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TESES DO TRIBUNAL DO JURI SEGUNDO 0 STJ MeaTERIAL mM eC U ESTUDO meujjuridicoecom APRESENTAGAO O Meu Material de Estudo é€ uma iniciativa do MeuSiteJuridico.com e tem como misséo a difuséo e democratizagao do conhecimento juridico. O MeuSiteJuridico.com foi criado com o objetivo de contribuir 4 atualizago didria dos profissionais do direito. O contetdo do MeuSiteJuridico.com é também direcionado ao apoio daqueles que pretendem ingressar num cargo ptblico ou buscam a aprovagao no Exame de Ordem (OAB). © usuario poderé navegar por materiais de aula, informativos comentados, sumulas, novas leis, videos, artigos, palestras e muito mais. © conteido &é produzido por especialistas na drea, sob a coordenagao cientifica do Prof. Rogério Sanches Cunha. Como citar: CUNHA, Rogério Sanches. "Teses do Tribunal do Juri segundo o STJ". MeuSiteJuridico.com, 2017. Disponivel em: www.meusitejuridico.com Todos os direitos desta edigo sdo reservados a EdigSes MeuSiteJuridico.com. 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Para ele, “esse tipo de tratamento imposto ao acusado, além de aviltar os direitos humanos mais elementares, compromete a igualdade das partes que caracteriza 0 processo acusatério e 6 condigao primeira do fair hearing nos paises civilizados, afirmado pelos textos internacionais, sem o qual nao sera possivel atingir-se uma decisdo correta e imparcial” (Revista Brasileira de Ciéncias Criminais, SAo Paulo: RT, numero de langamento, p. 115). Diz-se, ainda, que a utilizagio das algemas seria capaz de acarretar uma ma apresentagao do acusado diante de seus julgadores que, leigos, poderiam se impressionar com a cena e, desde logo, emitir um juizo de valor desfavoravel ao réu. Assim, ficaria a critério do juiz, como manifestagao do poder de policia que lhe é inerente (art. 497), decidir sobre a conveniéncia ou nao de manter o réu algemado. Esse argumento é bem refutado Disibuicso gratuita Meu juridicoecom Para mais contetidos como este, acesse: www.meusitejuridico.com na obra de Marrey, Franco e Stoco (Teoria e pratica do juri, p. 277), para quem, a excegdo do interrogatério, a manuten¢&o do réu algemado n&o importa em qualquer espécie de constrangimento. Firmou-se na jurisprudéncia o entendimento de que a manutengSo do réu algemado é medida excepcional, que deve ser fundamentada pelo juiz. Esse 6 o teor da simula vinculante n° 11, refletido na jurisprudéncia do STJ: “O uso de algemas - de quem se apresenta ao Tribunal ou ao juiz, para ser interrogado ou para assistir a uma audiéncia ou julgamento como acusado - somente se justifica ante o concreto receio de que, com as mos livres, fuja ou coloque em risco a seguranga das pessoas que participam do ato processual. 4. Nao se mostra aceitavel que se obvie a presungdo de inocéncia (como regra de tratamento) e se contorne o rigor da Sumula Vinculante n. 11 com motivagao genérica e abstrata que, na pratica, serviria para todos os casos de pessoas julgadas pelo Tribunal do Juri, visto que se cuida de érg&o jurisdicional incumbido de julgar os crimes mais graves do Cédigo Penal, definidos quase sempre como hediondos” (RHC 76.591/SP, j. 09/03/2017). O descumprimento da limitagio ao uso de algemas pode acarretar inclusive a anulagao do julgamento. 2) Compete 4s instancias ordindrias, com base no cotejo fatico carreado aos autos, absolver, pronunciar, desclassificar ou impronunciar 0 réu, sendo vedado em sede de recurso especial aoe tea CR Ce Ice Ute © recurso especial - assim como o extraordinério, de competéncia do STF - é forma extraordindria de impugna¢gao das decisdes, na medida em que busca tutelar a lei federal, com objetivo de assegurar a uniformidade de interpretagdo. Nao se admite, nos seus fundamentos, a pretensdo de que se analisem Disibuicso gratuita Meu juridicoecom Para mais contetidos como este, acesse: www.meusitejuridico.com questées faticas, de ordem probatéria. Restringe-se as quest6es de direito, como alias dispde a simula n° 7 do STJ ("A pretensdo de simples reexame de prova nao enseja recurso especial”). E, demais disso, somente é admitido nas hipéteses taxativamente apontadas na Constituigao. Por isso, nado se admite o recurso especial com pretensdo de absolvigdo, desclassificagao, pronuncia ou impronuncia de réu processado por crime doloso contra a vida. Decis6es dessa natureza envolvem matéria fatica, diretamente ligada a produgao probatéria, que pode ser discutida somente até a apelagao. A respeito: “A pretensdo de absolvigao sumaria por excludente de ilicitude demanda necessariamente a reviséo das circunstancias faticas da causa, o que é vedado em recurso especial, a teor da Simula n. 7 do Superior Tribunal de Justiga - ore 3) As nulidades existentes na deciséo de pronuncia devem ser arguidas no momento oportuno e por meio de recurso préprio, sob pena de preclusdo. O procedimento nos crimes dolosos contra a vida é bifasico (ou escalonado). A primeira fase se inicia com o recebimento da denuncia ou queixa, estendendo-se até a decisdo de pronincia (e s6 da pronincia, pois havendo desclassifica¢gdo, improntncia ou absolvigéo suméaria, ndo se passaré & segunda fase); segunda fase parte da pronuncia e prossegue até o julgamento em plendrio. A sentenga de prontncia é cabivel sempre que o juiz reconhecer a existéncia do crime e indicios de quem seja seu autor, quando ent&o remetera o acusado para julgamento pelo juri. Trata-se, assim, de sentenga processual de contetdo declaratério em que o juiz proclama admissivel a acusagdo para que esta seja decidida no plendrio do juri (José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, vol. 3, p. 181). Distbuiede gratuita MU! juridicoecom Para mais contetidos como este, acesse: www.meusitejuridico.com Ha, nessa sentenga, determinadas balizas que o juiz deve observar, sob pena de nulidade. Temos, por exemplo, o § 1° do art. 413 do CPP, segundo o qual a fundamentagao da prontincia deve se limitar & indicagao da materialidade do fato e da existéncia de indicios suficientes de autoria ou de participagao. E vedado ao juiz, nesse momento, cometer excesso de linguagem, isto é, excessivo aprofundamento na andlise da Prova, que pode exercer indesejavel influéncia na convic¢gao dos jurados que, leigos, decerto podem se deixar impressionar com a terminologia utilizada pelo juiz togado. O excesso de linguagem pode acarretar a nulidade da sentenga de prontincia. Essa nulidade, no entanto, deve ser arguida por meio do recurso em sentido estrito, no prazo de cinco dias. Caso nao se dé a arguigao nessa oportunidade, opera-se a preclusdo: “As nulidades da sentenga de pronuncia devem ser arguidas no primeiro momento, sob pena de preclusdo. Nao arguida, nas razées do recurso em sentido estrito, a nulidade por incluséo de qualificadora nao constante da dentncia e por excesso de linguagem na sentenga de pronuncia, mas apenas a auséncia de indicios suficientes de autoria, operou-se o fenédmeno da precluséo” (AgRg no REsp 1.313.912/BA, j. 27/09/2016). 4) A leitura em plendrio do juri dos antecedentes criminais do réu n&o se enquadra nos casos apresentados pelo art. 478, MR st MercteltotMs Macca Mesure lM sto) sua mengao por quaisquer das partes. Segundo o art. 478 do CPP, durante o debate em plenario é defeso as partes, sob pena de nulidade, fazer referéncias: | - a decisado de pronincia, as decisées posteriores que julgaram admissivel a acusagdo ou a determinagao do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado; II - ao siléncio do acusado ou a auséncia de interrogatério por falta de requerimento, em seu Disibuicso gratuita Meu juridicoecom Para mais contetidos como este, acesse: www.meusitejuridico.com prejuizo. O objetivo da lei é o de disciplinar a postura das partes, indicando tépicos que nao podem ser objeto de comentarios, impondo, assim, verdadeira censura. Ha quem sustente que a proibigdo se estenda a outros temas que no apenas aqueles relacionados no dispositivo. E a ligao de Gustavo Henrique Badaré: “se a leitura do decreto de prisdo preventiva ou da folha de antecedentes for feita com o objetivo de extrair uma ‘presungdo de culpa’, havera indevida influéncia no julgamento dos jurados e eventual veredicto condenatério sera nulo. O art. 478 nado constitui uma hipédtese de numerus clausus. Nao seré apenas, Unica e exclusivamente, com essa finalidade que os jurados serao influenciados. Qualquer outra linha argumentativa, com finalidade persuasiva, mas que possa induzir o jurado a erro, implicara nulidade de julgamento. A diferenga é que, nas hipéteses dos incisos | e II do novo art. 478, demonstrada a situagéo de base - o acusado foi pronunciado, ou 0 acusado esta algemado, ou, ainda, o acusado permaneceu em siléncio, o que indica que seja culpado -, havera nulidade, posto que o legislador, previamente, considera que neste caso haveraé evidente prejufzo. No entanto, em qualquer outra hipétese, desde que se demonstre concretamente que linhas argumentativas seguidas pelas partes efetivamente 5) O exame de controvérsia acerca do elemento subjetivo do delito é reservado ao Tribunal do Juri, juiz natural da causa. Segue-se aqui o mesmo fundamento exposto na tese n° 2, pois a analise do elemento subjetivo do delito é fatica, inteiramente dependente da prova produzida na instru¢do e dos elementos trazidos ao plendrio. Nao € possivel, por meio de recurso especial ou de habeas corpus, discutir tese relativa ao fato de o agente ter atuado com dolo ou culpa. Cabe exclusivamente aos jurados a decisdo a esse respeito. O maximo que o tribunal superior pode analisar - pois se trata da interpretagao da | é Distibuicso gratuita Meu} Juridicoecom Para mais contetidos como este, acesse: www.meusitejuridico.com a compatibilidade entre determinada espécie de elemento subjetivo e as circunstancias em que cometido o crime. Nao é raro que se decida a respeito, por exemplo, da compatibilidade entre o dolo e eventual e determinadas qualificadoras relativas aos motivos do homicidio. O principal motivo para que se firmasse a tese em comento sdo os indmeros questionamentos a respeito da imputa¢gdo de dolo eventual em crimes de transito, nos quais muitas vezes impera a duvida sobre se se trata efetivamente de dolo eventual ou se 0 caso & de culpa consciente. Para o STJ, uma vez que tenha havido a prontncia, cabe ao juri decidir, com base nos elementos faticos, sob qual elemento subjetivo atuou o agente: “O exame de controvérsia acerca do elemento subjetivo do delito, notadamente, se praticado com dolo eventual ou culpa consciente, é direcionado primacialmente ao Tribunal do Juri, juiz natural da causa” (HC 353.473/MG, j. 09/08/2016). 6) E nula a decisio que determina o desaforamento de processo da competéncia do juri sem audiéncia da defesa. © desaforamento vem previsto nos arts. 427 e 428 do CPP e consiste na prética de um ato, pela instancia superior, que modifica a regra de competéncia territorial nas hipéteses de Juri. Através do desaforamento, portanto, o réu, por motivos que a lei relaciona, é julgado em foro diverso daquele em que cometeu o crime, deixando de ser observada, assim, a competéncia pelo lugar da infragéo mencionada no art. 70 do cédigo (competéncia ratione loci). Desaforar, pois, na precisa ligao de Julio Fabbrini Mirabete, “é retirar o processo do foro em que esté para que o julgamento se processe em outro” (Processo penal, p. 502). Embora nio haja previsdo legal a respeito, parece de bom tom que se ougam as partes a respeito do pedido, em homenagem Distbuiede gratuita MU! juridicoecom Para mais contetidos como este, acesse: www.meusitejuridico.com aos principios do contraditério e da ampla defesa. Assim, quando formulado pelo Ministério Publico, deve ser colhida a manifestagao da defesa. Nesse sentido, inclusive, a Simula 712 do STF, ao enunciar que “é nula a deciséo que determina o desaforamento de processo da competéncia do Juri sem audiéncia da defesa”. E, se manejado o pedido pela defesa, deve ser ouvido o parquet, conquanto entendamos, neste Ultimo caso, que eventual falta de interven¢gdo possa ser suprida pela manifestagdo do Procurador-Geral. Quando o desaforamento 6 proposto pelo juiz, ambas as partes - e, inclusive, eventual assistente de acusagéo - devem ser consultados. 7) Eventuais nulidades ocorridas em Plendrio do Juri, decorrentes de impedimento ou suspeigao de jurados, devem ser arguidas no momento oportuno, sob pena de preclusao. Verificando-se alguma nulidade relativa no curso de audiéncia, ela deve ser, sob pena de preclusdo, imediatamente suscitada, velando o interessado, ainda, que conste da ata o incidente. A mesma orientagao aproveita ao juri, onde ha, inclusive, previsio expressa a exigir que, da ata, constem os incidentes (art. 495, inc. XV). O STJ se orienta exatamente nesse sentido, de que a nulidade ocorrida na sessao de julgamento deve ser arguida naquela momento. Caso nao o seja, ha preclusdo: "Esta Corte possui o entendimento harménico de que eventuais nulidades ocorridas no plenério de julgamento do Tribunal do Juri devem ser arguidas durante a sessdo, sob pena de serem fulminadas pela preclusdo, nos termos da previsdo contida no art. 571, VIll, do Cédigo de Processo Penal. Na hipétese, a discussao sobre o impedimento ou a suspeigdo de jurado deveria ter ocorrido no momento do sorteio do conselho de sentenga” (HC 208.900/SP, j. 11/10/2016). Distibuicgo gratuite MEU | juridicoecom Para mais contetidos como este, acesse: www.meusitejuridico.com 8) E absoluta a nulidade do julgamento, pelo juri, por falta de quesito obrigatério. Nulidade € 0 vicio processual decorrente da inobservancia de determinada exigéncia legal. Ou seja, a lei prevé a forma pela qual deve ser praticado um ato e, apesar disso, o ato é perpetrado de maneira diversa, contrariamente a lei. Pode ser absoluta ou relativa. Na absoluta, a irregularidade recai em formalidade de cardter constitucional, ou seja, sao afrontados principios constitucionais do processo penal. Aqui a formalidade nao interessa apenas as partes, mas 4 ordem publica. Em razao disso, independe da demonstragao de prejuizo (que é presumido) e pode ser conhecida de oficio, sem necessidade de provocagdo das partes, nado se sujeitando a preclusdo. Ja na relativa é desatendida uma exigéncia legal estabelecida em norma infraconstitucional. Tal formalidade é essencial, pois resguarda interesse de uma das partes. O interesse maior, portanto, é de uma das partes e, em razdo disso, somente sera declarada a nulidade se demonstrado 0 prejuizo e quando agitada em tempo oportuno. No julgamento pelo juri, ao contrario do sistema americano, no qual os jurados respondem a Unica indagagao (guilty or not guilty), adotou-se no Brasil o sistema francés, em que a deciséo é tomada por maioria de votos, a partir da formulagéo de quesitos que sdo respondidos pelos jurados. Curioso que, a partir da reforma do juri, de 2008, o art. 483, § 2°, passou a prever um quesito tinico e obrigatério, formulado em uma proposigao direta e objetiva, no sentido de que “o jurado absolve o acusado?” Nesse aspecto, embora ainda prevalecendo o sistema francés, é possivel se afirmar que algo do sistema americano foi incorporado entre nés. Feitas tais anotag6es, parece claro que, em um procedimento do juri, a elaboragao dos quesitos e suas respectivas respostas seja mesmo obrigatéria. Lembre-se que a stimula n® 156 do STF é Distbuiede gratuita MU! juridicoecom Para mais contetidos como este, acesse: www.meusitejuridico.com enfatica ao afirmar que "é absoluta a nulidade do julgamento, pelo juri, por falta de quesito obrigatério". Sem embargo disso, por vezes sao detectados quesitos formulados de forma errénea ou ent&éo se verifica a omissio de um quesito obrigatério, a fulminar de nulidade o feito. No mesmo sentido da simula n° 156, orienta-se o STJ: “Demonstrada a auséncia de elaboragéo de quesito obrigatério, imperioso ° reconhecimento da nulidade do julgamento, consoante o disposto no verbete 156 da Sumula do Supremo Tribunal Federal” (HC 352.330/PB, j. 28/06/2016). 9) Apés as modificagées no rito do Tribunal do Juri introduzidas pela Lei n. 11.689/08, o quesito genérico de absolvi¢ao (art. 483, Ill, do CPP) nao pode ser tido como contraditério em relagdo ao reconhecimento da autoria e da materialidade do cotsteat Os quesitos, seguindo o disposto no art. 482 do CPP, versarao sobre questées de fato e indagaréo se o acusado deve ser absolvido. Devem ser redigidos em proposicgées afirmativas (nunca na forma negativa), simples e distintas, de modo que cada um deles possa ser respondido com suficiente clareza e necesséria precisao. Dentre os quesitos dirigidos aos jurados, importam-nos trés para analisar a tese n° 9 do STJ: a) materialidade: os jurados decidirao, em conformidade com a prontncia, 0 interrogatério e as alegagdes das partes, sobre a conduta criminosa, o resultado (evento) e o nexo causal; b) autoria ou participagao: nesta segunda oportunidade de manifestagado, os jurados serao indagados sobre autoria, coautoria ou participagéo. Por exemplo: A’ foi o autor dos disparos que causaram a morte da vitima?”; ““B’, ao induzir o atirador, concorreu, de qualquer modo, para a realizagao dos disparos que causaram a morte na vitima?"; c) se o jurado absolve o acusado: se o Conselho de Disibuicso gratuita Meu juridicoecom Para mais contetidos como este, acesse: www.meusitejuridico.com Sentenga se manifesta positivamente a respeito dos quesitos relativos 4 materialidade e 4 autoria, recusando outras teses eventualmente apresentadas, nao se impéde, ainda, a condenagio, pois, conforme estabelece o art. 483, inciso Ill e § 2°, indaga-se se o jurado absolve o acusado por outras causas. Este quesito - inserido na reforma de 2008 - foi introduzido sob a justificativa de tornar mais simples o procedimento de vota¢gao nos crimes dolosos contra a vida ao facilitar a elaboragao e, principalmente, a compreensdo dos quesitos pelos jurados. Verificada alguma contradigo na resposta aos quesitos, cabe ao juiz explicar aos jurados no que consistiu tal incongruéncia, renovando a votagaéo daquele quesito especifico. Assim, por exemplo, se os jurados reconhecem que o réu agiu de forma imoderada na legitima defesa, deverao, em consequéncia, admitir também a existéncia do excesso doloso ou culposo. Ha quem sustente que a resposta positiva quanto a absolvigao contradiz as respostas positivas 4 autoria e 4 materialidade delitivas, ou seja, se os jurados reconhecem a existéncia do crime e estabelecem a autoria pelo réu, ndo podem votar pela absolviggo no terceiro quesito. O STJ nao segue essa orientagdo: “A jurisprudéncia desta Corte Superior de Justica é no sentido de que 0 art. 483, inciso III, do Cédigo de Processo Penal traduz uma liberalidade em favor dos jurados, os quais, soberanamente, podem absolver o acusado mesmo apés terem reconhecido a materialidade e autoria delitivas, e mesmo na hipdétese de a Unica tese sustentada pela defesa ser a de negativa de autoria. Precedentes” (AgRg no REsp 1.490.467/DF, j. 24/05/2016). Distbuiede gratuita MU! juridicoecom Para mais contetidos como este, acesse: www.meusitejuridico.com PON renee et cuC eC Cone Rete eet tke Caec ie etic ee SSI CViCns MRCS eR site ttn ekstreme ird presidente, sob pena de preclusdo (art. 571, inciso VIII, do CPP). Segue-se aqui o mesmo fundamento exposto na tese n° 7. Irregularidades na quesitagdo apresentada aos jurados ocorrem, evidentemente, no julgamento em plendrio, razao pela qual as nulidades daf advindas devem ser arguidas imediatamente, pois, do contrério, ha preclusdo: “1. Nos termos do artigo 571, inciso VIII, do Cédigo de Processo Penal, as nulidades do julgamento em plendrio devem ser arguidas logo apés a sua ocorréncia, sob pena de preclusdo. 2. Na espécie, de acordo com a ata da sessdo de julgamento, a defesa nao se insurgiu contra a auséncia de formulagao de quesito referente 4 tese de desclassificagdo, o que revela a preclusdo do exame do tema” (HC 339.030/PB, j. 23/08/2016). ci Deere Com Le Tuy Tel OM (Euro SMMNC LTTE ClC Ta] apresentados com ma reda¢ao ou quando forem formulados de modo complexo, a ponto de causarem perplexidade ou de Chit eta arcute tataicens en tacts ee Como ja tivemos a oportunidade de mencionar, os quesitos devem ter redagéo na forma de proposigées afirmativas, simples e distintas, possibilitando que os jurados os compreendam com facilidade e consequentemente os respondam com clareza e precisdo. Na elaboragao dos quesitos, o juiz presidente leva em conta os termos da pronuncia (que delimita os debates em plendrio) ou das decisdes posteriores que julgaram admissivel a acusagdo (acérdao que manda o réu a julgamento do juri), do Disibuicso gratuita Meu juridicoecom Para mais contetidos como este, acesse: www.meusitejuridico.com interrogatério do réu, em ato de autodefesa e das alegagdes das partes, externadas no plenario do juri, durante os debates. Isso tudo deve ser exposto de uma forma que os jurados - leigos, 6 sempre recomendavel ressaltar - possam compreender imediatamente o contetido dos questionamento que lhe esto sendo dirigidos. Se a formulagdo dos quesitos for de tal modo complexa que dificulte ou impega a compreensao, o julgamento pode ser anulado. Ha inclusive decisao do STJ no sentido de que se trata de nulidade absoluta: “Se os quesitos s4o formulados de forma complexa, causando perplexidade aos jurados e prejuizo 4 defesa, a nulidade 6 absoluta e pode o julgamento ser anulado, ainda que nao tenha constado qualquer protesto na ata da Sessdo do Juri. Precedentes” (HC 54.279/PI, j. 05/09/2006). 12) O efeito devolutivo da apelagao contra decisées do Juri é adstrito aos fundamentos da sua interposi¢ao. As hipdteses de cabimento de apelagao contra as decisées do juri sao de fundamentagao vinculada, ou seja, o apelante deve invocar, se pretende recorrer, um dos fundamentos dentre os relacionados no art. 593, inc. III, “a” a “d”, do CPP. De sorte que a matéria a ser devolvida ao conhecimento do Tribunal fica restrita 4 fundamentagao do recurso. Assim, por exemplo, se 0 condenado recorre para ser submetido a novo juri por entender que a decis&o dos jurados foi manifestamente contraria a prova dos autos (art. 593, inc. Ill, “d”), nado pode o Tribunal reduzir-lhe a pena (art. 593, inc. Ill, “c”). Nessa linha, a propésito, o teor da Stmula 713 do STF, in verbis: “O efeito devolutivo da apelagao contra decisées do Juri é adstrito aos fundamentos de sua interposigaéo”. E a mesma orientagdo seguida pelo STJ: “Conforme a dicgao da Stmula/STF 713, tratando-se de apelagaéo contra sentenga do juri, que ostenta natureza Distribuigao gratuita meu} juridicoecom Para mais contetidos como este, acesse: www.meusitejuridico.com vinculada, 0 seu espectro de conhecimento fica adstrito as razées recursais, nado sendo admissivel a andlise de matéria nao aventada pela parte apelante. Precedente”. Ressalte-se, porém, que a falta de expressa indicag&o do dispositivo legal no qual se funda a apelagao nao constitui fator que impega seu conhecimento, “desde que nas razées se encontrem os fundamentos que ensejaram o recurso e as pretensées dos recorrentes estejam perfeitamente delineadas” (RSTJ 26/499; ainda nesse sentido: RT 687/363, 779/650). 13) Nao viola o principio da soberania dos vereditos a cassagao da deciséo do Tribunal do Juri manifestamente contréria 4 prova dos autos. Do julgamento pelo tribunal do juri é cabivel apelagao quando a deciséo é manifestamente contréria 4 prova dos autos. sem divida, a mais interessante das hipdéteses de apelagao contra as decisées do juri, que aparece com mais frequéncia na pratica e que enseja o maior numero de controvérsias. Nela, a segunda instancia, reconhecendo que a decisao dos jurados contrariou a prova dos autos, determina a realizagdo de um novo julgamento (§ 3°, do art. 593). Nao pode o tribunal, portanto, ao apreciar a apelagao, condenar ou absolver, sob pena de ferir 0 principio da soberania do juri, mas somente dar provimento ao recurso para que um novo plenario seja realizado. Insistimos: suponha-se que o réu, sempre quando ouvido, inclusive quanto interrogado em plenario, tenha confessado a autoria do homicidio, dizendo que assim agiu por motivo torpe, ante a negativa da vitima em pagar-lhe uma bebida. Inconformado e animado pela ingestéo exagerada de 4lcool, quando a vitima deixava o local, contra ela investiu pelas costas, matando-a. A despeito da eloquéncia da prova, o juri, contudo, o absolve. Com o recurso do Ministério Puiblico, a Disibuicso gratuita Meu juridicoecom Para mais contetidos como este, acesse: www.meusitejuridico.com segunda instancia nao se permite condenar o réu, em que pese o absurdo da decisdo. Se assim o fizesse, violaria o principio da soberania dos veredictos. Cabe-lhe, nessa hipétese, a possibilidade de, acolhendo o recurso do parquet, mandar o réu a novo julgamento. Sabe-se, no entanto, que um dos principio do juri é a soberania dos veredictos, segundo o qual somente os jurados podem decidir pela procedéncia ou nao da imputagao. Na precisa ligao de José Frederico Marques, a soberania deve ser entendida como a “impossibilidade de os juizes togados se substituirem aos jurados na deciséo da causa” (Elementos de direito processual penal, III/262). Em suma: um tribunal formado por juizes togados nao pode modificar, no mérito, a decisdo do juri popular. Diante disso, indaga-se: A modalidade de apelagao contra a decisdo dos jurados é compativel com este principio? A procedéncia da apelagdo por decisdéo manifestamente contréria 4 prova dos autos n&o contraria o principio da soberania dos veredictos porque a instancia superior nao decide o mérito da causa no lugar dos jurados. Nao absolve nem condena o réu. Apenas determina, diante de manifesta contradigéo entre 0 contetido probatério e 0 resultado da decisdo, que novo julgamento seja realizado, também pelo juri: “A jurisprudéncia desta Corte é pacifica no sentido de que nao ofende a soberania dos veredictos a anulagao de decisdo proferida pelo Tribunal do juri, em 2° grau de jurisdi¢&o, quando esta se mostrar diametralmente oposta as provas constantes dos autos, ainda que os jurados tenham respondido positivamente ao terceiro quesito formulado, referente a absolvigaéo do acusado. (AgRg no AREsp 835.956/ES, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, julgado em 15/03/2016, DJe 28/03/2016)" (AgRg no AREsp 805.514/ES, j. 13/12/2016). Distbuiede gratuita MU! juridicoecom Para mais contetidos como este, acesse: www.meusitejuridico.com 14) A soberania do veredicto do Tribunal do Juri ndo impede a desconstituigéo da decisao por meio de revisao criminal. O principio da soberania dos veredictos é relativo, ndo deve ser entendido como um poder absoluto acima de qualquer outro. Assim, pode a decisdo do juri, quando prejudicial ao réu, ser modificada através de revisdo criminal, conforme entendimento pacifico da jurisprudéncia. E, de fato, seria inconcebivel imaginar que uma decisdo absolutamente injusta nado pudesse ser alterada em nome desse principio. Imagine-se o exemplo em que, apesar de o réu ter sido condenado definitivamente por homicidio, surge a vitima viva (como no célebre caso dos irm&os Naves, em Araguari-MG). Afrontaria o senso comum de justiga que, em atendimento a soberania do juri, fosse mantida tao absurda condenagdo. Dai a oportuna li¢ao de Tourinho Filho: “entre manter a soberania dos veredictos intangivel e Procurar corrigir um erro em beneficio da liberdade, obviamente o direito de liberdade se sobrepde a todo e qualquer outro, mesmo porque as liberdades publicas, notadamente as que protegem o homem do arbitrio do Estado, constituem uma das razGes do processo de organizagéo democratica e constitucional do Estado ... entre o direito de liberdade e a garantia constitucional da soberania dos veredictos, a prevaléncia 6 daquele” (Cédigo de processo penal comentado, vol. 2, p. 395). No mesmo sentido, o STJ: “Diante do conflito entre os princfpios da soberania dos vereditos e da dignidade da pessoa humana, ambos sujeitos a tutela constitucional, cabe conferir prevaléncia a_ este, considerando-se a repugnancia que causa a condenagao de um inocente por erro judicidrio (REsp 964978/SP)” (REsp 1.050.816/SP, j. 01/12/2016). 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