You are on page 1of 11
ec Pros eT Leda Mariza Fischer Ber » (organizadora) Alfredo Jerusalinsky Angela Vorcaro Gabriel Balbo Jean Berges Jean-Jacques Rassial Maria Cristina Kupfer Ricardo Goldenberg Rozenn Le Duault Silvana Rabello Sonia Pereira Pinto da Motta agama 0 Momem de Stes & nga, Feditores. " Ameto Mapa to Rin Maren do Rio Teena Dire desta eoegs Anta Bap do Bio Teeig OnganizagSo deste ime Leda Mariza Fischer Bertentng Jean Beg, Silvana Rabeloe Sona Mo Tradugio Leda M. Fischer Bernrding Revidou cargo dos edn, Depésio legal Inypresso no Brasil! Prine in Bret Todos 0 dist reserva Av, Ania Garb. 181s Cento Medico Empesiril, loco B, als 40 40.170-130 Sadr Bahia, Bri Telefax: (71) 245-7889 Tel V1) 322476 ‘mal: agalma@lagalma combe Site: www gala conte CATALOGACKO Miva Silva Gongalves Filho CRD S°/ 1058 ‘Colegio Psiandise da Cran Comm Je “AL. (1991 ~.) Organizagto Leds Mania F Bemardino, Tradugio Leda Maria. F Beran. | Salvador : Agalma, 2004 114,21 em. ISSN: 0103-7633, L.Crianga. 2.Psiandise com eran. 3 ea 4 Desgjo do analista, 5.Pa, 6 Mie, Tice Sunibigdo, 9 Autism, 10.Clinea cm ean Apresen Leda Me ‘Uma qu Aaicat Ricardo Elemer Questo JeanJi Ser da Rozenn Odese) Leda 3 Oque Silvanc Nv A trans criang: Maria Eleme Daexi Angel 0 pon Gabri Fonto Jean Comp Alfre Desej Sonia A ética € 0 estilo Ricardo Goldenberg Nao hi ética da psicandilise. Podemos comegat por ai, no ha ética da psicandlise. E indubitavel que seu impacto na cultura (no deixa de ter voz ativa no mal-estar que denuncia) ajudou a mudar nogdes como bem e mal, desejoe gozo, sofrimento eangistia, ‘nas dai a fornecer critérios a priori para a condugao da vida vai alguma distancia. Conduzir alguém a desvelar 0 inconscierte decerto mudari suas posturas étieas, porém iss0 nio eonstitei por se uma Etica, mais nao seja por néo poder ser generalizado, Com efeito, nem a teoria fornece critérios para um manual para a agio vilido para todos, nem a pritica autoriza a pronunciar-se sobre os rmeios que 0s outros escolhem ea validade dos fins que os motivam. Nio se trata de pleitear para nossa disciplina uma zona_ cinzenta qualquer de amoralidade, como Gianotti esti tentando fazer com a politica em beneficio de nosso presidente, mas de deixar ‘bem claro que uma coisa é postular uma Etica baseada em valores ‘ou bens fundados psicanaliticamente e outra perguntar-se de que "modo entra.a perguntaética na psicanilise, no seu exervicio, Porque € Obvio que em se tratando de uma praxis a questo dos fins se coloca de imediato, ¢ esta é a questo ética por exceléncia. Nao obstante, como diz muito bem Patrick Guyomard! , “a ética na 3 pertinéncia, se a Gtica em que se hee doe, Sa repost, com a qual concn cco de sn atividade fee eer quay Pig io al cng ee L naa diferente, Os valores das anal St fap malice pole re Preaneney iE Cabemit ea sua explorago por Pesserman. Vig ir ve os orienta, no consul 0 feral ng fg, 7 me eed CounniSA Ona eae Sobre egg bis og, sons fomosdeviaet preven ft i splices era para legierar em matriage 2 Dap pales, apicansise pode revelar as condiegq cg uma ética determinada, mas Pretender uma que san iio passa de um sonho totalitario, ¢ Freug a, "ho dizi quando adveta que no tina criado ua casei iH ‘Um parénese:embora no haa diterenga igen mova etc, posto que ambos 0s termos dennat des quando aqui filo de moral me refiro & normativi coditicada. dtica conceme as escolhassingula uma regra universal. Ea pergunta ser convertida em norma. (Quando. atica", 0 que se quer dizer 8 sobrea dele, mas deste modo Sempre agimos de acordo lade com ES Quen Pela propria ag se dz dealguémquers ue @ nossa ética devere transformamos num song IM0S disso ou fae ue a ética & relariva ao discurso, Mudar um implica mugs, ear foi inte eee ue eserevi (como socidlogoy"y Posse: “esquecam o Fora o problema dio concima ohomem livre osu de ditto aquele que responders perame on OUtr0s porsesiis i jhe ttt discurso do psicanalics pean esclerecineit. Gog Bio pae utio responsive ao qual se ditige a orsuapalin poe od ‘no por seus ates. Entendamo-nos ndo serrata de promoverneu: pl Yale tudo ou um laisse=-faine Qualquer. © psicanalisa pare tipo W co eee isando tem valor absolut louco, o itresponsivel por lou, no ha nada que o sta) possa fazer a respeito. © set a diferenca entre 0 que queria nao coincideme esta diferenga como Bush, anunciando em Se, Porque as vezes Pode estar prenhe de conseqiigncias cadeia nacional at I que com certeza fracassarao na sua lu contra o *, © terrorismo—, mas se ele decidir ignord-las como Bush—, seu analista tem mai F iS € que respeitar tal de em fiscal de vida e mila, transformar-se isto. E opcao sua, claro, wgtes de seu paciente, mas As proposigdes de Lacan no seu famoso se nao constituem em nada uma Etica. Etica era {08 analistas, a0 levi-los a interrogar as relagdes entre seu deseo € aagdo que realizam. O equivoco (do qual Lacan nao ¢ inocentey foi concluir que se estava elaborando um saber positive sabre » ética da psicanilise, quando 0 que estava em pauta era uma interrogagao sobre o lugar e a presenga da ética na psicanilise. a conclusio, contra tudo que sempre se disse a r ética na psicandlise no é psicanalitica. minario de 1960 Apergunta que dirigia espeito, ¢ que a Outra coisa é a ética dos psicanalisias, esta se define em virtude da concepeao que cada um deles tem acerca dos meios € dos fins da psicanilise. © tratamento que proportio aos seus pacientes depende dela. Mas tal concepgio nio € apenas um problema de conhecimento universitario mas também decorre do tipo de experiéncia que teve (ou ndo teve) como analisando. Trata- x Ng " PSICANALIS, AR CRY ANCA, sS se da oferta que o psicanalista typ 28 con que ele oferece escutar nos ¢ 08 dag ia se encaminhario a seu consulton tele, auc Psleanalista realiza © sonho de tog Ma fey n_gerardemanda, deixa sem dizer ues oni -\"deum modo particular, especiticads so Polo dese ening alata Pele dese nian Causa espanto a erenga pert Na Hum in do paciente que qualquer analista bem trein, NCO inglés—estariaem condigdesde analsarghe ean hy cada psicanaisa inlet a transferéncig yo ede me pelo modo como ocupa os lugares de objctoe deh? en dn anise de seu analisando (ef. “v anata gece Mhog deinconseiente”), Bastaria para désmanch nn Pte ee e inconsciente Anchar esta rang ey Ae conseqientes com a lézica subjacente ay gorge? histériea”(apelidada por Lacan“a Bela AgouguergeSPeiy he sonhou “contra” teoriado sonho com reahenny ae N entio.comasnotasdaanaisedoomemd amet. sobre as raves que o leva a eolocarem primes? 5 telativos & sua vida sexu. Ele responde gue eae hums SU conhece de mina doutrina.™ re E-laro que a famigerada “regra de abstinence, recisamente a esta oferta de escuta. que estalinseden oe {8 como Lacan pretende’, mas esti deteminals pieces ge ‘menos sem saber 0 psicanalista deseja analisar no outro Seuesi a de analista se configura apartirdo que sedispdevescutmes oferta opera como causa nio apenas da demankacom nis fa desejo do analisando (como desejo do Outro). Ao ape caminhos proprios desta alienagdo os pacientes estarioape a estrutura de suas respectivas fantasias fundamentais (79s 8 dos seus analistas), movimento que se completa aes separagao. Insisto, da mesma oferta que gers a dems sia analisada, o analista deve saber se aster na hora ces post Je abstinene® 70 seu analisando deixi-lo cair. Esta é sua “re2"0 : AETICAEOESTILO seu estilo singular e sua ética, portanto, coincidem, oincidéncia que nao pode permitir-se desconhecer sob pena de fefieara sua escuta e esquecer que se trata de uma escuta, nfo de ‘Vso. Pela mesma razHo, o critério do que se conhece como atisabilidade seré sempre relatvo a esta oferta e estilo. Tal jente no éanalisvel comigo, porque o que Ihe ofereco escutar rio € 0 que precisa dizer para construir comigo seu “aparelho siguico”. Mas pode sé-1o com outra pessoa, cuja oferta e estilo sejam diversos do meu. Colocaras coisas nestestermos serviria, sendio para terminar, a0 menos para amenizar a logica segregativa que rege as relagoes entre colegas e que tio caro nos custa a todos. Quero dizer, aceitar quea inanalisabilidade de fulano o era comigo e por causa do meu «silo, faria com que eu nio ficasse magoado quando fico sabendo que com tal colega a analise dele esti indo muito bem, obrigado. [io sentiria isso como aviltante para meu trabalho, além do qué estar apto para saber quando € hora de mandar um analisando continuara sua andlisealhures. Por outro lado, pela mesma raz0, cex.posso ser um bom analista para alguns-e um analista mediocre ou_nulo_paraoutros. Reconhecer esta simples « s evideneia possibilitaria abandonar a légica no menos ridicula (se uma logica pode ser qualificada de tal) quanto parandica que nos levaaafirmar nossa “psicanalistidade” denegrindo a de um terceiro. Conhecemo sainele: dois colegas se juntam para dizer de um terceiro ausente que nao ¢ analista, Porque nesta logica que acabei de citar se & analista ou ndo se &analistaterceiro excluido. O ridiculo a que me tefiro cai de seu proprio peso no caso de demonstrar-se, como acredito poder fazer, que Lacan mudou de oferta e de estilo a0 longo de sua “carreira”. Caso fosse possivel demonstrat isso. Drecisariamos escolher, j que um dos dois nao seria analista, ou teria deixado de sé-lo, ou estaria em vias de deixar de sé-lo, ‘Vamos as ofertas. Freud queria fazer consciente 0 inconsciente, a sua era uma. ‘iew do juizo, que éa mesma que comandava a pesquisa do cientista Pesitvista de finais do século XIX e comegos do XX. Freud desejava 0 JSICANALISARCRIANC 5 a. ; i D> Nisafnade dea pliticaeralevar os anal oe gests ae 5 up om vss poderavaliaro que ey rn ener sala gus oy 7a nd de FE 2 PSI de gg oe a UT # JL EO pain my bei sc Pea, Ngo a emergeeia em que verfcaclinicamente agg Ong cosmo erpoe rips revelano pacient®| crits aati eet ps P ators. ™ Zp ser POSSE esr papal ONEMCOM slime oy Sim praxis © 30 0 peli 2 um AGO Moral ergy ponte jus 2 este desienio, Laan faz do dae . “10 um bon, named em qe OFieHTa © ulz0 © permae const ‘uma ética, 20 forga-loa rever, gy Py ss conscieneia (moral) E ing ay daangisa que ainda comport a presenga do dngy paraumlugar onde no ininguém, onde nenhum ore Raper tdemandadosyet0- Tate deumactn [Ped eso, came ve ds, seta agi deaderi ou eicr esta ce pergunasabertas: ela anaitica? Pode ser veneraliyaas's a, se puder? E se for, j que em nada coincide cog, Freud, diremos que um dos dois nao era an : i Fazer com que o pe Dara \,___ Neda de sete emtetno,¢ \,sosnonidrapos astnmudadcesine cana dedi, snd se taulhoe sua aes nea iid parerqunodncuso meses discurso, trata-se de “naveg "ian Por razies que nee nie fala eeserta gue tinh ) finalidade &tornaro anal do estilo, que em Tele ia definide desde insta lisando mesite de seu discurs, és sion chama do “dizer-bem” (herd da dca di parece um se trata. eausarod Sy dizet Oi servo. F estas ques Eq que todos de Melan dela, cedetantg Co sua preo analistas objeqiog Apenas conhecer ca dag uma que de mais colegan sededuz AETICA EOESTILO ‘rata-s de fer do dizer — no do dito —, um bem (ese o modelo da clica do desamparo estava apoiado na literatura trégica, este parece uma mimese de Joyce, de Beckett ou de Sollers). Mas ndo seta apenas de ruigioestiea ou de banca o enigméteo para causar o desejo do outro, mas de induzir separagio, Aprender a, > dizer 0 Sinton de Ta modo que me sirva eu possa deixar de servile, Enfim, nfo € 0 momento nem o lugar para aprofundar estas questdes, apenas queria mostrar que Lacan de 1960 nfo tem mesma ética que Lacan de 1970 que dizerde Ferenczi, para quem o inconsciente éa crianga que todos levamos dentro e& qual ele pretendia dara palavra? Ou de Melanie Klein, cujateoria fundamenta uma clinica que verifica sua ética do luto, destinada a atravessar a inveja, dela, & a manifestagdo subjetiva do limite, da castragdo”, contra a qual Freud teria se chocado? Que dizer deles ‘ede tantos outros? Nao sao analistas? E nds, ndo somos analistas? Colegas que me ouviram falar desta coisas me transmitiram sua preocupagiio ao entender que afirmo tantas éticas quanto analistas haja: ndo seria aviltar o conceito mesmo de ética? A ‘objeso € de peso e ndo me sinto preparado para responder a altura ‘Apenas queria concluircom alguns lineamentos muito gerais: para conhecer e aplica a teora psicanalitica me parece necessiia uma dtica, ow melhor, estar ciente de que implica necessariamente a dtica daquele que se dispde a engajarse, A preocupagio técnica & uma questio de ética, e a formag2o no pode ipnorar este Tato: @ instincia da denominada “supervisdo” adquire aqui todo seu peso ‘e deveria ser repensada a luz destas questdes, jé que ela sera, antes, ‘de mais nada, o lugar em que um analista, com assisténcia de um colega mais experimentado, ou no, pode apropriar-se da ética que se deduz da sua técnica. ‘Apesar dos esforgos feitos nesta diresdo*, nfo creio que a €tica dos psicanalistas possa ser subsumida sob regras Ps CANALS AR cx, deontologicas. f uma discussig : Meg, conhecimentos ¢ ExPerIENCIas gue aie, je SM tecnica. Sem esqueces jamais Sto em tudo diferentes de Conflitos de yal x Seria uma posigao ética sin lr, 36 prenat ing eye wees impostura, vira ident 804 seat #han en “ Vez separada das suas Condigges de eunciage Tepry me NN 1 nH 80 PSS conc cee oS Setal adjetivo cabe a um conceito— 4 a ANC ag la pode sep abordad, Sobre seu saya ue como conceito, além de aualquer ou Pere et se deacreditar-se um fh em Seria bom que o analista na Teconhecer durante fundamental, que nao o i Seus Pacientes. Ou, por outra, nao ha Si mesmo, oy als © idemtificasse na sua anal 'sicanallista, do Percurso Psican; 4 moral de Frew (RJ: Relume atuando em §; alitico de B d (Salvador: Dumara, 2002) io Paulo e em rasilia, autor dos Agalma, 19) " Brasilia. Emin 8 HiVt05 Ensainale 94) © No eincul cin Notas "El deseo de ética, * CEA corres; stor riser. Pondéncia entre Freud e o past Ensaio sobr ima, 19% re a moral de Freud. Salvador: Ayal 20 -_ AETICA EO ESTILO + comment agit avec son étre in Ecrits. Paris: Seuil, 1966, p. 618 «Compte rendu avec interpolations du séminaire sur 'éthigque ‘ Fizeram-me notar que jd ndo se trata mais de orfandade ali, comoa palavra “desamparo” leva a pensar, ji que oanalisando foi conduzido além do pai. *Talvez o melhior ¢ 0 mais sério seja 0 de Thomas Szasz.

You might also like