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oe . OSWALD VIAJANTE um poems for, de Budi su, par 9 mann, JN sissies at ae Gund cones arpa ms de tuscan nas apes eda eee an Memon batt pe wetrs mu engl em atc creeposdo ie Pour Fenfet, a Liunives es gal deson vaste appe hl que le monde est grand ala de cartes et destampes, ‘Aus yeas: du souvenir, que e Pensando que Oswald de Andrade morreu ~ isto é que partiu— Jembro-me com insisténcia da fungio desempenhada em sua vida e ‘obra pelo tema da viagem; fungio de sonho ¢ ideal que o irmanara ino de Baudelaire Para a sua personalidad, sabemos que foi decisiva « experiéncia dda Europa, antes ¢ depois da gnerra de 1924. Na sua obra, talvez as pactes mais vivas e resistents sejam as que se ordenam conforme 4 fascinagdo do movimento e a experiéncia dos lugares, Memérias sentimentais de Jogo Miramar e Serafim Ponte Grande se desencolam em torno do deslocamento de personagens entre 0 Novo ¢ 0 Velho Mundo, exprimindo @ p. ve com intensidade, 20 adquirir consciéncia da revisio de valoces ttadicionais em face des novas experiéncias de arte e de vid 'No Joao Miramar, em cujo nome estéo a vocaga0 e a conternpla- ‘que ele vi- 0 do oceano, o narrador se refere a este de modo simbélico: minha mae coberta de beijos deixou que eu fosse ver em Santos o mar dos 7 Nao o mar das ondas ou das nereidas: o dos embarques. Junto” & moga conquistada em Paris, os amores dio l smores dio lugar a imagem nic menos signficativa : ra filhe puberdada do dono do restaurante de othos suis, ‘As pitrins longinques ciesciam no inverno da sala como legumes tar dios. oescuro da escada subia quedas eo sétimo andar Vina para de € io apenas busca coi ots Jacunas da sua terra: CCE Irfamos em tournée a Europa. B pla tarde ‘sa Packard 120 HP. Sa i nos nas férias pelos caminhoe sem mata-burtos ‘nem mamangavas nem taturanase frl 10s caridade cowvieiameea missa dos bons curas nas catedeas da Média Kade No entanto, estando longe sente que: ‘Nostalgias braslecas ‘So moscas na sopa de meusitinersos, Isto, € ca » Porque a Viagem ea também um meio de conhecer e sentir o Brasil, sempre presente, transfigurado pela distdncia. Por isso, hd nele pouco dos famosos exiles norte-americanos, seus con- tempordineos na Fran : ito dosestuantesfuminense que no dectniode 60 fondaramem Prise evita Mere delaenonde ram melhor que anos literatura pee Dak na sun obra, certs reverse Bel. Erep, qu sh ree o send da viage come expeitacia do expeto ode en smeo nacional. Dest eevee portman ager bells 0 flo Minar no Pris dens Pas-DE-CaLals: it : oat Pequeno vapor que not empurrou de Pover sobre sodas co meio da note © tombailho encapotava-se de sombras mas como perdéssemos a3 la- z2esinglesa achamos as luzes de Franga.no mar. ‘A viagem para ele foi isto: translagio magica de um ponto aoutro, cada partida suscitando a revelagio de chegadas que s40 descober- tas. Eo seu estilo, no que tem de genuino, é movimento constan- te: sotagao das palavras sobre elas mesmas; translagio & volta da poesia, pela solda entre fantasia e realidad, g admiravelmente livre ¢ construtiva. Fstilo de viajante, impaciente ‘em face das empresas demoradas; grande criador quando conforma o tema ds iluminagdes breves do que ele proprio chamou o seu estilo selegréfico. Fora sempre um fragmentério ~ diz do protagonista dA estrela de abs sinto. Bra torsos quebrados, metades, estudos largados, concentrava, numa predilego alegreeconstante, ¢ forge reveladora da sua arte estas linhas (que exprimem muito do que sentia a seu proprio respeito) percebemos todo 0 drama da sua criagdo posta entre cestralidades poderosas ¢ impulsos de liberdade, que nunca se har- rmonizaram demedo a permitir uma inspiragio unt zram-no, pelo contririo, em experiéncias sucessivas, semeandoa sua obra de contrasts e mesmo contradigoes. 1 contra as peias da tradicao e da educagio cortelativos. NIA escada vermeha, es- creve, revelando impalsos de peregrina: Dissocia- Este anscio de re: encontrou na Viagem um (© mat, a0 contri ta mancira, Obrigavaagestos, vores alts, arojadas Através do personagem, acha com efeito a libertagao, no admi- rével entremeio maritimo que a estadia na ilha Verde, engastado livro como presenga da melhor literatura. Libertagao é o tema 9 00 do seu livro de viagem por exceléncia, Serafim Ponte Grande, onde 4 crosta da formagio burguesa e conformista € varrida pela utopia da viagem permanente ¢ redentora, pela busca da plenitude através da mobilidade. A prosa fluida e cintilante deste livro, a sua estrutura instivel, 0 movimento incessante dos personagens que entram e saem, das ter ras que surgem e passam, mostram bem claramente a estética tran sitiva do viajante, que elabora a visio das coisas pela composicio divinatéria dos fragmentos rapidamente apreendidos. Al, tealiza o desejo de agitacdo par bertar ao explodir a rotina dda vida do protagonista por meio da existéncia sem compromissos abordo dos navios que, pouco a pouco, vao saindo da r +9 entrar nos mates do sonho. Todos lembran uma espécie de superagio total das normas e conveng6es, numa sociedade labile errante, formada a bordo de El Durasno, que nave- 8 como um fantasma solo, evitando desembarques na terra firme da tradigao, Sob a forma bocagiana de uma rebeligo burlesca dos instintos, Oswald consegue na verdade encarnar 0 mito da liber- dade integral pelo movimento incessante, a rejeigio de qualquer permanéncia, 0 contigo policiado dos portos, pois que eram a hu= erada, Mas como radiogramasreclamassem, Ef Durasne pro ns peas antenas, peste bor, E vest avesas eeroulas esquecidos para igurar numa simulada quarentens em Southampton. "Todos ‘0s passageros se recusar a costaram nos mangueirais da Ba) na desembarcar. Sem dinheiro, tamaram carre- made repente a ‘os semaforos ators. En= Sempre com peste. Depois em Sine, s Juan Fernandez e Malabar. Diante de Malta, Pinto Caleudo arvorou a Cruz de Malthus Matzca, nas iss En arrehentagao redentora, para libertar, To profunda, que em. Oswald munca dew lugar a retragio nem desvio, Um dos seus titi- 1mos trabalhos foj a série de artigos sobre as utopias, em que pro- ‘cura conforto para 0 nosso tempo, refundindo os ideais da socie- eee cee apes vecaacos oA i anereaccneenee feta, ligados &s grandes viagens que inauguram a Idade a. No primeito volume das suas memérias entrega-nos as fontes pessoais dos anseios ¢ problemas que dramatizou na fics0, viagem intetior & busca das raizes do seu ser inguieto € agi- E que nele permanecea vivo o amor juvenil pelo sonho, & luz da limpada de Baudelaire, que faz parecer t3o grande o mundo, sob as cores de weft que depois cede no adult, qua ue ampliam em seu detrimento as divisas do real ~, mas que si pre- stscar nt mociadeconstante dos poeta, B Orval, con fascinantes. E quando lembramos que est morto, pensamos involuntariamente que partiu para mais uma Sagem, busando roves mundos pars at foe anteopigis de sonho ¢ liberdade. Oswald, viajante. tinuaram, magicas, ed Suplemento Literdrio d’O Estado de S. Paulo [1956 ior

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