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S maiores -mistérios dos 7 coro A Abr Paden VICTOR NTIS ‘v9 ase dor Ras Cr ea hentai ae oa rota Ra Cts Tre ‘hon Son Cas i es jeer Ca ‘ecausebrope bine Za Gilda ae Tao proximos e tao misteriosos a {vros sagrados so coisas misteriosas por natu: reza. Sua prépria definicdo ja oferece alguns enigmas. Se considerdssemos sagrados apenas ‘ aqueles que se diz guardarem.a palavra de Deus, nenhum livro budista ou taofsta entraria nas paginas deste especial. Se levarmos a palavra “livroY ao pé da — letra, tampouco falariamos da rica mitologia dos orixds. Mas, apesar de €la’nunea ter sido tcanscrita, estd até organizada em capitulos. Intrigante, nao? E por iss0. quesna hora de escolher os asstuntos que abordlariamos: aqui, optamos pela definigao mais ampla do termo, 6 assim poderiamos tratar de escrituras de religides do mundo inteiro e de outras que nao podem sereonside rados ciinones religiosos, como as transcrigdes dos sTisalpuleside Onhor'o lisre-cuie dos Sena Ke 1 textos revelados por BTS no século 20. E todos esses assuntos guardam mistérios que merecem atengiid, ®. Conforme vacé ler este especial, provavelmente val = char que conhece muito pouco sobre os livros sagrados_ 08 mistérios por tts de suas paginas: Apesar de serem alguns dos textos mais importantes da historia da humanidade, costumamos dar pouca importaneia ce eles. Nas proxintas paginas, voce terd a oportunidade de conhecer um pouico mais sobre o tema. E descobri como ele pode ser interessante; mesmo para quem nao. segue nenhuma religiio. Bons caminhos. Os maiores mistérios dos LIVROS SAGRADOS Um mapa dos livros sagrados Vela onde foram eseritos os livros das religides e onde se passam suas historlas. itn a palavra de Deus por que é tao = A influencia da literatura teligiosa esta em todos os cantos do mundo. Aqui, yocé confere onde suas historias Se passam ou foram escritas. Texto Tiago jakura + Mustragao Bruno Algarve ‘SO REGISTRO ANCESTRAL Ostet etcos, 0s mais atiges do hinduismo,foramescrtos ‘a regi de Punjab, considerata beg da rela hinds, Grandes ages ds tetos ices, como | gueras do Mahabharata, também se passam no lca, atal Trontera entre Ina ¢ Paquistio ‘OJOVEM MESSIAS Segunda o Nove Testaments, Jesus nasceuem Belém, 2 Camino do censo de Q Mas oNessias cristo passou ainfancia na cidade de Nazaté, tego da Gallia, onde vlan Maria eos 620530 anos esis st estaelecera em Jerusalém, ‘RES VEZES SAGRADA ‘eit de erusalém€ sere para3 relgies que suraram ‘a lang de Deus com Abraao. Ha foi endereco do rimeiro Tela de Salama, dosjutes; Tocal da cuca delesus, para criss; da ascensao d= Maomé, maior profeta do il, & pépacio FiLosorico Ric, camino ea virtue dao estatam na cabeca Ae Laois, sof de tuauang, sul é3 China Quando o pensacor ehcou a reiao, um gtarda em Chung-nan Sta pes qué ele aeirassesasliges presi. Assim maseeu ova To _® wa mente wuminaoa price Sista aaa ase tu untin eve at 23s roca etme dena teen una prof ho serizum rand Her exit Ahsan petra tivana em Goh ays, afd, teandese opine Bu, 2 Tenpa DE ApRAKO 7 Traratv ds or est ontrads rama espana rele Ie age agua Odense ola da fen tsayaetreos see etanatese, mais note, SauneAsiat eas feos ena pts vi. J Genco isuimico Ta hora de rear os migulmanos voltam-se para Meca, onde Manmé nase € rece asrevelagiesdoanjoGabl, ‘we dean oigen 2 Aeora, Perseguido em sa cidade natal, o profetaseguu pata Medina de ride organizariaareconquista, B= Bui Ds(@ S810) dO N NESE: VND SMV NU IU a onfira onde nasceram oultras reli sagrao o Tattvartha Sutra, 0 pals nase oSikhisma, cujo 9 Gur Granth Sahib, seria jemuma conferéncia em 1873. ero IRA: entre 1600 .Ce 1200. antiga Peérsa vu nascer o Zoroastrismo, primeta relniao monotfsta de quese tem noticia -Apenas um quarto do Avesta, obra com seusensinatents, chegou 0s nossos ‘tempos. Ali também fi escrito, em 1873, «Kit -i-Agdas ("Livro mais agra"), a eligho Bahi', ua dissidéncia dos, See eos JAPAO: 0 Xintoisma é uma tradicgo oral relgiosa, mas ganhou verses escritas, como o Kjik (?12<..), com mitos sobre ahistériajaponesa ee origem do unverso, Jamaica: oovimento rasta tem um texto sagrad, 0 Kebra egast. Taduzido para arabe perto de 12254, relataa vida primero re top, herdeira do re Salomao, Traduzindo a palavra de Deus aes A tradugao das escrituras sagradas ¢ um desafio tao grande que merecia uma ajuda divina. O que fazer quando nao se pode contar com ela? Texto Artur Fonseca + flustragao Evanceo Bertol raduzir é uma arte improvavel, cos tumam dizer os tradutores. Afinal é muito dificil haver uma correspon: déncia absoluta entre o que o eseri tor quis dizer e o novo texto, Se ja é dificil assim nas linguas modernas, imagine com os livros sagrados, como a Biblia e o Alcordo, escritos ha dezenas de séculos em dialetos que no so mais usados hoje em dia, Livro mais traduzido no mundo, com ver s6es integrais em mais de 300 linguas, a Biblia foi escrita em 3 idiomas. O Antigo Testamtento, incluindo a Tord, tem originais em hebraico ¢ aramaico, provavelmente a lingua falada por Jesus. © Novo Tes tamento € quase todo escrito num tego arcaico que precise ser tradu- zido mesma para os gregos de hoje Ja 0 Alcordio € todo em arabe, s6 que em 4 dialetos diferentes, exatamente como {oi reveladlo a Maomeé. Outro problema que os tradutores enfren: tam é a escolha dos textos em que se basear: 0s 66 livros que formam a Biblia, por exem- plo, nfo tém mais originais disponiveis, e 0s tradutores precisam se baseas em c6pias — as vyezes em cOpias de c6pias, Para evitar erros, © tradutor compara varias cépias antigas € ‘usa livros que discutem o significado das palavras bfblicas. “E preciso usar vasta lite- atura de interpretagdo das palavras”, afirma Vilson Scholz, professor de teologia ¢ consul adugao da Sociedade Biblica do Bra sil. Além disso, o tradutor precisa estar to adescobertas arqueolégicas q luz novos significados de palavras biblicas. *Hé 50 ou 100 anos, a lista de palavras que 56 existiam na Béblia era grande. A arqueo: logia fez essa lista diminuir muito. Depois, & preciso quebrar a cabega para entender o significado das palavras no con= texto.““O Nove Testamento tem cerca de 5 400 palavras, E cada uma tem em média 4 ou 5 significados”, diz Scholz, As vezesa simples falta de uma virgula ~ que no eexistia nas linguas dos originais - com- plica tudo. Como nao da para tirar a ivida com o autor, o tradutor preci- sa intuir o significado das palavras, © que Ihe da margem para influenciar 0 texto sagrado, A palavra malakol, por exem= plo, jd virow tanto “masturbador” quanto “homosexual” (vefa ao lado) Aina, é preciso escolher um tipo de por tugués pare o texto final, “A tradugo depen= de também de quem vailer’, dizo lingtista € ttadutor Nestor Dockhorn, que prepara traducdes do Avangelto de Lucas em 3 vatian- tes populares — urbana, urbana da periferia € rural. Perfeceionismo? Nem tanto, “Na hora de traduzit @ palavra sagrada, todo ‘cuidado é pouco’, Segundo uma ‘radu, o paraiso do sla pode ter tas, endo virgens. 2 DECEPCAO NO PARAISO O Alcorao,tivro sagrado dos mucuimanos, também tem seus problemas de traducio. Segundo Christoph Lnxenbera,pseudOnimo de um especalistaalemao em estudos rabes, autor do livto The Syro-Aramaic Reading ‘ofthe Koran (sem traducao para 0 portugués), ‘5 textos originats do Alcordo nao foram escritos aperias em dialetos drabes mas também num dialeto sirio-aramaico falado em Meca no século 7. Qestude de Luxenberg ‘varum detalhe aterrdor para os terroristas sulcitas. Se sua interpretacdo estiver coreta, ‘05 mugulmanos que morrem em nome da fe e sim was. Segundo o pesqusador, a palara usada no origina, hurt, significa "was trances"no tialetosirio-aramaico LITERAL, MAS AMBIGUO. Em Levitico, 0 3° livro da Tord, estéa historia J 00.1b 0 -bD Un N Cle) eam Seer tr nap encontrariam mulheres virgens no paraiso, dificuldades plos as de im ‘A traducao literal, no entanto, fornece onome “ode de Azazel, o demonio”. Ela nao quer dizer que oanimal pertence ao coisa-ruim, mas que representa sua inuéncia sobre ‘os homers, sua parte maligna. Fora do contexto, a expressao poderia dar a entender ‘que um bode do deménio livrou os homens dos ppecados dos hebreus ~ 0 que ndo éverdade, Para evitar o mal-entendido, os tradutores preferiram o termo bode expiatorio, ‘A PALAVRA DO PRECONCEITO ‘Um bom exemplo de como opcodes de ‘treducao podem causar polémica éa questao Wa homossexualidade, Em varios techos da Biblia, palavras que podem significar "nederasta", “masturbador” ou “estuprador” Viraram simplesmente “fiomassexual” = ddejxendo evidente o preconceito do tradutor. ‘Npalavra malakoi, por exemplo, ji virou tanto “mole” quanto “pervertido”, "efebo" iotode expatiri, que € sacrificado para "homossexual". Cada tradutor escolhe (que povn de Moisés pague seus pecados. a que prefere owacha mas cor ed ae ee uma importancia proporeional nos mitos de criaeao”, iz Rodrigues, Logo o sole a agua, essenciais para a produedo agricola ¢ a so- brevivéntcia, sempre ocuparam lugar de des- taque na mitologia das eivilizacdes antigas. Maitas histérias sobre a origem do mundo ‘comecam contando como esses recursos fo: ram criados ou controlados pelo homem. O mito do Genese nasce como uma critica ao sistema produtivo. E um texto antitributarista. Seguindo a mitologia forub, no inicio dos tempos havia dois mundos: Orum, espago sagtado dos orixds, e Aiyé, que seria dos homens, feito apenas de caos ¢ agua. Por ordem cle Olorum, o deus supremo, 0 orixa ‘Odudud veio & Terra trazendo uma cabage om ingredientes especiais, entre eles a ter ra escura que jogaria sobre o oceano para garantir morada ¢ sustento aos homens. Para a tradigdo religiosa chinesa, o ca0s ini era como uum ovo no qual entraram em equilibrio 05 principios opostos, yin e yang Desse equilibrio nasceu Pangu, gigante de ‘eujo corpo se formou a Agua, a terra e 0 Sol As vezes 0s mitos de eriacao sio verda deiros tratados politicos de sua época, compreendemos 0 1° capitulo do entendemos a catdstrofe dos povos que 0 escreveram”, diz Rodrigues. A cosmologia jjudaico-crista foi eserita por povos dos an: tigos territdrios de Israel e Jud, levados & forca para a Babilénia, onde pagavam tri: butos. “Quando dizem que ‘antes a terra estava vazia e sem forma’, eles nao se refe etm ao planeta, mas ao territério deles, que ficou devastaco e abandonado apés a inva sio dos povos assirios.” A ordem de eriagéo das coisas no mito é uma provocagio ao poder local. A primeira frase dop Génese diz _que Deus fez a luz. $6 no 4° dia Ble criaria sores babilénios, para quem Marduk, o Sol, era o deus supremo e criador de todas as coisas, inclusive da luz, Aida contando a tragédia dos povos de 1 e Jud, 05 capitulos 2.¢ 3 do Génese ram 9 que acontece quando um cam- ponés perde aquilo que € mais primordial para sta sobrevivéncia: a horta, “O sentido a palavra que traduzimos para jardim, em hebraico, é horta’, diz Rodrigues. Ao sér expulso do Eden e perdé-la, Adao comera “o pio com 0 suor do rosto” e Eva sentira aumentar “as dores do parto” porque, em ver de ter filios le 7 em 7 anos, come era 9 habito, terd de engravidar mais vezes para casal ter mais filhos ¢ mio-de-obra Trabalhando para os babilénios, cles preci- savam produzir mais para pagar impostos. como uma eritica ao sistema produtivo da época. E um texto antitributa- rista”, afirma Rodrigues. ‘A VERSAO DE QUEM LE A cosmologia das religides geralmente & claborada a partir de mitos mais antigos. Ao se aproptiar deles, elas se alimentam do mito e-ao mesmo tempo o fortalecem. Afi nal, elas transformam as lendas ema algo imais que a realisade: a verdade de Deus. & Enesse processo de assimilacio que geral mente 05 mitos s4o organizados em livros sagrados, quando também entzam em jogo as interpretagdes e tradigSes orais e esetitas que vo orientar sua leitura pelos fiéis, ‘05 mitos do Génese, por exemplo, foram escritos entre os sécuilos 8 e 5 a.C., masa organizacao deles numa Tord s6 comecaria no sécuilo 2.a.C. Nessa época, é provavel que 6 texto tenha sofrido mudaneas e adapta- $6es, segundo os iceais do jueaismo nascen- te. A propria escotha dos textos também obedece os critérios da religicio que o orga nniza, como aconteceria com o Novo Testa- mento, no inicio do etistianismo, ‘Mesmo fora dos livros sagrados, as tradi. es e intexpretacGes dos mitos de criacao fundar comportamento para seus seguidores, “H4 textos rabinicos que interpretam cada linha do Génese para mostrar que a mulher n pode dar testemunho em pilico. Porque, quando ela tomou alguma decisio, levou 0 homem ao erro e a0 pecado. A partir dai . aparece toda a questao da sujeigao da mu Iher’, diz Rodrigues. As tradigées cons truidas a partir do texto as veres se tornam mais fortes no imaginario do que 0s originais. Quando lembramos de Adio e Eva no paraiso, é comum pensarmos na maga, como retratado na imagem da pagina anterior. Apesar de a pa- Jayra mac nao aparecer no texto do Génese A cosmologia do hinduismo também ex plica, além da origem do mundo, sua orga nizacio social. Segundo os Vedas, 3 divin. dades si responsdveis pelos ciclos de orn ay deus hindu que rome ie criagio e destrui¢ao do Universo: Brahma cria, Vishnu preserva e Shiva o destréi para que o ciclo recomece. Para criar o mundo e os humanos, Brahma fez dois deuses de si Gayatri e Purusha, o homem césmico de onde foram feitas todas as coisas. Mas, en- quanto alguns homens nasceram da boca de Purusha, e se tornaram sacerdotes, ou tros nasceram dos pés, e se tornaram os escravos da sociedade indiana. © exemplo da sociedade hindu & apenas mais um exemplo cle como os mitos sobre a ctiagaio do Universo fazem bem mais que resolver questes existenciais a0 estabelecer relagées de poder e detalhar cédigos de conduta. O que faz deles ferra- mentas importantes para a coesio social, como parte indispensével da cultura e da identidade de um povo. © Um livro aberto Ot Entenda por que os Vedas, escrituras sagradas mais antigas da historia, sto ao mesmo tempo origem da unidade e da diversidade das maltiplas correntes do hinduismo. ‘Texto Andre 4 cerca de 3 500 anos, as comu= nidlades na regio do vale do In- do, atual norte da india, comega- ram a organizar um dos sistemas Feligiosos mais antigos de que temos noticia: phhinduismo. Suas erengas foram transmiti- das oralmente de geragao em geracao por muitos séculos até serem transeritas nos Ve= das, compilacao de hinos e preces considera: dda como o primeiro livro sagrado da histria. © contetido dessa literatura sagrada, com posta de 4 volumes de texto em versos, ex- plica ao mesmo tempo a unidade e a va- riedade das miltiplas correntes do hhinduismo. Gracas a alguns de seus ensinamentos mais importantes, esse conjunto de livros ¢ sagrado para mais de 1 bilhiio de pessoas que seguem seitas tio diferentes a ponto de serem monotefstas, politeistas on panteistas — e ainda assim in tegrarem a mesma religiao. Os historiadores acrecitam que a prime ra versio dos Vedas em papel seja do sécu: 10.2 a.C,, quando 0 payo hindu desenvolveu tum sistema de escrita, Segundo a lenda, eles teriamssido organizados por Vyasa, ‘um sAbio que seria a encarmacao de Vishnu, deus que em todos os ciclos de criacdo ¢ destruigdo do Universo elabora as escritu- ras em 4 livros, para garantir que os cAn- ticos se propaguem e se cternizem. O siiesuio Vyasa seria responsdvel por outros textos sagrados do hinduismo, como 0 Mahabharata, ditado por ele a Ganesh, 0 0 Santoro © André Victor Sartore deus com eabeca de elefante, que teria passado as palavras para © papel. Lendas parte, os historiadores estimam que os 4 Vedas - RigVeda, Yajurveda, Samaveda e Atharvaveda — teriam sido compilados en- tre 1500.e 900 a.C. Mas, seja qual forsua otigem, é nos textos védicos que esto os prineipais conceitos e simbolos do hin- duismo, os deuses, lendas e ensinamentos que dao forma e unidade a religiao. “A esséncia da tradicao dos Vedas € 0 respeito aos ancestrais ¢ a vinculagao aos afirma Carlos Eduardo Barbosa. “Essas condigées pautaram e pautam todas as correntes do hinduismo, Por ‘sso, esses livros so aceitos como tex- tos sagrados por todos os seguidores de todas as correntes”, afirma o cientista da religido Joachim Andrade, autor de uma tese de doutorado sobre a cultura hindu. (Os Vedas foram eruciais no perfodo ini do hinduismo, porque ajudaram a aghitinar vérias crengas pré-histéricas em um mesmo sistema religioso. Mais tarde, no século 9, a religiao passou por um proceso orga- nizado de unificacdo, ¢ os textos védicos foram igualmente importantes para garan- tir a reuniao de varias crencas diferentes em um mesmo sistema teligioso, Na época, por influéncia de um sacerdote hindu chamado Adi Shankara, varias correntes do hhinduismo que ndo aereditavain tos antigos — textos sagrados reconduzitam os 4 livros ao seu espaco privilegiado nos rituais. Até =| HINDUISMO Entre hindustas, aes sip tatadas Como sacerdotes ALINE BaP oo tors eae ok No ocidente,ocultoas vacas¢tido como um. cram sacrificados em rituas - mas as vacas tos principas simbolos do hinduismo.€, defato, | eiteiras eram poupadas. Esse salvo-conduto animal fem um status diferenciado na maiaria | das femeas¢ citado em algumas passagens tas corentes da religido hindu, A origem o préprio Rigveda, do Mahabharaaae de un essa adoragao remonta ao periodo em que os importante codigo de conduta dos hindus, 0 Vedas foram compostos,apartirde 1,500 a.C. — } Manu-smirt (também coniecido como As Leis “Uma das explicacbes € 0 fatode oshabitantes $ de Manu), escrito a partirde 200 a...Como da antiga India serem pastores ndmades, ‘tempo, as vacas foram ganhando importancia, que dependiam do gad para. sobrevivencia |e, cada Vee mas, passaram a ser associadas €, portato, pecisavam protegerseus asprincipais divindades do hindtsmo. Hoje, rebanhos", cio especialista Carlos Eduardo ‘em algumas seitas, 2 agressio contra o animal Barbosa. Ainda assim, no entanto, osanimais | equivaleaum atentado contra um sacerdote, porque seu contetido era aberto suficiente _incorporam um conceito filoséfico que esté para cada grupo tizar dele sua propria in- na origem de todo o sistema de crencas hin. terpretacao e multiplicar ainda mais as duista ¢ permanece vivo na maioria das cor correntes hinduistas. rentes existentes hoje'em dia: 0 monismo. 4 “Segundo essa filosofia, somos todos ‘A MULTIPLICAGAO DE CRENCAS partes de uma coisa 86, que'¢ uma es ‘Os Vedas sio textos ritualisticos, endo pécie de inteligéncia divina’, diz o his uma enciclopédia de procedimentos toriador Rdgard Ferreira Neto, da Uni iginsos”, diz Carlos Eduardo Barbosa, versidade do Estado do Rio de Janeiro. especialista em cultura hindu e professorde _—Esse principio de tolerdincia a outros, x Instituto de Cultura Hindu Naradeva Shala, credos presente nos Vedas distingue a re em Sio Paulo, Além disso, todos os textos _ligido hindu de muitas outras, em que a fé alheia nao é vista'com bons olhos, ¢ pei mite uma convivéncia pacifica entre as correntes que nascem de cada interpretacio diferente que ele permite. Carlos Eduardo Barbosa, que jé foi A India varias vezes, dé um exemplo da unidade que existe entre ‘os hindus, apesar da diversidade de cren- ‘cas: “Nas‘Tuas, em todos os cantos, voc’ tencontra devotos do deus Ganesh, por e emplo, convivendo em harmonia com de- votos de Shiva, Pessoas que cultuam divin. dades diferentes se respeitam mutuamente, pois todos se reconhecem como hindus auténticos, apesar das diferencas.” aqui vale dar uma idéia do que ¢a variedade de crengas do hindufsmo. Em relaco aos cultos, existem 4 principais: vaishnavas, shaivas, shaktas e smartas. Entre outras particularidades, cada uma concentra seus rituais de devocao em HEM es especiticos ~ no shalvismogpoF exemplo, a divindade mais respeitada Shiva. Outro tipo de classificagao leva em conta a filosofia de vida e a interpretacao dos textos sagrados. Nesse campo ha pelo menos 6 escolas principais: sankhya, ‘yoga, nyaya, vaisheshika, ptitva mimam- sae vedanta — todas tém, i varios mestres, € que, por isso. aco para intimeras interpretacdes”, afir ma Joachim Andrade A variedade ¢ tao grande que segui- dores de erencas monoteistas, politefstas ui panteistas — que acreditam em um deus universal, em varios ou na presenga deles em todas as coisas — tomam banho untos no mesmo rio Ganges, todos de- ‘baixo do grande guarda-chuva hinduista Os shaivistas adoram Shiva, mas recon- hecom a existéncia de outros deuses, logo, so politefstas. Os vaishnavas gauidias sao devotos exclusivos de Krishna, ¢ sao con- siderados monoteistas. J4°0s vedantas agieditam que todo 0 Universo e a reali- dade so expresses de Brahma, principio infinito; sem passado nem futuro, ese encaixam na categoria dos pantefstas = ‘Apesar das diférencas fundamentais, essas corentes tém pelo menos uma coisa em comum: “Todas as correntes aceitam os Vedas como escrituras sagradas”, diz Car los Eduardo Barbosa Para muitos, a descentralizagao da doutring ¢ a grande responsével pela stia riqueza. Mas diante de tanta diversidade é natural que surjam correntes que se distan- ciam e, em algiins casos, acabam se trans~ “ formando em religioes independentes. fo 2s0.do buidismo edo jainismo, que surgic ram do seio dovhindluismo antigo e reiinem seguidores até hoje. O budismo surgiui por volta do século 6 a.C., por causa do des contentamento de alguns sAbios e sacerdo: tes com os rituais e sacrificios difundidos nos Vedas, entre outras caracteristicas dos textoshindus. Ojainismo, que se organizou a partirdo séctilo 7 a.C., tem como base doutrindria o principio da nao-violencia contra todas os seres vivos como forma de aleangar a elevacao espiritual. Outra cor a O principio de tolerancia dos Vedas distingue o hinduismo de outras religioes rente que ganhou contornos de eligi independente foi o sikhismo, que surgi no século 15 e defende a impossibilidade de encarnagio e representacao dle Deus, entre outros principios. De uma forma ou de outra, todas beberam damesma fonte ane cestral, antes de assumitem sua propria identidade. Seguindo seus éaminhas como ' religides independentes, elas também preservaramo ideal de tolerancia cultivado nas civilizacoes do vale do Indo. Nema regio em qué tantas Teljgiées Cane isso provaveimente foi ynaeondicao wth damental para sua existéhicia. © Svat S04 A origem do sistema de castas da India, que continua em vigor apesar da “proibicao do governo, remete aos antigos textos sagrados do hinduismo. Ee “Texto Andre Santoro e Andre Victor Sartoreli«ustracao Evandro Berto! ras sociedades contemporaneas ces budistas sobre o livre-arbitrio, que aré tém seus mecanismos de divisao da populacdo, segundo diferentes critérios, de maneira mais ou me- ios informal, com ou sem aval do Estado, Um dos mais antigos e misteriosos de todos eles é.0 complexo sistema de castas da. incia, ‘que existe ha pelo menos dois milénios. Sua forigem se perce na histéria, mas referencias a ele esto nos Vedas, textos sa- srados mais antigos do hindusmo. Nos livros, existem 4 castas originais, que passaram por ‘yatias transformagbes e se desdobraram em, :iltiplas categorias ao longo do tempo. “Ho je existem milhares de castas no pais”, afirma Carlos Eduardo Barbosa, espe- ialista em hinduismo do Instituto Narayana, em Sao Paulo, A eferéncia mais antiga ao sistema de castas est numhino do RigVeda sobre 0 sacrificio do deus Purusha, de cujo corpo {etiam se originado as castas nas quais ainda se divide a sociedade indiana, De sua boca, nasceram os brahmins, De seus bracos, vie~ ram 03 kshazriyas, De suas pernas, surgiram (5 vaishyas. E de seus pés, os shudras (veja 9 lado). O Bhagavad Gita, fragmento mais famoso do épico Mahabharata, que prova velmente comecou 2 ser escrito por volta do ano 500.a.,, também se refere explicitamen {te As castas & t1azligdes Sobre como se.com. ~ portar de acotdo éom sita categoria social ‘OBhagivad Gita, alias, & considerado por ~ muitosestudiosos do hinduismo comouma ‘Teaco clos sacerdotes (brahmins) as preg = hoje criticam explicitamente a divisia dos hindus em castas. Os brahmins trataram de instituir o sistema definitivamente no livro Manu Sinriti, também conhecido como As Leiside Manu, Escrito a partir de 200 a.C., cle define objetivamente as castas e asatri buigoes dos integrantes de cada uma, Nos tiltimos 2 mil anos, o sistema tornou: se cada vez mais rigido e complexo. Nos tiltimos séculos, por exemplo, a atribuigao de casta passou a ser hereditaria — algué que nasce em uma casta inferior tem que conviyer com a sina durante toda a vida, ‘em muftos casos. E, para se adaprar as mudancas sociais, o mimero de castas fe subcastas se multiplicou aos milha- tes. Uma das novas subeastas 6 a dos dalits, considerada um segmento a p: te ow uma subcasta inferior entre os shil- dias. Trabalhadores da inglistria de couro, sem-terra, varredores de rua, artistas de rua e mendigos costumam pertencer a essa categoria. Fm al pes da india, eles so proibidos de ter qualquer contato com membros de outras castas, Apesar da aparente crueldade, o sistema 6 considerado por muitos hindus como 0 tinico meio de insercao e participaeo social “Para nds, ocidentals, parece algo injusto, reconceituoso, mas naoiéessa.a visto da maioria dos indianos”, firma Barhosa,“Mui= tos se esforgam paraise manter em suas cas tas erealizarde forma digna a sue atividade, » por mais simples que ela seja.” © O hinduismo tem 4 castas principais e uma categoria inde ante ogo SS oi re aa a rea mney apt ie ere SACERDOTES easta rain €2 mas alta entre os inci rete Tideres reolosos, pofessoese intlectuais.Foram asintegrants desa asta que organzaram 2 maria dos textos sagrados co hinduismo. Sua origem s20, 05 vasiyas,artesaos que vam nas comunidades hindus ancesraseteriam aprenddo a realizar rituais ecanticos em homenagent aos devses. VAISHYA Alene, que do tina acess as decistes politica, nde participava das guerra endo tinka permissao para se intrometer em assurtos feligiosos ~ embora pudesse participa de rituals © apteiderasescritura, em alguns casos ~formava 3* asta entre os hindus. Awalmente,elaabriga omeriantes, artes ecamponeses Os querteros e politicos formam a2 asta entre os hindus. les tm acesso aos ensinamentos relgosos masndo podem pass-Iosadiante —taefa que cabe ans brahmins.s ksharigas também teria fndgem nas comunidades He artesaos, an de estabelecer um grupo para protege os habitants de vases, bastante requentes na antiga india SHUDRA casts mals bara descr nos tertassepradoséa os antigs estrvos, hoje oupada pelos indianos que realzam vabalhos manueis pouco valores. Coma soos mis diserimiratos tambén sao que mais Tutam paraassequrar a iqeldae de diets ainda ‘tba independncia do pos, em 1947, os shades ‘inna acessoa vrs sergseempregos pics. 1 RELIGIOES CHINESAS be A fé que move a China >= No pais mais populoso do mundo, 3 doutrinas se influenciam para formar uma teligiao que 56 existe li - ¢ explica o jeito' chines de ser Teo . Hindeesatebra ahiversary de Co icip Harta cles sequent Beliggesdomestre odo chines é taofsta em fucionista na rua e budista na ho ra da morte”, Para muitos estudio sos, esse ditado chinés resume a complexa espiritualidade da nagéo mais antiga do mundo. Em seus § mil anos de historia, a China teve a alma moldada pelos livros dessas 3 doutrinas, surgidas ha mais de 20 séculos. Por isso, apesar do vertigi- noso crescimento econdmico que moderni: za o pals a toque de caixa, quem quiser entender a China de hoje precisa voltar 0 olhar para o passado distante, Enquanto arranhia-céus e canteitos de obras mudam a face das milenares metrépoles chinesas, Confiicio, Tao ¢ Buda ainda explicam mui- to sobre os chineses e sua relacao com 0 mundo, Em vez de se exclufrem, essas dou- trinas se misturam como ingredientes de uma poderosa salada espiritual ~ a chama- da “religifo tradicional chinesa”, que inclu de filosofia e regras de etiqueta a magias, talismés e reencarnagio. Nas proximas paginas, vocé vai entender como se formout essa triade sagrada, cujas origens se per dem na lenda ¢ cujos ensinamentos regem ‘a vida de mais de 1 bilhao de pessoas. Num pais em que sabedoria conta mais que santidade, nenhum sabio desfruta de tanto prestigio quanto Kung FuT2u ~ 0 "Ve nerdvel Mestre Kung”, também conhecido por seu nome latinizado, Confiicio. Nascido no século 5 a.C. - uma época de guerras, fomee miséria ~, Conhicio estava mais inte: ressado em reformar o mundo dos homens do que em desvendar os mistérios do Univer so. E buscoui 0 antidoto para os problemas sociais em elassicos da civiliza 0 longo da vida, ele compilou, editou e co- mentou um conjunto de obras hoje conheci das como Clssicos Ci pagina 24). Nos ¢ seguidores reuniram os ensinamentos do Imestre nos Analectos e transformaram 0 con. fucionismo na ideologia oficial do império. A filosofia de Confticio se baseia no con: ceito de ren, termo que pode ser traduzido por “benevoléncia” ou “humanismo”. Para fo chinese: ucianos (leia mais na ulos seguintes, diseipulos ele, um sabio deve medir suas agdes tendo em vista o bem da humanidade ~ tanto as sgeragées presentes quanto as futuras. Esse apelo-ao altruismo universal se maxima cunhada pelo mestre 400 anos antes de Jesus Cristo: “Nao fagas aos outros o que no desejes que te facam’”. Outro conceito essencial do confucionismo é 0 Ii, que pod ser tradutzido como “ordenamento social Contiicio acredicava que s6 poderia haver hharmonia entre os homens se cada indivduo seguisse 4 risea as normas de sua sociedade incluindo respeito & hierirquia e etiqueta, : | RE “Socialmente—ou seja, ‘na rua'—o chines moderno ainda é profundamente confucia- no”, diz 0 sindlogo André Bueno, do Depar- tamento de Hist6ria Filosofia da Faculdade Estadual de Unido de Vitéria, Parand. 0 apreco pelas regras de etiqueta pode parecer estranho aos ollios de outros povos ~ um tipo de choque cultural que ocorre com fre qiiéncia entre empresdrios ocidentais que Vio fazer negécios na China, Um exemplo bem atual da obsesséo confuciana por esses protocolos: entre os chineses, cartes comer Ciais devem ser apresentados com os bragos estendidos, uma suave reveréncia com a cabeca e a palma das maos voltadas para interlocutor. Quem entrega seu cartéo com displicéncia se arrisca a arruinar transagées milionérias, Exagero? Nao, confucionismo. ‘Apesar de sua influéncia sobre a espiri- tualidade chinesa, o confucionismo esté mais para filosofia ética do que religifo. jo nada disse sobre vida apés a mor- te, hd quem diga que era ateu. Para Kung- Fu-t2u, o sdbio deveria fazer o bem pelo bem, sem esperar recompensas divinas. 0 que soou muito estranho para os missiond- rios cristaos que chegaram & China a partir do século 15 e passaram a descrever 0 con- fucionismo como “religifio oficial” do pais. Everdade que 0 cético e pragmatico mestre Kung pregava o respeito aos cultos tradicio nais como forma de coesdo social, Mas foi nas outras duas faces da triade, 0 taoismo € o budismo, que a alma chinesa saciou seu apetite pela transcendéncia, MANANCIAL DE SUPERSTIGOES alguns estudiosos, 0 taofsmo é a viga mais forte do templo espiritual chines, e sua influéneia sobre priticas tipieas da culeura chinesa, como o feng shui e o tai chi chuan, silo provas disso. A palavra Tao —“caminho” ‘ou “curso” em mandarim — indica a forga primordial que mantém o Universo em equi- Ifbrio. Nao é uma divindade antropomorfa, & maneira judaico-crista, mas uma espécie de energia impessoal que se move por tras de tudo que existe. Segundo o taofsmo, 0 fluxo do Tao & regido pela transigdo entre yin € yang, 0s pares de opostos que formam 0 ‘cosmos: macho e fémea, luz e sombra, quen- tee frio etc, Essas idéias so antigas como a China e remetem aos xamas da Pré-Histéria mas 0 primeiro a elaboré-las em forma de filosofia foi Lao-tsé. Embora no se saiba a0 certo se ele viveu uma geracio antes ou 100 anos depois de Gonficio, todas as referéncias concordam que ele foi o autor do primeiro c&none do taofsmo, 0 Tao Te Ching ou “Clas- sico do Caminho e da Virtude”” Se 0 ideal de Confiicio era reformar a sociedade, o de L.ao-tsé era harmonizar 0 ser ‘humano com 0 Cosmos. “O homem segue a Terra, a Terra segue o Céu, 0 Céu segue 0 Tao, ¢ 0 Tao segue a si mesmo” ~ é um dos versos mais famosos de stia fascinante € obscura obra. Mais individualista que Gon- fiicio, Lao-ts¢ pregava uma vida simples, em comunhao com as energias da naturezae Jonge das turbuléncias da politica, Essa bus- ca de equilibrio entre 0 individuo e 0 Uni verso é 0 que rege, ainda hoje, a disposicao das mobilias segundo o feng shui, os movi mentos do tai chi chun e os exereicios de disciplina das artes marciais chinesas, “Até 0 século 4, 0 taofsmo era uma filoso- fia de vida, principalmente. Depois, tomou ares de religiéio”, explica o sinélogo Bueno. sua vertente mistica, o taoismo se apro- xima do animismo ~a idéia de que todas as Lao-tsé pregava uma vida simples, em comunhao com as energias da natureza. coisas, incluindo pedras e plantas, sao dota- das de “esprit” e “poder”, Daf a multidio de feitigos, encantamentos e simpatias que 0 taofsmo assimilou com 0 tempo. Na Idade ‘Média, os sacerdotes taoistas nao se limita- ‘vam a meditar: praticavam a alquimia, bus- me ae ‘avam a imortalidade em clixires magicos € diziam ter superpoderes, como o de voar pelos céus & noite. Ao lado da vertente filo séfica, muitas supersticdes do panteio taois ta continuam vivas até hoje. Um exemplo: ‘quando um chinés tem problemas do- :meésticos, costuma péra culpa na pre- senga de génios mal-humoracos em sua casa. O jeito é contratar os servigos de algum sacerdiote taoista especializado em ‘exorcismos ~cujos rituais se parecem com os da umbanda brasileira, com direito a banhos de sal grosso ¢ golpes de folha de arruda nos ‘exorcizados. “Mesmo para quem vem de um pais como o Brasil, a quantidade de crencas superstigdes populares que existem na Chi na é enorme”, diz.a antropéloga especialista fem China Rosana Pinheiro Machado, da Uni- -versidade Federal do Rio Grande do Sul ASALVAGAO DA ALMA ‘Mas com todos seus feitigos ¢ meditagoes 0 ‘taoismo nada diz sobre a vida apés a morte. Eéai que entra o budismo, fundado também por volta do século 5 a.C., na india. Siddbar- ‘Apratica do tal chi chuan busca o equilibria com 3 natureza pregado pelo Tao. ta Gautama (0 Buda) viveu na época de Con: ficio e Lao-tsé ~ mas foi s6 por volta do sé culo 1.a.C. que obras budistas chegaram & China, com viajantes que cruzavam o Hima- laia. Entre os conceitos budistas Jaram” na China est o ‘nirvana’, es- tado de elevacdo espiritual em que todo sofrimento desaparece, ¢ 0 “sa- sara’, que pode ser entendido como reencarnaco. Durante séculos, monges chineses traduziram obras em linguas india znase compuseram seus préprios tratados em. mandatim ~o resultado disso tudo € a cole- ‘gio conhecida como Grande Tesouro das Es- crituras, compilado no século 10. O budismo original se dividia em duas escolas: 0 Theravada, mais céticoe filos6fico, ‘©0 Mahayana, uma espécie de caldeirdo de crencas que accita a existéncia de deuses, espiritos criaturas fantdsticas, como dem6- nios e serpentes falantes. Fol esta versio que fez sucesso no pais de Confticio, dando ori- gem a duas formas de budismo tipicas da China, Uma é 0 chan, ou.zen, que mistarou crengas budistas a praticas de meditagéio do $4 RELIGIOES CHINESAS Ee ere er tener y 1 CHING (cerca D€3000c) Consierad vo mais antigo da China, fo escrito porFu Hs, imperaorlegendario que vu um draga0 emergit das dguas com simbolos geométrcos aravados nas costas: 05 64 hexagramas do / hing. Naistarde,sSbios escreveram interpretacdes para ‘ossinais,formando ovo Ching, Nessa ora, Surg conceit de uin-yang, base de todo ‘opensamento chinés. Os hexagramas 30 usados até hoje para adivinages na China ena Corea. TAOTE CHING (CERCADESOOA.C) Multa lendas enolvetLao-sé -supast autor fo maior clssico do taoismo. Segundoa mais a famosa, osébio tera abandonato a China para viver como eremita em teas ocdentas. Lao teria escrito To Te Ching a pedo de wn quanta da frontelra, quando debrava sua provincia. Ara fala da relacao ent oser humana ¢ 0 Ta —forea Drimordal que move o Cosmos. Para historiadores, _, ilvosseals4e 3a. ‘LASSICOS CONFUCIANOS (500) Conficiopassou boa parte da ‘vida comentando-as obras mais importantes da tradicao cinesa 1 Ching € primeita dos ‘assicos Confucianos «coma ficou conhecido ‘ conjunto da obra, que seriu de base a ehucacaochinesa durante milnios. A obra tem no total 13 furs. 055 principats, ‘neluem,além do hing, 0. Ching (*Céssico dabistéria"), 0 Chi Ching (hisses da Poesia”) e0 Skt hing ("Classico da Misica") eo BSCS UOC LOD oO NUNC WLS s INOS. oo 0s ching. em mandarim. Mas raed io de milenios de sabedoria humana. i Steer eee ANALECTOS (00 4200.) Apésamorte de Conicio, seus sequores acrescenteram ao cénone os Analects ~colecio Gedislogose dtos do mest, compiledas por seus iscpuls em 2 capitals, OTRIPITAKA (190.c.) Siharta Gautama, o Buda, elaborow sua doutrina entre osséculos Ge 5a. ~ masnéodebsou nnenhuma palavra por escrito Seus ensinamentos foram memoriados por umassistente¢em seguida preservados pela radian oral entre mong busts. No sécul 2, monges Sri Lanka trenscreveram, dando origem 20 Tipiteka (*DsTrés estos", em pli) A obra trata ce questesteoligicas, sermées do Buta sobre a moral eo destinae rears te discplina para ‘oS monges.O texto € o enone do Teravaa, ‘verso mais tradicional ilosfica do budsmo. ‘SUTRAS MAHAYANAS (100 A.C. 100) ‘utravertente budista, o Mahayana, surgiupor volte do século 1a. Mais misticaque oTeravada, font principal do buco chines ela incl ‘a crencaem sere Fantasticos como deminis, fantasmas eserpentesgigantes. Ses textos salads so os "Sutras Mahayanas",esritos nico da era crit, no iciortasarserito, GRANDE TESOURO DAS ESCRITURAS (983) No século 1 aC os textos butistas comecaram ser levados 3 China por vajantes que cruzavam 1 Himalaia, cela de montantas que separa ‘pais da india. Nos éculosseguints, 5 eles foram traduzidos pare o mandarim dando origem a formas de busmotipitas da Cra, como o chan (ouzen) ea vertente conhecida coma "terra pur $m 983, as esriturasem chinés foram reuridas no Grane Tesouo das Esrturas, que integra ais de 2m textos individuais¢ também influenciou obuismo nodapade no Tibete taofsmo, A outra ¢ 0 “terra pura’, ramo mais popular, que venera diversos espiritos ilumi rnados em vez de um tinieo Buda. E assim deciframos a ultima parte do enigmético Pois é na hora da morte que o pragmatico renuneia ds preocupagdes desse mun: doe chama monges budistas para recitarem } (08 sutras ~ textos sagrados que garantem sorte na préxima encarnaciio. *O racio- cinio é simples: se corremos 0 risco de reenearnar, entio ¢ melhor chamar tum especialista”, resume o sindlogo Bueno. Mais chinés, impossivel. A triade espiritual passaria por ma bocados a partir de 1949, quando o pais foi dominado pela ditadura comunista de Mao ‘Tsé-tung. Por sua énfase na reflexao indivi dual, 0 confucionismo virou ideologia “bur guesa”. Enquanto isso, as préticas budistas ao{stas eram descartadas como “superstigbes abominaveis”. Os livros foram proibidos e muitos queimados. Mas a repressao mal afrouxou, na década de 1980, ea borbulhan- te religiosidade chinesa voltou & tona, com rovérbio citado lé no inicio. resultados muitas vezes irdnicos, Eo caso do destino péstumo de Mao Tsé-tung, Alguns anos apés sua morte, 0 ditador ateut passou a ser venerado como espfrito do panteao taois- ta. Hoje, quase todos os taxis de Pequim tém um amuleto no retrovisor, onde se vé a foto- ¢grafia de Mao cercada de franjas e sininhos uma simpatia contra acidente de trénsito. Assim como sua efigie, a ideologia de Mao também foi virada pelo avesso por seus sucessores. Quando abriui a eco. nomia chinesa, por volta de 1988, 0 reformista Deng Xiaoping justificou sua traigéo ao marxismo com uma tirada tipicamente chinesa: “Nao im: porta se o gato é preto ou branco. Importa que cace ratos”. Nos anos seguintes, 0 oni: voro dragio chinés, que jé tinha digerido a douirina de Marx, fez 0 mesmo com o capi talismo —transformando essas duas ideolo- gias ocidentais em algo, digamos, bem chi nés. O que no é de estranhar no pais de Confiieio, que também cunhou outra maxi ma famosa: “Devemos copiar o que admi ramos, para depois superilo”. © Erg Peery eee) #41 JUDAISMO fe Rabings faze contas para dectrara Tord que'a cabala pode azer por vocé? SS OSS Tradicao mistica mantida em segredo por sécule a cabala permite interpretar significados ocultos nas historias da Tora, livro sagrado dos s. Como esses ensiname Texto Ei formato da sagrado do juclaismo, impressiona: dois grandes rolos de pergam aho escritos & mio com cial, Tord, live tinta e presos a carretdis de madeira e envoltos por um pano bor dado e ornamentos de prata, Seu contetido, revelado por Deus a Moisés ‘no monte Sinai, inclui os 5 primeiros livros da Biblia ¢ narra desde a Criagio até a tos podem nos | var a uma Vida melhor? saga.do povo de Israel pelo deserto em pusca da Terra Prometida. Mas a riqueza dos p doa cabala, tradigao mistic ‘gaminhos vai muito além. Segun dai as 3 letras hebraicas da To também contém significados ocultos sobre Deus ¢ as leis do Universo. Ao userem chaves numéricas meditagoes para desvendar esses mistérios, os cabalis as tiram ligées das histérias narradas no texto. E voc® nao precisa ser rabino ou mesmo judeu para ter acesso a esses ensi- namentos ¢ usé-los para viver melhor. O segredo da cabala é relacionar pala vyras e nimeros da Tord de uma maneica especifica, E sua origem esté no Sefer letsi A letras da Tora contém significados ocultos sobre Deus eas leis do Universo. 1d, ou Livro da Criagdo, obra miniseula que ninguém sabe ao certo quando e por quem foi escrita. O fato & que ela introduz a idéia de que Deus criou o Universo usando as 22 letras do alfabeto hebraico. “O Génese jé dizia que o verbo divino foi o instrumento da Criagio: Deus disse ‘Haja luz’, e houve luz, Anovidade do Sefer fetsind € especular em detalhes como Deus combinou essas Jetras", diz o pesquisador Daniel C. Matt no livro 0 Essencial da Cabala. O livro tam- bém apresenta a idéia das sefirot, plural de sefird, que pode significar “reino®, “esfera” ou “contagem”, conforme a tradugao. Re- presentadas pelos ntimeros de 1 a 10, elas so considleradas outro instrumento da eriacao do Universo. 0 livro s6 nao expli cava como usar tudo isso para revelar os significados ocultos da Tord AERA DE OURO DA CABALA ‘Até que no século 13 o espankol Moisés de Leén publicou o Sefer Ha Zohar, Livro do Esplendor, com as regras que consolidaramn (0 que hoje se conhece como cabala. le conectou cada sefird a um modo que Deus tem de atuar, bem como a um personagem biblico. “A sefird de Chesed, por exemplo, esté ligada ao amore a Abraiio. Quando os cabalistas léem Abrado na Tord, léem tam: ém esse aspecto misericordioso de Deus aruando no mundo”, diz Leonardo Alanati, da Congregagio Istaelita Mineira, Além de usar essas associagSes entre as- pectos de Deus e passagens da narrativa, os cabalistas interpretam a Tord utilizando a guimdsria, numerologia judaica. O principio que cada uma das 22 letras do alfabeto hebraico, do alef a0 tay, possui um valor numérico. “As primeiras 9 letras esto asso- cindas as unidades (1, 2, 3, ., 9); as 9 letras uintes esto associaclas as dezenas (10, 90); east fo associa das as centenas (100, 200, 300, 400)”, diz 0 pesquisador David Zumerkorn no livro Os Segredos da Guimétria. Fazendo as contas (oeja abaixo), surgem os significados ocultos que expandem os ensinamentos do livro sagrado. “Aparentemente, as histérias da ‘Tord néo tém relagio com a vida didria, Mas a cabala mostra que, por trés delas, hd ensi- namentos profundos sobre como lidar com. nosso semelhante e encarar as situacoes”, diz Samuel Lemile, professor do Kabbalah Centre (Centro de Gabala) no Brasil paleva sa Para 0s cablists, ee Lemile menciona o mandamento bfblico “Nao matards”, lembrando que na Tord hé uuina passagem onde Deus ordena aos isra~ élitas matar 0 povo de amalek. Uma baita contradigao, certo? A nao ser que se usem as contas do Zohar para ver que as letras hebraicas da palavra amalek tém o mesmo valor numérico que a palavra safek, que significa “divida’ ou “incerteza”. “A cabala usa a numerologia para entender que matar Amalek nao é matar um povo, mas a divi dae a incerteza dentro de nés", diz. Lemle. “A guerra ndo € contra o inimigo li fora, ‘mas contra um oponente interno, um lado negativo da nossa natureza: pensamentos do tipo ‘nao vou conseguir" e “isso nao vai dar certo’, Fles sabotam a nossa vida.” Segundo o professor, cabalistas milena- res usavam essa sabedoria para se torna- rem pessoas melhores ¢ erescer espiritual mente. Assi como cabalistas modernos, eles queriain no apenas compreender mais sobre Deus mas também obter licoes de vida e aconselhar as pessoas. E, ao contré rio do que muitos pensam, o misticismo judaico nunca foi um ordculo capaz de descobrir coisas sobre 0 pasado ou o fu- turo, De vez em quando alguém até arrisca esse caminho ~ por exemplo, tentando prever a chegada do Mesias, mas sempre 4 errado. O rabino Alanatt lembra que a cabala também no tem nada a ver com amuletos. “Na Idade Média, muita gente escrevia férmulas com permutagées das letras dos nomes de Deus atras da mezuzé (aixinha colocada no batente da porta nas casas judaicas), diz ele. UMA TRADIGAO SECRETA Por essas e outras, durante muito tempo nao fj facil ter acesso a cabala. Os candidatos tinham que ser homens judeus de mais de 40 attos ~ e s6 os mais qualificados espiri tualmente eram aceitos, “Os rabinos temiam. que as téenicas caissem nas maos de quem ago necesséria, Em qua- ides, as iluminagdes misticas PWN (ONDA YID we rion SETS nm = AYW Shei FRESINGA RNA dos leigos sempre foram fontes de risco e haeresias® diz o historiador Gershom Scho- lem no livro As Grandes Correntes da Mistica Judaica, Até hoje, jdeus ortodoxos rest gem ensino da eabala. Mas algamas cor rentes mais progressistas discordam. “Nao que os cabalistas antigos quisessem ocultar a cabala, E que nao tinhamos a linguagem acessivel para compartithar esses conhect mentos, Mas os avangos da nossa era jé nos permitem entendé-los", diz Lemle. ‘A POPULARIZACAO DO ESTUDO Assim o estudo da cabala levou séeulos para sair da obscuridade total, mesmo en tre 0s judeus, até a relativa popularidade atingida nos anos 90, quando o Kabbalah Centre, nos EUA, abriu as portas da cabala para leigos de qualquer religido. Madonna, ‘uma de suas freqiientadoras, garante que tem atraido boas vibragoes desde que co megou a fazer o curso. Os ortodoxos cri cama iniciativa (que inclusive foi rotulada de cabala “pop” ou “light’), mas o Kabbalah Centre garante que 0 conhecimento é 0 mesmo e até 0s livros de seus aluunos so exatamente os mesmos que ser- vem de fonte para os judeus. Segundo Lemile, a primeira coisa que o estudo da cabala proporciona é uuma nova atitude diante da vida. “Do mes- ‘mo jeito que existem les fisicas, como a lei da gravidade, a cabala diz que existem leis espirituais que regem este mundo. E nos ensina.a conviver com elas em harmonia", afirma, Por exemplo: a cabala diz.que nio existe 0 acaso, ¢ sima lei de causa ¢ efeito. “Tudo © que acontece na nossa vida fomos nds que eriamos de alguma forma. Assim, 6 ensinamento mais importante para quem comega a estudar no Kabbalah Centre é deixar de ter um comportamento reativo ¢ passar a ser proativo. Ou seja, deixar de ser 0 efeito de determinadas situagdes ¢ se formar a causa delas. “Sendo proativo, voce deixa o papel de {tima, que nunca tem controle sobre a eee situagdo. Vocé aprende a parar, pensar e buscar a melhor forma de agir em cada momento”, diz Lemle. Segundo ele, isso pode ser aplicado em situagdes to corri- queiras como uma conversa entre irmaos ‘ou uma briga entre marido e mulher. “Os O estudo da cabala levou séculos para sair da obscuridade, mesmo entre os judeus. cabalistas milenares também eram proati- vyos. Abraio ensinava as pessoas que existia um tinieo Criador e que havia uma lei de causa e efeito. Ou seja, ensinava uma forma de encarar a vida’, afirma. Na busca por essa nova atitude, os alu- nos aprendlem a usar ferramentas cabalis- ticas. As mais simples sao feitas de combi nacées de letras que no tém nenhum signifieadlo em hebraico; sio simplesmente chaves, como ABD, que funcionam como tuma espécie de mantra para medita- ‘Ho. “O Zohar explica que os olhos séo as janelas da alma. Passar os olhos todo dia por essas seqiiéncias de letras nos ajuda nessa mudanga espiritual. © proceso de viswalizagao ali menta nossa alma para que possamos ser proativos”, diz 0 professor. Claro que ninguém vai freqtientar algu- mas aulas ¢ mudar sua vida de repente. “Uma pessoa precisa estudar fisica quintica por muitos anos para entendé-ta profunda. yente, mas comeca aprendendo a contar de 1.a 10. No curso, éa mesma coisa. O aluno omega contando até 10%, diz.ele, acrescen- tando que mesmo 0 conhecimento limitado das primeiras aulas do curso jé possibilita 08 alunos tirar algum proveito na pratica, como controlar melhor as emogées no dia- ardia, “Mas nada vai fincionar se nao tiver ‘mos a verdadeira intengio de aprender © ‘nos tornarmos pessoas $4 JUDAISMO be Milagres naturais 0 Js milagres do Exodo sempre atrairam o interesse da ciéncia E ela tem hipoteses para explicar cada um deles. Texto Tiago Joku origem do povo de Israel esta descrita no Exodo, 2° livro da To- ré, 0 texto sagrado dos judeus. Segundo a histéria, os descen- dentes dle Abraio viviam como escravos do faraé egipcio, trabalhando na construgdo de obras no delta do Nilo, Até que Moises matou um egipcio e decidiu Fugir. Em sua fuga, re cebett uma mensagem de Deus para que li bertasse seu povo ¢ o conduzisse & Terra Prometida, Apesar da resisténcia do faraé, + Tlustragao Sat lee seu povo empreendem a jornada de 40 anos, marcada por diversos milagres. Milha- res de anos depois, ofisico Colin Humphreys, da Universidade de Cambridge, analisou esses fenémenos e propés explicagSes naturais para eles no livro Os Milagres do fxodo. Em ver de desacreditar os milagres, elas os refor ‘garam, a0 mostrarem como cada coisa acon feceu na hora e lugar certos para os judeus Aqui, voce verd as hipéteses de Humphreys para alguns eventos dessa histéria. © 2) O chamado (Ex0do 32 e 3) tex. Hi dias hipdteses naturais para fogo que nao consumia a.sarca arbusto comum no fit. Aprimeira diz que fendasno solo Tiberavam gs natura, abundante Faregito, araa superficie, Ocalor Intenso permitiaacombustao do. a redor do arbust, que apenas parecia queimar, A outa tipdtese ésemelhante:aelfterenca que fonte do fogoseiauma chaming vlcéica,oconénida comm em lugares ondeja toute vulctes em atvidade. ss também explicariaa ertildade do solo. = niaguela rea, 0 que teria atraldoorebanto de Mois, fou yer isso de perto” 24 As 10 Pragas do Egito (Exodo72e 4) tex. Voce falara tudo o queé eu lhe ordenar, eo seu itmao Ado dita ao farao que deixe o israelias salt do pals.. ee nao os ouvia. Entéo porei a minha mao sobre o Exito e com paderosos ato de juizo tirarei do Egito os meus exérctos, © meu pov, os isralitas 40) ont pos aiwoturos scunnio “Traconalnente rinogénitstém 053 as de sii em mara seam “aprvilégiode se limentar quando nao __consequéncia de uma densa tempestale _hialinenta paratodos Mas ohenefio, dares, que anaes expos em as. ier 2 comerem os cers Ofendteo, cnkecio como fans, “ ‘DIASPORA, ‘sespiitismo formou a umbanda ‘Apart do seculo 19, navios ta decada de 1920. Nanovareligito, = regres fzeram cerca ‘guiasespntaisincorporadas 35 il viagensa America. ‘Nbordo, equiram para ‘continent 12,5 mies de africans, principalmente dos pos ionibaehanto, no tereio, como opreto-velho eocabocl,farema comunicaio etre os devotos eo aris, i i poemias cantados. Cada conjunto de poemas, 05 versiculos de Ifd (ou itans de 1f4), € co- nhecido como odu e descreve a vida e as atribuigées de orixds e seus filhos. Tais lendas e deuses so compartilhados por diferentes povos africanos, inclusive inimi- 08. O reino Abomei, da nacao jeje, que ‘comercializou homens ¢ mulheres iorubas com portugueses mercadores de escravos, reverenciavam os inquices, deuses seme- Ihantes, com nomes diferentes. “As divin dades afticanas representam manifestagdes da natuteza, com nomes diferentes de acor: do com a regio. O ioruba Xang6 pode ser 6 vodum Badé ou o inquice Zaze. E Oya pode ser 0 vodum Sobé ou o inquice Bamburucema”, diz.0 socidlogo Ar- mando Vallado, da USP. Em praticamente todos os lugares para onde vieram escravos negros, a mistura desses ritos e divindades mistura: acteristicas regionais e to. maram diversas formas. A partir do sécuilo 19, surgiram crengas como o xangd, em Pernambuco, 0 tamborde-mina, no Mara- nhfo, eo batuque, no Rio Grande do Sul No inicio do século 20, 0 candomblé se en- controu com o espiritismo francés, no Rio de Janeiro, e fez nascer a umbanda. Em ba, além da santeria, onde as vestimentas dos orixs lembram trajes ciganos e de co- Tonizadores espanhdis, ha o palo monte e 0 palo mayombe, formas de culto aos egun guns (espiritos ancestrais) de origem banto. As crengas se desdobraram no Brasil, em ‘Cuba, no Haiti e em Trinidad e Tobago, mas ‘o transe de possesstio das divindades e a fé no jogo da adivinhacao permaneceram co mo ponto comum dos ritos em cada local. Segundo a mitologia, If seria dono de todos 0s porqués dos acontecimentos na vida do ser humano e saberia como identi- ficar ¢ solucionar os problemas de cada um deles. E contam os africanos que If teria deixado o dom do ordculo a todos os povos por onde passou, mudando apenas ¢ manei +a de cada nacdo manipular os amuiletos que permitem fazer as previsdes. Os jejes jogam ‘as pecas ~ que, além dos biizios, podem ser nozes de dendé — para a frente. Os nagés, para trés. Os odus, os versiculos do livro, sAo relacionados a vida de quem faz a consulta se revelam na posigao em que eles caem., “No jogo de biizios, a combinacao de 3 odus sintetiza a vida da pessoa, danclo énfase 20 passado, presente ou futuro”, diz Portugal Filho. Aqui, os pais-de-santo preservaram apenas 0 nome dos odus, os orixas protago- nistas de cada histéria, as previsbes e os ebés (ou oferendas). “Os pais e maes-de-santo brasileiros simplificaram a leitura dos odus, tomnando répida e simples a formagao dos sacerdotes”, diz Reginaldo Prandi, autor de Mitologia dos Orixts, Na Afri ca ¢em Cuba os babalaés ~ conhecidos como pais do segredo ~ ainda memo. rizam meticulosamente cada historia Os ritos de possessio so o outro elemen- to ritual transmitido com 0 “livro”, com algumas mudangas em cada rito. No can- domblé, os orixas “pegam a cabeca” de um filho-de-santo ~ como se diz no terreiro quando eles ineorporam em um devoto.com o dom da mediunidade -, dangam ao som Cada conjunto de poemas descreve a vida e as atribuigoes de orixas e seus filhos. de batuques ¢ cinticos, com movimentos que sinalizam suas qualidades. lansa, por exemplo, é a deusa dos ventos e das tempes- tades e tem poder sobre o mundo dos vivos € dos mortos. Quando,incorporada, empur- a0 ar com as mios como quem quer espan- tar os eguns ou controlar os ventos, Nessa vvertente, os orixés nfio conversam com sets devotos, a0 contrério dos voduns do tambor- _ de-mina, que se expressam verbalmente e ‘comem do banquete sefvido no terreiro. Na umbanda, 05 orixé: Quem toma o corpo dos filhos-de-santo so odus em suas libretas (cadernetas), anota- -guias espirituais, como os ancestrais pretos- ces pessoais com mitos, interpretagdes e vyelhos, caboclos e criancas, que visitam os _ prescrigdes de sacrificios. Os primeiros es~ humanos para levar seus pedidos e agrade- _critos desse tipo também sao do século 19, cimentos aos deuses e para trazerdo mundo e apareceram em pesquisas do padre Baudin, divino as béncaos e os alertas. de 1884, e do coronel Ellis, de 1894, missio nérios europeus que levaram a escrita & ‘A FALA QUE MUDA E RENOVA Africa Ocidental, dando inicio & esco Mesmo com 0 desenvolvimento da Tarizagao dos negros e & formactio da eserita nas civilizacios africanas € 0 primeira graméticaforubé, com listas 4 contato com a lingua de outras cultu Ge verbose substantivos. O mais anti- 44 ras, as religides africanas contimuaram g0 registro brasileiro com divinizacoes sem livro, Até hoje s6 existem iniimeros li- de antigos babalaés for o do baiano Agenor ros etnogrdficos ~ surgidos a partir do sé- Miranda Rocha, o mestre Agenor, datado de culo 19-e registros nas cadernetas dos sa- 1928. O curioso é que, ao mesmo tempo que cerdotes ~ que acabam servindo como guardam informagées para a posteridade, consulta para os seguidores. Em Cuba, os quando essas coisas vao para 0 papel, muitas babalads cultivaram o hébito de registraros — outras se perdem, “Toda a literatura sagrada OXALA aU Gum XANGO ‘amas de Grande OF, Messager ete Des da guera eds -Governador da esti, : 0 criador dohomem, ‘orkdse humaros, foi aminhos, da tecnologia fo um dos prmeltos senhor do principio da ‘ncumbido de receber ‘das oportunidodes reise cdbcede id, vida, da respira eco rua encraihada Gerealizagao pessoal, ———=—=—_quedominou por muito. ax, Castigo por Eu por ‘ospresentes das visitas, Dono do seared da fo, tempo diversas cidaes nao he oferecer ima de Gra, enquanto ele que ia instumentos iowa. Geralment, oferenda, bebeu muito triava a homem, Pr'ss0, rmairesistents para fem o incorpo usa «,bebaa, nao pe rar flenioerecitpedidos ————_agricuturaeangaspara ante mundo. Restoua ele semalgoem tro, rar os humans, hind pesonalidadevngativa, _enriagado oelou ques ferserassocada serescitnts, dando, 20 edn cristaopor rigem a versie. nissionstioseuopeys, Em Cuba, os babalaos cultivaram o habito de registrar os mitos em suas cadernetas. tem que ser memorizada. E, quando se usa aescrita, perde-se a memoria do que niio esta registrado”, diz Reginaldo Prandi. Com o tempo, tanto. falta de uma versio escrita como a transcrigao de alguns mitos para o papel mudou a forma da tradicéio. Ao longo do tempo, o jogo de adivinhacio limi- fou-se a um segredo de iniciacao na religio =alleitura dos biizios para quem ingressa no. terteiro, Jé os mitos se difundiram mais como manifestacao popular do que como parte A i JANSA Dirige venta eas Aempestades e€ também deusa da sensualidade feminina. Seu nome quer tier nae nove veces" e, ‘sequndo o mito, precsau fexeruma oferenda para conseguir ter ape, Mae batalhadora, vena end para sustentar os os. Cura Tend iz que tera sido una princesa na clade de rem 145026, -0x05S1 Oris as orstas, de onde se retro sustento, Na Africa, teria sido rei ie Ketu, caja populaca0 ‘ol destruda pelos ‘nimigos jee. Porisso, Sobreviveu apenas to Brasil onde padrocito os kets, Incorporat, seguraarcoeflechae danga coma se estivesse ‘agando. Em alguns mitos também éirmao de Ogum. TEMANIA Senhoradasaguas, ‘tem oclto igado 20 rin Niger, na Atica, onde também écelebrada entre asdivindades femininas primar, dona can feltigo. Ema tos ois porque ajudouscriar ‘epovoara Tea Emsua ‘esta, ia 2de feveeir, eyotosoferecem lores lepresentes ao mar essencial do oriculo, no Brasil, “Como a mi tologia jorubé é muito rica em simbolos e signos, teria gerado uma maleabilidade de ritos" diz 0 sociélogo Vallado, Em Mitologia dos Orixtds, Reginaldo Prandi compilou 301 ‘mitos africanos e afro-americanos, Em cada ‘um os otixs se multiplicam em varios, erian do uma diversidade de devogoes, cada qual ‘com tum repertério espectfico de ritos, eantos, dangas, patamentos, cores, preferéncias ali mentares, cujo sentido pode ser encontrado nos mitos. Essa flexibilidade que a tra oral viabiliza e admite, no entanto, é justa ‘mente a fonte da riqueza e da resistencia das teligides de origem africana. Isso ea fé dos velhos negros nos orixds e suas historias, passadlas adiante de pai para filho-de-santo, de sacerdote para diseipulo, © oMuLy Senhorda peste € onvecedor de seus segredos cures. Par ter no corg as marcas da Varios, uma das doencas aque s escravs foram expostes, tem sincretisno fom sao Lazaro, ufo {orpo tambem &coberta dechagas. Nos os, sacode o ata, Fire depalha com abacas entoe do Pe io » Os bastidores do Livro dos Espiritos = Saiba como um professor de ciencias investigou as mensagens dos espiritos para fundar uma religiao na Paris do século 19. Texto Artur Fonseca « llusvagoes RS2 asala principal de uma mansio engragado. Suas maos, porém, desenham em Paris, um grupo de senhores no papel frases que em poucos meses iro clegantes observa emssiléncioa fundar uma religido: 0 espiritismo, Baudin Publicado pela primeira vez em 1857, 0 redon ber por que os adul concentrados vol. 0 livro, 3 garotas se destacam. Julie e Ca ‘az algum comentario roline Baudlin, de 15 ¢ 18 anos, e Ruth Ja phet, de 20. Organizando as respostas para 501 perguntas sobre o Universo, Kardee criou a doutrina e visio de mando do espi mo, fazendo dele muito mais que uma diversdo da burguesia parisiense. Na época, os fendmenos meditinicos ser viam como passatempo nos salées de Paris, que comecava a ganhar ares cosmopolitas. A partir de 1850, a cidade passou por uma grande reforma. Ruclas medievais e casebres deram lugar a avenidas largas e bulevares que convergiam no Arco do Triunfo, simbolo da forga da moder nidade ¢ da nova burguesia francesa. Com novos parques, a cidade se preparava para virar 0 século como a Cidade das Luzes. Era tempo de revolugdo industrial e desco- bertas cientifieas, que tornavam o homem capaz de explicar ¢ interferir nos fendmenos ao seu redor. Ou em quase todos. Porque no meio de toda essa modernida- de, as mesas girantes eram uma febre que assolava a Paris de 1850. Exam comuns as Kardec fx 0 tivo <=> dos Fsprites com =" aajudadas médions Iullee caroline zeunides em sal6es culturais ou mansées de senhoras da sociedate, nos quais as pessoas iam para girar mesas apenas com o poder da concentracdo, “Toda a Europa tem o es Pirito voltado para uma experiéneia que consiste em fazer girar uma mesa’, afirmou 6 jornal Lllustration do dia 14 de maio de 1859, “Ide por aqui, ide por ali, nos grandes sales, nas mais humildes mansardas, no atelier do pintor ~e vereis pessoas @ —_sravemente assentadas em torn de uma mesa vazia, que elas contemplam a semelhanca daqueles erentes que passama vida a olhar seus umbigos.” Nas reunides, havia poetas, intelectuais e nobres 0 poeta Vietor Hugo era freqiientador ass duo das reunides e chegou a escrever que “negar a atencdo a que tem dieito 0 espiri tismo é desviar a atengao da verdade”. Numa noite de maio de 1855, @ reuniao das mesas girantes aconteceu na casa de uma senhora chamada Plainemaison, Uma das pessoas que compareceu 8 reuniao foi Hippolyte Léon Denizard Rivail, um profes- Como a identidade das duas foi mantida em sor de cincias de 50 anos. Mais tarde, ele segredo por muitos anos, sabe-se pouco sobre contaria como a visita 0 deixou impressio- elas, O que se sabe é que Julie era uma mé- nado. As mesas, segundo ele, néo s6 giravam dium passiva, inconsciente do que escrevia. ‘como batiam no chao se moviam “em con-_ Somente achava divertido as pessoas lhe Bes que ndo deixam margem a qualquer _darem tanta importancia. As reuni6es, diri- ”. A reuniao na casa da sra. Plaine-_gidas pelos pais delas, néo eram secretas, ixou Rivail aturdido, “Entrevi mas restritas a poucos convidados. Para es- naquelas aparentes futilidades, no passatem- _crever as mensagens, Julie e Caroline usavam po que faziam daqueles fendmenos, qualquer uma cesta-de-bico, feita de vime, com 15 a coisa de sério, como que a revelagio de uma 20 centimetros de didimetro e uma espécie lei, que tomei a mim investigar a fun- de bico com um lépis na ponta. “Pondo o sereveria 0 professor, anos depois. _médium os dedos na borda da cesta, o apa: relho todo se agita e o lépis comega a esere- COMECAM AS SESSOES ver”, contou Kardec em O Livro dos Médiuns, Rivail passou meses observando o fendme- Com 6 tempo, as garotas passaram a usar a 1no naquela e em outras casas da cidade, _psicografia direta, mesmo método usado como a dos Boudin, que tinham duas filhas mais tarde pelo brasileiro Chico Xavier. que acreditavam ser médiuns. O mais estar. _Diante delas, Rivail fazia perguntas que recedor era que as mesas pareciam nao $6 _nés, mortais, sempre quisemos fazer a quem. rodar como também falar. Isso mesmo: passa pela morte e volta para contar. A pareciam indicar letras com pancadas — M4» pergunta do Livro dos Espiritos, por no chao e, quando interrogadas, mo- @@@ _ exemplo, é “Poderiamos dizer que viam-se para a direita ou esquerd: Deus ¢ infinito2” E a resposta: “Defi tentando comunicar “sim” ou a nig&o incompleta. Pobreza da lingua: “Se as pessoas viam o fenémeno como gem dos homens, insuficiente para de uma diversao, Rivail ia as reunies de mesas finir coisas acima de sua inteligéncia”, A girantes como um cientista, Fazia perguntas 150 é “A alma, apés a morte, conserva sua sérias e anotava as respostas que obtinha’, — individualidade? Sim, nunea a perde. O que diz.o médium e jornalista Jorge Rizaini, Em seria ela se nfo a conservasse?” abril de 1856, 11 meses depois da primeira _s respostas que Caroline e Julie psico: visita a uma daquelas reuniées, amensagem grafavam eram revistas, analisadas e muitas da mesa perturbou ainda mais aquele pro- _vezes comparadas a outras mensagens. Na fessor de ciéncias. Um espiito teria escolhi- do Rivail para reunir e publicar os ensina: Rivail fazia perguntas mentos que ele obtinhia nas mesas. Rivail 5 nfo acreditou e pediui que 0 espirito repe. } Que mortais sempre tisse a mensagem. ‘Confirmo o que fot dito, mas secomeno duende seguerseanie {| quiseram fazer a quem bem. Tomard mais tarde conhecimento de passa pela morte coisas que agora o surpreendem’, foi a men- sagem que ele reeebeu como resposta, fase de revisdo, a médium que mais contri- Assim o trabalho comecou. Todas as te buiu foi Ruth Japhet, uma médium sonim- cas-feiras, Rivail freqientava a casa da se- _bula que tinha mais de 50 cadernos com hora Boudin. Julie, a moga de 14 anos,e mensagens que psicografava 2 noite. Para sua irmé Caroline, de 16, psicografaram quase todas as quest6es do Livro dos Espiritos. que os espiritos diziam. Segundo, porque, para ele, os espiritos ndo eram donos de toda a sabedoria do Universo. “Um dos pri meiros resultados das minhas observacées foi que os espfritos, ndo sendo seni as al mas dos homens, nao tinham nem a sobe- ana sabedoria nem a soberana ciéncia; que seu saber era limitado ao grau de adianta ‘mento; € que a opiniao deles nfo tinha senao o valor de uma opiniao pessoal”, escreveu ele em 0 Livro das Médiuns. Por isso, Kardec afirmava que muitas mensagens de entida des eram ignoradas, ou por terem gracejos ofensivos ou por ndo fazerem sentido. Tam. bém por esse motivo, quanto mais médiuns participassem da composi¢ao do livro, me- thor. Segundo ele, mais de 10 deles eontri- bufram na 18 edigio de obra, Quando Rivail acabou de editar as per guntas, surgiu um problema: qual seria o tulo € quem deveria assinar a obra? Como nfo se considerava autor, e sim um organi- zador, deut o nome ébvio: O Livro dos Esplri- tos. Mas alguém precisava assind-lo. “Rivail consiltou os espiritos e uma entidade deu a DO sucesso das mesas Girantes nos sales de Pars atrairam Kardec ele o nome de Allan Kardec, porque esse tinha sido o nome que ele teve numa vida passada, como um sacerdote druida.” Assim surgi nome do pai do espiritismo. Em 18 de abril de 1857, os primeiros exemplares sairiam da Tipografia de Beau, em Saint-Germain en-Laye, cidade vizinha 4 Paris. O livro rapidamente correu o mun- do e criou polémica, provocando protestos de padres e cientistas céticos, mas atraindo a atencéo de outros médiuns, que entraram ‘em contato com Kardec. 0 pai do espiritis- mo viu que seu trabalho ainda nfo estava terminado, Eram tantas novas revelagées que ele decidiu revisar mais uma vex.e es- tender 0 livro, A 2+ edigao, definitiva, con tém 1 019 perguntas, A titima delas € 0 teino do bem poderd um dia realizar-se na Terra?” Parte da resposta &: “O bem reinaré na Terra quando, entre os espiritos que vm habité-la, os bons predominarem sobre os ‘aus; entdo eles fardo reinar na Terra 0 amor e a justica, que so a fonte do bem e da felicidade”, Estava ctiado 0 livro e, com ele, uma nova religia para os homens. © Conhega a historia por tras Ea origem das polémicas ligadas Texto Nis m anjo aparece para vocé e diz que sua missfo é contara todos que Cristo instituiu uma reli gido verdadeira, e ela nao é nenuma das que vocé conhece. Foi o que aconteceu com Joseph Smith em 1823, quando.o adolescente de 14 anos rezava numa floresta atrés de casa, na cidade de Palmira, Nova York. O anjo era Mordni, e sua mensagem o ponto de partida elaboracio do Livro de Mérmon, tinica escritura sagrada feita na América, Segundo o anjo, apds a ressurrei fo, Cristo atravessou o oceano rumo a América. Aqui, ele viveu entre po- ‘vos judeus que teriam emigrado para 0 continente a partir de 600 a.C. Durante 40 dias, Ele operou milagres, curou doencas € transmitiu aos nativos valores cristaos. Um dos profetas que acompanhou o Messias durante esse periodo foi Mérmon — outro anjo, pai de Mordni -, que registrou a pas sagem do Messias em placas de ouro. Smith foi guiado pelo anjo até as placas reeebeu a missio de traduzilas. Com a ajuda de pecras magicas, que colocava no chapét ao trabalhar, o jovem levou 10 anos para decifrar o mamuscrito e publicar a primeira : ‘versio do Livro de Mérmon, escritura que até hoje guia a Igreja de Jésus Cristo dos Santos dos Ultimos Dias. Os seguidores da nova Os profetas da América = dada pelo Livro de Morn religido, conhecidos por mérmons ou santos, acreditam que sua “Biblia” seja 0 livro se- guinte ao Novo Testamento. “Os mérmons se afirmam como os donos da verdadeira pala- va de Jesus Cristo’, diz.John Gordon Melton, professor de Estudos Religiosos da Cultura Americana da Universidade de Indiana, Um detalhe crucial da devogio ao Livro de Mérmon & a crenca de que apenas seus seguidores serio salvos no Juizo Final. Gra gas a essa conviegio, os figis da nova religio foram perseguidos por grut pos evangélicos que proliferavam na mesma época e viam naquela fé uma afronta & sua propria. Para fugir da violéncia, Joseph Smith retirou-se de Nova York em busca da terra prometida, ou “Nova Jerusalém’, e rumou para oeste. POLIGAMIA EM NOVA JERUSALEM Em Illinois, Smith, acompanhado de profe tas, inclusive do jovem Bringham Young, que Viriaa sucedé-to, fundou uma legiao chama- da de Nauvoo. La, a religido tomou uma dimensio barulhenta. Primeiro porque Smi th instituiu a poligamia como regra em stia comunidade. A ordem teria sido dada a ele por Deus ~ segundo a religiaio, as revelagbes sho feitas sempre ads profetas da doutrina, ‘que podem mudar mandamentos e leis den- ‘70 da lgreja a qualquer momento, do unico livro sagrado escrito na América, 3 religido non, ncias, Revolta: criou dissid dos eles buscaram apoio do governador, que tinka uma rixa pessoal com o profeta, Sma th era um homem charmoso e carismético, com planos de se candidatar & presidéncia dos Estados Unidos. Era melhor conté-lo antes que sua carreira decolasse, ¢ ele foi parar no xadrez, junto com seu irmao, Trés dias depois, em 27 de junho de 1844, os dois foram mortos a tiros dentro da cadeia. A-essa altura, a Igreja jé nha bases bem stabelecidas e Young assumiu a lideranga mon. A tragédia, porém, confirmara a necessidade de os figis se mudarem para uma irea isolada. Dispersos em cidades do Mis: souri, Illinois e Iowa, os convertidos se uni- ram sumo a Utah, estado praticamente alleio ao comando dos EUA. 14, construiram um. templo, onde hoje esta Salt Lake City. Até hoje, acidade é a sede da religifio e base de treinamento dos missiondrios, res: ponsdveis por levar a palavra do Livro de Mérmon a todos os cantos do mundo, Um sistema que s6 tem dado certo, Hoje existem 12 milhges de mérmons ¢ eles continuam erescendo. “E possivel que daqui a 40 anos © mundo fenha cerca de 50 milhées deles”, afirma Rodney Stark, professor de sociologia niversidade de Baylor, no Texas. © Além da polémica da potigamia, que Ievou 0 fundador da regio a morte eft extinta entre os m6rmons em 1890, outras regras da religiso usar - ou causavat controvésias, coma a poibigde da entrada de negros nos tempos. fsa fol extintaem 1978, porordem de uma revelaco,e fezaumentar as converses em patses de grande populacd nega, como «Brasil 0 incentivo 20 sexo aps ' a casamento, com fins reprodutvos, 4 mais um fetorimportante para v ‘ctescimento do nirmmero de fits A natalidade entre os mérmons americanos &50% maior quea :média do resto da populaca, E, quanto mais los, mais fis, no future. A busca por novos seguidores vai atéoalém. "Todas a5 pessoas tem 0 direito de escolher ferer parte da laeja, diz Nei Garcia, do Departamento de Assuntos Piblicos da sede da lgreja no Brasil, Pr isso, cerca de 200 mies de pessoas mortajé foram batizadas, para que posam optar pela

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