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PESQUISA EM PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: Tendéncias e Exemplos Angela M. B. Biaggio A tarefa para a qual fui convidada, a de fazer uma resenha,uma ana- lise do ‘estado da arte’ da pesquisa em Psicologia do Desenvolvimen- to no Brasil, relacionando nossa produgao cientifica com o cendario in- ternacional, é uma tarefa de grande responsabilidade, vez que essa 6 uma area da Psicologia cujos limites com outros campos do saber so fluidos e ténues. Conforme descrito no capitulo introdutério do livro Psicologia do. Desenvolvimento” de minha autoria (Biaggio, 1988), o proprio concei- to de desenvolvimento é um conceito polémico (verdiscussao de Bro- frebrenner, White, Kessen e Kessel no American Psychologist de 1986: “Toward a critical social history of Developmental Psychology: A propa- edeutical discussion’, em que se questionam os enfoques tedricos e metodolégicos utilizados na'Psicologia do Desenvolvimento, assim co- mo as implicagées histdéricas e sociais, e as questdes éticas. O conceito ‘‘cronolégico” de desenvolvimento, predominante nas décadas de quarenta e cinquenta, isto é, odesenvolvimento sendo con- ceptualizado em termos de passagem de tempo e idadecronoldgica, que levou a uma énfase na maturagdo, sob influénciade Gesell, vem sendo abandonado, em favor de uma énfase no desenvolvimento con- cebido como a aquisi¢aéo e modificagao de comportamente que ocor- rem em fungdo da interagdo entre fatores ambientais e internos. No Brasil, S40 raros (se 6 que existentes) os estudos na década de 80 que adotam esse enfoque maturacional. Alguns autores insistem, porém, qué o que caracteriza a Psicologia do Desenvolvimento 6 uma preocupagdo com mudangas que ocorrem a longo prazo, o que esta associado com teorias que postulam a exis- téncia de estagios, tais como a psicanalitica, a Piagetiana, a de Kohl- berg. No entanto, nao se pensaria em negar a contribuigao behavioris- ta para a Psicologia do Desenvolvimento. Embora contrarios a nogao de estagios e explicando o desenvolvimento em termos de aprendiza- gem (reforgo, imitagdo), ou mais recentemente, por uma assoeciagao destes principios com principios cognitivistas, autores como Bandura, Mischel, Staats e outros, sdo centrais 4 Psicologia do Desenvolvimen- to. Ha diferenga entre Psicologia experimental infantil e Psicologia do Desenvolvimento. Muitos experimentos a curto prazo, na Psicologia Experimental, tem um enfoque imediatista e ndo tém por objetivo a compreens4o do de- senvolvimento humano, por isso alguns autores insistem em nado cate- - gorizé-los com Psicologia do Desenvolvimento. Para se ter uma idéia melhor dessa diferenga, comparem-se, por exemplo, oS estudos publi- cados no Journal of Experimental Child Psychology e os pubiicados no Developmental Psychology ou no Child Development. No primeiro, 0 foco é nos processos (de aprendizagem, por exemplo}, e ndo no de- senvolvimento dos sujeitos. Outra questdo refere-se a intersec¢do com outras areas da propria Psicologia, como a Psicologia Social (onde discutir, por exemplo, os estudos sobre a atribuigao de casualidade?}; com a Psicofogia Cogniti- va, com a Psicologia da Personalidade, com a Psicologia da Aprendiza- gem. Além disso, ha toda uma gama de intersecgdes com outras disci- plinas, tais como a Genética (onde situar os trabalhos de Sandra Scarr e a discuss4o sobre aheritabilidade da inteligéncia, ou de tragos de personalidade (tais como os trabalhos de Eysenck sobre introversao- extroversao e neuroticismo, de Frank Farley sobre a personalidade ti- po ’7’ e o comportamento de assumir riscos? Ha ainda intersecgdes com a Linguistitica, a Sociobiotogia (vide trabalhos de Bernstein e, no Brasil, de Nicolacci da Costa). A Psicologia Escolar representa uma aplicagdo da Psicologia do Desenvoivimento. Ha um Grupo de Traba- Iho sobre o assunto neste Simpdsio e nao sera portanto coberta aqui. Por esse motivo tornou-se uma tarefa dificil e delicada fazer esse le- vantamento da produgdo de Pesquisas em Psicologia do Desenvolvi- mente no Brasil, e muitos estudos podem ter sido omitidos na suposi- ¢do de que seriam tratados em outra atividade nesse Simpédsio, como na de Cognitiva, Social e Clinica. Apesar dessas dificuldades emi se situar 0 que é Psicologia do De- senvolvimento e o que nao é, pode-se dizer que a area da Psicologia do Desenvolvimento como eu a conceituo, é uma area bastante produ- tiva em termos de pesquisa na Psicologia Brasileira. Na minha concei- tuagdo, a Psicologia do Desenvolvimento é o estudo de aquisigao e mudangas de comportamento que ocorrem em fungao de interagdo de fatores internos e ambientais, e que tem repercussées a longo pra- zo. O desenvelvimento se processa desde a concepgao até a morte. Fazendo-se um levantamento, dos trabalhos apresentados na ultima reunido de Ribeirdo Preto, por exemplo, vé-se que 63 dentre as 232 pes- quisas apresentadas podem ser caracterizadas como pertencendo ao campo da Psicologia do Desenvolvimento. Isso representa 27% do to- tal de trabalhos apresentados, ou mais do que a quarta parte deles. Talvez por ser urna area que abrange tanto a pesquisa basica quan- to o trabalho aplicado, tem apresentado indmeras contribuigées que passaremos a comentar, a titulo de ilustragao, sempre tender fazer uma revisdo exaustiva, relacionando-as com os desenvolvimentos ob- servados no cenario internacional. : No livro “Psicologia do Desenvolvimento”, anteriormente menciona- do, coloquei na vers4o original (1975), como principais teorias que nor- teiam o trabalho em Psicologia do Desenvolvimento,a teoria de Jean Piaget, a teoria psicanalitica e neopsicanaliticae a teoria de aprendiza- gem social. JA na nona edigdo (1988), revisada, acrescento como ten- déncias atuais, como sumarizado no Quadro 1: a) o enfoque etoldgico: ja colocado por Achenbach (1977) como um dos enfoques além dos trés acima mencionados. Surgido na Inglater- ra, sob inftuéncia de Bowlby e Ainsworth, levado adiante por Blurton Jones e outros, tem repercussées nos estudos de interagdo mae-be- bé com utilizagao de técnicas de observacao natural, que se encontram nos estudos de Ferreira, Mettel, Branco, Al- ves, e outras autoras brasileiras, QUADRO 1 - PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO ENFOQUES CLASSICOS ENFOQUES ALTERNATIVOS RECENTES Cognitivista (Piaget, Flavell; Elkind, Kagan) | Etolégico (Blurton Jones, Ainsworth) Ecolégico (Brofrenbrenner) Dialético (Riegel Processamento de informacao (Neis- ser) Psicanalitico e nea-psicanalitica (Freud, M.Xein, Loevinger) Sociobiolégico (Wilson) [Comportamental (Bandura, Mischel, Staats) ~} (Aprendizagem Social) b) O enfoque eco/dgico de Brofrenbrenner (1977) que enfatiza a impor- t4ncia da observagdo em contextos naturais, bem como a necessida- de de se levar em conta nao sd as influéncias que impingem mais dire- tamente sobre o comportamento da crianga (ex. influéncia da mde so- bre o bebé - microsistemas), mas também a do ambiente mais amplo (familia, escola, vizinhanga, grupos de amigos, de escoteiros, de igre- ja - mesosistemas), mas ainda as influéncias da cultura, da politica, da ideologia, que chama deexosistema. Brofrenbrenner critica a expe- rimentag4o de laboratério que predominou na Psicologia do Desenvol- vimento nas décadas de 60 a 70, preferindo a observagdo em ambien- tes naturais e os estudos longitudinais. “A maior parte da Psicologia do Desenvolvimento tradicional é a cién- cia do estranho comportamento de criangas em situagdes estranhas, interagindo com um adulto estranho, pelo periodo de tempo mais bre- ve possivel” (1977,.p.513). Encontramos inftuéncia de Brofrenbrenner nos trabalhos recentes de M.C, Rossetti-Ferreira, como ouviremos a seguir neste Simpésio. Cc) Processamento de informagao: é um enfoque dentro da Psicologia Cognitiva, que vem estendé-la para além de Piaget. Chegou a Psicolo- gia através da Linguistica, das Ciéncias da Computagao e da Teoria da Comunicagdo. Seus expoentes sdo Ulric Neisser desde (1956), Sie- gler (1983) e outros. Sua repercussao no Brasil ainda é minima, pois entre nos a importancia do trabalho de Piaget scbrepuja qualquer ou- tra corrente cognitiva, apesar de sever despontar um interesse no tra- balho de Vygotsky (Mosquera; Aguiar). Jd o trabalho de Grinder sobre desenvolvimento do raciocinio ldgico no adolescente, em motdes cog- nitivistas ndo-Piagetianos, 6 pouco conhecido no Brasil. d) O enfoque dia/ético de Klaus Riegel, com fundamento na dialética de Hegel em que o desenvolvimento é visto como um processo conti- nuo de mudanga, de tese, antitese e sintese é também novo. A visdo dialética focaliza mais 0 fluxo inevitavel e a mudanga no desenvolvi- mento humano do que os periodos de estabilidade ou equilibrio. Sado ainda novos os thabalhos nessa linha no Brasil, sendo exemplo na Psi- cologia do Desenvolvimento a tese de Mestrado de Ora Meisel (PUC, Ru, 1979) sobre as relag6es mae-atendente de creche-crianga. Essa visao dialética impulsionou estudos sobre o desenvolvimento ao longo de toda a vida, e ndo apenas na infanciae na adolescéncia como era tradicional. Surgem assim estudos como os de Paul Baltes e Nesselroade na Alemanha. No Brasil, dedicam-se a estudos da vida adulta autores como Mosquera; Neri (UNICAMP)e Salami (USP) apre- sentam estudos sobre a 3? idade, sendo exemplo também teses de doutorado por eles orientadas como.as de M. Hennemann e Silvia Aguias, esta ultima na linha cognitivista de Vygotsky, que é considera- da por muitos autores como dialética. Para uma excelente compara- g4o entre as posicdes de Vygotsky e Piaget (ver Lampréia, 1985) onde é ressaltada a posigdo mais interna do construtivismo de Piaget ver- sus a interiorizagado de fatores externos proposta por Vygotsky, que e6e muito mais peso na cultura e no ambiente. E interessante notar que a postura mais recente de Bandura, do deter- minismo reciproco, é considerada como uma dialética por Phillips, em seu livro “Philosophy, Science and Social inquiry” (1987) embora note a falta de uma perspectiva histérica na explicagao de Bandura. As influéncias reciprocas de pessoa, comportamento e ambiente se dao no tempo, e isso teria faltado na perspectiva de Bandura. e) A Sociobiologia de Wilson, entomdlogo de Harvard, e Trivers, um bio- logo, @€ apontada como uma importante influéncia atual na Psicologia do Desenvolvimento. Essa influéncia passou a ser exercida ou a tor- nar-se conhecida a partir do discurso presidencial de Donald Camp- bell na A.P.A. de 1976, quando discutidas bases genéticas do altruls- mo, conforme propostas pelos sociobidlogos. Os sociobiolégos tém tentado resolver, entre outras coisas, 0 quebra-cabegas que deixou perplexo mesmo a Darwin: Porque alguns individuos ajudam outro, com grande risco pessoal, se a sobrevivéncia dos mais aptos predispée ca- da individuo a lutar egoisticamente por sua prépria vantagem reprodu- tiva? A resposta do sociobidlogo é que o comportamento de ajuda re- almente promove a sobrevivéncia genética, mas de outros membros da espécie do altruista. Assim, a formiga e o soldado que morrem pa- ra proteger seu territério efetivamente promovem a sobrevivéncia dos membros de sua espécie, que, é claro, compartilham seus gens ({ir- méaos, irmas, etc.). Descendo mais em detalhes sobre a produgdo bra- siteira, retornemos agora as perspectivas classicas. Dentro do cognitivismo, podemos destacar na produgao brasileira quatro dreas, como pode-se ver no Quadro 2. QUADRO 2 - PESQUISA EM PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: TENDENCIAS © EXEMPLOS 01 Desenvolvimento cognitivo per se 02 Besenvolvimento do julgamento moral 03 Efeitos do atendimento em creches sobre o desenvolvimento cognitiva 04 Criatividade 1. O desenvolvimento cognitive per se com: a) O trabalho do grupo da Universidade Federal de Pernambuco (Garra- her, D.W. Carraher, T.N.; Schifemann, Roazzi, Rego), fundamentado na teoria de Piaget e em outros autores, e que tem dado uma contribui- g4o fundamental ao problema da aplicagao desses achados.a realida- de brasileira e a situagGes concretas de aprendizagem na escola e fo- ra dela, destacando-se os trabathos sobre aquisigao de conceitos ma- tématicos, de ciéncia e, alfabetizagao. Mais detalhes sobre esses tra- balhos certamente aparecerdo no Simpdésio de Psicologia Cognitiva. - Na USP, destacam-se os trabalhos dos professores Lino de Macedo (1987) e Zélia Chiarotino Ramozzi, também com grande aplicabilidade a situagdesescolares. - Na FGV, ha trabathos como os de Seid! de Moura sobre Linguagem e Desenvolvimento Cognitivo, e diversos outros. - Na UNB, 0s trabaihos de Favero e de Tunes enfocam o desenvolvimen- to cognitivo desde uma perspectiva psico-sociolégica, estudando a re- presentacgdo de tarefas-problema e a influéncia dessa representagao no desempenho de sujeitos de 9-10anos de idade. Estudam o proble- ma de representag&o social da Matematica. - Na UFRGS, destaca-se o trabalho da professora Léa Fagundes e seu grupo, com pesquisas sobre a utilizagao de computadores e desenvol- vimento cognitive. 2. Ainda dentro da Psicologia Cognitiva, daria destaque a uma sub-a- tea que lida com a problematica do desenvolvimento cognitivo de crian- gas em creches, e a problematica da estimulagdo precoce. Encontra- mos ai diversos trabalhos como os de Eusa Bonamigo (UFRGS}, de Marion Gomes Penna (FGV), e trabathos teéricos como os de Lampréia (PUCIRJ). O trabalho do grupo de Ribeiréo Preto tem um enfoque bem mais amplo do que 6 cognitivo e seta mencionado posteriormente, den- iro das perspectivas etoldgica e ecolégica, além de contarmos com a presenga da Prof® Maria Clotilde Rosseti-Ferreira como expositora nes- se Simpésio, dando maiores detalhes. 3. Dentro da linha cognitivista, destaca-se ainda a area do julgamento moral, representada pelos trabalhos de Biaggio com apoio na teoria de Kohlberg e juntamente com orientandas (Lummertz, Barreto, Kaller, Gerbase, Sordi); de Camino na UFPB, com diversas orientandas (Luna, Wanderley); de Bristoti (UFRGS) com base em Piaget e Kohiberg e tam- bém com trabalhos sobre altruismo. . 4. Finalmente, podemos colocar ainda dentro da visio cognitivista, to- do o trabalho sobre criatividade, desenvolvimento principalmente na UNB, por Solange Wechsler e Eunice Alencar, e também na PUC/RJ com Maria Helena Novaes Mira. Como esse é um topico sobre o qual ndo ha um Simpdésio especifico, seria interessante ver alguns detalhes dessa pesquisa. Alencar vem desenvolvendo trabalhos no campo do treinamento de criatividade desde 1975, com sua tese de doutorado. Nos ultimos cin- co anos tem varias publicagées sobre o assunto, destacando-se o estu- do sobre caracteristicas psicossociais de criangas brasileiras mais e menos Criativas (1984) e outros estudos de treinamento de criatividade. Quanto as caracteristicas psicossociais, com duas amostras de 3* e 4° séries do 1° Grau, totalizando 23 alunos, encontrou poucas dife- rengas entre as criangas mais criativas e menos criativas, No entanto, observou “que o aluno com caracteristicas criativas nao é do tipo de aluno que estes sujeitos gostariam de ser e nem tampouco é o deseja- do pelo professor". Observou-se ainda que “os alunos apontados co- mo mais criativos preferiam ter colegas mais criativos mas nao gosta- tiam de sé-lo”. Quanto as caracteristicas de personalidade, observou- se@ que 0 grupo mais criativo foi apontado por seus professores como mais confiantes que seus colegas menos criativos. Observou ainda que havia menor némero de sujeitos cujas mdes trabalhavam fora en- tre os mais criativos. Alencar, Fleith, Shimabukuro e Nobre (1986) relatam os efeitos de um programa de treinamento de criatividade para professores de 1° - Grau sobre as habilidades de pensamento criativo dos alunos. Os re- sultados revelaram que, “embora em.10 das 12 medidas de criativida- de os alunos dos professores que participaram do treinamento apre- sentassem um desempenho superior, tais diferengas nao foram signifi- cativas. “Houve diferengas significativas de sexo, com aS Meninas apre- sentando melhor desempenho em seis das 12 medidas de criativida- de de Torrance do que os meninos, independentemente de seus profes- sores terem participado ou nao do programa de treinamento de criati- vidade. £m outro estudo interessante (Alencar, 1988), apresentado na Pri- meira Conferéncia Internacional sobre Atitudes de Lazer de Estudan- tes Superdotados, sdo apresentados os resultados de pesquisa sobre as atividades de lazer de estudantes de Brasilia. Os resultados revela- ram varias diferengas de sexo, com os meninos preferindo esporte e as meninas aulas de lingua estrangeira e de danga. As diferengas por série escolar sdo também elevadas. Os trabalhos de Alencar so apresentados em seu livro “Psicologia da Criatividade” (1986) e efeitos de programas de treinamento sdo dis- cutidos em trabalho no prelo (1988) para a revista “Gifted Child Today”. QUADRO 3 - PESQUISA EM PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: TENDENCIAS E EXEMPLOS Enfoques Ceniros Pesquisadores Temas Classicos Cognitivista UFPe Carraher Desenvolvimento Cognitivo Carraher Schliemann Escola {Roazzi Rego, Dias UFPb Camino Desenvolvimento Moral UNB Favero, Tunes Sécio-cognitive ou Alencar Psico-sociolégica Wechsier Criatividade FGY Marion Penna Desenvolvimento Moura Cognitivo, Linguagem use Macedo Desenvolvimento Ramozzi Cognitivo, Escola PUCIRS Nicolacci da Begenvorvimente Costa, Lampréia Cognitivo, Linguagem Novaes Mira Criatividade, testes 4 UFGRS Bonamigo Creches Bristoti. Desenvolvimento moral Biaggio Lewin Desenvolvimento Cognitivo Fagundes Psicanalitico PUCISP Eisink Relagao Mae-Bebé PUCIRS Cunha Imagem corporal UFRI Lo Bianco Relagoes Mae-Bebe Comporta- “mento use Windholz Mod. de Comportamento {Aprendiza- Ber, 2 ‘gamasco Express6es faciais gem Social) Carvalho Bebés/ Est. Oifativo Intera- cées UFSCar De Rose Aplicagdes com deficientes mentais 4 UFRGS Hutz Atitudes, Aptidées Piccinini Atribuigdo de Casualidade Biaggio Marques usp MR. Malut Atribuigdo de Causalidade QUADRO 4 - PESQUISA EM PSICOLOGIA 00 DESENVOLVIMENTO: TENDENCIAS E EXEMPLOS i Enfoques alternativos | Centros Pesquisadores | Temas. Etoldgico USPIRP Ferreira Creches Alves Interagao UNB Mettel Interagao Branco UFRGS Piccinini Interagao Ecolégico USPIRP Ferreira Creches Interagdes Dialético | life-span | UFRGS Mosquera Vida aduita PUCIRS Hennemann Vida adulta UNIGAMP | Neri Terceira Idade Vygotsky | UFRGS Mosquera Cognigao PUGIRS Aguiar Cognigao Também na Universidade de Brasilia, destacam-se os trabalhas de Solange Wechsler. Alguns de seus estudos (1985) lidam com o proble- ma da identificagao do talento criativo nos Estados Unidos e no Brasil. Discute a importancia do fator sécio-econdmico como variavel Impor- tante na identificagdo da criatividade. Propée também que “o talento criativo pode ser ndo somente Identificado como também desenvolvi- do através de treinamento especifico”. Wechsler investigou cinco habilidades de criatividade verbal em adul- tos brasileiros: emogées, fantasia, elaboragdo, perspectiva fora do co- mum e analogias. Essas caracteristicas foram observadas através de uma nova forma de avaliagdo de parte verbal do instrumento de Torran- ce. Os sujeitos eram homens e mulheres nas areas de drama, jornalis- mo e Psicologia. Os resultados revelaram associagdes significativas entre quatro habilidades verbais (emogées, fantasia, elaboragdo e pers- pectiva fora do comum) e as realizagées criativas dos sujeitos na area verbal bem como em outras areas. Os trés grupos profissionais diferi- ram entre si na maioria das variaveis estudadas. A Unica variavel em que se observam diferengas de sexo foi a fantasia. Wechsler (1987) retafa também um estudo experimental sobre treina- mento de criatividade, num delineamento com criangas bem-dotadas e criangas reguiares, pré-teste e pds-teste. .Os resultados revelaram ganhos em criatividade e desempenho es- colar nos dois grupos, mas com algumas varidveis especificas (fluén- cia figural, originalidade figural, fluéncia verbal emotivagao). Os ga- nhos foram menos que as bem dotadas, a0 passe que na variave! par- ticipagao, os ganhos das criangas bem-dotadas foram superiores aos de regulares. Ainda em outro estudo interessante, Wechsler (1986) estudou a cria- tlvidade em mulheres brasileiras. Na linha Psicanalftica podemos mencionar as publicagées de Ana Carolina Lo Blanco da PUC/RJ (A psicologizagao do feto). _ Atese de doutorado da PUC/Ru, Ligia Eisirik (1986) sobre interagdo “materna-tilial e diversas tese de mestrado da PUC/SP, tais como as de Cleonides de Oliveira - 0 Mundo da Crianga Enurética: um estudo fenomenolégico-existencial; de Maria Lucia Seidl de Moura (1984) - O sentido da contestagdo adolescente; de Ida Kublikowski (1984) - A iden- tificagao com a figura materna durante a gravidez; de Hatanaba (1985) - Imagens de sombras coletivas no Japao surgidas nos contos de fa- da e refletidas nos sonhos de criangas, e diversas outras. Teses de mestrado de FGV também 's&o exemplos dessa orientagdo como as de: Vera Lucia Feresin (1985), Os acidentes e a relagao mae-filho; de Isabel M.M. Considera, A maternidade e as relagées m&e-fllho e 0 in- consciente (1982). N&o nos detemos aqui numa andlise mais detathada dessa produ- gdo, por ser um campo de trabafho que representa uma intersecgao entre a Psicologia do Desenvolvimento e a Psicologia Clinica, sobre o quai também terermos um Simpésio. Ao que parece, a produgao de pesquisa em Psicologia do Desenvol- vimento com orientag4o psicanalitica encontra velcutos de divulgagdo mals especificos, tais como congressos e revistas de Psicandlise e ndo se expressa tanto nos canais centrais de escoamento de produ- go cientifica em Psicologia em geral, que seriam os peridédicos princi- pais, tais como Psicologia: Teoria e Pesquisa, Arquivos Brasileiros de Psicologia e nos encontros da Sociedade de Psicologia de Ribeirdo Preto e S.B.P.C. Quanto a orientagao COMPORTAMENTAL, englobando-se aqui os estudos experimentais e os na corrente de Aprendizagem Social, a pro- dugdo cientifica parece centralizar-se em Sao Paulo, tanto na USP quan- to na UFSCar. Podemos citar os trabalhos de Bergamasco e Beraldo (1988) sobre expressées faciais de bebés em resposta a estimulos olfa- tivos, e de Ana Maria Almeida Carvalho (1988) sobre Andlise de rela- ges de interagdo, quanto a complementariedade, reciprocidade e com- partilhamento. Ha ainda todo o trabalho de grupo da UFSCar, aplican- do modificagao de comportamento com deficientes mentals. Na UFRGS, Hutz (1988) trabalha com atitudes e aptidées infantis. Poderfamos localizar os trabalhos sobre atribuigaéo de causalidade dentro da Corrente de Aprendizagem Social, especialmente os funda- mentos em Rotter (Expectativas generalizadas de controle de reforgo interno vs. externo (1966), como os de Nelma Feres (1980) da FGV, so- bre locus de controle e comparagées sociais na concapgdo de Fastin- ger; os de Biaggio, relacionando locus de controle com ansiedade (1983) e com julgamento moral(1987). Outros, mais na linha de Welner (organizagdo social) talvez pudes- sem ser classificados como cognitivas, tais como os de Piccinini (1987), Marques e Rodrigues (1982), e M.R. Maluf da USP. De qualquer forma 0 tema de atribuig¢do de causalidade em criangas tem recebido destaque. As pesquisas na linha comportamenta! na Psicologia do Desenvolvi- mento parecem ter diminuido, da década de 70 para c4, acompanhan- do uma tendéncia ao questionamento de uma metodologia de pesqul- sa cientifica tradicional (0 que eu acho questlonavel), mas felizmente a linha no foi abandonada e ha sinais de-ressurgimento. Ao finallzar essa aprasentagdo, gostarla de enfatizar a importancia do papel social da Psicologia do Desenvolvimento. Muita coisa pode- ria ser melhor na sociedade se governo e politicos ouvissem as reco- mendagées da Psicologia do Desenvolvimento, pois, nas palavras de Sheldon White, ni famoso debate sobre Psicologia do Desenvolvlmen- to, publicade no American Psychologlst (1986): “Eu ainda acho que o artlgo de Larry Kohiberg em 1971 -’Do 6 para o deve: como cometer a falacia naturalista e escapar...' 6 um dos artl- gos brilhantes de nossa época. Pode-se questionar se ele conseguiria atingir os objetivos, mas a questéo do é para o devefaz parte integral da Psicologia do Desenvolvimento. Se nado pudermos encarar esse pon- to e entender como fazer essa passagem, nao estaremos lidando com o real. Goste-se ou n&o, nosso trabalho tem a ver com a busca de valo- res e normas para nossa sociedade”. - NOTAS: (1) A autora agradece a colaboragdo valiosa de Silvia Helena Koller na revisdo e organizagdo da tistagem das publicagdes de autores bra- sileiros, 19 Referéncias Achenbach, T. (1977) Research in developmental psychology. Bandura, A. (1983) Temporal dynamics and decomposition of reci- procial determinism. Psychologycat Review, 90, {2) Biaggio, A.M.B. (1988) Psicologia do Desenvolvimento, Petrépolis, Vozes. Brofrenbrenner, V.; Kessel, F.; Kessen, W. & White, S. (1986). To- ward a critical social history of Developmental Psychology: A pro- paedeutic discussion. American Psychologist, 41, 1218-30. Kagan, J. (1986) New insights in child development: implications for policy. Paper presented as a Science and Public Policy Seminar. Phillips, D.C. (1987) Phitosophy, Science and Social inquiry. New York: Pergamon Press. Reunido Anual de Psicologia, da Socieda- de de Psicologia de Ribeirao Preto (1988) Programa e resumos. Rotter, J.B. (1966) Generalized expectancies for interna! versus ex- ternal control of reinforcement. Psychological Monographs, 80 (Cl), whole n° 609. LISTAGEM DAS PUBLICACOES BRASILEIRAS Acunzo, I.M.M. (1986) Avaliagdo da relagdo desenvolvimento cogniti- vo e proficiéncia em programagao na linguagem logouma aborda- gem piagetiana. Tese de Mestrado, ISOP, FGV. Alencar, E.M.S. (1984) Caracteristicas psicossociais de criangas bra- sileiras mais € menos criativas. Revista Interamericana de Psicoto- gia, 18, 87-100. Alencar, E.M.S. (1985) Creativity in Brazilian schools. Gifted, Creati- ve, Talented. 18-17. Alencar, E.M.S. 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