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O efêmero em questão: produção de um livro-

reportagem sobre teatro na internet a partir do caso do


Teatro para Alguém;
APRESENTAÇÃO

Este projeto está estruturado em torno da produção de um livro-reportagem


tendo o caso do Teatro para Alguém (http://www.teatroparalguem.com.br) como
ilustração para a discussão sobre o teatro na internet. Inicialmente será realizada uma
pesquisa bibliográfica em busca de referências na extensa literatura sobre teatro, e
particularmente sobre teatro e novas tecnologias, que servirá de base para a produção do
livro. A seguir, será feita uma reportagem aprofundada sobre o Teatro para Alguém, que
consistirá de uma série de entrevistas com a equipe responsável pela manutenção do site
e pela produção das peças, séries e mini-cenas, bem como o acompanhamento da rotina
de produção dos envolvidos durante um mês.
Na segunda parte do projeto, serão realizadas entrevistas com 15 (número
provisório) diretores, dramaturgos, pesquisadores e atores tendo por foco a questão das
possibilidades (ou não-possibilidades) do teatro na internet. Cada entrevista, a ser
realizada durante o período da pesquisa de campo, tem por objetivo elucidar as questões
trabalhadas no projeto e serão “chamadas” para enriquecer a narrativa jornalística do
livro em torno do Teatro para Alguém.
Ao final das entrevistas e do período de acompanhamento das atividades do caso
que vai ser trabalhado, parte-se para a redação do livro. A princípio, ele está estruturado
em três capítulos mais prólogo, epílogo, bibliografia e anexos. Salienta-se que esta
estrutura não é rígida e pode ser modificada no andamento do trabalho, conforme novas
possibilidades se confirmem ou velhas idéias não sejam aproveitadas. Ao final do sexto
mês do projeto, conforme estipulado em edital, o produto será entregue, assim como o
relatório final, contendo todos os procedimentos e medidas adotadas durante o período e
um balanço fiscal de como cada valor da bolsa foi gasto.
Destaca-se aqui que o valor da bolsa, se este projeto for contemplado, será gasto
na manutenção da dedicação exclusiva do proponente para a execução do projeto, nos
gastos de deslocamento e produção para as entrevistas e, finalmente, para a edição do
livro, que terá o número mínimo de 140 páginas e será publicado tendo as identificações
da bolsa a qual foi contemplada, da Fundação Nacional das Artes e do Ministério da
Cultura. A equipe que fará o trabalho editorial e a editora pelo qual o livro será
publicado serão definidas no quinto mês de andamento do projeto, sendo que,
necessariamente, o livro não será comercializado em nenhum local, mas distribuído
gratuitamente para grupos teatrais, organizações, universidades, centros culturais e
outras instituições e/ou escolas ligadas a Funarte, o Ministério da Cultura e o Governo
Federal, que terão a livre escolha sobre quais destinos o livro vai ter.
OBJETIVOS

OBJETIVO PRINCIPAL:

Desenvolver um livro-reportagem que discuta o teatro na internet a partir do


foco no caso do Teatro para Alguém;

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

_ Fazer um levantamento bibliográfico sobre o fazer teatral e as novas


tecnologias, particularmente sobre o teatro na internet;
_ Acompanhar a produção das peças do Teatro para Alguém e revelar os seus
procedimentos com o intuito de que eles sejam utilizados como ilustração da discussão
sobre o teatro na internet no Brasil;
_ Conversar com os idealizadores e todos os envolvidos na produção do site
Teatro para Alguém;
_ Entrevistar pesquisadores, dramaturgos, diretores e atores a partir do
questionamento sobre a pertinência de um fazer teatral virtual para a internet;
_ Estimular a reflexão sobre as possibilidades do teatro na internet e questionar
os limites que as novas tecnologias oriundas da internet trazem (ou não) para o teatro;
_ Produzir reflexão crítica sobre produção artística que tem o computador e a
internet como elementos centrais no seu armazenamento e exposição;
JUSTIFICATIVA
Inicialmente, este projeto visa se inserir na cada vez mais necessária tarefa de
mapear e refletir sobre a produção artística que tem a internet como ponto de partida,
passagem ou chegada. Uma reflexão que se faz cada vez mais necessária porque o
contexto atual - em que a tecnologia propiciou a liberação do polo emissor para
qualquer um que seja alfabetizado e tenha acesso a um computador conectado à internet
– determina uma readequação em diversas formas de produzir arte e, principalmente,
difundir/expor a arte produzida. Numa situação em que a informação torna-se cada vez
mais abundante, o artista tem facilmente a sua disposição um arsenal gigantesco para a
produção de sua arte, o que vai facilitar, de forma nunca antes vista, a recombinação, o
reaproveitamento e o hibridismo de linguagens/informações/percepções/conversações
distintas. O que vai resultar de todas estas transformações é algo que hoje ainda se busca
compreender, mas a velocidade com que a tecnologia modifica a cultura e a arte é muito
maior do que a velocidade (lenta) que é usada para compreender tais modificações.
Num segundo momento, a justificativa para o projeto tratar do teatro, entre
tantas outras áreas da produção artística, se dá por conta de um fator primordial e
desencadeador de outros tantos: o paradoxo que é discutir uma arte como o teatro,
considerada essencialmente presencial, com a questão da internet e do virtual. A
aparentemente nítida oposição que o teatro, como arte efêmera, tem com a internet, de
tempo contínuo, costuma tolher discussões já em seu princípio; se não é ao vivo e não
envolve pessoas presentes no ato, costuma-se dizer, então não é teatro. Mal começa a
discussão e ela já se dá por encerrada, fazendo com que possíveis questionamentos que
poderiam advir de um entendimento mais amplo do que vem a ser o teatro sejam
jogados fora. Mesmo que não venha a ser teatro aquilo que é feito por grupos como o
Teatro para Alguém, pergunta-se: por que não continuar a discussão para entender,
afinal de contas, o que é aquilo, já que pode não ser teatro nem cinema nem videoarte
nem qualquer outra coisa?
É no debate sobre a pertinência do fazer teatral na internet que visa se inserir
este projeto. Ao revelar os procedimentos utilizados pelo Teatro para Alguém, busca-se
levantar questões e dúvidas que, imagina-se, serem pertinentes ao entendimento de uma
realidade que tem se tornado cada vez mais presente na vida de quem produz e consome
cultura no Brasil.
A importância da reflexão crítica nessa área se dá, num primeiro momento, na
medida em que a crítica se faz indispensável para o fazer artístico, pois ela estimula o
pensamento de quem faz arte sobre aquilo que está fazendo e o de quem está assistindo
sobre aquilo que está assistindo. Mais importância ainda tem a crítica quando uma
prática criativa se apresenta como novidade, no momento em que é notório o pouco
conhecimento sobre os procedimentos utilizados por esta nova prática - como parece ser
o caso do teatro na internet, um nicho que recém começou a ser desenvolvido no Brasil
e sob o qual pairam dúvidas sobre sua pertinência e sua própria existência. Nesse
sentido, é importante também a revelação de como são os procedimentos do, a priori,
teatro na internet, pois assim têm-se mais material e embasamento para a reflexão e a
relação com outras práticas artísticas já existentes na busca por um entendimento amplo
da cultura.
Os benefícios gerados pela execução deste projeto se dão na tentativa de se criar
referenciais que buscam apreender um fenômeno cultural presente em nossa sociedade –
a saber, o teatro na internet. Como ainda são poucas as obras e as pesquisas realizadas
exclusivamente focadas neste questionamento, o livro-reportagem aqui proposto tenta
minimamente preencher uma parte desta lacuna e ajudar à sociedade – particularmente
estudantes, pesquisadores, atores e outros possíveis mais interessados na questão - no
entendimento das particularidades desta (provável?) nova prática artística.
O livro-reportagem foi escolhido como objeto final da bolsa por conta da
possibilidade de ilustração e discussão que uma profunda investigação jornalística pode
trazer para o tema. A escolha por centrar-se em um caso e aprofundá-lo possibilita que
da revelação dos procedimentos utilizados neste caso surjam as mais distintas questões,
que, assim que existentes, serão levadas à reflexão para pesquisadores e outros
fazedores teatrais. Num momento de tantas incertezas como o de hoje, onde se discute
os limites do teatro e as possibilidades de criação de manifestações artísticas híbridas,
faz-se necessário não somente a discussão teórica sobre estas novas questões, mas
também a revelação de como estão sendo construídas iniciativas práticas dessas
manifestações artísticas. A combinação das duas práticas, crítica teórica com
investigação e revelação da prática, pode apresentar um resultado que ajude mais a
elucidar a questão da prática teatral combinado às novas tecnologias oriundas da
internet.
A escolha do livro-reportagem também se justifica pela questão do tempo
disponibilizado para o projeto. Acredita-se que seis meses são suficientes para uma
investigação jornalística aprofundada do caso que irá ilustrar a discussão central do
livro, para as entrevistas com teóricos e outros artistas cênicos do país e para a escrita da
reportagem. Uma investigação acadêmica, oriunda de um Mestrado, Doutorado ou
mesmo Graduação, necessitaria um tempo maior de maturação, até mesmo por conta
dos procedimentos burocráticos indispensáveis numa pesquisa feita na universidade.
Por sua vez, uma investigação jornalística - mesmo que longe da superficialidade do
que é produzido no chamado “jornalismo diário” - tem em seis meses tempo suficiente
para a realização de um bom trabalho. Outra justificativa pela escolha do objeto deste
projeto é a óbvia identificação do seu proponente com o jornalismo, seja na formação
oriunda da graduação quanto da advinda do Mestrado.
CRONOGRAMA

Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6 Mês 7

Pesquisa
X X
bibliográfica

Pesquisa de
X X X X
Campo

Redação X X X X

Edição do
X X
livro

Entrega de
relatório X
parcial

Revisão final X

Entrega do
produto final X
da bolsa

Entrega do
X
relatório final
PRODUTO FINAL

O produto final da bolsa será um livro-reportagem que vai centrar na questão do


teatro na internet. A discussão será proposta a partir do foco num caso específico, o do
projeto Teatro para Alguém – referência nacional quando se fala em produção teatral na
Internet, indicado ao Prêmio Shell de 2010 na categoria Especial – que servirá como
condutor da narrativa jornalística sobre o assunto e ilustrará as questões principais a
serem tratadas no livro, tais como: o antagonismo entre a arte teatral, essencial e
historicamente presencial, com as novas tecnologias virtuais, que podem prescindir do
contato presencial entre ator-espectador; a diferença da questão temporal entre o teatro
produzido na internet, normalmente gravado, com o fazer teatral “tradicional”, onde a
peça é sempre ao vivo, e da relação efêmera que se produz entre espectador e ator é que
se cria o fazer teatral; a criação de um novo fazer artístico que, por vezes, pode permear
o teatro na internet, já que da confluência de distintas linguagens (teatro, vídeo,
literatura, internet) pode se estabelecer uma outra, que guarda parentescos com as que a
gerou, mas também diferenças suficientes para poder ser considerada um novo fazer
artístico; dentre outras questões a serem desdobradas a partir destas principais.
Num primeiro momento, o livro estaria dividido em três capítulos mais prefácio,
prólogo, bibliografia, epílogo e anexos (fotos, documentos ou a íntegra das entrevistas
realizadas). O prefácio seria escrito por outra pessoa, ligada às artes cênicas, a ser
convidado após a finalização do livro. No prólogo estaria uma apresentação do
conteúdo e da discussão a ser encontrada nas páginas subseqüentes, bem como a
explicitação dos procedimentos utilizados e de como foi executado o projeto que deu
origem ao livro. Assim como os outros dois capítulos, o primeiro trataria do caso
específico do Teatro para Alguém e, ao mesmo tempo, iria conter entrevistas com
pesquisadores, diretores, dramaturgos e atores; não haverá distinção de um capítulo
específico para um caso, outro para referências bibliográficas, outro para entrevistas
extras, e assim por diante, como acontece em alguns trabalhos acadêmicos. A idéia aqui
é construir o debate que o livro tem como foco, sobre a possibilidade de um fazer teatral
na internet, a partir da narrativa do caso do Teatro para Alguém. As questões que
aparecerem durante a narrativa vão “chamar” para ilustração, por assim dizer, as
entrevistas com pesquisadores, diretores, dramaturgos e atores que não tem relação com
o grupo em questão. Esse método de produção guarda semelhanças com o Estudo de
Caso como Ilustração, uma metodologia acadêmica que resulta da combinação de
metodologias a fim de fundamentar argumentações na discussão de hipóteses de
trabalhos sobre indícios de uma realidade muito mais ampla.
Ainda que esteja previsto que em todos os três capítulos apareçam trechos das
entrevistas a serem realizadas e também do acompanhamento do caso específico, cada
um deles terá um tema central, que será como um guia do que vai ser abordado naquela
parte do livro. O primeiro tem como título provisório “O que é?” e vai tratar de revelar
os procedimentos práticos do Teatro para Alguém, ao mesmo tempo em que discutirá,
com os entrevistados e através de pesquisa bibliográfica casos semelhantes no Brasil.
Também buscará referências na história do teatro de situações em que as novas
tecnologias da época propuseram questionamentos sobre o fazer teatral, particularmente
sobre os limites do que vem a ser o teatro e o que caracterizaria outra prática artística
diferente.
O segundo capítulo, de título provisório “Mas o que vem sendo?”, vai buscar na
bibliografia e na fala dos entrevistados o que caracteriza e sempre caracterizou o teatro.
A “essência” do teatro estaria naquilo que se faz no Teatro para Alguém e em outras
práticas de teatro na internet? Ou o que é feito em nada tem de essencial do que
determina o fazer teatral desde a Grécia Antiga?. A elucidação das técnicas e dos
procedimentos usados no caso específico pode trazer mais questionamentos sobre a
natureza do teatro e das mutações ao qual ele passou e vem passando desde sua origem.
Por fim, o terceiro capítulo será destinado ao futuro; “E o que vai ser?”, é a
pergunta que pretende guiar esta última parte do livro. A partir dela, serão discutidos
temas como a pertinência de uma arte essencialmente presencial num mundo cada vez
mais virtual, a adoção ou rejeição das novas tecnologias – oriundas essencialmente da
microinformática – pelo teatro e a mutação que uma possível absorção das novas
tecnologias pode proporcionar ao fazer cênico.
Uma idéia para o desfecho do livro, no prólogo, seria a de convidar alguns dos
entrevistados para assistir, juntos, a uma peça do Teatro para Alguém. Da observação
das conversas durante a peça pode surgir uma narrativa que revele – ou confunda ainda
mais – a discussão presente em todo livro.
Deste modo, o sumário provisório da obra seria o seguinte:
1.Prólogo
1.1. Do que tratamos (apresentação);
1.2. Como fizemos (método e procedimentos utilizados);
2. O que é?
2.1. Fazer teatro para a rede;
2.2. Teatro para Alguém, mas quem?
2.3. Novas velhas tecnologias, novas velhas questões;
3. Mas o que vem sendo?
3.1. Na Grécia, a essência;
3.2. Mas muda tanto?
3.3. Temos infinitos teatros;
4. E o que vai ser?
4.1. Virtual X Presencial;
4.2. Efêmero acaba?;
4.3. Novidade e incerteza;
5. Epílogo: Todos juntos e misturando tudo
Entrevistados (podem mudar, durante o andamento do projeto):

Renata Jesion, atriz e diretora, idealizadora do Teatro para Alguém;


Nelson Kao, fotógrafo e cenógrafo, idealizador do teatro para Alguém;
Lourenço Mutarelli, escritor e desenhista de quadrinhos, autor da série “Corpo
Estranho”, exibida no Teatro para Alguém;
Mário Bortolotto, dramaturgo, ator e diretor radicado em São Paulo, já
escreveu mini-peças para o “Teatro para Alguém;
Nadja Masura, pesquisadora da Universidade de Portland (Estados Unidos),
desenvolve investigação sobre as características do teatro digital;
Rodolfo Araújo, ator e pesquisador de teatro digital;
Lúcia Santaella, pesquisadora de cultura e arte, professora da PUC-SP;
Rubens Veloso, ator, diretor e pesquisador teatral, integrante do Phila7,
companhia que trabalha e pesquisa o teatro digital e na internet;
Marta Isaacsson, professora da Pós-Graduação em Artes Cênicas da
Universidade do Rio Grande do Sul e pesquisadora da interferência de novas mídias no
contexto do teatro;
Jacqueline Rodrigues de Souza Raymundo, atriz e mestre em teatro pela
Unirio, autora da dissertação “Teatro digital: Fronteiras da cena contemporânea na era
das novas tecnologias”;
Carlos Simioni, ator, diretor e pesquisador, integrante do grupo LUME, ligado à
Unicamp;
Sérgio Roveri, jornalista e dramaturgo;
Bárbara Heliodora, crítica teatral e tradutora;
Gerald Thomas, diretor, ator e dramaturgo;
Beth Néspoli, crítica teatral de O Estado de São Paulo;

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