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CRIACAO DE BOVINOS N. Athanassof Escola Supsrior de Agricultura «Luiz de Queiroz, da Universidade de Séo Paulo = © ALEITAMENTO DOS BEZERROS © aleitamento dos bezerros recém-nascidos vem a ser uma espécie de complemento A gestagio, visto que o primeiro Jei- ie (0 colostro) que éles recebem nAo pode ser substituido im- punemente por outro alimento. O leite materno nao é um liqui- de inerte; éle encerra em proporgées fisiologicamente necessa- rlas todos os elementos indispensaveis e em doses apropriadas para o desenvolvimento normal do bezerro; éle possui também algumas propriedades especiais, e além dos principios nutriti- Vos e sais minerais encerra varias vitaminas e enzimas. O leite € 0 principal alimento do bezerro durante o periodo de aleita- mento, sendo frequentemente 0 tmico nos primeiros 30 dias de sua vida. As observacées e experiéncias sobre animais novos em crescimento e particularmente sobre os bezerros, quando con- venientemente alimentados demonstram um aumento progres- sivo dos constituintes do seu corpo em matérias azotadas e minerais, Seria até impossivel obter uma parada no desenvolvi- mento de certos dos seus 6rg4os, mesmo nos casos quando as despesas do seu organismo fossem iguais As receitas: neste wl- timo caso, certos 6rgaos, se desenvolveriam & custa de outras partes do corpo, fendmeno éste que naturalmente nao pode continuar por muito tempo, mas que demonstra a necessidade do organismo novo de crescer. E’ conhecido também que a destruicéo no organismo do bezerro novo é maior, e que as proteinas, as vitaminas e as subs- tancias minerais que éle recebe, além dos necessdrios para a 4. —<—————._ Revista de Agricultura sva mantenga, sao utilizadas em maior proporcdo e se destinam principalmente 4 edificag&o dos seus tecidos ¢ 6rgdos em via de formagao. , Segundo uma experéncia realizada por SOXHLET na ‘Es- sagéo Experimental de Viena e citada pelo Prof. 0, KELLNER, © aumento diario verificado em um bezerro pesando 50 quilo- gramos, com 15-20 dias de idade alimentado exclusivamente com leite foi de 925 gramas, sendo éste aumento representado por 359 gramos de matéria séca-e 566 gramos de agua. Resumindo as permutas materiais, yerificadas na dita ex- periéneia, podemos estabelecer em utimeros redondos 0 Balan- ¢o nutritivo para o bezerro como segue : Natureza dos _principios nutritivos organicos € minerais No. ar exelado 915 ors. de gas carbontco Destro ars. Agua Matéria séca y Matérias azotadas Matérias graxas Lactose Azoto Carbono Matérias minerais Acido fosférico Cc Na experiéncia acima verificamos terem fixado-no orga- nismo do bezerro ; 1) Das matérias azotadas digeridas do lei- te (231,5 ers.), fixou-se em forma de carne 168,0 grs. — 72,6% apenas 63,5 grs. isto €, 27,4% foram destruidas. 2) Das cinzas do leite foram fixados 33 grs. — 53,2%; do Acido fosfdrico (2205) — 72,6%; do calcio (Cad) — 97%; do potdssio (K?0), S6dio (Na20), Ferro (Fe203), Magnésio (Mg0) e outros sais so- mente — 20-40%. 41 Criag&o de bovinos, Como se vé, 0 leite das vacas, devido & sua composicao da apenas para satisfazer as necessidades do arganismo do be- zerro em CAlcio (Cad) e Acido fosférico (P205), motivo porque amiudé havera necessidade de introduzirmos na rac&o dos be- zerros um pouco de fosfato de calcio ou melhor ainda greda Javada. © aleitamento dos bezerros pode ser, natural ou artificial. A escolha entre os dois processos dependera de certas conside- vacdes das quais, umas se relacionam com a raca, outras com © fim a que se destinam os bezerros, e finalmente as terceiras séo puramente de ordem econémica e técnica. O aleitamento natural, que 6 o mais conhecido entre nés consiste em deixar os bezerros mamar nas vacas até a época da desmama. Nos primeiros dias devemos assistir aos bezerros pa- ya acoctuma-los a mamar e receberem 0 leitecolostro que as vacas secretam pelo espaco de alguns dias, apés a paridura. Este primeiro leite de composicdo diferente da do leite normal, como se sabe, favorece a expulséo do mecOénio acumulado nos intestinos do bezerro durante a sua vida intra-uterina e pelas substancias especificas que contém concorre para organizar a sua defesa contra as bactérias. O leite constitui a base da alimentac&o dos bezerros novos, 9s quais estando junto com as vacas poderao mamar & yonta- de e segundo as suas necessidades. Frequentemente, consoante as necessidades do servico, 0 sistema de criacéo e exploracao adotado na propriedade, havera necessidade de separarmos os bezerros das vacas deixando-os mamar apenas 3-4 vezes por dia, sendo o numero de refeigdes nos primeiros dia de 4-5 e de- pois apenas de 2 a 3. @ste processo de aleitamento é aplicado de preferéncia nas criagdes de gado comum e nas racas nao leiteiras, onde o leite produzido pelas vacas da apenas para ali- mentar os bezerros. A sua dura¢do se prolonga por uns 6-8 me- ses quando se opera a desmama. © processo de aleitamento natural quando aplicado na ex- ploracéo de um rebanho de gado leiteiro é anti-econdmico e nao deixa de apresentar certos inconvenientes. As yacas sendo boas leiteiras, os bezerros em geral sido incapazes de esvasiar Revista de Agricultura 42 © bere e 0 leite que fica sendo retido pelas vacas, dificil se torna extrai-lo pela ordenha; assim sendo e por falta de uma ginastica funcional metédica havera forcosamente uma dimi- nuigio na producao do leite; oferece ainda o grave inconve- niente particularmente em tempo quando grassa a epizootia de febre aftosa por ocasionar grande mortandade nos bezerros. Oferece ainda o inconveniente porque torna muito dificil de regular a quantidade’ de leite consumido pelos bezerros e 0 ho- rario das refeigdes. Fi As vezes praticam o aleitamento natural mesmo na ex- ploragao das boas ra¢as leiteiras, quando se trata de bezerros especiais de primeira escolha. Praticam de preferéncia 0 alei- tamento natural também para bezerros das primiparas, que as vezes sendo cobertas de novo no primeiro cio sao esgotadas mais cedo, quando no 5.° ou 6.° més de lactacao; essas vacas séo vendidas prenhes (antes de dar a 2.a cria) no momento quando seu ubere tem bonita aparéncia e como novilhas, de- yendo dar primeira cria, que na realidade so ja vacas para dar segunda cria. © aleitamento artificial sera aplicado de preferéncia aos be- zerros das racas leiteiras ou mistas mantidas e exploradas no regime intensivo ou misto, Permite regular a quantidade de leite consumida de acérdo com o péso dos bezerros, bem como aproveitar grande quantidade de leite desnatado e outros ali- mentos mais baratos. As condigdes essenciais para o éxito da aplicacéo de tal processo séo : manter rigorosa limpesa nos va- silhames, perfeita regularidade nas horas de refeicio, regular semanalmente a quatidade de leite consumido pelo péso vivo do bezerro e oferecer sempre leite bom, morno, visto como o leite muito frio ou j4 passado ocasiona facilmente a diarréa. Segundo as condigdes econdmicas da exploracéo, a quali- dade e o destino que tero os bezerros, éles receberdo leite puro somente além do colostro, durante quatro semanas ou duran- te todo o periodo de aleitamento que pode durar em média uns 6 meses e mesmo mais para os futuros reprodutores quando de Gualidade especial. Na realidade depois do primeiro més 0 lei- te puto sera substituido gradativamente por leite desnatado, Criagéo de bovinos tanto que no fim do terceiro més pode ficar suprimido, rece- bendo o bezerro nos 3 meses restantes somente leite desnatado, farinha e farelos, capins e fenos. O leite de vaca como alimento tem a composicéo média’ se- guinte : Leite normal Leite colostro Matéria' séca 123% 25,5% Matérias azotadas 3,3% 17,6% Matérias graxas 3,4% 3,6% Matérias hidro-carbonadas 46% 2,1% Matérias minerais 0.7% 1,7% | Valor nutritivo (amido) 14,1% 7 26,7% Para o cdleulo das racdes de bezerros em periodo de alei- tamento podiamios adotar as normas indicadas por 100 kers. de péso vivo pelo Prof. H. ZWAENEPOEL e que sao as seguin- tes: Bezerros das racas leiteiras Menoresde2meses C/2-3meses 0/3-6 meses Matéria séca 2,000 2,300, 2,4000 Matérias azotadas digestiveis 0,512 0,400 0,350 Matérias graxas 0,544 0,200 0,100 Matérias hidro-carbonadas digest. 0,736 1,300 1,800 Valor nutritivo (amido) 2,410 1,900 1,500 Portanto um bezerro com 3 semanas de idade, pesando 50 quilos, precisaré na sua ragio de cérea de 1k205 de principios nuutritivos expressos em valor amido e os encontraré em 8 qui- los de leite com a composi¢do acima indicada. Mas como 0 alei- tamento se prolonga por uns 6 meses, devendo os bezerros re- ceber durante éste periodo além do leite puro também leite desnatado, farinhas, farelos, capins e fenos, torna-se entao ne- vessaric adotarmos uma regra para o calculo de suas racgdes nas diversas etapas e fazer as substituicdes necessérias. As racdes dos bezerros podem ser expressas em Kers. de leite regulando éste de acdrdo com o seu péso vivo de 1/6 --1/7 Revista de Agricultura 44 (16,6%-14,3%). Nestas condigdes, calculadas 4s racées, elas se- riam suficientes no 1.0 e 2.0 més, mas fortes demais para os hezerros maiores de 3 meses. A soluc&o possivel € conservar o mesmo divisor e admitir como sendo de igual valor nutritivo os seguintes alimentos: 1,000 kg. de leite puro (0,165) = 1,000 kg. de leite desnatado + 50 gers. de farinhas (0,137) — 100 gers. de mistura de farinhas e farelos (0,80), que na realidade n&0 © sAo. Ora, sabendo-se que o leite puro sendo o wnico alimento do bezerro no primeiro més, que sera substituido progressiva- mente no 2.0 € 3.0 meses pelo leite desnatado e éste iltimo mais tarde pelos farelos, capins e fenos, de valor nutritivo menor, é ficil compreender que 0 valor dinamico das races expressas em Kers. de leite se ajustara automaticamente as necessida~ ' des dos bezerros. Nesta hipétese devemos adotar as seguintes regras: 1) Na lia semana dar ao bezerro somente leite da propria mae; 2) No 1.0 més, 0 bezerro receberé sdmente leite puro do es- ‘Abulo; 3) No 2,0 e 3.0 meses o bezerro deve receber leite puro e leite desnatado ,adicionando-se a cada litro déste ultimo 50- 60 grs. de farinhas (12 farinha de mandioca + 1/4 farelinho de trigo + 1/4 fubé de milho ou entao 1|2 farinha de mandio- ca 4 1/2 fubA de milho); 3) No 3.0 més deyemos dimnuir progressivamente o leite puro, que ficard suprimido no fim do mesmo (algumas vezes faz-se isto no fim do 2.0 més), dando no leite desnatado um pouco de cha de feno; nas mangedouras um pouco de feno, ca- pim verde mui tenro e*parte dos farelos que exceder 50 grs. por litro de leite desnatado. 5) do 4.0 més em diante o bezerro receberd s6 leite desna- tado com farinhas e o deficit de leite sera substituido por 260 grs, de farelos oferecidos na mangedoura. 6) No 6.0 més comeca-se aos poucos a diminuir o leite des- natado aumentando os farelos até a desmama completa, o que se da no coméco do 7.0 més. As vezes ser conveniente prolon- T 0 aleitamento por mais um ou dois meses, quando se tra- tar de alguns’ bezerros especiais. Criagio de bovinos No exemplo a seguir, estéio indicadas as ragdes para uma pezerra de raca holandésa, nascida em 26-5-1927, pesando ao nascer 35 quilos, sujeita ao aleitamente artificial durante 180 dias. O péso vivo da bezerra, bem como 0 leite puro, o leite des- natado e a mistura de farinhas e farelos da sua racao no ini- cio de cada semana sao indicadas na Tabela I. ‘ Tabela I ‘As racdes didrias da bezerra da raca holandésa “Narceja”’ durante o periodo de aleitamento de 180 dias. Se SH SnT PEt ce I nel Roe Idade LS eis 8 / ; 1 2 | 5S] Observacoes Semanas Puro | Desnat | § 2 |.§ © Kgs. gs. | S| 1 35 | 5,000 | 5,000 | 2 40 | 5,700 | 5,700 3 | 45 |, 6,400 | 6,400 t 4 50 |' 7,000 | 5,000 | 2,000 | *0,100 5 56 | 8,000 | 5,000 | 3,000 | 0,150 | - 6 60°] 8,500 | 5,000) 3,500 | 0,175 "| Sal net tarinha a 65 | 9,200 | 5,000} 4,200 | 0,210 quilg eae Face 8 75 | 10,700 | 5,700 | 5,000 | 0,250 nha; cha de 9 80 | 11,400 | 6,000 | 5,400 | 0,270 feno. 10 85 | 12/000 | 5,000 | 7,000 | 0,350 Capim e -feno 11 85 | 12,000 | 5,000 | 7000 | 0,350 de. boa quali- 12 90 |. 13,000 | 5,000 | 8,000 | 0,400 Cae B 100 | 14,200 10,000 | 0,500 | 0,420] S#° 14 110 | 15,700 10,000 | 0,500 | 0,570 15 115 | 16,400 10,000 | 0,500 | 0,640 16 120 | 17,000 9,000 | 0,450 | 0,800] © excedente de iv | 127'| 18,000 9000 | 0,450 | 0.900] Sh.8"* oe titre 18 |. 135 | 19,200 9,000 | 0,450 |. 1,020] de leite sera 19 135 | 19,200 9,000 | 0,450 | 1,020! oferecido nas 20 145 | 20,700 9,000 | 0,450 | 1,170) ™aneedouras 21 | 155 | 22,000 9,000 | 0,450 | 1,300) 22 155 | 22,000 9,000 | 0,450 | 1,300 23 160} 22,800 9,000 | 0,450 | 1,380 24 165 | 23,500 8,000 | 0,400 | 1,550 25 165 | 23,500 7,900 | 0,375 | 1,600 26 175 | 25,000 6,000 | 0,300 | 1,900 | Revista de Agricultura No exemplo atima a bezerra consumiu alimentos no va- lor de Cr.$799,54: z 446,k600 de leite puro a Cr.$0,60. . . . . . Cr.$267,96 7.138,k200 de leite desnatado a Cr.$0,40 . ._, . Cr.8456,28 152,k600 de farinhas a Cr.$0,50. . . . . . Or$ 76,30 ~ r.$799,54 O péso da bezerra ao nascer era de 35 quilos e no fim de 180 dias pesou 175 quilos. Aumento de péso vivo. . . . . . 140 quilos Aumento diario de péso vivo. . . . 0,777 grs. Custo do quilo vivo de aumento. . |. Cr.$5,71 Para maior clareza segue abaixo a tabela II das racées di: vias dos bezerros do Pésto Zootécnico para o periodo de 2-1-1945 a 8-1-1945. Neste cAlculo n&o esta incluido, evidentemente, 0 valor do capim, do feno’e sal consumidos, as despesas de mao-de-obra, aluguel de estabulo, material, etc.. Examinando alguns dados relativos ao aumento de péso vivo dos bezerros das racas leiteiras criadas em nosso meio, notamos que regula nos 6 primeiros meses em média de 0,565 a 0,847 quilos por dia, havendo até casos especiais em que se ve- rificam aumentos de 1,000 a 1,200 quilos por dia. O aumento de péso esta em relacéo direta com a satde e a poténcia indivi- dual do bezerro e a quantidade de leite consumido; por conse- guinte, o custo do quilo de aumento de péso sera tanto mais cievado quanto maior for a quantidade de leite puro consumi- do e mais elevado o seu prego, bem como.a menor poténcia in- dividual do bezerro, Por af tem o criador alguns dados pelos quais poder4 ao menos se inspirar para os calculos que tera de fazer para as condigdes em que vai operar. 47 Criagado de bovinos ——_——_—_— “** our ep ojered. ‘“mopuaue ap ofarea { @ eanysrur \ see ‘sezorew sostozaq soe ) 900%T ‘oypoo-ou eproapanin - ep19si9j0 | OO8aAt Wzeuyer ep opreg ( —eP coats o00%g “+ OTN ap ofareE ) * > ‘opejeusap ajar ou { 000XT “-"* ouprar ap eqng t cy eanystur ngue ap eurz0y e qos eproassjq | gooyT **”* eoorpueur ap eyuIE ap 540% | @0L'0 | ses‘6 | 00s'0e | O00‘OT i | 999'0 | sor‘z | oos'T ae = | oor'ez | ext | “vourenz | +F-9-6 VONVIA — 28 — | oor‘e | o00'e | — | oos‘ee | got «| PPL ST VXaTd — £98 Ths‘0 | OT9‘T | 000'9 —_ | oor‘et | vet | “puvion | #-L-62 |“ VONVUa — +48 o00't | ose | 0009 | — | oos'ez | sor | “uewrena | +-8-9 NILAVIA — 978 tus‘0 | ort | 0009 | — | oor'et | gor | ‘suzenD | ¥3-g-9 VIHAVA — Lt err | ost‘ | oos'e | oo0's | oos's | 29 | > «x FeI-e | * VHOTd — 68 000'T | 0120 | 002% | 000°S | 002'6 9 | “PURIOH |: FF-11-8 WNOVd — 0g8 e ot Se2| 2 | Fe | ee ane nee eas ei & | Be | oe ede) -pseu i Bee ioe Les © eet os] oe | op eed cppatiaussieN, Sas ap ORE |e ee SP6I-I-8 © SEET-T-z ep opoyzed ou zouand ap zMq,, vanynoasy ep Joradng ¥joosy ¥ oxouE 0910993007 0480a Op soiioz0q Sop setIEIp saodey — TT UIPGUL 48 Revista de Agricultura A-desmama — A época da desmama determinar-se-a de acordo com o destino dos bezerros, a natureza da exploracao, o regime, a estagéo do ano, faculdades leiteiras das vacas e que- jandas condi¢des de ordem econémica. O melhor indice para a desmama € 0 aparecimento dos primeiros dentes molares per- manentes, que se da entre 0 5.0 e 0 6.0 més, pois do ponto de vista fisiolégico esta ¢ a melhor idade para inicid-la. Opere~ se a desmama gradativamente, afim de permitir uma boa adap- tagao do aparelho digestivo do bezerro ao novo regime. A pratica do aleitamento artificial facilita enormemente a * desmama dos bezerros, pois a diminuic&o do leité e sua substi- tuig&o por alimentos sdlidos (fenos, capins e farelos )se opera sempre com certa progressao. Quando os bezerros no regime de aleitamento natural, torna-se necessdrio diminuir o nu- * mero de yezes de mamar ou a estadia dos bezerros com as va- cas até separad-los completamente. O tempo necessario para a desmama completa pode regular de 3-4 semanas. Neste tem- po 0 criador deve cuidar especialmente da alimentac&o dos be- zerros distribuindo alguns farelos e oferecendo-Ihes melhor pasto. 2 Logo apés a desmama, quando os bezerros com 6 meses de idade, convém fazer a vacinacdo contra a peste de man- queira, senda marcagao feita, um pouco mais tarde*(aos 12 meses). O CRESCIMENTO. DOS BEZERROS peste 4 Z Por crescimento dos bezerros entende-se 0 aumento do pé~ so, tamanho e yolume do set corpo, resultante do desenvolvi- mento dos diferentes érgios, da formacéo de carne, da edifi- cacao do esqueleto e depésito de um pouco de gordura. Em consequéncia, como € facil presumir, obseryam-se modifica- Oes consideraveis no aspecto e formato dos bezerros, a ponto de tornar-se difi¢il reconhecé-los apos alguns meses de vida.’ As modificag6es corporais dos bezerros observadas nas diferen- tes etapas dé sua vida, sfo particularmente acentuadas nos 6 49 Criagao de bovintos —————__ primeiros meses e continuam com a mesma intensidade até atingirem a idade de 24 meses. Dai por diante a marcha ascen- dente do crescimento vai pouco a pouco diminuindo, até atin- sirem a idade de adulto (4 ou 5 anos). Se até hoje ainda € dificil dar-se uma interpretacao exata da natureza do proprio crescimento, os fatores que o determi- nam e modificam S40 mais ou menos conhecidos. Ble é desi- gual e depende de uma série de fatores que podem ser dividi- cos em internos e externos. ) a) Os fatores internos que regulam o crescimento dos be- gerros, tais a individualidade, o sexo, a raca, 0 temperamento, a idade, a satide, a heterose, etc., sio fixados por heranga. Sao em suma os fatores que condicionam a poténcia assimiladora do bezerro, mas que por sua vez dependem de outros fatores, prineipalmente da alimentacao, exercicio ao ar livre e cuida- dos de higiene. Achando-se 0 erescimento dos bezerros completamente in- dependente do seu sistema neryoso, é de presumir-se que a in- fluéncia da individualidade se exerce decerto pela agio das glandulas de secrecao interna e especialmente das” tirdides. Por exemplo, a ablagao destas glandulas em leitdes novos (sem atingir as paratiroides) tem determinado grande atrazo no seu crescimento e desenvolyimento. Além do mais, sabe-se que fa~ vendo ingerir a c&ezinhos novos determinadas doses de cor- po tirdige, observa-se uma superatividade funcional, acompa. nhada de aumento rpido do crescimento, mas sem determinar o gigantismo. EISELSBERG, em experiéncias realizadas sobre carneiros também concorda em atribuir-se grande influéncia as glandulas tirdides, cuja ablacdo feita em animais reproduto- res parece repereutir até sébre a sua descendéncia. Outras glandulas, tais como a timo, a hipéfise, as capsu- Jas suprarrenais, etc., também devem desempenhar papel mui- to importante no organismo animal, influenciando o seu cres- cimento. “4 . Os fatores que influiram de algum modo sobre o desenvol- vimento do feto e 0 péso do bezerro ao nascer, dentro de de- terminados limites, podem afetar também o seu crescimento. ‘vais os fatores que atuam durante a vida intra-uterina do fe- 50 Revista de Agricultura to; o numero de fetos no utero da vaca; o estado de satde € idade da vaca e do touro; o regime ¢ a alimentagao da vaca, antes € durante a gestacao, etc. b) Os fatores externos que influem da um modo decisivo sobre a rapidez e a modalidade do crescimento dos bezerros recém-nascidos, pela ordem de sua importancia, sao: 1) a ali- mentacdo, inclusive as vitaminas e sais minerais; 2) os cuida- dos de higiene; 3) as estagdes do ano; 4) o exercicio ao ar li- vre, etc. f A alimentagaéo tem uma influéncia consideravel sdbre o crescimento e desenvolvimento dos bezerros, tanto pela sua quantidade, como pela qualidade dos seus componentes. As ob- servacdes dos praticos sio unanimes neste particular em reco- nhecer a grande importancia do leite materno. Conhecia-se desde muito tempo a importancia das protei- nas, nos fenémenos de nutricéo dos animais em crescimento, mas nao se podia fixar o minimo indispensavel nas suas racdes por serem de valor biolégico diferente. A andlise quimico-bio- logica mostra-nos, por exemplo, que a gliadina do trigo e a hordeina da cevada s&o desprovidas de glicocola e de lisina; a gelatina nao possui nem tirosina, nem triptofana e nem cisti- na; & Zeina do milho falta triptofana, etc.. A insuficiéncia ali- menticia apontada sera devida, neste caso, 4 auséncia désses amino-acidos, nos materiais de construcdo, quando as racées dos bezerros, constituidas de um sé alimento, mesma ofereci- do em quantidade suficiente. A diferenga entre o valor biolé- gico das proteinas vegetais e animais é ainda maior. Os sais minerais nos’ alimentos sio indispensaveis para o crescimento normal dos bezerros: um regime deficiente e so- bretudo pobre em sais de calcio e Acido fosférico, paraliza o crescimento dos bezerros; 0 mesmo se dé quando os sais mi- nerais na racdo em quantidade suficiente, mas em péssima: re- Jac&o. As relagées mais favoraveis a conservar nas racées dos bezerros devem ser as seguintes: P2 O05 1,0 Naz Oo 0,7 acidez 1,08 CaO 1,5 ~K20 1,0 bases —1,00 CO riagao de bovinos sr A insuficiéncia de proteinas, ou quando estas de valor bio- lgico inferior, bem como a deficiéncia de certas vitaminas (A, 1), B’), mesmo quando houver excesso de sais minerais, hidra- tos de carbono e matérias graxas na racdo, contrariam o cres- cimento dos bezerros. Sabe-se ainda na pratica que as racdes imsuficientes ou néo balanceadas afetaréo especialmente os iezerros mais novos e os das racas aperfeicoadas, ficando as- sim, muito prejudicados no seu desenvolvimento, precocidade, péso e conformacao. Com exce¢&o da gordura, todos os tecidos e érgéos dos be- zerros novos se desenvolverao normal e harmonicamente, quando mantidos em boas condicées de higiene e se se Ihes proporcionar na boa época um exercicio moderado ao ar livre. A boa higiene e o exercicio ao ar livre ativam os fendmenos de digestaéo, de nutri¢&éo e orientam o desenvolvimento dos 6rgaos numa via mais favoravel para o maximo de resisténcia. & de observacéo corrente que os bezerros novos crescem e desen- volvem-se melhor quando gosam de certa liberdade e podem fazer exercicio diariamente nos pastos; assim éles se libertam com mais facilidade dos detritos do seu organismo, tem melhor apetite, alimentam-se melhor, gosam de melhor satde, enfim sua constituicao é mais robusta, sendo dotadas de resisténcia particular as molestias. A acao dos fatores internos sdbre o crescimento dos bezer- ies, como se vé, 6 condicionada até certo ponto pelos fatores alimentacdo, cuidados de higiene e exercicio ao ar livre; sua deficiéncia, conforme os casos pode restringir, ou mesmo supri- mir a ag&o dos fatores internos. Conclui-se do que precede, que o criador deve escolher boas vacas criadeiras, alimenta-las bem durante a gestacio e de- pois acasald-las com bons touros, oferecer boa alimentacdo e cxercicio aos bezerros, especialmente na la e 2.a fase da sua vida, quando o seu crescimento ainda é muito intenso. De um modo geral, podemos admitir, que o crescimento dos bezerros das racas leiteiras, quando bem alimentados, é mais intenso na 1a e 2.a fases de sua vida, para depois de dois anos diminuir progressivamente até atingirem 4 ou 5 anos. Pa- ra se ter uma idéia de como se processa o crescimento dos be- 52 Revista de Agricultura zeros (machos e fémeas) até a idade de 24 meses, reunimos no quadro abaixo alguns ¢lados para condigées dos Estados Uni- dos e as nossas. + Quadros indicando os pésos dos pezerros nas diversas eta- pas de sua vida até atingirem a idade de 24 meses. Estados Unidos | Raca Holstein |'Raca Guernsey Idade Se |a. ks. [P.. Ks.[M Ks. | Ao nascer 43,545 | 41,277| 32,205 | 20,484 aos 6 meses 181,893 | 165,564 | 131,997 | 121,110 aos 12 meses 350,632 | 296,200 | 276,242 | 222,264 aos 18 meses 551,577 | 390,549 300,736 aos 24 meses 658,627 | 487,620 371,044 |}. | Pésto Zootécnico de Piracicaba Raca Holandesa | Raga Flameniga | Raca Guernsey Idade M. Kel |F. ks. [Mt Ks. |e Ks | M. I | | ‘Ao nascer |! 40,000 | 30,000] 50,000 38,000 | 30,000 | 30,000 aos 6 meses |! 187,800 | 145,200 | 195,000 | 157,000 | 159,400 | 131,400 || aos 12 met || 253,000 | 200,000 | 300,000 245,328 | 230,800 |200,000 i aos 18meses || 421,880 | 266,240 | 372,500 314,660 | 196,000 | 242,900 aos24meses || 575,000 | 290,000 | 442,500 | 367,326 300,000 | 265,300 ee ES Pelos dados do quadro acima, é facil verificarmos que exis- te diferenga notavel no péso dos bezerros nas diversas etapas @a sua vida entre os criados aqui e nos Estados Unidos. Esta diferenca se nota particularmente nos nossos bezerros apés des- mana quando com a idade de 6 a 18 meses. Este atrazo é de vido a deficiéncia no regime alimentar : muitos dos atrazados no seu desenvolvimento recuperam em parte, mas s6 depois que atingirem 18 meses de idade. < Os bezerros nascidos na primavera, que for¢osamente se- rao desmamados no outono, devem sofrer uma crise forte, pe- Criagao de boviiies ——_ 98 ia supressio brusea do leite e sua substituicao por alimentos grosseiros, a que o seu aparelho digestivo ainda n&o esta ada- iado. Logo adiante no inverno a situacéio piora, porque além da falta de pasto, o frio e os carrapatos concorrem enormemen- te para atrazar o crescimento. B’ sé na primavera proxima e vero, quando a situacdo para éles melhora, achando-se com a idade j& de 12-15 meses. E Os dados acima, como se vé, demonstram que hé certa irre- gularidade no crescimento dos bezerros, mas quase sempre 20s 2 anos, seu péso ultrapassa 60% do péso de adulto. Isto obser- vado para os bezerros das racas Holandésa, Guernesy e Caract, eve ser mais ou menos valido também para as outras racas. Do ponto de vista econdmico, a marcha do crescimento ¢ iambém importante e deve ser levada em consideracdo, Para 8 condigdes de Alemanha, por exemplo, os algarismos abaixo citados pelo Prof. DETTWEILLEZ demonstram que os alimen- tos gastos por unidade de aumento de péso crescem constante- mente & medida que os bezerros aumentam de idade; éste au- mento das despesas por unidade de péso ganho, é sobretudo sensivel desde 0 4.° trimestre, isto é, depois. do 9.° més. Eis os dados reunidos.no quadro abaixo, dando 0 aumento de pése a . quantidade de unidades nutritivas gastas pelos bezerros e o vendimento em centavos por quilo de aumento nos dois prinvei- ros anos, segundo o Prof. DETTWEILLEZ Trimestt es Le Discriminagdes . 1 | ae [ie [8° | Aumento de péso Bar| rc dia em quilos 5,320 | 7,110 |7,820 | 13,990 | 14,230 | 13,590 | 27,680 | 25,920 de unidades nu- gastas por ca- da auilo-de aumento] de péso.- . . - - [07d /o.ads /0.593) 0.964) 0.963) 0,363 | 0.1901 0.245 Rendimento da tials de nutritiva em cen- faves. = . - .. 19,40 ess ieee 2,86 2,81 | 2,94 | 1.45 | 1,54 Pelos algarismos do quadro acima verifica-se que as des- Ppesas de producdo de um quilo de aumento de péso, se ele- 64. —____________——. Revista de Agricultura - yam constantemente desde o 1.° trimestre até 0 8.9, e éste au- mento 6 sobretudo sensivel desde 0 4.° trimestre, isto €, apé6s 0 9° més. “Os bezerros gordos e os garrotes e novilhos em boas carnes” diz 0 ditado popular, exprimem bem o segredo da arte Ge criar. Assim procedendo consegue-se criar ecohomicamente animais dotados de uma grande precocidade, sem prejudicar es funcdes de reproducéo e de lactacio para as quais serao ‘mais tarde explorados. Se os bezerros s&éo gordos, isto significa que séo no minimo bem alimentados; e se os garrotes e as no- vilhas so apenas em boas ‘carnes, sem excesso de gordura, is- io significa’que teréo bom desenvolvimento e seu instinto g nésico acordara mais cedo; sendo as novilhas fecundadas mais cedo, no fim da gestagéo a sua glandula mamaria manifestara uma maior atividade. CRIAGAO E ALIMENTACAO DEPOIS DA DESMAMA Tr >, Se o aleitamento dos bezerros na primeira fase da sua vi- @a do nascimento até a desmama (idade de 6-7 meses) adqui- re importancia consideravel para o desenvolvimento futuro do seu organismo, a alimentacdo e os cuidados de higiene, bem mo o exercicio ao ar livre depois da desmama até a idade de 24 meses, é ainda mais importante e por isso deve merecer toda a ateacao do criador : 5 1) Porque o crescimento, o desenvolvimento e o aumento de péso durante esta 2.a fase é ainda muito importante, de- vendo os bezerros atingir no fim do 1.° ano pelo menos 50% do seu péso de adulto e mais de 60% aos 18 meses de idade. 2) Porque o crescimento e o desenvolvimento do jovem or- ganismo n4o se opera com a mesma intensidade nem ao mes- mo tempo em tédas as partes; uma vez é 0 trem anterior que se desenvolve em altura para ser logo ultrapassado pelo pos- terior; outra vez é o trem posterior que se desenvolve em lar- gura; terceira vez 6 0 peito e assim por diante, tudo isto porém separado por momentos de parada. A alimentagao dos bezer- Tos sendo deficiente em alguma fase de seu crescimento mais Criagao de bovinos m 55 enso, forgosamente se refletiré sébre o desenvolvimento nor-: mal do seu organismo que ficaré defeituoso, 3) Porque existe diferenca no desenvolvimento normal dos bezerres segundo se trata de racas precoces, mistas ou tardias © mesmo segundo 0 sexo € os individuos da mesma raca .H4 pois necessidade de contréle acompanhando-se de perto o desenvol- vimento de cada um, reforgando a sua alimentac&o e os cuida- dos de higiene segundo a intensidade do crescimento nas diver- sas etapas. E’ de suma importancia dar-se aos bezerros desmamados uma alimentagao racional e abundande até pelo menos alcan- carem a idade de 18 meses; os bezerros de rac¢a, que se desti- nam & reprodugdo, devem ser cereados de mais cuidados e re- ceber sempre uma alimentacdo mais rica e copiosa. Dispondo-se de bons pastos e sendo cs garrotes e novilhas criados em boas condigdes no periodo anterior, os primeiros poderiam ser aproveitados para a reproducdo desde a idade de 45-18 meses, podendo as novilhas ser fecundadas aos 18-24 me- ses, para dar a sua primeira cria dos 28 aos 30 meses, No caso contrario convém retardar a fecundacdo para n&o comprome- ter a carreira da, vaca devido ao triplo trabalho fisioldgico : creseimento, gestagao e lactacéio, O regime alimentar o mais 1acional para as novilhas neste periodo 6 sem dtivida o do pas- to. O valor energético de sua racéo didria variando nesta ida- de, de 3k750 valor amido, poderiamos nestas condicdes reservar um alqueire de bom pasto para cada lote de 5 novilhas de 2 anos. Procura-se na pratica, para satisfazer as exigéncias dos bovinos novos, em periodo de crescimento, oferecer-Ihes ra- des calculadas na base das normas abaixo : ~ _Normas, por 1000 quilos de péso vivo, para bovinos novos em crescimento, com a idade de 6 a 24 meses. 56. —-—-@£@i | 2 CATEGORIAS e|s|s| 2) 22] fe] 3 | st 2] se 2) 8 | $6) S813. 3 Pal ay le cfr aber pe fe i g s ks. | ks. | ks. | Ks. ks | ke | Ke | Kee Bovinos das racas Ieiteiras e ! | mixtas, Com 6 meses 180 | 24 1,0 | 13,0 | 13,0 | 0,400 | 0,350 Com 12 meses 7 230 | 25 0,6 | 12.5 | 12,5 | 0,250 | 0,200 Com 18 meses . + * | 320 | 26} 2.0 | 04 12,5 11,5 | 0,200 | 0,175 Com 24 meses “| 400 | 26 | 1,5 } 0,3 | 12,0 10,5 | 0,150 | 0,125 Bovinos das } | | i | Com 6 meses { 200 | 24 le 2,0 | 13.5 | 18,5 | 0,450 | 0,400 Com 12 meses | 250 125 | 3,0 | 1,9 | 13.0 | 14,5 | 0,300 0,250 Com 18 meses | 340 | 26 { 2/3 | 0.5 | 13,0 | 12,0 | 0,250 | 0,200 | 425 {26 | 18.1.0.4 | 12,5 |11,0 | 0,200 {0,150 Com_24 meses Os assuntos relativos a alimentacao dos animais novos, apés 4 desmama, foram estudados por varios experimentado- tie primeiro em carneiros e depois em bovinos com a, idade de 5 a 24 meses, e désses ensaios conseguimos os seguintes dados. ‘A matéria séca da racdo aumenta com a idade dos bovinos @ resulta da introdugdo de quantidades crescentes de forragens vyolumosas de menor valor nutritive. © valor dinamico da racdo expresso em valor amido dimi- qi considerayelmente com a idade, 0 que esta de acordo, por- que diminui a intensidade do seu crescimento e porque ad- ‘quirindo maior péso, sua racéo de mantenga relativamente ao péso, $ menor do que a dos animais novos e menos pesados. As proteinas, as matérias graxas e hidratos de carbono da yacdo diminuem progressivamente com a idade dos bovinos, es- pecialmente a quantidade de proteinas e matérias graxas, sen- do insignificante para os hidratos de carbono. A redug&o progressiva da quantidade de proteinas na ra- cAo com a idade dos bezerros, deve attibuir-se a duas razdes de ordem fisiolégica : a) a racio dos bezerros é uma’ racio de producao que se compoe de 2 partes, sendo uma para manten- ca e outra para produgéo (crescimento). Em geral a ra- cfo de mantenca, diminui com a idade dos bezerros e esta 57 Criagao de bovinos diminuigéo se repercute com a mesma intensidade sdbre a quantidade das proteinas e também o valor global da racao. 4) Levando em conta 0 aumento do péso dos bezerros, verifi- camos que éle é mais intenso no 1.° e 2.° periodos e menor do 3.¢ ao 8.0, Evidentemente o aumento) de péso dos bezerros no- vos, resultando principalmente do aumento da proteina mus- cular € do esqueleto, explica-se entao, porque esta diminuicio. A redugéo constante da quantidade de matérias graxas hos periodos sucessivos se explica sobretudo, por consideragdes de ordem fisiolégica e também econdmica, pois 0 tubo digesti- vo tornando-se cada vez mais desenvolyido e apto para dige- rir alimentos ricos em hidratos de carbono, deve recebé-los de preferéncia em maior quantidade. A reducdo observada resulta todavia da relativa diminuicéo do valor dinamico da parte pro- dutiva das rageds dos mais idosos: Os sais minerais da racao e especialmente 0 calcio e o fés- foro, diminuem com a idade dos bezerros. Respeito aos sais de botassio, sodio, calcio e magnésio, sabe-se que sdo fixados pelo organismo dos animais em crescimento, mais ou menos, na mes- ma proporeéo durante as diferentes fases do seu desenvolvi- mento, exceto © Acido fosférico, que foi fixado em proporcdo crestente. Outros ensaios com bezerros de 4-6 meses de idade mostram-nos que o acido fosférico e calcio foram fixados na proporeao de-46% e 42% respectivamente. Por um terceiro en- saio verifica-se que o Acido fosforico foi fixado na propor¢ao de 56%-65% e o calcio de 51-54%, Segundo WEISKE, os bovinos em crescimento com 2 anos de idade ainda fixam no seu esqueleto diariamente 21 ers, de calcio e 19 gramas de Acido fosforico. Praticamente admite-se que a rac&o dos bovinos em cres- cimento quando completa, deve conter 2-3 vezes mais desses sais do que a quantidade fixada pelo seu organismo.. Os bezerros das Tagas precoces e os que se destinam a en- gorda mais tarde, seréo alimentados intensivamente,; favore- cendo-se assim a sua precocidade e o seu desenvolvimento. O inesmo se’ deve fazer com os garrotes das racas precoces que se destinam 4 reproducdo. Para os garrotes das racas leiteiras iaveria frequentemente vantagem em dar-se-Ihes uma alimen- 58 Revista de Agricultura tacéo mais rica e abundante. As novilhas das ragas leiteiras, nas quais n&o se procura desenvolver a precocidade, serao ali- mentadas normalmente. “ . A escolha dos alimentos que devem constituir as ragdes dos bezerros tem grande importancia sdbre-o seu desenvolvimento. Quando mal feita, recaindo sébre alinientos grosseiros e pouco nutrientes, sobre alimentos aquosos, sobre produtos que irritam mecAnica ou quimicamente o seu tubo ‘digestivo, sdbre sais e plantas que intoxicam o seu organismo, etc., 0 seu desenvolvi- mento ficara irregular; a gordura em bezerros assim alimenta- dos desaparece, 0 seu ventre cresce e abaixa, a coluna vertebral se encurva, os seus pélos s&éo arrepiados; emfim o animal mal alimentado fica anémico e torna-se presa facil para os parasi- as intestinais ou da pele e pulmo, até mesmo da tuberculose. ‘As regras a observar na alimentac&o dos bezerros em cres- cimento de raca fina, podem ser resumidas como segue : 1) os alimentos que compdem suas racdes devem ser de qualidade irrepreensivel; 2) evitar.o mais possivel os alimentos artificiais; 3) nao oferecer alimentos de qualidade duvidosa; 4) 0 preparo dos alimentos deve ser cuidadoso; 5) distribuir, a acho diaria de alimentos em 2 refeicdes pelo menos, evitando- se dar de uma s6 vez grande quantidade de alimentos; 6) man- ter sempre boa higiene nos estabulos, currais e pastos; 7) pro- teger os bovinos muito novos contra os excessos de temperatu- ya (calor ou frio intenso); 8) proporcionar aos bovinos em crescimento exercicio suficiente a0 ar livre o que permitira : evitar a engorda prematura e fortalecer e aumentar a sua re- sisténcia contra as moléstias; 9) no regime da estabulacdo, preparar os bovinos novos, antes de solta-los nos pastos, para o exercicio higiénico, distribuindo uma rag&o de feno ou de fa- relos; 10) os bezerros desmamados ja com mais de 6 meses, po- dem receber pequenas quantidades de raizes e tubérculos. (man- Gioca, batata doce, cenouras) picados, mas é s6 depois de 18 meses de idade, que sua quantidade pode ser aumentada; 11) os residuos industriais aquosos, frescos ou fermentados, e sila- gem muito dcida, ndo convém para o gado novo; 12) os ali- mentos concentrados (farinha de avéia e linhaca), sio, muito tteis logo apés a desmama, mas sero substituidos mais tarde Criacdo de bovinos por outros mais baratos (farelo de trigo, farelos de tortas das sementes oleaginosas, farelos de arroz e de milho, e milho desin- tegrado, etc.); 13) Das forragens volumosas daremos preferén- « cia aos fenos de gramineas ou leguminosas de boa qualidade {sempre que possivel oferecer uma pequena dose de feno de al- fafa ou de outras leguminosas), e sua quantidade sera aumenta- Ga para os maiores de 18 meses de idade; 14) os capins verdes de boas qualidades conyém perfeitamente para os bovinos novos, mas so insuficientes para os bezerros, que acabam de ser des- mamados, os quais para se alimentar convenigntemente ficam* obrigados a ingerir grandes quantidades, O tubo digestivo dos jovens bovinos alimentados com capins muito aquosos se dis- tende e funciona mal, ao mesmo tempo que o ventre desce, a coluna vertebral fica encuryada e o estado geral do animalzi- nho deixa muito’ a desejar. Como exemplo damos abaixo 12 ragdes compostas com for- vugens das mais usuais para as nossas condigées. “RACOES PARA OS BOVINOS EM PERIODO DE CRESCIMENTO. a) Racas leiteiras e mixtas. 1) Para bezerros desmamados com 6-12 meses de idade. a) Pasto ad libitum b) Pasto ad libitum Feno de gramineas .. 1,500 Feno de gramineas .. 1,500 Feno de alfafa .. . 1,500 Feno de alfafa ...... 1,500 Cana picada . 3,000 Capim verde .. .. 3,000 Farelo de trigo 0,750 Farelo de trigo » 0,500 Farelo de algodaéo .. 0,250 Farelo de arroz . 0,500 Milho desintegrado .. 1,000 Milho desintegrado .. 1,000 Sala ytineroecser ie (020 F yu sSals) ca eri cee son 0,020 ¢) Pasto ad libitum Feno de gramineas .. 1,500 Feno de alfafa ...... 1,500 Batata doce 3,000 Farelo de linhaca 0,500 Farelo de arroz . 0,500 ’ 3 Milho desintegrado. ... 1,000 Sal 0,020 60 Revista de Agricultura 2) Para garrotes e novilhas com 12-18 meses de idade. be a) Pasto ad libitum Silagem ‘Refinazil Sal b)Racas precoces a) Pasto ad libitum Feno de alfafa ...... 1,500 Feno de gramineas... 1,500 Cana picada ........ 4,000 Farelo de trigo ...... 0,750 Farelo de algodao .. 0,500 Milho desintegrado .. 1,250 Bale cra uienecnet 0,020 Capim verde Sal v Feno de alfafa .....- - 1,500 c Feno de gramineas .. 2,500 Cana picada . 6,000 Farelo de arroz ...... 0,500 « Farelo de algodao ,.. 0,500 Milho desintegrado .. 0,500 Farelo de trigo ...... 0,500 ami OSB TL [lots 3 Roeatel 0,020 Farelo de arroz Farelo de trigo 3 Milho desintegrado ... Farelo de linhaca . ‘ Farelo de arroz .. Milho desintegrado b) Pasto ad libitum Feno de alfafa Feno de gramineas Mandioca Farelo de arroz.. Farelo de trigo ... Milho desintegrado .. Refinazil Sal c) Pasto ad libitum Feno de alfafa : Feno de gramineas .. 1) Para bezerros com 6-12 meses de idade. b) Pasto ad libitum Feno de alfafa ... Feno de gramineas . Batata doce Farelo de arroz . Farelo de trigo . Milho desintegrado .. Sal 1,500 1,500 3,000 0,500 0,750 1,250 - 0,020 c) Pasto ad libitum Feno de alfafa Feno de gramineas .. » 1,500 1,500 . 4,000 . 0,500 ‘. 0,500 = 1,250 «0,020 Criacao de bovinos See EE) 2) Para garrotes e novilhas de 12-18 meses. a) Pasto ad libitum b) Pasto ad libitum Feno de alfafa 7 Feno de alfafa ...... 1,500 Feno de gramineas .. 2,500 Feno de gramineas .. 2,560 Cana picada . . 6,000 Mandioca . 4,000 Farelo de arroz . - 0,500 Farelo de arroz » 0,500 Farelo de trigo .. 0,500 Farelo de trigo . 0,500 Farelo de algodao .. 0,750 Refinazil .... . 0,500 Milho desintegrado ... 0,750 Milho desintegrado ., 1,000 Sal. +, 0,020 c) Pasto ad libitum " Feno de alfata Feno de gramineas .. 2,500 Silagem . 6,000 Farelo de linhaca 0,500 Farelo de arroz .. 0,500 Farelo de trigo .. 0,500 Milho desintegrado ... 1,000 Sal 5 a 0,020 Permitindo as nossas condicdes de clima, manter 0 gado no pasto, mesmo no inverno, o deficit nas ragdes acima serd completado com o pasto; na época de pasto bom podia-se eco- nomizar a metade do feno e téda a cana, mandioca, batata do- ce e silagem que, de preferéncia serao distribuidas na época «m que falta o pasto verde. Aos 9-12 meses; mais ou menos, de- vem ser separados os sexos, afim de prevenir as fecundacdes prematuras. Os garrotes ja aos 18 meses, e as novilhas aos 24 meses, quando desenvolyidos normalmente, podem ser utiliza- dos para a reproducdo. Nesta idade péde se aplicar a argola no nariz dos garrotes, CBBC CLL DE se criados no regime inten- sivo. » No regime ‘“‘extensivo”, para os bovinos que vivem geral- mente nos pastos, é indispensdvel a distribuigao de sal e quan- do o pasto escassear, uma racéio suplementar de farelos, cuja quantidade pode oscilar de 1-2 EES: iN

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