You are on page 1of 258
IDI a LL Objeto ine OGD Design do Produto/Design Grafico/ Design de Moda/Design de Ambientes/Design Conceitual Bey ares Uso principal e especifico Cece Soe Risen rent) Vr uere ree aeons otc} Dimensao semidtica fecnie Sreenat ie cael Semen Reece Normalizagao erat nny Joao Gomes Filho eer Deere Cee eee Prone ea cea Ces nae nee ere cone atc eas ees Ce eo cere ee ee CeCe Meme auc) eee ees Sree ee eee! oe ee ese eee ety Cece eee cores See ee cee ee Ce Sens carers Pn eee ney ee ee eee es Pre teen Pee enn eee er Sere er eee pésito de tomar mais eficaz a sua en eerie eee oR a psec a see ee ena ee ees ems 0s assuntos abordados. pierre eee eee reser eer a ee ee id fa eee Rete ease ie ete es nna Pe eet ree eens eee eee ‘qualidades otimizantes, com 0 ajetivo Perr tect) ee mT emery Pree eee ait Se ee eae mess ees eect) Deen ee ee ‘com a formagao dos fituros designers. nt eet eee nea estes eon ea ree esa eres oO Om Ie CeCe Say Pee Cony eran? Cee eer! Pee ees Ce Oe ceed Scone sobre torlo 0 processe multi e trans~ disciplinar que envolve a tarefa de Ce eet need pce Em busca deal objetivo, o autor Ronee eae Roe on censor eet Caer meer Peer Cae Cran Cee eS ney See ee ey De oes tts et eee es Stes eat Ty Cer ne ees Ce eee cree etn Design do Objeto Bases Concettuats Design do Produto/Design Grifico/ Design de Moda/Design de Ambientes/Design Conceitual © by Joi Gomes Filho Tados os direitos desta edigho foram cedides & Eucrituras Eaitora ¢ Distribuidora de Livres Re Macsiro Calla, 123 — 04012-100~ V. Mariana — Sto Paulo Tel/Fax: (11) 5082 4190 nip dtwrrsescriuras.com.br Editar Raimundo Gadelha Coordenagao editorial Camile Mendroe Capa e projeto grifica Vera Andrade Eeitoragéo Elevinica Luana Alencar Revisao Denise Pasita Saé Tratamento das imagens Bruma Santos Monjon e Vera Andrade Imagens Cridios pg. 151 152 Impressto HR Grafica Impresso no Brasil Printed in Brazil Dados Inernacionais de Catalase na Publicagto (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP Brastl) Gomes Filho, Joao Design do objeto: bases conceeuais/ Jodo Gomes Filbo, — Sto Pawlo: Escriseras Edizora, 2006. Biblingrafia ISBN 85-753 1-221-9 1, Design I. Titulo 06-8703 CDD-7454 Indices para catélogo sistemdtico: 1. Design: Artes 745.4 Joo Gomes Filho Design do Objeto Bases Concettuats Design do Produto/Design Grafico/ Design de Moda/Design de Ambientes/Design Conceitual Bases Conceituais do Produto Uso principal e especifico Operacionalidade Exgonomia Niveis de informacito Aparéncia estético-formal Imagem simbélica Dimensbes semiéticas Técnicas Tecnolégicas Material Sistema canstrutivo Sistema de fabricagito Normalizagéo Criatividade Charlotte Fill e Pe Para Maria Isabel, Beatriz, Cecilia, Emerson e Igor. Tete, Roberto, Andrea, Renata, pela generosidade, em momento especialmente importante, nos anos 70. Aas amigos Lucio Grinover, Sergio A. P. Kehl, in memorian e Flide Monzégiio, in memorian. Agradecimento especial Cecilia Gomes, Emerson Frota, Bia Gomes e Federico Hess, por oportunas observacaes conceituais em importantes partes desta obra. Raimundo Gadelha, meu editor, por continuar acreditando em meu trabalho. Preficio Conheco Jodo Gomes desde 1976. Tivemos a oportunidade de trabalhar juntos em diversos projetos que, segundo a sua propria defi- nigio, eram de alta compleridade. Ja naquela época, Jodo Gomes demonstrava uma incrivel sensi- bilidade para o detalhe e para a abordagem exaustiva dos problemas apresentados na area de Design, Sua capacidade de organizacéo e sua atuagdo metédica sempre me despertaram admiracdo. Porém, apesar de conhecé-lo ha tanto tempo, no deixei de me surpreender com a exten- sio ¢ detalhamento do assunto tratado. Ao catalogar © discutir as Bases Conceituais do Design de Produtos, Joao Gomes esgota a possibilidade taxondmica da acto do design, sendo extremamente titil a adverténcia que faz quanto ao cor- reto balanceamento entre essas bases, justamente no momento em que produtos sfio lancados no mercado sem atenderem, a0 menos, 0 seu ‘uso principal. Afinal, o designer (ou o artista?) apresenta-os como pro- dutos conceituais, sendo, entdo, tudo permitido. # interessante que o leitor observe a amarracao feita pelo autor enire 0 que apresénta logo no inicio do livro ¢ as suas Consideragdes Finais. Nas paginas iniciais, sio apresentadas as Especialidades ¢ as Areas de Atacao do Design. Algum leitor mais apressado ha de pen- sar que o Joao Gomes propde a segmentacio do design em partes estanques, tal como fazem algumas escolas para realizar o milagre da miultiplicagio de seus cursos. Convenhamos que especializacao ¢ assunto para depois da for- macdo, Caso contrario, teriamos, nos cursos de medicina, desde o ini- cio, a medicina da narina esquerda, 0 médico do olho direito, ¢ assim por diante, Por mais absurdo que possa parecer, € assim que algumas escolas orientam seus cursos. E claro que nao se pretende atuar em todas as areas. Questdes de interesse pessoal ¢ a prépria insergdo no mercado conduziro o formando em Design a esta ou aquela especia~ lidade, Porém, a formagao haverd de ser geral, ¢ quanto mais abran- gente, melhor. No inicio de sua constituigao, a ESDI (Escola Superior de Desenho Industrial) oferecia duas possibilidades de formag&o aos seus alunos, apés passarem pelo curso basico € comum: o Desenho Industrial (projeto de produto) ¢ a Programagio Visual. Com o tempo, € muita discussio, chegou-se & conclusio de que o melhor seria formar um s6 profissional, o designer, que poderia atuar nas duas Areas. Isso foi por volta de 1970. Hoje, o recém-cria~ do curso de Design de Objetos da USP apresenta a mesma dupla formagdo, Parece absurdo diante de tanta especializacdo, mas nao €, Basta observar alguns objetos e tentar separar neles 0 campo de atuagio da programacio visual e 0 do projeto do produto, Em alguns casos, como os telefones celulares e os painéis de controle, é impossivel. Faco essas observacdes para chamar atencio para o que o Joo Gomes expde como sua ferceira consideracio, ao citar categoricamente que “é missao da escola enfrentar 0 desafio de formar um designer eclético”” Nao fosse por seu contetido, s6 essa abservagdo ja valeria o livro, Joao Bezerra de Menezes Sumdéario APRESENTACAO 13 Abrangéncia do Design 13 Especialidades / Areas de atuagao do Design 15 Resumo das Areas de atuagao do Design no contexto nacional 27 Conceituagao do produto industrial | Niveis de complexidade configuracional, tecnoldgica e de fabricagio 31 Conjunto das bases conceituais 39 DESIGN DO OBJETO / BASES CONCEITUAIS 41 Introdugéo 41 FungGes basicas: pritica, estétiea e simbélica 41 Conceito de predominancia das fungdes basicas 47 1 Bases conceituais de uso principal ¢ especifico do produto 51 2 Bases conceituais de operacionalidade do produto 65 3 Bases conceituais da ergonomia do produto 69 4 Bases conceituais dos niveis de informagéo do produto 85 5 Bases conceituais da aparéncia estético-formal do produto 95 6 Bases conceituais da imagem simbdlica do produto 105 7 Bases conceituais das dimensdes semiéticas do produto 11 8 Bases conceituais técnicas do produto 125 9 Bases conceituais tecnolégicas do produto 129 10 Bases conceituais do material do produto 149 11 Bases conceituais do sistema construtivo do produto 181 12 Bases conceituais do sistema de fabricaco do produto 189 13 Bases conceituais de normalizagao do produto 219 14 Bases conceituais de criatividade no design do produto 229 CONSIDERAGOES FINAIS 239 BIBLIOGRAFIA 241 i2 Too Gomes Filho Categorias Conceituais Base 1. Tudo que serve de fundamento, apoio ou sustenticulo. 6. Fig, Origem, principio, fundamento... 7. Conhecimento basico, Conceito 1, Representagao de um objeto pelo pensamento, por meio de suas caracteristicas gerais Icf. qualidade (8), abstragao (3), idea (12) € significagao (3). 2. Agdo de formular uma idéia por meio de palavras; definigdo; caracterizacao. 3. Pensamento, idéia, opinizo, Fungéo [Do lat. function] 4, Utilidade, uso, serventia... 5, Posigdo, papel. Fungdo metalingiistica E, Ling. Fungo da linguagem (q.v)) na qual predominam os enunciados em que 0 cédigo, ow parte dele, se constitui objeto de deseriga0, Fungio referencial E, Ling. Fungio da linguagem (q.¥)] na qual predominam as mensagens cemtradas no referente ou contexto; fungdo denotativa, Fungo cognitiva. Produto {Do lat, productu,] S.m. 1. Aguilo que € produzido ou fabricado... 2. Aquilo que resulta de qualquer processo ou atividade, Objeto (Do lat. objectu, part. de objicere, ‘por, langar diante’, ‘expor'] 2, Tudo que ¢ manipulével efou manufaturavel. 3, Tudo que & perceptivel por qualquer dos sentidos. 4, Coisa, peca, artigo de compra ¢ venda, llonte: Navo Dicionario Aurélio, 1999) Conceituagao do termo objeto Conceitua-se o significado do termo objeto, para todo € qualquer ambiente, produto de uso, produtos sistémicos ¢ sistemas de informagbes que mantém com © Homem uma efetiva relagio de utilizagzio no nivel intelectual, fisico ow sensorial. 0s objetos passam, entdo, a ser consideradlos como mefos para que 0 Homem possa realizar determinadas fungdes bisicas e, por intermédio delas, usufiuir beneficios priticos, operacionais, de conforto, de seguranca, de informagio, de lazer, lidicos, psicolégicos ¢ outros, Importante ressaltar que 6 termo objeto, em radio dessa conccituacio, muitas vezes, é substitufde ao longo dos estuctos pelo termo produto, sem prejuizo de seu significado, sobretudo em relacdo & especialidade do Design Industrial. (GOMES, 2004) Definigao do termo design Plano, projeto: propésito.. (fonte: Dicionatio Folha/Webster’s) 4, [CU] purpose; intention; mental plan, (fonte: Oxford Leamers Advanced Dictionary) £. Concepgio de um projeto ou modelo; planejamento, 2. 0 produto desse planejameto, {fonte: Novo Dicionério Auréio, 1999) Pelas colocagdes acima, pode-se resumir 0 significado do termo design como: “Concepcdo, plano ou intenco de eriar ou fazer alguma coisa’, Conceituagao do termo design: Sentido global “Concepgdo ¢ plangjamento de todos os produtos fetos pelo Homem..” (FIELL e FIELL, 2000) Design do Objeto / Bases Conceitnais 13 Apresentacao 0 desenvolvimento das bases conceituais em design surgiu a partir de estudos e pesquisas realizados sobre diversificados produ- tos industriais € apresentam-se consubstanciadas num conjunto de quatorze itens. Tem como base minha experiéncia pritica e didatico-pedagog- ica de muitos anos de attagdo profissional na area do Design, tra- balhando em empresas e, principalmente, pesquisando ¢ lecionando em cursos de graduacdo e de pos-graduagao, Como professor, con- statei a necessidade de oferecer uma sdlida base de apoio tedrico- conceitual e pratico aos estudantes de Design e, por extenso, tam- bém para os profissionais que jé militam na area, como um reforo metodolégico. O conjunto dessas bases conceituais foi organizado por meio de textos concisos acompanhados, sempre que foi 0 caso, de imagens exemplificativas dos assuntos tratados, em razio do propésito de tornar este livro 0 mais pratico e objetivo possivel. Na verdade, foi feito um esforco de sintese, uma vez que a maioria dessas bases conceituais encerra contetidos dindmicos ¢ ines- gotaveis em seus desdabramentos prospectivos. De fato, considero esta contribuigao como um avangado ponto de partida aos interessados em progredir nesses estudos € pesquisas. Por fim, acredito que esse conjunto se consolida, de modo intrinseco, num imprescindivel instrumento de sustentagdo a atividade do design, na busca da melhor qualidade projetual possivel do objeto. Abrangéncia do Design Preliminarmente, considero de particular importancia para os objetivos desta obra colocar um apanhado geral do “estado” da arte do Design, a fim de proporcionar uma melhor compreensio de suas espe- cialidades ¢ dos campos de atuagio De acordo com Charlotte ¢ Peter Fiell no livro Design Século XX (2000), 0 Design hoje ¢ compreendido ¢ conceituado, numa acepgao muito mais ampla ¢ abrangente, como: “.. a concepgao € 14 Quadro de Referéncia 1* Corporate Design Interface Design Industrial Design Interios Design Public Design Fashion Design Furniture Design Automobile Design Commercial Design *(HAUFLE, 1996) Conceptual Design Computer Design Information Design Packaging Design. Communications Design Avant-Garde Design Hardware Design Tabletop Design Counter Design Joe Gomes Filho Radical Design Media Design Food Design Antidesign Re-design Sound Design Object Design Software Design Obs. A lista de Haufle, acrescentamos mais seis especialidades do Design, que se encontram bem difundi- das nacionalmente ~ sendo as trés ultimas consideradas também como desigia conceitual, Ver Quadro de Refertncia 2: Jewelry Design, Lighting Design, Textile Design, Bio-Design, Eco-Design, Universal Design. Quadro de Refer€ncia 2: tsuctssins/ sss sung d Design Contexto internacional Equivaléncia aproximada Contexto nacional Industrial Design Object Design Public Design Furniture Design Automobile Design Computer Design Hardware Design Packaging Desig Food Design Jewelery Design Sound Design Lighting Design ‘Textile Design Design Industrial Design do Objeto Design de Equipamento Urbano Design de Mobillério Design Automobilistico Design de Computador Design de Maquinas Equlpamentos Design de Embalagem Design de Alimento Desisin de Jdias Design de Sistemas de Som Design de Sistemas de Huminacao Design Textil Design do Produto Communications Design Commercial Design Corporate Design Information Design ‘Tabletop Design Media Design Sofware Design Design de Sistemas de Comunicagio Design Grifico Design de Identidade Corporativa Design de Sistemas de Informagio Design de Edtoracio Design de Meios de Comunicagao. Design de Programas Design Grifico Fashion Design Design de Moda Design de Moda Interior Design Design de Interiores Design de Ambientes Re-Design Conceptual Design Counterdesign Antidesign Radicaldesign ‘Avant-Garde Design Bio-Design Eco-Design Universal Design Redesign Design Conceitual Counterdesign Antidesign Radicaldesign Avant-Gartle Design Bio-Design Eco-Design Design Universal Redesign Design Conceitual Interface Design Design de Interfaces Design de Interfaces 15 planejamento de todos os produtos, feitos pelo homem A meu ver, a raz3o que legitima essa con- ceituagio é que o campo do Design se fraciona cada vez mais em muitas especialidades ditadas pelo mercado, principalmente pelos meios de comunicagdo de massa, pela publicidade e prop- aganda e por varias formas de marketing. Para atestar isso, coloco no Quadro de Referéncia 1 uma relagio dessas especialidades conforme Industrial Design / Design do Produto descrita por Thomas Haufle em seu livro Design Postos de trabalho de computaglo: produto Ay IMlustrated Historical Overview (1996). sistémico, Ou seja, stn composigho aarega no seu _ a : conjunto varios produtos como: CPU, monitor Por meio da anilise dessa relacao, consta- teclado, assento, mesa, impressora, stoner, © ta-se que existe uma certa confusio na medida en pee em que determinadas especialidades se desdo- ram e se superpdem, quando na verdade querem dizer a mesma coisa ou, no minimo, possuem significados muito proximos. Em que pese essa perplexidade © sem entrar no mérito da questo “filosofica” do porqué de tantas ¢, muitas vezes, conflituosas especialidades, procuramos na seqtténcia traduzir, de maneira livre (em sua equivaléncia ou aproximacéo), 0 significado de cada especialidade colocada por Haufle (inclusive, adicionando mais algumas ja con- sagradas no contexto brasileiro) relacionadas numa ordenagao que, no nosso modo de entender, consideramos mais légica, conforme exposto no Quadro de Referéncia 2. Especialidades / Areas de atuagéo do Design Industrial Design > Design Industrial Concepsao de produtos ¢ sistemas de produtos para serem pro- duzidos industrialmente, No Brasil, refere-se, especificamente, as especia- lidades do Projeto do Produto e da Programagao Visual (hoje com as novas denominagées de Design do Produto ¢ Design Grafico, respectivamente). Object Design > Design do Objeto Abrange os objetos concebidos para serem fabricados néo s6 no modo industrial, mas também no modo artesanal e/ou misto (artesanal mais industrial). i ee cee 16 Joao Gomes Fibo Equipamentos urbanos ‘Painel eletrénico, parada-abrigo de énibus, monumento (como obra de arte, banca de jornal ¢ autros, como: quiasques, caixas eletrénicos 24 horas, assentos de jardins, telefones piiblicos, relagios, lixeiras ete. Ls : i ‘ % TT Se eee Mobiliario comercial Fostos de trabalio em escritérto. Design de Maquinas Computadores ¢ perifericas, s e Equipamentos ‘postos de trabatho informatizades. Design do Objeto / Bases Conevituais y Public Design > Design do Equipamento Urbano Concepgao de produtos industriais, para uso ptiblico, que compéem principalmente a cena urbana. Muitos deles contém mensagens informa- cionais e, por conseguinte, mantém interface com o Design Grifico. Furniture Design > Design de Mobiliario Produtos industriais configurados por méveis, componentes & acessérios, com tipos ¢ modelos os mais diversificados ¢ utilizados, interna ¢ externamente, em espagos € ambientes residenciais, comer- ciais, culturais ete. Automobile Design > Design Automobilistico Produtos industriais concebidos ¢ representados por diversas categorias, classes, tipos ¢ modelos de veiculos automotores. Computer Design > Design de Computador Produtos industriais criados e identificados, especificamente, pelas diversas categorias, classes, tipos e modelos de computadores € seus peri- fricos fimpressoras, scanners, plotters, tabletes © outros). Hardware Design > Design de Maquinas e Equipamentos Genericamente, refere-se & concepgao de maquinas, equipamen- tos ¢ demais dispositivos, tais como: aparelhos, ferramentas, instru~ mentos € acessorios diversos - existentes de per si ou que integram outros produtos, como, por exemplo, em veiculos ¢ postos de trabalho. Ultimamente, a expressdo est voltada, mais especificamente, ao campo da informatica, Design Automobilistico Is Joo Gomes Filho. Design de Embalagem Embalagens com interface com design grafico Informagics inscritas nos rétulos € nas caixas que envolvem os produtos. Design de Sistemas de lluminagao Home-theater ‘Exemplo de ambiente intemo residencial em que se destacam atualmente sofisticados sistemas sonoros ligados ao conccito de cinema em casa (hiame-theater). Sistema de iluminagao residencial e comercial Diversos tipos de uso: funcional, operacional, decorativo, dentre outros. Design Téxtil Produtos de uso residencial, comercial, industrial etc. Tais como: cortinas, tapetes, carpetes e outros revestimentos. Design do Objeto / Bases Conceituals, ig Packaging Design > Design de Embalagem Concepgao de produtos industriais consubstanciados. pelas diversas categorias, classes, tipos € modelos de embalagens (primérias, secundarias, terciarias etc.). Mantém interface com 0 design grafico no que diz respeito a concepeao, ao tratamento e & organizagao visual das informages inscritas nas embalagens. Food Design > Design de Alimentos Concepgdo de produtos alimenticios indusizializados ou semi- industrializados. Identificados pelos diversos tipos de alimentos pas- tosos e, principalmente, os em estado sélido (sanduiches, macarrées, bolos, biscoitos, bombons, balas, sorvetes, pratos diversos, ¢ assim por diante). Design com énfase para a ergonomia e a aparéncia estético-formal do produto. Jewelry Design > Design de Jdias Concepgao de produtos industriais que englo- ba as diversas categorias, classes, tipos modelos de pegas de joalheria, incluindo a criagio de folheados € bijuterias, Sound Design > Design de Sistemas de Som Especialidade relacionada ao projeto € a concepgao de siste- mas sonoros de ambientes ¢ de sonorizagao em geral (como, por exemplo, filmes, videos, vinhetas, comerciais ete). Inclui diversi- ficados produtos, equipamentos, dispositivos e acessérios indus- triais — tais como os existentes em residéncias (especialmente home-theater), empresas, complexos esportivos, cinemas, teatros, gindsios, auditorios, laboratérios, veiculos automotores € estiidios de sonorizacao, dentre outros. Lighting Design > Design de Sistemas de |luminagao Fspecialidade que trata de projetos de sistemas de iluminagio, internos ou externos aos ambientes ¢ ao ar livre. Inclui diversifica- dos produtos, equipamentos, dispositivos € acessérios industriais, tais como os que encontramos em residéncias, empresas, complexos esportivos, cinemas, teatros, auditérios, veiculos automotores, par- ques, ruas, avenidas e assemelhados. Textile Design > Design Téxtil Refere-se mais concretamente a criagao de estruturas fibrosas, tecidos em geral, malhas (no nivel de texturas} e estampas (em termos de interface com 0 Design Grafico) e, ainda, a concepgéo de produtos como cortinas, tapetes, carpetes ¢ congéneres, em estreita ligacéo com a especialidade do Design do Produto. Importante notar que, na realidade, as especialidades citadas cabem numa tinica area de atuagao profissional que é a mais geral e abrangente, relacionada, no contexto brasileiro, a expresséo Design do Produto ~ Quadro de Referéncia 2. Communication Design > Design de Comunicacao Diz respeito, de maneira conceitual e ampla, aos tipos de infor- mado e mensagem transmitidos por meio de suportes visuais diversi- ficados - sobretudo nas areas de Artes Graficas e meios eletronicos (com destaque para a de Webdesign). Commercial Design > Design Grafico Segundo Haufle, a expresso inclui todas as areas de comuni- cacdo ¢ ¢ usada freqiientemente se intercambiando com a de Comunicagao Visual em trabalhos sobre papel: criagao de pésteres, publicidade, imagem de empresas ¢ similares. Corporate Design > Design de Identidade Corporativa Concepgao de produtos alusivos & imagem visual de empresas. Geralmente, com inicio a partir da concepeao de sua marca, Extensivo, também, aos sistemas de informagio, orientagao e sinalizagéo no inte- rior das empresas. Information Design > Design Grafico Concepcao de produtos oriundos dos sistemas de informacao visual relacionados aos meios ¢ sistemas de comunicacao social, com destaque para a indistria cultural. Tabletop Design > Design de Editoragdo Semelhante ao Information Design. Refere-se especificamente & rea de Editoragdo convencional e eletronica, com énfase para os meios de comunicagdo social, Joo Gomes Filho Design do Objeto | Bases Conecituals 21 Media Design > Design dos Meios de Comunicagao Voltado a criagéo de produtos para as midias de cinema, tele- visio, video (como: filmes, vinhetas, aberturas de programas) ¢ outras manifestagdes cinético-digitais. Software Design > Design de Programas Relacionado a concepgio de softwares, com base na engenharia de andlise de sistemas e de programacio ¢ com énfase na ergonomia (cstrutura cognitiva, adequagao do contetido informacional, organiza- 40 visual e funcional). Mantém interface com o design grifico no que se refere & organizagao visual do seu contetido textual, icénico e simbélico. Aqui, € importante notar que todas essas especialidades {muitas delas inclusive se sobrepondo) se encaixam numa tinica area de atuacao profissional, que é a 4rea mais geral ¢ abrangente relacionada & expresso Design Grafico, como um todo, tal como é hoje no contexto brasileiro, Ver Quadro de Referéncia 2. Interior Design > Design de Ambientes Numa acep¢ao mais ampla, significa o planejamento, a organi- zacio, a decoracdo e a composicao do layout espacial de mobiliario, equipamentos, acessérios, objetos de arte etc., dispostos em espacos internos habitacionais, de trabalho, cultura, lazer ¢ outros semelhantes, como veiculos aéreos, maritimos € terrestres — avides, navios, trens, Onibus € automéveis, por exemplo. Fashion Design > Design de Moda Concepsio de produtos representados, em geral, por pecas, avia- mentos, acessérios e roupas (convencionais ou especiais). Mantém inter- faces com o Design Grafico e, principalmente, com o Design do Produto, no que se refere aos acessérios em geral. Re-design > Redesign Genericamente, denomina 0 proceso de aperfeicoamento, a reforma ou reformulagdo de qualquer tipo de produto j4 existente - preservando sua ess¢ncia inalterada. Como, por exemplo, determinados modelos de automéveis de uma mesma marca que so modificados a cada ano. 22 Soto Gomes Filho Editoragao. Jomais, revistas, livros, capas de CDs, cartazes ¢ assemethados, Identidade visual corporativa / empresas ‘Exemplos de componentes visuais © suas aplicagdes: totens, placas, faixas, pintura de eielos,derareagtes de sols fe ticidnametos, dene ots Comunicacao digital Sites, antincios como banners, pop-ups e outros, Abjeto | Bases Conecituas 24 Conceptual Design > Design Conceitual Trata-se, historicamente, do movimento de vanguarda de deter- minados designers que adotaram como fundamentos de trabalho aspectos critico-sociais ou politico-radicais, que ensejaram o surgi- mento, principalmente nos anos 60, de contracorrentes. conceituais conhecidas como Radicaldesign, Antidesign, Counterdesign. A meu ver, o significado de design conceitual, numa outra acepgio, estende-se a outras idéias € reflexdes que se fazem por meio de investigagdes e analogias diversas retiradas ou derivadas de outras areas do conhecimento. Counterdesign. Antidesign. Radicaldesign > Design Conceitual Concepgdo de produtos cujas caracteristicas se notabilizaram por serem mais teéricas, politizadas (sobretudo contestadoras) ¢ expe- rimentais, muitas vezes com propostas e projecdes utépicas, Avant-Garde Design Design Prospectivo. Historicamente definido como a concepgio de produtos inovadores embutindo tendéneias diversas. Produtos voltados para o futuro, normalmente impondo objetivos ¢ desafios criativos, estéticas e tecnolégicos, Bio-Design Design Conceitual. Estudo e aplicago dos principios basicos dos componentes da natureza, utilizados para resolver, por analogia, 0 design de produtos industriais na investi- gacdo dos sistemas bioldgicos e bioquimicos. E, portanto, naturalmente ligado ao campo da Bidnica. Eco-Design Aplicacao dos conceitos do pensa~ mento ecolégico ao Design de Produtos, dentro da filosofia de preservagdo do meio ambiente e dos paradigmas de sus- tentabilidade © de atitudes politicamente corretas. Adota como filosofia basica proje- tual 0 conceito dos 3 Rs: Reduzir/Reutilizar/ Reciclar. loto Gomes Fhe Des da Objet Bases Conceiuis 25 Radical Design e Bio-Design Radical Design Design do Produto: exemplo de candeciro, euja ‘comfigurasdo remete a uma analogia formal com capsuilas de comprimidos, 1968. Design Biomérfico Automével Bentley - 2004, “Linas orginicas com resgate de estilo formal da década de 1940, Bio-Design di iets eee late tant aa *bioformismo. Design sueco contemporaneo. Design de Interfaces Miniagéncia bancéria ‘textuais, Embalagem Design de Interface: inter-relacionamento e articulag#o de parametros conceituais © prorluto (caixa de papelao} ¢ 0 design grafico finformagées inscritas nas faces da caixa). Camiseta Design de Moda: aqui também a interface com 0 Design Grafico & ‘composta pelas informagdes textuais, simbdlicas c icdnicas estampatias 10 produto. 26 Design Universal De acordo com o Centro de Design Universal, da Universidade Bstatal da Carolina do Norte, EUA, “O Design Universal refere-se & con- cepcdo, ao planejamento € & composigio de diferentes produtos ¢ ambi- entes para que sejam usados por todas as pessoas, 0 maior tempo pos- sivel, sem a necessidade de adaptagdes ou desenho especial”. Segundo a ABNT (NBR 9050): “Design Universal visa atender maior gama de variagées possiveis das caracteristicas antropometricas € sensoriais da populacao”, Interface Design> Design de Interfaces Relacionado As atividades conceptivas e projetuais em que se estabelece algum tipo de comunicacio, inter-relacionamento ou arti- culagdo de duas ou mais areas do conhecimento (geralmente elemen- tos conceituais comuns ao design), com énfase na interacdo ¢ no did- logo do usuario com o produto utilizado. No campo da informética, sobretudo na especialidade da ergono- aia do software, o design de interfaces & conceituado também como a “criagdo de superficies de uso", que diz respeito A interatividade e ao dia- logo que se estabelece entre usudrios e programas de computadores. Segundo Bernhard Biirdek, “o design de interface opera num terreno intermediirio entre o grafismo e 0 design industrial: a fungdo de um pro- duto — © também de seu software — deve ser desenhada visual, tatil e acus- ticamente, de tal maneira que seja facilmente inteligivel por seu usudrio” Como € facil perceber, essa relacéo de especialidades nao se esgota aqui. Na realidade, existe uma tendéncia mundial de cada vez mais se acrescentar tipos de atividades a palavra design e, conseqien- temente, isto faz com que se originem mais ¢ mais especialidades ¢ reas de atuagdo, que passam entdo a ser especificas do Design. Algumas especialidades, por exemplo, que jé existem internacional- mente, mas que ainda esto para surgir ou que se encontram num estado ainda incipiente no Brasil: Advertising Design / Aerospace Design / Book Design / Ceramic Design / Costume Design / Craft Design / Digital Design / Engineering Design / Exhibition Design / Floral Design / Game Design / General Design / Glass Design / Landscape Design / Logo e Branding Design / Magazine Design / Marine Design / Multidisciplinary Design / Print Design / Retail Design / Set Design / Typographical Design / Urban Design. Nao obstante esse fato, esclareco que o conjuunto dessas bases coniceitu- ais pode ser estendido (no seu todo ou em parte) para qualquer especialidade do Design, guardadas as devidas peculiaridades inerentes a cada uma delas. Jo8o Gomes Filho Design do Objeto | Bases Conceituais 27 Importante observar que, nessa listagem, excetuando-se a categoria do Design Conceiual (que, como vimos, funciona mais como absorcao ¢ uso de conceitos, principios linguagens oriundas de outras areas do conhect- mento}, 0 que se constata, na verdade, sdo exatamente as Areas que estamos tratando neste livro, resumidas nas dreas de Design do Produto, Design Grifico, Design de Moda € Design de Ambientes, e para as quais centramos com maior énfase a aplicagdo do conjunto dessas bases. Para facilitar a compreensio, essas areas serao resumidas a seguir, definidas e mais detalhadas. Resumo das dreas de atuagéo do Design no contexto nacional Design do Produto E a especialidade ou 0 campo de atuagao que envolve a concepgao, a elaboragio, 0 desenvolvimento do projeto e a fabricagao do produto, de configuragéo fisica predominantemenie tridimensional, Engloba: Produtos de Uso Incontaveis produtos com que os usudrios mantém interface efe- tiva de utilizagao, como: veiculos, mobilidrios, utensilios domésticos, eletrodomésticos, eletroeletrdnicos, calgados, jéias, embalagens e outros. Magquinas e equipamentos em geral Produtos de uso traduzidos por bens de capital em geral, como maquinas, equipamentos, ferramentas, instrumentos, dispositivos ¢ acessdrios, com que os usuarios mantém uma interface de utilizagio, sobretudo operacional. Produtos componentes de ambientes em geral Produtos componentes de sistemas de ambientes, como os que configuram os postos de trabalho, postos de atividades e outros assemelhados, inseridos em espacos arquitetOnicos © que mantém interfaces em termos de Design Industrial. Artigas do lar Série enorme de artigos domésticos ou do lar, como os objetos de cama, mesa e banho; cortinas, carpetes, tapetes ¢ similares, enquanto Design do Produto faz interface com a especialidade do Design Textil. 28 Design Grafico E a especialidade ou 0 campo de atuagio que envolye a con- cepedo, a elaboragdo, o desenvolvimento do projeto ¢ a execucdo de sistemas visuais de configuracao formal (fisica ou virtual) assentada predominantemente em substrato bidimensional (com grande parte dos produtos originados, principalmente, por processos de impressio). Cuida da geragdo, tratamento ¢ organizagao da infor- magao. Segundo Richard Hollis (2000), tem os seguinites objetivos: 1) identificar 0 que é determinada coisa ou de onde ela yeio (marcas, logotipos, simbolos, brasdes, emblemas, rétulos, letreiros ete,); 2} informar e instruir a relagdo de uma coisa com outra, no tocante a diregao, posi¢ao e escala (mapas, diagramas, sinais de orien- tagdo e de diregao); 3) apresentar e promover alguma coisa (pésteres, antincios publicitérios), com a intengo de prender a atengdo e tornar sua men- sagem inesquecivel. Importante destacar que o Design Grafico é geralmente classifi- cado por areas ou subespecialidades, como, dentre outras: Comunicagao social Design de livros, revistas, jornais, cadernos, agendas, car- tazes, catdlogos, relatérios, pecas institucionais, antncios em geral (midia impressa, outdoors, painéis, telas), capas de livros, CDs e outros. Desigin de histérias em quadrinhos, caricaturas, pecas infografl- as (mapas, cartas, grificos} ¢ outros. Design grafico para os meios eletrénicos: sites, e-books, CD- ROMS, antincios e congéneres. Filmes, videos, vinhetas etc. (midias: televi internet) ¢ outras manifestagées cinético-digitais. 10, video, cinema, Jeo Games Filho Design do Objeto | Bases Conceltuals 29 Sistemas de orientagao e sinalizagao Design em suportes, como: totens, placas, faixas, banners, painéis, piciogramas, grafismos e outros elementos consubstanciados em substra- tos bi efou tridimensionais, localizados no solo, elevados ou aéreos. Identidade visual Design de marcas, logotipos, assinaturas etc. ¢ suas aplicagdes praticas em produtos diversos: papelaria, uniformes, veiculos, sistemas de orientacio e sinalizagao, embalagens, rétulos, selos e outros. Outras areas do Design Grafico Design de produtos ¢ pecas grificas especificas para exposi¢des © estandes de comunicacao visual integrada ao design do ambiente ¢ arquitetura do espaco (exposigdes, galerias, feiras). Design de embalagens de produtos em geral com interfaces graficas, envolvendo: tipografias, rotulos, ilustragdes, grafismos, texturas, cores ete. Folhetos, cartazes, santinhos, cartes, kits, brindes, mala direta © outros, Design de Moda Especialidade ou area de atuag%io que envolve a criagio, o desen- volvimento ¢ a confeccio de produtos da moda e atinge diversos seg- mentos de utilizagao, relacionados com 0 uso de objetos diretamente sobre 0 corpo. Aqui classificados, principalmente, na seguinte divisio: Sio os produtos destinados aos ptiblicos feminino masculino nas categorias infantil, juvenil ¢ adulto. 0 vestuario caracteriza-se pelo prét-d-porter (confec¢ao popular) e, singularmente, pela alta costura praticada na Franca, para aproximadamente duas mil mulheres. Insere- se em diversas linhas de abrangéncia e variados estilos estético-for- mais € contempla roupas de carater social, esportivo, de festa ¢ trajes uniformes profissionais. Aviamentos ¢ acessorios em geral Produtos de uso em geral ligados diretamente ao vestuario, tais como os aviamentos (botdes, colchetes, ziperes, velcro, fivelas etc.) € 0s acessérios complementares ao traje: bolsas, cintos, suspensérios, chapéus, bonés, gorros, gravatas, bijuterias e jdias, calcados, e assim por diante. E oportuno mencionar que a concepeao, o desenvolvimento do projeto e a fabricagao desses produtos pertencem area de atu- agao do Design do Produto, fazendo interface com o Design de Moda. Design de Ambientes Especialidade ou area de atuacdo que envolve a concepgio de configuragdes ambientais em geral: planejamento, organizacao, deco- ragio e especificagéo de produtos (mobiliario, equipamentos, obras de arte € objetos em geral). Como ja mencionado, de fato, faz parte mais de um design de composicao ¢ layout espacial na abrangéncia de espacos internos pri- vados e piiblicos, tais como: residenciais, comerciais, industriais, espacos culturais, de lazer e esportivos; e veiculos, como automéveis, avides, navios e outros, Redesign / Design Conceitual / Design de Interfaces F oportuno lembrar que nesta classificagdo estdo naturalmente incluidas ow implicitas as especialidades acima, que, de fato, funcio- ham mais como expressées conceituais em relago ao projeto do pro- duto. Ou seja, a expresso redesign sempre vai designar as alteragdes, aperfeigoamentos ou reformulacdes impostas a um dado produto ori- ginal. Por exemplo: muda-se entio a denominagtio de Design do Produto para Redesign do Produto. A expressdo design conceitual diz respeito & utilizagao ou ao resgate de idéias originais fundamentadas em movimentos culturais, politicos, critico-sociais etc. (como jé aconteceu no passado) ou, ainda, por meio de investigagdes e analogias formais baseadas em outras areas do conhecimento e aplicadas na concepsao do produto. E, finalmente, a expressao design de interfaces aplica-se sempre que duas ou mais especialidades do Design se inter-relacio- nam na configuraco de um determinado produto. E, como ja men- cionado, com a avaliagio de “superficies de uso” ~ de modo parti- cular, em informatica. Josie Gomes Ftho Design da Objeto / Bases Conccituais 31 Conceituagao do produto industrial / Niveis de complexidade configuracional, tecnolégica e de fabricagéio Preliminarmente introduc&o 20 conjunto das bases conceituais em Design, consideramos importante explicar dois conceitos fundamentais para sua melhor compreensao: a conceituagio do termo produto industrial e a conceituagao de niveis de complexidade configuracional, tecnolégica e de fabricagdo do produto industrial. Produto industrial Produto simples Conceitua-se 0 termo produto simples como significan- do qualquer objeto tridimensional fabricado, principalmente no modo industrial, ¢ configurado por poucas unidades, partes ou componentes fisicos ou visuais. 2 ¢ de fabr Produto sistémico Numa definicao ampla e mais abrangente, conceitua-se a expresso produto sistémico significando qualquer objeto tridimen- sional fabricado, principalmente no modo industrial, porém com carac~ teristicas fisicas configuracionais muito mais complexas. Ou seja, & 0 pro duto que possui um maior niimero de partes ¢ componentes fisicos ou visuais, Muitos deles agregando no seu con- junto, além das pecas fabricadas, outros produtos ja prontos, Geralmente, os pro- dutos sistémicos encaixam-se no conceito de objetos de média a alta complexidade, 32 Alta Complexidade esses exemplos de trem-bala, avido € navio, emos amostrs tpicas de produtos sistemicos de configuracio Bice, tecnoldgicae de fabrcagio de alta complexidade Envolve, em maior grau, a necessidade de um enorme planejamento para uma ade~ qqada organizacao técnica e administrativa, além do emprego de recursos humanos diversificados ~ oriundos dos mais variados campos do conhecimento. Normalmente, conta com a colaboracdo de iniimeras industrias fabricantes, diversos fornecedares, empresas montadoras etc. para a concepgio e materializario dos produtos. Obviamente, trata-se de um trabalho orginico, Imtegrado e realizado em equipe, Baixa Complexidade Design Grafico Exemplos tpicos de produtos grificas de baixa complexidade em sua confiauracio diagramitica (todos formados por pesa nica, por exemplo). Design de Moda Camiseta ¢ biquini, exemplos tipicos de produtos simples, nag-sistémicos, Tormados por poucas unidades fisicas e de baixa camplexidade configuracional Design de Ambientes Neste exemple de espaco de trabalho de empresa, o ambiente pode ser considerado de baixa complexidade, nao $6 na configuragao onstrutiva, mas também na organizacto e decoracao, Joé0 Gomes Filho Design do Objet / Bases Conceiruas 33 Sao exemplos: Jesign elo Protute Como caso emblemético, podemos citar como produtos sisté- micos ~ veiculos de modo geral ~ produzidos por empresas monta~ doras: GM, VW, Ford, Fiat © outras. Os automéveis, por exemplo, possuem na sua configuracao, além dos numerosos componentes fabricados na prépria montadora, outros produtos jd prontos ~ cons- tituidos por conjuntos, subconjuntos e pegas individuais - que sio produzidos por diversas outras empresas fornecedoras e agregados a0 veiculo, tais como: motor, rodas, suspensao, pneus, volante, farbis, lanternas, bancos etc. E, ainda, de outros produtos que nao fazem parte da mecanica funcional do carro, como: porta-pertenees, radio, CD-player, televisor, equipamento para sistemas de navegagio pela internet € muito outros - também adquiridos de fornecedores espect- ficos ou de mercado. n Grdfice Jomais, livros, revistas, painéis informacionais, entre outros, so produtos sistémicos. Ou seja, diferente de um amincio, de um car taz, de uma capa de CD e de outros exemplos de produtos de configu- racdo € confeccao mais simples. Vestidos sofisticados da alta costura, fraques, uniformes profis- sionais etc. também sao produtos sistémicos diferentes de produtos simples como meias, lengos e camisetas. Aqui se faz necessiria uma abordagem diferenciada, Prati- camente nao existem produtos simples ou produtos sistémicos a serem concebidos ou fabricados (a nao ser uma ou outra excecdo para casos especiais, como suprir uma necessidade especifica, como, por exemplo, um lustre, uma moldura de quadro e outros objetos singulares para compor determinado espaco especial). Na verdade, o Design de Ambientes, como ja conceituado, enquadra-se predominantemente no conceito de design compositivo. 0 que sig- nifica que, qualquer que seja o tipo de planejamento, projeto ou de tratamento para a organizagao do interior de um ambiente, 0 designer vai trabalhar predominantemente com a escolha ¢ a especificagio de produtos — sejam eles funcionais, informacionais, de arte ou decorativos. 34 Joa Gomes Fiho Média Complexidade Design de Moda Exemplos caracteristicos de produtos sistémicos, constituides por um mimero pouco maior de unidatles fisicas ¢, de acordo com a propria definigdo, com mediana com- plexidade configuracional, teenoldgica ¢ de conte Cg Design Grafica Exemplos tipicos de produtos graffeos de média complexidade em sua elaborncao visual no cartaz e de construgio do folheto com varias folhas, por exemplo, Design de Ambientes Aqui, tanto no saguiio do edificio como no corredor do interior de shopping center, & ficil perceber que a configuracio do ambiente & mais elaborada, ndo 36 em termos construtivas, mas também em relacao a tratamentos de superficies e @ acabamentos de modo geral Design do Objeto | Bases Concettuais ee Alta Complexidade Design de Moda Fxemplos de produtos sistemicos. Cada um deles consttaide por diversas unidades fis cas que exigem claboragao e eonfeccdo com maior grau de dificuldade configuracional, tecncgicae de confeego eines, maior cesta eséticoformal em temas de Design Grafico FOE Gtr aie nem ee Sate one rade dag cestia te pncesis ce eapieeto-ce pombe nN aee ees Tnidades cow postvas:cdpas,sobrecapts © pablns interes tormalmerte coripotas fate eeu ean Datto exemplo de alta complexidae dir remelio & concepeio 3 elahoracio de pro- eter ehcp tact en oa | ERE TG RS asa verte ORG eimai ger lnlutndo toda glx cogniva de avegnblldade 5 se bd 36 Como ja visto, ele ¢ configurado quando se relacionam duas ou mais especialidades do design. Exemplos: © No Design Grafico, quase todos os substratos de comuni- cago visual so também objetos fisicos tridimensionais (excetuan- do-se os produtos de configuracio digital ou virtual), desde um produto simples como uma folha de papel ou de material plastico as placas, faixas ¢ outros produtos sistémicos, como: painéis de informacio eletrdnicos, totens, elementos esculturais, suportes ¢ estruturas metélicas, que 40 constituidos por diversos elementos. * No Design de Embalagens, desde produtos simples, como um envelope de carta selado (com o design grifico do selo), até os produ- tos sistémicos, como os grandes contéineres de cargas e suas inscrigdes tipicas de identificagao, * No Design de Mostradores. Com mensagens e informagdes tipicas ~ a partir de um produto simples como um relogio até os pro- dutos sistémicos constituidos, por exemplo, pelos grandes painéis eletronicos ~ sendo que nesse caso o design grifico ¢ parte integrante € intrinseca desses produtos. * No Design de Moda. A mesma coisa, a aplicagao de grafismos € informacdes diversas em produtos simples € sistémicos, como em lengos, camisetas, bonés, uniformes, ternos, vestidos, roupas promo- cionais de eventos e outros. Niveis de complexidade configuracional, tecnoldgica e de fabricagao Importante assinalar que 0 conjunto das bases conceituais do objeto, exposto mais frente, se aplica indistintamente para qualquer nivel configuracional, tecnolégico e de fabricag&o do objeto. Aplica~ se, portanto, a qualquer produto simples ou sistémico, seja de baixa, média ou de alta complexidade, pertencente as areas do Design do Produto, Grifico, Moda e de Ambiente. E, como regra geral, fabricados ou confeccionados em empresas industriais, como, por exemplo, {em ordem crescente de complexidade): * No Design do Produto: um clipe, uma bi aeronave; * No Design Grafico: um aniincio de clasificados, uma pagina de texto ilustrada ou um painel de informacdes grande e sofisticado visualmente; © No Design de Moda: uma camiseta, um terno ou um vestido de noiva; jeta ou uma Joo Gornes Fila Desig do Objeto / Bases Conceituais, 37 * No Design de Ambientes: um conjunto habitacional popu- lar, uma residéncia de padréo médio, uma mansao ou um ambiente sofisticado de uma empresa, ou no interior de um posto de trabalho de uma aeronave. Esta taxionomia (evidente que, até certo ponto, muito relativa), foi pensada como modo de proceder a um ordenamento mais racional, a fim de facilitar uma melhor ¢ mais didatica compreensdo de cada uma das bases conceituais estudadas. Desse modo, para efeito desta obra, definem-se esses niveis como segue: Produtos de baixa ainplexia Os produtos, em relacdo a este nivel de complexidade (exeetuan- do-se 0 caréter criativo que, como é natural, vai depender do talento de cada designer), caracterizam-se pela simplicidade configuracional, tec- nolégica e de fabricago ou confecgo. So usualmente produtos que se configuram em uma pega tinica ou que possuem poucos componentes ¢ também sem maiores compli- cacdes estruturais, diagramaticas, tecnolégicas, de confeccio, de impressio. Inclusive, podem ser produzidos em empresas de pequeno e médio porte. Alta Complexidade Design de Ambientes Esta cabine de avito apresenta um ambiente de ata complesidade por englobar a onginizagio de um tspago de tabalto altamente compleso, principal Iara EBeginelde pete logit arate ergonémico © opstacons! que envalve una grande cuantdade ue elementos opetaconais de controle € Comat de aetonave de grande porte CCO - Centro de Controle Operacional do metré de Sao Paulo Neste ambiente de trabalho, por exemplo,o nivel de alta complexidade caracteriza-se pela existéncta de sofisticatos postos de trabatho, paineis mimicos de informagoes e mais todo um sistema téenico de climatizagio e de outros equipamentos que cancorrem para o adc- quad € eficaz:desempenio das fungbes operacionais do centro. Os produtos nesse nivel ja vio exigir, alm do talento criativo do designer, uma certa habilidade na articulacdo de uma série de outros conhecimentos mais profundos de cunho cultural, estético e tecnolégico, Traduzem-se numa dificuldade maior pela necessidade de se trabalhar com um grande mimero de informacées especifica- Ges técnicas, além de necessitarem de levantamento de informacdes © pesquisas mais especificas. Sao produtos que j4 envolvem um certo carater sistémico ¢ se caracterizam por possuir uma maior quanti de de componentes ¢ partes configuracionais ¢ maior grau de tecno- logia envolyida. Normalmente, exigem um trabalho em equipe, con- tando com outros profissionais deutro da estrutura da empresa. Nesse terceito nivel, os produtos contemplam tudo o que foi dito anteriormente, porém, em um patamar de exigéncia natural- mente mais clevado. Envolvem alto grau de sistematizago Normalmente, apresentam um niimero maior ainda de partes confi- guracionais, além de exigirem pesquisas e especificacées técnicas mais complexas € sofisticadas do ponto de vista de concepgao & também de produgao de modelos, protétipos e de registro grafico do projeto, Nessa categoria de produtos, € indispensavel contar com numerosas informacoes culturais e téenicas e, geralmente, é neces- sario contar com 0 apoio de profissionais especializados em outras reas do conhecimento, sobretudo no que diz respeito a aspectos tecnolégicos, Trata-se de um trabalho realizado em equipe e no Ambito de empresas de grande porte, que fabricam o produto inte- gralmente ou produzem partes agregando componentes oriundos de outras empresas e/ou fornecedores diversos (caso das montadoras, por exemplo) ~ dependendo do produto € no contexto de globaliza- 80, envolvendo distintos paises associados no empreendimento ¢ com a utilizagio de instalacoes gigantescas, como, por exemplo, galpdes enormes (aeronaves) € grandes estaleiros (embarcacées). Jodo Gomes Ftho Desig do Objeto J Bases Conceituais 39 Conjunto das bases conceituais 0 conjunto formado pelas bases conceituais em Design ¢ compos- to por 14 itens, relacionados abaixo, conceituados ¢ detalhados a seguir. 1 Bases conceituais de uso principal e especifico do produto 2 Bases conceituais de operacionalidade do produto 3 Bases conceituais de ergonomia do produto 4 Bases conceituais dos niveis de informacio do produto 5 Bases conceituais da aparéncia estético-formal do produto 6 Bases conceituais da imagem simbélica do produto 7 Bases conceituais das dimensdes semidticas do produto 8 Bases conceituais téenicas do produto 9 Bases conceituais teenolégicas do produto 10 Bases conceituais do material do produto 11 Bases conceituais do sistema construtivo do produto 12 Bases conceituais do sistema de fabricagio do produto 13 Bases conceituais de normalizagao do produto 14 Bases conceituais de criatividade no design do produto 40 Jodo Gomes Filho Relagao Usuario—Produtos Industriais Nessa relagio, 0 usuario sempre atua, age ou opera recehendo © tro- canilo informagies com o produto (eventualmente, também com 0 meio ambiente ou entoma), por meio de um ou mais canais recepiores, caro percepcoes visuais, auditivas, tatels, olfativas, eustativas e cinestésicas. Surfista-prancha O surfista recehe informagdes do entomno ¢ atua interagindo com a ‘prancha ¢ com as ondas do mar. Usuadrio-telefone 0 usuario recebe ¢ emite informacdes por meio do aparelho, ‘em razA0 de todo complexo do sistema de tetefonia. Usuario-jornal (0 usuario 1€ 0 jomal por meio das informagdes impressas de textos ¢ imagens. Operador-computador 0 operador executa 0 seu trabalho por intermédio de troca de 68 Dentista—paciente 0 dentsta realiza seu trabalho interaginido com o paciente, por melo ‘e seus equipamentos, lustrumentos e acessérios auxiiares. Piloto-veiculo F1 Em sintese, na competicio, o piloto dirige recebendo informacies do velculo, do solo, ds trafego, dos diversos sinais da pista, do entomo ambiental e toca mensagens com 05 téenicos de sua equipe, Design do Objeto | Bases Conceiusis 41 Design do Objeto / Bases conceituais Introdugao Na linguagem do design, um dos principais conceitos ligados ao uso do produto pode ser compreendido a partir do estudo centrado na correspondéncia que se estabelece no didlogo entre Homem e objeto. Nesse sentido, devemos refletir, particularmente, sobre os aspectos essenciais das interfaces entre usuario-produto industrial identificados nas fungdes basicas que facilitam a percepeo ¢ a compreenséo, durante © processo de uso do objeto € que possibilitam satisfazer as diversas necessidades das pessoas ¢ em consonancia, também, com as bases conceituais que participam ¢ auxiliam 0 profissional do projeto - todas elas se inter-relacionando no planejamento, na concepeao ¢ no desenvolvimento do design do produto. Fungoes bdsicas: pratica, estética e simbélica Nese contexto, as fungdes basicas podem ser classificadas esque- maticamente em trés categorias (Quadro 3), agregando-se a clas as bases conceituais desdobradas em suas inter-relagdes (Quadro 4). Quadro 3: setocao usuatio-Produtosinausis EE —— a -—— 42 oto Gomes Filho Quad r0 4: sancss pisces sare Conctnsts, nr rletes Bases Conceituais Funcao Simbélica ' 1 Uso prineipal e especifico do produto 1 2 Operacionalidade do produto ' 3 Eronomia do produto r 4 Niveis de informagao do produto 1 5 Apaténcia estético- Formal do produto 1 6 Imagem simbéliea do produto 1 7 Dimensbes semioticas do produto 1 8 Bases tdenieas do. produto 1 9 Bases tecnologicas do produto 1 10 Material do produto 1 1 Sistemas construtives fo produto 1 12 Sistemas de fabricagao do produto 1 13 Normalizagio do produto 1 14 Criatividade no Design do Produto Nota: Este quadro de inter-relagdes principais deve ser interpretado dentro das seguintes premissas: 1, Todo e qualquer produto ¢ constituide por algum tipo de material (ou materiais); por conseguinte, esta sem- pre relacionado as bases conceituais “Material do Produto” ¢, portanto, sempre relacionado as trés Fungdes Bisicas (Pratica, Estética e Simb6liea) - com maior ou menor valor qualitative. 2. As bases conceituais (seja no seu conjunto ou apenas em parte) inter-relacionam-se também com variados sgraus de importancia (com maior ou menor profundidade) de uma base conceitual sobre outra - dependendo sempre da natureza, categoria, classe € tipo do produto. Design do Objeto / Bases Conceituais 43 ‘A seguir, explicitadas detalhadamente por meio de diferentes exemplos: Fungao pratica “Sao fungdes priticas todas as relagdes entre um produto um usuario que se embasam em efeitos diretos organico-corporais. A partir daqui, pode-se definir: sio funcdes praticas todos os aspec- tos fisiolégicos de uso." (LOBACH, 1981) Deduz-se que a func&o pratica esté ligada a adequagao do pro- duto e as necessidades fisiolégicas do usuario em termos, por exemplo: de facilidade de uso, prevengdo de cansaco, oferta de conforto, segu- ranca e eficacia de utilizagao do objeto. Para a viabilizagao desses requisitos, a fungdo pratica guarda, necessariamente, estreita relagao com as bases conceituais de uso do produto, ergondmica, operacional e informacional e, na materializagéo fisica do produto concebido, vincula-se A base conceitual técnica (des- dobrada, por sua vez, nas bases conceituais teenolégicas, dos mate- riais, do sistema construtivo ¢ de fabricagio), de normalizagao e, obviamente, a de criatividade. Fungo estética “A flngio estética é a relagdo entre um produto © um usuario, experimentada no processo de percepedo. A fungao estética dos produtos € 0 aspecto psicolégico da percepcio sensorial durante o uso.” (LOBACH, 1981), Ampliando essa definigao, € 0 aspecto psicolédico da percepcio multissensorial que tem como atributo principal a fruig’o da beleza, do prazer e do bem-estar contemplativo em relaggo a um dado objeto, por parte do usuario. A funcdo estética é subordinada a diversos aspectos socio- culturais no que diz respeito, principalmente, ao repertério de conhecimento do usuario, de sua vivencia e de sua experimentagio estética, E naturalmente agregada & funcao simbélica e as dimen- ses semidticas e, indiretamente, @ base conceitual ergonémica no ambito do sistema Homem-maquina, particularmente em relagio aos aspectos da percepgao da informacao visual ¢ sua otimizacao funcio- nal. (GOMES, 2004). Guarda também, do ponto de vista da lingua- gem comunicativa do produto, estreita relagéo com os principios gestalticos da organizagao visual da forma do objeto, no que diz res~ peito as leis da Gestalt, as categorias conceituais fundamentais de harmonia, equilibrio e contraste visual ¢ as categorias das técnicas visuais aplicadas. (GOMES, 2000) Funcao simbdlica “A funcio simbélica ¢ uma das mais complexas, Por um lado, porque se liga com a espiritualidade do Homem quando este se excita com a percepgio de um objeto estabelecendo relacées com componentes de experiéncias e sensagdes anteriores. Por outro lado, a Fangio simbéli- ca tem relagdo ¢ também é determinada por todos 0s aspectos espirituais € psiquicos de uso do objeto. Envolve fatores sociais, culturais, politicos € econdmicos e, também, associa-se a valores pessoais, sentimen- tais e emotivos.” (LOBACH, 1981) Tem como fundamento a fungdo estético-formal do produto, reforgada pela base conceitual das dimensdes semidticas (como processo de comunicacao mais abrangente na relagio uswario-produto), princi palmente em sua dimensio semantica, ¢ também é ligada, indireta~ mente, & fungao pratica, A fungio simbélica revela-se, sobretudo, por meio dos elementos configuracionais de estilo. 0 estilo € uma qualidade formal intrinseca do produto (ou seja, aquilo que provoca sua atragéo visual, chama a atengao para si € 0 torna desejével) - obviamente, implica um determinado modo de ser e de viver do usuario, inserido em um determinado grupo social. Ele é produzido por atributos, caracteristicas e valores especiais aurega- dos ao objeto. Como, por exemplo, na sua linguagem traduzida por for- ‘mas organicas eJou geométricas, cores ¢ acabamentos superficiais. No plano sensivel, conecta-se com 2 emocao que pode, eventualmente, ser transmitida a0 usuario. 0 estilo é subordinado claramente, na sua sig- nificacdo, ao tipo de pablico @ que o produto é destinado (sobretudo em termos de prestigio e status social) e varia de acordo com 0 contexto cul- tural de uma determinada época ou periodo, em que as tendéncias podem ditar modas duradouras ou efémeras. Abrangéncia das funcées bdsicas As fungées basicas norteiam praticamente tudo, com maior ou ‘menor intensidade, Nos espacos residenciais, de trabalho, culturais etc, por exemplo, so iniimeros os objetos que compdem os diversos ambientes e que se enquadram nas categorias das fungdes priticas, estéticas e simbélicas. Na industria da moda, as roupas ¢ acessérios também se enquadram nessas categorias de fungées, nas diversas for- mas de manifestagdes ¢ informacées visuais. Finalmente, permeando ¢ norteando 0 conjunto das bases con- ceituais, coloca-se a de criatividade, que € naturalmente inerente a a vidade de concepgao, desenvolvimento projetual e de fabricacgo ou confeccao de qualquer produto. 48D Gomes Filho ro) Fungoes basicas Cadeira Macintosh Exemplo tipico de fongao simbélica predominante adregada a0 produto © de notavel valor estético-forzmal, Porém, é interessante notar que, do panto de vista da fangZo pratica, a ergonomia dessa cadetra € absolutamente inadequada em ‘ermas de conforto, mesmo para uma situagio de uso répldo. Marcas ‘As marcas de identificagao visual, relacionadas a objetos de modo geral, sao ele~ simbolizar Espremedor de laranja Objeto que reine os atributos das fungdes prities, estéticae simbélles. Sua figwrasio transmite caramente a nogao de um objeto de arte, identficada pelo “stil formal de escultara. Ambientes Como exemplo abrangente, podem ser citados espagos resi- COS CEST Serres a tem numerosos produfes de uso, equipamentos, utensilios domésticos, obras de arte ¢ objelos em geral e que se enqua- das inter-relagdes das fungbes pratica, + Luxuosa sala de estar, em que se destaca 0 conceito de cinema em casa (home-rheazer). ‘+ Ambiente modemo de empresa, onde se observa um conceito inovador de modo de trabalho em escritério, sem as divisties pcs de epagos fon fetes, Fungéo Pratica: cadeira, relogio, cartaz e encarte de CD, roupa da modeto. cconceito de umm design configurado par formas mais simples. Predominio da Fungi Estetica: cadeira, reldgio, cartaz e encarte de CD, roupa da modelo. Objetos dentro do conceito de um design canfigurado por formas mais elaboradas. Design do Objeto | Bases Conceltuals 47 Conceito de predomindncia das fungoes bdsicas Um conceito importante a ser destacado € 0 da possibilidade de predominancia de uma determinada fungao basica sobre as outras duas (Quadro 5). Isto acontece quando o designer, por qual- quer razo, prioriza uma determinada fungao basica como sendo a mais importante para a configurago do produto, Claro que isto nao impede que a funcdo prioritaria deixe de interagir com as outras duas fungdes basicas. E, no geral, com todas as outras bases con- ceituais mais especificas que fazem parte, em maior ou em menor numero, do objeto. Esta predominancia € melhor entendida se observados os exemplos ilustrativos que contemplam quatro produ- tos. As cadeiras, os relégios, os cartazes e os encartes de CDs e as roupas que ilustram, respectivamente, 0 conceito. Em cada um dos exemplos € apontada ¢ comentada a funcao basica predominante, Q.UAdr0 5% conceit ie Predoninsnsa de Funcso Possibilidades de predomindncia: Funcio Pratica ou Funco Estética ou Fungo Simbélica Assim, no exemplo 1, ¢ facil perceber que a funcao que efetiva- mente predomina é a pratica, Ou seja, si0 produtos muito simples: suas configuragdes formais apresentam pouquissimos elementos estruturais, assim como simplicidade em seu estilo e aparéncia visual, Jd no exemplo 2, a fungio predominante é a estético-formal. E mais sofisticada e os produtos apresentam estilo e aparéncia visual muito mais elaborados esteticamente em seus elementos configura- Gionais ¢ atributos cromaticos. No exemplo 3, percebe-se uma clara predominancia da funcdo simbélica, que vale a pena detalhar um pouco mai 48 ‘o%o Gomes Fitho = * Fungao Simbdlica Exemplo 3 Predoininio da Funcao Simbélica: cadeira, reléaio, cartaz @ encarte de CD, roupa da modelo. Objetos dentro do conceito de um design configurad por formas mais complexas ¢ requintadas Design do Objeta / Bases Concctuais estes trés postos de trabalho pre- dominam, respectivamente: ‘No primeiro, a fungi pritica, em razdo de sew design simples © \espojado, ‘+ No segundo, predomina a func estética, que apresenta um design mais elaborado, valarizado sobre- tudo pelo material utilizado e por suas formas organicas * No terceiro, o posto de traba~ Iho inserida dentro de um con- ceito mais tecnolégico, sistémico mais atualizada simboliza as novas tendéncias em termos de organizagao de trabalho nay empresas modernas, 49 A cadeira tem uma configuracao formal que reflete um estilo de época € demais atributos que passam efeti- vamente a idéia de uma cadeira associada ao conceito de trono (ou seja, um produto historicamente ligado & realeza, portanto, aos elementos de poder e prestigio social). Além disso, sua estética ¢ trabalhada com elemen- tos de adorno muito expressivos plasticamente. Ja o relogio apresenta uma configuragdo formal interessante, que foge um pouco do padrao do esterestipo tradicional, ao introduzir um elemento que liga um de seus lados a pulseira, um anel retangular com brilhantes incrustados na superficie, o que denota claramente um telégio carissimo e, portanto, o status social de seu usuario. O cartaz, da banda de heavy metal Sepultura, expressa_um evidente simbolismo que remete as caracteristicas conotativas de um estilo cadtico, anar- quico, gético, dark etc., cujo som explora um deter- minado segmento social que se identifica com este estilo musical. 0 CD do Smashing Pumpkins mostra um claro simbolismo que remete as caracteristicas de uma espécie de ventre humano, ligado a conotacées reli- giosas misturadas com a ciéncia, que se evidencia ainda mais pelo nome do proprio CD: Machina | The Machines of God. Finalmente, a imagem da terceira modelo vestindo pecas que podem transmitir o simbolismo do desejo € da fantasia erdtica pela sensualidade da roupa. Mesmo quan- do mostrada apenas em um pequeno detalhe, de modo sutil, como numa alca de sutid ou em um decote mais ousado. Vey ana Ra a uso principal e especifico do produto a] bz) Joo Gomes Filho Uso principal e especifico Aparelho de barbear / Classificados Manual de Orientagao / Placas de Transito Design do Objelo | Bases Conceituais 53 Estas bases conceituais, ligadas principalmente & funcao pratica, refe- Tem-se ao uso principal e especifico do objeto. O uso principal é aquele que explica 0 6bvio, ou seja, a propria razao de existéncia do produto e para que ele serve. JA 0 uso especifico diz respeito a0 modos de utilizagtio do produto de maneira mais especial, isto &, ao destlo- bramento ou detalhamento do seu uso principal. Por exemplo: © uso principal de um aparelho de barbear manual é 0 de fazer a barba por meio de laminas. 0 seu uso especifi- co é raspar os pélos da barba, além de acertar, aparar ou contornar cavanhaque, bigode e costeleta, 0 uso principal de um antincio publicitario ¢ o de vender ow tor nar conhecida alguma coisa. 0 seu uso especifico é 0 de vender ou divulgar algo mais, especialmente com detalhes, © uso principal de um manual de orientagao € o de facilitar 0 entendimento, a funcionalidade ou a operacionalidade de algum produto ou servico. O seu uso especifico é 0 de orientagao detalhada sobre um determinado tépico da informagio. © uso principal de uma placa de emergéncia € transmitir uma mensagem de orientagdo ou de alerta em situagdes de perigo. 0 seu uso especifico refere-se a cada tipo de informacdo e regra de tansito que © pedestre ou motorista deve obedecer (seméforos, placas, faixas ¢ outros sinais). Atrelado ao uso principal aparece, obrigatoriamente, 0 concei- to de uso especifico e, eventualmente, outras utilizagdes secundarias de um dado produto. Embora parega dbvio, 0 uso especifico (muitas vezes atrelado € operacionalidade do produto - que sera vista a seguir) é 0 tipo de uso que condiciona, logo de inicio, todo 0 processo de criagio - qualquer que seja a categoria, classe, tipo ou modelo do produto a ser concebido. Assim, € necessério saber de imediato para que serviré efetiva- mente 0 produto ¢ como ele ser’ empregado. 0 conhecimento prévio dos usos principal e especifico € 0 ponto de partida para a concepgio ¢ para © desenvolvimento do projeto. Seja um produto simples ou sistémico ~ de baixa, média ou alta complexidade. 54 Joie Gomes Filho Como se verd mais adiante, esta defini¢io embu- te algumas sutilezas que sao, em geral, dificeis de se . foe incorporam uso especifico peroeben Hum yume momento: (Neste caso, dcixam de scr_usos Assim, para o design de um relégio esportivo, — secundérios) com a indicagio, por oe exemplo, de velocidade de vento, por exemplo, definir-se-ia previamente alguns pontos Sienblor de welosldade, de vente Relagios esportivos que importantes, como: fico de maré, tempo sincronizado, ea a neclewinrdeanlad fases da Lua, agenda, sinais sonoros catego ete de como alarmes programavels, idiomas, © A classe: esportivo hordrios de cidades, bancas de dados © 0 tipo: digital ec, Come rove mas recente jf existe 0 relogio te pulso que peemite © 0 modelo ou estilo formal: linhas organicas = 3259 Neen Oe NSP © 0 uso principal: indicagao de horas * 0 uso especifico: mostrador principal com a incorporagao dos elementos funcionais, como mostradores coadjuvantes (altimetro, barémetro, termémetro, crondmetro, crondgrafo, calendario), botoes, teclas, pulseira etc., concomitantemente com a definigao de indicado- res de algarismos, tracos, cores € outros sinais iconicos, Importante assinalar, mais uma vez, que alguns produtos também possuem usos secundaries que auxiliam, aprimoram ou agregam um determinado valor aos usos principal e especifico. Nesse sentido, um exemplo impressionante & 0 que acontece com o telefone celular. Além do ato de comunicagio entre pessoas, ja foram incorporados: maquina fotografica, filmadora, radio, televi- siio, calculadora, agenda, despertador, lanterna, MP3, games, ¢- mails e acesso 4 internet. Em uma revista, podem ser anexados encartes especiais, brindes (perfumes ¢ CDs, por exemplo) e outros expedientes publicitarios. Numa calga ou camisa, podem-se adicionar aberturas e bolsos espe- ciais em lugares e posigdes nao convencionais. Os usos secundarios podem, ainda, ser considerados como meios que permitem utilizar o produto de maneira diferente, fugindo um pouco do uso principal do produto, sobretudo em situagdes de adapta Ges ou de improvisagées de utilizagao. r Reldgio Suunto Watches ‘Acesso A internet Design do Objeto | Bases Conceicuais 55 Para melhor esclarecimento, vamos tomar mais alguns exem- plos de forma detalhada: Design do Produto Cadeira Uma cadeira tem como uso principal o ato de sentar. Como fun- do de uso secundario, pode ser utilizada para alguém subir nela a fim de alcangar um objeto numa estante ou trocar uma lampada, para ser- vir de apoio etc. Porém, o que interessa realmente é estabelecer a sua funcao de uso especifico. Assim, 0 designer 2o decidir conceber uma cadeira tem, neces- sariamente, de pensar no seu uso especifico. Logo de inicio, precisa saber se ela sera para uso simples, digamos doméstico, ou para ativi- dades de trabalho, em empresas. Nestes dois casos, a filosofia de concepgao do produto muda significativamente. No primeiro caso, 0 designer com certeza ird conceber uma cadeira singela (por mais sofisticada que ela seja em estilo, aparéncia estética, conforto, materiais empregados etc). Pelas suas caracteristicas, © seu uso sera de pouca freqiiéncia e rapido, para bater um papo ow realizar uma refeigao. Jd no segundo caso, qualquer cadeira de trabalho utilizada em ‘empresa pressupde no minimo um uso permanente de pelo menos um ou dois tumos de quatro horas (mesmo considerando-se eventuais pausas). Assim, € evidente que esta cadeira seré muito mais complexa do que a anterior. Deveri, por exemplo, possuir assento e encosto com estofamento, apoio para bragos, dis- por de regulagens antropométricas ~ para permi- tir acomodar diferentes biotipos de usuarios den- tro de uma faixa larga de percentis (geralmente \ do 5° a0 95°) — ajustes de inclinagdo e reclinacio, possuir suspensao ¢ possibilidade de mobilidade. Este segundo tipo de cadeira, por ter mais componenies ser mais sofisticado teenologica- mente, normalmente custa muito mais caro do que o primeiro, em virtude do necessari to, seguranca, flexibilidade ¢ funcionalidade que deve oferecer. confor- Cadeira de trabalho utilizada por desenhistas 56 Jodo Gomes Fhe Cadeira Cadeira doméstica Seu uso & pouco freqiente © de curta permanéncia Geralmente, & de configuracio ¢ de tcenologia de fabrcacdo simples, Cadeirao, com cinco “patas” doradas de rodizios, apoio para pés (especial para o trabalho de deserhistas) e cam resulagens de altura de assento © de encosto, Oportuno assinalar que determinados tipos de cadeiras esto se transformando € evoluindo para vendadeiras, “méquinas” de sentar tal 0 ntimero de solugGes tecnoldgieas avangadas. Posto de Trabalho i —~ ea J) Esse tipo de cadeiza & cc uso geralmente muito fieqtiente € de permanénéia mals demorada Ede configuragio mais sofisticada por causa da utlizagio de elementos de ajustes, regulagens e de movimentacio, utilizados para adequagies funcionais, antropométricas ¢ de alcances fisfcos com mais conforta. Por conseguinte, sua tecnologia ¢ exigencias de fabricagao sto mais complexas. ‘Cadeiras com cinco “patas” dotadas de rodizios proporcionam mais establidade facilitam a movimentagzo do usuirio no entorno; ¢ com regulagens de apoio de bragos, encostos e de altura do assento permitem maior sesuranca e conforto, Existem mo mereado muitos tpos de cadeitas de trabalho que contemplam diversas configu ragdes € niveis de complexidade teenolégica, de conforto ¢ de segurangs, bem como diferentes tamanhos.€ varlagtes de padrdes estetico-formais, cores, qualidade de estofamento, precos, © assim por diante. Cadeira com concha inteiria c espaldar mais alto oferecem mais conforto. Design do Objeto / Bases Conceituats 57 Posto de trabalho odontoldgico Luminaria direcional, com regulagens de posicionamen- ‘to de aproximagio, proporciona adequada. acuidade visual para o dentlsta cumprir sua tarefa com conforto ‘effedcia, Nesse caso, a visulizaco da boca do pacien- ‘pelo monitor. Luminaria Luminaria de mesa com ajuste de diregao e de intensidade de luz Funcioma proxima a0 plano de tsabalho. lluminagao em posto de atividade Funciona com luminaria apoiada sobre a mesa, ‘com iluminagao do tipo indireta, individual ¢ alcance regulavel. 58 Luminaria Uma luminaria serve, obviamente, para iluminar alguma coisa. Este é seu uso principal. Mas qual é, de fato, seu uso mais especifico? Nesse caso, antes de tudo, & necessério definir uma série de questdes: conceituacao da categoria, clas- se, tipo ou modelo de luminéria e da iluminacao que se pretende produzir (funcional, decorativa, emergencial ou outra), subordinadas a uma série de fatores e carac- teristicas da iluminagao, como: * se a iluminagao sera focada, iluminando um determinado espago € circunvizinhangas de modo que possam ser bem visualizadas dimensées, formas, volumes, cores € contrastes (cena teatral, por exemplo); * se a iluminacao sera difusa: em que a luz, no plano de trabalho ou num objeto, nao incide de um foco direcionado em particular (esta técnica de ilumi- nacdio se utiliza de materiais € cores de boa reflexdio no ambiente); * se a iluminagao seré direcional: em que a luz, no plano de trabalho ou num objeto, incide predomi- nantemente numa diregao em particular; * se 0 foco de luz sera dirigido: técnica que se utiliza de refletores ou lampadas refletoras para dirigir 0 foco direto de luz; © se a iluminaggo sera direta: por meio de lumi- nérias, com uma distribuigdo de luz tal que 90% a 100% do fluxo luminoso emitido atinja o plano de trabalho diretamente; © se a iluminago sera indireta: versio de luz difusa com abrangéncia restrita. Podendo compor ambientes com abajures, colunas, sancas de gesso demais focos de luz; * sea iluminagao sera do tipo zenital, com apro- veitamento da luz natural diurna sem ofuscamento; * local do uso da iluminacao: se em espaco inter- no, externo ou mistos * tipo de ambiente: se em espago doméstico, de trabalho, publico ou em outros lugares mais especifi- cos como, jardins, vias publicas, estédios, gindsios poliesportivos ete.; 480 Gomes Filho Conceitos Importantes Hluminancia Ou iuminamento, 6 o Muxo de luz incidente por unidade de area tlumina- ida situada a uma dada distincia da fonte da luz. A grandeza que a define €0 fuxe luminoso, medido em Inx. Intensidade Luminosa E a intensidade de wm fuxo luminoso profetado em uma determinada direc. Indice de Reprodugao de Cores ~ IRC: €a medida de correspondéncia ene cor real de tum objeto ou superticie em relagio a luz do Sol, ea sua aparéncta diante de uma fonte de he aria As limpadas possuem indices distintos de IRC, € a conformidace do uso deve estar de acordo com cada ambiente ¢ suas necessidades, Concepgao de Lumindria Acconceppio de tima jaminava, por mais simples que seja, envolve una série de fatores que s€o corsiderados requistos beésics para o seu projeto. Sobretudio na relaglo ergonémica entre ussirio-obje- to-ambiente, como, por exempl: fefinicto da clzsse de lumindria, em Funeio, por exemplo, do flaxo luminose: dicet, indireo, semidireto, amplitude © caracteristicas de difisio da luz, eral ou ‘Gpecifica, © assim por diante; intensi- dladle, controle ¢ distribuicao da Inz no ambiente; manutengao da temperatura entra de limites preestabelectdos; ade- auago do suportee conexzo dele a uma fou mals Iampadas; faclidade de insta Tago € conservagao, Com relagio a0 usuario ou grupos de Usudrios: desempenho © confarto visual em razio de diferentes nercepgdes dos objetos; com relacio ao espago © cor do anibienteiluminado, tendo em conta & velocidade com que os othos.fun- cionamns preciso com que uma tara paver ser executada (como, por exem- plo, adequada acuidade visual para aborar trabalhos de desenho, pintura, cinurgias ete; adequagaa de contrastes em cor ¢ lumindncla; problemas com ‘ofuscament (direto: reas muito clara ‘ow indizeto (reflexdo da luz em superli- sie brlhante) que dificultam a visio trazea evidente desconforto. Design do Objeto Bases Concestuais 59 * localizagao, posicionamento ¢ fixagdo da luminaria (ow | conjunto de lumindrias): se sera disposta sobre alguma coisa: apoia~ da cm piso, suportada em parede, pendurada em teto, fixada em poste ete, L Assim, uma vez definidas essas questdes © fatores, pode-se, entio, pensar no seu uso especifico e, atrelado a cle, definir todos os outros requisitos ¢ caracteristicas do produto, como: tipo de luz (se incandescente, fluorescente, a vapor de sédio, mercitrio etc.); tempera- tura (se fria ou quente, colorida); iluminamento (determinagéo do niimero de lux no espaco a ser iluminado). E, finalmente, partir para a concepgao da lumindria, conside- Telefone ~ Fax rando sua configuragao fisica, partido estético-formal ¢ demais atribu- tos ¢ caracteristicas técnicas, como escolha de materiais, processos de fabricagio, tipo de acabamento, sistema construtive, montagem ¢ modo de apoio ou fixagio. Telefone Com o aparelho telefonico, acontece algo semelhante. E neces- sario definir primeiro a categoria e a natureza da comunicacéo e, depois, a categoria, a classe € 0 tipo de telefone que se vai conceber: © aparetho pode ser do tipo fixo ou celular (hoje com varias fungdes ¢ servicos adicionais}. Para uso puiblico, fixados parede em ambientes internos ou em locais ao ar livre. Ou ainda, pode ser que se queira algo mais complexo, como 0 aparelho telefonico fazendo parte de um projeto mais amplo e sistémico, inserido no interior de uma cabine privativa - aqui jé transposto para 0 conceito de posto de trabalho. Cada um destes exemplos pressupde usos distintos ~ apesar de todos eles contemplarem a mesma utilizagéo para comunicagio Telefone piiblico tipo “orellao” entre pessoas. ‘As diferencas certamente dao origem a objetos diferenciados no seu design €, inclusive, geram diversos condicionamentos sociocom- portamentais por parte dos usuarios na utilizagao desses produtos. 0 caso do telefone celular esta se tomanda muito especial, em termos de diversos usos: especificas, em razao do extraordinatio avanco das tecnologias digitais, dos sistemas de comunicagao e do eanceito ¢ possibilidade de miniaturizacto (a tal ponto que quase no dava mais para diminuir o seu tamanho, sob pena de inviabilizé-lo ergonomicamente). 0 interessante & que depots de muito esforgo para toma-lo pequeno, ao contraro, ee agora ‘std voltando a crescer em razio da incorporacio de outros produtos de uso, tais como: ‘méquina fotografica, lmadora, elevisor, computador (e-mails, games, acesso & internet fe), que obviamente requerem tuma ela um pouco maior, compativel para leitur. ‘Assim, em fangio de sua categoria, cpa e modelo (subordinado ao seu desempenho Tuncional e operacional), a configuracio ergondtaica e estético-formal do celular esta, cada vee, dando margem a diversificadas opgdes e solucdes de design. Telefone celular 60 Joe Gomes Fina Revista Super Novela Revista de informagto voltada aos acontecimentos do meio artistico, principalmente, Revista Bravo Revista de informagdo cultural e difusdo de conliecimentos. Voltada, principalmente, a temas mais sérios e impor {antes dos pontos de vista social, politico, econdmico e artistieo, Revista Playboy Revista de informagio voltada & industria do entretenimento, com énfase para abordagens e metérias na linha sensual eric Design Grafico Marcas / Logotipos Design do Objeo / Bases Conceitunis 61 Revista ‘A mesma considera¢ao pode ser feita em relacao aos produtos grificos. Uma revista, por exemplo, tem como uso principal a divulga~ io de informacées e conhecimentos variados. Para que ela seja conce- ida, projetada ¢ produzida é absolutamente necessirio definir seu uso especifico, que ¢ identificado por seu conteiido editorial, matérias fixas ¢ especiais, reportagens etc., mais seus amincios publicitarios, e envol- ve, ainda, a definigao de sua categoria, classe € tipo, tendo em conta seu piiblico-alvo, Leva em consideracdo, também, os demais atributos e caracteristicas de revista, como: dimensio, formato, aspecto estetico-for- mal, padrdes técnicos e niveis de qualidade de claboragio © producao, tiragem, e assim por diante. Marcas Outro exemplo oportuno em Design Grifico diz respeito a cria- ao de marcas. Como se sabe, a marca é um conjunto de elementos grifico- visuais, geralmente padronizados, e pode constituir-se em um nome, um simbolo grafico, um logotipo ou na combinago desses elementos. Sua concep¢io tem como uso principal identificar algo, visualmente. No context empresarial, a marca é utilizada, principalmente, para identificar produtos ou servicos de uma empresa € diferencié-los dos concorrentes. & formada pelo conjunto das percepgées, tanto a partir de seus consumidores como de seus funcionarios, ou ainda de outros grupos de interlocutores e do mercado como um todo. Essas percepcdes sio frutos de visdes externas e internas em relac&o a diver- sos aspectos da empresa: de seu porte ¢ objetivos, de seus procedi- mentos, de posturas diante do mercado, da qualidade dos produtos fabricados € servigos prestados. Em termos praticos, a imagem corporativa de uma empresa € reco- nhecida, primordialmente, pelo tipo de uso de sua marca. E, a partir disto, pela concepsao © a aplicagao de todos os outros elementos que a identificam junto a0 piblico, tais como: produtos, papelaria, sis- temas de comunicagao, orientagao ¢ sinalizagao internos, uniformes de empregados, pintura de seus veiculos, campanhas ¢ anincios publici tarios ¢ outros em razio da natureza de suas atividades, E ainda por meio do estudo de seu uso especifico (sobretudo em relacdo & andlise do repertério cultural do seu puiblico consumidor) que a marca pode ser claborada dentro de distintos tipos de configuragies, como: 62 Figurativa Marca que possui forte cardter de denotago do seu significado ©, portanto, de facil e répida compreensio pela maioria das pessoas, Identificadas por imagens fotograficas, desenhos, ilustracdes ¢ outros meios, Abstrata Marca que busca conotar determinado significado. Sua confi- guracio é de dificil compreensao e sua decodificagao exige mais tempo de observagéo. Destina-se a um publico com maior grau de informa- do. Pode inclusive dar margem ou permitir diversas interpretagdes semanticas. Logotipo Marca que denota instantaneamente o significado que se deseja transmitir. E configurada por uma forma grafica especial de palavra que se caracteriza por uma personalidade prépria. Elaborada por tipo- grafla existente ou modificada parcialmente, criada especialmente ou, ainda, trabalhada com interferéncia sob a forma de desenhos, ilustra- goes etc., de maneira singular, Abstrata associada com logotipo 0 logotipo associado & marca abstrata ajuda a denotar seu sig- nificado, 0 que facilita a sua decodificagao ¢ compreensio. Figurativa associada com Denotacéo instantinea do significado que se deseja transmitir. 0 logotipo reforca a informagao. De todas as configuragdes de marcas, € a mais legivel e de compreensio mais facil e répida. Marca figurativa esquematica da bicicleta Monark Denotagio de cilista andando no veiculo, Banco Bradesco g Joti Gomes Filho Design do Objeto / Bases Conecituals 63 Logotipo Shell Aplicada em totem de comumicagao visual Academia Mizuki Exemplos de aplicagdo de elementos graficos corporativos da academia Mizuki: fachada, placa de estacionamen- 19, uniforme dos professores, totem de comunicagio visual. mize Logotipo da Coca-Cola e elementos graficos coadjuvantes Aplicados em caminho. Marcas e aplicagées Academia Mizuki Conjungao de dois logotipos. Denotados, com sigiificados reforcatlos, nos idiomas portugués e japonés. Ambos rrabalhados tipograficamente, Logotipo Coca-Cola Denotaao da palavra Coca-Cola com tipostrafia trabalhada, acrescida de elementos coailjuvantes, variéveis, como © slogan “enjoy”, abaixo, @ identiicacao de marca registrada e 0 desenho da vinketa ondulada, Marca abstrata associada ao logotipo Bradesco do banco A frente, marca-eseultura ent formato tridimensional, Marca-logotipo do restaurante Viena Ao logotiv eons asuciado o desentinfigurativo de untcopo de Chape kuldo visual que ajuta @desper- eee O4 Design de Moda Produtos da Moda No Design de Moda acontece a mesma coisa. No vestuario, na decisto de conceber um vestido, um temo, uma camisa etc., € necessario pensar ¢ estabele- cer seus usos principal ¢ especifico. Levando em conta, por exemplo: os fatores de estagao do ano, estilo, cores, acabamentos, modismos em voga, faixas de prego ao consumidor ¢ outros. Assim, o designer precisa utilizar seu repertério cultural e té&- nico ¢, ainda, buscar outras informacées de variada natureza: concei- tual, cultural, socioeconémica, politica, tecnolégica, publico-alvo etc. Inclusive considerando os objetivos estratégicos de qualidade (refleti- dos nos produtos fabricados ou comercializados pela empresa), seus objetivos de marketing, ¢ assim por diante, Em resumo, tudo isso deve ser pensado ¢ articulado no estu~ do especifico de uso. Os exemplos dados podem ser extrapolados para quaisquer outros objetos ou temas com os quais o designer teré de lidar para sua tarefa de concepgao € desenvolvimento do projeto do produto. Joo Gomes Fitho OM AMARA La operacionalidade do produto 65 66 Roupas ‘As roupas, apresentam umta sétie de agBes de manuscos e controle operacionais. Desde 3 mais simples a05 mais trabalhosos ¢ delicados. Como vestir ou desvestir calenhas, crueeas, meias, 10a, calgas, camisas, blusas, camisetas, cosacos, vestidos, suas, cintes, suspensérios, chapéus, bonés, calgados e ouaos tantos acessbrios, S40 atos relizados por mefo de (echarfabrir, antarrar{desamarrar, lacar/desenlacar, enfiarjdesenfiar, cal Garidescatar,colocarfetrar, puxarfemparrar cc, diversas dispoxtivos ou mecanismos, como: botbes, ziperes, cadargos, tiras de velero, ganchos, e assim por diane, Golfe Na pritica do golfe, sio muitos 08 tpos de manuseiss ¢ contoles E um esporte alta mente complexo em termos de ages operaciorais. Dependendo do tipo e das condlicdes climavieas, da natureza e topogratia do terono, as distincias a serem veneidus tty 0 jogidor ¢obrigido nio 36 a mudar de taco que sto diversos (inclusive, com varios for ‘natos fiscos de cabeces}, como também sua postura cosporal, em fangao de cada tipo de jogada, 0 que envolve diferentes posicionamente, orga exercda, habilidade, pree= so e sensi Notebook Ades que exigem im pouco mais de habilidade em raz0 dos variados tipos de opera- $085. Destacando-se as operagées de trabalho nos atos de deslocar, pressionar e soltar ‘mouscs, canetas € tetlas, em movimentos alternados © combinailos seqilencialmente, Interessante notar que, nesse e250, além dos manejos fsicos, propriamente ditos, existe também o manejo virtual referente as agbes exccutadas durante a navegagdo pelos pro- gramas graficos, nas tarefas de digitagto, desenho e ilustrago. Agées de manejo Jota Gomes Filho oF Design do Objeto / Bases Conceituais A operacionalidade do produto € vinculada intrinsecamente & Base Conceitual de Uso ¢ 4 Ergonémica na relagéo usudrio-produtos industriais. Em design, conceitua-se a operacionalidade como sendo: “as ages ou atos fisicos realizados por qualquer usuario para utilizar um produto e fazé-lo funcionar e, de modo amplo, para mancjar ou controlar qualquer coisa.” Essas agdes fisicas se dao por meio de qualquer tipo de movimento executado pelo usuirio, tais como os atos de manuseio, controle, manipulacdo, acionamento, ajuste, toque, regulagem, sinto- nizagao ete. No tocante a produtos, referem-se ao uso de dispositivos operacionais, como: chaves, manivelas, alavancas, pedais, botdes, teclas, interruptores, macanetas, fivelas, ferrolhos, trincos, soprado- res, sugadores, caleadeiras, cadargos, ziperes, tiras de velcro, fitas adesivas, mouses, canetas dpticas etc. Esses dispositivos sao utilizados para, por exemplo, ligar, desligar, interromper, frear, acelerar, pressionar, regular, folhear, dobrar, abrir, fechar, pegar, prender, amarrar, segurar, soltar, travar, introduzir, reti- rar, soprar, sugar, navegar virtualmente, e assim por diante. A realizagaio dessas agdes, logicamente dependendo do tipo de objeto, pode envolver o uso de diversas partes do corpo huma~ no em miovimentos isolados, combinados ou sincronizados (de maneira pontual ou seqtiencial) entre si, envolvendo: cabega (incluindo especialmente boca, dentes € lingua); pescoco, tronco, membros superiores (ombro, braco, antebrago, cotovelo, punho, mao e dedos); membros inferiores (nadega, coxa, perna, joelha, cal- canhar, pé ¢ dedos). A operacionalidade de produtos abrange desde agdes muito sim- ples, como acender um isqueiro, folhear um livro, vestir uma roupa ete. até produtos sistémicos altamente complexos, como os existentes em postos de trabalho de acronaves modernas, em que as operagées so realizadas por meios diretos e/ou indiretos (a distancia) em modos de operagio manual, semi-automatico ou automatico — utilizando-se principalmente maos, dedos e pés. Como se infere, a operacionalidade do produto € de suma importancia € esti ligada a elementos ou mecanismos de agio que necessitam de projetos criativos com solucées inteligentes, principal- mente, com forte énfase na Ergonomia do Manejo ¢ Controle. Significa, em tltima instancia, proporcionar ao usuario segu- ranga, conforto ¢ eficdcia na utilizacao do produto, aliados, de prefe- réncia, aos fatores conceituais de simplicidade de manuseio € aciona- ‘mento operacional. 68 Joao Gomes Filho Manuseio Operacional / Dispositivos de Agao 0s produto iustrados apresentam manuseos operacionas de dspostvos extema- mente simples. Envolvcm pequenos movimentose pougutsimos esfargos Fisos tell Baio eearasea sete eta Interruptor Alo operaclonal de movimentar com ums dedo uma dlminutaalavance, para cima para bateo (os para dentro e para fora). ecendendo ou apagando a uz Isqueira Ato de pressonar com odedo polear uma alavanca para baleo gu, ao ghar um tam bor, provoea, por melo de centli, a chama de fogo, Em sequid,sollasea alavanca para apagila Chave ‘Ato de introduzir e girar uma chave na fechadura, com os dedos polegadar ¢ indicador ~ para dircita ou esquerda ~, fechando ou abrindo e, em seguida, retirando-a para fora CD musical Envolve agao de abrir o drive do aparelho, com simples toque com 0 dedo em sua tecla, pegar 0 CD, pela borda, com a ponta dos dedos, deposita-lo no drive e feché-to VE AMA aT AMEE ergonomia do produto oo 70 Jodo omes iho Diagrama do Sistema Homem- Maquina-Ambiente - SHMA Ambiente geral Tuminacéo - ventilagdo ~ temperatura ~ qualidade do ar - ruide - umidade ~ limpeza - chuva - vento - outros Maquina Homem Dispositivo de ss Sexo < Informagées. Receptore: —& infor 6 eceptones sensoriis, g Instrugio | Dispositivo de Cen Sistema nervoso _ Treinamento = a iéncia © Sune controle central Bsperiencia Motivagio i Realizacao Mecanismo interno Agdes Agee dase 2 muscular Outros Ambiente mediato Dispositivos operacionais - dispositivos de controle ~ dispositivos de informagao ~ arranjo fisico espacial - equipamentos ~ mobilidrio - outros * Representaco esquemética dos prinetpais fatores que influenciam o desempeno do Sistema Homemt-Maguina-Amblente, (GOMES, 2004) Relagao Usuario-produto Interfaces de uso simples Calculadora Neste exemplo, 6 usutirio interage dlalogando com a caleuladora por meio de taques em suas teclas ¢ obtém a respusta desejada inscrita no visor da maquina, Vestuario No uso do vestuario, 0 usuario interaye nos momentos de vesti-o e tiri-lo e a0 longo de sua utilizacho. Design do Objeto | Buses Conceituas 71 cquipan As bases conceituais da ergonomia do produto sao intimamente ligadas as bases conceituais de uso, de operacionalidade ¢ dos niveis de informacao do produ- to, no contexto das inter-relagdes das funcdes pratica © estética Desse modo, em qualquer Sistema Homem- ‘Miquina-Ambiente — SHMA em que se estabelega uma interface efetiva de uso, a reflexdo ergondmica se impde e € indispenstvel para aleangar a melhor solucao projetual para 0 produto a ser concebido. Para a consecugio desse objetivo, o designer deve possuir um repertério de cultura ergonémica que o habili- te a emprega-lo de maneira inteligente. Particularmente nestas bases, destacamos trés pardmetros ergondmicos essenciais para o design do produto, que sao: analise da ‘tarefa, requisites projetuais € a ergonamia do mania, a seguir expli- citados e exemplificados: Andlise da tarefa A anillise da tarefa diz respeito, principalmente, ao estudo das bases conceituais de uso, de operacionalidade, dos niveis de informagio e estético-formal do produto na relaciio do SHMA. Isto exige, necessa- riamente, a observacio e a investigacdo de como o usuario utiliza ou ‘vai utilizar o objeto {desde os estados mais simples aos mais complexos de manejo). A partir dai, o designer deve inferir como o usuario perce- ‘be o produto em termos dessas ¢ das demais bases conceituais even- tualmente envolvidas — simbilica, semiética e ténica. Nessa andlise da tarefa, so detectados os problemas que pode- ro surgir no uso do objeto. 0 trabalho praticamente fornece os princi- pais dados ergondmicos que subsidiam melhor desenvolvimento e ade- quagio do design do produto. Os exemplos da relagdo usuario-produto, colocados ao lado ¢ definidas a seguir, ilustram os niveis de complexidade de utilizagao que, nesse contexto, devem ser objeto de reflexéo, andllise, pesquisa € estudo. Interfaces de uso simples A rigor, sio todas as tarefas que nfo exigem dos usuarios maio- res dificuldades de treinamento, habilidade e experiéncia, em razdo da baixa solicitagao de esforgo fisico e mental. 72 Joo Gomes Fao Relag&o Usuario-produto Interfaces de uso complexas Cabine do trem Posto de trabalho do Mettd da linha leste-oeste de Sto Paulo, Relagi operador-console de opcracko-assento-con- igdes ambientais. A conduct do trem exige muita atencao, treinamento © experiéncia adequada do operador. Consult6rio odontolégico Na relac20r dentista-auxiliar ( paciente-cadeira / instrumentos operacionais { condigdes ambientais, a trabalho ordontolégico envolve niveis de operacionalidade complexos. Sobretudo para cirurgias importantes, em que se exige esforgo fisico © mental e muita experiéneia (treinamento ¢ lbabilidades especificas). Motocicleta Poslo de trabalho ou de atividade mével. Relagdo:piloto-assento-guidao-pedais-insrumentas operacionais, A con- ‘dugdo do veiculo exige trehnamento, experiencia, atensao e, sobretude, preparacdo técnica Fisica do usuario, Posto de trabalho computador Relacio: operador-assento-computador-periféricos-condicoes amibientas. Trabalhos mals sofisticados exigem do operador formacso adequada, razodvel treinamento © experiencia, Principalmente para es tazefas que demandam: 0 uso de programas mais complexos. Manejo Dependendo do biotipo, estatura etamanho trico dos individues, todos os atributos ¢earacteristcas ‘enfondmicas podem variar « influenciar decisivamente a qualidade desejada ou do mangjo 20 se realizar um trabalho ou outma aiividade qualquer @ medida de estatura da rmuthere do homem e mostra a8 variagbes do corpo para diferentes dimensbes, inclu- sive para o caso especial de mulher grivida, *Populagto norte-americana. (DIFFRIENT ct al, 1974) Design do Objeco | Bases Conceituais 73 Interfaces de uso complexas Nos exemplos mostrados, o tipo de interface entre usuario ¢ produto é mais complicado. Nela configura-se o sistema homem- maquina-ambiente, de modo completo. Principalmente, por meio das relagdes ergondmicas que se estabelecem mutuamente. Nesse caso, as solucdes devem contemplar os conceitos, normas ¢ procedimentos ergondmicos aplicados ao dimensionamento de postos de trabalho e aos demais sistemas técnicos de conforto ¢ seguranga. Requisitos projetuais 0 projeto de qualquer produto requer solucdes ergondmicas adequadas que implicam o correto dimensionamento de seus elemen- tos configuracionais. Inclui, principalmente, o estudo apurado de rela~ es antropométricas e biomecanicas, essencial no que se refere a produtos sistémicos - com destaque especial para os consubs- tanciados em postos de trabalho ou postos de atividades. Esse trabalho envolve andlises e solucdes projetuais para variadas relagbes de uso ¢ de operacionalidade na obediéncia a parametros ergonémicos basicos que devem ser levados em conta (GOMES, 2004}. Como, por exemplo: © A correta adequagao dos alcances fisicos dos usuarios ou operadores em envoltérios de trabalho, dentro de condigées de usabilidade com conforto ¢ seguranga. * 0 respeito aos esteredtipos populares, alusivos as priticas de uso consagradas pela maioria dos usuarios nas interfaces de utilizagio do produto. Necessario ter em conta, de modo especial, as pessoas nao destras (canhotas). * Visibilidade, legibilidade e compreens4o adequada das infor- mages inscritas no produto, ou no posto, por meio de um design gri- fico eficaz - levando em consideragao as informacées de identidade visual, de caracteristicas de instrugdes de uso, de caracte- risticas técnicas e das intrinsecas ao proprio objeto. * Adequagao da melhor postura possivel do opera- dor em seu posicionamento de trabalho: sentado, de pé, recostado ou deitado e considerando-se também outros tipos (mais finos ou mais sutis), no que se refere, principal- imente, A postura de maos e pés no uso do produto para operacées mais especificas ou especiais, como no trabalho asbes exercido por profissionais cirurgiées, joalheiros, mtisicos, digitadores e outras tarefas assemelhadas. * Provimento de condigdes adequadas no espago de trabalho, com relagao aos sistemas técnicos de ventilaczo, calefagéo, ilumina- 40, protecaio termoactstica ¢ outros. Exemplo bem caracteristico, que praticamente contempla todos os parametros expostos acima, é a configuracdo de um posto de com- putacdo grifica. Nele estéo presentes todos os aspectos necessarios de adequacio ao usuario, como os de alcances fisicos, de visualizacao e ‘postura corporal; o correto dimensionamento e especificacées téenicas dos objetos que 0 compdem, como: mesa, cadeira, CPU, monitor, mouse, impressoras ¢ outros periféricos, bem como com relagao aos equipamentos dos sistemas técnicos de conforto ambiental que con- correm para as melhores condigdes de um espago de trabalho. Ergonomia do manejo © manejo € uma categoria conceitual e a0 mesmo tempo um pardmetro fundamental na metodologia do projeto. Como ja dito, ele € definido como 0 conjunto de atos fisicos que se relaciona com 0 uso ow a operacionalidade de qualquer produto. Contempla desde operagées muito simples as mais complexas (aquelas que exijam ou impliquem séries ou seqiiéncias operacionais mais prolongadas) por parte de um usuario ou grupo de usuarios Ele esta, implicitamente, associado 4 acao de algum tipo de con- trole (em condigdes normais, & impossivel utilizar algum produto sem a respectiva ago de controle), seja antes, numa preparagdo, por exem- plo, ou durante sua operacionalidade. Projetualmente falando, quanto mais aprofundado for o estudo do manejo, maior serd a probabilidade de prover solugdes adequadas ao design de dispositivos fisicos de manuseio agregados ao produto. Importante lembrar que, em razdo da dbvia exercitagao € fre- aiiéncia das agdes de manejo (na realidade estamos, quase constante- mente, manejando ¢ controlando alguma coisa), estamos ampliando esse conceito para outros usos. Ou seja, nao sé para os produtos indus- triais mas, por exemplo, para as atividades relacionadas a pratica do esporte, miisica, danca, etc., bem como para toda e qualquer atividade do dia-a-dia, Em design, uma das areas em que 0 estudo © a pesquisa do manejo ergonémico estio mais desenvolvidos se relaciona aos siste- mas de producao que tratam, sobretudo, do manejo de maquinas, equi- pamentos, ferramentas, instrumentos e outros acessérios, situados em maior quantidade em postos de trabalho ¢ linhas de produgao nas empresas, aio Gomes Fiho Design do Objeto Bases Cone Para efeito dessas Bases Conceituais, 0 conceito de manejo abrange todas interfaces de uso ou de exercitacdo de agdes operacio- nais. Isto posto, podemos dividir 0 manejo em duas categorias: Manejo simples e médio Envolve agdes com menor quantidade de atos operacionais como: ligar maquina / apertar parafuso | amarrar cadargo de sapato | prender relogio no punho | acender cigarro | folhear jomal / virar pagina de livro | pular corda / vestir roupa / abracar / beljar / escovar dentes e outros. Manejo mais complexo Exige maior mimero de atos operacionais, maior freqiiéncia, maior velocidade, maior tempo, maior concentragdo mental ou psico- Jogica e, eventualmente, maior dispéndio de fora, como: digitar texto longo / andar de bicicleta | pilotar aviao / operar programa de com- putacdo gréfica (incluindo sen manejo virtual) | disputar partidas esportivas assim por diante. Voltando ao produto, no estudo lo manejo € necessario destacar alguns conceitos relacionados as caracteristicas do usuario ¢ aos atri- butos € niveis de qualificagao, que precisam ser considerados para dire- cionar, com informagdes basicas, 0 adequado design dos dispositivos operacionais (volantes, alavancas, manivelas, chaves, botdes, teclas, pedais, plugues, cabos e outros), a seguir colocados. Caracteristicas do usuario Toda aco de manejo implica, necessariamente, o conhecimen- to a priori de algumas caracteristicas basicas do usuario, quando se tem por objetivo conceber, projetar e dimensionar os elementos opera- cionais de um produto, Este é um assunto bastante complexo, uma vez que pode envolver, muitas vezes, longos estudos pesquisas para a obtengdo de dados precisos € confidveis para o projeto. Entretanto, estio relacionados, a seguir, alguns fatores principais que influenciam decisivamente a interface de uso dos objetos de maneira geral. Caracteristicas individuais Estudos em antropometria apontam para a existéncia de dife- rengas dimensionais significativas comprovadas entre os individuos brancos, negros ¢ amarelos € os seus variados graus de miscigenacao. Assim, no projeto de qualquer objeto, ¢ necessario levar em conta notadamente os estudos relatives as varias faixas dimensionais (per- centis ergonémicos). 76 Joe Gomes Filho Férmula 1 0 cock-pit do carro de comida apresenta uma caracteristica notavel que & 0 fato desse posta de trabalho ser dimen- slonado “sob medida” para o sew ocupante, Aqui, o manejo © 0 controle das agdes sap executados envolvendo Toxlo 0 corpo e atencao do piloto. A comecar da cabeca, que vibra muito a0 longo da corrida; tronco, em posigio ‘bem reclinada; e bragos € pemas estirados, dos quais se exlulem razoavel eneriia © forca Abrange todos os atributos erondmicos j4 citados, aerescidas de outros fatores importantes, como dominio de tensdo emocional, estresse e fadiga. E um esporte de alto risto e, portanto, seus elementos e dispositivos de mane fo devem concorser para a maior eficicia possivel do piloto que, por sinal, deve ter também um excelente prepa- 10 fisico € psicologico. 0 nivel de manejo mais fino refere-se as agdes de controle do acelerador e de frenagem em conjunto com 0s atos operacionais de compatibilidade e sineronismos na condugae do veiculo, Automovel A mesma coisa acontece nos posios dos automdveis, com diversos tipas de atos eperacionais. Destacando-se as ages realizadas na conduggo do yeiculo ¢, sobretudo, nas acdes que exigem sincronismos operacionals simulta neos, como: mover 0 volante, frear, acclerar/desacelerat, mudar as marchas do cambio, olhar 0 entomno ele. Aviao 0 avido é um exemplo tipico de inumeriveis tipos de agdes operacionais, das mais simples 4s mais camplexas, que cxigem habilidade, preciso © treinamento adequado, Destacando- se, sobre(udo, as agbes realizadas na cabi- be de comando, por meio dos mats diversificados elementos, disposiivos © mecanismos de operacionaidade, Ergonomia do manejo e controle ‘As miquinasoperatrizessto_um dos componentes dos sistemas de produgto mas Indistas. Envolvem dife- rentestpos de manejo e conroles, como: gat deslger, aclonar, apertay, regular e ajustar dlveses spon fivbe ¢ comands dpericdin Nar extpresas, Co tipo de mance con ests « pesquises aut Heavy dos no Brasil e conta com razodvel literatura € experiments eristentes Determinadas agbes de manuselo,operaslo ou controle sto extremamente simples. Como, por exemplo, shit ou fechar umn entbalagem de CD, 0 ato de tocar um aperto de mos, de flhear uma publicagao, determina. des postas de trabalho, como na bilereria do Net de Seo Paulo, ats operagoes simples de compra e vena ie lex Ouse tsn aes Mu ad een da eke Gaia OBEY pntcarcats eins apt cone eae cate eee pat ae eel Exisem agdes de mangjorealizadas, quate que automaticaente, no coidimno das pessoas e das quas pouca nos aercchemos, Caso pice € oda eolocag de roupase acesrios, como: vest alga, abotom, prender, amarrat,pressionar ete, queso também aios muito simples e que ndo exigem esforgos especial, sraas 20 Caer! ‘A colocagio ou retirada de um brineo na orelha, ependend de seu modo de fxagso, pode exiir do usuério ages deicadas de habildad,precsi, snsfbiiade c azodvel experiencia, Eo tipo de ato operacignal rea Tao Sobretido por meio a sentido til, fa que ousudro manuseiao hrinco sem vere dispositive de xa fee acre Design do Objeto f Bases Conceituais 7 Instrumentos musicais Os instrumentos musicals exigem agdes oneraeionais que abarcam, com exeecéo da atributo de fares, todos os demais atzbutes exgondmicos de sensibilidade, habilidade, preciso, treinamento e experiéncia ‘Misicas executadas por trios, quartelos, orquestras etc. exigem também alto grau de sincronismo, harmania e eom- patibilidade musical entre os instrumentos usados por esses grupes. Obviamente, aqui nfo existe resiricSo quanto & faixa etéria, apenas um bom prepato fisico para aucdigOcs prolongarlas. Quanto & qualificagao do manejo, isto depen- e do instrimento utlizado e do tipo de misica tocada, e situa-se, normalmente, entre o manejo fino ¢© muito fino. Computagao gréfica © mango dos elementos como teclas, mouse, cancta dptica etc tos Posto de-abalko de computatao erica, eee eee cate lic alt eet eee eae eh eee eel Sores eta etcetera ate nee nee eee il rch eae ee detente needa aig cea arena ten areata ate eee pi ceemin tea ees Centro cirtirgico 'Nos postos de trabalho em centros cirirgicos, a maioria das operagdes exige agDes que abrangem todos os demas atributos ergonémicos de sensibilidade, habilidade, forca (em alguns casos), precisio, treinamento muita expe- riéneia por parte do corpo médico e de seus auxiliares. Fatores acentuados, prineipalmente, pela responsabilida~ de de se estar lidando com seres vivos. ‘Mormente exigem um bom preparo fisico em operagdes protongadas, sobretudo do cintrgiao principal. 0 nivel de qualificagao do manejo, dependendo do instrumento utilizado, situa-se entre o manejo muito fino € 0 fino. 78 iatipe Antropometricamente, os individuos sao clasificados em tres biotipos - que sofrem influéncias determinadas por einia, sexo, idade ¢ habitos alimentares, entre outros fatores: + Endomorfos: individuos que apresentam formas arredondadas © macias, bragos curtos e flacidos e muita gordura, * Mesomorfos: individuos do tipo musculoso, com formas angulosas, ombros € peitos largos e pouca gordura. * Ectomorfos: individuos com corpo € membros longos ¢ finos com o minimo de gordura. * Combinagao dos trés biotipos: fatar que, na verdade, consti- tui a maioria dos individuos. De fato, ¢ dificil encontrar um indivi duo que se situe numa s6 das caracteristicas que definem um biotipo em particular Sexo Fator importante referente As diferengas entre os sexos mascu- lino e feminino. Sabe-se, por exemplo, que, proporcionalmente, 0 homem possui pelo menos 30% de forga fisica superior & mulher. Assim, quando se projetam produtos ou dispositivos que exigem acdes de esforcos, deve-se dimensiond-los ¢ adequd-los primeiramente as mulheres. Por outro lado, existem produtos que sao, pela propria natu- reza de seu uso, melhor utilizados por um ow outro sexo, independen- temente da condigao fisica, do biotipo e do nivel de inteligéncia e cul- tura do usuario. Faixd etdria Na imensa diversidade existente de usuarios (bebés, criangas, jovens, adultos € idosos) associados aos diferentes hiotipos, a idade obviamente influencia as ages, as percepgbes € 0 atributos de forca, habilidade, sensibilidade, preciso, treinamento, experiéncia etc, - no sentido de pior ou melhor desempenho ¢ eficdcia operacional na utili zagio de produtos ou na exercitacao de atividades diversas. Instrugdo O grau de instrugéo do usuario influencia, em geral, sua menor ou maior capacidade intelectual, cognitiva, psicolégica ¢ emocional para lidar com o uso mais adequado de determinados objetos. Sobretudo com produtos mais sofisticados tecnologicamente {uma coisa, por exemplo, € operar um liquidificador ou um manual de ins- trugoes, ourra, € pilotar um aviao) ou, ainda, para exercitar outras tare- fas, como praticar um esporte ou a coreografia complexa de uma danga. Joa Gomes Filho Design do Objeto J Bases Conceituais 79 Atributos e qualificagito do usudrio Os atributos s4o qualidades intrinsecas ou adquiridas pelo indi- viduo por meio de estudo, treinamento e experiéncia, dentre as quais destacamos como as mais importantes: Fabilicduce Facilidade ¢ agilidade na manipulagao do produto ou em qual quer tipo de exercitacao de movimentagio fisiea, Sensi biticleedde Propriedade de perceber as ages a serem realizadas, de manet- ra mais agucada. Ou seja, de agir e reagir 4s necessidades de uso ou operacionais mais sutilmente. Inclusive emocionalmente, quando €0 caso. Forca Capacidade para empreender esforgos que, obviamente, devem ser compativeis com as necessidades exigidas. Precisite Capacidade de agir, reagir ou interagir com exatidao as exigén- cias de uso ou da tarefa operacional. ‘ampattbilidade Coeréncia em relacao as agdes desenvolvidas durante a tare- fa, principalmente as que exigem simultaneidade de movimentos corporais. Sineronasme. Capacidade de agir, reagir ou interagir em atos operacionais que exijam simultaneidade de movimentos corporais. Tempo prolongado de uso do produto ou da exercitaco da tare- fa. Caracterizado pela repetico constante ao longo do tempo. Experiencia Conhecimentos adquiridos ¢ acumulados ao longo da vida. Diversidade Fisica e Sensorial do Usudvio Como se sabe, é de praxe na indiistria a concepgao e a fabrica- cao de produtos tendo em vista sua utilizagao por pessoas saudveis. Porém, cabe destacar que boa parte de usuarios nem sempre esta no 80 vigor de satide fisica e mental, Em razio desse fato, distinguimos dois fatores importantes que devem ser levados em consideragdo, nao sé para o projeto de elementos de manejo, mas para a concepgao do obje- to como um todo, incluindo o planejamento, os espacos ¢ as dimen- sdes apropriadas para interaciio, alcance e uso do produto. O primeito fator diz. respeito as transformagdes € aos conse- qiientes processos de degradagao natural do corpo e da mente do ser humano, desde a infincia até a velhice. 0 segundo conceme, mais particularmente, as pessoas portado- ras de necessidades especiais (PNES). Refere-se aos individuos que pos- suem deficiéncias de habilidades, conseqiiéncia da perda ou anormali- dade de wma parte da estrutura do corpo ou da funcao corporal, em termos fisiologicos, incluindo as funcOes mentais. Nesse sentido, a ergonomia, a partir de sua propria conceitua- sao, guarda estreita ¢ intrinseca relagdo com o chamado Design Universal (ASLAKSEN et al.), que tem por objetivo desenvolver teo- rias, principios e solucées visando possibilitar que todos utilizem, até onde thes for possivel, as mesmas solugoes fisicas, Quer se trate de objetos em geral, de edificios, ambientes, areas exteriores, meios de comunicagdo e, independentemente do tamanho, postura ou mobilidade do usuario, reconhecendo ¢ respeitando a diversidade fisica ¢ sensorial entre as pessoas. Por sua importancia, destacamos os seguintes pressupostos do Design Universal para o design de produtos ¢ ambientes: 1, equiparagao nas possibilidades de uso; 2, flexibilidade de uso; 3, uso simples e intuitivo; 4. captagao da informacao; 5, toleraneia para o ero; 6. dimensao e espago para uso ¢ interacao; 7. acessibilidade fisica: garantia de mobilidade ¢ usabilidade para qualquer pessoa, em todos os espacos; 8, acessibilidade virtual: garantia de mobilidade e usabilidade de recursos computacionais. -celtos pa Jodo Gomes Filho Design do Ghjeto / Bases Conccitaais Si Esportes Na exercitagdo de agoes aperacionais nas esportes, de modo geral ~ sejam individuats como naiacso, golfe, pugilismo ete, ou coletives, como futebol, basquetebol, voeibol, hhandebol, polo e outros (Sobretudo estes que se caracterizam por atos de contatos cox yporais, ~ as agbes de manejo © contvole sao bastante diversificados em fungio da maior ou menor complexidade do jogo. Isto se deve & variedade infnita de jogedas, de rmovimentos e combinagées deles, de tipos de ataque e defesa, de nimero de jogadores € tempo de duragio. Aqui 0 atributos erzondmica sto todos uilizados: sensibildade, babilidad, owe, idade adequada, trinamtento, experiéuca, compatiildade,sincronismo e bom preparo fisco. G manejo também varia muito em raz40 de cada tipo de mavimento, de contato cor= poral, pegada, intensidade ete. Muito fino, fino, médio, grosseiro e muito grosseiro cm razdo do dinamistno das posturas corporais assumidas c das combinagdes infini- tas a0 longo do jogo nas agdes de cabecear, ehutar, lancar, sacar, pega, arremessar, cspalmag, travar, desviar, chacar, hacer, rebater, gitar, saltar, calr, empurrar, © assim por diante Amamentagao ‘No ato natural de maar obebé instintivamente procura o seo da te ps americano, continuader dos estudos ¢ das investigacoes de C. S. Pierce. Em sua obra Foundations of the Theory of Signs (1938), diferencion trés dimensOes semidticas: dimen- io sintatica, dimensdo semantica e dimenso pragmitica." (QUARANTE, 1992) Objeto Segundo B. E, Burdek (citando Gudrun Scholz}, “Todo abjeto ¢ signo ou portador de significado em suas dis- tintas funcdes. Os objetos carregam consigo informacoes, refletem determinados us0s, sto signos de uma determinads posicdo social e de um nivel cultural determinado, A dimensto semiética abarca desde as indi- cagdes ligadas &s fungOes até o simbolo independente que, por sua vez, pode conter os mais diversos signi- dos semi6tiens e de contesido.” (BURDEK, 1994) Denotagao Denotar. Revelar por meios de notas ou sinais. Signiticar,simbolzar, indica, exprimir. Fazer notan fazer ver, rmanifestar. Conotagao Conatar, Relagdo que se nota entre duas ou mals colsas,Sentido tanslato, ou subjacente,&s vezes de ter sub- Jetivo, que uma palavra ou expressto pode apresentar paralzlamente & acepeto em que & empregada Design de cadeira Exemplos de modelos: cadeira para uso residencial do tipo similat'a ono, simples, para ‘trabalho em empresas e do tipo sofisticado para altos execu Design do Objeto Bases Caneeinais a8 ‘As bases conceituais sobre as dimensdes semidticas guardam estreita relagao com as fungOes pritica, simbélica, estétiea ¢ as bases conceittiais da ergonomia do produto. Insere-se no processo de comu- nicacdo na relagao usudrio-produto. Elas tratam, principalmente, dos significados denotativo, conotativo ¢ simbélico que um produto, como signo, € capaz de transmitir para 0 seu usuario. Esse processo de comunicacao se da por meio dos diversos at butos do produto, tais como: aparéncia estética, estrutura fisiea, padrao tecnoldgico, qualidade de acabamento superficial, tratamento cromitico, ordenamento dos seus elementos constituintes ¢ funcionais ¢, eventualmente, pode incluir valores sensiveis, emocionais. Naturalmente, tudo isso concorre para produzir diferentes modos de percepcao e agdes comportamentais do usuario em relagao a leitura, a imieragio ¢ ao uso do produto, Desse modo, essas bases conceituais sio empregadas aqui como suporte para analises e interpretagbes no que se refere a capacidade que tem um produto de comunicar alguma coisa ao seu usudrio-receptor, por meio de mensagens transmitidas em muiltiplos aspectos ¢ inferéncia: como, por exemplo, na leitura ¢ andlise semistica de uma cadeira, Uma cadeira, além dos significados transmitidos por sua propria configuragao e solugdes projetuais (ergonémicas, construtivas, mate~ riais empregados e qualidade de fabricacao), passa uma série de outros simbolismos, dependendo de sua categoria, classe e tipo de utilizacao, Assim ela pode ser, por exemplo, uma cadeira para uso residen- cial, para trabalho numa empresa, para estudo escolar, para descanso em lugar publico. Pode ser de uso de curta ou longa duragdo ou uma cade’ ra especifica para uso de criancas, adultos ou idosos ou singular, como as cadeiras para portadores de necessidades especiais. Enfim, cada modelo de cadeira transmitira, por meios denotati- vos, conotativos ¢ simbélicos uma determinada mensagem ou signifi- cado, nao sé para o seu usuario, mas também para outras pessoas. 0 trono do Papa nao é sé um objeto para se sentar. Ele é um simbolo que irradia poder, dignidade do cargo e pode até despertar certa veneragio religiosa. Uma cadeira de alto executivo (geralmente com espaldar enor- me, feita de materiais nobres © com sofisticada tecnologia) ¢ diferente de uma cadeira mais simples, utilizada por um funciondrio comum. Ou seja, a cadeira do executivo transmite, claramente, um sentida de hie~ rarquia superior dentro da empresa Esse tipo de anélise semidtica pode ser estendido para outros numerosos produtos, como veiculos, mobiliarias, roupas, obras de arte, pegas grificas, ambientes, e assim por diante, 14 Abrangéncia A semidtica abrange um leque de investigacao cultural ¢ de aplicagao bastante extenso, complexo, € abarca diversas areas do conhecimento, Porém, para efeito do desenvolvimento dessas bases conceitu- ais, optamos por fazer um recorte, tendo como ponto de referéncia ¢ de embasamento conceitual o contetido do texto de Charles W. Morris, “Tricotomia dos signos” - apoiado em algumas citagdes, com adapta~ des, da obra de Danielle Quarante (1992). Assim, o texto distingue, hicrarquicamente, trés categorias basi cas, identificadas nas dimensdes sintitica, semintica e pragmitica, que julgamos essenciais para os objetivos das referidas andlises e interpre- tages sobre produtos. Tricotomia dos signos / dimensoes “Transposto e simplificado as andlises de um produto industrial, considerado como portador de signos, tem-se o seguinte esquema tri- cotémico: Dimensao sintatica A sintaxe € 0 conjunto de relagées que existe entre as unidades: palavras, signos ¢ simbolos que formam 0 vocabulatrio, Em design, € o objeto concebido ¢ produzido tal como se apre~ senta e que pode ser descrito pelo ordenamento de seus elementos constituintes. E a estrutura de conjunto do produto. ‘O produto pode ser constitufdo por apenas um componente ou formado por blocos de componentes identificados por sistemas e/ou subsistemas e pecas iso- adas: (Grifo meu) Dimensao semantica A semantica € a ciéncia dos significados das palavras ¢ estuda a linguagem estabelecendo relacdes existentes entre o significado e 0 sig- nificante. Estuda a evolugao dessas relacdes, as mudangas de sentido, a sinonimia € a polissemia, assim como a estrutura do vocabulario. Define-se como 0 estudo das relagdes entre signos lingufsticos, pala- vras, locugdes ou expressdes € os objetos a que se refere Em design, a dimensdo semantica é a dimensdo do préprio obje- to e da coisa significada. E a significacio do produto. ‘As variagdes desta significagdo mudam em fungdo do carater dos objetos, das opgdes de representagao (imagem, desenho, fotografia, Jo80 Gomes Fitha Design do Objeto / Bases Conceituais IIS Tricotomia dos signos: as trés dimensdes objeto real) ¢ de simbolos que Ihes séo atribuidos. A interpretagdo sim- Délica dos objetos € variével para um mesmo valor de uso. Em um mesmo sistema denotativo, existem diferencas, por exemplo, os diferen- tes modelos de um mesmo tipo de produto oferecem valores semanti- cos distintos: (Grifo meu) Dimensao pragmatica Em design, é a dimensao légica, sfo as leis funcionais de utili- dade do objeto, envolve sua descricio técnica, construtiva, padrées exgondmicos, teenolégicos, e assim por diante. Em sintese, revela 0 grau de sucesso do produto. Esta dimensio mmitas vezes corresponde & descricdo publicitéria do produto e aos beneficios esperados pelo usuario. ‘Como por, exemplo, 0 automével Rolls-Royce é um meio de transporte movido por tracéo motora, é 116 potente, seguro, confortavel e duravel, Seu design incorpora todas as conquistas € inovagées tecnoldgicas modemas e praticamente dispen- sa servigos de manutengéo em curto € médio prazo’ (Grifo meu) © consumidor podera, ao longo de algum tempo, confirmar no todo ou em parte estas informagées quando se tomar usuario do veiculo, Como ponto importante, cabe destacar a ampla dependéncia entre as trés dimensées do produto. Essas categorias analiticas estio relacionadas e dependem hierarquicamente umas das outras.” (QUARANTE, 1992) Cabe salientar também que, dentre essas trés dimensdes de ani lise e interpretag4o semidtica do objeto, a dimensio semintica é a que propicia ou dé origem a uma maior possibilidade e variagao de leitura {sempre na dtica e de acordo com o reperiério cultural do usuario~ receptor leitor da informagio) e, por isso mesmo, sujeito as discussées, discordancias e até polémicas, quando confrontadas com outras andli- ses € interpretagdes por parte de usuarios ou outros criticos. Finalmente, é oportuno colocar que esse esquema tricotdmico (guardadas as devidas especificidades) pode ser empregado para a and- lise interpretagio de praticamente qualquer tipo de produto na rela~ G40 de comunicagao entre usuario e objeto. Pode contribuir, inclusive, para a leitura de organizagées ambientais, dependendo, naturalmente, do conhecimento e da experiéncia profissional do designer, na sua capacidade de trabalhar e articular esse conceito em relagdes formais e visuais mais complexas, A fim de tornar 0 exposto mais compreensivo, s40 colocados, a seguir, exemplos de leitura e interpretagado semidtica de diversificados produtos abrangendo as areas do design aqui tratadas, tendo como base de andlise e rebatimento conceitual as trés dimensdes descritas. Design do produto Automével: Rolls-Royce Ward 2000 Dimensdo sintdtics Refere-se & descri¢do do funcionamento téenico, organizacao visual ¢ estético-formal ¢ de suas inter-relagies sistémicas referentes & montagem € & fixacdo das partes € pecas que constituem o veiculo, parte externa: carroceria € seus componentes, como portas, janclas, rodas, pira-brisa, pdra-choques, compartimentos do motor € porta~ malas, grades, fardis, lanternas, frisos etc., € parte interna ¢ seus componentes: volante, painel, bancos, quebra-sol, porta-luvas, alavanca do cambio, revestimentos, ¢ assim por diante, Jota Gomes Fhe Desig do Objeto | Bases Conceituais i117 Dimensao seméntica Diz respeito & signi- ficago do objeto. As varia cées desta significacdo mudam em funcdo da natu- reza do objeto, de simbolos que lhes so atribuides e sobretudo, das conotagbes inferidas sobre ele. 0 Rolls-Royce, no caso, é ‘um automével que passa, sem ditvida, mensagens de status social, presti- gio ¢ altissimo poder aquisitivo de seu usuario. Além dos atributos que Ihe sao inerentes, como, muita poténcia, velocidade, beleza e até emogio advinda ao dirigir um veiculo desse porte. Dimensao pragmittica E a descrigdo légica do produto. De como ele é formado, sao suas leis de funcionamento, condigdes de uso ¢ de utilidade, Muitas vezes, assemelha-se com a sua propria descricéo comercial, como: Rolls-Royce € um meio de transporte movido por trag3o motora, ¢ potente, seguro, confortdvel ¢ duravel, Seu design incorpora todas as conquistas € inovagdes tecnolégicas recentes e praticamente dispensa servigos de manutengio em curto € médio prazo. ° Design grafico Cartaz Dimeusio sintitica Neste cartaz, refere-se a descrigao do contetdo e da organizacio visual dos elementos de sua diagra- macho, de sua aparéncia estético-formal e de stias rela- ces compositivas no que tange a disposi¢ao das ima- gens € do logotipo Kiss. Dimensdo seméntica Neste trabalho grifico bastante expressivo, pode-se inferir, por exemplo, um sentimento ligado perda e a ruptura. Ao corte violento de uma paixao amorosa (denotado pelo proprio nome do cartaz “KISS”, € conotado pelo detalhe do batom € sua cor avermelhada - que na cul tura ocidental, psicoldgica ¢ simbolicamente, remete ao significado de emogao), dramaticamente representado pela lamina cortante de um estilete ao seccionar o batom, 18 Dimensio pragmatica © cartaz publicitério ¢ configurado por folha de papel com determinadas qualidades grificas de tamanho, formato, gramatura, textura, acabamento superficial, cores, tipo de impressao etc. ¢ demais caracteristicas de funcionalidade em termos ergonémicos de discrimi- nalidade € legibilidade de textos imagens. Placas de transito Dimenséo sintdtica Nas placas de orientagao de transito no contexto urbano, a dimensao sintética refere-se & descri¢ao do funcionamento técnico ¢ da organizagao visual dos ele- mentos de sua sinalizacdo: diagramagéo, aparéncia e de suas relagées compositivas nas disposigbes dos clemen- tos representativos das mensagens textuais, icdnicas ¢ cromticas, as quais os motoristas devem obedecer, Dimensiio semantica Nesse caso, a dimensAo semantica absolutamente denotativa. A placa de sinalizacao nao pode deixar diividas quanto ao seu signifi- cado € & sua interpretagdo pelos uswirios-motoristas. Suas mensagens so convencionadas por leis, regras e regulamentos institucionais, reguladas por normas regionais, nacionais e internacionais estabeleci- das por consenso. Dimenséo pragmdtica A placa de transito ¢ configurada por uma base de metal (geral- mente) € com substrato das informagdes tratadas por meio de pintura de protesdo ¢ de acabamento. Com tamanho, formato e cores determi- nadas por padres institucionais, assim como com determinadas qua- lidades gréficas de tipo de impressio dos elementos informacionais obedecendo as caracteristicas de leitura legibilidade ergondmica, sobretudo em telacao ao seu posicionamento no espaco, com distancia © Angulos de visio favoraveis ao motorista. Outdoors Dimensiio sintdtica Organizagao visual dos elementos de sua diagramacao, aparén- cia estético-formal em termos de suas relagdes compositivas, imagens ¢ informagdes textuais, por meios estaticos ou dindmicos (painéis digi- tais ou eletronicos). Jeto Gomes Fitho Design do Objet j Rass Consus Hg ett mo McMenu. Os outdoors, amiincios publicitarios de dimensdes avantajadas localizados ao ar livre (geralmente distante do piiblico leitor), tém como principal objetivo passar uma mensagem extremamente répida, qualquer que seja seu substrato de informagéio: midia impressa (infor- macao fixa), midia eletrOnica (informagdo cinética) ¢ outras. O tipo ea forma de comunicagao séo similares aos do cartaz € a forma pela qual a informacao ¢ passada pode ser por denotacaio explicita ou mais sutilmente por cono- tagdo €, até mesmo, por meio de sublimaco, caso dos painéis eletronicos, por exemplo. Os outdoors, de modo geral, sio estruturados por suportes de metal ou de madeira com substratos da informagao em papel colado, tela em tecido ou eletroni- ca, Possuem formatos geralmente retangulares e gran- des o suficiente para serem vistos de longe pelo piblico transeunte e por motoristas. Aqui também segue 0 que {4 foi dito para o cartaz em termos de padrio grafico, cores, impressio, resisténcia a intempéries ¢ leitura ergondmica. Sab&o Omo Dimenséto sin Funcionamento técnico e organizacao visual dos elementos de sua diagramacao, de seu estilo estético-formal em fung%o de cores e arranjo gré- fico na disposigao das imagens do logotipo Omo ¢ demais mensagens textuais publicitarias, de instrugdes de uso, de funcionalidade ete. do pro- duto embalado. Nesse caso, a aparéncia estético-formal da embalagem visa, por meio de seu tratamen- to formal, conotar dinamismo ¢ limpeza por meio de elementos graficos que passam a sen- sacio de movimento (atrago € apelo visual) € das cores branco azul, tradicionalmen- te conotadas & higiene e & limpeza, objeti- vo ébvio para 0 uso do sabao na remocao de sujeira, 120 Joao Gomes Fitho: Dimensiio pragmédtica A embalagem € configurada por caixa de papeldo, com determi- nado tamanho ¢ formato geométrico. Possui seis lados, ocupados com elementos grificos com variadas informacées: marca, tipo de sabao, mensagens de uso € de cuidados especiais, etiqueta de preco etc. Tudo dentro de determinado padrdo grafico, cromatico € tipo de impressao. Resisténcia adequada do material ¢ adequacao ergondmica. Dimensa&o semantica Por tltimo, sao colocados trés exemplos de leitura e interpreta- 40 de produtos grificos, apenas com énfase na dimensio seméntica: Marca Marca da Rede Globo de Televisdo. Uma das interpretacées semanticas que pode ser feita, por exemplo, é a da representacao do globo terrestre ¢ nele uma imensa tela de televisdo dentro da qual esté representado novamente 0 mundo englobando tudo 0 que nele pode ocorrer em matéria de acontecimentos televisivos: noticias, shows, espetaculos diversos ¢ outros eventos. ‘artaz. Neste cartaz, 0 desenho da letra a, representada pelos dois baila- rinos, evidencia o significado do tango como tradicional genero musi- cal. E, a0 mesmo tempo, o tipo de danga associado a ele, como uma coreografia de grande beleza plastica em que os elementos simbélicos de emocdo, sentimento, paixio etc. séo despertados ¢ transmitidos visualmente pela sensago de movimentos dos bailarinos carregados de sensualidade. Amincie A empresa Benetton ¢ famosa por produzir campanhas calcadas em temas sensiveis (geralmente de caréter politico, sutis e contrastantes, envolvendo tabus sexuais, conflitos raciais, direitos de minorias sociais tc) que induzem a polemicas anélises ¢ interpretagdes seménticas em tomo das mensagens publicitarias veiculadas por seus produtos. TANGO Design do Objeto / Bases Conceituais 121 Design de moda Vestuario Dimensiio sintética Refere-se & descri¢ao e & estrutura visual e estético-formal da roupa, seus acessérios ¢ de suas inter-relagdes sistémicas em termos de sua organizagdo compositiva como, por exemplo, mulhei to calgado, meia, saia e blusa ou homem: conjunto calgado, meia, calca, camisa, paleté, gravata, cinto etc. (e, eventualmente, a decom- posicao de cada um deles), associados a determinados estilos sociais, esportivos ou de trabalho. onjun- atic Diz respeito 4 dimensao do proprio objeto € do que cle pode sig- nificar, As variagoes desta significagdo mudam em fungéo do caréter dos objetos ¢ de simbolos que Ihes sao atribuidos ¢, sobretudo, das conotagoes inferidas sobre eles. No caso do vestuario, essa dimensao cresce em importancia ¢ se diversifica em fung#o dos infinitos estilos ¢ padrdes estético-formais aliados @ imensa diversidade de tipos de vestuarios ¢ acessérios e, ainda, de suas multiplas combinagdes de elementos. Importante destacar que, nesse caso, a leitura ¢ a interpretagao podem ser feitas de dois modos: dos objetos de per si ou do conjunto formado pelo usuario vestuario, caso em que a andlise se estende e fica mais rica ¢ complexa em significados. Dimenséo se Dimensio pragmdtica B a descrigao ldgica do produto ou do sistema de produtos que compiem 0 vestuario como um todo, de como ele é formado. Séo suas normas de funcionamento, de condicdes de uso € de utilidade, da com- binacdo de suas pecas e acessérios, de sua durabilidade, conforto, seguranga, € assim por diante, 122 Classificagéo funcional Ainda como contribuigéo complementar a andlise e interpre- tagdo semidtica no design do produto, sao expostos a seguir alguns conceitos igualmente importantes, retirados da lingilistiea, em que so Propostas numerosas classificagdes funcionais, em particular a de R. Jakobson (QUARANTE, 1992). Distingue, entre outros, os seguintes aspectos principais: Mensagem denotativa / referencial Ea que informa sobre o real, a concordancia entre 0 objeto ea mensagem. Exemplo: placas de sinalizacdo em estradas, que informam 20 usudrio-motorista sobre diversas regras a serem obedecidas, como direcao a seguir, diminuigao de velocidade, passagem de pedestres ete. Sao informagées que nao devem causar ditvidas. Mensagem conotativa / implicativa Ea que se estabelece sobre as relagdes entie mensagem e recep- tor. Supde opgdes que tenham em consideragio as motivagoes do receptor para obter uma reacéo. Exemplo: perfume utilizado para fins de sedugao. Mensagem emotiva Ea que estabelece relagdes entre emissor da mensagem e a men- sagem. Trata-se do campo das conotagdes que poe em jogo o emissor € a maneira estilistica com que se pode traduzir uma informagao. Exemplo: produtos como roupas ¢ acessérios numa dada situacao de uso, fora de um determinado cantexto, como passear num parque ves- tindo um traje de gala. Mensagem metalingiiistica Ea mensagem explicativa, uma linguagem que fala dela mesma, Precisa o significado da mensagem quando houver chividas ou sinal de que 0 contexto deve interpretar a mensagem. Como um dicionario, ins- trumento explicativo de uma lingua que fala sobre si propria. Denotativa referencial Conotativa implicativa rt rer ro Deerert Caan iit Jogo Gomes Fatho Metalingiiistica

You might also like