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ara Css Rios Maguaes fei emeremceesss™ Fae ce opeta ar LCP rot iar isabth Ronco (sc Prac sats, FR) Toe be Ambio ege rc) teo1-o10 So aaa SP ¢ ect (i) 28-9950 362-6241 /36724045 ‘Tut ecug@uclcom be? wena com be ae "Rah ulster "Benin Kept (epsetant a Fp) yi Sr (camper Clon) Pra escent Jt Cameo) Narn Thee Com (repent xD) Mau Agus a Seneca Dace ‘iy Aes ana campus Daa Sani) Fin Mart bo te) ekcur (cnp Ve Cnn) ‘amin de Apo Univeiade Federal de So aslo Fun Jat de gates 80 Vis Clemente (ozec90 Sto Ful, SP~ rast one (11) 25884022 rane honDtopmfepedate wwii come GEORGES DIDI-HUBERMAN A PINTURA ENCARNADA seguido de A OBRA-PRIMA DESCONHECIDA de Honoré de Balzac ‘Tradugdo de Osvaldo Fontes Filho Leila de Aguiar Costa i | GpvPo pe Estuve xo Esvaziamento (cw orton) | \ e A Pos- Gaavvacho tm LireeaT vee ComragaDe 1 1985 y Lesions de Minit SUES Escu pees ein cag orgs ms Américain “Tl rig La Penne corde edn stead 2012 cet usage, pblié dans ened Programme Ae As Pon 2011 ‘CSVSPEE Rnd ae Andrade nhadiatequ i Mason de Fan, ‘Shida vuten de umbessade de Trance Bt ‘ete plicado no into ropa de Apolo Paine 201 Feared as Andree dr Mditers da Mase de roe contt Sem spo da eiaiads 6 Frngs 0 Brasil EE own eto de Eira Rata Fep-Uniee com date de A Mena ‘Chap terms, de onnoes Nemes Propuio eromat, ‘se Saciee. Datos eran de Cage ne Palin (I) ° Sore ae coer rent o78 8571575285 au) FN GTESS lepton) 1. Pir 2. emit 3, Ane Aspect oi SUMARIO Preficio a edigtobraileea, por Osvaldo Fontes Filho 8 “A cv (a spice) do pimor. pa ‘Sapincia¢ sentido, O oro de cr, ojoro de humor. 0 Fantasma do sangue on pntura A questo do "glpe™ que parti, Dvids € geno maligno: ea pinto, eu ens. Ene itera e melanceli,A“loteura da divide com deo do tat": Pode-se contr # ce, calcular humor? Rubeizgbes, vidas decistes. O-encarnado, — . "Aer d cans ta pntara. Coe (do) e elo (vid). ‘Ene escorts a pel, profndidade superficie O cinabro ‘Co smgee (Cenil), Vistides do encarnad (Diderot). 0 ‘ncaa, squilo pelo qual a pintur se sone come dowda Sisintoms, © enearado came o Leal eo cimul do color- to (eps). O Incinander (grofunidade etransperéncia) ea “animagio intiar" do colorido. a1 Opa 3 "Rr nto @ ina suprise © didfano segundo Aristtcles eDolee. A pele aio € umn superfile. © cngeadramento Ses supers segundo Descartes A exiatoctapltrica do {cteratiio. Forma « dotea: a tora espctal de Balzac, O ‘ako nto 6 uma sper Ofastasmn ea nogio de subé- i Paraigznae dod. anes. Acar segundo Meret "Tony. 0 gue ¢pano? Vermeer A violet disunivae = ‘rare de slenagto, Pele, plano, pano. Eto de pano © ‘rokimidade Tielana.Apeoximar-seo ince., 0 obstcul, ‘jogo do longings. © momento-cimulo da fan hips, Eleto de pano e dessa, O fenbmeno-ndice do corpus 0 ‘ops, “dua mulher embuix” A DUVIDA (A SAPIENCIA) DO PINTOR —A pinta pens, Como? Esta éuma questo infernal. Talvez inaproximavel pars o pensameato,Tateamos. rocuramos um fo. Somos entados a shordar «questo como aguela de wma sapien do pnt, de sua voeaeo de subedoria ede sua voouto de eins ‘Mes tal questo taivesnio sea menos trtiosa, Qui desloced, tponas deslocada, Sabedora ecitnci sempre se infectaram eso petveteram,entrangaram-se;consiuem-s, em sua, com ose ‘lo, Or, o proprio sentido € um enrelagament, uma perversidad, ‘Ao menos trés paradigms al produzem nése jogos 0 paradigmas { semitco (0 sertido-sema), do esti (osentdo-astesis) edo pattico (osentido-pathos). Acantece que Leonardo da Vinci, em ‘as Profere, eu a palavra sentmento toda a extensso es perver- Sidide dessa rede. Em seu texto, 0 senimento parece designar tanto (© “sentiment” (0 pattica) quanto 0 zenro: sensepo ( etic) © Sionifiincia(osemitica); «até mesmo o zee, 0 juzo, pis que a prépriapintura& podugoe ertea de jaios. Ora, em uma de suas profcis, Leonardo vai mais lone, mitriosamenie- ele parece nos Sugerr que esse enrelapamento bem que podera tera ver com uma ‘stura de pele is o que ele escreve: Quanto piv st partera cole pel, este del sentiment, tanto pu sacquisterdsapierta. Quanto mais se flar com as poles, vestiduras do sentido, mais se adits st- Piéneia Trata-e das pees quando se conjugun diz ele, eseriuras, le 20 (Geonces Doc HUBER scritire, sentido do tat, i senso de tata! Hal uma pertbasto femintca, 0 espelho, 0 célebreespetho leorardiano produ rover beragdo isto, bilo, manchs, escotoma; nto fosse sendo maquele Teste, que twadzo por vestidra, temo do slo XVI que se presto ‘ar conta tanto da ivestidora (que oe dizia também ves) quanto da ‘eotimonta (pare a qual se dizs, genercamente,vese); esta Vem ter com “pel”, sto 6 aspect, sna também recobrimento, ants tm nepred, Vesti ize, enim, 9a mesma époce, para “baixar as pillpebrs” — Ocomeu certmente que o pntor baxase as pllpebmas para termina seu quadro. Ao menos em suas lndas. Mas iso, de modo ‘pertinent, indica uma dstncia que pintura abrra, em soa péties, hte sepiénciae podéncia (lis tadicionalmente conjuadas, isto no bom sent filoséfco). Frequentemente senda dizer, 8s ‘nein o verdad, Essa questo da sapnsia do pintor avez passe ftalmente por aguela sempre paradoxal, de seus movimentos, de stas mudan- Pes de humores —- sua fleuma, sua bis, sua arabs, enfm, seu ‘five. Nao é caso aqui de psiologia da eriagSo.Pois que se ais tne de tudo de um paradigma hstrico, que nos cont também = Touea projeyfo do humor (6 lguido colorido) sabre um painel qe the fomnece igre. Projevie: quero dizer, ovr. Lembrar-se-b do (alee golpe de eoponja do pintor Apees (mas esse jor é par Sigmisic ja peo fata de er atibuido a outros pintores,¢ versio tue dela formeso, aquela de Valero Miximo, nomeia apenas um Droceipuae ars plctor, universalizado ainda que exroordinéro). ois bem, esse jomo & exemplar de tal “vestidra” ou investiura do enti: “Um pintor de rar talento epresentara, por fry de art © fe wabalho, um cavalo que tora do exericio, a0 qual no flava ‘Soto vid. Mas quando ele quis pinta bubs das marinas, aguele tzinde artista vitae retido po esse pqueno detalhe (am parvula porta, ume fo fafa matiia eal em vEo se esgotoa. Por fim, 70 Ric, Te Dray Wor of Leonard da 9-362 -ABOUDA (A saruBNc) Do PETOR a tornado de desdém, pegou uma esponja, embebida de todas a cores, {ue se cncontrav so aleanoe de ua moe lingo contra o quad, pa anique sua obs. © acso rune) dg spon diet part [sharinas do cavalo «abteve a efito qu opintr prociravn. Assim, ‘que mate hava sid impotete pare produit, oacaso encaregou- ‘se de reqresenar.O jor & aqui milagoso,sobretudo no seatido fem que, sem opincel le propicia um tempo de pausa na sequéncia teanfinia, exaustva e vi, dos golpes de pince! aos quaiso pequeno detahe, a infima maria, conseguin sempre ede algum modo se firar, O pope ¢ milgroso porque areata ur conjunto, de medo Incsperado,e permite enfim algo como uma dedugto. Deduzir, isto {ealoular oq havin a edu, em todo eas, suber dstingue (por exemplo, stber dstnguie nam conjuntos order do plobal ex ordem {o ocal). A questo seria, pois, quel da distin em pintur: ques to da prtia eda arbitragem, da perequaezo do vsivel — intima rmatéia, Masao € por acaso que 0 fechamento das contasocora, ‘a istria do jomo de esponja, por mio de um gesto de anulaso = pesto como que ds ceges,geso como que suicda, erevravelia {ease gestona maie milagrosa das” —Nio se uaa, als, propriamente flaca, de um gest cego, sinda que “ts copie” Imagino, antes, uma exorbtinis, sto & pro. ‘samente uma erect do olho sua vocape a dar golpes, goes que ‘© impotentepinel ainds no sabe desferiz E iso pases justamente ‘or uma demands de humor. O lho injetase de sangue. Imagino 0 traneo do elho de pees injetado do mesmo sangue que aquele de ‘sta esponja magino que é também por iso que bran baba do ‘cavalo representadofnalmente mistaravali to bem sous fetes de ‘eangue, como esceeve Dito Crisésomo em outa verso da lend. E isso era“ vids que flava ao quad: ma mistrareticulaa, us fibrna, improjtivel (ao seatido do projet), unicamente "evel", ‘de mere brancos e vemos: babe esangue. FAI Reach, Ree on pp 354-355 3. idem 388: 36. cert gue um fas de sang reticular pefeore toa «hss us Patel ver 9 spo pegnate ns leds STE tans aos gst logroscs dos poe, mo 8 oor iy con ut eins AO etic gue ape os melo, ensprrtn dem he te Tri non evn de pu hi oe EST at rctorre) Tl exgenci primase do ites aera am ite! ite marca un malogro com malo, nfo SE SSiy, Oreo malgre no & mals que o exricio mesmo .Gpuncl Asin, a hiptesedexdobrse neta ou: onde se casrtge como wine” do pore (e que comprestde 20 ea usa, o pensar esis epost ‘Tanai co sono desu la fic ll mesmo s exper pigs ns gui etevamens opr als aso = is impr fequterenteprocur is paradigms otto Pera don pintres, onde cares pradigmas sto de algum modo ‘iiciindoe nas jee em qu che tao se invent env — fo que ocorre no célebreepiséiio eézanniano, em Gas- {que no qua justamente se conjugam os dois motivos:& medida ealivel temporal dos zopes de piace; oolho que oe, injtado ‘Se sangue, Esses dois motivs eso fnalmene referidos 8 um te ‘Sito aquele de um pensamen da pinturs, nos modos a Jouura SEU Sim, perebh vod leva por vezes vinte minutos ene dois sgolges de pincel CEZANNE — E os olhos, nti? minha esposa me {izgue satm da cra, ines de sangue.. No poss aranci-os. aids de tal mod eolador ao pant em que olho que me parece que ‘vo sangas. Urn espeie de embriaguez, de éxas,faz-me tubear Tomo num nevoeigo, quando me levanto de meu cavalete... Diga- Sine, nfo seria eu um pouco Loueo? [J A ideia fixa da pinta Frenhofer..* Ta Gages, and PML Daan, Comersarions vee Clone, 1285 pe isha. Ce ee ete eae eee referécia & Obra-Prima Dasconecida. Nao somente pong Fre shefer, 0 pintr in do por Balzac, atavess, como sedi, toda 2 modemnidede, Tarbém porque 4 Obra-Prima Desconhecida &» ‘arava conjnt,absolutamente,adieavclmente raed, de um ‘pla gest: aquela da medida dos toques, na parte que tem por ‘objeto idia deur aromare do quad; aquela do que nomi provisoriamente o olharjoro do pintor; aque, enim, dt injungto (eum sangue na pepria pour. —Tate-se de uma injunsto extrema, Balzac cona-nos que ‘cause final de pnura € um alm da pita de pinture, Isso cor famenle constitu ropas de todas es iteraturas Sobre a are. Mas tl “evidéaca” nto dspensa seu exame. Além dss, Balzac ransigua «isesopol no agencamtento mesmo em que os produz.O resulado ‘por vezes flgurante, Em todo cato,pode-se segie«narativa do ‘A Obra-Prima Descanhecida como uma perpéti derrogngto: de dquadro em quadro, desde a tela tocada Someate por és ou quat> tras brancos (lez brancs sobre Branco, iso és vezes nad, a santa pecadora de Porbu, até a0 penitime quadro, a figura de mulher "em tamanho natural serinua, na qual Poussin e Porbus ‘gigs acreitaom,emboraerrneamente,reeonhecer a obra-pima fem questi, Pepétia derrogagio da causa final, na medida em qb fe rnlzava Plex procaravam a pntura acabada, sabe-se que no 3 terio encontrado, — Meas por que sempre se deseja 0 arremate da pintura? Porbus ¢ Pousin,e « proprio Frenhote, procuravam o arremate a pinta como o ato que 8 seu respeito axbitasse. A "arbitrage" ‘opde-se& partina quando esta designs a impossbiidde da esolla tne dois setidas, mesmo entre dais sentiments: pavores do amor “panhada”. A arbicagem decie, faz cesar a moratiria, produzin- dom ato de dissimetria. Em sua acepgi juriic, cl fiz cesar @ igualdade des vozes num sutigio, no desdobrar a vor de um sueito para al obter a imparidade. E este sujeito duplcads,justamente, Conjura a duplicato, decide ao conjurar a patita (pls a pais ‘nif aqui, parndoxalmente, ums especie de indstinlo, em todo ‘aso, indecsSo). Ele conduz, pos, a decisto, Ele aremata Essa sae tao da arbitzagem leva de fato a consti oindvisvel de poerajeits do enuneiado, Mas ocompromisto é, no fundo,aqusle Je eattuigko de um sujeto da enunciagso, portato aquele do ‘Spite e nada mais, Enquanto 0 sujito permanece divide (pen- sue preahofer,o ao da arbitragem que, contudo,solcita com estos ace eacepe. Tal te deve a fato de que talver seu descjo eee alice, Entretant, enquanto nfo intervir o ato que abit, Srl pommanecerd indeed, no constitu vez porate Sujet, team em pinta, existe apenas dividio, Frenhofer no be- sere sea, em trminar "dem 36 pope” o qua de Portus (sto Se a nanativa, avez agressivamente “Pa, pal, pall” © “Pon, Fon pon") Mas, justament, esa arliragen concer® our Po Pr que ado conta A deciaho de Frenofer sobre oquadco de aacriaente ¢ efeae na medida do soguinte fto:aquela Maria ‘Popetoca nto oofbn. Frenbofee pode se gubar de pode essinar seu atpon sobre o quairo de Porbs, mas nfo caso que cle o fas. Tistgv sl se eamorece sem fim entre 0" isto" ¢ 0 “no ito” ‘te sok pbprio quado, Nie hi seno 0 timo gotpe de pincel que ‘ecide (que "conta" = que desconta), diz em substincia Frenhofer eesjoves Poussin, Ena abitragem que se espers ums contigo edt do suelo pintor, mesmo que essa espers sca, pode-se dizer ‘Asim soperegoia,sobre-humana, heroica em todo cas, oporétics Sem dvda, desesperds — Ao sujetorestaria somenteo sofrimento da divide? Ev set pinay diz Prenhofer — ele 0 prova aos ols de todos — mas et vrmid Quesito colocada para a sabedoria do pitore além, pars serpcosanent,e para exstcia mesma de sua pritica. NBO bi {einem pinure send coisas “qu se podem contest”. Uma hips (endo pda maligno ters quigh desde sempre dividio ooujeito da ‘Grr, gue fo pode dias pono, ev exit, eno 20 se suet 8 cence ed epi ev fino, ew exsto, mesmo que el, asim, 5° te iho ini em peson. A aabodora do pinto Fresher, print © Peradonal, de infelizmentc ter conscitnca disso. Seu desespero PEEpesulativo: “meditou profundamente sobre as cores, sobre & A DoMIDA (a SANT) BO PISTON Es verde abot da nb; rs de nto buses cho a didar Bo pti sbjoo Gena bron A Sve cca iets sci amp nado roe import league es lars {Sis em pogo rss) So gent eng he aa sempre Goutren)o areas. Frente, quando sremata geben 0 ho de Prin ob fade nu ep de despre do Spine ecm depen sents posite ep, pore Sra € pnd nto Ine espe como eto ta ean, aera eee eee eer ‘outdo do tome" O aur sigs qu exec (ob) nfo ovo resaecnet ds pesmen upon cap Freocipuro Bian: su humor cm sma, que mina ee ecdoor ho mea eno, Pnfe-come-paor pt impr cop asta pl pio ini lgn Posin noe ‘enblat apd por ‘ge abd. Quando remo pint to le cs wn dele qu ge por sas os, eghandras-A ee eg ee er eee rea eae erecta Se coat (itr) eda ipcondia le ao man sab, no Icons de colt sr pra ema (o ons) Go demo qu pon. Seta dio, sto por 0 mena ‘confuso, indistinto. tg Howe, no sce Xx, un espe de lover, entrevista « desta por Exiled 184, doh por Fake Ballas, Maree rgoas ctos, «quo ve pode al veri como a e3 i divide de Preotes Bohne, oo un cin, por fren treo do fo de » ney devs luca pron 0 66 igain tga, mesmo se om dion po complet de erase Ch inher 159, 1 Ch ia p19, BCkigra p12 ar em pou. Ela deprende a rospito uma constlagto de ents (hen deina de eligar hipétesebalzaguiana. Legrand du Saulle ‘onsagrou em 1875 uma pequena monografa sess nogEo, visando omet-lae ela fomecer ur quadro nosldyicoprecisamente dest "ado star um eampo-inite da hipocondtia eda histeri. Diz ele «ue essa 6 uma loucura “com coasciéncia". “Ela € constiulda por tm expe de delirioatvo,expansvo, sen qualquer relagB0 om deo ds perseyuigdes econo deitio da melancols, eosider {a eroncamente como part, ora da hipocondria, oa da histeia”™ Legrand du Sanlle confer eto ela una denominagio que €pre~ isp ler sumariamente (0 “com” ¢ ali uma coajungte no somente Cireustancal, mas essencil), Loncura da divida (com delrio do tat). divids abe a cena mérbids, diz el; "uit tempo depois, ‘ss exceniriedaes do tatofermentamna. Na dsignago nominal da ‘osnga, a clini 0 tato vem ser ounides"™® Eniretinto trata-sejustamente de um delirio de naturezs cspeclatva, Sua figura exemplar seria dada por aquela do tedrico. “Tio o que se apresentavaa seu espe, dei ou imagem, invara- ‘velmente'e acompantava de um como ou de um por que", eseeve Legrand du Saulle em uma de suas obsecvgbes". Ele insiste em seguida na testralidade dessa Sgura do teérico, em sua lingwagers ‘state “imagiicae exagerad, ta mise on scdne de seus gextos Sut dor central, “diversamente nterpretada,evoes a compaixSo, & desconfianga 080 is, A verdade ¢ que ess dor & bastante rel” FE inopivel que o tesrico 6 por vezes riculo, Mas “no € muito 0 se observarem verdaderesidelas de suciio", por vezes seguidas Ae efeitos” Ors que dor & ess? Uma espéve de incrustago, de n= ‘corpora invencivel, javencivelmente ena, da questo, © sito 3a eran a Saal La Foie dtp. 10, Bidowsp 1 C8 Pot tans “LaPoeda dwt tl ie dosh tm Reve de opnateme tomo 1 9p 13-14. tu, Weg Slop ep 1 12) Biden p 2 tende ala se fossizar. “A suas lomase ache din mais ile rivel toda sociabildade tendo a dessparecer; tos afos ormais a vide tornam-se impossveis;ssidss no slo acits sendo com ‘epugnincia, depts cbsolutamente recusadas; os movimentos sto cada vex mals lens, e mulas horas acabam por set despendida, Sseja para atoalete da man, sja pra cada uma das refeiges do io ereulo das ideas delianes reuse, eas angasaumentam propotcionalment os medoe de adr, de sent, de esertr em ‘udm, de dara mio, de abrir uma janela ou uma porte; eaumentam as seplsas invencives por tas ou tals objeto 6s pavoresdedxam de ser expessos,e 9 movimento dos labios tui unieamente «per sistincia de uma linguagem mental; a eanseiéncin pereita de oa situagio to confnuosa subsiste assim mesmo; « deménca jamais scontece, e ¢ num esto extemamente vizio da imobiligade que vida protonga-sce se extingues"™ = Mas nto é simples oestatuto do que Legrand du Saulle ‘nomeava “excenrsidades do tata” Seja como fo, isso ndo nomela lum pura anulagaodo exeeilo do tocar, Pei conto, ¢ certo que squele que “supde” que todo oespago & uma peste nfo Tocari em singuém, qusimar sas oupasctdos os abjetos poses em conta com outrem. Mas ele proprio lavarse-4 dae noite aspergi-se-d de lnguentosedesejrijogar eal viva nas paredes de sua casa. Taye ‘mesmo sobre tudo 0 que o olka. O deliria da tocar parece, antes, surgi na dimenslo adesive e “hitica”,surpreendente, do olhar A ancorsgem dese delirio do tocar no vsive ¢ com efit, fnumea- falls procede de uma suposeso segundo aqua tudo o ue 6 vise pode virme toes, quig jt me gue. Legrand ci Sale cont 6 caso 4d uma mulher dominada por um deliio e por uma “repugnncia pelo eserever". Ea suspeitava, na superficie mestna dos objetos, algo como um enremein no qual poderia se imiseui io e sabe que ‘erivel instrimento de escrita, "Ela aunea permanecia num quar ‘om tpete, pots alguns lips podeiam se encontrar ene apt © 2» (Gronoes DDL ALDERMAN 0 chlo Outro, constantemente preocupado com questesteologi= ss, eora ess evi do visvel conta si mesmo, en para de ‘Sr lterognr para “ster senile fe ojuamento de se rar um otho pute egrdar# Deas" Ainda oto, sobretado, que "se pretende b- orvido mentalmente por duss coisas, a cores e 0s nimeros, © que, ‘dade que tenba alguns minutos de iberdade de espirito,obrign-se ‘s conragosio a diseutir certosassuntos nos qusisenam sempre as ores eos almeros, Perguta-e, por exemplo, porque a cores S30 Jnagevelmenterepartdas, porque as vores sto Verdes, por que os ‘Soldados unm calves veel, porque a mulher easase de branco, por ue o to veste-s de near, por que ais papis sto pntados de ail de amarelo, de rosa ou de cinza et. Etando em slgsm lugs, ‘le popiamenteadicona quanto hi de méveis, de objetos ou de ves- {es deal fal gor Estado em um rem, poder dizer quanto de uma ‘xtagSo aonra vin desilar de rose de pontes, ou quant havis emt Seu val de estofo, de franias, de lsangos ¢ de pregos. Se, pare ‘vita fadiga, ele quis fechar es olhos e procuas 0 sono, contaré ‘be fo involuntariamenteforeado a resolver esta questo: por que © ‘srcosri pose sete cores”, — Retoro, pis, & dupla questo da deduso e ds cor; ou, como eaeular «cot? Como fier sua somalria, sua deren, su Subttagio? Como pola 8 digposiedo? Isso reenviaria, antigo fan- fasma, a calcular 9 humor. E preciso se lembrar da circularidude, fem Lomazzo, por exemplo, do efit produzid pelo colorido sobre fs imores (no capitulo "De glee che eausano i eolori”, do Trattaio)« da indugao colorida dos préprios humores: a rego del Colorare que consist saber fazer a dfeengaente a carpago de {Gm melancico (sub-cepiciamente, ela deve pendr prs o rete) ¢ ‘agvela de um sanguine (oa qual domnina 0 vertelho)".Cireuarda- 15 Bison p 2 16 Bide p38. 1% Toe p 12 18, G-actin eA dl pte, ssh et aie, ‘Sa PCa dy Sor al Livro. 177-8 Pin, Dialogs a owDA (A sate) 0 TOR » «de, ois, dosenido-pathas edo sentdo-seme no excrico mesmo da tishese — aquela do “modelo” paraopintr, on aguela do quadro pats seu espectadoe — or, pode-se igualmente seguir ¢naratva de Balzac se- gundo 0 perseverantecontramotivo de ua elevagto de humores ‘rata, sobretudo, de sangue. Cada uma das porsonagens, exce- (io de Porbus — este nfo obedece send a uma parte mediads 2a Clrclapto das puss, ele € apenas o vetor de roca entre o antigo sinio desconhecido, Frenhofe, eo futuro gnio bem conhecid da histria da ate, Nicolas Poussin —, ead uma das personagens, ou guase, em algum momento, acaba por raborzar. Besse instante de fuborizago do rosto a cada vez diz respeito & paseagem terivel de uma divida a uma decisto (e reorno). Ele € 0 n6 da quest: ‘somo contra cor? E de acontecimenta, do prépri sini colorido i inicilmenteo “pudorindefinivel do nest; “eo pudortalver ‘saja uma divida", ecreve Balzac". No que Poussin logo reencon true compreendau seu meste real, Freshofer. O pudor € ums dt de; € ao mesmo tempo como que um sintoma — 0 seontecznenty ‘corporal do segredo esreve Pierre Fédida®. Fai, el avez soja ‘iminéncia da mais oucetemeridade, enquanto a eudicia mesma se sabe transpressva, isto ¢, calpada: “Pobre de mim! Perdoa, mete, ‘minha audicia —respondeu o nebo enrubescendo”.. le paisa 230 ato ("los obra) refazendo, sanguinea, o quad de Porbus Eo mesmo lipis vermelia Ihe servis para prodir oat tinica de sssinatura da aarti. Quanto ds bochechaslvidas de Frenofe, ‘las matizam-se de um vemnetbo vivo quando, vioentaeate ele ai vem ente a decisto eo tabu (“ela deve aqui permancoervirgem”, “ela enrubescera se guts olhos que nfo os meus se detivessem am F Bars C0) Taos at al Cece, Pp. 2261-2265 22602271 18. Chia, p 182 20, “Linton et secret 'eveloppe ve Menem de pape aoe np 2 21, CE gb, 138-133 sobre ea", entre 0 deseo 0 deseo de assassinio 'matari no dia ‘Sguine agule que a macilasse com um olhar") nte.a arte, 20 SeaNgo de mio, de rmneira, de habiidade ineapacidade, 0 sin ‘Sina de ua morte (suse mos remian, como ald ero temido [Gvelas de Poussin, o verdadero, 90 nl de sus vida). Enfin in ier bom coverets dessa narativa dbsapassr sobre seu roto in “pudico rubor, bainando os ols (ato 40 vest) enquanto se “promta pare fazer diva de sua nadez ao olhar do velbo meste™. ssa diva, als, nfo & propriamentefalando aquela de ‘una nudez.Frohoter nfo necesita disso, E uma diva da carne, pois eis o que falta a0 quadro. Eis exigénci, cei o limite Bis © Pentigo Jo fafa para fodes o quadron, excerto tale da ob rma desconhevda, Pos o ras belo dos quaos tert estado, at 0 “Presente™ da bra-pina de Freahofr, aquém deal diva, O mais ‘elo dos quadros tk sempre ttado as carn como panni,vestes fu vesiments colordas eno conhecem a arte da metamoriose Serdar sio apenas o atfeo, nem mesmo sabem meat sobre ‘in natura de tela Ora tela €agilo mesmo que nos fz ver que fom compe pintado € uma no-vida, "No, meu amigo, 0 sangue no ome seb ena pele de marin, «exsténcia nfo nfumesce com seu ‘truth puro as veins «a bile que se enrelagam em rede 0b ‘teenspatncia de mar ds tmporas e o colo] Dai vossas ‘teres belasroupagens de care, belosteidos de exbelos, mas ‘ue crt osangue que engendrs a alma cua pao e que cause ‘fotos porculres? [] E assim, e ao é assim. O que falta? Un fda, mas esse nada tudo,” E quando Frenbor, pbs »ivectve, "fetam" 9 quadro de Porbus, ele exige que essas “pincelaihas™ fagam ruboriza, isto &, avermelhar © aquecer 0 "or alacal” de Senta Masia Egipoines le faz ali a ransfuso, on melhor infunde ‘um sangve Be Ceisfa pe OWL. 2B. CE ap 134, ISS, 10. © ENCARNADO Prk men vr 80 eer Tabex we cscs mals complcamene,nomendanei, ang extra de Gh lv, Se no nodes nate "oe eats Se core ¢ Forge og tan evs oy capa Ge Acoral0 6 oa Teate co moe Sti i ste corpo cme un rea Tneme, Quen dso, Supest om dl 0 aon ds ‘ith reese as pts, o coum sn Plnbls de conto come ses (opis, ove fade som exsenia do smo). Se Dole rosapae, no solo ver dlsnghir nro cles Soho, me wa sido ten coniergi sae sont Ean tor ae oreo se ‘bponta specs oe “te as cna spre ‘etineao, ool rarae cise qu ain pins Sve o naar a que ea vis tloealnene spud retards da pita uo ch gi deta porto. © =a ern seni os textos de Rog de Pls sore Rens aes (ete ode Vato de Doce oie lao, Nest lo sete TT nto Repco, Sted Gra 4b L Dole, “ilo ‘geen: 1-185) ihe“ dcr oD. ‘heave (0d) bol et Renae voliepp (73176. ‘Ge omazo, pu thet, aden» TE 20.20 “Querer nos quoima!* de Pele! Onagro. O ois, um corpo queimado. As lagrimas de Freahofer teriam assim © melame io, ¢ igido, 0 incée7.0 dos qradros. na radlea ne. A pinta pris com o Bans mts Pamor exigido 0 cide. um tempo melanc'.ca «convulsive, do to Imagino a que! ua” “eaprima dr Feeney, voit 0, com una intensidad “cor paivel agus do gope de esr las © Apcles: 0 tho injerdo do uague na ‘Win tentatvg, n° “ue ala, para da ida, en rar a (ou 0) Zane Alisa» vert pamela cexatam te so: 0 "g"pe eal dos aoe” gps para se tomar de um ub golpe meste absoluto do joe, spe do maior riseoe do ‘xito migico™Frenhoterseedita fiver, a elma seus quadros, 40 Se sulcider com cls, que" guipe final, o guive da abitrgem, es ee eben SWE ar ser age gotpe, «ele ie! so, r.1s0.e-4e mana auigh um ‘pane de muro de até, ste a cits de aus obra-prima, Inf €sento seu proprio sangue, seu humor, sua pépri cor de via, de vida que se esi Janeiro Fuaho 1984 (Cradugho de Osvaldo Fontes Filho) Ben "aban em La Comb hari 9516 SH CER Scie La Raion romaine Pe 4 4 em, “La Fase omnia” 538 | Honorit DE BALZAC A OBRA-PRIMA DESCONHECIDA ‘Tradugdo de Leila de Aguiar Costa Aum lone | present tao fiend pai da ena, revise wren por Bune, de 157, pica m Ene phasic, ome Xi em coer Pani eam send em 4 Parra Encorada Adenia de 14S 1 Giete Por volta do fins! de 1612, em uma fra manha de dezerbro, umn rap, eujae roupas cram de bem simples aparéaci,caminhaya lane da porta de urna cas sitada rua dos Grands Augustns, em Paris, As ter andado por eta ra com airesolugio do um apaixo- ‘nado gue nfo ous fazer anncarna eats de sua pimsira name- rads, por mas fic que ela sj, ele scabou por tanspor o umbral ‘aq porta e perguntou se mestre Frangos Porbusestava em casa Mediante a reposts afmativa que le deu uma velba senhors,ocu- ‘eda em varrer uma sala no andar tere, o rapa subi lentamente ts escaas,parando de degra em degra, & maneira de um corto ‘novgo, inguieto corn a acolhide que ori the fark. Quando chegou to ato das ecadas em caracol,pemanccealgum topo no come tor sem se deviir ve usta a‘grotesa aldmaba que ormamentava 8 ‘ora do atelié, Ali talvestrabalhesteo pitor de Hene IV, aquele tte Marie de Médicissubstiniea por Rubens. O rapazexperimen- fave aquela sensagZo profunda qu tera feito vibrar corso dos grandes artistas quando, no auge da juventude e de seu amor pela {tele se aprotimaram de um homem de génio ou de lguma obr- “prima, Ha em todos os sentimentos humunos uma flor primtiva, ‘ngendrada por vn nob enusiasmo que sempre enagusceaé que &flicidade nfo sen senfo una lembranga ea gloria uma ments este ests frigeis emogBes, nia se parece 0 ath soma 3 jotent piu de um artista que principio dlicio splici de seu destino fe gloria ede infelicidade,painio lena de audiein ede imide de renga vagas ede desencorjamentosincontivess.Aquele ave, ‘com bolsesleves de dinheiro, de génio sinds adolescent, no ex perimentou vivsspalptacBes ao se apresenar dante de um mest, femprefaltaré uma corda a0 coragto, nfo sei que pincelada, ut Sentimento na obra, ceria expressao de poesia. Se alguns fanfaes ‘aidoss cent muito pido no futuro les sero pessoas de espirto sponas para os oles. este ospeito, © rapa dasconhocido parecia ter verdadeiros méritos, se se pode medi talento a parti dessa ‘mide ine, desse prado indefnvel que as pestoce prometidas & sla saber perder no execicio de sua arte, do mesmo modo que a8 ‘mulheres perdem a se nos joges do caqutismo. © hiite do tin enfaquece a dvi, © o pudor‘alvez seja uma dvd ‘Motifiado pela misériaesurpreendido naquete momento de sua jactinea,o pobre nedfto nto teria entado na casa do pintor a {quem deveros © adminsvel retrato de Hen sem o uni ex- trsordiniri que the envio oasaso, Um ansio sabia eecads, Em razio da bizarece de seu tae, da magnficenci de seu plasrio de rendas, da preponderante suranga de seu modo de anda, ojovera julgouadivinhar naquele personagem, ou 0 proteter, ou o amigo do Pintor Ble recuou no patsmar para the da passage, examino-0 om curiosidade, esperando nele encontrar a bos natureca de um fansta 040 temperamento sori das pessoas que amam a art. Mas percebeu alge de dibslico nagula gua, sobeetudo, aquele no Set gud que avalos artistas. Imaginst uma Fonte calva, abaulads, roominente tomando-seseliete sobre um pequeno narz ema ado, anebtado na ponta como aquele de Rabelais ou de Sécrates; ‘uma boca sorrdentee enrugada, um qucixo cute, orgulhosamente clevado, guarccido de uma bare grisalha aparada em pont, olhos ‘verdestardescorados aparentemeste pela ade, mas qu, pelo con- tease do braneo nacarado no qual futuava a pupil, deviem nngar ‘thar magnéicos no auge ds ra ou do entusiasmo, ‘0 rosto, lis, etavasingularment fenecigo pels digas da ‘dade emis sinds, por aquelet peneamentos que igualmente cor 7 oem a alma © corpo. Os thos no tnhar mais iis «quase no nai via subrancelhas aims de rus arcadasslientes. Colca ‘sea cabega sae um compo fanzine di, rodes-a de ums end resplendecente de brancir rabslhads como ums elher de pede, jogs sobre ogibio negro do aneiso una pesada comteate de our, fc tereis uma imagem imperfuta desse personagem a quem 3 luz {roca da escada emprestava uma cor fantistica,Di-se-ia uma tela «de Rembrandt caihando slleneiosamente e sem moldura na negra ‘torfera de que se apropeiou o grande pnt. O anc angou ao jo- ‘em um olbar marcado de sgacidde,buteu ets vezes a pra e disse ‘um homem valtudindrio, de ceca de quaenta anes, qle Wei abr Bom dia, mest Porbus inclinou-se respeitosamente, deixou encar © rapaz Por jula-lo wazido pelo ancio e prestou nele 80 pouea atencto ‘gue © nosfto pemmaneces sob o encanta que devem experimentar 0 pintoresnatos uo aspect do primeiro afelié que veem e onde ‘evelatn alguns dos procedimentos matriis da art, Uma vidrara sere na abba iliminavao tlis do metre Porbus. Concentea- ‘do eobre una tela dsposta no cavalete que nfo fora sna wocada “eno por trés ou quatro rags brncos, oda no consegua chesar is negras profindidades dos angulos daquele vasto sposento; mas alguns reflexos perddos laminavam naguelasembra avereliads ‘uma palet rated. no vente de wma couraca de cavalo suspenss ‘a0 mir, riavam com um brusco sulco de liz uma coma esculpida ‘encerads de um antigo aparadr carezado de lougas curios, ov ‘pontihavam de manchas brilhantes a tama granulosa de alguinas ‘ethascortinas de brocado dourado com grandes preaas desfets, Jjopadas como modelos. Manequins de gesso, fragments tors nis cada ver mais, obtive a sombras mai vigorosas e, mesmo, os ‘gros mas profendor ois ques sombeas das pnturascomuns sto do outa nature que seus tons clarot; wats se de madera, do core, ‘tudo o que quserdes,excto carne ma sombra,Sent-se que, sea fi ‘ura dels mudase de porigfo, os lugares sombreados ago se clarea- Flam eno se tomariam Iuminotos. Evite esse dfeto em que muitos dos mas iusres cram, eem mim a alvura se revela sb a opec- ‘dade da mais snimad rombra! Como uma mulia8o de ignorates ‘que ponsam desenhar coreamente somente porque fazer um apo ‘uidadosamente impo, nto marque secamente us bordasexteriores| ‘figura e dei desta no minimo detahe astémico, pois © corpo Inumeno nfo oe termina por linha. Nieo, of esultoes podem mais se apvoximar de verdad do que ns, A nturezacomporta uma série ‘de curvas qu se envolvem umas as ours. Rigorostmentefalando, 6 deseaho no exist! No ria, meu overt Por mais que te parece Singular esta ieia, compreendevis algum da uss rzbes. linha € 0 mci pelo quale homem se di conta do eftito da luz sabre os obje- tos; mas ndo hi linasnanatureza, onde td ¢ ple: é modelando ‘que se desenba, ato 6, que e dertacam a8 coisas do mo em que eto, disteibuigto da turd spena @spartncia a éospo! Assim, ‘io fixe os lineaments, espael sobre o contomos uma nuvem ‘emitonslouos e quenss, de modo que nfo se saberia com preciso ‘oloear ede sobre o lugar onde os coatomes se confundem com (8 fundos, De pesto, esse trabalho parece enzedado e div-se-ia que The faa preisto, mas a dois pasios tudo se consoida, detem-se © ‘desta; o compo voitea, formas lomamse salen, sente-se ‘ar cular eo redor. No entanto, no estou ainda stseito, tenho ‘vids. Talver nko fosse preciso desenhar um nico tao e osse inelhor alacar a figura pelo centro, dedicando-se inicialmente 8s sslincias mais lumiadas para, em seguida,passr&s pores mais Sombre: Ni asim que fz oso, esse divin pintor do universo? (Oh, natureza! Natreza! quem ter um dia logrado surpreenderte temas fugas! Vede, muta ciéaca, assim como a igorinea, leva a ‘uma negaco, Duvido de minha obra! ‘© cio fez uma pasa para em seguid continu: Hi de anos, mou over, que wabalbo; mas © que so dex poquenos anor quando a tata dolar com anatreza?Ignorsmos 9 tempo empregado pelo sonkor Pigmalifo par faze nica esttua {ue tha ceminhad! ‘0 anita ca em um devaneio prune pmaneceu com os olhosfxo,brincando maguinalmente com sus fac, —Ei-lo em conversa com seu espiriio — disse Porbus em vor bana ‘Ao ouvir tal palavr, Nicolas Poussin sentivse sob a infuén- cia de uma inexplicévelcuriosidede de artista. Aqueleancido de ‘ollos brancos, ateato © estipido, tomourse para ele mais que um homem, spareceu-Ihe como um génio bizaro que vivia em ume ‘esfora desconhecida, Ele excitava mil ieias confusas na alma. O fenimeno moral desse especie de fscinagto no pode sor definido, tanto quanto io o pode ser a emogio excitads por um canto que lembra ao coregdo a pétia do exilado, O menosprezo que aquele ‘velo homem parcciaexpressa para at mais elas enativas da arte, us rigueza, suas maneiras as defeencia de Porbus por el, aquela| ‘bra atid tanto tempo tecret, obra de pacéncl, obra de géaio lalver se se aereditase na caboga de Vigem que ojovers Pousia| ‘30 francamentoadmirara que, bela inds, mesmo ao lado 40 Ao de Mabuse, atestavao fazer imperial de um dos princes da are tudo naguele anid i lém dos limites da naurezs humana. O cue a ica imaginasto de Poussin pode apeender de claro e de pereptvel ‘0 ver aguel ser sobrenairal er ma completa imagem de natures farts, daquelanatureza luca aque se coniam tants pees, que eles td fequentemente abusa,arrastando afi az, os burBueses| ‘e mesmo alguns amadores por mil eaminhos pedregosos onde, para les, mada hi; enquanto, gfbotera em suns Fantasias, esa moya de sas brancs ali descobre epopeins,catcls, obras de re. Notre- 1a zombetira © boa, fecunda e pobre! Assim, pare o entusasta Poussin. aguele enc tomarase, em uma sibita transfguraszo,@ propria Arte, a arte com seus segredes, seus arebotamentos seus fevaneios — Sim, meu caro Porbus —retomou Frenhofer — fltowme sé 0 momento encontrar uma mulher ieprensivel tm corp cos ‘ontomos sam de uma bela pereita ech carasto...Mas onde vive — disse cle intrrompendo-se —, esta VEnus dos Antigosim- possivel de ser encontraa, to fequentemente procure da qu apenas vemos algumas belezasesparsas? Ob pra ver um momento, uma nea vez, natureza diving, completa, o ideal enti, eu daria ‘oda. a minha fortunal Mas te busearei em es limbo, beleza celes- ‘21 Como Ore, dascere a inferno da are parade I razer 8 vida = Podemos ir embora — disse Porbus a Poussin —, ee io ‘os ouve mals, io nos é mas! — Vamos a seu atelié —respondeu ojovem maravilhado — 0), ovelhosoldadosoube proibisun entrada. Seus toon 10s so muito bem guardados para que possamos chegar até eles, [Nao esperei vos ideiaevossa imagine para tent 0 assato do Hi cntho um mistrio? —Sim— respondeu Porbus. —O velho Frenhofer € 0 nico sluno # quem Mabuse quis ensinae. Quando te torn sow amigo, ‘eu pa, Frenhofer ssrificow a maior parte de suns riquezas para ‘histazer as patties de Mabuse; em trocs, Mabuselegoi-e oe redo do leo, o poder de dare igus aque ida extagen, ‘quea flor de naueza, nosso cero desesper, mas do qual ele 10 tem postulao fazer que, um da, tendo vendidoe bebidoo dams ado como qual deveria se vests por ocssio da entrada de Calon ‘Quito, asompantou seu mesre com ums roupa de papel pintado de amnaco, Orit peculiar dotecido ws por Mabuse surprocadeu 9 imperadorquc, a deseja cuprimenty 0 potter do velho dio, ‘escobrt.oembuse. Fenhofer ¢ um homem spaixonado por ssi tne e que v8 mas aoe nis longe que o« outros pinores. Ele medi tou profindement sobre as cores, sobre a verdad absolut ds inh tas, de tanto buscar, chegou a duvidar do préprio objato de suas buscas. Em sens moments de desespero, ele afiema que o deseabo ‘Mo existe e que Bo & posivel bier com tapos sento Higuas geo- Inéticas; o que est lean da verdede, pois que, com a tagoe com fo negro, que nfo ¢ uma cor pode-se fazer una gura 0 que ova ‘que nosed arte ¢, como a natuzez, compose de uma infaidade de ‘ements: o desenbo dio eaqueleto, a.cor€ vida, masa vida sem > exqueleto uma cosa mais incomplts que o eaqueleto som avid, Eni, i algo de mais verdaeiro do que tudo iso, € que prtica © 1 observasto so tuo par optore que, se aciocinio ea poesia ‘gueelim se com os pines, chogs-se 4 divida come o velhote, que ‘Zranto loaco quo pintor, Pintor subline, ele teve a inflicidade de taser rico, o que he permit divagar Nao oimiteis!Trabalhai! Os Pintores nfo dever media sendo com os pinotis nas mics. ~Penetarenos em seu atelis!—exelamou Poussin, deian- do de ouvir Ports eno duvidando de mais nada. Posbus sori ao ver oentusiasmo do jovem éesconhecio€ deixou-o, convidando-o a fee uma vist. "Nicolas Poussin dirigiu-se com passos lentos para a rua de Huarpes,entrou sem notar na modestahospediria onde morava. ‘Subindo com uma inguietaprontidto sua miserivelescads,chegou ‘um quarto n0 alto, situado so um telbado com postign, ings © ‘ene cobertrs das csns da veiha Paris, Peto dani © sombiao- rela daguele quarto, iv ums mogs que, 0 ruido da ori, evantou- “se aubitamente com am movimento de smor; ela have rconheeido ‘pinto A sua maneia de tocar na mane —0 que tee? — perguntow heel —# gue, éque — exclamon el, sufocando de prazer —, ‘sentsme pinto! Duvidara de mim até agora, mas esta manhi aredi- ‘ei em mim mesmo! Posso ser um grande home! Ab! Gillet, seremes rics, flizes! Hi ouro nesses pincts "Mas exla-serepentinamente. Seu rosto gravee vigorosopet- ‘eu sua expresso de contentamento quando eomparou a imensidso ‘de sus esperangas & medicridade de seus recurtos. As paredes ‘stavam cobertas de simples paps caregados de esbogos scar. Ele nem seqer postu quatro telasproprias. As tints custavam tio muito caro, 0 pobre algo via sus paleta quase ma, No cio Aaquela miséri, possuia epresseatia notiveis riquezas de corario, tea superabundincia de um genio devorador. Levado a Pais por um fidalgo amigo seu ou, qui, por seu proprio talento, encoatara ai Inesperadarsente uma amante, uma daquelas alas nobresegeneto- 4s que vém sofer ao lado de um homem, desposando suas miserias| « esfrgando-se para compreender seus capichos; fore para a misé- fine pare o amor, como outras aio intepidas para usr o ho, para pavoncar ua insensitilidade 0 soeiso que erava sobre os ibis de Gillen dourava aquele sti eivalizava com o iho 60 céu.O sol nom sempre brihava,enguanto el, ela estava sempre, recothida em sua pao, ligada a sua elicidade, a seu sftimeato, conslando © aio que wansbordava no amor anes de se apoderar da ate —Owve, Gillete, ver. ‘Abedicaee alegre mega pulou nos joclhos do pnt. Ela era ‘raga pena, belez lena bela como uma primavers, mada de oda st riquezaslemininas, iuminando-ascom o fogo de ua bela alma. Ob, Deus! —exclamou cl. — Jamais outerei dizer. Um segreda? —retomou ela. — Quero conhectlo ‘Poussin permanccou sonhador Fala, —Gillete! Pobre coragtosmsdo! Ob! Queresslgums coisa de mim? sim, —Se dosejas que cu pose diane de como no outo dla — retomou ela com um arin amaado —, no consentelnisvo nan ‘mais, pois neses momentos tous olhos ato me dizém mais nada "No pensas mas xm mim e, contd, t8 me okas. “Preferras ver-me copiande outa mulher? —Talver — disse ela—, se fosse bem fein — Pois bem — retomoa Poussin com um arséio —, se para ‘minha gra futur, separa me fazer um grande intr, fos preciso esar paca outro? Pir Ques toruarme— dist ela, — Bem sabes que noi Poussin deinou ess caboga sobre o pelo, como um homer que sucumbe a uma alepriaou a ume dor muito forte pra sua alma Ove — disse el pucando Poussin pela manga de seu a ‘bio surado —, dtse-te, Nick, que e daria minha vide; mas nunea te prometi cu, viva, enunciar a0 mev amor = Renunciar so te amor? — exclamou Poussin. Se eume moctrasse assim para ctr, nlo mais me amariss. Feu mesin, ea me julgari indigna det, Obedecer ates eaprichos rio ¢alguma coisa naturale simples? Sem o desjar, sou feliz, © tmesino ongulhose de fazer stu cara Vontade. Mas pra outro! Deus DDesculps-me, minha pobre Gillete— disse o pinto ogan ose a seus pin — Profiro ser amado a ser lustre. Para mim, tu és ‘mais bela que «fortuna eas hones. Vs, joga meus pinots,queima Ineus esbovos, Enginei-me. Minha vocacto é amar-te. Nao sou Pintor estou apsixonado, Peregam a art e todos os seus segredos! ‘ao admire, feliz, ncantadat Ela oinava, sent institiva- mente que as ates etavam esquecias por ela e jopadas «seus pés come tim gro de incensos. io +e tat sno de um aneige.—retomou Poussin. — le no poderd ver sonto a mulher em tie to perfeita! 7 preciso bem amar — exclamo el, prota para sacrifice seus escrplos de amor para recompensar seu amante por todos oF Sucrificios que ele Ie fazia.— Porém —relomou ela —, isso seria perder-me, Ah, pme a perder por il Sim, isso & to belo! Masta te esquecers de mim. Ob, que péssima idea tives! vera eamno-te —disgeele com una espe de contri, Mas sere ento un infune? CConsultamos pai Hardouims? — perguntou ele, Ak, nol Que eso cea un segredo entre ds, —Pois hem, iret Mas tu no earls Ib — dae ela, — Fica porta, anmado com tun adaga: eeu gitar, ers e mata pte ‘io vendo sento sus eri, Poussin omou Gillette emt seus brags. Ele nso me ama mais! — pensou Gillette quando fou sont Sse arependla de sua resol, Mas logos viu presa de tum teror ainda mais eel que seu arependiment, eforyave-se pra afugeatar um pensamentotrivel que cesta ese rap. Es acreditava jd amar menos opintorjlgando-o menos estimivel que ates 1 (Catherine Lescaut ‘Tres meses apis o encontro de Poussin ede Porbus, este fo visitor mesie Frenhofer.O anc esta onto subjugsdo por um ddaqueles desencorajamentos profundos e espontineos cuj cans st, ase acreditar nos matemticos da madicina, sums ma diges- Ho, no vento, no calor ou em algum inchago dos hipoetndtios;e, segundo os cspiritualista, na imperfeipio da nossa nturera moral ‘© vethoteeegotra-s puree simplemente para terminar sou mine Fioeo quo, Estava indolentemente sentado ert uma aml cade de carvao esclpido,guarecida de couro negro; e, sem deixar es atte melaneslica, langou sobre Porbus ool de umn homer que se instlara em sea tio. —Pois bem, mesie — dsse-he Portus —,o ulvamar que | fostes buscar em Bruges etava rum? Sers que nlo soubestsmis- turar nosso novo braneu? Voss Seo éruim, oto pines indo? —Tnfelamente! — exclamos 0 ancte, — Acteditel durante wm tempo que minha obra extava concluida; mas é claro que me enganei em alguns dtalhes, nfo are ranqulo enqanto nto ‘selarocer minhas divides. Decii viajar, ei & Turqui, & Grécia, ‘Asia buscar um modelo e comparar meu qusdro com diversas ‘aturezas.Tavez tn eu ld — retort ele deixando escper rm somriso de contentamento— a prépria natureza. Por vezes, tenho mai ia ld quase medo de que um sopro no me desperte esta mules «gue ele ‘Mio dosapares® ‘Levantou-se depois repentinamente, como que para pti Oh! On! —respondeu Porbus. —Chego tempo deevitar -vossas despesis eas fadigas da vagem — Come? — pergutou Frenhofersurpreso, —0 jovem Poussin ¢ smado por ums mulher euja beleza in comparvel no possu impereigge alguns, Mas, meu caro meste, se ele consent em vor emprestar ao menos ser proviso nos deixar ver vossa quad, ‘© anc permancceu dep, imSvel, rn um estado de est ez perf — Como!? — exclameu, enim, dolorosamente, — Mostar ‘minha rita, minha esposa? Rasgaro véu sob o qual castamente cobri minha felcidade? Mas isso seria uma horivelprostitigdo! Eis j dez anos que vivo com essa mulher, Els & mith, somente ‘mina. Amrme. Ni me som a ada pincelada que the dei? Ela possui uma alm, salma com que a ote, El ennubeseeris se otros ‘los que nfo os meus se detvessem sabre cl. Fazé-ln ver! Mas ‘ual seria. o mario, o amant suficientemente Vil para condi st ‘mulher desonra? Quando fazes um quad para a cre, nfo colo- cas nele toda sua alma, apenas vendes aot corteslos nanequin colorido. Minha pinta no é uma pitura, € um sentiment uma info! Nascida em meu stl ela deve aul permanecer vrgem, daqui nto pode sae seado vet. A poesia eas mulheres no 32 enregam nus eno a seus amante! Possums as igure de Rael, ‘ Angiicn de Aristo, Beatz de Dante? Not Delas vets pens 15 formas. Pos bem A obra que mantenho Is em cima trancada & ferolhos é uma excegdo em nossa ste. No é uma tel, 6 uma me Ther! Uma mulher coma qual chore io, conversa e penso. Queres ‘Opose por sr Bel aide mod ae ea, texto cig, ae ewe rus expe "ao ¢e” no eto de cfr te ‘or de Frente fc ies so sda ever ie Teminion egerss densa ote thw Oda) aque, de repent, eu deixe flicidade de dex anés como se descana tim casaco? Que de repent cease de ser pi, manta e Deus? Essa Imuler nto wa eats, € wma cragao. Que venba o teu rapa, ‘2 Tie dare meus tesouros, x Ie dare meus quadres do Corea fe Michelangelo, de Ticiano, eu beijarel a matea de seus passos m3 pocira; mas dele fazer meu rival? Opebiio para mins! Hal Hal Soa finda mas amante que pinto. Si, tereifogas de queimae minh ‘Catherine em meu Gino spiro: mas fazer com que ela suport 0 other de um homens, de um jovem homer, de um pintor? NBo, ao! Tu malaria no dia seguine aquele que a maculasse com um lhe! “Malartei, tu, meu amigo, se no a saudasses de joslhos! Queres ‘gora que eu submeta men elo aos fos ohares eas esis et ticas dos imbecis? Ah! O amor permanece um mistéro, ele no tem ‘vids sno nas profundeos dos corapbes, tu est perdido quando ‘um homemn ehega a dizera seu amigo: "Eis aquela que amo!” (0 aio parecia ter rjuvenescio, seus olostinham brio © vid, suas foes plas estavam muangadas com um vermetho vivo © as mos temim, Porbus,surpreso com » violin apsixonada ‘equclas pelavias, io sabia © que reeponder a um zenimento 10 ‘ovo quanto profindo. Frenhofer estavahicido ou loueo? Estava fubjugade por uma fantasia de artista ow as ieias que expressara procediam daquele fanatismo inexprimivel produzido em nis pela ‘Semorada cio de uma grande obi? Podi-se esperar tigi um tia com aque piso bizara? "Tomado por todos esses pensamentos, Pybus disse eo ancito: "Mas fo € mulher por mulher? Poussin nfo entrega sua amante a vosos olhos? = Que stants? —reepondeu Frenhofer — Cedo ou tarde ela ‘tik, Aina sempre me ser ell ~ Pois bean! etomou Pocbus, —Nto flemos mais a rs- peito, Mas antes de encontrandas, mesmo na Asia, urna mulher to bela th perfeita quanto aquela de que flo, moreriestlvez sem terconeluide vosso qua. Olt Ele ests conclo — disse Frenhofer. — Quem o vi cerd perecher uma mulher deitada sobre uma cama de veld, sob cortinados. Peto dela, uma trempe de oo exala perfumes. Seias 2 Honont ne Batzae ‘entado a pegar as borlas dos cones que sustentam as contigs, ¢| parecer-1eia ver o seio de Caherine repre o movimento de sus ‘spiro. Fntetano, eu gostaria de estar hem cer, de, pois, pata 2 Asia —responden Porbus,actando un spe de hesitaei0 no olhar de Frenhofer, E Porbus deu alguns pssos em diresdo da ports da sala esse momento, illete e Niolst Pousti chegavam pero da casa de Freer Quando a mopaestva prestes a enter, dixon fos bros do pintorerecuou como se vest ido fomada por algum stbitepresseatinento "Mas, faa, 0 que venho fazer aqui? — perguntou ela a set ‘manta, com um tom de voz profundo eolhando-o fixate, Gillet, deiei-te decidir e quero em tudo te obedecer. Es ‘minha conseinciae minha gléria. Volta para casa, seei mais feliz talvez do que set Sou dona de mim quando me falas assim? Oh, no! Sow apenas uma erianga. Vamos acrescentou ela parecendo fier un lento esfrgo —, se nosso amor peeccr, ese eu coloesr no mew coragdo um infindivel srependiment, tua celebridade nfo serh 0 prego de minha obsdigncia a tous desejos? Eatremes, sind seth ‘iver ser sempre como que um lmbranga em un pat, ‘Abrindo a porta da cas, 05 dois amantesencontraram Port que, surpreso com a beleza de Gillet, eujos ohos estsvam rsos de igrimas,seguroua toda trémulae levou-a ap ancisa — Vee — disse cle —, nfo vale ela todas as obrae-primas ‘do mundo? Frenhoferestremeceu. Gillette estava Id, na pose ingéaua «simples de uma jovem georgiana inocentee chores, raptada © presenta pels slteadores a algum mereador de esravos. Umi pudico rubor coloria seu rosto, ela baixava or olhos, sas mos pendiam a seus Indos, suas frgaspareciam abandon, Igrimas ‘rotestavam contra a violéncafeita a seu pidor. Neste momento Poussin, desesperado de ter retirado do s6t80 aquele belo tes0uro, smaldioou-se. Tomow-se mais amente que att, e mi excripalos torturaram seu cor;do quando viuo olho rejuvenescdo do ancito ‘que, com um habito de pintor,desvesti, por assim dizer, aquele moa adviahando sues formats mais eecretas Rotomnou enti 20 feoz cde do verdadeiro aoe ~ Gillet, paramos! —exclamou. Aquela inflexto de voz, aque grito, sua smante, alegre, Jevantow os ols em sua depo, Vite, e corre par seus bragos. MA! Amas-me entio — respondeu ela, entreando-se 8s lagrimas. ‘Depois de ter encontrado a energia de calar seu softimento, fattava-he orga para ocular sus felicidad. Toh! Deiut-a pare mim apenas um momento — disse © veo pintor—, ea compare aha Catherine. Sim, consnto. uavia ainda amor no grito de Frenhofer. Ele parecia ter g3- lantaia por seu semblante de mulher, gozar de anteri do tino ‘que abelez de sun virgem teria sobre de uma verdadeira mops. w Noo deines deadize-e — exclamou Portus, batendo nos combros de Poussin. — Os frat do amor passam log, os da ate $0 iors, wot para cle —respondeu Gilet olhandoatenumente Poussin Poxbus —, nto sou senfo uma mulher? ls emuau a eabepa com ongulho; mas quando, spés te lan ‘ado un ola cintlante a Freahofer, viv seu smante enretido a ‘onterplar outa vez 0 retato que cl omaraanterionmente por Giorsione: "AA! subamos! — disse. — Ele jamais me ohou asim. —Ancito — retomou Poussin, libertado de sus meditagto pela vor de Gillette —, v8 esta adaga, cua enteral em teu coro primeira queixa que esta mora peonuncia, ateare fogo em ta a8 aqui nlagudm sari, Compreendes? ‘Nicolas Poussin estava smbrio, esas palavras foram teri= ‘eis, Esa atitude ,sobretdo, o gesto do jovem pintor eonsolaram Gillet, que Ihe peedoou quae o ato de sacrifcd I pintura ea seu tlorioso futuro. Porbus c Poussin permaneceram & porta do ati, fniteolhando-se em siléncio. Se deinlcio o pintor de Maria a Egip- ‘inca permite algumas exclamagdes: "Ab! ela se despe ele Ihe Giz que ve cologue soba Ii! lea comparal, logo se alow em wists {go semblante de Poussin, evo resto estava profundamente triste; ©, ‘mors os velhospinore nde tena mais ese escripulos ns pre- senga da arte, aires, to ingénuos ebonitos gue eam. O rapar tinha a mio sera sobre sua adaga eof ouvidos quase que coladon 3 ports Todos os dois, na penumbra ede pe, esscmelivam-se, asin, dois conspiadores &espera da ora de spunhalar um an — Enea, entrai — disse-Iheso ancifo,tanshordando de {elicidade. — Minha obra ¢ perfeita, posso agora mosté-ia com ‘ngulho Jamas pnt, pind, cores, eae izes farto uma rival @ Cathrine Lecasit! Tomados por uma viva curiosidade, Porbus¢ Poussin corecam para o centro de um amplo ateliécoterts de p6.onde ta esta «em desoder, onde viram agai e scold quadrospregacos sparen, Detiveram-se, primeiro, diame de uma figura de mulher de tama ‘natural, seminua, pela qual foram tomados de admitaco, ‘Oh! N&o vos ocupeis com isso — disse Freahofer — ata “se de wm tela que esocel para estar uma pose; esc quadeo ni ‘ale nada. A estfo meus eros —retomou, mostando Tes encanta ‘ras composi suspensas ts paredes, 0 er deles ‘Ao ouvirem exss plaveas, orbur © Poussin estupefatos com ‘aquele desdém por tis obras, procuraram o retro ananciad, sem conseguir veo. Pais bem! AC esti cle! — dise-hesoancito, cujs eabelos cstavam em desordem, eyjo esto estaa inflamado por uma exalts. ‘Ho quasesobrenaturl, tjosolhioscntilsvam e que ofezava com ‘um jovem embriagado de amor — Ah! Ah! — exclamou ele. —Nso experivels por mana peti! Esai dante de uma mulher eprocurals wa quad, Ht tanta profundidade nessa tla, o a lta verdadeivo, uc ne po eis mais stingi-lo do ar que nos cerca. Onde est a ate? Per,

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