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COLECAO: ORIENTAGAO: Novas Perspectivas em Comunicaciio/7 Anténio Sérgio Mendonca Luiz Felipe Baéta Neves CINEMA, Estudos de Semiédtica Vioterre wonin LAUDE BREMOND CHRISTIAN Mere “Teadegio aie Pati nga yu Mice do Espirito Santo Petrépotis Eaiora Vozes Ltda, 1973 (© Commusisaions — Batons du Seat os, 1/1060, 9/1967 © 19M3 da sac pomaguess © daw Bho ences Edtora Vores its Ras Fret ta, 10) Shion Petipa R) fra Sumédrio Violette Morin tes Bond Connery: um Mébit 7 Civitan Metz As Seniticas on, Semiss VIR propos de able de 2 e"Rnae Martine Levis Wieser Clande etcx do Fine © Moral do Censor 48 pemond James Bond Connery: um Mobil VIOLETTE MORIN 1964 fol “o ano James Bond".* Antes daguele ano, os livros de tan Fleming, autor de James Bond, depois 0 primeito filme (O Saténico Dr. No), do dirctor Terence Young, provocaram 0 enfusiasmo ruldoso de alguns 185, tempordes. Foi em 1964, quando foi exibido o segundo filme, FROM RUSSIA WITH LOVE (Moscow Contra 007), que a verdadeira “tempestade... comesou a desa- boar", Neste primeiros meses de 1965, com Goldtinge (007 Contra Goldfinger), tercero da série, a tempestade ‘se transforma em “catacismo". O sucesso & “atordoante"; 9 “wagalhio” se parece com 0 dildvio. A bomba James Bond explode sobre todos os continentes. NZo tenhamos miedo das palavras: nao somente “os Connery continua” “ cai sobre os franceses| ‘nas aumentam: a “bondomani como uma rajada de metralhador Os fatos esto al: “De fendmeno de lvraria, 0 caso James Bond tormow-se fendmeno cinematogrifico e depois 7 fendmeno socioligio”, Sem prejulgar a amterioridade de tum fendmeno sobre os outro, digamns que os 85 contém Do testemunho de uwa “idolatria bondiana” pouco compa- rivel, em amplitude, aos “cullos de estrelas™ praticados AE hoje “fendimeno de livearia” foi fenonenal cm retaela- mento, Foi somente “apés ito anos de fracassos conse futivos" , sobretudo, apés os dois primeinos filmes, que a série dos livros James Bond det, no mundo, 0 “salto para a frente” (*)°que se sabe. Os ireze livros (quantos fe {em hoje) do *saudoso” lan Fleming foram vendidos fem algumas dezenas de meses a “dois milhies de leitores franceses ¢ 25 milhies fo mundo”. Outeas. informagdes caleulamn o montante dos Ietores “em 50 milhées no mun Alo”. Mesmo que haja entre a5 cifras uma defasagem de tempo mas esltisticas ou de entusinemo nas esimativss, tanto una como a outra fazem pensar que unt refloresei- ‘mento cultural atinge sua plenitude "no mundo". AS edi- toras.“adquirem importincia” com James Bond, eomo oentes tratados com horminios, Qualsquer que Sejm "os efeitos grafic” ow de hcidesatr8s dos quais este sbito petite de leitura dé vontade de se curvar, "0 resultado {Strondoso” desta literatura ¢ sem precedente Como permanecem sem precedente os resultados estron- ddosor dos t&s filmes que a acompanham e a sustentan “Anes. mesmo de. seu langamento em Paris, Goldfinger teouxe 4 bilhOes de-francos, enquanto que custou apenas tum bilhgo e meio". Benzido com ouro antes de nascer, teste filme provera, a cada dia, os deri que prometia, Ele “faz inflizes” por todo lugar em que passa, AS {las de espera aumentam e fazem “romper as Trontlras” como invasdes, Na noite da estrtia parsiense de Goldfingr, Janes Bond Connery “desceu os Campos Eliseos" emt set Austin blindado como um chafe de Estado. “Paris. (to colocada) ... hora 007". “Os 48 milhes de James Bond franceses", também. “E' impossivel entediar-se” com os filmes de james Bond, mesmo se no hi “humor” e mest se € reconhecido, de bom gral, que ninguém corre 0 8 risco de fer “a enxaqueca". Na Franga intra, 0 comércio fa indisiri, a are e a fiteratira, 0 espirin co verbo fizeram “Bonds” em todas a5 diregbes "0 que se chama 0 “fenmeno socioligicn”. “A pant ‘lia completa do agente secret” invadi os guarda-roupas, Em alguns dias "6.000 & 6.500 realhisias tveram sabre seu baiedo, a foto de Sean Connery, pomto de reuniio da legdieia em todos lugares ¢ em todas «ircunstdncias” Hoje, 08 adultos nada t2m a invejsr dos pequenos Davy Crochet e, nem a0 menos, aos pequenes Steve Mac Queen tes encontraram as roupas ferdicas que convém a sua idade. Sob a “eliqueta O07", podem se vestir dos pis & cabega, homens ¢ meres. Eles tem, mesmo, mais ima- sginagio que seus filhos. Estes mio compram de Davy rocket sendo o que ¢ visivel em sua pandplia. Aqueles ‘compra o que jamais viram em James Bond: cal rela, pastas ... lingerie feminina. "Os adultos no ca minharan, mas corre”, les eoereram tanto que provo= arama campana de ou macigo” que se sabe: bihes ceneatam nos cofves dos fabricantes que fizeram 0 jogo oor. ‘A “bondomania” terminou por se sistmatizar. Tornot- se. um’ "Refleso Condicionado”, Tada signo’bondiano (Karaté, Berets, Panope de charme, E¥queta 007) dquirit a eficdcia de um sinal pavloviano: desencadeis, indiferentemente, qualquer compra. A Beretta, objeto’ do qual nio saberos nada senda que fez pascar a classe Ge furl de cartucho os gloiosos colts do Western, provoca, ‘2 compra de tudo o que a publicidade The fer tear: en- Trada de cinema, livros, smoking branco, soutiens, discos Basta uma posiena vali (a fainosa) ‘a0 Jado de uma calga de homers, para que a marca de seu fecho éelair Se tomne a melhor, a que funciona com radar. Um objeto de arte japonés bem Inealizadn pode revelar, na hora do karaté ot lo judd, muitos objets inofensivos. Os “club 007" revitalizaram’ muitos discos, pinturas, bebidas Enfim, pode-se chegar a James-Bondeusaria, simples- mente: os Sinais se aperfeigoamy, os Reflexos se Interio~ Py fat 0 fervor se mises: ta owével fanclntro dos PITT sar “tate O07 sore ono flea tbe moto de ehaves"=.- No puke, rhs, david a ‘tensa do hed im 8, Tomas da exacted Deus ‘re foo (ai or nis) Aston MartinD B® cha et Puce compra uma Tide Jane Bond mas tainted ese compravan Ingnvas na ade Meda" James Bon a easy aos psf James Bond, por S25 Fev Nin Ie citar ise Sonos cms Para una verdadiaperegrnas As fons, na prop fsa de fan Fleming! “Golen eyes A casa Se Tan Flening..O Tngar onde nasiram vénos isis. de Janes Bond” Ua creche. fas imde pi cnr, pots € heron ato “tan Fleming far excl po tla part's James Bind-Connery felis "ating cn tos ux pales Hvn Roma, um stor gue tos" quads ¢ labs Pepin a Sean Connery Mona Vit or Sully re haste "um agente srt; la quer ser un Janes. Bond ae sai Na Inglaterra, uma Janes Bond fea nasc no ebe gem whisky mse sino tin comun s freon as arias de Tog, uli de pretertcia 0 idl arate evens ¢ fecha Na Arc, certo Nepoeso Sole podria slangar James Bond no pds da loa, “Sua panplia ates tals stupas qe te Bond «le fra cei, tn desrten gu weshe™9sogrme fe "000 7/8 Os inpostoresransss, em compenagtoy ple por sezen, deepconar. Fats © O88 117 cio asians de: Jones Bond” um poco debe". odygrap nscale eafelna. contra corte Inglés’ mori —— Vodka... Revision desrtaisn ts nao teem 35 iis rcebian™ Agus asa diss, crjsamente ert: "Lin Vena se (oma proxi ng) ies Bond. ako an nvensvel omer aad de fodgetscktrnso mas un fants stad, rh fens” Outon ent gitar de freer oa 0 fee See vez que existe, segundo os diam, um fine onde Edie Constanine € mais audacioso que James Bind, mais fstucibso que Sherloce Holmes, ma festive que C2- anova, Mas sera nto possivel? "Os alors eso ala- fans de. Bondomania’ Certanents “Os. super James Bond, sub-James Bond & anames Bond so lip Cam. Nas pode-seimiar Inne, o verdadero James Bond Contry, agus "que chego ma Nora” e que "teria Sido preciso fventar-». cnn Bom Deus. a0 ele 50 xe Pols se ele nl exists, nosso juizos de valor est via, hoje, sem referencia Aexistnea do ett ¢ tos ts abjtos que acorpanhan reglam a dirgao de oxsas tncdfoas. Els med nosso entusiasmos © nossas Tl. Um homer rico como Pal Ried designado como © "oings Pas date de ana pea pat prne-se er: "em comparagio con este sabado (emi Angus fi yencedor, em 24 horas, do Citrium do Dat- Pine cdo BordeauscPars), a exsténca de James Bond Ea um aposentado dn cmipantia dog, Se qucreos ‘kira ant condiato x clelgesonsipas asta ese fer um foto assim ego: "Choga de cereus com- pris, chega de cape coo, nfo wars as em X find Jans Bo Que uaa a abide in ato frente cmos. apenas wma ica alae: “0 Gatinger do eonrabando passava a droga em Belcope- ror ovvaida “0 Golifinger Sovitco queria atacar um Set Sem iy ge ga taculo parisenge, cc se poe a sonar com 0 ip ste copedeulo mercer 0 sucesso de Golding ier inear a inportinsa eam aor en ume oa fiero, ele fom apenas ponto de referencia: “ter Gheqneh tera sido) Janes Bond da Hntagio™ Eni, {anim a ironia tra 4 eda dos Grandes deste mundo fa gua sereta que ot powox movem ete si, se 708 Snicans tem seus James Bond da defesa nacional ie temos "Gaulletinger”, Mas 20 deers provocar Completes, Procrando. bem, oe americanos ago tm s0- imene Janes Bond, eles fen também seu “Goldwater a so “univers tondiany” ono cata de Bond pam ee Dregar as expresses da imprensa ingles, Que James Bond Se tenha tornado tho brutalmente “o her6i I" ea maior Vedete de todos ns tempos", estatisticamente falando, “deixa 0 espirito confuso”. “Nesta fase de inerrogacoes, 4 palavra estd com os cspecalisas”, Ie-se, na. maioria ‘das vezes, assim designando os socidlogos, os psicanalls= {as © até'os etndloges. Ai esta o sinal da amplitade do fendmeno que é este apelo ao especialista como um me sdico. EY, igualmente, o-signo de sia ambighidade: se se dirige aos especialisias como a homens de eiéncia ou como 4 providéncia divina? Espera-se uma explicagio ow uma ‘ondenagdo, uma_permissao para consumir ou uma per ‘missfo para sepullar? Tudo ao mesma tempo, talvez, ta vez que “ha sempre um elemento misterioso nesses sultados estrondosos". De nossa parle, noe limitaremos gui sem anaisar 0 objeto mesmo do fendmeno, livros fu filmes, a assinalar alguns aspectos do “mistrin, ata vés dos temas mais obsessivos a imprensa_, eh un ‘momento de erse essencialmente cinematogratica, 0 apare= Cimento de Goldfinger. 007: HERO! IMAGINARIO ‘OU “VEDETTE” DE CINEMA? Nem James Bond, nem Scan Connery ten destino sepa- aire, ames Bod tos aon teamente desconhecido snes tk enctma. Jane, Bond "Sean Connery torounte Janes Bond, James Bond fot 2s fees ce Sean Contry..." Sen “caine identidade": “Sobrenome: Bond; Nome: Janes; Altura: 189m... O precipita sera, ate as prxinas ence ages, praicamente teers 1 expecador entsista nfo pode, ent, esgotar seu fern nos mrt compar Gn her magia com 2 am ator precedente ou do alr em) us papa precedent te enconro de princira escola € mais valorieado quan- fis'ncm una nervouta ds css indvaliades, ti Gudria ca Real no ten na prensa, eines par a Sames Bond & quaseinaninement,conidrado somo Shwe seem eirbto” de na Istria “eraiante™ Sean Connery, clocadas 4 parte algunas. perspectvas de d- teres foucopromelcdoas, io ssc curosiade pes {Dnt seria meio consierado, pr vere, como © "me fre interpret” apesar do qual a. Nisa conseglia mmanter de pe James Bond Connery & pot, « objeto da “iolatia bora anes Bon, lie Seon Coane nfo & m0 emi habitual dos tins, em um her imagindo fem ure "vedio" de cinemas € a8 dass esas smuliae Reamente. Ele & o- Dietialo. ciematogrtio somhad ‘Taraan-Wetssmlerconhecera ave, mesma sorte. Mas tones seaste se renova poco. 0 encnto.papeh ator, {Eo retivel pra co autores conn pata publica dese Ge cbteve sues (Gabin Maigret Consantne-Lerimy Eluvon. =), permancce ans operagio delada de re Tear com cabega novas de fazer duraraléenquanlo s aja pense una dle. Com esto, mt asad con- ar a grande papel a um ator desconberdo; come inspenetvel que um flor conknta em se ietiflear por trait tempo com um dnco papel 8 gue ele ¥é nso, com propria ngagao de sua profes e de sua entio, medir melhor 0 prviegio de fer, & este objeto de fascinagzo reorgada, A “Bon omania” ¢ 0s “Connery” afiizados como sindnimos pelos ho-fiis, se reforgam qualitativamente; cada uma dessas (lugs palavras gradua ¢ completa sua carga pejorativa propria, pela. carga pejrativa da outra. Inversamente, n eet quando se ue “Scan Connery & alto belo homm Semmedo em censure” pee ver que as Guas carga lauding, bin Romene¢ “sem medone ets foloeadas robe dca eabsya de Sean Cooney, a Snead uas fonts dss: Sean Conerj-belo- Ronen «Jans nsdn ct lidade deri permite procs 0 eatsiasi se sso. O ferro file refi Geta cabega & Outram circuit fehado: a revlagao € continua, a pre- ‘kstinagto sen fora, a woata como ba de nee Este mage do dia ora dos nas em forma de 0, trar-oequivoo ener de ma sgt. Ele €0 herd ito, cinematogatcament, das ste ines do aferin dos ste pecadcs capt. Veja, por pars de due corer so nun pecadon 007: JUSTICEIRO DE ONTEM OU DE AMANHA? Como Janus, James Bond Connery tem uma face voltada para o passado, cutra para o futuro, Olhando para 0 passado, constata-se que ele pode ser herdeiro tanto des Inais lamentiveis tradigdes, como das mais gloriosas Seria apenas “um Lemmy Caution que obteve sucesso” fw um "Roland invulneravel?” Seria. cle 0 herd de histo rias que apenas renovam "o genero gasto dos Hitchcock" ovherdi de “ilmes policias-.-" onde, mente, “os gadgets ean 9 cosh a aka? Hy ind atari cent Ade um “festival” a tal poato “catvante em proczas” que se poderia mesmo dizer que “nko seria um policial mas um filme de aventuras, humorstico e cheio de iias™; seria ele apenas uma “espécie de Western (nem mesmd tun verdadeiro) que Terenee Young confessaria ter reali- ado para “seguir os estudos"? ou seria um “sup Western, o filme “no superlative” onde tudo seria "mais belo, maior, mais excitante?”, Seria ele o “Hercules Poitot” ida relleda poicial ow "um grande apaz ¢ win e&rebro de besouro”, a quem se “pediria para nio pensar... tudo nos refeeos, nada no Cranio", Seria cle um manequinn adgetizado’ que deveria sido 4 ciéncla dos outros, com “ ‘nada na caboca ¢ Tudo nos bolsos", ow seria adaptado, desir, © muscularmente completo como um “Tarzan to~ derno”? seria ele este “leatro de fantoches para gente grande” que "diverte todo mundo ou um “romatico fom os costumes a Tigguagem do século XX", como 0 Sugere o proprio Jan Fleming. Seria ele o “Superman” Ge todos os Exitos oo “James Bungler” do qual se fal ha imprensa americana, 0 desajeitado que faz tudo sair mnal depois que chega? Como sabéo? No fundo, se cle (st verdadeiramente no “seu destino de allrapassar 0 de {odes os outros herds, de FuManchu & Hércules Poirot, Ge Tarzan a Holmes”, & provavel que ele sela 0 Hiomem de amanha ‘Mas como? “Prefiguea ele o que serenios ananhi? Esse uuniverso mineral devorado plas méquinas, dirigido pela violéneia.-.2” Sem divida, ele & um tipo de herdi de Fiegdo cientitia, indoor, mectnlco, cinico que faz passar fv arepio premonitirio do Futuro. Mas ele € também “0 foi" completamente indiferente. E? um set factcio a & pura, "2 meio camino entre um Lemmy Caution moder= rlzado e mais astulo € os desenhos animados” © é, 20 mnesmo fempo, um heréi de “conto de fadas de metraha~ tora", Ele também, um sub-homem escravizado as gadgets e, 20 mesmo tempo, um “Superman” promovide frutalmente a0 papel “de di bueleseo” una vez que, om Goldfinger, “a passagem do teigico 20 burlesc se efetuo. Druseamenie” € que James Bond pode chegar, 38 vez fazer “pensar no maravilhoso Harry Langdon”. Este “imal Tudo, Ele faz pensar em fantos berdis sem ne= nihum.ponto coinam, em tantos géneros sem nenhuna medida’ comum de fundo e de forma que chega a asseme- thar-se aun mobil de Calder: & um signo sem fundo, & rmobilidade incessante tora toda visio do mobil autnoma. inconfrontavel, desvairada, para dizer tudo, Ele se liga tao passado pelas mil evolughes de uma razdo pritica © Imatemstiea; mas nenhumia desergio razodvel chega a the econhecer uma Rereditariedade. Ele atral todas as pro- fogoes possivels — mesmo as futuristas — sem que ne- inhum esperanto.chegue 2 estabiizar uma delas. Termi- hast por se Wer, ay apenas o vazio: “no se conta um 6 filme de James Bond; & muito estipidy ... vaisse velo ce flca-se., atebatado” E> sempre com este arrebatanienty forgado que & pr sin se acomodar, Para assinalar sua violincia bastaia, Talvez, separar, acumulando-a antes que isvlando-a, a cuforia propria as diversas evtrentes de epinio. Que essa Uiltimas sejant restritivas ow entusiastas, 0 acitnuly de suas concessdes [do tipo: & somente im (Lé Hiteheock, Robot) que & (afortunado, for fador desenvolto, semcabera) ¢ de suas declaragdes (do tipo: & wn (herd, romantic, burlesea) que & (Bem sues dido, completo, invulnerivel, patético...)| conseguiia, talvez, dar a envergadura cincmatogrtica do "maior herdi de todos 08 tempos”, Este "Tarzan moderna” & mais qus tum animal de-misculos superdesenvotvidos; ele 6, tan- ‘bam, um animal de misculos delgados, astutos, regulados pelo judd e polo karate, Este “heebi de western” € mais do que um atirador de elite em traje de combate; ele & também, 0 executor mundano em todos os generos, 0 ‘Genico consumado de uma série de gadgets priprios para pulverizar os elementos mais nocivos das sociedades mais refinadas, Este “Lemmy Caution” barulhento pode se tor har tio investigador e diserety como "Sherlock Holmes". Este "Homem de Bereta” que "nada tem na cabeca ¢ tudo nos bolsos", pode fornar-se tio eartesiano quanto “Hércules Poirot”, com tudo na cabeca e desta vee, nada nos bolsos nem nis pernas. Este herbi de “Flos Cienti fica” nfo € de Aluminio como wm marciano: ele esti" Servgo de sua Majestade”, tio solitrio ¢ pattico com> “Roland” em Roncevaux, chamando Carlos Magno. Este “roméntico.. “do séeulo XX" & melhor do. que 0s do XIX: ele substi os semimentos do coragso pela eticacia do geste, [No fim de comtas,tratase, no caso, de win galope muito ‘foro através do tempo. O herd hitow nas margens eX- fremas dos heroismos tradicionais sem trailos, © nas da ficeao.ciemttica, sem ela cair, Ele © mais do que “o do dia’, inais do que aqusle que “chega na sua te Ga herbi de wi Instante bastante confortavel caminha para tris vai em frente. O sono dos sonhos. w (007; DE DIREITA OU DE ESQUERDA James Bond Consery & 0 princi Wes justi cujas omic polias ausann poms E” preciso que tts Seentuas tai renova o tly dos massacres, a a> ira dos masactaos a omc dow epctre A massac para se © burlemassarane ej colocado tm sto, Con Tatzan, os ers de Western os lgior hivgsdo desert, os Leniny Caution de gualuce latte, {vespetadresfcavann fey sm) ros vendo ai, ono mostas, us selvagensvermelos, pets Dances. Os herbs mio cram raisy sles apenas malavam no- caso, & sei. Saber, jf qe 0 ert € ro Mas tle pode ser ainda ments: uma cia”, “um instrament Ssemigo do govero"s ou pio: "im agente da poli” dum Sespii De goat mania, quer sea twa sent polit, na mo da vers, ih reson Split; qr sea um mierivel esp oma fe fentemene, tm prestigoso "agente secret, 0 foto € ae le combate “y servigo de sin Majstade” e qut & pao, Serine um mercendro® Aguén apolten (0 0b), tn a piteo (0 acta), am uo (da Rat) sm nada (uma cia)? Para enconta, at tanbim, a medida comm do fewor aiverel, so 2 pero ds cries, ctomenos, somo Sch of dadoe da tnprnea, No nal das conta, Janes Bond Connery nfo poe ser um cidadso ordinto, uma ter que mio € um fendi orn Eo bewipor td Parte sumo, Serign te sum Majestade, Ea cee fempitha maior do ena que segue sun Berea somo tna aura Ela termina por fazer de James-Booi-Con- ny 0 Civaliio de un Majestade, gual sera nao foment traigoira desobedece poitesmente mas desire {8s ow desomano abandonar,A’servgo dest Mayet 4 obedient pte es coresia cavaieescafazem smn no to tntma que o foram equvoco® "Por ca, OT fez ramento de dar sua vida, 30 abrisemos se CO- ‘ag30, nel Teams 0 ome label, Peguntaram a B | Sean Connery 0 ql ea, para le a Ratha d Ings Ant Sean Convey, retomando ferseamente sa eta, disse aproxinadamentes "Ea nada tenho conta 8 ds Ingterra, mas nto perderia-o soo por es Scnpre um mas momento passar go ue s€ acta © Selina ei ata para vara tera, Este Cavaco James Bond Comery afo sem somente “a coragem eo patti gore obrigatonos ie he so recmbcidos ele nfo tem a obedinciaexchisivamente Automatic Geum Robo; € pense un vga asalraco ai gloria, Ele & também o ite bre corso que cont tuatia‘@combater por sa ran, mesmo. gue to mals desmoronase. A psradade de ay fangies © encont Ss contnuamente ‘enorecla e eacoaja a deur ‘its epitos: como pretgto modem de tm “agente tecrto" © nfo imo um sito cpio que ele dees 9 iniigo de sw pile dns. o nig pit isa ‘nents como ima grande quamidade defies 9 rns team inimigo 6 sociedad um Mas. Bond Connery & tnt um agente secreto double de-um detctve-pola foracseriesAcrencnters, enim guns de stm ‘or prpres ele eto Inset gant sm ssssno Conietao, pela pevicigo de sa trea ¢ 10 infaliet quanto tm oper espeilizado em maguinay TBM. pela precsioeetfnien de sim habia’ saberse quel Eomece todo ue foea “como ose “caro cho de trages qe somente ci €capas de dig, sem se deixar ‘sit cm hen propriss amas (Que mais the ped, endo um Mau oa aba medi, wn rman que sja aman tempo tn nimigo de teu pais © Ua sobead, gue tage un mal mais tome! gu males pos eee icon a i mal do Torso se pode diner, uma angina do Futuro? Ora Ineo deste mal que se tat. James Bond Connery me {fue Com un tats magico em sm mando atom, onde foun cometca inflc ve apenas Temes esquisiices ie nao mata de preference os amas nem os brane, om nen tip pres de umanidade racist Imofesuposto como maw € nol, a vee ey 108 ize que cl “ata mo” ou "ecancamente” ou F7 mente” ou “com desemibarago”, jamais nos dizem “que” Ele mata o moastro de um “apocalipse... présente alhures como nes céus"', um monstto “modernizado”. Digamos ‘que mata sempre um mau cuja maldade ¢ despotitizada © Internacionaizivel. Mata um mal planetirio, stwado seja numa ia radioativamente maldita,seja em "uma orga nizagSo internacional do crime”, seja em um vampiro do Sangue do mundo: » ouro. L&, onde James Bond mala, Tg edncer mineral, virus atdmico, mal do século, Nos seus combates extermiadorese espetaclares, 0 Cavalera sem ‘Modo nem Ceusura doublé de Rabé sem Cabeca nem Co- ragio, € wn Ferrabeis de Sacracenos © um desmontador de Bombas. Este “Roland” moderna, vivendo na "medo 4a bomba atimica"*, encontra a medo mistico do pag. Ele aniqula, por vitvias nobres e mecdnicas, os demenios de uma cighcia implacdvel. As esperangas © 0s horrores {do combate sfo tio velhos ¢ tio novos que se encontram Aeslocados politica e nacionatments. James Bond Connery 0 herbi de um jubilo cvico incondiconado, 007: CIDADAO INGLES OU DO MUNDO? James Bond Connery combate um mal bastante universal para que sua nacionalidade inglesa nfo gere problemas... ¢ inveja. Poder-se-ia pensar que James Bond Connery & inglés porque seus autores 0 sho, Sendo os deuses sempre da raga dos que os vem nascer. Mas esse conforto parece ter poica importancias cada nagio eepera © nascimento de um “adulterino”, em sew solo, como o Messias. Desde ‘que “os eAnones proprios de” James Bond Connery sio verficados em um ponto do glabo, ¢ a nacionalidade do Drodigio que se coahece primeito; & 0 elemento. mais esperado do horbscopo: na Frangal na América... em Roma... ! Nasce... Ele masce por toda parte Ee ees mm wom soa at, A inveja € natural. © herOi € inglés como no & permi- tido st-1o, E” inglés em todo lugar, todo o tempo e dos ps A cabega, Ndo Somente porgue ele esté "A servigo dle sua Majestade”, mas porque o smart de sua essénci, ‘spathado como un perfume sobre todos os silos bondiae nos da critica, fer dele, 0 inglés tipico: o homem de self Control, 0 gentleman impassivel cuja mestia perfeita "a elegdncia em todos lugares c em todas circunstincas” jamais se_desmentem, Este aspecto britinico contribu, Sem vida, para sua reputagso de homem-rob0, Mas contebuiu, também, para sua Tama, nos eantinentes. Cada pats encontra, em James Bond Connery, cetos elementos ‘que sonha possi, outros que fiea feliz em eeconhecer. A vetha Europa, de'roupas desalinhadas, renova as vesti= Imentas, cntrola seu coragto e modera os gesos. A jovert América, exeéntrca e descnfreada, tradicionaliza seus sen- timentos, ecorta seus costumes e cabre de patina inglesa seus anicios. luminosos, Mas ai, também, 0 sentido Zo € unico. Outras cor= rentes partem de James Bond, vio de um pals a owtro € podem, mesmo, atravessar a Mancha emt sentido contrdro, Este "patfe”... moreno... que “sedls a8 mutheres sem peedi-tas em easamento”; que “vence todas” ou nos bragos dle quem “elas eaem todas"; que jamais tem uma mur, tas “muitas em torno de si", é, por isso, um Casanova, fu um temivel Dom Juan trancovitaliano. Ele distribu pelo undo um poder de sedueo que, até entio, pertencia Somente aos latinos, A sinese latinn-britnica @ nova © pometedora... Mas ela no para a Este “clrebro eletrnico” chega na hora da citncia & da téenica nuckares. A priordade alem, por tradigio, © sovitca, por experitnclas recentes, mo conjunto.desses dominios, “az Inia a, todos 08 outros. James, Bond Torde britaaica ¢ apesar de suas conguistas.femininas de latino Iibertin, tem o espirito carregado de rigor cientiico © de segredos atOmicos como tum germano-sovistco. O heré, eno, bate o recorde euro- peu Ele pode, mesmo, thar mais longe © vencer a Asia a ‘em seu proprio terreno uma ver que & {0 hail ¢ etcae has artes. do. judd edo Karate quanta um sino-japones Plastics, éinica e funcionalmente ele ¢ 0 eutopeu mais completo que 0 cinema nos dew até hoje. Um publicist, soahando com James Bond, imagina “um elube onde se ddegustaré, de um lado, caviar regado com vodka, de outro bourbon ¢ pudim de pastas; atrés da porta de entrada, bilindada, um stand de tro e cimaras ocultas, em caso de Hi, com efelto, uma Europa-de-ouro a mobiliear ou, mesmo mais universalmente, um mundo para colocar “na hora O07" da Europa, uma vee que a América ests, enfin, assimilada, Nao que’ ela esleja.csquecida ow renegada todo gal justieiro de cinema é um descendent dos yankee, Mas sabe-se, agora, que um gall musculoso de Hollywood Pode ser liguidada ‘com tm desses piparotes ataticos de ‘que se comega a descobri os segredos. O colt ¢ 0 gun ‘arcaram época e se incinam esportivamente diante. Ja Bereta. A clénia européia sobrepufa, em dstancias espa- vials, a riqueza e 0 poder de relaliagdo americano. Entim, 4 Euiopa pode fazer uma politica independeate. Ela pode, ‘mesmo, dar, se foro caso, alguma ajuda & América e auxi- lid-la, por exemplo, a salvar seu ouro. James Bond Connery 4 unidade da Europa e sua procminéncia no mundo, (007: EROTISMO OU NAO? ‘Mas essas consideragdes sobre o civismo de James Bond Connery no devem fazer esquecer que ele ¢ um homem © que importa alirmé-lo. Néo seria cle demasiadamente ‘mecanizado para ser "Terao"? Nao seria demasiadamente ‘io para ter 0 coragio quente? Diz.se que James Bond Connery vence a8 mtheres como méscas, Ele pode ven- ‘as, no melhor dos casos, seja como "Casanova", seja como “Don Juan”, Mas ento ele acumula as dificuldads, Ete torna-se o objeto tnieo da dupla série de angdstias, ‘que os dois grandes sedutores polarizaram. Seria este Ca- Sanova capaz de amar? Seria este Don Juan vir? AS vores, acontece 0 pior; ele nfo € nem unt hem outro por- ‘que & um rab: no “Universo mineral de” seus filmes “um. frtismo dituso € a ditima manifestagéo do que chamd- ‘vamos huanismo”. Difuso € ace mullo: o ertismo pode se ciluir sem deixar vestgio: “ele mata sem prazer, como deve fazer o amor... & um rob) conquistador”. Percor- rendo fodos os filmes, perguntame-nos mesmo se cle existe. O iltimo filme testemunha “uma separacio brutal de sexos Apis 0 eclipse dos sentimentos, eis o eclipse do. proprio desejo, que se torna eaporddio einsigificane”. NAO resta, aqui, © menor sinal de caloria viciosa: “em relacio a0 esto ¢ incluindo as. senhoras, tudo est sob celotane [Nem o menor segundo de erotismo” ... € pouco. Mas, ai também, ho inverso desta carencia 'Nés salientamos um “frenes sidico” atenuado e também inteiramente convincente: ele pode ser apenas umn dos dois fw tr8s pigmentos que asseguram o triunfo do fe, mas por que esse triunfo? "Sem divida porque o autor Soube fnlocar, a0 gosto. da época e misturar nas proporgdes adequadas, a pimenta do erotismo eo sal da citncia de ficgdo, em seus coquettis explosivos”. Ele pode, com mais, Viculéncia, mergulhar “o piblico em uma atmostera de sexo, de fhumor e de violencia” tal, que cada um exper mente, af, um alivio catrco: “a morta eoberta de ouro, 6 herd invencivele 0 revdlver silencios, eis ai, reunidos, (0 mitos que refletem melhor nossa civilzagdo, 0 erotismo a tGenica co clo mais profundo. passa. pela voléncla E ‘tera James Bond umn outro papel que nio 0 de assumir nossa agressividade?” Esta virlldade, ao mesmo tompo ausente ¢ sida, exct- tante como um pigmento e catirtica como um drama, coloca problemas do habito do cinema. O herdi nada tem do sabor tauromaquico do Gorila francés, nem do andar Yoluptuoso do cowboy cujos revdiveres rogam sobre. aS foxas; ele ado prolonga, em mada, a libido. westerniana dda dupla face "a girl and a gun”. Ele tem muitas garotas fda muitos golpes; de onde, 2 falta de tempo. para se abandonar aos atos amorosos dos quals os herbis suecos, Superando os demais, ttm o incandescente segredo. Ey eniretanto, ele al esti em carne € oss0: “tudo nos re fexos, nada no eranio... Uma mulher passa, elo na 2 ita..." & precio itm trent. Neshuna pasa. Pare, amie prio, 0 bomen capa, apt i dla'de Saga a epi, passer un ote dane ges {Caan Almonte le € asin, Aponte de scrse frnad 0 retgrnn de ma hina Be, comeraiala 9 Taga por 9 shillings, nos U'SA. por 8D cents por disse ter Bia fares Bond, cope de abn de fon. onde awa do mae sexy d mais enact tev ec somance"¢vetomata © es apende sem ecg see So sang Ena e's sumhamosy cote eit fr congas sigunas “voliia™ cee poco’ ola pel npr As mor do hes aben colar caeloe m Puri, exparaie wn pd sobre una fechura, deter 0 Iinigeavadores com una agi cua Tevera maga Tin so apenas dees "Mar. cte dete dens Com malar” ena ester bastante fonna ois ses € "cho de tugs. da eaega ao pt com sada na eabeqa¢ to nos las como tn 0b, tab se paece com umn pur, groan fun ols chen de bjeos Na icra ds ara na hartonia, doe fests na linea do cso, a wide onan se Sica eam epi de feign tes Ea eta fans, dem equlfon epsacilar dn anatomy qe Sv eee anes de um cnte Sic) Segue exces mula ibe oo “A ponte {te ehtrme” de James Bond Coonery em na pete “ilmenite nian enna Ilda fe, st, pla fortuna De “James Bond Gc sah ay mena iin a ssa tua muna “Boga Jes Bondo Sq” desina 2 "ayen™ "Vesjse cone Jans Bon, se ust, € algo pacar” tio fio apdament Epes ate Se Eta cicer napa paar or cence acs Sos temo. 8 nts pemance no ager desde sin en que uina area raena (ane tae a Git, americans ¢ ingles, segundo nov dizem, Haram Shido de resp), dssbre stb orto OFT" a nova ingore Est tingere ina © moter” gee “ de nossas companheira, delisiosas mulheres de ouro”. Seria preciso ter a coragem de pensar nisso, uma vez quc a Pheliciosa” do filme © una morta, Mas’ a coragem Com ponsa, 0 Oxro: Negeo de Eros toma x forma da mais FEfiante © da mais qucnte das moldagens. Ele twma ama forma que desfia a tempo, ctema se se ous diet. Te fro d€ morte, este Ouro-Negro bila. sado-sonhadora= mente sohve as paginas da imprensa, Torna-se objeto de Cobiga e-de destraigio: "James Bond revoluciona a Tine frie”. Em outro lugar, “James Bond ophe-se & lingerie Gn ouro™ James Bond investe por cima cai, se atra- pala. inenieavelmente. Ele torna-se o Goldjinger, “0 Padrlo-ouro” da. confusio dos. sexos. O- metal_ctimplice Cree sobre as pginas de publcidade, de um a outro sexa como 0 signa mesmo desta confusto, James Bont oh 9 “ritulo 007", dé & mulher “o estilo James Bond’ Amada Janes Bond”, uma forma, A mulher, por sua ver, mnatcialiaa esta form, se impeegna, om wna esponja (do metal quente para que a cobica, a fusdo € a fusion final se opercm, Quantas toncladas de tecidos, de objeto, de produtos de beleza foram comprados pela graga do ‘Dourado”. Da enboen aos pés, cabolos e unas compri= das, da cozinha ap salfo, pasando pelos “hanhelros a Golafinger onde tudo & oto e mérmore™, as adios. se absorvem bistexualmente na orgia auiiera. O génio do ‘erbalismo publictrin que descncadeou esta orgia no Cum genio de invengio mas de intuiggo. Ele detectou, raves do ova de Goldfinger, 0 fio evético do wniverso hondiano fina até hoje: uma espécie de analogia per~ turadora entre a distingao hixuosamente exibida de James Bond Connery ca mobilidade Taxuesamente metalizada © rnseulacizada le “sas, mulheres” Phis as mulheres de James Bond Connery no so. de tum metal de que se fazem as bonceas tagarclas ou ims Flas se scrvem de sua “pandplia", mesmo que feta. de charme, ¢atacan, AS 1fés mulheres. do. prOximo filme James Bond vao, em dinecRo an herdh, em passo de ata- (ques anunciam-nor que "elas estio cncarregadas de se- ‘hive ames Bond”. Eatacam 130 bem que uma dentre clas termina, gracas a0. jin, por vencer 0 herd Esta 3 procra-is-avessas deixou um escritor* euférico a ponto fe fazé-lo dar, a este respeito, na imprensa, a explicagio canalha: "se uma mulher de’ grandes seios.. termina por salvé-lo, nfo € porque ele seja Tarzan, Superman, Virtiade encarnada..."; € porque, eoino ele préprio 0 reconhece, “ela deve sofrer de um complexo. maternal". Digamos gue as mulheres de James Bond Connery tn uma energia azoavelmente femivel para que, realmente, le ndo seja loueo em supor que elas possan infligir, a0 Heri, alguns fracassos doloosos. Mas a verdade das his- tériagfilmadas até aqui é que James Bond Connery sem- pre se reabilita e que suas mulheres devem se curvar. Pig elas jamai perdem, soba aparéncia agrssiva, sua Inesquocivel femilidade: coxa nua sob 0 punal de Ursula Andress, a came sadia das luadoras de catch, 28 cuvas de ouro da mulher rigida, a colantes oupas pretas das comandantes de bombardeitos Exatamente como James Bond Connery, voltando a cle, ‘que esté longe de ser um bahal efeminado: nenfuma fti- Yolidade afetiva, nenhuma perversidade rep, nenhuma ‘ovata fisica e finalmente, nenhum fracasso. Ele somente fomou das mulleres alguns atrbtos de sa substincia ‘clegincia” € “sedugdo", tao de fada, acesérios de con- quis, enquanto que as mulheres se apropriavam da subs- ‘ineia ‘propria ao herd: punhais, mistulos, uniforme. Mas sia equivaléncia substancial (gravador na lapela contra “soutien que mata”) " existe apenas para valoriaar sua esstncia vii, de um lado, feminina, de outro; num sentido, les recuperaram uma espéeie de nudez essencal onde somente os sexos os distinguem e no acessirios dliferen- iados de coguetterie. Esta. promogio a0 inverso 6 sutl— mente desorientadora. Assim) pode-se, muito justamente, falar de uma "separacio brutal dos sexos” uma vez que sua propria semelnanga exclit 0 atrtivo por completa dade’ de atributos reforga a independéncia.reciproca, Mas pde-se, inversamente, falar "de atmostera de sexo, de humor e' de violencia", porque as armas iguais, a A wefan ypertonen se toms rnc Not Obert, mesma panoptie de chm tomar o combate mai des- ido tcanente‘© male eal soraimente. A opto. & tis goon, ta mas violent, conschla mas Timp 9 acordo mals complet, Ag também, para veneer Sear pega» Vale zer que tata, en, ema Sonuaidade bastante cosa Haver muito a der sobre a fora partulamene finn at asennad de Oalitinger=- ea dein os eapctadores ado em im pera ue. Vem dh satreen humana Seria precio rler Fre Prop fiasco, partie de a pco alm otar resol faint aie a tee. E'foro gue. as “James Bond- Gin hd foram ita com ma inka cstla © ave James Bond Connery amas. dow que Ihe retrassm tia nica in. Stoo cass de_um para elit James Bonde "suas meres” ao a wotadeJovs,f {triste levenete ipa de relomar Alfo © Eva a partic de aero reaaer naermanente toda sun vida. Tale? SE chasse ‘ssa desgraivel stra de Poca. (007: UM ROBO OU UM SER HUMANO? A robotizagio de James Bond Connery & na imprensa, ssa mais grave enfermidade. Mas nao €, do mesmo modo, sun gloria? Talver seja, ainda, porque seu “etrebro cle tednico” funciona muito bem que The so feitas acusagtes Ais quais os hericosjuslieios tioham escapado at6 enti. Perguntamo-nos se ele se instru, se ¢intligent, se ama, se fem alia, enfim, James Bond Connery mio fem falar floc, nto fem lagrima fel, ndo carroga livros, como vie ros mos femas precedentes. “As concessies fells ao sent mentalisio desapareceram completamente... & um robd Conquistador... Seria ele esperto? Nem isto: ele & afor~ funado", Resulia, de uma grande parte das andises que “esse angustianle personagem...¢ de uma pucrlidade sem nana sem interesso". Todavia a atencio dirigida ao personagem comporta tais nuangas (e até deliberada~ mente contraditérias), interesses de uma to inédita a overgata'™ ¢, por osteo tad, ama. fasinagéo fo tives ge mio" podemos nos mpedi de invert © Droblema ee eolocir em quero 0 prprin robe lee ants det, €- no € cswe sen menor érito humans, “0 Herth Norcent tptiadh. Anjo. ie Combate dado: Cain dos aritips. que Jung des= cobria no inconsciete colt. 0 Home fle heb todorpeoso que trina sobre mal Arguetpo coe numa too enero himano™."" Ele & comico, wm don argue do yenero human, mas no neramente ccnro as mesmas novmas. como’ amar dente ees. EG, como os outro, 0 herdl-dos somos ingadores El fn poder de. dermbar pla fore, 0 nef © ttanslonnar’ os tacastos mn ras. Mas oe outros tin Virtues qe ele nao tens “ann bom ascinent por ‘empl, com a norexs de alma que eae privilege pica! uma citrarequintada part opor A incl mau e ses tm, enim, a dina tigers, a'de fr am forasio ede ame. Ese vires azen consgo stay traqieras de sonhos exit conbece a espera siti 2 Ita iting, 0 sofimeno. James Bond” Connery nas Conese nada can Gelicias org sas vires. Som suas fraguezas te reatuoreat na ag. Dizer-que le te pan vite vii J € er dea tma ver que no exterioria muito mat econ que Wt: des Eni, que seria? ae fe €-0 nico. tip 0. mundo, a ter reso, de todo satisatrn, set ‘complexo i Eaipo comm ese sreveu 0 Newsweek Era proto pasa nssoe 9 heb fam robd porgue to fm ais neces de pea ralsao; ee 0 doo homem bem sucedido, Se se to- inca em questo a exiséneln ou a granera de su alma no & porque ce no a en, nem porge tea menos ae oF otton, pore sino mals nesta aso. Quando se fem “un cee eltrdnco mo gar do crapfo" ¢ que xe age “como um grande © belo Roe mem” "sem med nom cents”, com coreg ek Mins gy eGR evel ae de? Ea et 2 8 patrotsno” para defender “o Ben conta Mal", rece= Hhendo “Todas” as garotas “em sous bragos", do. seat ferro de cileulos ow falsas manobras, assimiloi-se, cam todo 0 seu corpo, a inteligéncia, a cultura cv ainor do ‘mundo. Nio se tem mais quae assumniclas come ubsigagao, Usenvolvélas e assegurarthes, na vida mental, uma exis- ‘Gncia que apenas difleuta a agio © a afasta de seu fin A cabega de James Bond Connery estd regulada pelo celado da céneia, Podemos lanienticto, “E* difill enton- war um personagem mais perfeltamente despersonalizauo Por outro lado, todo munto & despersonalizao, salvo 6 ma, que tem cabega”, Poxlemos, tambsm, nos perguntar ‘seo € este um dos aspectos mais curiosos da fetigaria. bondiana, © sonho do robd no & novo. Mas hi varios obis. Ha os robes tciramente humanizados ¢ os. hu- ‘manos inteiramente robotizados.“L’Eve Future” de Villins GeTisle Adam & um robd, no qual vive a mais adorivel das criaturas. Ela ponsa, ama c fala melhor do que seu ‘ofiginal em carne ¢ osso. Ela restitui, come James Bond Connery, a vontade de ir até & ginese. Mas, enguanto Eve Fature inca a cacontrar © engrandecer a ctiagd ‘original, nosso Ad3o Atal encoraja, av contrrio, a.m Uified-la, Ele dé (ou confirma) a vontade de refazer us ipos sobre a base de alguns nows dados bio-fsiew- ‘uinicos, Ele da (ou confirma) a vontade de encontrar, fm seguida, novos aequetipos do vitérias mais conform As angistias do Inconscionte moderno. Na fundo, James Bond Connery di (ou continna) a vontade de Sonhar com umm herd inteigente © bom, seat tabega nem coragso, Tetiamos as vantagens da perfor- ‘mance sem seus inconvenients, Teriamos ‘um hua ‘mo, encarnado e eficar a todo momento, mas no loca Tizado de um lado © de outro ¢ disperso nos intereses contrariados da reflexio lenla © da tristeza, Esses signos de nobreza e de fecundidade humanas no se lornam, hoje Sinais de impoténcia? Teme-se que a Bondade contra = Maldade, a Intoligincia contra a Tolice, dispersas em toda a linha, em ordem de batalha, como soldados do Impirio, sejam atomizadas. antes mesmo de. combater. 29 fan Fleming diz que seu herdi “do & mem bom, nem mau”. A. rellexdo € quase confortadora, AS misérias da Fntclgeneia artesanal e da angistia, com seus albis para conto de fadas, sas alisios para navegaco a vela, suas fantacias de andarlhos.soltrios terminardo por fazer apenas asnctas e por torarse os eulpados da historia, fo maus.¢ 08 Yeneidos, uma vez que, n0 heroismo, a hhonra cae sempre ao mais fore. E” uma forma da neu rose ascenente? somos cada vez menos poderosos com & inteigencia e o coragio, Hi, em torno do homem, muitos elementos que no mais dependem dele ‘Nesse sentido, James Connery é o herdi desta neutoss. E fanto senhor de si como do universo, Esta Tuta dupla € velha como 0 mundo masa rudcza de. seu combate parece, somente hoje, ser evidente. James Bond Connery onsegue, a luz da cletrica eno respeito aos valores vigentes, uma sincronia inesquecivel entre as etapas da ranio, as batidas do coragio ¢ 0 movinento dos musculos. Nio se owe, a partir de enido, uma dnica engrenagem ranger. Pode-se chamar esse silncio, uma completa ate Sincia de complesos. Em face do mundo exterior, 0 herbi forma-se, desde logo, uma disponibilidade integral. E° a Adaplagio mecinica fila homem, diante do mundo e suas maguinas. Sua velockdade de ctuzciro & suficentemente Cstabilzada, para resist aos atagues desumanos das ‘éenicas mals moderaas. Ela € sufiientemente autOnoma f live para scr Boa ¢ redusir essas técnieas ap service, Somente, de causas juss, James Bond Connery & una ‘miguina humana montada novamente, aa hora do Bem, do Util e do Belo. “Um cérebro eleirtnico no lugar do oragio” ¢ do coepo todo. O préprio Platio pensaria 007: UMA DOSAGEM. Sem divide, € neste equilibrio, ou melhor, na “dosagen”, Segundo a palavia tio ceria’ de Terence Young”, que »” reside o elemento mais misteioso “desse estrondoso su~ ceesso", Terence Young lembra que o filme *€ diffeil de fer bem sucedido” porque implica em “uma extrema pre isto". Para Goldfinger, seu sucessor Hamilton “tazia projctar os dois primeiros filmes tres vezes por semana para estar certo da dosagen™ porque, dca ele mais adiante, o improvdvel no &-o impossivel". E" neste improvével nio-impossivel que "os pontos altos do espetdculo” se sucedem. O valor artistic do filme &, sem divida, uma das causas de seu sucesso, Nao sendo nosso. propésito fanalisar este valor, nfo mos perguntaremos. se se trata, gui, “de uma atmaditha formalista” interamente “esta nina & esséncia do cinema” de que "os gadgets e as deli antes pandpliae” sio "apenas fanfaronice... sem poesia nem are", ou se se trata do filme “mais fascinante, mais sofistcado, mais postion do ano”, Quaisquer que sejam Seus valores, fais filmes Impuseram um het [Nos emas estudados, esse herGi escapou ao peso das separagbes: identidade, ronologa, politica, nacionalida- fe, sentalidade, humanism. Ele evitou as baixezas da parcimonia terrestre e o8 privilgios da magia e da feo; le lula no meio-ermo do Relativo, como que sustentado por nt campo magnético. 0 cinismo & muito realista pata néo set verdadeiro ca dectacia muito cheia de fruques para nio ser flea, De onde esta franja de “hu- ror", o mordente das relatvidades delicadas, visveis para ins €invisveis para guteos ....De qualquer maneira, scr tum pouco clevado, infaliizado, endurecido, metalizado, sgudgetisado para si mesmo, nfo € muito belo para nio Ser Touco? ‘Vioverre Mons ‘ote Prtigue des Hautes Bes, Pris a As Semiéticas ou Sémias CHRISTIAN METZ A propésito de trabalos de Louis Hjelmstev ede André Martinet Sabe-se que para F. de Saussure a semiologia destin ‘va-se,assiny que se tomasse suficintemente desenvolvi 2 incur a Tinghistica; Saussure previa um estado de pe ‘quisa no qual a lingtstca ny seria mais. que um setor selor particularmente importante mas, assim se selor — de uma cigncia goral dos signus." Se esta con ‘epydo permanece valida a tio de ideal longinguo (quadro de referincia, la mio correspond mais, na pre lic, 20 estado atual das pesqusas ds Isso de is iniiaas ese, a0 que parece, a dss raxdes que Saussu no podia peeverinteramente. Por unt lado, a lingstica pra, a partic do fim dos anos vine, desenvolvet-se de ‘modo exteaordinio como se sabe e aparece hoje como tum verdadeiro corpo de douttina © de saber, enquanto que a semiologia $5 conhecew seu primeira imps m0- vel muito mais tarde e encontra-se ainda no se congo, Por outro tad, € cada ver mais espantoso que a maioria as semibtieas de importincia, de ui modo ov de out, adiiten o recurso 4 Hinguagein verbal: 0 cinema torn Se falado, a televisio sempre 0 Toi, 0 radko guards toda sua inprtincias as carts gsogeeas, exquemas, ia- rama indeagbes rumiensnumeron verso, et. S00 ‘Kompanion a naira ds Yeze, como finite Georges Aum ements ei ge gist a ae en publics tem, quae sempre igendshs a8 nat- Fitna ids, sonon, oo ios 0 deedobram Stems pera ie suse ngs, sm da lzagio pre trea dete" daa ioma hunano, ete. Em sum, Oimgltto esta tants veres presente no semiogeo {que € permiido prguntaras com a condigio depot {part casos como pinta ou 2 mica, que spre tam problemas diese peateamenteincaporads — Seo semlogico puro pode existe em ute gar ie io em somite de xo seatitoe samantiama pobre (sials Ak czas, cetas bandas da maha, toahes Je Moi dn ¢ oon cx ats aah gx tase semilogos.govan dese tle, als por sta CCmodidadeGenonarativa do aie. por sus inporincia realna vida soda) ina senitca pode ser tronserbal (cons, mito, toda asnarratvas esc on ora) oer (om 2 ingens de toa at epics) Deemos de lado as Stnibtss tansverbais qe nos dariam mato facinente ‘ana para costtar-qy na proprins semicas "o- Cerbiy overal ety pamaloa das exes, present Preven’ que pode ewestivse de Gas Tors pina: por vee Unga far parte dos elemento signcates fela mesa asko. que anagem sl derescenta sas piace is do material thowebal, onion de ta mega fla (amade de Kita) —'€ 0 eae do Gis se chama, no Siena, a palara degilie, io & 3 Falavea que claamente atibuida om Gon porsnagens {a ao. lites) e-que- os tran, sobre o unteso fiona ofl informactes gies aionamnos. Ge nor force foo-dasnagen,* Em utron eas, ane, 9 81 = 3 a0 contrério, a palavra aparece em fungo de metalingua- {gem em relagio aos significantes nto-verbais; ela pertence ainda 4 léxia mas envelvendo-a e nfo fazendo parte dela Isto € freqiente em publicidade , onde a legenda permite interpretar_cortelamente a imagem (a letura desejada pelo anuneiante € considerada como “correla”, semiologi- ‘eamente falando.) No cinema, este caso correspond, pelo menos no essenclal, & palavra ndo-diegética (comentrios de ocutores © narradores, assim como diversas formas de “vor-off"* — isto G a fala que € atrbuida 20 autor do filme e no mals a ‘uma personagem e que comenta 0 todo-da-imagem em ver de completi-lo. Parecs, enti, ‘que a distingdo estabelecda por Roland Barthes, a pro” pésito da imagem publicitiria, ene a fala-fixa e a fal Substiuta’, poderia ser generalizada e corresponder at dois grandes aspecios de que se reveste a intervencio t30 frequente do verbal no nio-verhal. O que chamamos por vezes a “civilzacdo da imagem” € mais do que nunca — como insiste © mesmo autor — uma eivillzagio da fala eda escrita Vé-se melhor, agora o que tora diffcl a concepeao saussuriana da lingistica como parte da semiologia. Nao somente esta “parte” se afirmou fortemente e cla prépria forma um todo, enquanto que o “todo” do qual ela de- veria ser a parte s6 existe em parte — mas, além disso, 4 parte suposta nfo-lingtistica da semiologia lo che- Reh cae See mia Pat awe cep th tba att gard a0 que parece, a formar um todo, a menos que ela Englobe, a Qualidade de parte, um estudo das signiti= fagdes ‘verbais nas léxias parcalmente nio-verbais om nas lexias tansverbals, Por essas duas razbes — © mesmo Sem mencionar a situacio metodoligica que faz eom que 8 semiologia solicit, freqientemente, 0 aurilio da lingdis- tica, enguanto que © inverso & multo mais aro — pa rece que a semiologia, por um longo periodo ainda esti ddestinada a parecer muito mais como uma pesquisa ope ante ao lado da lingtisica do_que como uma cifncia geral englobando a lingstica, Esta situagfo.se_reflete fo empreg dos proprins terms: 0. que se chama hoje “semiologia’, no uso corrente, 60 estudo dos sistemas de sinals outtos que no as linguas e, de modo algum, 0 stud de todos os sistemas de signos, inclusive as fin- ‘gvas, Lingiatca e semfologia se encontram lado 2 lado Sno uma na outa Em alguns de seus trabathos anteriores, em particular Arbitraire linguistigue et double articulation", La double articulation linguistique © 0 primeiro capitulo dos Elé- ‘ments de linguistigue générale", André Martinet j6 havia abordado, implicita ou explictamente, 0 problema das relagies entre a Tingtistica ea semiologia, disciplinas Parentes todavia distinas. Sua recente antologia, la Lin- ‘iste synchronique, que retoma muitos estudos im- portantes ¢ 08 completa ‘com alguns. inéditos, permite ‘que se fenha uma visio de conjunto sobre a natircza © fs Times do dominio que autor concede A Tinguistica fm consequencia, & semiologia. Nosto comentario dira fespito, sobretudo, a0 primeiro capitulo que concerne mate diretamente 20 nosso tema, ‘André Martinet insiste sobre o fato de que a palavea linguagem, quando é empregada sem determinante, de signa tnicamente a linguagem verbal, enguanto que em Tease” (A dela igs 35 todos os outros casos € necessiro especificar“linguagem dar flores”, “linguagem cinematogrdfiea”", et. Po- dese aproximar esta constalagio de uma adverténcia feita por Geza Revese, apés'muitas outras: em um ‘grande niimero de idiomas humaros, a palavra que cor- Fesponde no francts a linguagem & etimologicamente spa fenlada, do mesmo modo como a propria linguagem, a tum termo que designa a lingua (Srgio bioligic), a boca ow 0 palato, Assim, a linguagem fOnica seria ‘a ‘nica Tinguagem no sentido proprio, todas as outas “Tinguagens” so seriam tals em sentides diversos © desigualmente figurados. ‘0 que define a tinguagem verbal, continua André Martine, no € somtente sua natueeza de sistema de i — que ‘ela divide com todas as linguagens mo sentido figurado — mas o fato da propria dupla artculagio", Tigada a realizagio fOnica das formas linglisticas. E° a substanciaidade fOnica, sabe-se, que implica a Tinearida- de"; Henry Bonnard’ observa, por sua vez, que. a formas linglisticas, se as considerdssemos — se pudés- semos consideré-las, disiamos melhor — fora de sa fexecugso fOniea, nfo obedeceriam forgoramente a estu= turas lineares. Mas como a reali2asa0 fonica — a ma- nifestagdo nica da forma da expressio, para empregar ‘una terminologia hjelmsleviana — é a dice garantia do ardter linguistico dos. fatos a observar™, como uma unidade de conteido que nao tivesse sido isolada, prin ipo, pela comutagao"(isto 6, pela projesa0 do plano da fexpressio sobre o'do conteido) Seria ‘sempre: suspeiia fe Be, i a st 6 de sr ants ua unidads do peasameno ou da exprién- Chaat dn Ingangem, como © propa Hise eps Sic Nne Fisher orgenen obser qu 3 comutaglo 2" Hncgdo dias representa’ 9 cas Guo ape a0 manestnt (eatin) se impos” — Ton real aoe son dn msn on nga, gue + Ting no oa ora que se povera raza em ale he substania, as gue lingua (anda que el Por Mesma forma e nfo sbstcs) seria na forma. ro- fundamen deena que et & a cae reales Cinna otrasubsticla que lo 3 fea. A Unga € tsiura mas eta esta €-inenteseparvel da Servidgo da foi. Assis, para ANG Martin, 8 pla Srittogn — so Go coe Sue ess leat yo ato Se execu toni 2 nog de Hinguagem "0 sentido fats ovr, mal banal do termo"" ado ts caace- fe protnanntelgads ene stot Ws detinem por 3°05 Tnguagem fo sete rip, os re bastam por maven ntl ente a Unga a senolgi: nla esrvamey iz ly 0 kro Unga para. Gsgnar vu isrmeto de comiegso upland ¢ Sansa cal" Ema Samra em vida mpl, plas quai os fendmenot prone oa sue prlsognetirio, que escapam A lneardade © 8 dupla Pile, foram sempre colerados, por ste attr, como. margnas e sndanenaimente sens. Tings ov" "gue os fetimens eo signe, ids gue certs finguas rem, prtvo dso. quando posse!" una veut ns rasagcs de ara mela (one- tas)te rain de emaeto(comeman ede gor raatro Cestonenat") 80 possbidades sildg- fas feeds pla vo Notarcmos anda gue Andeé Manet e Lois Hielsley esto de acrdo em pono eles oie, ano ny, ets, A, a Ee RARE AE i ; wg Moana oar tga ome onto, que ao saberianos dstins a tnguagem por Sine inde goncaad, to faacndo 0 levanamento os frags comin 8 odas as linguas conhecldas. Porgue mus inguaspassadas se perderam para sempre, todas 4s linguas futures sto inconfeciets por diigo © mean nie as linguas. comet, muitas sf9 aia poco ox mmal cnhectda, Am dito, 2 Hnguagem no saberia Se definir pela ‘soma ~~ sempre fortuta e sempre a ree fazerse de stas manfestadesatestadas a cada momento a peaqusa; la engloba fanbem as combinagbes. pss? eis que io fora, om ainda no foram, atestada, mas {que so conformes ida que se £82 no niio do fen Steno. linglstico. A defingo da. Tinguagem & endo fecessariamente anterior as abordagens “das indages, finda que a Tingiisica se deva iepra, par intra deingho, de. “experenia mals vast Como da consderasGo dos possvcls ~~ esta ina de- pendendo ‘do que se podeta chamar una intginayio funcional informada (extrapolagao em pensamento de humeresos eomhecinenlos,pastagem do atestado 30 ats tivel), Reconhecerse-o, al ceros aspects, doy ols procedinenies que Louis’ Heiney denomina “dedutvo” empleo” e quedo, et certo sentido todo 0 conte fo do empiriamo na aepgdo crrete da palava,” André ‘Mantnt em aeordo pareal com Louis Hjelnsoy, a quem cle ae rofere, considera iaspensavel que se adol, para iki, moma ee ne stn we Reise poten cn der enc cai g ttn sens tae itt eens 8 define 9 linguage, un proceimento que cle earateriza Simplest como’ nSocndavo" seh empregsr cule aiktve ‘Assim, € quanto 20 conteido da dino ¢ no sobre set eviatto que André Martin se separa oe Louis Histo: © pins, conforme demos, fz com ie Se nclun na detngao da hnguagem o fat da dupa a= Sutagzo, assim como 0. dasubstancaliade fOnica dos Signanee (os, mais exatamente, a manifesta dos ‘teantes)s por estas dua rave a0 mesmo feo, a Tnguager verbal se encotrastaramente distin da ine sagen” nioverbas ‘Lembcemos que exist stnan que nfo tem atulagio agama, ou sj onde eda sina orrenponde, de modo iniccoripoiet atm enuncado complet asin, 0a emelnocauvale — semantcamsn, po. menos — nm enuciadinjunivo. completo (*Probigo passe) Exist igualmente, semis qu fx uma arulagio © fomente uma, Karl Biker © ean Canines" assinalam tin exenlo muito nitido dex caso. Em certs sistemas > comanicagao por Dandias, qv wiea marina, ts Sandra clomentares (o sri redondo, a mala ane gular ea andra reangolr) servem para formar todos {sins Cada sna & am evanciao ompeto-(°Navio { cstbordo, por explo, na menuma as ts a= dirs chmentares um sna por #5 todo sina reslla dana deterainada combina ay ees bandas. A Dandi, portant, € una unas stint € no sig Catv os, por sua vex evdenemente, wma uniade Sigufiaia, ge ao nivel da fase e-nio/ do monemas Io hi naa, pos, neta sémia qe covesponda 20.0 tea, unidade vind signiictiva (contaramente 4 ban- Gir bolnday as substitve eum emanciado 20 tutto. por Conseqieni, de um nivel inferior 30 en Sind (cotraramnte 30" sinal, qe © um enuncado). (ie Saar em Em sua, se se adnitir a interpretagao que propomos do exemplo’ Biihler-Cantineau, chegarse-aa uma con Csi que, em nossa opiniao, nfo havia sido apresentada fle modo suficentemente claro até aqul: foda sémia fem tum nivel mais elevado quando ela nao tem artculages. ‘Ae stmias de atiulagso zero tém um nivel, 0 do enun- lado completo indecomponivel (0 sinal_ vermelho);_ as, Sémias numa articulacdo tem dois niveis: o nivel que fslabelece sua articulagio © © do enunciado completo (bandeiras de Bibler-Cantineau). Uma sémia de duas artculagdes comporta ts aiveis: os dois nivels corres ppondendo As. das articulagdes e 0 do enunciado (que é, te certo mio, anterior as articulagies, ua vee que ro presenta o-que-se-trata-de-articular © que, em consequen- a, conta sempre mais); no caso da linguagem fonstica teromos: fonema (= corelato da segunda artieulagdo) —> fonema (= correlato da primeira ariculagio) —> frase (= enunciado a ser articulado, ou ainda, enuneiado arti clad, conforme nos coloquemos do Tada do Tingista ou ‘do lado do locutor). ‘Assim sendo, pode-se considerar que permanecerd uma dliterenga essencial entre a linguistica ea semiologia en- (quanto no se encontrar outro. sistema de comunicaglo fque noo. da linguagem verbal apresentando. duas a culagbes e tts niveis. Ora, tal coisa jamais foi assinalada 6-0 momento Louis Helmsley coloea a realizagdo fOnica © a real- zagio gréfica da Tinguagem no mesmo plano, enguanto ‘que para André Martinct'e para muitos outros’ Hingistas, 2 gratia € apenas um decalque ™ da. fonia, situagdo que aparece claramenlo na escrita allaética (ow mais geral= mente fonétca) ", mas cujas condiges de possibiidade haviam comosado 2 se cri desde que a ordem dos signos "mesmo nas eseitas mais ou menos ideograiess, isto 6, reduatdas a uma nica articulagao — no seguia mais 2 ordem dos objetos-reterentes na perecpsio teal, ¢ sim 4 ordem dos sina fénicos' no idioma falado correspon 7 dente,” Ao conteéio, Louis Hielmsley insite sobre o fato tle qe lingua. € uma forma pura © que sua realzagio substancial — pela fonia, pela fafia, ow mesmo por uma Transmistio em morse" — ¢ estanha i sua estrutura Portant, ele chega A uma definigzo de lingua que & ‘muito mais extensiva do que a de André Marfinet © que Tespondc, de modo satsfairio, a0 tipo que este aiimo Chama de “‘anexionita”" uma’ vez que, no integrando hem a dupla artculagSo em a realizagio fOnica (elas Driprias mais ou menos insepardvels uma da outra) ", la admite como Tinguas a quase totalidade dos sistemas Semioligicos: sinais de eruzamento, toques de telefone, bhadaladas de sinos que indicam as horas, linguas de conotasies, metalinguagens", etc... Quando Louis Hieimslev define a estratura como usta’ “entidade auid~ noma com dependéncias internas"™, & claro que a formula pode aplicar-se, 20 mesmo tempo, a linguas fe diversas. sémias, Quando distingue vérios tipos. de fsraturas", notaremos, ainda, que ele opde as estrufie ras_nio-semiologieas © conjunto de estruturas semiol6- ficas (lingusticas ou nfo), bem mais que as estruturas Tingdisticas a estruturas nfo-lingtisticas no interior do dominio dos sistemas de signos: 0 que diferencia a se Iniologia, incluindo a lingbistica, diz ek, de todos os butros estos, €-0 fato de que, em semiologia, a prix Be a a ae ta ae meet aeira de todas as “fungées” ¢ a que une a tungio "signi- ficanie” & fungdo “sigaificado™ (e que ele chama justa- rente de “fungfo semiolgica” —"on “denotagio", no 280 da linguagem verbal"); nos estudos ndo-semioiégl- os ou ingtsticos, o estudioso procurard, também, fungdes mas nio-a fungio significante-signiticado, Lembremos, enfim, que desde a edigho dinamarquesa dos Prolegomend, Louis’ Hjelmsey dava uma definiglo extensiva da lingua, suscetivel de englobar umm grande nimero do outras sémias além das linguas propriamente ditas: "Uma lingua € una hierarquia em que qualquer nia das segdes permite una Aviso alterior em classes definidas por rclagao mitua, fle tal modo que qualquer uma dessas. classes permits ‘uma diviso em derivados definides por mutagso métua". ‘Todavia, € importante, notar qe. Louis Hielmsley & multo menos “anexionista" na pratica que ma teoria. Se we considera que as linguas propriamente ditas ¢ a8 line fquas “no sentido. figurado” so duas espécies de um mesmo género mais vasto” — que & a lingua no sentido hjelmsleviano —, ele jamais negow a distingdo entre os liomas © 0s outros sistemas de signos, Insist mesmo sobre 0 fato de que nio se podia saber, por antecipagio, até que porto ede que modo o estado detalhado dos sistemas nio-verbais — pois ele seria bastante avangado —faria aparecer a linguagem verbal como um cat0 nico « intiramente & parte ou, 20 contzéto, como uma sémia entre outras." Constata’ que o termo’ “lingilstiea”, no uso atual, se aplica exclusivameate ao estudo das linguas verbais e’precisa que nio hi interesse em modifcar este liso no momento. * Mesto quando o lingists, continua le, estuda linguas, no sentido largo, & se colocande do ponto de vista do estudo das linguas propriamente dias ‘que ele o f2z, © pratcando uma espécie de comparagio Sut te Rat tas fas, mgt Hs Reamas, “2 — semctangas ierengas — ene essassémias ainda ial conectas © om grandes tapos do moon idan.” ‘ie dis, ¢ prseo cosatar que Louk Hjlnsir con- Saget a ait lara Ge ninepesguas conccta 8 Tine flistca'e nfo 4 semiogi Nn pssagem 6 cada dos rotegonsna, 0 ator, tendo dado saa dese de ling Como heargua de epic, procrava enna {ero sweetie de distr tings proprnmente eas Ss sts os ings tad linguager verbal, isa ele enguanto que 0 nveso m0 Everdadero poraue o propio da ngage verbal fado dizer, Ids, equentemente stoma em segue": no into do stratum de sistineia do coneido — ito {no plano semanico =o nivel qae'0 aor cham de “aval soil” rece a totaldade donuts nels mente no cso das finguas em sentido resi, se tose coment ‘Terao, ale, notado que nfo retomars, nas linhas auc preset a dstingto terminalia ents linguagem ing que pssuia um igar importante em ago qe hava consageedo, algun tempo, semibogia Jo ‘nema. Paez, com eft, que este feminoogafaiez nib free a mas propla para “exprsear™ a8 iia que Gste argo se esfrgava por expriin, nem para per fms Sara jung ene a semblogia do" cinema ©. fontunio dos outs estudos semblogies ¢ lings Geos Erdade,cetmente, que € melhor falar de "Tingtagem Snematogrtcr™ que de "lingos cnemalogetica™ (cone tranamerte a0 que asim signs dos prneies toiens dh cinema) porgue hi na fing, lt ras ea tin uogers unt iia Ge orgainaio rigéa qe no Entre siuagio do cinm, sia exe, al formada sempre nascent, selogia ines ccgindo sempre fie vo dh analog inka, E' yreade, tomb, que 4 fxpresio "inguagen cinematogrtca” no pode © nfo tive ser abandonad, pois ents demasiadainte maze Semi Mo tae “6 ‘modo bastante “falante", a despetto: Goa ae 8 he 3 Sor a ma ge {ue a semioogia do cinema se proper ionfenomenos ere wi cont oi ers seats “ 4 finguagem ao. sentido proprio © noo conjunto. dos Sistemas de signos, Louis’ Hjelmsiev observa que a tin- glstca tem como objeto especifico (= alvo em aia andlise) a Hingua e como objeto estudado (que & preciso feonhecer de inicio) a linguagem no. sentido. proprio.” André Macinet constata, por sua ver, que. a lingtistica ‘studa principalmente. a’ Hngua_e, marginalmente a Ti {guagem verbal." Assim, gostaria’ de explicar melhor, de iodo mais claro que 0 que fizemos até aqui, que a fexpressio “inguagem clnematogeatica”™ tem um valor ‘convencional e design, na realidade, a semidtiea cinc- matogeatia, ‘Temos o dircito de pensar que todas essasdiffculdades poderiam ‘er atenuadas — © lo somente no caso do Enema — se conseguissemos estabelecer com maior it~ ‘neza tim uso que jd se esboga. O termo Tinguagem, quando Cempregado sem maior precisdo, deveria ser reservado A linguagem fOnica eo termo lingua 20s diferentes Kim mas, ito & a8 diferentes realizagbes (no tempo e no fspago) do ue hi de pertinente na linguagem. Paralela~ mente ¢, de gerto modo, ao lado, a expresso dominio se~ Inioldgico povleria ser ‘reservada 20 conjunto de outras fémiat que no as verbais, ou seja, as stmias transver~ bis ¢ a8 stmias parcialmente nfo-verbais." A semiologia € para o dominio serfoldgico o que a lingtisica € para a linguagem. E, do mesmo modo que a lingistica, & procura das diferentes realizagdes socials do que ha’ de Perlitente-na Tinguagem, esta as diversas linguas, a emiologia se esforca, pela comutago no interior de con juntos signficativos Tuncionalmente unitrios, em assinalar as diversas semioticas — ou stmias — particlares. Cada Semidtica ow stmia € para o dominio semioligico 0 que cada lingua & para a linguagem. (0 substamtivo semidtica, mado de empréstino aos americanos com una leve modificacio de sentido (5 que te designa ma maioria das vezes, nos Estados Unidos, “6 a semiologia no seu conjunto) — ou ainda 0 substantivo sémia, empresiado sem modificasio a Eric Buyssens, parecem conv, tanto um como ouleo, para designar cada tuma das partes do dominio semiolégico, cada um dos conjuntos que sio para o semidlogo © que at Kinguas sf0 para o lingtista, ‘A expressio sistema semioldgico convem apenas cortas_semidticas, muito pouco sisteméticas, como 0 no- tava Erie’ Buyssens."” E™ preciso afastar iguatmente a expressio campo semistico, pois a palavra “campo” esti ligada A semaniica (estudo' dos significados) © no. & semiologia (estudo dos significantes e dos signifcados) Falar de "campo", depois de Jost Trier, Charles Bally, Pierre Guieaud, Matoré, Dubois, tc., € sugerir a ideia de um conjunto de significantes abrangendo todos eles ‘um setorunitirio © bem delinitado da substncia seman- tica. "Ora, se ceria stmias so 20 mesmo tempo campos = por exemple, os sinals de cruzamento, cujo “sentido” totale globalizado se pode reduair 20 problema social da passagem ou da ndo-passagem para os automéveis — ruitas semitieas nao tem nenhum campo que Ihes cor responda propriantente; assim, o cinema ou a Ntratura ‘io capazcs, em principio de tuo dizer e veicuam, muita veres, signiicados que, de perto ou de longe, sio ideo- Vogleos € que encontrariamos também — recortados de tutto mode mas retirados da mesma masea semdntica — fem outras. sémias utilizadas pela mesma civilzagio, na eG Pea G9 Bee aha tae a 46 rena ic. cao i eve aa smite ce tmatogrdie, mas. ao um canpo chaemalogetico, “vim, tudo spans, neste comeyy do. a0 de 1065, como se o essen da tarela dos semidogos fosse e5- fudar sins uma a una. (on semiteas)", do. mesmo todo que os lngistas finaram, ha muito emp, om fares Prins, star a0 ives ngs Cimasria Merz Centre Nationat de fo Recherche Sciettique a Etica do Filme e Moral do Censor CLAUDE. BREMOND |. A COTA MORAL DOS FILMES DA CENTRALE CATHOLIQUE DU CINEMA A CCentrate Cathotigue du Cinéma de la Radio et de ta Té- livision publica todo ano uma coletinea das fchas fimo- {rificas estabelecidas por seus eolaboradores, sobre filmes ecenfemente apresentados oi reprisados mas elas fran esas. Alm das indicagdes tenicas, tm retumo”€ tm comentiro ertico, a ficha revela a cota moral do filme, fixada segundo uma eseala de 3-4 5, com grav interme: lidsios: 3 (passiveis de serem vistos por todos); 3B. (passiveis do serem vistos em tanilia apesar de certot lementos menos indicados para as evlangas);. 4 (para Alultos); 4A (para adultos, com reservas); 4B _(desa- consethiveis); 5 (nio aprovados, absterse de assist por slsciptna cristi ¢ para dar 0 exemplo). Uma conclusio muito breve, imprimida em caracteres maiores, ¢ nitda- mente destacada do texto, condensa a8 criticas que justi- ficam a cota atribuida ao filme Estas ltimas linhas, assinaladas nos. repertrios. dos anos 1960-1965, eoustitvem & materia de nosso estudo, Elas representam um corpo de aproximadamente 3000, textos breves, densos, extremamente codificados, oferec “6 do, por iso mesmo, material parclamente_favordve ahtse: Sao esta comodidatcr prices de acesso © de imaniseio ue nox levaram a escolher a5 cots morals da CECE. Come exemplo de coigo de censira, Tod CSlevdade, centmemeyqialgier qe Seja seu partda- timo confssknal, poco, busin, seqrega_ um Conjunto de sgages © pro‘ighs, una ofodexe qe, perante sh mensagens nfo conform, se adu2 Por Te See de censure Mas os ripos que se esforam em Stplarc shtmationr suas ormas‘em materia ce apee= Sinan arinica ow alla sto ne Frangt oe hoje tas fare do. que asses que tentam camels. A Taco eles oligos vergonhonos levantria. problemas {ss no queen aordar. A ceo das clas morals 5 ConrateCatotg, spear das veseras que se pos farar a seu contin, ese ater deste organisa: = igo de censur tem 0 rite Banat 4 coctencia © 2 esnque. 1, Os assuntos ¢ os temas © filme cinematogrético de longa metragem & quase sempre uma narragdo (“rit”), isfo 6 uma mensagem Complexa apresentando ma série de situagdes, de acon~ fecimentos @ de agbes ajustados na unidade de uma histO~ fia. Estes elementos de (undo relaclonam-se as agbes © As paindet do homem: neste sentido cles nao sio jamais Aesprovidos de repercusio afetiva, nem de_implicagio Gtics, A escolha de um assunt, a integragao de um tema ‘a0 desenvolvimento deste assunto (absiaindo-se 0 tra- famento que @ narracio os faz softer) j8 so atos que fengendram a responsabilidade moral do cineasta, Na fea do censor, certos assuntos sio em si mesmo po fivos (logo, recomendavels); outros negativos (logo, te- saconselhavels); outros. S40. neutros; outros ainda, 20 resto tempo, positives e negativs, exigindo precaugdes partculares. ‘io também considerados pestivos, segunda 38 normas ao censor catlio, os axsuntos que se podem defini pela nae. 89 201— 6 representagdo de uma qualidade moral ou de uma vieude: Te Guerrier sous-marin & postvo porque “exalta a cora~ gem e 0 espirito de sacrificio dos homens-ras em tempo fde-paz e-em tempo de guerra”; la foi de (Antartique porque “‘presta homenagem a frateridade e a cooperagao as misses centificas no. Polo Sul"; Exodus porque cexlebra "as qualidades: de coragem, ce tenacidade ede fideidade aun ideal ancestral entre os israeltas” Lawrence dArabie porque oferece “uma bela. evocagio do otlebre oficial inglés que se dedicou ardentemente Hiberago do povo arabe”. EE? prcito que figue Bem claro que a posi sssunlo€ apenas virual, Ela se realiea no ondigho de um tratamento adequado. Esta exigeacia to havse tanto mais imperiosa quando o assunto @ por mesmo. mais p ios, evangélicos, hagiogrdticos sfo os mals eiicantes, Sao estes n08 quis a elevagio do assunto impée 20 cineasta as diieuldades, nals severas.* Becker, por excmplo, “retraia, sem divida, 4 historia de um méctr. Mas a8 alleragées, provocadas assim como certas passagens do dislogo, conduzem drama a um plano demasiado ex- clusivamente humana”. Em compensagdo, TEsclave da haraon "segue fielmente a Sagrada Escrtura” dando lum “belo exemplo de submissio 2 vontade de Deus, de coragem, de caridade”, e em Barabbas, “se bem que so- mente 0° ponto de partida do filme siga ao pé da letra a narracio ("récit") evangtlica, € preciso reconhecer que conjunto, mesmo sendo obra da imaginagio, € de uma fidetidade por vezes emocionante a seu espic Tais assunios fornecem, por assim dizer, os materiais “nobres” da. arte cinematogratica. Constituem seu marmo= ree seu our. Ao contrério, 0s assuntos que se podem Aefinir pela representagzo de um defeito ou de um vii, Slo pressupostos como negativos. Dedicando-se a uma fatéria por si mesma ingrata © rebelde, o cineasta tem poweas chances de fazer uma obra itil Em Therdse See ee ak 0 Desqueyrous, por exesplo, “0 assunto abordado..., a representaga0 de um mcio provinclano governado pelo di- fheito ¢ 0 “que-dieho-os-outros", sem abertura para 0 spiritual, condue 4 formulagso de nitidas.reservas” mesino ocorre em fa mystérieuse Madame Cheney, pretentagio deste meio de ociosos rigussimos, tniteis e ‘gosta, unicamente preocupados com seus prazeres culpa fds, constitul um exemplo.socialmente deplorivel"; em Fansses ingénues, “o tema deste filme: procura de relagdes anlorosas por adolescentes de dezesseis anos com homens saduros, € extremamente penoso e ariscado” ‘Assim como um assunto postivo em si mesmo pode ser estragado por um tratamento inadequado, da mesma maneica um assunto negativo pode ser, a0 menos parcial~ mente, salvo por um tratamento apropriado. Mas. esta ecuperagdo tem limites: certos assuntos “contra a natu reza" (9 homossexualismo, 0 incesto) sto afeiados pela proibigio. Assim, Le Quatriéme Sexe “dove ser catego~ Ficamente rejeltado por causa de seu proprio tema: 0 hhomossexualismo,feminino”; convém abster-e de ver la Fille aux yeux Wor onde “sob 0 colorido de quadres de costumes, se expe 0 homossexualismo feminina”; tudo & doentio em Le Rufian, “esta sbrdida e lamentavel historia caja trama ¢ 0 adultrio, 9 homicidio, e 0 homossexua- listo"; mesmo quando se tata, nfo do assunto principal do filme, mas de um elemento secundério, o tema “contra fa natureza” nto pode ser abordado senso com as maiores precauges: Voulez-vous danser avec moi? esta colado 5 (condendvel) porque inadmissivel apresentar-se 0 ho= mostexualisme masculino sob 0 colorido de um diverti- mento, sem nen julgamento de valor sobre 0 drama ue isto representa” (0s assuntos neuiros — nem posiivos nem negatives —compreendem um certo mimero de temas considerados como sem gravidade e geralmente reservados. a0 trata ‘mento cOmico, tendo relagio, por exemplo, com os pequenos incidentes da vida cotidiana (problemas domestic, et), ou ainda espeticulos que se situam no lnite do narrative Cnarrati")”(viagens, cagadas, documentirios romances dos, apresentagbesfolelrieas) 5 Alinhar-se-4, enfim, enlze os temas criticos ou “deica- todos 05 assuntos que nio podem, a prior, ser considerados positives ou negatives, mas que se tornario tama coisa ou outa, segundo o tralamento que sofrerem 20 piiblico que os roceber, Fazem parte desta categoria fos temas da sexualidade normal, que os adultos preterem que as crianjas e adolescentes ignorem: a tentacio do Adultério, as relagdes fsicas dos casais, os “numerosos problemas da mela-idade"; ot temas melo-Sexuals, melo socials como a prostitigdo, sobre os quais “as familias permanecem os juizes quanto 4 oportunidade em que se ‘Sever despertar seus adolescentes”; os assuntotginecoli= cos, os debates relativos & procriagso (gravider, abort, controle da natalidade, parto com ou sem dor, esteriidade, Impotencia); os temas psleopatologicas: descrigao da gt nese das doengas mentas, strages do alcoolismo, recons- teugio dos universos esquizofrnicos: operagies como a sugestio hipndtica, a lavagem cerebral, 0 uso de drogas de estupefacientes; problemas como os da frontira entre Inistica ¢ loucura; temas ¢ problemas da juventude que Corre perigo, que so dextinados @ fazer o8 adultos relle- tirem, © apenas eles, sobre suas responsabiidades; dis cussio dev aogbes ou de intituigBes tidas como essenciais para a ordem socal, como a justiga, os Tinites: da. obe~ ‘igncia As autoridades legas,o crime de guerra a objegao de consciéacia; enfim, os ascuntos com ressondcia hist rica ot politics, quando a ideologia que ot anima questiona as poses tradicionais da lgreja Dediear-se a estes assuntos constital para o realizado, a0 mesmo tempo, uma promoeio e um risco, Uma linha fu duas sio suficiontes aos consores catéicns para enviar tin filme para o inferno ou para n purgaton. Sao-tnes neoessérias quatro ou cinco para julgar um lle que trata de um tema deicado (dentso da ordem psicoldgica, ‘oral, socal, politics, religiosa). Ao se considerar apenas os assuntos, 0 filmes s8o diviidos em duas eategorias fs filmes “sem problemas” (ou que apresentam apenas (0 problemas sem atualidade de um genero estereotipado) os filmes. “com problemas”. Estes ultimos rasgam a apa protetora das convengbes do espelsculo. Eles vam, e2 © espectador a una tomada de conscitncia e a um engee jamento reais. Eles transtormam os conflitos dos perso- nnagens em conllitos nossos, A responsabilidade que ass mem ao questionar a ofdem do mundo prope a0 censor um problema: teata-se de um problema verdadeiro. ou faleo? Tratando-se de um problema verdadeiro, esté ele corretamente formulado no filme? Neste iltimo’ eas, ele Sugere uma solugdo positiva, isto é, conforme a doutrina dda Igecja? Respondce a estas inorrogagées nem sempte © tic. Assim como a degradagio do tema postivo ou a fecuperagio. de um toma negative, a passagem de um tema delicado para o bem ou para o mal pode ser efe- ‘alo sob int lugncias variadas. Estas podem reparti-se fm dois grupos: umas $80 obtidas pelo censor através da consideragdo das relagdes entre of elementos temiticns fem particular, de sew enteosamento numa histria orienta da para um fim cronoldgieo, que &, a0 mesmo tempo, a fonelusfo Hogiea e a ligho moral do filme. As outras’ se Ihaseiam em dados menos concrets, mio tanto concernentes 0s coneidos da histria contada quanto 8 sa apre- Sentacio em forma dramética e sua expressio na tela Consideraremos, de inicio, as primelras ao nivel do. de- senvolvimento da inriga emt sed conjunto, depois 20 nivel de sua fragmentasdo em episédios de grandeza varidvel, sempre siscetivels de serem decompostos em unidades tematicas menor 2, Devir dos temas © estatuto moral dos temas, tais coma nis o exhogamor, leva em consideragio 0 seu devir a intriga, Esta ‘dimensio temporal &, contudo, essencial. ExcecSo feita a0 casoclmite dos assuntos-tabus, logo irecuperdvels, a po- Sitvidade ou a negatvidade virtais do tema no se tor- nam efetivas sendo_ sob a eondigio de serem integradas numa evolugio de mesmo sentido. A étiea da narragio esti dominada por um esquema retributivo: ¢ conside- rada como positva a evolugdo que consagra a vitiria do 5 Bem ¢/ou a derrota do Mal; negativa, 2 evolucdo que leva & derrota do Bem e/ow @ vitia do Mal. ‘Em sua forma mais banal, evolusio positiva caracte- riza-se pelo conflto de dois grupos de personagens, 0s Bons e 0s Maus, ¢ a vit6ria dos primeiros sobre os se~ gundos. A maioria dos filmes que. pertencem a generos fudificados (westerns, policiais, et.) seguem este esqu ima, de modo que 0 censor pode se dispensar de espeti cislo (por vers, eniretanto, ele especifica “western cls Sico, onde os Bons triunfam e o8 Maus slo. punidos"; “est fle & positivo j4 que o crime ¢finalmente punido”). ‘Mas a positividade do fim nio garante a dos meios, que sto, 38 veres, injustos © quase sempre vilentos Assim, 0 censor catoliea marca sua preferéncia por formas ‘nio-agressivas na luta contra 0 mal: apostolades pactfics fou patiisas,trabalhos de pioneiros em luta contra a na~ tureza ou entidades impessoais,tais como a ignoréncia, a Aoenga, 0s preconceltos, pesquisas de ciemtstas e de ati tas, todas as empresas mertoias em que se oblem 0 Ext0, sem a eliminagao sangrenta do. adversiro. Ainda mais, vitéria do homem sobre o mat que exté rele proprio, 0 progresso espiriual, a conversBo, a reden= fo, caracterizam o assunto cristo por excelencia, Assim, Comme un torrent, “apos una camishada lenta e dolorosa, conclui com a exaltao eristi da morte que dé, enfin, © ‘epouso da alma as craturas de Deus”; em L’Epave, “este amor e esta f& que uma trigica prova faz renascer das cinzas, constituem a trama de uma narratva interessante zo plano psicologio e humano"; em Tes Fiancés, a WistS= Fin ‘deste ator, primeiramente ameagado de desaparecer « que depois € metamorfoseado pela distancia e pela tempo fem auténtica comunhdo espritual,€ recomendavel a todos fs adultos". O tema & mais edifcante ainda quando s¢ junta & mediagfo do sofrimento e do remorso a interven- Ho visivel da. graca, sob os tragos de um ser fragil © Puro: em le Canari Jeune, "0 rapto do flho faz 0 pa ai entio muito neglgente, tomar conseigncia de suas res= Ponsabiigades para com a familia"; le Prisoner &Al- fatraz, “relatando a evolugio psicalgica e secreta de um Prisionero condenado a ttabalhos foreados que se trans- st forma em un otro Homem, desde o da om que ele s€ igo a um figh passin exe fe € toca, emecio~ nee eminetsente postive" ste cequena da confersfo et redego se completa por aque da tentacao epstada’ 4m her 1 posto ravetsa uma cre duraesa qual € fntado 8 tale St ideal, Ele si tonne frond desta prova. A-maio- fin ds fines. ue desvalvem te exquema gam em foro de um comfito ene 0 amor eo deer. Asi, emt ie'Chevaer de Maison-Ronge, "x hele destas avent- fax cabem aii tn anor capadn que um mario A para avorstr seus aneson polite em fa a= tail de Body’ feach, "0 etolan. de seu, mario reavivaosemlodo ever de ama joven mer Qe 3 Treiava wii, ea for renee a um aoe qie cla Sahin ser inostive'; em fer rage, "ua joer pro= iGsora renunla ‘ina paso ala, para no des iment lane de gen aoe cs valores moras qe Thes ona, E uma iia contra uma. paxaoculpada em tome da vyocatio de educators; Un homme porte base, “tm oa 9 mporiamena al ef dom fe tonest, impor de poli, para com .esranha mulher fom um caso e que serena fer fos, apesar da Stag chreda sobre ee por uma outra mulher qu, 20 ontario, desea a matemigade ice cquenas cxemplaes fem por coro om eb quemas da "derota do mals una apo capa tomas fetta pela demonsragho das caisrofes gue engenra Examen, seu valor eronttavo € menor. Nas a0 & halo E" por ity que.os Hines polcas que ‘tam Uo tena “o atime nio compensa, se benetlan eu Indlgécia lve, A couenut tes vesta histrae Indes robadose eliminate por un deles dea para Joniga a itm palveaem les Cles de tial, "os hrc desta avstra, tio congustam. a sinpatia 9 CSpecialor e sio triveimente, poidos por sa cine, através de sue propins amas" “Fann ov mes que tata de aventras mais oot diana (atten, experenelas sexes, vigindaes ae Gad, ele) pods ent de ua cea medi, tom 55 fo valor de “ligies": la Peou douce, “reduz um adultério banal a sas Verdadciras proporcées: um epistiio digno dde pena cujas conseqitneas se tormam deaméticas. Neste fentdo, ele € moralmente sadio"; em les Amanis de fa Terre de Feu, “ceriss cenas que mostram 0 abandono de dois amantes imporiam um julgamento muito mas se- vero se, no fim das contas, esta paixéo nio tivesse sido ‘mostrada como geradora de uma verdadoira eatistrofe"; La Punition “poder 20 menos sorvir de adverténcia as ‘mogas que. se acreditam autorizadas a seguir até sua ‘asa qualquer desconfecido que se encontra na rua”. ‘A vita do bem ea derrota do mal aparecem maie freqientemente como as duas faces soliddrias da mesma histéria. A vitéria dos bons sobre os maus & duplamente esficante: contém. a0 mesmo tempo um encorajamento f uma precaugfo. Mas esta solidanedade pode ser rom- pida: acontee, por exemplo, que a derrota do mal mio acompanhada de nenhuma vitoria complementar do bem, ‘Av“ligo” fica no apenas. incompleta, mas equivoca: nada indica que a virlude tivesse veneido onde 0 vico fof derotad. A derrota tende a perder seu cariter san- ional por sugerir uma visio do mundo em que 0 mat jit existente evolui constantemente para o pior. Atingimos aqui o limite a partir do qual o esquema de evolugio Positive esté ameagado de se transformar no seu opost, 2 "ligho” exemplar, de se degradar em mensagem de potincia ‘Toda ambiglidade desaparece com 0 esquema de e¥0- Iuglo negativa, que consagra a derrota dos bons oo triunfo dos maus: Impasse aux violences relata a histéra, auléntica ao que parece, de um Hlustre anatomista que femproga assassinos do aluguel para se prover de ca diveres: “cometer todos of crimes para fazer avangar A ciela: 0 autor parece fazer a pergonta sem resolv-la Positivamente,j4 que 0 sucesso do protessor & completo"; tm Te Cri de ta Chair, “os personagens deste filme pro- fram se unir apenas por uma Tigacio dos corpos, ¢ lagucles que esperam do’ amor mais do que prazer {ican Uecepcionados. Esta visto das cuisas, ao. mestmo tempo pessimista e erstica, abriga a convidar todas as pessoas 56 ‘a uma recusa categbrica". Pior ainda: Eté et fumées, Sue parecia mostrar 2 boa influécia exercida por uma roa séria — mas purilana — sobre um jovem médico tde ms conduta beberrfo e Hibertino, termina, infelizmente, de mancira mais que equivoca. 0 anjo de pureza so transfoima, por despeito de amor, no demOnio do mal” Estes filmes nfo sio repreensivels porque pregam dire tamente o mal, mas porgue colocam em divida a eficicia do bem. Condenam © homem 20 desespero, negandosthe f9 poder de mudat seu destino. O tipo mais Corrente apre~ Senta hetdis fracos, inconseqientes, prisioneiros de seus prazeres e de seus vicos, induzidos ao mal e a decadén- Gia por uma “natureza” contra a qual eles no tentam reagie. Assim, em fe Désordre, “0s seres apresentados Sho todos fracos ou faradas e se deixam levar, sem vonta- de de lutar, por seus demdnios pessoas. A almostera que tdi decoree € decididamente pessimista"; da mesma forma, fm Criminal Sexy, 0 espeticulo aflitivo de um jovem rapila, covardee fraco, dominado pela loucura de roubar €umatay”, condue a uma rejeigse categoria; Femmes foupables & eondenado porqde "nko indica jamais esta evdade primeira: cada um de nos é, a partir de um Certo ponto, responsivel por seu proprio destino”; certa- mnente'0 autor de les Gargons "parece indicar que do ex ‘ceas0 da abominacio e do desespero pode brotar a espe fanga, mas isto esté to velada que & praticamente n= peroeptvel™ Mais diffceis de julgar sio os filmes que apresentam com simpatia os estorgos de herds em tuta contra seus Alembnios sem que o sucesso paresa coroae seus esforgs. ‘A mmensagem do filme contin, entio, equivoca: € pre= ‘iso desir se ela significa que o cumprimento do dever ‘Cum valor em si que dispensa recompensa aqui em balxo, fou se ela conclui com a impoténcia do homem, com sua ‘decadéncia neste mundo, e com sua danagdo no outro, Esta hestagao.transparcce, por exemplo, na_apreciagio the Prix dun homme: “os estorgos de wm jover em vista te se adaptar a uina vids normal constituem, sem dvida, tum aspecto positiva. Mas 0 conjunto do drama (...) pe a mancce uma comprovagio muito amarga, desprovida de esperanga”, ‘A dificuldade & maior ainda quando a fatalidade, em Iugar de se enraizar na representagio de um determinis- mo psioldgico e social, se refere a postulados religioos, ‘esttios, ou flosdtices. Pelo contri, pessimismo no menos repreensivel, mas um interesseliterrio ou artis tico vem freqientemeate compensar a fraqueza moral da obra. E' o caso, notadamente, das abras inspradas nas filosotias ¢ nas iteraturas ditas do absurdo: em Fimor- tell, de Robbe-Grillet, “aposar da beleza formal incon testdvol da obra... uma espécie de fatalidade ‘placdvel parece esmagar of seres ¢ d& ao conjunto uma atmosfera Subjugadora e pessimista"; fe Procés, inspirado em Katks, “so pane ser reservada a adultos esclarecides que saberi0 reagir e encontrar, diante desta concepgio da vida sem salda para'o ftomem, o sentido da esperanga crst"; & mesma’ sangdo aflige tes Séquestés «Alton, filme ins Pirado em Sartre, devido a "flosofia do desespero que fe rellele neste time”. Certamente, poder-se-ia discutie a interpretaedo “pessi- rmista” que o censor catlico asibub & miensagem dest filmes, mas este problema no nos iateressa ag, O i= portante € destacar a existinia de uma categoria formal, © "pessimismo”, que auailia 0 censor eatdicy a reprovar cerlas evolugSes da iniriga. Este ponto de_condenagio eve ser nitidamente distinguido daguele que se relere ‘mio. ao destino dos bons © dos maus, mas a definigto niesma do bem e do mal. Os bons e os maus, segundo 0 filme, ndo so necessariamente os bons eos mau segun-= do a’ Igreja, Numerosas obras que seguem tim esquema ‘de evolugao otimista (certos filmes soviticos, por ext lo) mio extraem dele uma ligio muito mais acitivel do Ponto de vista da moral cris Else no privam o hemem de esperanca, mas 0 enchem de esperanca® iegitinas, Sua negatvidade depende entdo, nio apenas dos temas ¢ de sa evoluedo, mas. do conjunto dos métodos pelos quais (© realizador expressa suas preferéncias: € a mensagem tl filme em set total que entra er contlito com ns Va lores cristdos (et. abaixo, p. 71), 55 3, Bpisolios e dtathes negativos Falamos até agora do assunto e do tema do filme como te ele se tratasse de uma entidade indecomponivel, como se houesse 96 um tema ow 86 um assunto por filme. Tra- tase, € evideme, do uma simplifcagso arbitrria, O con teido de um filme se apresenta, na realidade, como um Conjunto de temas combinados, mais ou menos integrados nna mensagem global do filme. E" a unidade de uma mult Plicidade, esta multiplicidade comporta necessarlamente ementos negativos, que serviiam apenas para rechagar fs elementos positives. E° preciso mostrar mal para valociar o bem: & uma exigencia Logica, esética e moral Inevitave, Mas quais so os limites destas_exigencias? Em que condiies um episddio, em si mesmo nocivo ou ‘eseandaleso, & jusificado por sua fungio na harmonia gral da hist6ria? A partir de que ponto, ou para que piblco, ele se fora, ao contririo, mais perigoso do que {itl? Como, als, se pode avaliae 4 importancia do esque ma narrativa que atravessao filme de ponta a ponta, mas {que por outro lado representa apenas sua esteuura abstea- ta, com dotahes, fugazes, mas dados concretamente na percepgto de um’ plano, de uma imagem, de uma palavra? Estas dificuldades podem ser resolvidas apenas apro~ ximativamente,E” sempre possvel 20 censor isolar de seu ontexto tal elemento femstic, atribuir-Ihe uma cota par ticular e se langar em seguida a uma operagdo artimetica Intuitiva, de modo que a cota do filme seja a soma dos valores positivos ou negativos das elementos iolados. E' assim qe procede, em geral, 0 censor catbico: comes por fazer una apretiagao de conjunto sobre o tema global, Sepois entra nos detates, destaca aqui ou all, um episo Gio, uma situagdo, detalhes menores ainda (um gesto, uma latitude, uma replica) numa contabilidade que coloca m0 mesmo’ plano, por exemplo, “dois homicios cometidos 2 sangue-frioy virias improcagBes; uma relagso (Classe tous risques). Cada um dests microtemas se transforma, seo tema geral €& positivo, mum elogio suplementar ot numa reserva; e se o tema geral & negativo, numa agra ante suplementae ou numa circunstincia atenuante, 5 [A grande maioria. das queixas dlirigidas pelo censor calolico contra os filmes. de-produglo corrente. nfo leva fn conta o toma. principal, quase sempre escolhido « ‘desenvolvide segundo as normas de um conformisimo ei fgovoso, mas, sim, episioe secundarios ow detahos con- Sklerados imorais e chocantes (para todos) ow traumati- zantes (para aqueles de sensibilidade ainda imatura). Enire dezenas de exemplos, aqui estio algumas aprecia- hes caacterstcas de diversos grandes géneros. 0 ‘western Fureur & fOuest: "0 tema deste western clisico a eeabilitagao de uma antiga dangarina, com um pas ‘ado dbo, que se transformou em uma esposa devotada, CCertasvioléncias, algumas situagdes Hicenciosas, fazetn-n0, ‘contudo, resomendvel s6 para adultos"; o filme de aver turas histéricas la Terreur du masque rouge: “num filme de ago muito elissca, uma cena baseada na tortura © ttre na flagelagdo, uma danga mito sugestiva c uma de erotismo e de astasinio impiem nltidas 0 filme de guctra [Arsenal de la peur: “este filme € um novo testemunho do absurdo que & a. gucra, ‘de 6dios © violéncias que envolve requcr ="; 0 filme poicial ow de espionagem allo, brigade spéciale: “este filme poliial & positivo, 0 crime enfim punido. Entretanto, prolongadas cenas de angistia, turn lima desageadavel e uma soqléncia bastante eseabro- 4, Tarlo com que seja destinado estritamente 3 adultos"; © filme de terror fes Ennemis: “este filme confuso, com tiltiplos sobressaltos, se desenvolve mum meio de mule= res © de cabarés, Policais de costunies pouco.rigtdos, relagtes obscuras, taighes. Seu amor pela profissio 6 sem divida, 0 raro elemento positivo deste filme policial fom cenas de tortura violentas Com algumas variantes na formulagdo, 0 catdlogo dos Ingeedientesnegativos ¢ logo. claborado, les afetam Drincipalmente i785 registros: violencia, erotismo, sacri- [egio, Enumeramos para o primeiro: "crueidades initls”, corpo", “brigas de mulheres vorturas, “torturas de mulheres", © HlagelagSo) sadiea", sacrficios rittais ds “eonas de lowcura assassina, “linchament de violagio", “evocagfo disereta de uma violagHo", “onas ppenosas’ de" discordancia conjugal”; para 0, segundo: eenas.sensuais", cenas muito. sugestivas”, “cenas de intimidade”, "cenas de sedugao", “cena de amor live entre dois jovens*, “um belo em close-up", “imagem bastante insistente de umn decote generosa", "licenciosidade na line guagem e na maneira de se vestic", “deshablls provocan- fos", "exibgbes generosas”, "nudism quase-totl”, “di 2s provocantes”, “eréticas”, “orientas", "apresentagbes de striptease”, “eenas de orgia", “alusbes 20s prazeres dos. marines em tera", "costumes e vocabutirio de ‘eserna", "proplsitos crus'e Fabelesianos"; para o ter ceiro: “reflexdes malévolas no plano religioso” les Cu rabiniers), “observagio antclerical totalmente gratuita. © ‘sem graga” (le Diable et les Dix Commandements), “pre ce sacrllega”, (Quand la colée éclate), “um canto. des- Tocado uma’ Igeeja” (es. Tontons flingteu). "AS vezes, enlelanto. bem mais raramente, 0 censor catblicd tealga detathes postivas, S8o, em particular, in- tices que situam a inriga num ambiente cristo, ov a0 tenos religioso, Os dramas que parecem os mais exchi- svamente humanos também se desenrolam sob o olhar de Deus: esta verdade, sempre é bom lembrécla se bem que diseretamente." L’Aigle de Guam: tem “uma excelente apresentagio moral com wna nola religisa disereta mas cfiaz" em le Jour le lus long, "a nota rligiosa, disreta, rio esté ausente™; em Te Camp de la violence destaca-s¢ “o papel henéfico'de um padre eatlico que ajuda a re- paar un erro judiitrio ocasionado por um falso teste puma” 4, Neutralizagio do negativo Postivos ou negativos, os elementos femiicos secunds- ros (que se desevolvem em unidades flmicas do tama— hho da seqiéneia ow do. plano), desempenham um papel a decisive na apreciagSo do filme. Juslamente porque eles ‘Ho considerados ingredients acessbrios, de siodo algun tispensdveis 20 desenrolar da intriga, mas desempenhan- do, sobzetudo, 0 papel de tempero ‘dstinado a. realyar lum alrativo do espetdcuo, estes detathes slo considerados 2 podra-de-toque das intengbes do cineasta. Estas rara~ mente sio consideradas paras. Os Ingredientes negatives ao mais diffeis de se justficar quando se trata de uni ddades temdtieas menores, logo, de detalhes fdceis de se ‘uprinir e trocar, e de elementos mais eoneretos do espe ‘culo (uma imagem, uma atitude, uma frase), logo, mais impressionantes. Nem todos podem ser suptmidos. Av senos pade-se cliinar 0% mais perigosos, pedir que ‘8 oulos $6 sejam apresentados com as precaugbes pro Pras para combater sua nocividade. Esianeutralizagio.se opera por diversos meios, que se pode reagrupar sob (ts rubrieas: — no entrosamento da histdrla, equllibelo dos elementos temsticos negativos por elenienios positives capazes de contrabalangar su in fluéncia; — na relacdo da histria com os espectadores, ateruagio dos elementos suscetiveis de causar uma im- pressio mito forte; — na relagdo entre o realizador © A histOra, adogio de um tom de narragdo que implica 4 condenapio dos elementos negatives. quite ‘A evolugéo positiva do um fema negativo realiza um recquilbrio perteto, j4 que, neste caso, & 0 desenvolvi- mento da hitGria. que apaga, tanto. no espiito. does pectador, como nos fatos apresentades, a impressio. de- Engeadavel criada pela apresentagso do mal, Na austncla ddaguele, outs formas’ de contrapesos temticos podem ddesempenhar um papel aproximado. Por exemplo, 0s herOis ruins, ow que evoluem para o mal, deve corres ponder a aniteseedificante de um her6l bom ou evoluindo ppara_o bem: em fee Aventurirs du Killmandjaro, “os Interesses dos mercadores de estravos e do engenheito {vido sio combatidos pela lealdade de um outro enge- e elo aos nobres principio"; FEnfer dans ta ville, “equi Tira, pelo arrependimento. oa. pelo remorso de algunas detentas, a determinagso de algumas outras @ coatinuar no mal"; em la Belle Equipe, “um amor honesto con- dduzindo & um casaniento por simpati eoloca em cena uma mocinha pura que se opbe & mulher adiltera”; em Chateurs ‘eté, “uma moga sadia e séria, entre jovens'sem moder ‘40, atenua o clima nocivo deste filme”, Bode igualmente ser considerada como desempenhando tum papel de contrapeso a condenacio dos elementos no~ gativos quando resita nfo apenas de sua transtormagio ‘a intriga, mas das posigdes tomadas pelos personagens Hicidos, evidentemente designados pelo cincasta para Ihe servir de porta-voz junto ao piiblico. Esta forma de neu- iralizagio € reclamada pelo censor catdlco em todos 0s casos em que ndo fiea claro para todo mundo que a8 situapbes ou os comportamentos apresentados devem ser condenados: isto se aplia, em particular, 2 coneubinatos, suds, divcios,e outras condutas em euja apreciagao 4 Tgreja’ alo concorda com a moral corrente. Assim, em les Dimanches de Ville-d'Avray, “uma telagio amorosa ‘nfo crticada reservard este filme estrtamente aos ada tos"; em Des ennulsd ta pelle, "um divércio, abertamente aprovado, faré reservar ese filme, ali inofensvo, esti= tamente 208 adulios"; Panigue, année 2éro, "“apresenta ceenas de individualismo feroz, muito vagamente erticado, ‘que motiva fortes reservas”, Pelo contrari, a desapro™ vagio sem ambigtidade do divdrei, em Deux sur une balangoire pode ser toniada como um modelo do genero: "o encontro de um hiomem divorciado que nfo pode, no fundo, se separar de um passado do qual entretanto no se orgulha, e de uma jovem dangarina de vida live, mas de bom coragio, no pode atingir a felicidade, porque, diz 0 hergi: um casamento Zo pode ser considerado lk Entretanio, ainda falta muito para que toda tentativa de equilibria seja julgada ‘satistatria, De inefo, a. ne= Batividade de certos temas tabus (0 Incesto, 0 homosse= Zualisma) & quase lerecuperdvel: em La Fille aux yeux or, "as conseqitacias tragieas do amor contra a nate 8 sean & patio als normal da Seroina por um ove, alo it sem-vergonice apenas tm conten ie 15, Que Sess deve sur condenae Spr de ua crest am cnporanen el aaa nis enpanar” Certs Gestechos morale sen toma de “inber™ chegem Tarde demas 3 sas oc demas arial pra se fazer conineh- ee Lions dangeeuts 1960, a Jost ines {es SMhmas ‘imagens nfo rj de" lnc alguna iazraluadeiseca dota asim como em {Educ ram tientte Sua, smoraiaade que gal bana {oi mage nemo torn nal da fea ead Sejogal"e gor que melos —chegn a salvo. _xrenuagho auiltio tem por objetivo neutealiear a imoraidade acer conoranein aug fe, rey s*opjetv ‘Ue ela a Hnconeniaca de cet represen- co Oe Givers mtd. qe pdm ser englobados {Shsta rbrica tem por caractrtcn comm stilt na ‘atnua ene 0 acontecimen ‘0 espectadon, de Manca @amoriecer 0. ehogue que ste poderia sent te contontar muito brualvente com o element nega- Meat Safbtontameno" pode angi ea tema =e SU presenta como cepstacla ma radon gens suas ¢ S000, : ; gato é ma Taiieote auto se nf se rele, os ae apent a ons 4 sages @ a Probes sa gus 0 espetador ct envio, Tamm os fines TMjaTheto be tun num quadto. geograico ot isi senate beneictm deena indlgenia maior ls preva, gla coisa GC. RoTy gue aise ge fgpresid desngradive posse ser atenuada pelo ead try bra, esi Te hear arn“ spe de am monge combate pode set acto se G4 ererngo aun eestumes da puch Conan arament fsx nenuagdo cond 9 ma netaiasio compet. O Prvder de sugetio de conduias repreensiveis, do porto Ae vista de tm eristéo ose KX, nfo se apagara devido 4 retrénciaa contumes pags © babar aie pscologamee gun su, am lve eae hua conden em qualquer tempo ga’ en abel, Osun de els romana qe tone Wey te de aa‘ siplicio,e a relago sea — Anal ropudira sua muther —" provoeam pequcnasrsserias E> preci tin lesqucer_ que extimot no conteno de ceasso Cavtaginsa © romans" ‘A "segunda forma do alenuagio retere-se & tradugdo do tema por imagens. O mérito mais comum de tam Dor, tealizado, 20s olhos do censor tac € descr "ee fret" aber evitar a "benevolaca” ha eepreentgao db ia. Na economia gera da mensagem,v pecivo drs Ser mostra de tent, 0 negative de manele inet, Este principio € vido para das as espe de ice Nor fms de tre, que se origina dem genera ete reoipado (western es de avenue, ines a gue #3), le € aplicado parcalarmente na aprtenant das cenae de viltnda ‘eatin no tatanenty ese problemas “deleados” cle se toma freqntemente seas Inador para julgar a purees das jntogdes do cinta na passagem do plano arratvo dos tems a plano do espticulo, das atagens, que comumente nie se salva ou se condena. Assi, Viire sd ve € salvo Polo extn caidcos “realizado om pudor ¢ disco, eae ie lata sem seins benevolence taxa de uma jovem do interior que acaba 9 pros, Racamenie a condigho crit dagucla que ce prsta fol posta on fant ito Ao contri, Te Senha Che tine Keer, “se bem que pretena tracer am ‘ese ¢ exicar ‘© mat este Hime 0 apreseta, eet com tanta beneolenla que devemos formatnenterjetiles Ge les Srpieaseuses, “uma pesquisa, pteliges sel, 4k bombo a um espetcuo que degrada a iigidade da essoa humana e Tar da miter um ebjelo dpa sevens etigmatizar atravis de Ce monte ilerdl “exc aero de prndstes que, sao preteno de Jenin 9 Mic, faz dele uma exponkgo bens e seme ; 65 0 par discrigéo/benevoltncia no € contudo a alterna tiva obrigatéria de qualquer apreeentagio do. negativo, (© censor catlico reconhece una terceira possibiidade, a do tratamento que cle chama “reallta". O nogativo & rmostrado sem atenuario, mas igualmente, som excess. Admite-se (48 vezes em beneficio da divida) que 0 re3- lizador tenha. querido chocar, no para satistazer uma turlosidade doenta, mas para ser eflcaz. Em le Chemin de ta mauvaise route, “0 autor na representagio muito rua que ele nos d de jovens nto adaptados & sociedad, sabe evitar, 20 mesmo tempo, a condenagio farsaica e 2 aprovagio deseavolta, Ele convida nitidamente 0 espec~ tador a refletir sobre suas verdadeiras responsabilidades". AAs vetes legtimo, o-tratamento “realista” nunca ded de ser perigoso, Na melhor as hipéteses, cle tem por feito exclu as criangas ¢ adolescents. presumidamente mais trigeis. Le Petit soldat, por exemplo, “demuncia om coragem este esctndalo ‘de nossa época que & a fortura e que muitas pessoas, hipocritamente, parccem ignorar. Mas a apresentacao de virias destas’cenas de forturas sto enderecadas a um priblico de adultos esc recidos”, ( filme natuista suscitaria um problema semelhante. 0 censor eatélico nio ertica o naturismo como doutrina, ‘mas reprova a apresentagéo do nudismo na tela, Daf, segundo 0 ca30, 4 reprovagdo da exibigdo benevolent: “sO se pode condenar o filme, que, sob 0 pretexto de propaganda natursta, nos apresenta’ um espeticuloinde- ents, absolutamente inadmissivel” (les Nus aut soe), fu, no melhor dos casos, uma alitude reservada: “a des peito da discrigho que adotaram os autores deste filme de propaganda naturist, ¢ preciso desaconselhar sua apresentagde a todo publica mio. preparado para com- render seu espirto™ (le Paradis des nudistes). © “realismo” mais faciimente tolerado nos filmes com tendéncia documentiria do. que na pura flcgfo: a necessidade de determinar uma conscientizae%0, de "abrir 0 olhos", justitica-o. Chegamos a este paradoxo: os ‘onteddos’negativos fetcios, nos quais nfo se acredita, ‘slo mais severamente sancionados do que aqucles que 66 stio imbuidos de um forte coefciete de credibilidade. Em les Longues années 39-45, “os adults © os adoles- cetes que no viveram estas paginas da histria, trardo provelto de uma ressurrelgdo deste passado prOximo cujas Imagens as vezes brutais, mas objetivas, incitam a uma salular relexio"; Vaingueurs et vaincis, “esta monta- gem de documentiios histricos, extraldos dos arquivos, azistas, € muito ralista e cruel. Mas insrurd os adultos fe 08 adolescentes maiores que freqientemente ignoram 0 ppassado ainda préximo”, Chegamos aqui a0 limite do a= ‘gumento segundo o qual € preciso proteger, a todo custo, 08 jovens das revelagées muito brutas. InaEaLieagion A estas formas de atenuagdo poder-se-lam acrestentar ‘outros tipos de “distanciamento", que tratam menos de tencobrir os elementos imorais bratais ou indecenes que da lerealizagdo da obra. cinematogratica em seu. conjunto Em primeito lugar, a incluso do filme em um genero ‘oditicado € freqUentemente. considcrada como fator de Trrealizagio dos conteddos. Eo “efeito de forma”. Quanto mais a8 convengoes do filme so demonstradas, maiores ‘hances fem ele de ser considerado inofenivo, O censor indica apenas pela meméria, em um filme de_aventura, “rumerosos combates em que a vida humana no importa ‘muito, mas que entram nas coavengées de um gonero no ‘qual tudo & superficial”. Da mesma manera, numa #e- Uospeciva de westerns, “os tiros sio to mumerosos que info’ podem mais ser taxados de violencia” (Dix dit Texas); e em Rocambole, “nentum adulto seré tentado ‘a dar a minima erediblidade e ainda menos qualquer valor ‘exemplar as agGes reprovivels do legendario herdi de Fomance-folhetin”. E' importante, contudo, reakar que esta indulgencia rio ¢ a regra, Primeiramente, cetos géneros cinemato- friticos muito estereotipados’ so apenas mais severa- mente condenados. O filme de terror, por exemplo, & uma a das colsas que 0 censor catdico mais detesta: “nada falta: a8 brutalidades, a sensualidade das dangarinas, © © espectro com aparéacia de plasma que se alimenta de Sangue humano, E este eepeticulo de horrores & suli- ciente para reservar este filme estritamente aos adulios ‘que ainda ngo estio cansados deste género de espetdcul, aliis sem interesse” (Maciste contre le fantéme): De ‘outro lado, as banalidades proprias a cada género io julgadas unas com indulgéncia, outras com severidade. Seria facil estabelecer para cada genero cinematogrtico tuma cota de principio, indo do preconceto favordvel a0 westerns a condenagio a priort do filme de teror, fe ‘cando claro que cada filme comporta 0s elementos origi- nais que agravam ou diminuem os perigos proprios a0 ‘enero em seu conjunto. Persiste que a inscrigSo da histria_nas convengées de um nero conduz a'sua banalizagto, logo, & menor atualidade, & passagem para o irre, Da mesma maneira, a8 fantasias postcas, os filmes aos quais 0 aspecto da Pesquisa estéica tem priordade sobre a funsdo de teste= uno, os filmes coreogréficos que exageram um argue mento mesmo libertino (com a condigéo de que 0s passos de danga e as alitudes nfo sejam demasiado “sigesti= vos") levam a menores conseqiéncias que os outros; da Imesma manera, grandes temas como Tristio e Isola, Fedra, Hamlet, 40. considerados como desvitalizados ragas a sua inclusio no patrimOnio cléssico: "O universo de Shakespeare implica em espectadores adultos. Mas os hébitos escolares e as necesidades culturais tornam este espetdeulo proprio para adolescentes". (Hamlet): da mesma maneira ainda, certos filmes antigo, inclutdos na histvia do cinema, e podendo, por este ttilo, ser consi derados como os vestigios de uma outra época: “bem esmistifeado hoje em dia pela patina do tempo e da notoriedade, 0 assunto ent st escabroso deste filme © 2 manelra pela qual ele & tratado aio poderiam ser contra indicados para espectadores estitaente adultos ou, a0 menos, de einfilos esclarecidos” (Tange Blew); da mesma manera, enfim, os filmes mal feitos que visam provocar 68 terror ¢ que ndo sé conseguem provocar esos, consituem as involuntrias parddias do genero a0. qual pertencem € ‘anulam a nocividade de sim pablico adulto: “insprada fem uma novela de Maupassant, esta produgio por vezes ‘ragi-comica guardow sua atmostera as vezes mirbida € pretende ser slucinante; a formulagao tlosofico-religiosa © das mals simplistas os espirtos esclarecidos rirdo dela (Fétrange histoire du jage Cordier)"; En plein cirage, ridiculariza todos 08 valores “com tanto exagero, ‘que enfraguece seu alcance"; e em la Chaste Suzanne, “nesta operela 0 bont-senso’é, certamente, ainda mais atingido que a moral”, ‘Numa narrativa (“écit”), a responsabilidade moral do narrador, st& comprometida com 08 julgamentos de valor ‘que ele atibui (ou recusa alribui) 208 aconteimentos que narra. No cinema, onde o narrador 36 se diige ex- cepcionalmente ao piilico, estes julgamentos se expri- mem, seja de mancira explicita, mas indreta, de um_personagem autorizad: plicts, pela adogéo de um “tom?” de narragio ration”). © tom marca uma espécie de desdobramento da men- sagem que comunica, de'um lado, uma historia, de outro, tum julgamento sobre esta histria, em iligrana ou su perpasigso de imagens. Pelo tom, 0 natrador se compromete ‘om os contedos que mostra. Esta nogio € tio indis- pensfvel quanto cific! de se delimitar por critérios pre- sos, salvo no caso, aliés freqiente, de um filme que pertenga a um género cinematogritico (sitira, comédia, pigee d thise) caja forma esté tao fortemente codificada ‘quanto o conteido. Neste caso, 0 géncro expée 0 tom do filme e supre a faita de uma palavra dircta do narrador. (0 emprego de um tom definido permite uma retomada uma reavaliagdo dos temas que pode, ou infirmar os Conteddos se sto negatives, witapassdelos em ditegao a cy tm ideal que 08 nega, ow conics s€ $80 postos, srapasétos em esto 20 ideal que os fundamen Em frente a element pontos, 0 tm 9b pode se ma tear de femora, de compliciade, de respite, Em frente 4 elementos negation, x0 contro, pode-se ulizar um feisio mais etenso_ A apresenagto dos horrores fucrea torah iflersvel por un tm de indignayan: A Fauve di tame jour & "un longo grito. de revoia contra 0 horror,» injtiga et ntidade ea. guerra” Da mesma mancre, 2 desrgio da pandes © ds vicos escapa 4 bencroéncia © adie um intrese de anise Com un fom le descr elnea: le Couten dansk pl, “esi agen de cle po seo de um caal em esa soni ns € aptentaa’ com na era dtc se fa una consatagn do malcom ae consqinens qe dle deriva: crime fusura™: Mas € stbrtado tom fbmico suas variates a onia 0. humor, ete que fornecem mumerosos exenplos de temas negatives” neue tralizadns ou, a0, menos atenados por un trataments segundo Yom ctimien tem, em era, um efeitodssolvente. fm fa Bonne Soupe, “9 esi Ironigo atenn 0 aspect escabrso de situagirs 4s ezes chocones"; mn Poser fot cherie, "0 tora da hgamia € tatado. com hnmor Sendo evitar cenas ecabrose'; em Heute au plop, “os antainnis eo smpense slo atenuados pelo tm humoristeo adotady nesta coméda posal Lm drte de parasien, "€ um amv deseulibrado cujas avers turas fo Tato oe imensa fantasia, Isto tena mato alcance que stas coneepter totalmente fle da vide Feligiosa ‘eda vida soi poeriam er” Nesies exemplos, a iron e 0. humor nfo. fazem serio mestratzar 3! nia Go clementos negatives, Fama. comicdade qu inealza, no una, comeidade due conden. Nasa fonia ¢ 0 humor podem guaimente xecer uma fungio desmisicadrs, elevandose 30 fom da sda. Tormse, enti, francamente positives € umem 0 valor de igfes- Astin, ls Titan si0 uma “oa desisttcaso. dow mes dios ologios. As Bae ” fatnas nabituais no genero, so tatadas com um certo hhumor ¢ sem maldade"; Sime de Sstragio, Mlodie en Sous-0), “mn ao menoe a vantagem de desmisiicar & fssio de lato"; Mifiezvous.Mesdomes "podeia Ser considerado como una fabula humorisiea, desmisti= ficando teapaceros ¢ ladetes, O feign virou contra 9 feito”; em compensagto, em La Difialé te inf {ite “0 alo adlterio, que consi o conteido do sme, ‘to & bastante desmisiieado plo tom que pretende se? frumorisio (tom de desaprovaglo que age positvamente em face a temas em af mesmos negativs,fora-se negalivo fs apicado a0 talento de teas position. A ion, Partilamene,perde ses dietos quando age 0 Sa. fra, Degrada-se,entio, em "humor negro". Asim, le ‘Mari deta ferme barb, "encontra prazer no desprezo da’ mulher, e-mum humor negro baslante odioso"; da rresma manera, em Sdute et abandonnie, "0 assunto hordado, a integridade de una moqa", no deveria ser teatado num tom de brincadeira; em Assassin connait Ta musique, “o hamor megro deste time ado justice desagradavel opniio preoncebida que conte em rd Cularzar os princiiotreligosos concementes & questo flo divérco, ¢ em mostrar os catlcos praticantes como Telardaos ou hip 5, Mensagem do filme ¢ valores cristlos Podemos reagrapar em algumas rubricas 0s pontos nos {qais 0 censor catilico opie com particular vigiltneia as fxigencias da moral crisis. 48 concepe6es implictamente Admitidas, ou abertamente detendidas, por correntes ch rematograticas nfluenes, Os problemas da vida sexual © do easal ocupam 0 primeito lugar entre estes pontos nevrilglos, Contra u on times que apretentam a fberdade sexual como na- {tral int lepine mostnn com simpaa Ye expe rlemcian souls ow 35 reagbes fora do casamettos as se"aboitm de condenar 0 adaltin; que eomilera coms isto Hada ns foumes, Ose requerem seu reconkecmento Tegal (oa iin por exc Bia), censor calc, Tembras em quaauc, peta eves farer ome, para quem fete a liberdae de comportament 880 chess Aaturals e inven"; ke Flere dans le sung, sts a rovar que toda proiigio seal € uma font de desee Gulia paras jovens que se ant sncrameate Este Bostlado (...) requer certs restigbes™ presto dee Saconschar fs Vite, me “que apresats sence a Vegndade como um preconsio ultapaneadn'e a he 0 como um enirave a0, detemolvineno”. ©. aso Yale para’ Un couple que “sone o tse laser so, saniento parecer como uma instinct aseada na meas fa’, € que desenvolve uma "nora de snestade oc eaclit qualquer uniso drivel, por ser medtacre dex Prezivell: Divorce 6 Pitaenne & condenaso por et “wana Stra legilato italiana gue raea'& inoue do casament; da mesma nance, les Femmes arene, ae “a anspor que oars pia tse 4 tnalor parte day situate aposetadas al come ee ‘saida"; em diversas comédias american: ate inofen- sivas, ou mesmo atrantes, “© deplore! Gus tomate Com um dever fazer pasta o protagonists por oe orci em vias ‘de'um novo casamento” (Corganais our quatre): "é deplrével que a tniea suet tec Fvel que se apresenta ao espectador sci ovo eae ‘mento de um "vivo com ‘na dvoreinds, ae dee Sinpitica” (1 fout marer papa) RESPEITO A VIDA CRIADA POR DEUS Em seguida, vém os femas, situagdes, acontecimentos de excegdo, nos quais 0 filme aprova ou se absiém de 2 ondsoar,o aborts, a eutandsia, 0 sue, questionands fssim, © prnepio do reopeto devido 8 vila erada por Deus Seem les Beatnik, "no que se refere 4 delicada {questo do aborto, a doutina cali esd exposta com dignidadee exaidio", em tro, denunca-se em fe Man- fear de Cirulles "a aude pelo menos anbigua do Suto, em frente aos problemas go aborto e da vida em familia"; Ye Commando fragué requer eeras eserves de- ‘ido a fun debate de consclécin que care 9 eo de Valoriaro siiio de hon meso em PEspione se Nounda, “0 tema do filme conven spenas a08 adullos ton adolescentes mais velo, ge sabera0 condena, fom se doves o suc epitoqe assm escape fostiga dos homens" ‘O mesmo julgamento € dado aon casos de eutandsia. Em le Capi, fie de aventura, as positivo, " pre- fh, enteanio,assnaar uma importante restiglo que tir respito a0 esto que pe i aos sotrimentos de uma fete agoia ey mesmo levandose em conta inten de aprecar a responsabildade do autor deste ato, © in- ispnsivel que te vecrde que este € condenado pela mmral atl; cm fe Batson ardent," consto ie feina nas imas seqincias, levariao espectador in uen- Shine a concur em favor da eulanda,-enquanto que fla € totalmente condenavel do ponto de vista cristo" esplnero DE VINGANCA © tema da vingangs © sia valorzagso mais of menos explicia, 0 clenento voter dem mimeo comer times, perenne, parla o8 gneros als onvencioais (wetrty pola avertaras)- Raos 3 ts cans em le como eon Aeon BU, 0 censor pode Ahstacar vate postva de tone qu, ap08 ter vei rar uma vinganga pessoal, se eoca ‘a seri ae unig O pity de inganca se manifesta com Inaiortegiénci tomo perigoso paras. do tema, te todos postas, do punto dos mats Ash, desiaca-se a crn tes Desperados deta Sierra “uma cera exaltago do buandido justice”. Em le Horst, “conven que 32 ree as alos cl vngana gu = forna snp fracas a0 herdi-e as clrcuntancias, vinganga 8 que 0 Publico adere iconsclentemens"; em “frais emalers hors, "una vinganga sistemitica’ © inpledosa impor, fapscar das circunstanias atemuanes da qual € acomps: hada, este filme como reservado aos adultos © aos a= lescenies A mesma sungto linge les Mystere de Pars, fem r2z30 “ fato alo reprovado do ofendio acreitar poder fazer jusga por si mesmo"; Peau de banone, por- {que “ndo seria prec que este istema de justiga pessoal parecesse juniicar o pitipio moralmentecondenavel > fim que jusiea os meow", ta Roncine efi, "sem ida este eeu. maguavico para saisazet uma vin- tanga longamente amadurcida ¢ preparada, eta denons- trad de fraqueras ede Daineras pam lvar 8 adulos 2Uefledo, mas fa expetacil. requer reste, devido 2 reeusa do! perdio, pegada sistematicanente MATERIALISNO ATEU E IDEOLOGIA. MARKISTA Os filmes provenientes da URSS © das democracias Populares apresentam a0 censor catlico 0 problema com- plexo de um moralismo muito esti, mas’ desviado. Sto, filmes getalmente positivos pelas virtudes que exaliam (heroismn, abnegagto, £8 no futuro), mas sho. negativos pelos prineipios que animam estas virtudes, e pelos fins ‘que elas perseguem. Por exemplo, Contre vents et marées “se bom que nao deixe de desenvolver uma certa ideo- logia marxisa, 0 amor indesirativel que uma jovem noiva edica-a um combatente que cla esperard, em vio, eontea ventos © marés, € um belo exemplo de coragem ede fidelidade”. Quando surge a oportunidade, 0 censor ca tolico critica igualmente nestes filmes. (s0bretudo polo heses ou teheens) uma concepeto do casamento atastada dos prncipios cristos, atagues contra a religido, ete; em Une file a parle, de Wajda, "se bem que o tema prinei= u pal aqui teatado soja a herdica rsistncia polonesa a0 ‘cupante nazsta, este filme de Inspiragio marxsta co porta elementos subversivos que tondem a demonstrar a ticdcia da ideologia comunista, & qual o autor opde um Cristianismo ulirapassado ¢ inoperante”; da mesma ma- neira, Appossionata “opse 2 concepeio “burguesa” do fasamento Aguela do amor livre do marxismo, com uma fevidente preferncia por esta tima"; em Clel pur, "0 valor exemplar de fidlidade, de coragem e de perseve~ ranga na adversidade dos dois herdis do filme ¢ infeiz~ mente manchado pelo f4t0 de que eles passardo toda Vida numa unigo five, que ago se preocupam em re- gularizar. Alm disso," o- herbi exprime seu arrependi Imento de nfo tr-se suicidado antes de se enlegar a0 IRRELIONKO OU RELIOIOSIDADE. DESVADA Assim como jA era de se esperar, o censor catéico cenfatiza com severidade particular — os filmes que con- tm ataques & religiio em geral, ou ao crstanismo, @ mais. partcularmente, a0. catolicisma. romano. Assim Te Bacon (extraido da pega de Jean Genet), tilme pro- fondamente imoral, onde todos o8 valores, inclusive a re~ light, s80 odiosamente tdicularizados, deve ser rejetado categoricamente"; em les Sept péchés capitaux, “o tom de ironiadotado pelo conjunto dos sketches conduz & nnegagio do pecado. Este propbsito detiberado (...) abri= aa condenar esta obra; Ange exterminaieur (de Buivel) deve ser desaconselhado "devido a seu pessi= mismo profundo, & erueza de certs imagens ¢ & negacko de tudo 0 que € espirtual”; les Hauts de Hurlevent (do ‘mesmo autor) € condenado pela “desesperanca deste filme, violéncia destrutiva das palxdes descrtas © a carieatura sistematica da feligigo que nele se apresen- fam"; a mesma sangio atinge Hier, aujour hu, demain, de Vittorio de Sia, pela “sua ironia e sua ambigudade vas & prece © & vocagio rcligiosa” % Em outros fines, 0 censor cai se guia menos diem atagu veto ane valores reigns do" que de Sua contusto con abusoe muito reas que agra enco- Tira cum sua auordade cimpice:o farsa, 0 fana- tsmo, a exploraao do. home pst homme Le Journal dune ferme ‘de chambre "ontande,ssinai- cant nua ea. condeao, 8 vals crs “o fanaismo eligi, undo. a uma, implachel sever dade, come 0 isc de’ apresentar a relgto sob umn man ios poco esclarcidos, a comsio que 4 religto © compativel com a injustga, 2 crusade, palnso carnal” etpada Toda figura de padre compromele a Igsia catia, toda figura de pattr ou de acerdote russ ompromele ©” crstansmo, Yoda figura de mago ou nama comre > sco de comprometer 0 sacerdéco. em seu conjnto. O enor eondena de imei, ¢ evident, 08 mes. gue presenta as personagensreligiosas sob tragos anti tos. Ashi, mum varlante buresca dos Trois Mousgue- tare, 0 cardeat Richelieu que favoree 0 adultrio “por jue isto serve & sua poica" em Geronimo, o pastor que ities abusivamente, “por ctagdes das Escruas, eae {Ges comets As casts dos Apaches"; em Neferti Reine dy Ni, values 20 papel excessivo dos sunos 32° cerdotese a evocagio da regio calaica, prin da regi judiea, requerem um novo exame"y em Holdap 4 Londres, “pods, etretant, amentar gue, ene os Conjurados, sm fao pare jn apreretado com uma personagendesprenivel e_hipocttament bina” Mas algmas rexevassncknan iguana as figuris de raliginos simpson, bonsivant cj ardor 0 ser- vigo de uma 8 causa leva aatos poco eompatvels com seu sacerdcin: aqui se fazem resign a una fe fa de "monge combatenie™; al "uma personagen d Masior, cele de, comtrabantas por un jal cas, Fee rei % 4 Simpiticos ow nio, estes eligiosos slo censurados, como estando jnterpretando com um excesso de fexibili- dade os valores que representam. So humanos demas. ‘Outros, so contri, sho repreensveis por sua righlez, sua intransigéncia desumana. Em fe Buisson ardent, “os freqientes enguairanentos da pequena Tgreja Catotica tomam mais desagradivel ainda 0 comportamento de um padre seco € duro, unicamente defensor da moral, € com pletamente desprovida da earidade de Cristo" ‘Certs filmes apresentam enfim ao censor calico 0 problema de uma inspiragao religiosa impura, manchada fe valores pagdos ou de heresis. So filmes relativamente positivos (mais vale uma religiosidade desviada que tenta, fencontrar-se do que a. irreligifo satisfeia), mas nem por isso deixam de comportar um risco de confusio dos Valores, As veres, a assimilagdo dos valores estranhos 20 cristianismo se efetua sem dlfeuldade. Assim, em les Bracelets wor, o panteismo indiano se situa em segundo plano e “este belo poema lirco hindu, vibrante home hagem & Mde e celebrando 2 afeigio & mie-terra cons- titi um assunto de frutuosas meditagées". Da mesma manera, entretanto de modo nfo tio. marcante, em Oiseau’ de Paradis, “ao lado de um certo panteisino, & preciso notar que se extral deste filme uma nogio de hobreza nov amor bem tata, Reencontramos ai esta pro- ura da pureza que obseca todo ser humano, O publica Adulto eristio saberd julgar segundo as luzes de sua 18 Certos alos considerados talvez como licitos na religiio busta” [As reservas mais fortes no tm por objelo as reli ides nio-risis, mas a8. prticas e crengas_paracisas Assim, em les Bacchantes, “pardtrases. do Evangelho © uma. representag2o pag da Encaragio requerem re Servas devido 48. confusdes de valores que podetiam Scasionar”s em Sonto-Modico, lamenta-se “uma ceria 1 Tigiosidad, alts, sincera, mas manchada pelas supers aes"; Kriss Romani, que além disso “testemunha a Simple se bem que auténtica de varios ciganos”, sera reservado aos adultos. devido “A ingenuidade mesina de ” suas representagbes religiosas"; o perigo se agrava_ com Ta Parole Donnce, que “explora tendenciosamente 2 igno- rlncia ea cumplicidade afetiva de uma grande parte do piibico” em favor de “seitas pagis que, para manter seu uo, identticar seus deuses com os santos. venerados pelos caticos” 6. Consideragdes extra-étcas © julgamenta do filme pode integrar, ao lado de consi deragies propriamente morais, apreciagBes sobre 0 valor esttico, psicologico e documentirio do filme. Estas apre~ ciagdes, em pncipio fora do sistema, desempenham al, za realidade, «um papel éecisivo. No movimento de re provagdo que 0 coloea contra um filme ruim, como 0 Censor distinguiria entre aquele que se dirige propriae mente & baixeza moral da obra, e 0 que provém do mau gosto, da inverossimihanca psicologica, da impericia dra mitica? De fato, todas estas quelxas se misturam fre~ ‘lientemente. © censor se sente mais livre para sancionar tum filme perigoso paraa moralidade pablica, do que tuma obra que ele considera desprovida de qualquer inte- esse. Ao contririo, engloba num mesmo elogio a quali- dade cinematogritica ea elevagio moral de ceras obras: “este filme da nouvelle-vague € 0 primeiro que une a uma execusio magnifica uma preocupacio de pureza e saide moras” (les Jeux le Taniour); “obra chela de grandeza trigica, dolorosa em seu despojamento, 180 profunda- rente humana e surpreendentemente cissia, ulteapassa 2 figio iteriria e cinematogratica” (Flecte). Sobram os casos, invers0s, do filme moralmente ire preensivel, mas artiscamente mediocre, © do filme este ticamente marcante, mas eticamente teprecnsivel. O.pri- reira quase no causa problemas aos censores catlicos. CContentando-se em precisar a dstinagSo “familial destes, filmes, ele previne 08 adultos que mio est¥0 imbuidos de seu dover de educadores, a item assstic a espeticulos perfeitamente “saudiveis". As verdadeiras dificuldades 78 parecem logo que 0 valor esttico,fiositico, documes tario do filme ¢ to evidente quanto sua nio conformi- dade 4 doutrina da Igreja." Serd necessivio destacar que teste € 0 cas0 do um bom nimero de obras fortes? E’ como se 0 valor do filme pudesse ser apreciado em dois niveis: primeiramentc, segundo os critrios de moralidade que o censor catdlico aplica a0 todo que vem dda produgdo cinematografica; em seguida, segundo os cities de um humanismo entendido num sestio mais lmplo. As cotas morais da Centrale Catholique fornecem- ros umn mero cada vex maior de filmes mais ou menos “salvos” para o uso de uma elite: em fes Amaats de Teruel, “imagens e coreogratia muito expresiva asta fo eterno tema dos amantes apaixonados e separados; mas 1 intengio estétiea muito honesta atenua 0 equivoco do Conjunto faz dele um espeticulo estritamente para adul~ fost; em Huif ef demi, "a enfase se sincera desta contis sho de um cincasta e a8 grandes questbes que ela Jevanta sobre a arte ea vida fazem dela uin testemunno pro fundamente humano capaz de tocar e de fazer refltr os adultos esclarecdos”; TAiné des Ferchaux “apresenta tum certo interesse a0. plano documentirio, artstco © pricoldgico. Mas & evidente que 0 comportamento amoral tos. protagonistas fara reservar Sua apresentagio 0s adultos esclarecidos” Esta evolugfo se traduz, aliés, desde 1964, pela inst ‘wigdo de uma cola estética independente (uma, das oW tr6s estelas juntas ao titulo do filme para caracterizé-lo como regular, bom ot muito bom), Certamente, a cota fstética no se aplica, no momento, Sendo a filmes que eceberam uma cota moral positiva (4A — para adultos, com restrigBes — inclusive). Os outros so supostos in- fapazes de atingir ma qualidade artstca honrosa de- vido a sua mediocridade moral? Isto realmente no 9 acontece. A apreciago estética positiva, excluida em Principio, reaparece nas considerag6es de unt julgamento ‘moral propriamente dito, Com cota 5. (condenavel) Ie Bonheur, "tom grandes qualidades no. plano esttco" fem fe Désert rouge, "0 universo sufocante, mérbido © de= Sespcrador, a amoralidade da maioria dos personagens © ddas sequncias muito erdticas nos obrigam a desaconse- Thar este filme, embora notével no plano artstco"; em a Femme de sable, “apesar das qualidades plisticas e cestéticas extepcionais deste filme, a complexidade das IntengSes morais do autor, seqUéncias de um erotismo ruito intenso nos obsigam a desaconsehélo", Tudo se ‘passa entio como se o sistema de apreciagdo dos flues pela Centrale Catholique du Cinéma, de la Rodio e de la Télévision geavitasse de agora em diate muna elipse da (qual um dos focos seria representado pela moral catdica tralicional e o outro pelo gosto médio da elite cutivada, Il, ETICA DA NARRATIVA (“RECIT”) CINEMATOGRAFICA Nosso exame das cotas morais da Centrale Catholique du Cinéma, de ta Radio et de fa Télévision nio tinha por abjeto principal o estado das normas de uma coletvidade restrta, uma ver que a representatividade deste orga- nisnio-no seio do catolicismo francés deveria ser discuti- dda, mas a procura dos principios da alivdade de_cen sua aplicada ao cinema, qualquer que seja a autoridade ‘que a exerga. Estes principios lo podom evidentemente fevestir uma forma normativa, Nenkum catélogo de va- lores proibitivos, nenhum ebdigo fixando regras aplci veis a todos os filmes em todos es paises & concebivel ‘oral se insttuindo juiz de uma outra moral, a censira proibe valores tio indefnidamente varaveis “quanto os que © cinema propde. Entretanto, existem constantes. Na falta de um consenso quanto a0. contetido do. postivo © ddo negativo, todas as eensuras se encontram na catego rleagdo formal dos métodos pelos quais 0 filme signi 0 sica a positvklade ou a megatividade se un tena, Sean vila, os censores reagent avs flmes eo Fungo dle sta Ssibilidaue propria, Seay menos reagissem a08 pomtos "eensuraves”y ito, avs tragos pelos quaiso filme prope sia ética; em alia analise, seas julgamentos se artic culant inutivamente a esteutura xa da mensagen Ser consurada, A analise de at cgi de censuea cine yatogrdtica, a classitieayao wa comparagho das. deci- ses de censura, ete. fevam a-uina colocagio semiotics ‘has camalas de sgnificaga elas quais 0 flime comanion ‘cis valores, Sum prefenderfonneece uma descrigao exais- iva, tentarcmin extraie algumas dinensGes importantes tia évea da nareaiva cinematogratica, fais como nos apa recem através do prisnia das reagies dv censor cataics Pxle-se considerar que us problemas éticns levantados poe ime cinematogedtico de Tonga mitragen, competent 4 nes ordens hierarguicamente ligad: tata rpreseutndn Cespcteaarizade™ emo mat maha pa 0 casa, espoweabiluster ioe aetna), spararcines de inci, segundo a distingio aduitida s dois planas cle narrativa; historia naerada (plano dos contecimenios © de seu entrosamento); a narragio (plan {lo siscurso narratvo). Embora sempre. inferatuante, ‘estes panos dlevem ser analisados scparadamente: a his ‘ieia Gontada eit sua moralidade praia signficada pelo weneadeamento os acontecimentos-danarrativa e seu = sultado final; a narragSo que leva em consideragio esta Nistéria, moraliza-a ou mao em um segundo grau Cm = st A histria pode ser consderada como um enteosamento de um corto mimero de temas trades do. patriminio, cultural do narrador. Em sua propria imprecisio, a no- $40 de temas designa exatamente seu objeto: nko im- Porta 0 que (uma idéia, um sentimeato, uma insttuiglo tum acontecimento, uma’ coisa) possa se consttuir em tema. E suficiente que isto se preste ao desenvolvimento a variagGes. Entretanto, um tema 86 apresontainteresse ‘quando pode colocar em ebuligio, na fepresentagio eo Tetiva do grupo, um foco de exctiagio intelectual, emo~ tiva, imagindria ligada aos desejos'ndo.satisfitos, 208, confltos no resolvides dos individuos. Neste sentido, nfo hd tema inocente. Todo elemento tematico jf estd Jmpregnado, no momento em que © narrador resolve in comporiclo em sua histéria, por um estatuto que 0 define no plano da decéncia ou da moralidade, como algo mais ‘ou menos bom de se fazer, de se mostrar. Em particular, nna medida em que se refere ao sagrado (sb 08 termos verdadeiramente.profanos sio os “insignificants"), ele esti sujelto @-diersos tabus que restiagem sua expres Sho, podendo chegar a ser proibido, Enire varios tratamentos tterrios ou artsticos possi- veis, a narratividade consiste em desenvolver 0 tema sob a forma de uma histria (ou, integr-la, a titulo de ele mento, no curso de uma histéria). Narrativamente, o tema do Amor é 0 tema do devis do Amor. Este se desdobra numa série de operates encadeadas como no jogo da hura (enconto, desejo, seduglo, pacto, poste, provasdes, infidelidades, ruptura...): 0 resultado final, que di sen tido a histria, fia igualmente 0 valor ético do toma Cada’ uma desias operagées, inversamente, tem por Sic porte um feixe de elementos tematicos (por exemplo, a Dondade como agente de sedugio, a austncia como oc3- sifo de prova) cujo sentido e valor ético se determinam segundo 9 papel postivo ow negativo, que desempenham como elos da inriga Esta valorzagéo especiticamente nartatva coloea entre partnteses 0 estat pré-narratvo do tema, Este no ¢ ‘em divida esquecido — continua, de fato, a acompanhar & 4 monsagen, dando-Ine wim perfune de conformismo oa de escandalo — mas ele s6\desempenha um papel com textual, Continua exterior & mensagem ética da narrativa propriamente ita, Por exemplo, 0 lomicldi, ekmento temiico negativamente conatado em nossa sociedade em fungio do horror e da fascinagio que inspira. Estes sen- timentos podem io representar nenhum papel funcional fap desearolar de uma historia criminal: de dots hom dios cometidos um apis 0 outro no romance policial clissico, 0 primeiro poder no ter outta fungio narra tiva sento a de uma Falfa a punir, 0 segundo apenas a de um Castigo desta. falta. Certamente, outras.valori- ages podem influr na narrativa: a decrigao de cents sangrenias, a exaltagfo lirica da embriaguez assassina, 2 apologia racional do “assassinio considerado como tuma’ das belasartes”. Mas trata-se af de outras formas, de abordagem do tema, goradoras de valorizagbes espe- cificas, independentes umas das outras, e frqlentemente contrastantes: tal narrativa contém, 20. mesmo tempo, luna exaltagio lirica da beleza e uma ilustragio macro tiva (“narrative”) das catéstrofes que arcasta. consigo ‘Consideromos, por enquanto, somente o sistema. de valorizagies dlicas que pertencem propriamente & nar fativa, Cada unr dos acontecimentos que entram na cadeia, da narrativa € suscetivel de receber, da prépria narratva, virias camadas de signos apreciaives que correspondem as diversos nels de estruuragio da narrativa, Estes ‘conecinentos, considerados em relagio com o8 perso nagens que vs fazem ou que sio vitinas deles, podem ser divididos em dois grupos: as apdes de um lado, os estados (ou “paixies") do outro. A apreiagto ica de fuma agio consis em designdcla como mertdria ow de Imeritéria; & de wm estado como merecldo ow imereido. ‘A primeira camada de aprecagGes éticas & forecida pelo comportamento das personagens, enguanto que seus ‘Mos, gestos, palavras implicam ow expliitam um julge- menta de valores sabre si priprios e Sobre seus parce fos, Toda ago € impliitamente designada como meri- Airia polo agente que a exccuta: as dificuldades pelas 8 ‘quals cle passa merecem recompensa, Toda deeadagio da messin macira, sentida como imerecida por aque: fque a Sofre: cla requer uma indeni2agao. O prejuizo cau Sado por um agressor € coneebide, na perspectiva de um ‘eventual justieio, como uma ago demeritGrla que re {quer uns castigo merecido, Inversamente, 0 servign pres tado por um aliady aparece, na perspectiva comu dos contratanis, como ania acdo mieritria que requer recon pens Tals valorizagies, que regen fundaluentalmente a relagGo de cada. personagem -consigo © com oS euttos S20, a0 mesmo. tempo, subjetvas e hipotéticas. Subje- tivas porque as perspectivas dos personagens podem engondrar valorizagtes contraitérias (a agressio, tareta meritiria na perspectiva do ageessor, tomna-se demerit fia na do agredido); hipottiea, porque a apreciscio se fundamenta na espera sempre aleatria de um fututo que retebuies a cada ws, segundo seus méritos As valorizagdes. inerentes 4s. diversas _perspecivas ainda ado sao mais que pretensdes. Sua legitimidade ¢ Afirmada mas no provada, E pedem, por si-mesmas, para sero validadas ¢ desempatadas, pela decisio dc um Arbitro, No plano da histria contada, que & 0 da Tinguagem dos “fats, esta arbitragem toma a fora dem ordélio: o sucesso © a derrota s80 os signos apte- Slativos do mérito e do demérito, Mostrando que a “razao Uda mais forte & sempre a melhor", a tabula ratifea a perspeetiva do agrestor © desqualitica a da vitima. Ela ‘erfica no tempo a ordem infemporal que postula soli ariamente o mtrito a partir da recompensa e a recom= ppensa a partir do mério |A moral da histiria supde 0 reino do destino, Roland Barthes destaca que “a forga da atividade narrativa 6 a confusio mesma da consecugdo e da conseqiéncia, © que vem apés, sendo lido na natragso como causado por; 2 narrativa seria, neste caso, uma aplicagao sistematica do terra Wigico denunciado pela escolisica sob a férmula Dost foe, erga Propter hoe, que bem poderia ser a diviss 7 do destino, cuja narrativa & em suma, a lingua’ lretanto, o'destino reduzido a si mesmo nlo tem “mora lidade”” detinida. Suas vieitsitudes tangiveissomente através da improbabilidade de certas coincidéncias (como fem um faittivers), ow na verifcagao das profecias, {emo no conto), so puros caprichos. Desatiando qual- ‘quer generalizagio © qualquer previo, comportam so mente uma moral indiveta e por assim dizer negativa a vaidade de todo esforgo para escapar a0 destino. Lic bes de uma ceria generalidade no aparecem na narra fiva sendo quando ‘0 destino esté sujito a soguir te gras fixas. Estas podem entdo servi para delinir 0 mérito © 0 demérito a partir da sanglo que as espera. A moral da histria se exprime numa rogea que permite, cont uma, taxa de probabilidade bastante clevada, prover as con- seqéncias de um ato ou de uma situagd, (destino transforma-se eno em providénsia, Esta transformagéo nfo radur apenas um ‘nferesse_sumen= lado pelos. problemas éticos" ou a crenga numa justia sobrenatural De preferéncia, ela acompanha um ref, ‘40 mesmo tempo ligico e estlico, da coerencia da in ‘riga. Toda narrativa repousa na alterndncia de boas oi mis sortes. Mas 0 encadeanento de ponta a ponta destas fases contrrias 5) recebe um comego de ordem na me= ida em que, em vee de se suceder noma comligéncia ‘que nio significa nada, nem mesmo seu priprio absuedo, clas so implicam © se explicam uma pela outa. A pas” sagem do post hve a0 propler hoc supse, entlo, que um processo, favordvel ou desfavordvel, € desencadeado, atin ‘indo no seu término um processo inverso que, se for ate Seu mina, anulard 0 primeieo. Esta anulagao & uma ‘angio: uma degeadagio que resulta de um melhoramento, fou um melhoramento que resulia de una degradacio, rio se explica logicamente, s6 se justia eicamente como ‘astigo no. primeleo caso, © fecompensa no outro. O. Ieritério (ou o demeritério), 0 imerecdo (ow o desme- recido), tornam-se assim, na seqltacia. dos acontec mentos’ da narrativa, os pontos de partida de uma pe- 8% riptcia nova, retribuidora da precedente, equivalente ¢ de. sentido. inverso. O advento. de um estado merecido coincide com 0 restabelecimento do equiibeo inicialmente rompido por um capricho do destino. E' um ponto de ‘suspensio possivel da narrava. O narrador no pode ie além, senio recorrendo @ um novo capricho do des tino." A ativdade reribuidora pode ser delegada a uma das personagens da narrativa que desempenhe 0 papel de justiceiro. Mas este justiceiro € falvels ele pode se en- ganar ou fracassar, Longe de inutilzar a inlervencio ‘da providéncia, ele reclama para sancionar por um si ‘esso 0 cardter merit de sua ago, Inversamente, a providencia no st poderia encamar, descer na. ima- ‘cia da histria, sem decair na sua infaibiidade e m0 seu papel de 4rbitvo. Empenhando-se numa tarefa sus- cetivel de ter sucesso ou mio, ela teria necessidade de fuma segunda providéncia para reger sew destino tem poral e rafificar suas pretenses, Ela nfo se pode ma- nifestar na narativa por uma ago continua, narrdvel fem defalhe, mas pelo elacionamento dois-a-dois dos acon fecimentos’contririos, separados por um intervalo mais ‘ou menos longo, ¢ siscetvels de aparecer, devido a sua Sinilitude inversa, o prineiro como ponto de parida, o segundo como o'ponto de chegada de uma seqiéncia relrbuidora, Dos ‘vés termos da seqiéncia, Boa (ou MA) Agio a retrbuir —» processo retriouidor —» Boa (ow Ma) Aglo.retribulda, a narrativa explcita” neste caso somente os extremos. A fungio mediana, 0 pro ceesso retrbuidor que assegura a tansicse do mertéio Brahe td ‘20 merecido, & necessariamente postlada, mas se efetua rum alm subteaido as probabilidades do tempo nara- tivo. Este ocultamento das intervengdes do destino leva a ‘duas conseqUéncias inversas: de um lado, a arbitragem dda providencia € a instincia suprema no’ plano da his- téria. contada; de outro lado, esta arbitragem pode ser sitwada nfo importa onde: ‘nfo se concretizando em renhuma operagio delerminada, deve ser postulada apés cada. peripéia, Resulla disso. quo os esquemas retribu- tivos ue se propem 20 narzador como eapazes de ex- primir a “moralidade” da histria so vietualmente mil Uiplos e contraditérios. Ha pletora de destinos. No conto do Chat botté, por exemplo, o texto feta restabeleer a fortuna do marques de Carabas por diversos expedientes ‘que ‘estemuaham tanto devotamesto quanto ingenuida- dde-mas que, de un) outro ponto de vista, s4o puras per versidades, Qual € a "ligio” da historia? O sucesso do {gato pode ser compreendido coma a recompensa de seu flevotamento, ou como a de sia asticia (0 mundo pe fence aos espertos) ou como 2 impunidade de sua in- elicadeza (nao A oportunidades senio para. can Iha). Trés “moraidades” entram aqui em concorréncia, ddas quais duas polo menos nio sio concildves, Arbitro foberano. mas equivoco, & providencia tem necessidade de um interpre Este nfo pode pertencer ao plano da histéria contada, ‘mas. apenas. aquele do discurso arrativo. Entre a5. vic tissitdes contraditérias| do destino, todas. virtualmente presentes na estratura da historia, a palavra do narrador Felém apenat aquelas que the comm. AS otras, talgadas para o limbo do informulado e do preconceitual, serio a fonte de miltiplos sentidos latentes. parasitécos. Quanto. aos sentidos eleitos tornam-se manifestagio da moral apenas a cusla de uma dupla operagdo de abstra- fo e de generalizagio, na qual repousa o que se poderia Ehamar o-fundamento da indugio narrative. Quanto a0 fxemplo que misturaa moral 4 anedota, € necessério, Be inicio, precisar o nivel de sbstragio requerido para sr extraie @ primeira, Moralidades tais coms “o_erime nie compensa, “uma boa ago nunca é em yao", "tod adulador vive as custas daquele que 0 escuta"’ se sic fam no mals alto grau de abstragio conechivel, Assi sendo, sua extensio < também universal. So esqucms fetrbutivos correspondentes a. papéis pros (0 Benic= tor eo Agradecido, 0 Culpado e'n justiceiro, » Enganador © 0 Ingémuo). J& Zo acontece 0 mesino com ama mora Hidade do tipo “temos necessidade trequentemente de alguém mais humilde do que nis"; neste exemplo, ‘esquema da. boa 260 recompensada se especficas a ‘oposigdo dos paptis Benfetor/Agradecido & mndelada por tama "outra(Grande/Pequeno) levando-se em conta atributos das personagens. A menos estes atributos tin finda uma influéncia universal. Considerando-se ela ‘wos sécio-historicamente determinados (ex. 0 astro ‘que se delxa cai mum pogo), a inflgncia. da. lgio se resiringe mais; pode mesmo perder toda extcnsio, com no conto de Alphonse Allis, em quem jovem einpre- ado, tendo um encontro com uma senhorita chaniala Prudéncia, ¢ retida por seu patrio 0 Se. Amor, justif- cando assim a moraidade:" "Amor, quando voce nos ‘eupa, bem se pode dizer: adeus, Prudéncia! 0 discurso narrativo que extral e interpreta_a moral imanente & histria contada julga da mesma manera esta moral. Assim, como T. Todorov 0 acentua, a imager do narrador (ean mesmo tempo, do. destination da rmensagem narrativa) se manifesta principalmente ateavts dos sinais avaliadores da condula da personagent" Ela parece da mesma maneira nas reages 8 “ligBes" da histéria que ela ratifica ou recusa com nuances iverss, Ela, pode protestar, por exemplo, contia a otdem dv mundo que quer que 0 lobo tenha fa280 conlra 0 cat= neo, e este protesto st revestri, comforme 0 caso, de uma ‘tonalidade pessimista ou otimista, traduzica a co- signagao ou a revolt, etc. A palavra do narrador se col 2 aqui como trbunal da conscitnci, jalgando em zea fle ‘apelagao” as vcisitides de destin, a A mosio mito vaga de “ton! de_naeasio_ apenas resume conjunto Jo mos pelos quais © pat ara th/receptor toma distncia em ace & hstre contadn 0 cami « «sro, perp, que desempenha i papel esse na” ponderagao os vals, mora oa Sara no so propa nines de Nt, {igo de un pro dag, sm tetameno comic oS, NEO ha tno engragadas, mas apenas historias prac across contadas im prinepion sighs do ebmso fom em sepence 0 alcaice ttc da mensagem (com? Ghnct Gum monte", proerdo de modo brincaso) cs sans do sto conan, Mas esta netalizags> pode pr sta vee ser peutalzaas na ona, asa, fo imoe neg, o signs do concn entrar em com Sinagio com os sina do. sro, pra retaelse, mum soyando gen, sts dn mensagem ETICA DA. NARRATIVA, REPRESENTADA (Onde ¢ como se manifestam os sinais apreciativos pelos (quis 0 narcador toma posiglo quanto & histiria contada? ‘A resposta serd dierente segundo os modos de expres sio dos quais diapie. A este respeito, distingue-se-o, Primeiro, dois moxios principals de nareativa a que chama- Fenios, com T, Todorov", a narraeio (*naeration)" (d= rivada da crinica) « @ representagdo (derivada do dra- ma). No primeira caso, 08 signos apreciativus tomant a forma de ama comunicacdo”diveta do narrador a0 1 ceptor, por assim dizer, acima da cabega 35. persona~ gens colocados em cena: como a ligho dada no inicio fu no fim de wma {Abula; 08 comenttios formulados Ulurante a narraiva; 08 releatos morals, os epitetos que (qalificam as agbes © 08 autores, No segundo, este poder Mle apreciago direta se restringe ow desaparcce, seja sob ‘»efeto de consteangimentas Ceniens (como no’ teatro ott ‘no cinema), seja em conseqigncia de uma escolha esté- of fica (como os romances eseritos na primeita pessoa). valor mertério ow demeritiio das condutas, 0 carter rerecido ou imerecido dos estados, podem entlo ser apresentados de duas maneitas: seja por sua_atribuigio 42 personagens que um jogo de indices coditicados de Signa como simpéticos ow antipaticas (o mesmo ato de represiia ¢ de alta. justiga ou de baixa vinganga a0 ser ele levado a cabo por este ou aquele), sea pelos jt gamentos de valor que emana das priprias personagens ‘quando comentam por palavras, estos, atos, aconieci= mentos, sua pripria condula ou a de. seus” parceiros, ficando entendido que um jogo de indices codifieados novamente necessirio para garantir a franqueza © a cider destas apreciagBes, Certos papdis slo assim dotados do privilégio constante de serem 08 porta-vozes do nar rador (ex: 0 emprego do “SAbio" no teateo cldssico): 8 outros fem, quase sempre, pelo menos um “minuto de verdade", 0 instante nitidamente isolado do context, ‘onde sua fala deixando de estar envolvida de modo perfomativo no cilculo, 0 erro 0 & male se consttit {de modo constativo, como testemunha desinteressada, imparcial e sincera de seu destino. Dito de outea ma neira: quer as personagens falem muito (como no teatro), ppouco (como no cinema falado), ow nada (no cinema sudo ou mimica), a apreciacio do sentido moral de sia conduta esti na dependéncia de um cédigo de esteres- tipos que os designa como bons ou mais, licidos ot cefos, trapaceizos ou sinceros. Este cédigo pode funda mentar-se em atributes tais coma a idade, 0 sexo, dados biografios, a condigio social, a efnia, a aparéncia fi em expressdes fisiondmicas © gestuais (Inoceacia, leal- lade, penctragio do olhar); em atos reveladores (por ‘exemplo: uma conduta indiscutivelmente caridosa, ge- nerosa, corajosa garante 2 moralidade de uma condula mais diseutivel, segundo um movimento a principio ine dive — € bom, porque age bem —, depois dedutiva — le age bem, porque ele € bom) PROBLEMAS ESPECIAIS DA NARRATIVA FILMADA ‘A narrativa em forma de espeticulo no suscita ape- nas problemas de moralidade, mas também de decéncia. Na harcativa contada uma ceria forma de “espetacu- larizagao" aparece como. desenvolvimento. das descri- Best contam-te os acontecimentos e 08 alos (que pO them ser morais ow imorais) mas. descrevem-se_além ddas palsagens dos objetos, as atitudes, os estos, os comportamientos (que podem ser deventes ow indecen- tes). Narragioe descrigio se desenvolvem assim 20 longo do eixo da histéri, em duas cadeias pa ‘que podem, ow se duplicar explicitamente (quando a narzativa di a0 mesmo tempo 0 sentido de um ato na Seqiénoia ‘dos acontecimentos ea pintura detalhada. de Sua execugio); ou ser formuladas isoladamente (uma Sugerindo outra, mostrando sua auséncia como um va- io que cabe a0 leitor ou owinte preencher colocando Jmagens sob 0 conceito no caso da narragio “isolads tum conceito sobre as imagens no caso da descrisd “golada"). Mas a descrigdo, na narrativa contada, crla, somente um espeticulo mediato: ela 6 suscetivel de uma indecéncia particular, a. das palavras, que transpée para seu registro proprio a indecencia daquilo a que se relere. ‘Ao contriri, na narratva mimica ou filmada, 2 exibi- ‘Ho dicta dos comportamentes, das atitudes, dos gestos, coloca © problema da indectncia imediata de certos es petdeutos. Reencontramos aqui o problema kevantado por Roland Barthes em sous artigos sobre as “unidades traumiticas” rho cinema” ea mensagem Tolografica." A. propriedade fle ser uma “mensagem sem cédigo” que define © pa radoxo da imagem fotogrifica fia pode ser estendida A-unidade sllmica minima, 0 plano, com 3s mesmas re Servas: hierarquia de conotagées pelo enquadramento, os ‘movimentos de aparelho, a iluminagéo; depois pelos con textos descritivos e narratives; enfim pelo Saber e as nor- sas culturais pressuposios conus a0 realizador e a seu piblico, Sendo a funsio da conotaggo ade “integrar 0 hnomem, isto 6, de conforti-to", a indecéncia reside em principio na ressineia apresentada pela imagen a0 “i= reito de repetigio" da linguagem verhal ¢ concetual on de todo eddiga assinilado, trauma "eo que interrompe 2 sigaifcagdo blogueia a Tinguagem". Nem toda a indectncia & traumitica, Diversos compro missos se instituem, permitindo a recuperagio de certas situagbes “através Ue um digo erica que as dis- tania, as sublina, as aplaca". O tratamento estético do rn, segundo os ednones © as normas de uma época, & tum exemplo de uma recuperagao “em diregao 20. alto"; mas uma recuperagio “para baieo” & igualmente possi- vel: cada grupo segrega, 4-margem do cédigo oficial que regula a formulaggo alsiva, Htética, perifdstica das vi inhangas do tabu, um eéigo do outada, do licenciosn, Ato eréico, do sido, ete. O narrador, ot melhor, 0 lo- sutor, fem, entio, a possibilidade de escolher entre di versos cédigos do decéncia e diversas retiricas do im pudor: ele se mostra “disereto", au, 30 contrrio, “er”, “realist”, “benevolent”, Consideradas do ponto de vista fle sua eventual funeo protetora dos individuos, estes iidigos se equivalem. Sua posse pelo espectador”supri- ‘me 0 trauna, seu desconhecimeno restadelece 0 isco Em troca, eles no gozam a mesma situagao na escala dos valores sociais j4 que uns t2m uma legitnidade re- conevida, enquanto que os outtes sio recalcados para a clandestinidade: os chdigot de dectncia protegem as neuroses como “doencas da virtue; o* cidigas do imp dor fornecem para 0 "eros polimorfo” 0 modelo de suas perversidades, A claborasio destes cdigos reveste-se no cinema de earactristicas especi tureza particular da ling conece unidade léxica coditicada abaixo do plano, mas funciona como uma lingua pela montagem das sequen clas © pela intervengdo expressiva de dversos. processos ” nico." A inoratdnds o 4 iadcincia de cei seas ou eo rn din ajos mostra a Ce ono ‘istos pela chiar, somo em cvs cnguaaments, Senden ti aparlnager, coves saposgice Getagens tk plano aout? Os eensores jastica Aretefemeats sow crs po consirayy dks ed GREY Santon doe verfcar fundamen de san ors. Crave BREMOND vote Prague den Hautes Ea Pan Fichas Técnicas de Alguns Filmes [NBISMOS DE PASION (Escavos do Rancon) Se Bes AOE ta es ADIEU, PHL nNE Se A a ht cl ke lt me, so ee LAGE DOR Seana anette Balls, "he LVAINe, DES FERCHAUX: CAIN BUNe Homme HonorasLe, [ALEKSANDR NEVSKI} (Cavalios de Feo) Beh Cee Bie aaa LES AMANTS DE TERUEL EL ANOFL, EXTERMINADOR (6 Ai Extermsndon) sag Extra VANNEE, DERNIERE. 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WL RELITTO.(Nairagos ds Vio) Eon fi oe eae le ROCAMBOLE (fost t ROMA, CITTA APERTA (Roma, Cidade Abert) a a sh omnia a eee EL RUPIAN / Le Rotian ee SEs 2 era Fe er SALVATORE GIULIANO (0 Bansido Giulio) See Ge, Res ena — 129 SANTO MODICO Sout» ests SEDOTTA E ABBANDONATA / Sédute et ‘oandonnte (Sedat © Abandora) evotgg usa) « Lavoro, SANCE DE PRESTIDIGITATION PECHES CAPITAUX / I Sette Peet Espa (Os Sete Besine Capa Bic, Ede te Er, a: 10 seal Bt Mtn rs aes : ne isin Sesicee ts aie, Seta, "Akins epee EAA Bas, 1, SEQUESTRAT DL ALTONA / Les Séquetes -Aioas (0 Condentdo Geni) LO SGARRO / Quand tn Colire Reale SIMON DEL DESIERTO SOME CAME RUNNING (Dess Sobe Quant Ame’) SPLENDOR IN THE GRASS (Ciamor dp Sexo) LA STRADA PER FORT ALAMO / Arivoea Bi eyo, Pay t,x in a te Les sTrup-TEASEUSES HSS ERE ae pane a2 SUMMER AND SMOKE (0 Ans de Pst) SUNA NO ONNA (A Mulher da Ate) Fetebtdan gash Seat, Cat SYMPATHY FOR THE DEVIL / One Plus One (evoquo Peo Dents) aes ‘TABU (Tab) a3 LA TERRA TREMA ion IL, TERRORE DELLA MASCHERA ROSSA (Gants Mascra Vere) ete ta at Sia te, alta Steg GaN INE EP Se tt ‘TIERRA SIN PAN. me ‘THRO AL, PICCTONE. / Commando Traque TDiena ve Um Brae) ee eee eet LES, TONTONS FLINGUEURS (SS rEsamens dey Uangstee) ‘TOUCH OF EVIL (A Mates dn Maliace) a tt LES TROIS MOUSQUETAIRES / 1 Tre Moschettr (6s Tate Monge) UMBERTO D (Unters D) LUN CHIEN ANDALOU ‘TWO FOR THE SEESAW (Dols ma Gangora) 136 UN COUPLE LUN DROLE DE PAROISSIEN / Déo Grates (8 Bos Unica) bens Jems ie ees ah UNE PARTIE DE CARTES UNTIL THEY SAIL (Feminty de Amor) LES VIERGES (As Virgens) 188 VIVRE SA VIE (Vier @ Vio) LA vou Lacrex (8 Eek Cano de SS0 Tiago / Via Lécta) ER Unie cenwce eae ‘es, ‘VoROS TINTA VOULEZ.VoUS, DANSER AVEC MoI? {Oter Banat Como?)

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