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FLORESTAN FERNANDES “fundamentos empiricos da explicagao | PARTE I A RECONSTRUGAO DA REALIDADE NAS CI£NCIAS SOCIAIS (*) “O principal objetivo da pesquisa de campo_nio consiste” mo registro passivo de fatos, mas na_re- Presentacio _construtiva._do_que. pode ser_designado como estatutos das instituigées nativas. O observador fio deve funcionar como. mero autémato: uma es pécie de conjugacio da cimara com o registro fo- nogrifico ou estenogrifico dos relatos dos nativos. Enquanto faz suas observagdes, 0 pesquisador de campo precisa construir constantemente: éle precisa colocar dados isolados em relagio uns com os outros e estudar a maneira pela qual éles se integram. Fa- lando-se_ paradoxali pode-se dizer que os “fa- tos” nao existem mais na realidade iolégica que na realidade fisica; isto é @les nfo ficam expostos a olhos incultos, no continuo espacial e tem Os principios da organizaco social, da constitu gal, i igido tém que ser construidos pelo observador, a partir de uma multidio de mani- festacées de significacio e relevincia variéveis. Sio essas_realidades is, cuja descoberta sé pode ser feita pela computacio indutiva, pela selecio ¢ pela construgio, que sio ciendficamente importantes 20 estudo da’ cultura.” (B. Matinowskt, Coral Gardens and Their Magic, vol. I, p. 317.) rata 0. Colbquio de 1957, pare 0, Colégy rpublicado, PP. 3652 € sbbre Metoddtogta das orginlzado pelo de. we Cente de Estudos Politicos Socaty de Labo, tendo Poise, dubembi, vol, XVI, ‘na (actembro de 1957 Se n."63" (outubro de. i937), pp. 269-286. Digitalizado com CamScanner I — Introdugéo 8 sabido que o cientista nio lida diretamente com os fa ( a ceatmea que observa e pretende explicar, mas com ine _empiricas, que reproduzem tais fatos ou fendmenos. A tealidade no & susceptivel de apreensio imediata, e sua reproducio, para os fins da investigacio cientifica, exige o concurso de atividades intelectuais deveras complexas. Essas ati- [pee sio naturalmente reguladas por normas de trabalho fornecidas pela propria ciéncia. Quando desenvolvidas com propriedade, elas conduzem a um conhecimento objetivo da rea- lidade no qual esta é reproduzida, segundo graus de aproxima- cao empirica que variam com a natureza e os propésitos das investigagSes, nos seus aspectos essenciais. Isso significa que a descricio e a explicacio cientificas da realidade repousam, fundamentalmente, em certas opera- Ges elementares, através das quais as instincias empiricas, que reproduzem os aspectos essenciais dos fatos ou fendmenos investigados, sio obtidas, selecionadas e coligidas em totalidades coerentes. Segundo o consenso dos especialistas em légica ou na filosofia do conhecimento cientifico, ésse seria 9, dominio da técnica da investigacio_cientifica. Em térmos formais, os procedimentos utilizaveis para a realizagio dessas operncoes sio universais, aplicando-se, portanto, a todos os objetos pos: siveis da investigagio cientifica. As mesmas regras funda: mentais orientam o ajustamento dos investigadores a diferentes situagdes de pesquisa, como as que se apresentam né — na quimica, na biologia, na psicologia ou aa sociologis. | Nit térmos operacionais, porém, sio varidveis os requisitos = conhecimento objetivo da realidade, As chamadas “atten de observacio” (1), em contraste com as ‘ciéncias expe fo entre “eidncia de observagio” ¢. “ciency, 00 imental” & “eitnci ia experimental” € porque. todo conhec cientifi funda, dir * c cimento cientifico 8 fnditecamente, ‘na observacdo, A forma de praticat, 2, OPSSTTE'® Nesse sentidor como. instrumento de descoberta ou de controle Digitalizado com CamScanner podem explorar codedutivo)» com fr scrigio € exp! We ievestigadss,sejam ssoa ou UM grupo pespciedade industrial, jor atengio, nessas nas, ‘dizem ‘respeito is operagbes if as, por es para a ser jos. @ elaorados.interpretativamente, "0 restrito, com que em rear de operat, 0 investigadot coat vies de descrever ¢ # através westigador cl alidade, a com dade integrada, as hip6teses_alterni ca as ex: planagies des werpretativas. consistentes. suma, embora os dail jo nada mais sejam que a matéria- cientifico, nas referidas disciplinas tor- fases da investigacio, sire as insti | gragas a0 desenv da investigacio empitica sis ‘olvimento vagaroso ¢ irregular agio.empi itica nas ciéncias sociais, pouco Se progrélin na discussio dos problemas concernentes i re- construgio da realidade © is suas implicagSes Idgicas. Os itas tém-se devotado, com maior interésse, a consti- E icagio da realidade social. Com isi0, colocaram “em primei a i ates Mena dimeito plano os problemas légicos da Primeamente see ess cncias, oS quais se impuseram te teaser os paeneigadotes por causa de_ sua. ambicio do conhecimento cientifico i expla- fncertse esa ye ne Sint SF dg tgs. Cae Res Tie gency i Se bce ne te Ee SB i pda es a A RECONSERUGKO DA REALIDADEE NAS CIENCIAS soctAts 5 nagio dos fendmenos sod ‘As tinicas questies, relativas A icas de observagio, que mereceram exame explicito © feza formal: quer reproduzissem os citncias naturais, quer tentassem de explicagio proprios as ciéncias sociais, os teriam que submeter-se as regras i © lento progresso da pesqui porem relévo os problemas ligados a0 modo de obter as instincias empiricas e de combind-las entre si, para reconstruir as unidades investigadas. isd a & que ii Na presente exposigio, pretendemos examinar apenas algumas questées de interésse metodolégico fundamental. Em que consiste © processo de observacio da realidade nas ci¢ncias sociais? Os alvos teéricos das investigagGes repercutem, de a forma profunda, na reconstrugio’ da realidad? Os dispoem de meios para exercer alguma es- ntrole sdbre as observagdes? Em que sentido a Teconstrugio e a explanagio da realidade se condicionam ou se influenciam mittuamente nas ciéncias sociais? Muitas outras questées poderiam ser formuladas € discutidas, com proveito para a tcoria da investigagio empitica sistemética nas ciéncias sociais, © autor supée, no entanto, que as questdes indicadas sio deveras importantes, situando-se entre as poucas que es- to a exigir anilise imediata II — O Processo de Observagéo da Realidade © que significa “observagio” nas cigncias sociais? O térmo é empregado, com freqiiéncia, no sentido da linguagem corrente e alguns autores chegam, mesmo, a entendé-lo como expressio da capacidade do sujeito-investigador de “ver” as coisas (7). Se isso fOsse verdadeiro, a diferenca entre o Nou (Ci. Sein fo tbe Backeroun Hatt" Nova Yon” x exemplo, deine 2, obserragfo como “um estdo fe! social Sirweyt and ‘Revenib. dw. Introdution Content, Maibods and’ Anagtis of Sect Sra Hall on 139) pO) Eee iegeno.n ae cng fing eGuide “to leanne Gf Gathering Data (Longmans, Green, ‘Nova, Sethe 190), caps, Le. feed at rte iy, Sm a go ote dc Nova Yo 198), tap 0 Fass aesebtir fos" rentmencs ‘Methods "in Social’ Retearcb (nicGeaw Onde € possivel 0. emprégo dx observagio cor Digitalizado com CamScanner racos DA 6 uwpansenTos EstFi8 que elas n0s do conhec iam de tens comm, Contudo, des ant Are Cte tem no CE apo, quanco em térmos de Pere’ © Om posts ey eben Madge (Sy um pesgsador soc Sem treino adequado pode ver muito © identicas owes, jsador social com yuanto um | Speots os ‘ies que confirmam suas concepcoes’ Além disso, sperms oe ato negligenciar 0 papel da anilise como recurso de cbservagio nas areas soca, Concepgies est ureca. pr fea, contribuem ‘para manter a e observacio dos fendmenos sociais se confina aos procedimen jos pelos quais sio reunidos os dados brutes. Todavia, a fase verdadeiramente crucial da observacio, nas ciéncias s quando o tratamento analitico dos dados per ens sensiveis dos fendmenos para imagens unitirias icas de suas propriedades e das condigdes em que sio produzidos. Limitando-nos a pontos essenciais: a “observ: is (os mesmos caracteres €. Sif Primeico, ela transcende_i_mera_cons- tatagio dos dados de fato. Segundo, ela envolve a comple- mentagio dos sentidos por meios técnicos. Terceiro, ela através do qual as instincias empi Peasant jn Europe Ricard Gr Badger, “The Green, Londces, A RECONSTRUGKO DA REALIDADE NAS CIENCIAS SOCIAIS o pretacio dos fendmenos “parece peculiar as ciénc reconstruir, empiricamente, 0 com que 0 processo de observacio seja um pouco mais compl éncias, na fase de coligagio das instincias em- suscepti ipicos dos fendmenos, encarados em si mesmos € nas condigd de sua manifestagio. Seria convenient, portanto, por em relévo por que a reconstrugio da realidade é tio importante no estudo dos fendmenos sociais. Em qualquer setor da Jentifica, cabe A observacio descobrit e por em io dos fendmenos estudados. ‘As ciéncias que podem recorrer sistematicamente & experimen {acio, possuem mieios que permitem criar ou variar, de modo Heal, as condicdes de producio dos fendmenos observados. ‘aa pesquisa dos elementos que So essenciais na manifestagio dos fendmenos_¢_oferece -4- observagio recursos que permitem concentrar as. pesquisas na ificagio e no levantamento désses elementos. O que importa notar é que a observacio experimental confere a0 investigador a capacidade de isolar, com relativa economia de trabalho e com precisio, as instancias empiricas que séo cru- is para compreensio das condigdes de producio do fenémeno. Gracas a estas instincias ¢ que 0 investigador pode passar do “caso concreto” para o “caso tipico” e descrever as condigé goes de producio do feniémeno através de fatos de signi acto Em regra, quando o investigador consegue reunir um , que permita construir 0 “caso Ble ja dispde da “explicacio” do fendmeno,/ Dai a relativa fusio de dois momentos distintos do. processo de investigacio, A construgio do caso tipico, que se obtém mediante a obser- vagio experimental, e a formulagio de sua explicagio, que constitui um processo légico de abstrago e de generalizacio | das ins empiricas, interpretativamente relevantes, encon- “tam uma expressio comum nas mesmas operagoes intelectuais, que culminam na descrigao sintética do fendmeno. Isso no ocorre, de forma regular, com as ciéncias sociais, em que ainda sio muito limitadas as possibilidades de praticar a observacio em condicées experimentais. Os dois momentos fou fases do processo de investigacio se separam com nitider: primeiro se procede a eliminagio do_que é acidental, circuns Digitalizado com CamScanner ‘unpansenros eminicos DA EXPLICAGAO SOCIOLOGICA i io ani de casos sft mei 3 a date teivo. das instincias_empiti s elecionadas, com 0 propésito car os fendmenos o} s oe eePliae Geeelectuais de cariter “téenico” precedem © con- as operagSes intelectua a dicionam as. operasdes : ‘A. consisténcia material como empiricamente e fo aleanga 0 Seta, Fipitos on de signifcagio. geral, dadas as condigbes de manifestagio dos fendmenos investigados. # preciso que se entenda bem 0 que da explicacio positiva da realidade nas ci; rece ser um cara 0 earl ‘Ainda que certos caracteres essenciais da realidade ersais, a investigagio empirica opera ais concretos, que se inserem em sistemas jnuos. QO ponto de partida de qualquer_investigacio consiste_em_coligit_uma_documentagio mais ou menos homogénea, em que estejam_representados todos os lates, acessiveis ao conhecimento do que fatos dessa ordem nio sio sus- i Para que tais fatos adquiram alguma/ tabelecero que 1 fazem parte. Te q eral, nas condicées em que’o fen siderado, sociais © processo de observacio tas de operagdes intelectuais: @) as operacies através das q ados os dados brutos, de cuja anilise dependeri 0 conhecimento obj menos estudados; 8 AS operacdes que permitem identificar Selecionar, nessa massa de dados, os fatos que possuem alguma A RECONSTRUGKO DA REALIDADE NAS CIENCIAS SOCIAIS 9 significasio determindvel na produgio daqueles _fendmenos; ©) 25 operagies mediante as quais sio determinadas, e las — nesse grupo restrito de as relevantes para a reconstrucio e a explanacio dos tadas fatos — as instincias fenémenos, nas condigdes em que forem considerados. nicas_variam, nacuralmente, , mas algumas sto dew Ao_primeito de tavestigag quisa_empree inas ciéncias soci [Nas pesquisas de reconstrucio_hist upo_de_operagées correspondem _certas que asseguram a0 investigador a pos- jocumentacio’ de acérdo_com a natureza_da_pes- (©). Essas_tie- fo universal as técnicas empregadas para o levantamento dos dados brutos so as mesmas que as utilizadas pelos hi isas de campo & qi formas de atuagio_social_e_si aplicagio. | Contudo, mesmo n nfo se coffunde_com.a mera ocorre no mundo ambiente. direta dar vida_e_valdres soci vestigagio na_pe servagio_ inditera, a isto. de_ pesquisa. investigador pode ser manipulada estr: de proporcionar-the perspecti lade, por exemplo, sob di vestigador ou na condigio de intimo dos sujei ionais_ou_morais A observagio e e: wala. “Ydo_observador “nas atitudes, concepgoes de. estranhos,/ Os principais meios de in- squisa_de campo sio, porém, técnicas de ob- dos propésitos reais do investigadar-resi adores. J Nas pes- a observacgio direta de dcorréntias, ituagdes de vida encontra pro- jenta suas observagdes para centros de interésses criados Além disso, a prépria ps io part te (7), westigados, reduz © estudo de caso (dé \ Digitalizado com CamScanner x 10 FUNDAMENTOS EMPIRICOS DA EXPLICAGIO. socroLdcich personalidades, de grupos ou de ig6es. sociais), 0 ques- tiondtio € 0 formulirio. Nas pesquisas que podem realizar-se sob modelos experimentais, algumas dessas técnicas de inves- tigacio sio associadas & observacio controlada e dio margem a0 recurso mais amplo da mensuracio de atitudes, de opinides € do comportamento m: ©). Q segundo grupo de operagses repousa em manipulagoes das quais 0 sujeito-investigador organiza, critica e classifica_a “documentaso” levantada, A natureza da pes- quisa apresenta pouca i ia aqui, pois as mesmas téc- nicas de organizacio, « icagio dos dados podem set aplicadas, indiferentemente, a materiais levantados por meio da pesquisa de reconstrugio histérica, da pesquisa de campo fou da pesquisa experimental. A nica diferenca fundamental diz respeito as. observagbes_quantificiveis, que podem ser sub- a tratamento estatistico. Essas sio, naturalmente, manipuladas de acérdo com procedimentos. especiais de ex- purgo, apuracio e ordenacio dos dados fornecidos tistica. O_investigador consegue_determinar a relativa dos dados de fato, dentro do contexto empitico a qué tegrem, mediante a andlise da consisténcia dos diferentes tipos de informacées e do_grau_de complements le no universo empirico observado. Em térmos factuais, isso obtido “pela “depurasio_critica “das _informagoes, mento sistematico (com ffequéncia pela org : ios), pelo levantamento e classificagao das instancias et Piricas relevantes. Este ultimo proceso toma em consideracio ‘mportancia hipotética para a_reconstrugio e a explanasio dos fendmenos observados. (No_conjunto) a_presente fa b- servacio_assegura-ao investigador: dominio pratico-s6bre_a“do- cumentagio” efetivamente étil_para__fins_cientificos, maior confianga nos dados de fato, selecionados para tratamento ana- ‘A RECONSTRUGEO DA XEALIDADE NAS CIENCIAS socrAis u € um_conhecimento_prévio_das_possibilidades locumentagao” para atingir os alvos empiricos Westigacio, de operagSes_abrange_os_procedimentos abertas pela e tebricos da © terceiro, compreende duas categorias distintas de atividades De um tado, a construgio do que se poderia chamar, de acérdo com Burgess (°), de_tipos empiricos, que teproduzem o fenémeno concreto no estado em_que éle é con- siderado pela investigagio_cientifica. De outro, a_descoberta de propriedades dos fenémenos_que_nio_sio \ediato, A _modalidades ja referidas de empirico & conseguida por dimentos de indugio_enumerativa (ou “indugi , entendendo-se que na formacio’ da inferéncia sé sio relevantes os caracteres essenciais na manifestagio do fend- meno). Alguns autores, como Znaniecki (}°), critica seve: ramente as limitages da indugio enumerativa nas ciéncias sociais, Contudo, a critica déles é pertinente apenas em um ponto. £ que: os resultados da inducio enumerativa consti- tuem um mero momento do proceso de observagio da realidade. O investigador que se limita & exposicio de se- melhantes resultados teri deixado, dbviamente, de conduzir a investigacio empreendida a seus fins completos. Tod: um recurso indispensivel da observacio, porq westigador_a—possibilidade_de_converter, -analitica, e,_verificacées—sdbre_atributosou_propriedades_dos_fe- :n05_em_conhecimentos _primarios sdbre _os _fen6menos iderados_como_um todo, Por isso, cabe i inducio enu- merativa, ‘como instrument do processo de reconstrusio . oferecer os meios através dos quais se passe di fendmeno concreto, tal como pode ser percebido pelos sentidos ou pelas técnicas que os complementam, ao fendmeno puro, tal como pode ser representado no nivel genuinamente empirico.. O passo seguinte apresenta-se como a fase verdadeira- mente crucial da observacio nas ciéncias sociais e € 0 tinico ‘que comporta confronto com a observacio em condigées ex- ecerche Sociloigut", apecilinen, pp. 89 i Eanest _W. Digitalizado com CamScanner jcagKo socroréarch ros saspinicos DA EXPLICAG Go dos fendmenos, através de fraduz um progresso enorme Esta deixa de ser percebida oe ae Pu te consegut 1, ampli 05 quadros da observacio, de modo a repor menos feconst idos em co Assim, por exemp! lementos nucleares de i 0, encarando-os & luz da composicio io no espao de uma popu- lasio ‘com certos caracteres, investigador pode indagar se igfo se relaciona com os padroes de ocupacio do comunidade e como as relagdes evidenciadas ” inimicamente, na_manifestacio dos _fendmenos tendo descoberio que certos efeitos _s roduzem na forma de uma tendén¢ funcionais variaveis-da de determinados caracteres de endéncias, resultantes dos. v: durante certo lapso de t ar indagagies no eS responsiveis por onforie 2 indiagto fo ‘A RECONSTRUGHO DA REALIDADE NAS CHENCIAS SoCtAIS B Pottanto, 0 tratamento analitico dos fendmenos estudados alarga 0 campo de observacio, tornando evidentes e inteligiveis, (05 aspectos da realidade social que nfo sio diretamente aces- siveis as técnicas primirias de levantamento dos dados, e ofe- rece meios precisos para a reprodusio unitiria das condigdes de manifestagio dos fendmenos, significativas para a explicagio, cientifica. Duas_questées marginais se colocam aqui. A primeira diz_respeito a0 uso do térmo “método”, para_desceeveras_ operagoes intelectuais, realizadaspelo suje i i na_fase_da_observasdo_propriamente dita. Ihor usar, para ésse fim, o témo “processo” (12), semelhante emprégo ‘da palavra parece justificarse e & legitimo. Aliés, Wolf _s: yue_o térmo métodg pode ser aplicado, no. da i. tanto em sentidSOréenico”, quanto em sen- da_zSJ6gico” (9). GNo primeiro caso, éle "denot: mente, as manipulagoes analiticas através das_qua it_assegurar'se_condigbes vaniajosas_de_obsei menos. Acresce que ess wulagies_ envolvem, ipos empiricos), seja a exploracio da inducio imites em que esta pode ser aplicada a0 incias empiricas representativas dé um uni verso empirico mais amplo). Parece que as confuses pode- ser evitadas, empregando-se expresses “método de in- gio” e “método de interpretacio”, respectivamente, nos is técnico € légico. A segunda diz_respeito_i_natureza do conhecimento_ ob- sido, no Fim do processo de observa projetos de pesquisa, nas _ciéncia mente ai Sio os proj do conhecimento “desctitive”, non que éle se confunde com a propria representagio_analitica das propriedades dos fendmenose das cond da iny Digitalizado com CamScanner cos DA EXPL 4 FUNDAMENTOS EME observados, 0 investigador dispoe das evidéncias necessirias ‘descrevé-los” univocament pare x A fs decorre do fato de que a generalizagio cientif s Ba ec ae as eae déncias descobertas, mesmo que a consisténcia e a validade fempirica delas sejam conbecidas ¢ a formula explanativa pos- sua feigio ui € sabido que a importincia Iégica désse tipo de conhecimento repousa menos no que éle , em si mesmo, como possibilidade de “descricio” dos fendmenos sociais, que no que éle representa como etapa para se chegar a explicagées positivas e empiricamente consistentes da realidade. ; Embora 0 que interesse a ciéncia, realmente, sejam os projetos de pesquisa com propésitos tedricos, Hyman tem razio 0 defender 0 ponto de vista de que nio se deve subestimar ésse tipo de investigacio nas ciéncias sociai parece contestivel que tenhamos i 1 de conhecimento positive 1itil ou mesmo prejudic ricos dessa _natureza, inivocamente 0 objeto impede nem prejudica a reelaboragio dos conse} so porque ésse tipo de investigacio “descritiva” satisfaz is idades de conhecimento da realidade, comu a planos de tratamento dos prob € financiados por instituicdes cia social. O desinterésse por semelhante ti vestigacio poderia ser deveras prejudicial aos cientistas soci ue perderiam oportunidades de financiamento do trabalho ima das vias mais acessiveis de colaboragio em ‘arefas praticas, Hyman, Suey "Rabe Bile hein “American. Sociology toutedge a Kegan Pauh oo ‘A RECONSTRUGKO DA REALIDADE NAS CIENCIAS soctaIs 15 rém, a questio precisa ser encarada de outro Angulo, Considerandose todas bs sevidele Wo inves completo de pesquisa, 0 processo de ser pésto em pritica atualmente nas Preenche a funcio de converter dados dis. cretos © aparentemente caéticos em uma representasio anali- tica, mas unitiria e univoca, das propriedades, natureza e con. digdes de producto dos fendmenos a que aquéles dados digam Tespeito, Pelo que ja vimos, o referid observador_a_possibilidade de_proceder vestigacio dos fendmenos sociais. Permite-lhe passar, gradi mente, dos dados perceptiveis pelos sentidos ‘ou registra por meios técnicos para dados empiricamente consi déstes, para aspectos da realidade que sio essenciais & gasio cientifica. Por isso, competethe organizar fogar_a_natureza humana, com seus fatores e ‘Gade os sentidos ¢ _inteligéncia_nio_conseguem_penetrar_por jsi.mesmos, Acima de tudo, cabe-the desvendar a matéria-prima ente dito, transformando con- ificacio comprovada. Como evidéncias asseguram, objetivamente, a representagio an: dos fenémenos investigados e das condigées de sua producio, elas constituem o verdadeiro ponto de partida e os tinicos fun- damentos seguros da interpretagio da realidade nas ciéncias is MIL — Fundamentos Légicos da Elaboragio das Instancias Empiricas Os resultados da discussio anterior sugerem que 0 pro- cesso de observacio abrange algumas das fases mais impor- tantes da pesquisa empitica sistemitica. Mas ¢: tural tras fases: aquela na qual o ot gacio é definido, que precede & observacio propriamen € 0 conjunto de fases em que o investigador procede & ragio interpretativa das evidéncias empiricas e dos co ‘mentos, descobertos durante 0 processo de observacio. Esse encadeamento dos diversos grupos de fases da pesquisa empi- rica sistemitica demonstra que hi certa ordem nas diferentes Digitalizado com CamScanner sit ico. Um dos problemas co- wapos de fases da. pe ddependéncia das operagies Ree em saber sé a manei clo repercute no processo de salvos empiticos da ‘objeto dx iny ie sso. se eflete 00: Yblemas da metodologia na: ve 2 aneira de defini portincia para 0 desenv ‘de iavestigacio. Na verdade, a sa (ita selegio © modo de leva técaicamente, as normas que as regulam sgéncias formais da pesquisa empirica si mhecidas € praticadas ‘A RECONSTRUGKO DA REALIDADE. NAS CIENCIAS socials 7 & de qualquer oe sociedade brasileira, 6 poderia ido mediante a realizacio de pesquisas cujas proposicSes fem relacio de complementaridade. ser retido na presente discussio, nvestigador no procede de forma_arbitr io nas fases exploratérias da _investigacio._ 8 mais pr 8 gbes inicais dos_projetos_de 5 1ogico: ‘duas~ conseqiéncias Digitalizado com CamScanner jpscos DA EXPLICAGO SOCIOLOGIA FUNDAMENTOS sincias empiricas_relevantes para or e a formulagio de “generali- pa derivados ee yastruir © concreto através de de eoreramiente- valides, produnidss sador omite os dados tema de referéncia, éle ficagdes que sio fundament: stas, dos prin: de carater at a es. © que ocorre, freqiientemente, PMjuesetthante negligéncia expde 0 iavestigador a0 risco de ir pouca atengio a essas questdes. ‘Apenas onde foi possivel aplicar modelos experimentais de pesquisa ou onde a anilise estatistica logrou condicies efeti- vamente favoriveis de aproveitamento é que elas foram de- vidamente apreciadas. O- que se explica, naturalmente, fato do planejamento da pesquisa « uma definigio precisa dos: dadi investigacio. “AS questies_mais las dizem_respe ritérios de formacio da inferéncia indutis ‘Re se buseia a construcio de tipos empiricos, e aos proc ‘empiricamente. 05 tratados sdbre téenicas_e métodos de Jongamente do uso do método_monogri- ‘mostrar como se deve proceder a elaboragao fico (*"), procurando oe ‘A RECONSTRUGKO DA REALIDADE NAS CIENCHAS soctaIs 19 das instincias empiticas i i i iricas para evidenciar propriedades e regulati- dates que podem ser craeriadas empireene, “O'nearo se faz com referéncia aos demais métodos de investigaca: inclusive a estatistica. ete meece zo rnretanto, as descobertas feitas no plano da anil sio suficientes para a descrigfo completa e a explicacio dos fendmenos investigados. Como vimos, elas dio. margem a um conhecimento_positivo sdbre os caracteres fundamentals dos fendmenos observados e as condigées de sua producio. Mas ésse conhecimento nio pode ser estendido a fendmenos que no pertencam a0 universo empirico considerado, ainda que Possuam os mesmos caracteres e se produzam em condigbes \) jo conhecimento fornecido pela amostragem edimentos de~indu- conjunto de individuos de uma populagio podem ser gene- das a todos 0s individuos da populacio, tendo-se em vista 95 atributos .observados, Todavia, ése conhecimento abstrato 86 se aplica a0 universo empitico abrangido~pelaamostia, °” Um conhecimento da mesma espécie, sdbre situacoes similares, teria que ser obtido pela repeticio’ do processo de amostra. gem. Ora, é essa dificuldade, exatamente, que se procura re- solver, através de procedimentos de interpretacio que gene- ralizam, com fundamentos empiricos, os conhecimentos desco- bertos aos fendmenos que possuem os mesmos caracteres € se produzem em condigées similares, independentemente de per- empirico determinad » que parece ser peculiar is cigncias sociais. Na discussio dos_pro- blemas metodolégicos, o emprégo das técnicas-e dos métodos de investigacio ea utilizagio dos procedimentos de_generalizacio_ faramente si0 apreciados como fases interdependent quis cientifica, Revelam-se, mesmo, duas tendénci ditétiass os espetialistas norte-americanos devotam mai résse_a0s problemas suscitados na primeira esfera; os espe- istas europeus, 20, contririo, dedicam maior atengio aos blemas que caem na segunda categoria, Todavia, nada jus- fica, atualmente, essa separagio de centros de interésse na discussio dos problemas metodolégicos das ciéncias sociais. Na verdade, a interdependéncia eas liltimas fases do proceso. de observagio (nas quais_as_instincias empiricas_selecionadas ‘Sio~submetidasa tratamento analitico)_¢_o. processo_de. inferéncias estabelecidas com relagio a| 1 Digitalizado com CamScanner a ExPLica6 os. EPin10 pious i ta de descrever © de on (os asta * las me pene: a)_pels imple fi oo gue se cornam a aves cas) A esultados cognitivos da. reconstru ricas, & preciso salientar que 0 ‘associados aos dados € pro- é vilido e se aplica idor. Em conse- a, operacionalmente, & natu- jectuais desenvolvidas em cada jas sempre de acbrdo com o referido grupo (coja reformulacio, quando ocorre, passa inca getal). Por isso, no tratamento ana- ico das instincias empiticas cruciais 0 investigador retém ‘aracteres do fenémeno observado nos estados em que éle i a € generalizadora, “A. ela- 0 tacias, & Sbvio que a_sintese €.a explicasio generalizadora setiam totalmente impossiveis sem @tratamento a révio dos dados de fato e a acumulagio 5 “proporcionados pela reconstragio empirica ini dos grandes méritos de 20 debater os problemas metod egando roduzir o concreto lade de forma sintética, nas se poderia acres: féncias empiricas cos restritos, por ca da Economia Pe So Pal, 190) pt ‘A RECONSTRUGIO DA REALIDADE. NAS CIENCIAS SoctAtS a intermédio dos quais elas sio descobertas ¢ selecionadas, para serem referidas, in genere, aos fendmenos cujas propriedades © estado elas caracterizam tipicamente. A. superagio. dessa an jomalia depende, naturalmente, do Rrogresso da pesquisa empirica sistemitica as ciéncias sociais. S6 nessa direcio & possivel conceber-se maior entrosamento entre teoria e pesquis Pesquisa e a constituigéo de um padrao de tra- batho realmente ido, capaz de coordenar, orginicamente, tédas as tarefas do investigador em um projeto completo de Pesquisa. Enquanto isso nfo ocorrer, a elaboragio das ins- tncias empiricas poder ser mais ou menos dissociada dos alvos fundamentais do conhecimento ico, com real prejuizo para © desenvolvimento das ciéncias sociais, IV — O Problema do Contréle das Observagies B claro que se torna conceituar 0 que seja érro de observacéo nas ciéncias sociais. A rigor, nas tés fases do Processo de observacio podem ocorrer etros de natureza di ‘versa e de conseqiiéncias varidveis. Por isso, éles exigem di- ferentes procedimentos de correcio. Contudo, é ainda pequena a precisio com que os eros podem ser assinalados (a menos que se trate de “erros grosseiros”) e mais que discutivel a eficiéncia dos procedimentos de correcio, atualmente acessiveis aos investigadores. Em regra, na maioria das investigacSes de cariter qualitativo, os erros 6 se evidenciam nos periodos is da reconstrucio analitica e sua correcio envolve a repe- tigio das operagbes intelectuais realizadas com insucesso. A tendéncia dominante, entre os especialistas em metodologia das i consiste em atribuir & primeira fase da. obser- em que os dados brutos sio levantados pela ob- servagio direta ou indiceta, maior influéacia na criagio de erros. Parece, no entanto, que essa opiniio & contestivel, ¢ que a probabilidade dos erros de ordem subjetiva aumenta nas duas ‘dltimas fases da observacio, de expurgo e dlassificagio dos dados, e, especialmente, de manipulagio analitica déles para fins de reconstrucio empirica, De qualquer forma, as cigncias sociais nto dispdem de meios regulares para a constatagio ¢ a retficagio dos eros, através das proprias condicdes de observacio e da experiéncia. Digitalizado com CamScanner uicagio soctoxdatca sxefnseos DAE unpanenTes “inda mais profunda. cote carecem dos meios de £08 pe imentacio. propriam . crear Doan ne ac modelos expet Labor a ntmeno: pa saberse se a explicasio Predadia ou falsa, lado outros fatdres, isso se deve as dificul- ee . ‘experimento com sujeitos humanos © 20s ° io de situagGes verdadeiramente experi- ientais para a observasio do comportamento coletivo, Acresce aque a repetisio de certas fases da investigagio, com 0 fito de controlar as observagbes ou de verificar as inerpretagSes, sem- pre se reflete no custo global de uma pesquisa, Dai a. preo- cupasio dos especialisas em operar de modo a assegurar a maior exatdio possivel no registro, clasificacio e manipula- Go analitica dos dados de fato. Désse prisma, a primeira fase da observacio apreseata interésse particular, pois, como sa lienta Lundberg (), da exatidio ‘das observagoes vio depender o valor da anilise ¢ a fidedignidade d: «tlizagées. Virios exemplos demonstram que é esse tervit na primera fase da. observacio, seja. para” gata imsior predisio possivel no levantamento dos dados, seja. para ¥etendet a ites de jas de observagdo con: ao como A Crianga e sua colaboradores (2 inais gene- ial in- de Charlotte Biihler ¢ seu: ‘0 a impugnacées © a dividas procedimentos mais precisos tivessem lizacio das observagses originais, Os Fan Com tamanka subjtividade, no pe Que o rigor da anilise estatist Peto lo de coleta dos dados, ca posterior chega a parecer su, ote Dan The Child’ and Paul, Londren 1040), ‘A RECONSTRUGKO DA REALIDADE NAS CIENCHAS soctats 2 Entretanto, as outcas duas fases da observacio. também Possum interésse especial a ésse respeito. Em primeiro lugar, Porque os resultados da anlise ndo dependem apenas daeer tidio das observagées or © ‘tipo de tratamento a que forem submetidos os dados brutes nfo sé pode aumentay sontianga © @ seguranca do investigador na manipulagio. dos Empiticos, como € capaz de abrir novas perspectivas 20 trabalho de an: Apesar da relativa negligéncia com ue essas questdes tém sido enfrentadas pela maioria dos in- dores, & possi Pontos. Em es de carter qu: a selesio de instancias empirica adas podem oferecer uma base segura i ana nogrifica (#8). Em investigacSes quantitativas, o tratamento itico dos dados, tendo-se em vista a equiparagio de deter. dos fatdres, petmite concentrar a anilise em grupos res tritos de casos homogéneos, com grande vantagem para ‘a obser- Vaso do comportamento das variaveis focalizadas (26). Em segundo lugar, porque a anilise representa 0 verdadeiro passo crucial no sentido dos alvos da investigacio cientifica, © exito das pesquisas, tanto no plano descritivo, quanto no interpre- {ativo, relaciona-se e subordina-se, diretamente, aos. resultados finais da anilise. Com base_nas_evidén om base _1 cias_empiricas, sele- clonadas,_comprovadas_e_testadas_por_meios analiticos, € que pode “descrever” e “explicar” a realidade nas cénclas bo. Por isso, todo entusiasmo e esfOrco. _ctiador dos” especialistas tendem a concentrar-se, “modernamente, no self precisio dos meios de anilise, quali fativos quantitativos, eo le das observacées, nas apresenta varias facétas, Algumas tém’ me recido tratamento adequado; outras aguardam uma renovagio construtiva da compreensio das questées metodolégicas nessas cigncias, Acima de tudo, porém, sobreleva o fato de residi- rem nossas possibilidades de conhecimento objetivo da realidade Digitalizado com CamScanner occa ros evncas Dx exTICA esau aceso de observagio, De um social nas 178s f0868 do ei ‘que podemos fundar nosso seados na propria observacio ¢ na_experiéncia. baserdos ied padcio. de contrale das observagdes y” ou menos seguro. O maximo que se pode € que se ajusta as condigSes da pesquisa cientifica linas nas quais a verificagio da aati = 7 Hincias er é feita separadamente e antes de descobrir-se hc coping ea ordans «a Sees mesmo tempo, a natureza ou 0 curso dos fendmenos. V — Reconstrugio e Explanagao da Realidade ydemos conhecer fala, sio agrupadas as instincias empiricas col modo, reconstruidos os fendmenos sociais observados, quanto a s, suas propriedades e as condicées de sua mani- festasio. /Se os dados imediatos aprender, de forma cedimentos anal preciso que nfo pairem dii lise no conhecimento da rea bido que as cigncias so patticipamos de modo im idas a respeito dessa funcio idade social. Desde Dilthey lam uma realidade da qual '0(7). Nesse sentido, a signi. os Cont fotas de Eugenio, ‘A RECONSTRUGKO DA REALIDADE NAS CIENCIAS socrats 25 ficagio de _nossas agdes_e das acdes dos outros nos & acessi- vel sem nenhumta-media¢ao_ técnica (como a técnica experimen- tal, no estudo dos fendmenos naturais), pois dispomos da fa. jentos_e_a_val6res 10. pressupse a compreensio (28), envolve a reeducagio moral do igador, pelo menos até permitir- Ihe uma representacio_objetiva do sentido das ages e das relagdes observadas. Em qualquer alternativa, a relagio do investigador com o objeto da pesquisa tende para um padrio peculiar as ciéncias sociais, em que o essencial € a comunica- 40, no plano sim! investigador com os sujeitos- investigados. lades nfo excluem a necessidade da tas que exploraram a compreensio they a Spranger ou Weber, demons- traram cabalmente que o que os dados imediatos da’ experién- ia péem ao alcance direto do investigador insu the representar todos os aspectos da ha divida que éles interessam a investigacio cientifica ¢, em algumas ocasiGes, constituem seu ‘inico ponto de partida e de apoio objetivo, Mas, ainda aqui, sob a condisio de serem depurados por um tratamento analitico, que exponha a obser- vaio sistemitica os aspectos da realidade que sb caem em nosso campo direto de percepcio e de inteleccio de maneira incompleta ou deformada. Em resumo, cabe i anilise converter os dados imediatos da experiéncia (ou, 0 que seria mais preciso, os “dados pri- ios” da investigagio), em dados manipul cientifico, Em contraste com o conhecimento de senso comum, © conhecimento cientifico exige matéria-prima prop: i rivamente as ocorréncias obse e representar através de aparéncias e de atributos supe: Por isso, a primeira etapa da pesquisa cientifica, nas disciplinas indutivas, se con- Digitalizado com CamScanner A neconstnucko DA REALIDADE NAS GHENCIAS socials 2 iO sense Std cons interagio com outeas unidades ou sobunidades da investiga Prio ‘sistema de. refert ; ia sci de tudo, elimina © circuastancal ¢ 0, contingente— ae GE cafe‘ feprsenagao, da tealdade: as evidindas_ pic Ss aban echo 2 propriedades © 2 regulacidades acufetagie dos fenomenos. Sea realidade #0- udese-ser-redonida a um sistema uni Cpdica e se fossem univocas as implicagbes Logicas da Gofcbservador giante delay a passagem ea caracterisacio emp ica pars. 2 explanagio sigtéie seria uma operagio sem Beats admits, com fundamento ao determinismo, que 35 ploptiedades ea regolaridades, caracterizadas empisicament, a redriam ov vairiam uniformemente, sempre ques Te seeerertondigbes observadas, de. producso. dos fenbmenos. O ‘notivel progresso inial da fsea © da. quimi oy repousow nesta. pos Ehcelmento.analitico, para 0 conhecimeaco sat ica 5 A Devido 20 seu préprio objeto, as ciéacias sociais nio pu- Se aplica a reconstrucio da realidade, nas condisges,especifice deam benefidarse essa Poxhildade. ‘De_um_ lado, eecuae pelo investigador, Trata-se, portante fos fendmenos. socais nfo. podem ser_reduzidos_a-um-sistema. nivel de abstragdo é determinnds pale universal _de_referéncia empirica. A realidade social € descon- re da investigasso, Isso clo aoe tisua e impéese considerar que o mimero de sistemas incusi jue éle seja valido sémente para as situagSes oblermadas ica € proporcional ao de edu: pelo investigador. Grasas aos procedimentos indutivos explo. 5 rados na anilise (pelos métodos de investigagio jam Sus tables gens ska dos), a nosdo de universo empiico restito compreende aguas do soc fi situacSes ¢ outras similares que ocorrem no mesmo campo de Gio. Em investigagio. Mas que, do ponto de vista logico, a validade 08 limites dentro dos qu: do conhecimento obtido é limitada por um sistema estrito de encarada como possuindo validade universal referéncia Tal propriamente porque o sujeito-investigador pode escolher, arbitrisiamente, a falando, ‘caracterizacio em jade, suscep: posicio da qual observari a realidade, tendo em vista 0s pro- de representi-la_analiticamen ; pésitos cogaitivos da investigacio. Essa possbilidade se pren- culares impostas pela natureza do objeto, pelos interésses cog paleo de vari operativas, que intervém na ¢ tivos do investigador ou pelo concurso de ambos. | aaanic da vid Em conseiicln a aividede cngniia tere lo investigador tem de concentrar-se sobre 0 comportamento neglieenciando-se as demais, irrele- it 7 ecisos e manipulaveis pelo raci vantes para a investigagio. & claro que, em tais circunstincis Jimvesigador dads re Jn cligasto Ge ein ; yn pu aves ceo cos om soo uc a 7 das ¢ testadas. Assegura uma ‘0s fendmenos forem observados e interpretados. fculdades fazem com que a formacio da dutiva apresente para os cientistas sociais proble- la mais complexos que os da biologia. Spencer, que se em que for considerada de um conhecimento cujo ‘A caracterizagéo empirica da 0 a sua ricas pséviamente comprovas enw Sao global dos fendmenos, quanto & sua compos ano “ gio pa Sociologia ©" eEpaanee, paste He PH Digitalizado com CamScanner que ainda h ticular, é © as regul litica, sao propriedades e regularidades gerais, dadas condinge nee fe toes uorimngla Se Sh Teferéncia ao wniverso. empirico restrto, através do ae tenbans evidenciado (31). _, Tome se sabe, essa presuncio conta, objetivamente, com dois fundamentos a seu favor. O primeico di : prépria natureza do conhecimento obtido por via an: fase de interpretacio o investigador opera, de fato, com pro- priedades e com regularidades através das quais os’ fendmenos podem ser representados no seu estado de pureza emj Se as condicgdes de manifestacio dos fenémenos se mantiverem constantes, 0 referido conhecimento é valido, tanto para as si- tuacdes observadas, quanto para outras situacées similares. O segundo constitui uma implicacio | terminismo. Desde que certas pro dades possam ser ciracterizadas empi sumir que elas se repitam, real fendmenos tiverem sido observa rém, nao é tio facil apro peels te cao, generalizadora por tal presuncio. A 18250 ae rrespondesse sempre a um caracterizacio empirica, om corresponde SST tuto de uma i eferéncia empitica, sse 0 a universal deere pera com 8 varies obsenade saree dificuldades dai decorrentes foram cescies de i idos. 2» 1h neconstmugio DA HEALIDADE NAS CIENCIAS SOCKAIS westigador de modo a deter- fninuese, com precisfo, um, sistema fechado, de referéncia em- "Avoutta,solugio. € mais complicada, baseandose na ica das evidéncias fornecidas pela caracte- fea, na construgio de tipos esquematicos (* {nico meio capaz de assegurar 20 investigador um sistema Gni- Yyoco de referencia empirica, consistente com a natureza das variveis a serem observadas. ‘A primeira solugio constitui a alternativa légica para a qual tendem os projetos de pesquisa des ‘Como éles {mam por objeto de pesquisa unidades que podem ser di nidas cm tétmos de “sistema fechado” (a personalidade em de- ferminada cultura, certa instituigie, a organizacio social de dado reelaboragio rizagio er aglomerado humano, etc, sendo que, com freqiiéncia, os tes do ma fechado” coincidem com os de sistemas sécio- is concretos, definidos como objetos das investigacSes), ‘2 documentacio basica de modo a operar-se com , suficientemente representative do sistema inclusive ou otal de referéncia empirica. Ainda aqui, porém, a passagem da caracterizagio empirica para a explanagio de cariter fe geral exige algumas elabo- races. interpretativas especiais. & que os resultados da ca- racterizagio empirica indicam apenas que certas propriedades € regularidades se produzem normalmente. Mas éles nada nos dizem a respeito da probabilidade segundo a qual isso po- deré ocorrer nem qual @ a natureza das uniformidades deo- ertas. ‘Nessa _modalidade de pesquisa, o investigador opera, na fase de interpretacio, com todo o universo empitico restrito da investigacio. Mas su as conexdes fe mas relagies que as evidéncias empicicas coligidas permitem caracterizar amente. © paso. decisivo na diregio explanagio sintética e generalizadora se di quando o investi- gador pode relacionar as propriedades dos fendmenos a cer- fas conexdes de sentido, de estrutura ou de fungio © consegue Digitalizado com CamScanner 50 oFUNDAMENTOS expécie de relagées determinam as regularida- Padigses de manifestacio déles (por conse- faridades podem ser descritas como depen. formidades de coexisténcia ou uniformi elecer que oe as fas estruturai a 8 asabstra ncig), Como se vé, abst oes dades de seaing ode direto, nas evidéncias fornecidas pela (io se fundam, ©. conh caracterizagio dh laborasfointexprettiva nm mmpiticamente as conexOes © as go an £ um conhecimento susce evdeerreera versalmente dentro dos z rado e redutivel a formulagdes Os verdadeitos objetivos tedricos da pesquisa descritiva 6 sio alcangados nesta etapa. Quando igador os atinge plenamente, 2 unidade que constitui objeto da investigacio pode fer reconstruida como um todo, tanto em em seu fun Um exemplo bri io nos € fornecido pelo estudo de Evans-Pritchard sobre os ‘Nuer (38). Néle se considera 0 conjunto de variéveis opera- ras, com seus efeitos dinimicos recorrentes, que promovem ema social da- jida social, Apenas sio 1 fundamentados empiricamente os aspectos que mantém alguma relagio estrutural ou funcional com a organizacéo do sistema persisténcia déle como um todo. Esse é um bom exemplo para os que se ocupam com & logica da investigacio lustra, fecundamente, qual dor, que esti mais pré- Ble nao visa explicar os efeitos de uma série especial de fatdres, mas como os fatd- es atuantes em um sistema social dado, com os efeitos cot ‘espondentes, se combinam entre si em certas condigées de tem- po € de espago e contribuem para determinar a forma d Bacio © o grau- de estabilidade do sistema como um todo. Dai resulta que ésse tipo de conhecimento constitui uma trans- ace abstrata do concreto, na qual éste aparece através da cadeia de fatdres © de efeitos que Ihe confere seu modo pe of the Me enstladon Pe [A -RECONSTRUGKO DA. REALIDADE NAS CIENCIAS SOCtAIS 31 culiar de determinacio. O proprio Evans-Pritchard chegou a », baseando-se em algumas implicagdes légicas de conhecimento, como “uma espécie de historio- grafia” 4), sais e de relades fu porque ambos se relacionam de ma srente com 0s pro- pésitos positivos da reconstrucéo da realidade nas ciéncias so- ‘A reconstrugio da realidade, nd plano da anilise e da icagio dos seus resultados pela caracterizagio empirica, constitui um meio, para levar adiante as indagagoes do inves. tigador. £ um passo necessitio no sentido da explicacio dos fendmenos observados. No plano da elabo: € da sintese, ela sig que 0 investigador consegi que operam através delas. Isso. nos faz voltar, de ndvo, aos trabalhos de investigagio que se tetizagio empirica dos fendmenos sociais observados. les nio cabem na categoria das contribuigdes descritinas da investiga- do cientifica, pois estas se definem pela exploragio de um modélo de explanagio que envolve uma combinacio pe da anilise com a interpretagio. Os resultados da pr discussio prescindem de maior exame do problema. Contudo, convém mencioni-lo, porque nos sugere como avaliar os refe- ridos trabalhos, infelizmente tio numerosos ¢ mal aproveitados. ete Einoldgies 0” Bra Bat ena seve nae Obst. Digitalizado com CamScanner nupinicos. DA EXPLICACHO ment ado siscema sb perspé Exemplo, qv bes Gey. Tmversarmenty " mmo sode ser visto através das questies eéricas que éle Tais qui respeito gragio ou a seu seio, & mani ifestacio ou aos efeitos de determinados pro. fesios sociais que operam dentro déle, etc. Algumas vézes, porém, elas so propostas arbitrariamente pelo investigador, fom 0 fito de por & prova explicagSes ou hipéteses que pare- Gem ser confirmadas ou infirmadas pelos resultados de sua investigagio. A. primeira alternativa poderia ser abundante- mente exemplificada, Os estudos de Redfield e de Bateson ilustram, entretanto, duas possibilidades extremas, caracteris- ticas do de trabalho atualmente di sociais: a exploragio mais ou menos versatil das perspectivas teéricas, abertas pelos resultados da reconstrucio (37); e a temitica dos resultados da reconstrugio para for- fendmenos (38). A ywski, em que é criticada a hips- da universalidade do complexo de Edipo (), e de Weber, que pretende ser uma réplica i explicagio mate- rialista da formagio do capitalismo (#). Um exemplo bri- Ihante de que essas alternativas podem ser fundidas provei- todo Varerber a Mattir 1936) . dans Ter Socittis: Pri- sand the, Sprit tie, ots le R. H. Tawney (Geos Unwin, Londren 1930) [A RECONSTRUGHO DA REALIDADE NAS CIENCIAS soctATS 3 tosamente, nos é dado pelo estudo de Simiand sobre o salario (4), em’ que sio exploradas tanto as perspectivas tedricas las da observacio dos fatos, quanto as. sugeridas pelas ges anteriores déles. A diferenga essencial entre o presente modélo de expl cagio, que cai na categoria da “explanagio_interpretativa” \si0 inerente & explanagio descri- esti no modo pelo qual 0 sujeito-investigador opera com © objeto da investigacio. fle pressupde que o investigador: capaz de representar-se os fendmenos pesquisados em térmos das propriedades, regularidades e uniformidades que determinam a ordem existente em sua manifest 2) di ponha de um conjunto de proposigées ou de hipdteses gerais, mas fundamentadas empiricamente, que permitam focalizar 0 comportamento de certas variaveis, de efeitos conhecidos no contexto global e sempre refetidas a éle, e submeté-las a novas vas, orientadas € deli empl cou de predisposigdes intelectuais do investigador. De qual- quer forma, elas deslocam 0 eixo de gravitagio das suas ati- vidades cognitivas, Assim, estas deixam de tomar por alvo a reconstrugio da realidade, para se concentrarem na propria natureza das relagGes das variaveis entre si e nos efeitos cons- tantes ou instiveis delas, que parecem possuir maior impor tancia para a explicagio da totalidade reconstruida, elaboracGes interpretativas partem dos resul- 10s da reconstrugio, € ébvio que esse modélo de indiretamente nos dados da caracte lade, Pareceu-nos necessirio mencio- Porque éle sugere outro Angulo, através do ' dem avaliar os trabalhos de reconstrugio nas cién- cias sociais. De um lado, como o sugere 0 mencionado estudo de Durkheim, éles oferecem os fundamentos para tentativas mais profundas de explicagio positiva de fendmenos sociais particulares. De outro, como se infere dos demais estudos citados, éles também se apresentam como uma etapa neces siria nas investigagées que pretendem aproveitar, exaustiva- Francois Simiand, Le Salairey I'Bvolution Sociale ct la Monnaie, om. (42) Contorme 2 nots 35. Digitalizado com CamScanner a” * izadora e causal ma_interpretagio jcagio. generalise iderados através de sistemas que podem 5 lescobertas, Sener exclusivamente Tormemente a comparagzo ¢ a integracio dos resul- merge. pesquisas independentes, sobre objetos par- fos, 20 mesmo tempo que confere maior de inducio qualitativa. Segundo, semelhan- ‘de de complementaczo dos resultados da exp) ido descriiva pela explanacio interpretativa indica que pelo menos no estudo de sistemas psicosociais ou séc cultura concret iais conseguiram desenvol- er um padrio proprio de pesquisa empicica sistematica, abrange tOdas 28 fases do processo de investigacio cientifica, cretos, desde que éstes possuam determinadas semelhancas fun- is em comum. Em tédas elas, a posigio do sujeito- igador diante do objeto constitui uma condigio essencia tanto na determinagio dos caracteres e das propriedades dos fendmenos a serem tomados em consideracdo, quanto na de- so do uivel de abstragio das explanagdes. As posicdes lagicamente poss limitadas objetivamente, pela natureza dos problemas investigados pelas ise or suas implicagées empfricas. Assim, os trés principais mé- todos de texpretacio, que vém sendo explorados constru- idam com problemas tebricos préprios e com 0s ‘matetiais empiricos que permitem resolvé-los. O método de com- Preensio, cuidando dos problemas pertinentes 4 socializagio permite abstrair (8); 0 método indo os problemas ——— Ss ‘A RECONSTRUGAO DA REALIDADE NAS CIENCIAS soctAts 35 fiveis operativas, : ages nucleares mutiveis, de um campo uprarhistérico (44); e 9 método dialético, tratando das rela- ses existentes entre asa iImente organizadas € a alteragio dos padres da ordem social, que caem na esfera de consciéncia social, permite abstrair as varié de um campo hist » ine. rentes a cada um désses métodos, sio naturalmente diferentes. © mesmo ocorre com o grau de liberdade do sujeito-inv gador na abstragio das variiveis de seu campo empirico es- ‘0, a qual decresce na medida em que passamos do pri- modélo de explicagio para o segundo “ou déle para o terceiro. As questies suscitadas pela aplicagio désses modelos de explicagio e pela construcio de tipos esquematicos nio nos interessam aqui. © mesmo nio se pode dizer de suas impli- cages empiricas. £ que os trés modelos envolvem o mesmo procedimento bisico de depuracio dos tipos empiricos puros, terpretagio. Sob éste aspecto, todo ti @le um “tipo ideal”, um ipo extremo” — representa uma construcio ou mental, produzida em funcio dos intuitos ou propésitos cognitivos do investigador. Mas ées nio sé possuem fun- damento in re: compreendem, sintéticamente, as evidéncias em- piricas essenciais para a caracterizagio dos efeitos dinimicos das variaveis abstraidas, para a interpretagio causal das re- lagbes delas entre si ow com seus efeitos, € para a explicagio Reneralizadora dos fendmenos sociais, cuja investigacio posi tiva elas possi isso, 05 trés modelos também pos- suem 0 mesmo significado légico. Bles poem ao alcance das cigncias sociais recursos interpretativos que permitem cons- truir, por via sintética, sistemas univocos de referéncia empi- rica, A importincia de tais recursos é evidente, pois a con- sisténcia empirica, a validade e 0 grau de generalidade das agdes descobertas podem, assim, ser controlados obje- yente, através désses sistemas de referéncia empirica, que Digitalizado com CamScanner rimons va ExPLCAGHO SOGTOLOCTCA unawenTos EF ¥ mente on sfo represenativos de varios sis- iver Jeo-calturis concretos io que os trés gdes do co- stemas psico-sociais ou imitagbes foram encaradas, idades experimentado como. Evans- a caracterizar como um conhe- produzido pelo modélo de ex positivamente, no tratamento descritiv. fendmenos ow de processos que se definem, como unidades de sistemas psico-sociais ow s6ci concretos, Ao descobrir como objetivo preciso de reter sé as condicdes, oS efeitos das variiveis que constituam objeto das escobriram, a0 mesmo tempo, ansur em bases proprias a formacio do conhecimento homotico nas déacis soca. Os dois problemas rings dor aeglttam, dizem tespeito as duas principals li- Ctitvo ou titles de explicasio empregados no estudo des- Cone ite meageetit® de sistemas sécio-culturais concretos. 2x cen coef 4 ada de valves dento spear asi0, cond = Blobal, le acaba retendo, no campo , fatdres © efeitos que nio sio ssc Pata a explicagi nbmeNOS socks. ‘Dour splicagio nomotética dos fe- ‘ia Titan dig agpare, H&% &58¢ modelo. pressupée uma teu MOBade das eigenen SHBAAOE a escolha do. gras tetas 9 oe cas empiricas, a serem manipu- T3809 de rtamento porque elas precisa . inept vate puna ste A REcoNSTAUGKO DA. REALIOADE NAS CHENCHAS SocIAIS ” que o conhecimento sintético globalizador é obtido & custa da ificidade e da generalidade das explanagdes, 0 que se ten- evitar, da forma em que isso & possivel nas ciéncias so- ciais, pela’ eriagio dos outros modelos de explicagio. ‘A passagem da caracterizagio empirica ou da_reconstru- io propriamente dita para a explanagio interpretativa, envol- vida por ésses trés modelos de explicacio, pode processar-se de duas maneicas. Quando o investigador’ lida com fendme- rnos mal conhecidos, Ge mesmo precisa realizar o levantamento dos dados brutos, sua depuragio critica e 0 tratamento ana- litico correspondente dos materiais empiricos assim selecio- nados, Nesse caso, pode passar, dos resultados da real de pesquisa explicativa, que toma cclturais concretos. As contribuigdes pioneiras, como Freud ou Spranger, Marcel Mauss ou Kroeber (Co i Marx, Durkheim (De la pirica fornece i explanagio interpretativa as evidéncias que constituem o seu ponto de partida empirico e seu fundamento objetivo. Além © que é deveras mais importante, ofe- receslhe, desde 0 inicio, bases seguras para a determinagio do campo empirico especifico, através do qual as varidveis con- sideradas podem ser submetidas a tratamento interpretativo sistemitico. A segunda possi de reconstrugio, feitos pelos historiadores, pelos iais, pelos etnélogos, pelos socidlogos, pelos economistas ou pelos cientistas politicos. Por sua propria natureza, tais tra- alhos (mesmo quando permanecem no nivel puramente des- critivo), pressupdem a apresentagio sistemitica dos resultados 8 pela anilise dos fendmenos investi conhecidas, em que éles si numerosos, os investigado- res podem atingic os propésitos teéricos de suas pesquisas sem precisarem se ocupar, parcial ou fotalmente, com as demais Digitalizado com CamScanner ‘exriicagio SOCIOLOGICA cos Esefmiens PS sh ronnanten 8 sdade que ainda sio poucas as va veaan ser exploradas frutife- datcomo o demonstra Lévi-Strauss, » Ja abundancia que da escassez contando aproveitamento interpretativo (46), parece evddente que 0 progresso das cién- if dependendo, atualmente, das pers agio entre os tral ais ou menos at jo. 8 asi. Soe fi las de sintese fo € as tentativas m: ‘Emm resumo, sio variadas ¢ complexas a5 selaies cd om ie empitica (ou reconstrugio analitica) com a expla- huss se refletem 20 modo de escolher ¢ de manipular ana- Fcamente as evidéncias empiticas. Mas, de outro, tanto a cexplanacio descritiva, pela qual se obtém a reconstrusio sine tétca da realidade, quanto a explanagio interpretativa, que as ientificas, repousam e dependem, dos da caracterizagio em- erdependéncia apresenta diversas facétas, isso se di porque os fendmenos sociais desafiam de diferentes maneiras 0 pensamento cientifico. VI — Conclusées A presente exposi¢fo foi desenvolvida de forma a pres- de qualquer enumeracio conclusiva dos resultados. Con- tudo, como os temas abordados sio e foram discutidos com extrema concisio, parece-nos conveniente retomi-los 4 luz de sum siniicacio mais geral, negligenciada no decorrer do do A erinipal contibuigio déste trabalho esti na abate ,Siglica “reconstrusio” nas ciéncias so exam cittiges contribuem para resttingir essa nogio, cujo os fol Tae CHBe OS limites desta exposigio. ‘Um, que "bado pela histéria, responsivel pela convicgio ainda , documentadas. Outro, que const ‘A kECONSTRUGHO DA REALIDADE NAS CIENCIAS SOCTATS| 39 hoje cotrente entre muitos cientista sociais, de que “recons- a captura ordenada de um pasado, que ser restabelecido, parcial ou globalmente, através de evidéncias uma heranga de conc istas estreitas, 0 qual nos leva a de dos ‘complexos processos intelectuais, ine: rentes a qualquer tentativa de representar conceptualmente a ide. Gracas principalmente aos resultados da investigacio etnoldgica, 0 primeiro habito est encontrando a devida cor- regio. O' presente também & apreendido através de evidéncias docum iscretas, que precisam ser submetidas a depura- pela raiz da teori esférco no repercutiu nas ciéncias socia ialista que orientou suas reflexes metodoldgicas nessa diresio, nd, se a ressaltar certas implicagSes ge- experimental na anilise dos fendmenos so- ciais. ‘Mas, mesmo depois de vencer hibitos tio arraigados, € preciso enfrentar outras dificuldades. Assi érms é equivoco. fle tanto pode significar 0 produto final das atividades intelectuais de um investigador qualquer, empenhado em nos apresentar uma imagem unitiria e empi- ricamente valida de um passado ou de um presente, quanto © processo pelo qual ésse produto intelectual é conseguido, men- tal e légicamente, Dai duas dificuldades muito expressivas; porque traduzem as nossas limitagdes na tuta por nogées pre- cisas e exatas, Em primeiro lugar, a “reconstrucio” tem que set entendida como representacio analitica, como reconstituigio, empirica pura dos caracteres e propriedades da realidade social. Em segundo lugar, ela precisa ser encarada como representa- como explanagio descritiva e interpretativa da ite categorias universais do pensamento 1. No prime , ela nfo passa de uma fase, bora essencial, da investigacdo positiva: dos fendmenos. so- is. No segundo sentido, pode ser vista como uma forma do conhecimento empirico-indutivo da realidade nas ciéncias sociais ou como um degrau no encadeamento das explicates generalizadoras, ldgicamente possiveis, dos fendmenos sociais. duct de Corts Pla (E> Digitalizado com CamScanner iades de fundamentasio emy clos de explanacio da realidade, usua Désse Angulo, ve racional de que Sthervagio, praticada nessas condigh tivamente, de modo a fornecer aque se pudesse basear cagio da realidade soci ecer as ligagdes que articulam a diferentes esquemas légicos em que ela pode ser posta em pritica nas com os procedimentos de observa- Gio e de anilise dos fenémenos sociais. ‘pretagio, segundo 0s ais ow menos gra alguma contribuigio positiva. De um lado, porque sn0s, as questdes levantadas pela necessidade im- iferentes fases da pes fica nas ciéncias sociais. Essa é uma area maior atenci P porque a atual sepatagio entre os problemas is vires definidos como 0s problem: vos da pes- gquisa cientificea — e os problemas da explicagio dos fendmenos investigados poe em sisco as perspectivas mais seguras de_p: agresso tedrico das ciéncias sociais. De outro, porque indi que éstes problemas, apesar de sua natureza légica, foram re olvidos em bases empiricas, pela combinagio de ténicas de situa, pelo periosa de ligar entre si as jque se proponham analisar os fundamentos empiticos e cos das. solusdes encontradas para os referidos problemas. abido que os investigadores do passado quase sempre itaram a péslas em pritica, cabendo-nos a tarefa de tornar ‘xplicitos seus fundamentos empiricos e légicos. Digitalizado com CamScanner

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