You are on page 1of 128
Amizade A amizade 6 um sentimento de grande afeicao, de simpatia por alguém. Afeto que liga as pessoas umas as outras. O verdadeiro amigo é aquele que é capaz de demonstrar afeto, admiracéo, companheirismo, tolerancia, amizade pelo amigo em quaisquer circunstancias, seja de dor, seja de alegria. O amigo é capaz de doar-se, de ser generoso em suas ag6es com o outro, de compreender as falhas, de reconhecer as qualidades. A amizade é um sentimento que da confianca e equilibrio em nossa vida! Cultive amigos! Quando o seu amigo cometer um erro, perdoe-o, Faga uma lista dos seus amigos e envie um bilhete dizendo quanto eles sao importantes na sua vida! er 9 A baleia al egre Esopo Uma jovem baleia reinava nas aguas tranqiiilas do mar. Ela era linda, toda azul, ¢ tinha somente a barriga branca. Cheia de alegria e de sonhos, queria conhecer novos amigos e ser amiga de tados. Se percebia uma reuniao de cardume, 14 vinha ela com suas brincadeiras e, por ser téo grande, sempre acabava machueando alguém, sem querer, claro! Os habitantes das aguas, ja sabendo da falta de jeito da baleiazinha, tomavam seus cuidados, mas o que estava preocupando o golfinho patrulheiro é que ela agora tinha resolvido brincar com os pescadores também. E as brincadeiras ocasionavam situagdes sérias. Quando via os barcos de pesca, comegava a saltar e fase piruetas. As ondas que se levantavam com suas brincadeiras viravam os botes e barcos e causavam problemas a todos. E ela ficava alheia a tudo achando que todos gostavam das brincadeiras. Um dia, 0 golfinho patrulheiro chamou-a para uma conversa: — Amiga baleia azul, sei que vocé é muito brinealhona e 10 Ye _sente-se feliz assim, mas as suas _ brineadeiras tém - causado muitos problemas aos _ pescadores. — Oh! E verdade 0 que diz, amigo golfinho? — exclamou a baleiazinha com lagrimas nos olhos! — Nao tive essa intengéo! 56 queria brincar! — Eu sei! Todos sabemos de suas intengées. —E 0 que posso fazer para nao causar mais problemas? — perguntou a baleia. — Vou leva-la para alto-mar. Basta que brinque por 14, longe da costa! — aconselhou ele. E como a baleiazinha tinha um coracao bondoso e nao queria prejudicar ninguém, foi brincar em alto-mar sem prejudicar os habitantes da terra. a @ = Moral: Amigo é aquele que sempre diz a verdade, mesmo que esta nao seja = creditar em si, em seus sonhos, projetos, talentos. & ter dnimo, alegria, entusiasmo para fazer as coisas acontecerem. Autoconhecimento é conhecer a si mesmo, as earacteristicas da personalidade, 08 préprios sentimentos, inclinagées, gostos, preferéncias, necessidades, sonhos, ete. O autoconhecimento é muito importante para a nossa vida. Quando nos conhecemos compreendemos melhor nossas proprias atitudes. Somos capazes de nos perdoar, porque somos capazes de reconhecer nossos erros e recomecar. Quando compreendemos as razées das nossas agdes 6 muito mais facil muda- las quando preciso. ey 17 O ledo eo mosquito La Fontaine Certa tarde, numa floresta distante, o rei dos animais ridicularizava impiedosamente um mosquito dizendo: — Saia de perto de mim, seu inseto imundo, excremento do esgoto! Bicho nojento! Muito irritado, 0 pequeno mosquito resolve declarar guerra ao ledo: — Nao pense vocé que conseguira intimidar-me com a altivez de sua cabeleira e com a posi¢éo que ocupa na cadeia alimentar. Vocé esta enganado! Eu nao tenho medo de vocé, pois muito mais corpulento é o touro e euo conduzo de acordo com a minha vontade! E, decidida, toma distancia e num véo rapide e certeiro atinge o rei dos animais bem no peito. E tem inicio a batalha! O felino poe-se a rugir encolerizado, seus olhos saltam de raiva, a boca incha-se, as presas ficam & vista e toda a floresta se afasta e se esconde em lugar seguro. sO sh, Quem diria... e tudo por causa de um misero inseto! Um mosquito! E 0 mosquito continuava a ofender o rei da floresta de todos os modos. Foram picadas nas costas, no focinho, nas patas, barriga, entrava pelas narinas deixando 0 leaio tao desesperado que, sem controle, se arranhava, mordia sem parar. E, no maximo de sua ira, numa investida final sobre o mosquito, erra o alvo e acerta a si proprio, rasgando seu _ ventre. A fera ainda golpeia o ar e, furioso e inconformado, ja exausto, langa-se ao chéio. Apés a batalha sangrenta, 0 mosquito, orgulhoso e vitorioso, sai cantando vitéria... E na vontade de contar a novidade a todos da floresta, em véo veloz e hilariante, o mosquito é interceptado por uma simples e ) delicada teia de aranha. Apanhado, mantém-se imével esperando pela Morte, fim de suas aventuras. Moral: f preciso acreditar em si mesmo, mas também reconhecer suas i limitacdes ¢ buscar superé-las, Es Como é por dentro outra pessoa — Fernando Pessoa Como é por dentro outra pessoa Quem é que 0 podera sonhar? A alma de outrem é outro universo Com que nao ha comunicagao possivel, Com que nao ha verdadeiro entendimento. Nada sabemos da alma Sendio da nossa; As dos outros sao olhares, Sao gestos, so palavras, Com a suposicao de qualquer semelhan¢a No fundo. Fornando Pessoa, © Eu profundo e os outros Kus, Hd, Nova Fronteira, psig. 179, 1980, Quem se vé Bocage Quem se vé maltratado e combatido Pelas cruéis angustias da vivéncia, Quem sofre de inimigos a violéncia, Quem geme por tiranos oprimido; Quem nao pode humilhado e deprimido Achar nos céus, ou nos homens cleméncia, Quem chora finalmente a dura auséncia De um bem, que para sempre esta perdido; Deixara de viver, quando nao passa Nem um momento em paz, quando tristeza O coracao The despedaca? Ah! 56 deve agradar-lhe a autoconfianca, Que a vida para os fracos é sofrimento E para os fortes 6 esperanca. 20 ie O caminho da vida Autor Desconhecido PB Un dia, um bezerro precisou atravessar a floresta virgem para oltar a seu pasto. Como um animal irracional, abriu uma trilha torta, heia de curvas, subindo e escendo morros. No dia seguinte, um ‘cao que passava por ali sou essa mesma trilha a para atravessar a loresta, e assim veio um carneiro, lider de um rebanho, que z seus companheiros seguirem pela trilha torta; os homens mecaram & usar esse caminho: entravam e safam, viravam ‘Adireita, A esquerda, abaixando-se, desviando-se de ‘obstaculos, reclamando e praguejando, até com um pouco de ‘Yazao... Mas nao faziam nada para mudar a trilha. Depois de tanto uso, acabou virando uma estradinha onde pobres animais percorriam, com cargas pesadas, em trés § uma distancia que poderia ser vencida em, no maximo, hora, caso a trilha nao tivesse sido aberta por um bezerro, Muitos anos se passaram; a estradinha tornou-se a rua incipal de um vilarejo, depois a avenida principal de uma ide, a avenida transformou-se no centro de uma grande épole, e por ela passaram a transitar diariamente le pessoas, seguindo a mesma trilha torta feita pelo ezerro muitos anos antes... Os homens tém a tendéncia de seguir, como cegos, pelas de bezerros de sua mente e se esforgam de sol a sol a tir 6 que os outros ja fizeram. Contudo, a velha e sabia floresta ria daquelas pessoas ‘que percorriam aquela trilha, como se fosse um caminho unico... Sem se atrever a mudé-lo. A propésito, qual é o seu eaminho??? ‘Sy 21 valeu a pena? = Fernando Pessoa Valeua pena? Tudo vale a pena Se a alma nao é pequena; Se acreditamos em nds mesmos, Em nossos sonhos, Em nosso mundo. Vale a pena, se a confianega for grande E a inseguranca pequena. Fernanda Peidoa, O Ba profianda © os outros Kus, Bd. Nova Fronteira, pig. 77, 1980. Eu sou uma pessoa dificil Mario de Andrade Eu sou uma pessoa dificil, Porém culpa de quem é? Todo dificil é facil Basta a gente saber. Basta olhar para dentro, Examinar quem somos, O que queremos E comegar a viver. Ulisses Infante, Textos: leituras @ eseritas, pag. 164, Ed. Scipione, 2000. i 20 “ie k - Regras para se tornar /umano Autor Desconhecido 1—Voeé recebera um corpo. Podera amé-lo ou odid-lo, mas ele sera seu todo o tempo. 2 —Vocé aprendera ligdes. Vocé esta matriculado numa escola informal de tempo integral chamada vida. A cada dia, terA oportunidade de aprender licdes. Vocé podera amaé-las ou considerd-las idiotas e irrelevantes. 3 — Nao ha erros, apenas licoes. O crescimento é um processo de ensaio e erro, de experimentacao. Os experimentos “mal-sucedidos” sao parte do processo, assim como os experimentos que, em ultima andlise, funcionam. 4 —Cada licdo é repetida até ser aprendida. Ela sera apresentada a vocé sob varias formas. Quando vocé a tiver _aprendido, podera passar para a proxima. 5 — Aprender licgdes é uma tarefa sem fim, Nao ha nenhuma parte da vida que nao contenha ligdes. Se vocé esta vivo, ha ligdes a serem aprendidas e ensinadas. 6— “La” sé sera melhor que “Aqui”... Quando o seu “La” ‘se tornar um “Aqui”, vocé simplesmente tera um outro “La”, que novamente pareceraé melhor que “Aqui”. 7—Os outros sao apenas espelhos. Vocé nao pode amar odiar alguma coisa em outra pessoa, a menos que ela ita algo que vocé ame ou deteste em vocé mesmo. 8 — O que vocé faz de sua vida é problema seu. Vocé tem las as ferramentas e recursos de que precisa. O que vocé faz com eles nao é da conta de ninguém. A escolha é sua. 9— As respostas para as questdes da vida estao dentro de voce. Vocé s6 precisa olhar, ouvir e confiar. ; 10 — Vocé se esquecera de tudo isso... e, ainda assim, vocé s e lembrara. tr 23 O guardador de rebanvos Fernando Pessoa Sou um guardador de rebanhos. O rebanho é os meus pensamentos E os meus pensamentos sao todos sensag6es. Penso com os olhos e com os ouvidos E com as maos e os pés E com o nariz e a boca. Pensar em uma flor é vé-la e cheird-la E comer-lhe o fruto é saber-lhe o sentido. Por isso quando num dia de calor Me sinto triste de aproveita-lo tanto E me deito ao comprido na grama, E fecho os olhos quentes, Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, Sei a verdade, sou feliz, Conheco-me. Fernando Pessoa, O Bu profundo e os outros Eus, Ed. Nova Fronteira, pag. 135, 1980. A unica maneira Fernando Pessoa A tinica maneira de teres sensagées novas E construfres-te uma alma nova. E 0 tinico meio de haver coisas novas, De sentir coisas novas é haver novidade no senti-las. Muda de alma como? Descobre-o tu. 24 ieee Fernanda Pessoa, 0 Eu profundo © os outros Bus, Ed. Nova Fronteira, pig. 138, 1980, Autocuidado Autocuidado é cuidar de si mesmo, assumindo o -compromisso de cultivar habitos de higiene corporal, limpeza de cabelos e unhas, lavagem das maos antes das refeigées, higiene bucal, banho didrio, etc.; é ter uma boa alimentacio, como fator essencial para o seu desenvolvimento, assim como ‘a a prevencao de anemia, desnutrigdo, caries, etc.; 6 adotar ‘a fisica adequada; ter procedimentos de tratamento stico da agua; é valorizar exames periédicos como _prevencdo de doengas; é evitar o alcool, o fumo, as drogas em E ainda procurar conhecer-se para controlar os proprios impulsos, evitando, assim, aborrecimentos e constrangimentos desnecessérios; é procurar conhecer os outros e ter cuidado, cautela, prudéncia. Desse modo, vocé nao permitird que ninguém lhe cause danos. Cuide-se! “ty 2 Uma vez, um lobo faminto caminhava em busca de comida e avistou de longe uma cabra que pastava sossegada em cima de um rochedo, O lobo, entao, correu até 14, diseretamente, como se estivesse passando. Fingiu espreguigar-se e olhou para cima ao concluir seu falso bocejo. — Nossa! Que perigo, dona cabra! Desca jé dai! A senhora pode cair e eu nao quero ser testemunha da tristeza de sua famflia! — disse ele de modo carinhoso. A cabra olhou para baixo sem dizer nada. —Venha ver... que relva maravilhosa tem aqui para vocé — se fartar... Mas a cabra conhecia os truques do lobo e sabia que ele nao tinha condigées de subir até 14, por isso queria que ela descesse. — Obrigada por se preocupar com minha comida, senhor lobo, mas quem nao quer virar comida sou eu! Moral: Se nfo se cuidar, ninguém 0 fara por voce i Para amar o outro Paula A. Ribeiro Para amar 0 outro ¥ necessario vocé se amar. Quem cuida de si Tem mais motivos para sorrir. Para encontrar a paz, FE necessario voeé se amar. Quem nao se cuida Nie sate 2 felis gue ins lie A raposa e 0 corvo Esopo Certa vez, ao passear pela floresta, uma raposa viu um corve num galho bem no alto de uma arvore. O corvo olhava tudo 1a de cima e reparou em siléncio quando a raposa se aproximava. Ele tinha na boca um #eneroso pedago de queijo. A raposa, querendo se apoderar do delicioso queijo, tramou um plano para ficar com ele. Com esta idéia fixa, aproximou-se da arvore como se estivesse encantada com seus galhos e, fingindo estar surpresa em vé-lo ali, disse: — Oh! O que vejo nessa arvore! Um passaro magnifico, raro dentre os pAssaros da floresta. E suas cores, entao, que combinag&o perfeita! Com certeza seu eanto é tao maravilhoso quanto sua aparéncia. Este sim deve ser 0 rei dos passaros! Diante de tantos elogios o corvo ficou vaidoso. Queria mostrar que sabia cantar e, entao, soltou um grito desafinado: “cr6666l!!” Assim que abriu a boca o queijo caiu diretamente nas patas da raposa, que com rapidez o pegou e antes de comé-lo gritou: —O que pude notar é que voz 0 senhor tem, porém o que vocé nao tem 6 inteligéncia. Moral: Nao acredite em tudo que the dizem antes de ter certeza da intencao dessas palavras 28 Nee O [edo apaixonado Esopo Conta a histéria que certa vezorei ’ dos animais apaixonou-se pela filha de um lenhador e, ‘cheio de coragem, foi pedir sua méo em casamento, O lenhador tinha ‘outros planos para o futuro de sua filha e nao se animou com a idéia de imaginar sua filha tao ‘décil e meiga ao lado de um marido tao perigoso. ‘Deu sua resposta: —Senhor Leao, é uma honra teceber um pedido como este, principalmente vindo do senhor, que é o rei da selva, mas a resposta 6 nao! Percebendo que o leao ficou furioso com sua resposta, 0 homem, muito audaz, fingiu aceitar o pedido: —Sabe, senhor Leao, como dizia, é uma honra aceitar seu pedido, mas com estas garras enormes e estes dentées, minha filha ficaria muito assustada. Sinto muito, mas para agrada- a terd de cortar as garras e arrancar os dentes. O Leao perdidamente apaixonado foi no mesmo instante fazer o que o homem tinha mandado. Depois, desdentado e sem garras, o Leao voltou 4 casa do lenhador e repetiu o seu pedido de casamento. Mas 0 lenhador, vendo que o leao nao tinha mais seus dentes nem suas garras, pegou um pedaco de pau e tocou-o para fora de sua casa sem dé, nem piedade, Moral: Nao confie em quem insiste em mudar sua maneira de ser. ey 20 30 “ie Olared cegonha : Esopo Certo dia, um lobo muito feroz e faminto, ao abater e devorar sua caga com tanta vontade, teve um pequeno problema: por causa de sua gula, acabou engasgando-se com um osso. Com 0 osso entalado na garganta, uivando desesperado de tanta dor, andando de um lado para outro, chegou até a oferecer uma recompensa para quem o livrasse daquele mal. Interessada pela recompensa e comovida pela situagao do Jobo, uma cegonha foi ajudé-lo decidida a enfrentar o perigo. Com cautela, livrou o lobo do seu martirio e, imediatamente, foi pedindo a recompensa. — Recompensa?! — gritou o lobo. — Voeé deve dar-se por satisfeita por eu nao ter arrancado sua cabecga quando a enfiou dentro da minha boca. Moral: Todo o euidado é poueco, Secor Z Autor Desconhecido Jase imaginou agindo com a sabedoria canina? A vida eria uma perspectiva muito mais amistosa. Tente: —Nunea deixe passar a oportunidade de sair para um passeio. Experimente a sensacéo do ar fresco e do vento na sua e por puro prazer. — Quando alguém que vocé ama se aproxima, corra para saudé-lo. 4— Quando houver necessidade, pratique a obediéncia. Deixe os outros saberem quando invadiram o seu territério. Sempre que puder, tire uma soneca e se espreguice antes se levantar. Corra, pule e brinque diariamente. Coma com gosto e entusiasmo, mas pare quando estiver feito. Seja sempre legal. —Nunea pretenda ser algo que vocé nao é. — Se o que vocé quer esta enterrado, cave até encontrar. — Quando alguém estiver passando por um mau dia, fique siléncio, sente-se préximo e, gentilmente, tente agradé-lo. — Quando chamar a atencfo, deixe alguém tocéa-lo. Evite morder quando apenas um rosnado resolver. Nos dias mornos, deite-se de costas sobre a grama. Nos dias quentes, beba muita 4gua e descanse embaixo yuma drvore frondosa. — Quando vocé estiver feliz, dance e balance todo 0 seu corpo. — Nao importa quantas vezes for censurado, nao assuma a jue nao tiver e nao fique amuado.., Corra tamente de volta para seus amigos. Alegre-se com 0 simples prazer de uma caminhada. er 31 pt © [obo eo burro Esopo Um burro pastava bem trangililo quando percebeu que estava sendo observado, Olbou discretamente para o mato e viu que se tratava de um lobo faminto. Sabendo do perigo que aquele animal significava, o burro tratou de pensar num plano para sair daquela situagao. O burro, entao, satu mancando com a maior dificuldade, | fingindo ser um aleijado. O lobo foi aparecendo de mansinho e achou tudo muito estranho. — Ai, ai, ai... Deus me ajude! Preciso tirar 0 espinho de minha pata! — chorava o burro olhando para o céu. — O que foi, burro? Por que chora assim? — Oh! E um espinho na minha pata. Ajude-me a tira-lo, por favor! Sendo, quando for me comer, o espinho espetard a sua garganta. Vocé vai sofrer... O lobo nao queria que esse mal acontecesse e pés-se a procurar meticulosamente pelo espinho assim que 0 burro levantou a pata. Percebendo o interesse e atencao do lobo procurando o espinho em sua pata, o burro deu-lhe o maior coice ¢ ele foi parar do outro lado da mata. * Enquanto o lobo tentava acordar e entender o que havia acontecido, 0 burro AG saiu em disparada ~ para bem longe daquele , lobo faminto, Moral: Nao julgue ninguém incapaz de algo, pois voeé pode se surpreender, Auto-estima A auto-estima consiste na aceitagao, na valorizagao de si mesmo, e é essencial para uma vida saudavel, pois permite o teconhecimento do nosso verdadeiro valor — das nossas habilidades e talentos —, faz-nos sentir quanto somos tnicos e especiais. A auto-estima é parceira do amor — que deve comegar por nés mesmos — e é promotora da confianga, da criatividade, do niusiasmo; deixa-nos longe do fracasso, do medo, da nca, da magoa, da raiva, da tristeza e da apatia. Reconhecer o nosso poder pessoal — ter auto- estima ada — nos faz ter interesse por tudo, querer fazer sempre 0 or, NOS une com a alegria que nos convida ao riso e nos reiona uma vida feliz. Aceite-se! Ame-se! Sorria! Cante! Dance! Seja feliz! 34 ee © sapo eo boi Esopo ei Ts Conta a historia que ha muito, muito tempo aconteceu um encontro muito interessante. Um boi imponente, muito bem vestido e elegante, dava seu passeio vespertino, quando se encontrou com um pobre sapo, mal vestido e invejoso que, desejando ser boi, chamou seus amigos e pés-se a gritar: — Vejam s6 o tamanho do bacana! Ora, isso nao é nada! Se eu quiser, posso ser ainda mais elegante!!! Os amigos os olharam admirados e, duvidando de sua intengao, observaram os movimentos do pobre sapo. Ele comecou a estufar a barriga e rapidamente dobrou o seu tamanho. E ele perguntava: — Ja estou grande como ele? Os amigos respondiam: — Nao, ainda falta muito! O pobre se estufou mais ea cada estufada repetia sua‘ pergunta. — Pare, amigo! Assim vai acabar se machucando! - aconselharam os outros sapos. Porém, sua inveja do boi era tanta que de nada adiantaram os conselhos dos amigos. Eo sapo continuou se estufando, estufando, até que... BUM! Estourou! ‘Moral: Nao queira imitar os outros; seja vocé mesmo e aprenda a se amar. sal O verdadeiro valor Autor Desconhecido Um famoso palestrante comecou um semindrio para ovens e adultos segurando uma nota de 100 délares. Numa ala, com 200 pessoas, ele perguntou: = Quem quer esta nota de 100 dolares? Muitas mios comecaram a se erguer. Ele disse: — Eu darei esta nota a um de vocés, mas, primeiro, deixem-me fazer isto! Entao ele amassou a nota. E perguntou, outra vez: — Quem ainda quer esta nota? As maos continuaram erguidas. — Bom — ele disse — e se eu fizer isto? E ele deixou a nota cair no chao e comecou a pisd-la e esfregd-la. Depois pegou a nota, agora imunda e amassada, e perguntou: —E agora ? Quem ainda quer esta nota? —Todas as maos permaneceram erguidas. — Meus amigos, vocés todos devem aprender esta ligao: Nao importa o que eu faga com o dinheiro, vocés ainda jrao querer esta cédula, porque ela nao perde o valor, ela ainda valerd 100 ddlares. L Essa situacéo também ocorre conosco. Muitas vezes, em _ nossas vidas, somos amassados, pisoteados e ficamos sujos por decisdes que tomamos e/ou pelas cireunstancias que vém em ‘nossos caminhos. ’ 8, assim, ficamos nos sentindo desvalorizados, sem _ importancia. Porém, creiam, nao importa o que aconteceu ou 0 que acontecerd: jamais perderemos 0 nosso valor ante o Universo. Quer estejamos sujos, quer estejamos limpos, quer amassados, quer inteiros, nada disso altera a importancia que _ temos. A nossa valia! O prego de nossas vidas nao é pelo que _ fazemos ou sabemos, mas pelo que SOMOS! Somos especiais. VOCE é¢ especial. Muito especial. — Jamais se esqueca disso! ir 35 Segue 0 ten destino Fernando Pessoa Segue o teu destino Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. Suave é viver. Grande e nobre é sempre Viver simplesmente. Deixa a dor de fora da tua vida, Ela, a dor, nada pode dizer-te. A resposta que procuras Esta bem no fundo do teu ser. Fernando Pessoa, © Eu profundo of outras Eus, Ed. Nova Fronteira, pag: 210, 1980. Cria o teu ritmo livremente Ronald de Carvalho Cria o teu ritmo livremente, Como a natureza cria as drvores e as ervas rasteiras; Cria 0 teu momento, o teu instante e ‘Como tinico, presente; Cria a tua histéria, 0 teu destino Como um texto coerente; Cria o teu ritmo e criards o mundo. Ulisses Infante, Textos: letturas e escritas, pag. 147, Ed, Scipione, 2000. 36 ae A ove lha negra Autor Desconhecido Era uma vez um rebanho de lindas ovelhinhas que adoravam pastar no campo verdinho, Acontece que uma delas era diferente as outras, suas irmas. Era uma ovelhinha negra. Por ser diferente das outras a ovelhinha negra sofria todo tipo de maus-tratos. Era prezada, mordida, recusada no rebanho. Era empre a ultima a provar a comida. Como ela sofria! Muito triste e farta de tanto descuido, ela resolveu deixar p rebanho e tomar um outro rumo em sua vida. Andou, andou e acabou parando, exausta, num monte de inha, onde passou a noite. No outro dia teve uma surpresa ao acordar... ela havia se transformado numa ovelha branca como a neve. De volta ao rebanho, foi muito bem recebida e tornou-se rainha por ser tao bela. Na mesma ocasiao soube-se que 0 principe dos cordeiros estaria visitando os rebanhos 4 procura de uma esposa. Os preparativos para a visita real foram muitos, porém em vao, pois no dia em que o principe observava uma a uma as ovelhas do rebanho, uma grande tempestade desabou sobre 0 campo e o disfarce da ovelhinha foi por agua abaixo. Achuva dissolveu a farinha e ela voltou a seu estado natural. O principe, encantado com o que viu, escolheu-a para _ esposa. As outras ovelhas, inconformadas com a escolha, perguntavam o porqué. E o principe respondeu que ela era diferente das outras, tinica e singular, e que para ele isso ja bastava. E foram felizes para sempre. Moral: Nunca tente ser o que vocé néio é, Acredite no seu valor! ‘er 37 Oo cavalo descontente Autor Desconhecido Era uma vez um cavalo que reclamava de tudo. Se ia dormir, queria acordar, se acordava queria dormir, se deseansava, queria ficar trabalhando, bem... um cavalo indeciso e descontente. E chegou 0 inverno. No estabulo, o cavalo podia descansar tranqiiilamente, porém passava os dias reclamando: — Essa palha seca é uma droga! Que saudades da primavera, que me traz as ervas fresquinhas! _ O tempo passou e a primavera chegou. Epoca da erva fresca, sim! Mas de trabalho também. Era época da colheita e, para o cavalo, trabalho de montao. — Ai... que saudades do verao. Nao agiiento mais passar o dia inteiro puxando arado — resmungava 0 cavalo. O verao chegou e com ele mais trabalho e calor. E convencido de que 0 outono é que lhe traria o fim de seus males, mais uma vez 0 cavalo reclamava... — Ai, se eu pudesse viveria no outono eternamente! FE 0 outono chegou e ele teve de abastecer a casa do seu dono com lenhas para o inverno, que prometia ser muito forte. Eo cavalo nao parava de reclamar. Finalmente o inverno chegou e o cavalo, em seu estabulo, comendo sua palha seca, pode pensar nos menores gestos que ele repetia a cada estagao. Ele aprendeu que o futuro nao é certo e que depende de nosso presente e de nosso trabalho. Devemos viver 0 presente intensamente! Da melhor forma possivel. 38 ie © caracol invejoso Autor Desconhecido Era uma vez um caracolzinho muito infeliz que ficava observando os outros animais todos 08 dias. Todos eram mais répidos que ele. Uns brincavam com seus semelhantes... outros saltavam por entre as flores... outros ainda subiam no alto das arvores e comiam suas frutas preferidas. B ele, aborrecido embaixo de sua carapaca, punha-se a resmungar: — Oh! Que sina a minha! Meu fardo é pesado e meus os lentos... De nada adiantavam os incentivos e o apoio da familia e amigos. Ele estava inconsolavel. Dona tartaruga, que tinha a situacdo parecida com a dele, tentava sempre anima-lo: — Amigo caracol, a natureza é sabia. Sua carapaga de uma maneira deve lhe servir. — Servir para qué? — pergunta o pobre sem esperangas. E de tanto reclamar, o caracol acabou sozinho, abandonado e insuportavel com sua carapaca. Um dia, 0 céu ficou preto, preto... as nuvens nao paravam de fazer barulhos. Os animais estavam em polvorosa procurando a arca, pois parecia que 0 diltivio ia se repetir. As dguas subiam inundando tudo. O caracol via agora em perigo todos 0s animaizinhos que invejara, e um a um tentando salvar sua vida. Sem se preocupar com as 4guas, o caracol encontrou em sua carapaga um refiigio perfeito. E salvou-se da \ enchente. Dai em diante, nao reclamou mais, voltando a ser o velho caracol simpatico e amigo de todos. ar 39 O leopardo ea vaposa Esopo Certa noite, depois de um suntuoso jantar, uma raposa e um leopardo estavam descansando, deitados e falando da propria beleza. Cada um falava de si, enquanto o outro procurava dar- lhe alfinetadas no orgulho préprio... Muito autoconfiante, disse o leopardo: — Veja, cara amiga! Veja com seus préprios olhos: minha pele lustrosa e toda pintada parece que foi feita 4 mao. E vocé? Sua pele é descolorida! Totalmente sem graga! A raposa reconhecia que sua cauda nao era tao bela quanto a do leopardo, porém nao deixou de responder a altura: — Meu caro Leo! Gosto de minha cauda estufada com a pontinha branca! Posso nao concorrer com vocé em matéria de aparéncia, mas quando se fala em cérebro... — O que quer dizer? — perguntou intrigado’o leopardo. Para nao perder a pratica de uma boa discussao apés 0 jantar, ela continuou: — Seguinte: vocé pode ter uma cauda com pintura invejavel, porém invejdvel deveria ser 0 que tem dentro da cabega e menos ao redor das costelas. Eu sou assim, claro! Para mim, isso é que é beleza! ‘Moral: Nao se deixe abater por criticas negativas ou comparagées, pois cada um tem a sua prépria beleza. 40 ie A coragem é a firmeza de espirito diante de situagdes perigo, situagées dificeis. O corajoso é aquele que nado lemonstra ter medo, arrisca, ousa, 6 perseverante, paciente, nao desanima nunca, ndo desiste e sempre acredita que é ssivel encontrar solugdes para todo tipo de problema do -a-dia. O corajoso enfrenta seus préprios medos, insegurangas e ‘sempre alcanca a vitéria. Além disso, ele respeita a si mesmo € aos outros, pois muitas vezes é a coragem que lhe da forgas para dizer “nfo” quando é necessdrio. Exemplos: é preciso coragem para dizer “nao” as drogas! E preciso eoragem para perdoar aqueles que nos ofendem! er 41 A assembléia dos ratos La Fontaine r O reino dos rates estava abalado e o desgosto era geral. 4 Todo esse descontentamento tinha um nome: “Lucifer”, o mais novo gato da casa, que ja se fazia responsdvel por intimeras baixas do exército de ratos que ocupava os porées. Ja nao se viam os bichinhos rondando a cozinha nem buscando graos no celeiro, a maioria jazia morta por obra do bichano malvado. Por causa dele os sobreviventes permaneciam em seus esconderijos, vivendo apenas da lembranea dos bons tempos de fartura e liberdade! Certa noite, uma gatinha manhosa apareceu pelos arredores do casarao, miando para a luz da lua cheia. Lucifer, encantado, nao resistiu e foi ao seu encontro. Aproveitando a auséncia do malvado, os ratos fizeram uma assembléia para decidir o futuro de todos. E a tinica contribuicao foi a idéia vinda do mais antigo membro da assembleéia: — Sugiro que amarremos um guizo no pescoco dessa “coisa ruim” e, assim, ouviremos quando ele se aproximar. Jamais seremos pegos de surpresa! E um ratinho mais esperto replicou: — Seu plano, caro amigo, é deveras muito bom! Porém, s6 ha um probleminha: quem amarrara o guizo em Lucifer? — Eu nao sou louco! Tenho familia para cuidar! — gritou um congressista. — Nem eu! Pois sou muito jovem para morrer — respondeu. um adolescente. E, sem chegarem a uma solucao, a assembléia foi dissolvida. 42 ie Moral: Nenhum obstaculo sera superado se n4o agirmos com coragem. = Viver é [utar? Adaptado de Gongalves Dias Viver é lutar? A vida é combate? Que os fracos abate? Que os fortes, os bravos, S6 pode exaltar? Rudyard Kipling Se és capaz de arriscar numa unica parada Tudo quanto ganhaste em toda tua vida, E perder, e ao perder, sem nunca dizer nada, _Resignado, tornar ao ponto de partida; De forgar coragao, nervos, misculos, tudo ‘Adar seja o que for que neles ainda existe, Ea persistir assim quando, exaustos, contudo ta a vontade em ti que ainda ordena: “Persiste!” a éa Terra com tudo o que existe no mundo. Antologia de poemas para a juventude, Ediouro, pag: 95, 2000. we 4 A parabola do cavalo Autor Desconhecido Um dia o capataz de uma fazenda procurava seu dono desesperadamente. Um dos seus melhores cavalos havia caido num enorme buraco e nfo conseguia sair. Ao saber, o fazendeiro foi logo ao seu encontro e constatou que seria muito dificil resgata-lo de la, pois 0 buraco era muito fundo. Apesar do sério acidente, o animal nao estava machucad e isto tornou a decisao do dono ainda mais dificil. Vendo que nao valia a pena investir em socorro pelo alto custo do resgate, determinou ao capataz que o sacrificasse jogando terra no buraco até enterrd-lo, ali mesmo. ——S_ ~— Seguindo as ordens, os empregados comegaram a jogar terra em cima do cavalo, mas 4 medida que a terra caia em seu dorso, ele a sacudia ¢ ela ia se acumulando no fundo, tanto que foi possibilitando a sua subida. Os empregados ficaram impressionados, pois 0 cavalo nfo se deixava enterrar, e sim subia 4 medida que a terra enchia 0 buraco, até que, apesar de exausto, num salto, conseguiu sair! Moral: Ter coragem 6 nao desistir em situagées adversas. Whe. -O pote rachado Conto Indiano Um carregador de agua na India levava dois potes grandes, ambos pendurados em cada ponta de uma vara que ele carregava apoiada em seu pescoco. Um dos potes tinha uma rachadura, enquanto o outro era perfeito e sempre chegava cheio de agua no fim da longa estrada entre o poco e a casa do chefe. O pote rachado chegava apenas pela metade. Foi assim por dois anos, diariamente: 0 carregador entregando um pote e meio de 4gua na casa de seu chefe. O pote perfeito estava orgulhoso porque cumpria seu ibalho corretamente, porém o pote rachado estava nvergonhado de sua imperfeicao e sentia-se incapaz por ar apenas a metade do que ele havia sido designado a umprir. Apés esses dois anos sentindo-se amargurado por nao seguir completar corretamente seu trabalho, o pote falou ‘a 0 homem um dia a beira do poco: ~ Estou envergonhado e quero pedir-lhe desculpas. - Por qué? — perguntou o homem. — De que vocé esta envergonhado? —Nesses dois anos eu fui capaz de entregar apenas a ‘metade da minha carga, porque essa rachadura no meu lado faz com que a dgua vaze por todo o caminho até a casa de seu “dr 45 chefe. Por causa do meu defeito, vocé tem que fazer todo esse trabalho, e ndo ganha o salario completo pelo seu trabalho — disse 0 pote. O homem ficou triste pela situacao do velho pote e com compaix4o falou: — Quando retornarmos para a casa de meu chefe, quero que percebas as flores ao longo do caminho. De fato, 4 medida que eles subiam a montanha, o velho pote rachado notou as flores selvagens ao lado do caminho, e isso Ihe deu certo 4nimo, No fim da estrada, o pote ainda se sentia mal porque tinha vazado a metade, e de novo pediu desculpas ao homem por sua falha. O homem lhe disse: — Vocé notou que pelo caminho sé havia flores ao seu lado. Eu, ao conhecer o seu defeito, tirei vantagem dele. E lancei sementes de flores no seu lado do caminho, e cada dia, enquanto voltavamos do pogo, vocé regava as sementes, que viraram flores. Por dois anos eu pude colher estas lindas flores para ornamentar a mesa de meu. chefe. Sem vocé ser do jeito que vocé 6, ele nao poderia 3 ter esta beleza para dar x graca A sua casa. z Cada um de nés tem seus proprios e anicos > defeitos. Todos nés somos potes rachados. Nunca deveriamos ter medo dos nossos defeitos. Se os reconhecermos, eles poderfio causar beleza. Das nossas fraquezas, podemos tirar forcas. 46 "ie A licdo da orboleta Autor Desconhecido Um dia, uma pequena abertura apareceu em um casulo, um homem sentou e observou a borboleta por varias horas conforme ela se esforcava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco. Entao pareceu que ela parou de fazer qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que podia, e ndo conseguia ir mais longe, nado conseguiria romper o casulo. O homem decidiu ajudar a borboleta, ele pegou ima tesoura e cortou o restante do casulo. A orboleta entao saiu facilmente. Mas seu corpo estava murcho e era pequeno e tinha as asas adas. O homem continuou a observar a borboleta porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e _ esticassem para serem capazes de suportar 0 corpo, que iria se afirmar a tempo. Nada aconteceu! Na verdade, a borboleta passou o resto da sua vida -rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade ajudar, nio compreendia era que o casulo apertado e 0 reo necessario & borboleta para passar através da pequena a era o modo com que Deus fazia com que 0 fluido do da borboleta fosse para as suas asas de modo que ela ia pronta para voar uma vez que estivesse livre do sulo. Algumas vezes, o esforco é justamente o que precisamos em nossa vida. Se Deus nos permitisse passar através de nossas vidas n quaisquer obstéculos, ele nos deixaria aleijados e nés nado mos ser tao fortes como poderiamos ter sido. Nés nunca lamos voar! we 47 A diferenca entre forca e coragem Leonardo da Vinci E preciso ter forga para ser firme, mas é preciso coragem para ser gentil. Bf preciso ter forga para se defender, mas € preciso coragem para baixar a guarda. Bi preciso ter forga para ganhar uma guerra, mas é preciso coragem para se render. E preciso ter forea para estar certo, mas é preciso coragem para ter diivida. t preciso ter forca para se manter em forma, mas preciso corage: para ficar em pé. E preciso ter forga para sentir a dor de um amigo, mas é preciso coragem para sentir as préprias dores. E preciso ter forga para esconder os préprios males, mas é preciso coragem para demonstra-los. E preciso ter forca para suportar 0 abuso, mas é preciso coragem para fazé-lo parar. E preciso ter forga para ficar sozinho, mas é preciso coragem para pedir apoio. BE preciso ter forca para amar, mas é preciso coragem para ser amado. E preciso ter forca para sobreviver, mas € preciso coragem para viver. Se vocé sente que Ihe faltam a forca e a coragem, queira Deus que 0 mundo possa abraga-lo hoje com Calor e Amor! E que o vento possa levar-lhe uma voz que The diz que ha um Amigo, vivendo num outro lado do Mundo, desejando que vocé esteja bem. 48 Esperanca A esperanca é 0 sentimento que nos faz acreditar que é possivel realizar nossos desejos e sonhos. Ela nos proporciona forca interior, nos faz acreditar, nos impulsiona, nos faz suportar os problemas do dia-a-dia, pois quando temos esperanga sabemos que tudo é possivel de ser realizado, aleangado, que tudo é passageiro, que tudo tem solugdo, que sempre existe uma luz no fim do tunel, um caminho a ser explorado, algo a ser descoberto. A esperanga nos faz levantar quando arrasados, pois sabemos que sempre podemos recomegar. Ela nos faz crer que o impossivel pode ser possivel. ir 49 Uma verdadeiva princesa Autor Desconhecido Era uma vez um principe que queria casar-se com uma princesa verdadeira. Andou o mundo todo & procura de uma; apesar de ter encontrado intimeras, desconfiou de todas elas e voltou ao seu pais muito desgostoso e infeliz. — Sera que um dia encontrarei uma princesa de verdade? A mulher que procuro? — perguntava-se o principe sem desistir do sew desejo. E passou dias e noites pensando nela. Certa noite, de tempestade muito forte, os relampagos iluminavam as janelas e os trovées faziam tremer até as paredes do palacio. Para a surpresa de todos, alguém bateu & porta. O rei deu ordens para que abrissem. Era uma princesa fugida de seu paldcio e perseguida por rebeldes que haviam 50 & destronado sua familia. Suas roupas estavam encharcadas; seu cabelo estava todo molhado e escorria pelo seu rosto desfigurado de medo e de frio. Ela pedia pouso e um pouco de comida. A rainha, desconfiada de suas origens, tratou de armar uma maneira de descobrir se ela era ou nao uma princesa de verdade. Sem que ninguém percebesse, a rainha entrou no quarto, olocou uma ervilha embaixo do colchao e sobre ele mais te colchdes. Sobre os vinte colchées estendeu mais vinte edredons. A princesa, depois de ter tomado um banho quente e se limentado, agradeceu a todos com sua etiqueta palaciana e foi para o seu quarto descansar. Quando chegou no quarto e viu aquela pilha de colchées e edredons, ficou espantada, mas como fora muito bem acolhida nao reclamou. Escalou a montanha e deitou-se. P Na manha seguinte, a rainha néo se continha de curiosidade. Entrou impaciente no quarto da visitante ao lado do filho; perguntaram-lhe como tinha passado a noite. — Oh! Desculpem-me, nobres amigos que tao bem me acolheram, mas havia algo na cama que me incomodou a noite toda. Tenho o corpo todo marcado manchas negras! E nem pude os olhos! Essa era a resposta que eles eravam ouvir para se convencerem de ela era uma princesa de verdade. O principe, orgulhoso por ter @ encontrado uma verdadeira princesa, todo feliz pediu-a em casamento, Ela, que tinha seu reino tomado pelos & tebeldes e tinha gostado muito da familia, aceitou o pedido. Eles se casaram e foram muito felizes. A aprendizagem Thiago de Melo Chega um dia em que a noite termina Antes que o dia chegue inteiramente. Chega um dia em que a mao, duvidosa De repente acredita em seu gesto. Chega um dia em que a lenha ja nao serve S6 para acender o fogo da lareira. Chega um dia em que 0 amor, que era fraco, De repente se fortalece, de repente. Forga 6 saber amar, perto e distante, Com o encanto de rosa livre na haste, Para que o amor nunca se acabe Na eternidade de um instante. José de Nicola, Lingun Literatura © Redagto, Kd, Seipione, pag. 201, 1998. Presenca serena Luis de Camées Presenga serena Que a tormenta amansa, Nela, enfim, descansa Toda minha pena. Esta 6 a esperanca Que me tem cativo, E, pois nela vivo, E fora que me faz viver. : | { ; 7 J 52 er - Bringuedos / Tania Dias Queiroz Tive muitos brinquedos na vida. O jue eu mais gostava o brinquedo esperanca. Ele mpanhou toda a minha vida. Nas noites chuvosas e escuras, nas tardes tristes nubladas. A esperanca sempre tomou conta da a vida. Brinquedo esperanga n4o se inventa, io Se compra. Dizem que nos dao quando somos ainda bem pequenos. Depois a gente ganha outro, o brinquedo coragem. Coragem para viver os dias dificeis, esperanca para viver dias _ melhores. Dizem que para a gente ganhar esses brinquedos _ nao é preciso dinheiro, sé vontade, depende de nés. Tem um outro brinquedo que é muito especial, esse eu peco todo dia, ele 6 raro, é dificil de ganhar, é 0 brinquedo amor, O brinquedo amor é assim: a gente brinea, brinca e nunca _ quebra. A gente empresta, da, troca, s6 naéo vende. Tem um montao de brinquedos que eu quero ganhar. O nquedo sorriso é um deles. De todos os brinquedos, o que eu gostei foi o brinquedo esperanga. Quando vejo nas ruas 0s menores abandonados, os idosos, os mendigos, acredito que tudo vai mudar. Depende de nés, s6 vontade. Torco e pecgo los os dias para que toda essa gente grande que comanda o mundo brinque com os brinquedos esperanga, coragem, -sorriso e amor. Que se lembrem de que ja foram pequenos eu e voltem a brincar, a trocar sorrisos, a acalentar ae 3 A esperanca ndo murcya Augusto dos Anjos A esperanca néo murcha, ela nao cansa Também como ela nao se destréi a crenga. Vao-se sonhos nas asas da descrenga, Voltam sonhos nas asas da esperanga. Muita gente assim nao pensa; No entanto o mundo 6 uma ilusao completa. E nao é a esperanga que nos alimenta? Juventude, portanto, ergue o teu grito, Sirva-te a crenga de alimento bendito, Salva-te a gléria no futuro, avanga! Ora (diveis) ouvir estrelas! Olavo Bilae “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto E abro as janelas palido de espanto... E conversamos toda noite, enquanto A Via Laetea, como um pilio aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em’pranto, _ Inda as procuro pelo céu deserto. Direis agora: “Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem quando estéo contigo?” _ Eeu vos direi: “Sonhai para entendé-las! Pois 86 quem sonha pode ter ouvido Capaz de ouvir e entender estrelas”. 54 O presente de Tupa Tania Dias Queiroz ‘Vi meu povo massacrado, minhas terras tomadas, minhas florestas queimadas, meus animais cacados. Vi a mae-terra tremer com os corpos que tombaram, doentes, explorados. Numa noite enluarada sonhei com meus antepassados e no sonho me disseram: — Nao se desespere, nés, os lanomAmis, sabemos que Tupa deu a nossos curumins a vida, aalegria, o amor, a beleza, a harmonia. Temos ainda esperanga. Vai e diz ao homem branco que o Deus dele _ também deu ao seu povo a vida, a esperanca, o amor, a beleza, aharmonia. Temos ainda a esperanga. Diz que estéo cegos, que seus corag6es de pedra precisam ser polidos, e conte a eles um segredo: dentro de seus coracdes ha um diamante. Ainda que escondido, ainda que bruto, um diamante, e suas mentes uma estrela. O diamante precisa ser polido, a la precisa ser vista. Nao se entristeca, morremos, mas a precisa desesperadamente do amor, do respeito e da ajuda le todos eles. Pede para que ensinem a seus filhos 0 respeito & e-terra, 8 maée-Agua, A miée-flor, ao pai-sol e A mfe-lua. Faca com que se lembrem de que seus filhos, ao scerem, receberam um presente de Deus. E 0s nossos curumins, ao nascerem, receberam um esente de Tupa. Ambos tém o mesmo valor. Cada um ‘beu um presente dentro de uma caixa. Pega para abrirem €tirarem de dentro dela a coragem, a firmeza, o respeito, 0 “ar 55 amor a sie a tudo o que representa a vida. Conta para eles que 0s nossos curumins, desde muito pequenos, abrem sua caixa e tiram de dentro del: tudo o que precisam para viver e deixar viver, nao olham a caixa dos outros. Cada um vé e abre somente a sua. Filho de homem branco, ao contrario, deixa a sua fechada e abre a dos outros. S6 vé a coragem dos outros, a beleza dos outros, os bens dos outros, a vida dos outros € se esquece da sua propria. ee oe Diz que nés, 0s Tanomamis, respeitamos a vida, a terra, os animais e a nés mesmos. Diz ao homem branco que ensine seus filhos a amarem essa terra e a verem seus presentes, abrirem suas caixas e deixarem as dos outros fechadas. Diz ao homem branco que a mdae-terra é generosa e que espera de bragos abertos a volta de seus filhos. Depois outro sol desponta Gongalves Dias Depois outro sol desponta, E outra noite também, ~ Outra lua que ao céu volta, Outro sol que apés lhe vem. Apés um dia outro dia, Apés a luz a escuridao, E sempre a esperanca gigante Parada, muda, constante Na calma do meu coragao. Ter f significa ter confianca absoluta em alguém ou em algo. No sentido religioso é depositar confianga, 6 crer em seres transcendentais sem necessitar de fundamentos jonais. Ter fé 6 acreditar, 6 confiar, é ter firme conviccéo nos positos religiosos, é confiar em Deus, mesmo sem poder vé- , e agir de acordo com seus ensinamentos, A fé nos imula, nos impulsiona a criar, a transformar, a agir, a ‘ajudar o préximo, aderindo verdadeiramente as verdades ivinas. A fé nos liberta do individualismo, da competigao, e faz escer em nés o espirito de solidariedade, altruismo e lealdade. er 57 A lebre e a tartaruga Esopo Um dia, uma tartaruga resolyeu contar a todos os animais que era uma eximia corredora e que nao havia pareo para ela... Nem mesmo a lebre conseguiria vencé-la! A lebre ouvia tudo, mas levava na brincadeira, até que a tartaruga langou um desafio: —Aposto como ganho de vocé numa corrida até a cidade, No mesmo instante a raposa j4 comegou a receber as apostas e os animais, do gato ao elefante, todos queriam apostar. A corrida comecou e a lebre disparou na frente, enquanto a tartaruga, em seus passos lentos, vinha atras; 0 dia estava bastante quente e, como havia se distanciado muito da tartaruga, a lebre, entao, resolyeu tomar um banho no rio.Quando avistou a tartaruga, voltou a correr e mais na frente parou para descansar, pois a linha de chegada estava a alguns metros e a tartaruga ainda demoraria muito a chegar. A lebre deitou-se 4 sombra de uma 4rvore, certa de que nao perderia aquela corrida de jeito nenhum...- E l4 vinha a tartaruga, animada e determinada a vencer. Nao parou nem um pouquinho para descansar... Ela queria vencer! A lebre, despreocupada, pegou no sono e nem se lembrou da tartaruga. De repente acordou assustada com 0 grito da bicharada, que recebia a tartaruga na linha de chegada... Que papelao! Nao tem jeito, nao! Moral: Quem acredita em si mesmo sempre aleanca seus objetivos. 58 ae Prece Fernando Pessoa Senhor, a noite veio e a alma é vil. ‘anta foi a tormenta e a vontade! estam hoje, no siléncio hostil, O amor universal e a verdade. ‘Mas a chama, que a vida em nés criou, Se ainda ha vida ainda nao é finda. 0 frio em cinzas a ocultou: A mao de Deus pode ergué-la ainda. Dé o sopro, a aragem, ou fé ou Ansia, Com que a chama do esforgo se remo¢a, FE outra vez conquistemos a esperanga De antes ou outra, mas que seja nossa! ‘Ulixses Infante, Textos: leituras e escritas, volume 3, pag. 99, Ed. Scipione, 2000, O ser que é ser Cruz e Sousa O ser que é ser e que jamais vacila SE Nas lutas do mundo entra sem susto. Leva consigo este simbolo augusto Do grande amor, da grande fé tranqitila. Os abismos normais da vida Ele os vence sem dor e sem custo. Fica sereno, num sorriso justo, Enquanto tudo ao redor duvida. 59 60 ee Quando se vir Luis de Camées ? Quando se vir com agua o fogo arder, E misturar com o dia a noite escura, E a terra se vir naquela altura Em que se véem os céus prevalecer; O amor pela razfio mandado ser E a dor conviver com a alegria, Com tal mudanga, talvez, um dia, ~ Eu poderei deixar de crer. Porém, nao sendo vista essa mudanca No mundo, como claro esta nao ver-se, Nao espere de mim deixar de crer. Que basta estar em Deus minha esperanca, © ganho da minha alma e o perder-se, Para nao deixar nunca de crer. Nao esqueca 0 principal Autor Desconhecido ‘Uma mulher pobre com uma crianga no colo passou te de uma caverna e escutou uma voz misteriosa que la dentro lhe dizia: — Entre e apanhe tudo o que vocé desejar. Lembre-se, orém, do principal: depois que vocé sair, a porta se fechara a sempre. Portanto, aproveite a oportunidade, mas lembre- se do principal... _ Amulher entrou na caverna e encontrou muitas Tiquezas. Enxergando somente 0 ouro e as jéias, colocou a erianca no chéio e comegou a juntar tudo o que podia para colocar no seu avental. A voz misteriosa falou novamente: — Vocé agora s6 tem oito minutos. Quando acabaram os oito minutos, a mulher, carregada de ouro e pedras preciosas, correu para fora da caverna e a porta se fechou... ‘er 61 Lembrou-se, entao, do seu filho que ficou e a porta estava fechada para sempre. A riqueza durou pouco e o desespero, para sempre... O mesmo acontece, por vezes, conosco. Temos uns oitenta anos para viver neste mundo, e uma voz sempre nos adverte: “N4o se esqueca do principal!” E 0 principal sao os valores espirituais, a vida, as amizades, o amor, os amigos, 0s familiares!!! = Mas a gandncia, a riqueza, 0s prazeres materiais nos fascinam tanto que o principal vai ficando sempre de lado... Assim, esgotamos 0 nosso tempo aqui e deixamos de lado o essencial: “Os tesouros da alma!”. Que jamais esquecamos que a vida, neste mundo, passa breve e que a morte chega de inesperado. E quando a porta desta vida se fechar para nds, de nada valerao as lamentacées. Nao esquecamos, pois, o principal! 62 ee Autor Desconhecido Existiu wm lenhador que acordava as 6 da manha e ‘trabalhava o dia inteiro cortando lenha, e s6 parava tarde da noite. Esse lenhador tinha um filho, lindo, de poucos meses, e uma raposa, sua amiga, tratada como bicho de estimacao e de Bua total confianga. Todos os dias o lenhador ia trabalhar e deixava a raposa ‘tuidando de seu filho. Todas as noites, ao retornar do fabalho, a raposa ficava feliz com sua chegada. Os vizinhos lenhador alertavam que a raposa era um bicho, um animal ‘selvagem, e, portanto, nao era confidvel, Quando ela sentisse ‘fome comeria a crianga. 0 lenhador sempre retrucava com os vizinhos e falava que isso era uma grande bobagem. A raposa era sua amiga e is faria isso. ar 63 Os vizinhos insistiam: — Lenhador, abra os olhos! A raposa vai comer seu filho. — Quando sentir fome, comera seu filho! Um dia o lenhador, cansado do trabalho e muito cansado desses comentarios, ao chegar em casa viu a raposa sorrindo como sempre e sua boca totalmente ensangiientada... O lenhador suou frio e sem pensar duas vezes acertou 0 machado na cabega da raposa. Ao entrar no quarto, desesperado, encontrou seu filho no berco dormindo tranqiiilamente e ao lado do bergo uma cobra morta. 0 lenhador enterrou o machado e a raposa juntos, Moral: Se voc confia em alguém, nfo importa o que os outros pensem a respeito, siga sempre o seu caminho ¢ nao se deixe influenciar 4 ee : Honestidade Esta éa qualidade de honesto. Ser digno de Eee justo, decente, consciencioso, sério. _ Ser honesto significa ser honrado, ter um comportamento oralmente irrepreensivel. Quando evitamos o fingimento, a falsidade, a mentira, os preconceitos, as mesquinharias, as ilusées, estamos sendo honestos. A honestidade é parceira da verdade e ambas sao ecessarias para melhorar o carater. Seja honesto! er 65 A rosa ed borboleta Esopo Era uma vez uma linda borboleta que bailava por entre as flores e se apaixonou por uma bela rosa. Arosa também encantou-se por ela assim que a viu. Foi amor @ primeira vista. Ela achava lindas as cores prata e dourada de suas asas e os desenhos pareciam olhos que para ela olhavam. ee Por muitos dias trocaram olhares apaixonados até que a borboleta, deixando a timidez de lado, pediu a rosa em namoro. Arosa, encantada, aceitou o pedido e comecaram a namorar, Formavam um casal perfeito, duas belezas que dava gosto de ver. Foi um longo noivado e muitas promessas de amor eterno. Mas que destino! Certa noite a borboleta partiu e s6 depois de muito tempo voltou. : 66 ‘ime | Com um olhar triste, a rosa choramingou: assim que cumpre suas juras de amor? F sé virar as stas e vocé ja esta namorando outras flores... Eu vi tudo! océ beijando dona orquidea, toda convencida, abragando as romélias, e que papeldo! Foi expulsa do vaso de margaridas ela abelha operdria! Ela devia ter picado seu traseiro! —dJuras de amor? — disse a borboleta. — Assim que virei as costas, vocé j4 estava nos bracos do vento, que a beijava empre que passava. Além do mais, o préprio senhor zangao contou-me que esta caidinha por ele, isso sem falar no senhor beija-flor, ja to conhecido por seus galanteios, que nao sai de perto de vocé. E vocé ainda vem falar de mim!! Moral: Seja honesto! Cumpra suas promessas para ndo magoar os outros. “By 67 Fica decretado Thiago de Melo Fica decretado que os homens Estao livres do jugo da mentira. Nunca mais sera preciso usar A couraga do siléncio Nem a armadura de palavras. O homem se sentard 4 mesa Com seu olhar limpo Porque a verdade passard a ser servida Antes da sobremesa. José de Nicola, Lingua, Literatura € Redagio, Ed. Scipione, 1998, pig. 340 Homem, que fazes tu? Eugénio de Castro Homem, que fazes tu? Para que tanta lida, Tao doidas ambigées, tanto édio, tanta ameaca? Procuremos somente a Beleza, que avida - - - ¥ um punhado infantil de areia, Um som de 4gua ou de bronze E uma sombra que passa... Procuremos a Beleza nas atitudes didrias, Nas pequenas atitudes, que para muitos nao tém graca, Pois sendo honesto e confidvel, A vida nao nos embaraga. José Antinio Barreiros, Histiria du literatura portuguese, Ed. Pase, pag. 345 a Burro com pele de [edo Esopo Certa vez um burrinho parou para comer um pouquinho. Despreocupado, nem percebeu que um enorme ledo o observava com o olhar parado, E De repente, ao virar a cabega, ele j4 comecou a tremer... suas pernas nado paravam em pé, seu queixo também tremia e ele néo tinha forgas para correr. Permaneceu em crise por alguns minutos e nada de ataque... “Ué.,. que estranho! O ledo nao me atacou! O que sera que ele quer comigo? Esta com o olhar téo distante...”, pensou o burro, tentando mover-se, ainda desconfiado. Com movimentos bem lentos, ele foi dando pequenos passos para tras até que se escondeu atras de uma Arvore e ali ficou. O tempo passou e nada de o lefio se mexer. Nem um suspiro se ouvia. O burro ficou curioso. Pegou uma pedra, jogou bem perto do leo e esperou... Nada... Jogou outra, que acertou bem na cabeca dele... Nada. Percebendo a imobilidade do leao, o burro resolveu correr orisco e foi até 1A. ~ Ele deve estar com problemas... Sera um espinho no pé? Se eu o tirar, ficaremos amigos talvez... E foi... tremendo de medo, mas foi... ir 60 = Senhor leao! — Chamou baixinho. — Tudo bem com vossa majestade? Precisa de ajuda? Nao esta com fome, esta?! Como 0 leo nao respondia, o burro foi se aproximando mais e mais até que... Ah! Como sou burro!!! E s6 uma pele de lefio deixada pelos cagadores de presente para mim! Na mesma hora ele vestiu a pele e comegou a assustar todos os bichos que passavam pela floresta. Todos fugiam de medo quando viam o rei surgir de tras das drvores e arbustos. Ea brincadeira tomou conta do burro, virou coisa séria, e ele ja se sentia o verdadeiro rei da floresta. Um dia, depois de assustar um bando de lebres, quando a ultima, ao correr de tanto medo, tropecou e caiu virando duas vezes sobre si, o burro nao conseguiu segurar um belo zurro de satisfacao. Uma raposa que ja se preparava para fugir, também, ouvindo aquilo, parou e deu uma gargalhada: — Seu tolo! Estragou sua brincadeira! Se tivesse ficado com a boca fechada continuaria assustando a todos; agora, passar bem! E contou a todos o segredo do burro. Moral: Nao adianta enganar, a mentira tem pena curta, pois a verdade sempre aparece 0 “ie O homem eo livro La Fontaine ? Certa vez, um analfabeto recebeu como heranca um valioso livro. Ele, entéo, admirou-o e reconheceu sua beleza. Em seguida, tomou 0 livro e levou-o para a livraria mais réxima. O herdeiro, inconformado, pronunciou-se: — Parece-me um livro de muito valor; contudo, ficaria uito mais feliz se fosse uma moeda de prata ou um simples ducado. Moral: A honestidade & a maior riqueza, Se 0 rato ndo quer ser ledo Padre Anténio Vieira (fragmento) Se o rato nao quer ser leao, nem o pardal ser 4guia, nem a formiga quer ser elefante, nem a ra quer ser baleia, por que nao se contentara.o homem com a medida do que Deus lhe quis dar? E que seria, se nem os leGes, nem as Aguias, nem os elefantes, nem as baleias se contentassem com sua grandeza, e se quisessem comer uns aos outros, para poderem mais e ser maiores? Isto 6 o que querem e fazem os homens, e por isso os altos caem, os grandes rebentam, e todos se perdem. “ay 71 O galoe a pérola La Fontaine Um galo que cavava a terra encontrou uma bela pérola que brilhava como o sol. Depois de se encantar com sua beleza, levou-a ao joalheiro mais préximo que conhecia. Todos se encantaram com a beleza da pedra, seu tamanho e seu brilho. O galo, por sua vez, comentou: — Verdadeiramente, esta pedra é de uma beleza extraordinaria, porém seu valor para mim nao é maior do que qualquer gro de milho ou aveia. Moral: Seja honesto, conforme as suas necessidades. 72 ie Humildade Ser humilde é ser modesto — ou seja, ndo ser vaidoso; é pensar, falar de si mesmo sem exageros, com simplicidade'. A humildade é uma virtude que deve ser cultivada, pois deixa clara a igualdade entre as pessoas, mesmo na diversidade. Faz com que possamos perceber que nfo somos 0 centro mundo e ajuda-nos a reconhecer o valor de todos os que nos , permitindo, assim, o fim da disputa do poder. Ser humilde nao significa ter baixa auto-estima, significa nao ser orgulhoso. A humildade nos remete a cooperar, a compartilhar amentos, idéias e ideais com todos a nossa volta, ando nossa vida mais significativa. Seja humilde! Coopere com todos! ° Adaptado do Diciondria Houaiss da Lingua Portuguesa, Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, 73 O burro eo cachorri Esopo Num pequeno sitio viviam um burro e um eachorrinho. O dono dos animais era um velhinho muito bom. O cachorro tinha uma vida boa. Era muito bem cuidado, brincava com o dono, entrava na casa, subia no sofa e dormia no colo dele. O burro também era bem cuidado. Tinha um estabulo espacoso e confortavel, era alimentado com feno e aveia, 86 que tinha muito servico a fazer. Trabalhava no moinho, moendo trigo, e carregava as cargas pesadas do campo até 0 paiol, Trabalhava de sol a sol e, quando parava para pensar na vida que levava o cachorro, brincando e dormindo o dia todo, ficava chateado com o tanto de servico que sobrava para ele. 74.& ‘Um dia, resolveu tomar uma atitude e pensou: “Sera e, se eu me comportar como aquele cachorro, meu dono ai me tratar melhor? Sera que terei os mesmos privilégios que ele tem? Vou tentar! Talvez ele goste de me ver assim...” Por varios dias o burro observou os passos do cachorro e ensaiou o que deveria fazer. JA sabia de cor do que o dono mais gostava. Estava pronto. Na manha seguinte, ao invés de ir para o trabalho como de costume, o burro saiu do estabulo e entrou saltitante na casa do dono, como fazia o cachorro. $6 que com todo aquele tamanho as conseqiiéncias foram inevitaveis: mesa _tombada, pratos e talheres no chao, a louga quebrada e 0 ‘dono num canto da sala muito assustado. Quando viu o dono foi ao seu encontro alegremente, tentando pular no seu colo. Mas achando que o patrao corria perigo, pegaram o chicote e bateram nele até que, muito sem graca, ele fugiu dali e foi direto para o estabulo. F E do seu canto, todo dolorido das chicotadas que levou, ¢ pensou: “Bem feito para mim! Fui imitar aquele eachorro e e dei mal! Por que nao fiquei contente com 0 que sou e com Moral: Humildade é aceitar a si préprio e ao outro. 75 £ vaidade nesta vida Gregério de Matos E vaidade nesta vida Que da manha lisonjeada, Brilhos mil, com ambicao dourada, Orgulhosa entra, arrasta exibida. E planta que favorecida, Pela soberba despertada, Continua de forma errada, A conquistar os homens destemida. E barco que com ligeireza Com orgulho de drvore vistosa, Servigos presta, elogios preza: Mas ser planta, ser barco, arvore vistosa, De que importa, se aguarda sem defesa A humildade, uma bela rosa. Vocé sabe por que o mar é tao grande? Autor Desconhecido Vocé sabe por que o mar é tao grande, tao imenso, tio poderoso? E porque ele teve a humildade de se colocar alguns centimetros abaixo de todos os rios do mundo. Sabendo receber, tornou-se grande. Se quisesse ser o primeiro, acima de todos os rios, nao seria um mar, seria apenas uma ilha. 76 ie A gralba vaidosa Esopo Certa vez a floresta estava em polvorosa. Um omunicado de Jupiter avisava aos passaros que pretendia scolher um rei para eles, ¢ marcou uma festa com data e ora para que todos os interessados comparecessem diante do 1 trono; © mais bonito seria declarado rei. Com intengiio de vencer o concurso, a passarada foi mar banho, alisar suas penas as margens de um riacho. A gralha também estava interessada, mas tinha claro jue nunca seria escolhida, pois suas penas nao tinham atrativos nenhum. “Terei de dar um jeito nisso!”, pensou ela. Quando olhou para o chao, depois que os passaros foram se aprontar, viu muitas penas aw <=>. caidas e teve uma idéia. — SE me me — Se eu recolher as mais bonitas e prender em meu corpo, serei a mais encantadora da festa e serei escolhida. Eo dia da festa chegou. Todos se reuniram em torno do deus Japiter para a tao esperada escolha. Jupiter examinou ‘cautelosamente um a um cada passaro que se apresentou. ‘Todos lindos e maravilhosos, mas a gralha estava exuberante eela foi a escolhida para ser rei. O deus ja ia ler a proclamagao quando o pavao, reconhecendo o azul de suas penas, avangou no futuro rei ¢ -arrancou-lhe as penas falsas, Na mesma hora todas as aves fizeram 0 mesmo. Arrancaram suas penas falsas, deixando-a ‘como sempre foi. Moral: Seja vocé mesmo! Nao queira ser o que nao é, 77 A tapecaria de Avacne Lenda Grega Conta a historia que Palas, a deusa da sabedoria, ensinava toda a arte da tecelagem a uma moga muito talentosa chamada Aracne. Aracne atraia a atencio de todos os seres dos bosques € dos riog que vinham de longe para vé-la e para apreciar a sua arte. Ninfas e Selfos vinham ver seu trabalho, apaixonados por seus movimentos suaves e pela magnifica obra de suas maos. Magnificos eram os desenhos que Aracne bordava e 0s panos que de seu tear ela tecia... Seus trabalhos eram divinos e todos aclamavam Palas, razao desta tao invejada perfeigao. Porém, a jovem Aracne nao se conformava_com 0s elogios que a Palas eram dirigidos, pois, segundo ela, o mérito era todo seu e nfo da deusa. —Ninguém é melhor tecela que eu! Nem Palas, nem ninguém! Se ela aceitasse competir comigo, ficaria tudo muito claro e nao haveria mais dtvidas. Se eu perdesse, poderia dar-me o fim que quisesse. Palas, com toda sua paciéncia e sabedoria, antes de aceitar 0 desafio, assumiu a forma de uma velhinha e foi ao encontro de Aracne. 78 Yige a -_— Minha menina! Vocé ainda 6 muito nova e tem muito a apren = da vida! Mas deve aprender desde = a respeitar os ‘a velhinha. — Sua velha louca! Pensa que sou uma de suas netas? Pois se enganou. Eu sei muito bem me defender. Palas sabe de minha forga e tem medo de mim... No mesmo instante a velha transformou-se na deusa. — Aqui estou, sua tola! Todos os presentes abriram espaco para as duas, que num canto e noutro do salao teciam. Belfssimas tapegarias foram surgindo em cada tear. Palas fazia suas pecas com bordados que mostravam 0 ‘destino dos mortais que ousaram enfrentar os deuses um dia. Aracne, por sua vez, mostrava com perfeicdo todos os crimes cometidos pelos deuses. As duas obras, depois de prontas, estavam impecaveis. Palas até procurou, mas ndo encontrou um defeito sequer no trabalho de Aracne; irada, Palas bateu com seu bastaéo na testa da moga. Aracne, num momento de dor e desespero, passou uma linha no pescoro e tentou se enforcar, mas, com pena da moga, Palas segurou o fio pendente no ar e gaguejou: —Vocé 6 uma excelente tecela, devo respeitar sua arte. orém, 6 de mau carater e orgulhosa demais... no permitirei que morra, mas de hoje em diante vocé e todos de sua geracao viverdio dessa forma, durante todo o tempo pendentes no ar. Antes de ir embora, a deusa a fez cairem seus cabelos, sua e corpo encolherem, os P erfeicdo e beleza para sempre. ty 79 A raposa e 0 gato Irmaos Grimm Numa tarde quente e de céu claro, os raios — de sol transpassavam os galhos das drvores e iluminavam um caminho que levava a um riacho cristalino. Um gato que passava por aquele caminho encontrou a raposa e€ pensou: “Como a raposa é elegante, inteligente, mais esperta que todos os animais do bosque”. E resolveu sauda-la: — Como vai, dona raposa? Como anda levando a vida e vencendo as dificuldades? Mas a raposa, orgulhosa e cheia de vaidade, depois de fitar o gato por algum tempo, respondeu: — Vocé nao se enxerga, seu pirralho? Quem vocé pensa que €? Como se atreve a indagar sobre meus dias, minha vida? Que artes domina? — Ada fuga — respondeu o gato, humildemente. — Como assim? — Sei fugir muito bem quando estou sendo perseguido. Subo rapidamente em uma drvore qualquer. — Pois isso é muito pouco! — disse a raposa. — Vocé precisa ter mil truques e um bati de idéias... Sua fragilidade me comove. Vamos! Siga-me! Vou ensinar-lhe a arte de escapar dos cachorros. Justo naquele momento, ouviram o barulho dos cachorros de um ca¢ador. No mesmo instante e num pulo sé, 0 gato saltou e subiu na arvore mais préxima e la ficou escondido, . . ~ — Abra seu bati de idéias, seus truques, dona raposa! — gritava o gato. Mas todos os esforcos foram em vao. Araposa ja havia sido presa, dominada pelos cachorros. O gato, matuto, entao disse: — Ora, ora, dona raposa! Nem mesmo seu bau de idéias a salvou desse infortunio. Se, como eu, subisse em drvores, assegurava sua vida. Moral: A arrogéncia pode tornar-se sua grande inimiga! 30 Ne Justica Justiga é a virtude que consiste em estar de acordo com o que é direito, com 0 que é justo; 60 reconhecimento do meérito, da qualidade de alguém ou de algo, é 0 poder de fazer valer 0 direito de cada um!. Agir com justica significa agir de acordo com o direito, garantindo que cada um tenha aquilo que é seu. Existem formas terriveis de injustica que estao presentes em todo o planeta. Sao aquelas que impedem a sobrevivéncia digna do ser humano, como a fome, a violéncia ou a miséria, e aquelas causadas pelo preconceito, como no caso da diseriminagao racial ou por crengas religiosas. Quando somos _ preconceituosos impedimos que o outro exerca seus direitos, pois retiramos dele o principio fundamental da ‘igualdade. Podemos perceber entAo que a justiga garante também a nossa liberdade, porém uma liberdade que deve ter como limite o direito do outro. Com nossas agoes devemos assegurar 0s direitos de todos. ' Adaptado do Diciondrio Houaiss da Lingua Portuguesa, Rio de Janeiro, Objetiva, 2001. sor 81 otal 82 ie O cachorro e os bois Esopo Era uma vez dois bois muito mansos que trabalhavam de sol a sol numa chaécara. Logo de manhazinha eles safam para 0 trabalho e 86 voltavam a tarde, cansados e famintos. Mas, para a alegria dos dois, sempre encontravam a manjedoura cheia de feno e um estdbulo confortavel para uma noite de descanso. Certo dia, um cachorro estava dormindo na manjedoura quando os bois chegaram do trabalho. Com o barulho no estabulo o cachorro acordou. Muito folgado, o cachorro comecou a latir, nao permitindo que os bois chegassem até a manjedoura, E comegou a rosnar, a morder, a avancar nos bois, como se estivesse defendendo uma manjedoura cheia de ossos e carne que fossem s6 dele. Os bois se entreolharam sem entender 6 que estava acontecendo e ficaram muito aborrecidos. —O que deu nele? Ele nem gosta de feno! — comentou um deles. — Sei la! S6 sei que nés gostamos e ele no nos deixa nem chegar perto. Que egoista! — respondeu 0 outro. Ao ouvir os latidos enlouquecidos daquele cachorro, 0 fazendeiro pegou uma vara de marmelo e a varadas expulsou 0 cao maluco do estabulo. Moral: A sua liberdade termina quando comega a do outro. Tantas coisas Vi Olavo Bilae Tantas coisas vi confusamente Pelo caminho que trilhava! ‘Tantas havia, tantas! E eu passava Por todas elas frio e indiferente. Enfim! Enfim! Pude com a mao tremente Achar na treva aquilo que buscava... Por que fugias, quando te chamava, Cego e triste, tateando, ansiosamente. Vim de longe, seguindo de erro em erro, Teu fugitivo bem buscando E vendo apenas coragoes de ferro. Pude, porém, tocd-la solugando... E haje, feliz, dentro do meu mundo, Vejo a justiga imperando. O cdo e sua sombra Esopo Um dia um cachorro roubou um pedago de carne e resolveu comé-lo sozinho em sua casa, que ficava do outro lado do rio, Com o pedaco de carne na boca, estava atravessando 0 rio quando viu 0 reflexo de sua sombra refletida na 4gua. “Nossa! Que belo filé! E suculento, com certeza!” pensou 0 cao que, na mesma hora, abocanhou o reflexo, pensando ser um outro céio de verdade, e que pudesse roubar-lhe o filé. Porém, ao morder o reflexo, deixou o seu pedago de carne eair e a correnteza tratou de leva-lo. O cachorro até procurou, mas nao o encontrou. Moral: Quanto mais se quer, menos se tem. 84 ie Fica estabelecido Thiago de Melo Fica estabelecida, durante os séculos da vida, A pratica sonhada pelo profeta Isaias, FE o lobo e o cordeiro pastarao juntos E a comida de ambos tera o mesmo gosto. Por decreto irrevogavel fica estabelecido O reinado permanente da justiga € da caridade, FE a alegria sera uma bandeira generosa Para sempre desfraldada na alma do povo. Joxé de Nicola, Lingua, Literatura ¢ Redagio, pag. 604, Fil. Seipions, 1998. hr 85 Venus e a gata Esopo Era uma vez uma linda gata de olhos azuis que queria muito ser uma mulher. Inconformada com 0 que era, olhava-se no espelho e imaginava-se bem vestida, com .. sapatos elegantes e perfumada como as <> mulheres que sempre via. Para sua alegria, a dona da casa onde ela morava resolveu dar uma festa e convidou a todos para um grande baile. Durante a festa, apaixonou-se por um belo rapaz que era convidado de sua dona. Entao, em seu borralho, pediu A deusa Vénus que a ajudasse, que fizesse com que ela virasse uma mulher, pois assim poderia conquistar o jovem da festa. Vénus, que conhecia os desejos da gata e sabendo da paixdo que sentia, ficou com pena da gata e a transformou numa linda jovem. No instante que a viu, 0 rapaz se apaixonou por ela e algum tempo depois j4 estavam casados e felizes. Certa vez, Vénus resolveu pér & prova a mudanea que tinha acontecido com a gata. Queria ver se havia mudado por dentro como por fora ¢ para isso mandou um ratinho passear no quarto do casal. Bi Quando a jovem avistou o rato, saiu imediatamente correndo atras dele para tentar agarré-lo. Esquecida de que nao era mais uma gata, deixou seu companheiro assustado e inconformado, principalmente porque ela parecia querer devorar o pobre camundongo... A deusa, decepcionada, vendo toda aquela cena, entendeu que a modificagao nao havia se dado por completo e na mesma hora transformou-a de novo numa gata. Moral: Transformar a aparéncia é fieil; difieil é mudar por dentro. 86 vie Todos ali sdo da mesma cor Padre Anténio Vieira (fragmento) Abram aquela sepultura ¢ vejam qual é ali o senhor e qual o servo; qual é ali o pobre e qual o rico. Diferenciem ali, se conseguirem, 0 valente do fraco, o formoso do feio, o rei do escravo. Conseguiram? Nao, por certo. O grande eo pequeno, o rico eo pobre, o sdbio e o ignorante, o senhor e 0 escravo, 0 principe e 0 cavador, 0 alemao e 0 etiope, todos ali sao da mesma cor. O preco do amor Autor Desconhecido Uma tarde, um menino aproximou-se de sua mae, que preparava 0 jantar, é entregou-lhe uma folha de papel com algo escrito. Depoi que ela secou as maos e tirou o avental, ela leu: por cortar grama do jardim: R$3,00; po limpar meu quarto esta semana: R$1,00; por ir ao supermercado em seu lugar: R$2,00; por cuidar de meu irméozinho enquanto vocé ia as compras: R$2,00; por tirar o lixo toda semana: R$1,00; por ter um boletim com boas notas: R$5,00; por limpar e varrer o quintal: R$2,00; TOTAL DA DIVIDA: R$16,00. A mae olhou 0 menino, que aguardava cheio de expectativa. Finalmente, ela pegou um lapis e no verso da mesma nota. escreveu: por levar-te nove meses em meu ventre e dar-te a vida: NADA; por tantas noites sem dormir, curar-te e orar por ti: NADA; pelos problemas e pelos prantos que me causastes: NADA; pelo medo e pelas preocupacdes que me esperam: NADA; por comidas, roupas ¢ brinquedos: NADA; por limpar-te 0 nariz: NADA; CUSTO TOTAL DE MEU AMOR: NADA. Quando o menino terminou de ler o que sua mae havia escrito tinha os olhos cheios de lagrimas. Olhou nos olhos da mae e disse: — Eu te amo, mamae!!! Logo apés, pegou um lépis e escreveu com uma letra enorme: *TOTALMENTE PAGO”. 88 ee Prudencia A prudéncia é a virtude que faz prever e evitar situagdes perigo. Ser prudente, portanto, é ser cauteloso, sensato, é itar perigos de toda ordem, prevendo-os por meio da observagao, andlise e reflexao. Uma pessoa prudente evita toda espécie de drogas, o alcoolismo, o cigarro, os vicios de maneira em geral, pois evé o mal que eles fazem. Nao se deixa levar pela is vé além das aparéncias e procura o verdadeiro significado ~ér 80 O corvo e a dguia La Fontaine Certo dia, uma Aguia faminta, num véo certeiro, capturou sua presa no meio de um enorme rebanho. Alga véo veloz, levando preso, em suas garras, um carneiro. Mais adiante, um corvo assistia a espetacular captura ¢ jase colocara a postos para fazer 0 mesmo. La do alto, escolhe sua presa, o carneiro mais gordo. Imagina seu banquete e se atira sobre o pobre ‘animal indefeso. Prende o animal com suas garras firmes e... para sua decepgdo, sua vontade era maior que sua forga e ele nao agiientou... o carneiro nem se mexeu! Suas garras afiadas enroscaram-se na 1A crespa e longa da vitima. Quanto mais o corvo se debatia, mais se prendia. Quando o pastor notou 0 acontecido prendeu 0 invejoso numa gaiola e o levou para os seus filhos. 90 ‘ie Moral: Seja prudente! Nao dé o passe maior do que as pernas. pag TES Esopo ‘Numa cayerna abandonada morava um leao velho e fraco. Com o passar dos tempos, foi percebendo que se tornava cada vez mais dificil usar sua velha perspicacia de cagador; resolveu usar a astucia, a arma dos sdbios. Esticou-se em sua caverna e fingiu estar doente. Ficava endo e aos poucos atraia os animais que passavam e que se proximavam para ver 0 que estava acontecendo. Sempre que um s chegava e perguntava como ele estava, fingia-se moribundo, i beira da morte. Ao se compadecer do agonizante ledo, chegando em perto, ele, num salto, prendia a presa e a devorava. Certo dia, a raposa passou por ali e, ouvindo os gemidos do espertalhao, em vez de entrar ficou na entrada s6 olhando e sabendo dele: — Como vai, Sr. Leao? — Vou de mal a pior! Mal agiiento o peso de minhas palpebras... — resmungou 0 leao. — Coitado! Espero que melhore — desejou a raposa. Notando que a raposa nao entrava, o leao implorou: — Fique um pouco comigo! Nao quero morrer sozinho. Nao fique ai no sol, torrando seus miolos! Entre! Nao vou -atacar vocé, minha amiga... estou fraco demais, acredite! Sou 86 um pobre ledo precisando de companhia. - E mesmo, Sr. Ledéo? Engracado... gostaria de crer no que fala, mas meus olhos nao se enganam eles me mostram uma outra situagéo. Engracado... —O que foi? — resmungou o leao. — Vejo muitas pegadas de animais entrando em sua caverna, mas... mas nenhuma saindo!! Isto quer dizer que o destino deles nao foi outro senao a morte! Eu vou sair daqui! Passe bem!! y* Enum piscar de olhos a raposa ja estava longe Cyr >, dali! ay or o> >? Moral: A prudéncia nfl faz mal aninguém. © astyénomo Esopo Para observar a noite, as estrelas e seus mistérios, um astrénomo fazia seus passeios noturnos, Ficava horas e horas olhando 0 céu e apreciando a natureza, magnifica em seu conjunto, rica em seus detalhes, Certa vez, em uma de suas caminhadas noturnas, o homem ia tao distraido que caiu num pogo. Comegou a gritar desesperado por socorro e chamou a atencfio de um senhor que passava. — Meu amigo! — gritou o senhor. — Vocé esta bem? O que aconteceu? — Olé! Que bom que o senhor esta ai... — respondeu aliviado 0 astrénomo de dentro do buraco. — Estava distraido e nem vi o buraco! — Meu bom amigo! Sei que olhar o céu é seu prazer, mas olhar o que tem debaixo dos pés é um dever! Moral: Mantenha a cabeca nas nuvens, mas os pés no chao, Os homens cometem tres erros Padre Anténio Vieira (fragmento) Os homens cometem trés erros: 0 do-dinheiro, porque gastam; o do tempo, porque o perdem; 0 das passadas, porque as multiplicam. E to = _. essas passadas e esse tempo e esse ti) 2 dinheiro, quem o ha de restituir? . Quem ha de restituir as passadas a 2 quem da as passadas que nao pode? Quem ha de restituir'o tempo a quem perde o tempo que havia? O gato, 0 ga 0 ratinho Esopo Conta a histéria que um ratinho vivia com sua mae num buraco muito aconchegante. O ratinho deu 0 seu primeiro passeio sozinho e yoltou entusiasmado, contando: = Mae, como o mundo é¢ lindo! Cheio de coisas e bichos iferentes... Voc néo imagina o que eu vi agorinha! — O que vocé viu de tao diferente, meu querido? — disse a —Na verdade, dois bichos me chamaram a atengao! Um era delicado, bonito, seu pélo macio parecia pintado 4 mAo... e o rabo, entao? Era maravilhoso 0 movimento que fazia... pareciam ondas! Ja o outro, mae, era um. ser monstruoso. Vocé nem faz idéia... com aqueles pedacos de carne crua balangando . no alto da eabega e abaixo do queixo, e quando mexia os lados do corpo soltava um grito assustador. Quando ouvi aquilo comecei a correr e s6 parei quando cheguei aqui. Que pena! Tudo isso bem na hora que eu ia bater um papo com o simpatico do pélo macio. ~ — Ah, que sorte vocé teve, meu filho! — respondeu a mae. — Egse seu ser monstruoso de grito assustador era um galo, uma ave inofensiva, mas 0 seu simpatico de pélo macio era “um gato que adora comer ratos, que num piscar de olhos o teria devorado! Moral: As aparéncias enganam, portante seja prudente. er 93 94 ‘ie t Barca bela Almeida Garret. Pescador da barca bela, Onde vais pescar com ela, jue é tao bela, pescador? Nao vés que a ultima estrela No céu nublado se vela? Colhe a vela, O pescador! Deita o lancgo com cautela, Que a sereia canta bela... Mas cautela, O pescador! Nao se enrede a rede nela, Que perdido é remo e vela. S6 de vé-la, : 6 pescador! Pescador da barca bela, Ainda é tempo, foge dela, Foge dela, O pescador! O [edo e as outras feras Esopo Certo dia o ledo, o urso, a hiena e a onga pintada solveram se juntar na busca de alimento. Assim que sairam para cacar, logo na primeira investida pegaram um veado. Muito contente e convencido, com a permissao das outras eras, o ledo se pés a repartir a presa dividindo-a em quatro artes iguais. Contudo, na hora em que os outros foram pegar suas artes, o lefio falou: —Esperem, meus amigos! O primeiro pedaco é meu, por ito. O segundo também é meu, pois sou o rei da selva. O terceiro vocés me darao de presente para agradecer pela minha coragem e pelo maravilhoso ser que sou!! E o quarto, bem... desafio a quem quiser disputar comigo esse pedaco, pode vir, estou esperando. Em pouco tempo saberemos quem vencera!! Moral: Seja prudente evitando conflitos desnecessérios, mas nBo seja covarde, tscravo dos poderosos, hr 95

You might also like