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As REVISTAS LITERARIAS Te Tanto a tipografia como as publicagdes periddicas caracterizam as formas urbanas, e a sua evolucado esta sempre associada ao desenvolvimento das cidades. ‘A raleza ¢ a magreza das concentragées urbanas ‘acionais explica, pelo menos em parte, 0 nsimero reduzido de revistas, tal como ajuda a compreen- der que as tiragens sejam sempre pouco elevadas © que nao seja longa a sua vida média. A revista aparece entre n6s como 0 espaco de uma geracio, mais raras vezes de um movimento, «que permite as propostas ¢ as experiéncias. Mas tr duz ela, também, uma certa fragilidade editorial, ji que a revista assume fang6es e responsabilida- des editoriais que no deviam pertencer-lhe. Serve cla, sobretudo, uma técnica de inscricfo no sistema social, particularmente no caso das publicagbes con- sagradas & protlucio poética, lugar de afirmacto de autores jovens, pés-adolescentes e universititios. Podemos dar-nos conta de que 2 maior parte des- tes grupos, superada a «crise» criadora da pés- -adolescéncia, terminada a formacio universitria, renunciam 20s abalos do imagindrio para entrar na «vida priticas, no hesitando em tornar-se «pares do reinos, quer dizer deputados, para maior honra € louvor do conselheiro Aci inventitio das revistas aparecidas em Portu- gal a partir de 1900 revela um panorama que, sendo embora curioso, se limita a confirmar as observagoes dos soci6logos e dos economistas, que poem em evidéncia o iresistivel processo de con- centragio da vida portuguesa. A cultura, como a poesia, nfo podiam furtar-se a esta tendéncia cen- wiper. Se dividitmos os quase noventa anos deste século xx em décadas, podemos seguir com proveito 0 ritmo de nascimento e morte das evistas que carae- terizaram a criagio liceriria nacional: int ti tne ge al 1905:10 190-20 192130 193140 1950 1931-60 1961-70 1971-80 1981 a 2 u 1 3 7 a B @ B vo L 72 Porto mantém até 1930 uma presenga vigo- rosa na criagfo das revistas, © 0 mesmo acontece com Coimbra. Verifica-se a'partir desta data uma concentracio lisboeta, que acompanha nacural- mente a gestio da Ditadura Militar safda do golpe militar de 28 de Maio de 1926. Figis 2 uma l6gica centraizadora, que fez do pais uma imensa easerna, 5 militares concentram em Lisboa os centros de decisio € monopolizam os estratos criadores, a ponto de se verificar uma lenta mas evidente des- vitalizagio de centros culturais tio importantes como 0 Porto. Se € certo que esta cidade perdew a sua Facul- dade de Letras, encerrada por decisio da Ditadura, no parece que 0 declinio das revistas possa ser att bufdo a este tnico facto, fa que Coimbra também fica muito aquém de Lisboa, embora disponha de uma Faculdade de Letras ¢ concentte um néimero particularmente elevado de jovens criadores. Creio que se deve notar que a situagio criada pelo pés-25 de Abril de 1974, nfo alterou profun- damente situagio, mesmo se 0 Porto comeca enfim a compensar 0 vazio da criagio de revistas que se verificon durante a década 1961-70. Nao parece, de momento, que se possa prever um re- ‘equilibrio a curto prazo, mas por raz6es ligadas & fangio das revistas, que deixaram de desempenhar © papel que foi o seu no plano da criacio pottica. ‘Acresce que poucas foram as revistas que, entre

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