

Figura 3.8 – Comparador simples negativo; (a) esquema eléctrico; e (b) característica
estática.

vo

VSAT+

vi
vo
vi

(a)
VSAT-
(b)

Figura 3.9 – Comparador simples positivo; (a) esquema eléctrico; e (b) característica
estática.

Por exemplo, caso se deseje que o comparador simples negativo tenha um limiar de comparação
diferente de zero, basta colocar o nível de comparação desejado na entrada não-inversora do
AMPOP, como se pode ver na figura 3.10.

vo
VSAT+

vi
vo
VL vi
VL
(a) VSAT-
(b)

Figura 3.10 – Comparador com limiar negativo; (a) esquema eléctrico; e (b)
característica estática.

- 3.10 -

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