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PTE Rem eel aie oN tee fi parte geral Nesta aula estudaremos os contratos de forma geral e, em especial, o contrato mercant 19.1 Teoria geral dos contratos ‘Nao 6 possivel determinar a origem do contrato. No direito antigo e nas suas legislagées j4 existia mengdo ao contrato. Na biblia o contrato é identificado pela palavra alianca. Podemos conceituar 0 contrato como: CONTRATO ~ negécio juridico pelo meio do qual as partes, visando atingir determinados interesses, convergem as suas vontades criando uma abriga- 30 principal (dar, fazer e nao fazer) e obrigacoes acessérias, Figura 19.1: Contrato Foe wwashutesockcm Vigora no Brasil a forma livre, salvo nos casos que a lei determinar expressa- mente, por exemplo: os art. 107 e 108 do CC que determinam que a com- pra e venda de iméveis seré por escritura publica, © contrato € a parte imaterial e nao precisa estar formalizada bastando que as partes tenham conhecimento de suas obrigacées, sendo que na maioria das negociagbes nao existe a necessidade de que as cldusulas estejam re- digidas. Quando necessério 0 contrato seré materializado no instrumento contratual, sendo este o documento que trar as normas que valeréo entre 83 e-Tec Brasil intrinseco ai) Que € proprio e essen: su aadeinnsce, Que este fora de ual valor ntnsec> te ume moses € seus confome o peso do metal precoso cota comercial as partes. O instrumento contratual nao possui um padrao estabelecido pela lei, sendo que em geral possuit + um preambulo que traz a identificagso das partes contratantes + eum contexto parte onde as cléusulas séo estabelecidas 19.2 Principios gerais dos contratos ‘Como mencionamos a forma dos contratos ¢ livre, porém o mesmo deve ‘obedecer alguns requisitos intrinsecos que devem ser respeitados quando da sua elaboracdo, denominados pele doutrina como principios gerais dos contratos, sao eles: + Autonomia da vontade - 0 niicleo do contrato e representa 0 con- sentimento das partes, que devem ter total liberdade para contratar para estipular as cléusulas. + Forga obrigatéria (pacta sunt servanda) — 0 contrato é obrigatério e uma vez celebrado faz lei entre as partes. Este principio foi relativizado pela teoria da imprevisio, posto 0 contrato nao ¢ obrigatério se a situa- Bo das partes se alterar durante a execucao do contrato. + Relatividade dos efeitos dos contratos - Um contrato em regra 56 gera efeitos entre as partes. Os efeitos nao atingem terceiros. * Fungo social do contrato ~ 0 contrato em relacéo a sociedade gera efeitos, os quais devem respeitar as normas sociais. Pode ser definido como a ética fora do contrato, posto que as partes devem respeitar a coletividade. + Boa fé objetiva — Consiste em uma regra de natureza ética interna do contrato e de exigibilidade juridica que cria obrigagbes acessérias e pa- ralelas aos principios de protecdo, estabelecendo uma lealdade negocial entre as partes que, entre si, devem lealdade e confianga 19.3 Formacao e extincao dos contratos A celebracao do contrato se inicia com a proposta, que consiste no ato pelo ual o proponente expe as ideias e as obrigagées a serem estabelecidas, 56 84 terd validade se for conhecida pela outra parte. A parte que recebe a pro- posta pode acaté-la, concordando com o estabelecido, ou modificar os seus termos encaminhando uma contraproposta ao proponente, © contrato podera ser extinto ou pelo seu cumprimento ou pelo seu des- cumprimento: + Cumprimento — isto ocorreré quando o seu objeto foi prestado, ou ‘quando o tempo estabelecido para o seu cumprimento for esgotado. + Nao cumprimento ~ situacées em que ocorreu 0 descumprimento pe- las partes ou modificagao dos elementos do contrato que leva a sua extingao, Nestes casos poderd ocorter: + Resiligéo — Opera-se quando hé 0 desfazimento de um contrato por simples manifestagéo de vontade de uma ou de ambas as partes. “nao da mais”. Documento de resiligéo: Se firmada por ambas as partes denominada de DISTRATO. Se firmada somente por uma das partes € denominada de DENUNCIA, que deve ser antecedida de aviso prévio, + Resolugao ~ modo de exting0 do contrato, em virtude do inadimple- mento de uma das partes, geralmente vem expresso no contrato, ‘+ Rescisio —extingo do contrato quando ocorre leséo ou estado de perigo. Cuidado, muitos utilizam o termo rescisdo como sindnimo de resoluséo. Resumo © contrato, para ter validade, nao depende (salvo raras excecdes) de forma prescrita, podendo, inclusive, ser oral © contrato é @ expresso da vontade das partes, de forma live (sem coacéo) © a partir de sua elaboracao, ele torna-se lei entre as partes que contratarem, Nao se contrata em nome de terceiro. ‘A extingio do contrato se dara pelo seu cumprimento integral ou por seu descumprimento (resiligs0, resolugdo e resciséo). ‘Aula 19—Contrato mercanti- parte geral 85 rescsio ‘0 gelo qual se destz ou se esac lguma coisa pare que no cumpra seus objetves ou fialidaces Aula 20 - Contratos mercantis em espécie Continuando 0 estudo dos contratos, nesta aula faremos um estudo sobre ‘o-contrato mercanti, seus modos e suas especficacdes. 20.1 Compra e venda mercantil Compra e venda - Trata-se de um negécio jurdico bilateral pelo aualo ven: dedor transfere a propriedade de uma coisa mével ou imével a0 comprador, mediante pagamento de um prego (art. 481 do CC). Nos contratos de compra e venda em geral, tradicionalmente, séo relaciona- dos trés elementos +o bem: que pode ser mével e imovel. + opprego: que necessita ser certo e determinado. + ©0 consentimento: entre as partes, que atribui o cardter obrigatério ao contrato quando as partes acordarem em relacao ao objeto e 20 preco. Quanto ao contrato de compra e venda mercantil podemos dizer que além destes elementos outras caracteristicas espectficas devem ser identificadas para agregar o cardter mercantil ao negécio juridico: a) © comprador, ao revender a coisa comprada ou locé-la, deve visar o lucro: b) 0 comprador pelo menos deve ser empresario. + Clausulas Inconterms (normas determinadas pela Camara de Comércio internacional) - com relagao ao preco da compra e venda mercantil,tan- 10.0 valor do bem adquirido quanto as despesas estéo incluidas no preco, que, as vezes, podem ficar por conta do comprador. Entre as cldusulas mais famosas que determinam a responsabilidade sobre as despesas po- demos destacar: ‘+ FCA (Free Carrier) — significa que caberdo ao vendedor todas as despe- sas até a entrega das mercadorias na empresa transportadora indicada pelo comprador; 87 comissio ncaa incumbénca, + FAS (Free Alongside Ship) - significa que caberao ao vendedor as des- pesas do transporte até determinado porto indicado pelo comprador e, a partir dali, as demais despesas correrdo por conta do comprador; * FOB (Free on Board) - significa que caberao a0 vendedor as despesas do transporte até determinado navio indicado pelo comprador e, a partir dali, as demais despesas cortero por conta do comprador. 20.2 Locagaéo comercial Contrato de locagao - £ 0 contrato consensual pelo qual 0 proprietério/ locador mediante 0 recebimento de um valor periédico pago pelo locatério se obriga a ceder 0 uso de um bem por tempo determinado. © contrato de locagao comercial possui como peculiaridades que o diferen- ciam da locacao residencial: 1. 0 fato de que o bem seré utilzado para atividade empresarial; 2. poderd estar sujeito a acao renovatéria de locaco jé vista na aula 6(seis). © direito de renovacéo compulséria poderd ser exercido pelos cessionérios ou sucessores do locatério, no caso de sublocagao total do imével, 0 direito a renovacao somente podera ser exercido pelo sublocatario. 20.3 Mandato e comissao mercanti| * Mandato Mercantil - £ 0 contrato pelo qual 0 mandatario pratica atos comerciais por ordem expressa e em nome e por conta do mandante a titulo oneroso, sendo que a remuneracao ocorre pela realizagao da ativi- dade, objeto do mandato; + Comissiio mercantil ~ £ 0 contrato pelo qual um empresrrio (comissa- rio) realiza negécios mercantis em nome proprio, mas por conta de outra pessoa (comitente) e para isso recebe uma comisséo. Em face de 0 comissério agir em nome préprio, ele assume a responsabili- dade perante terceiros, arcando com sua insolvéncia, 0 que o diferencia do mandato mercantl Clausula de credere — pela presente clausula se determina que o risco relative a insolvéncia de terceito, neste caso, 0 comissério terd dividido entre ele ¢ 0 contratado o valor do dano, trazendo ambos a solidatiedade do contrato, re- tirando 0s risco da operagao em relacao ao comitente. A cléusula del credere tem, entdo, 0 objetivo de tornar o comissério responsével, perante o comiten- te, pelo cumprimento das obrigagbes das pessoas por ele contratades. 20.4 Representacao comercial auténoma Eo contrato pelo qual um representante obtém pedidos de compra e ven- da de mercadorias fabricadas ou comercializadas por outra pessoas (re- presentados) dentro de uma regiéo delimitada. A representagao tem por finalidade a intermediagao de negdcios, contudo, sempre aliada a possibi- lidade de poder o “agente” concluir o negécio. 0 contrato é regulado pela Lei 4. 886/65. Lei 4.86/65: Art. 1° Exerce a representacao comercial aut6noma a pessoa juridica ou a pessoa fisica, sem relagao de emprego, que desempenha, em carater no eventual por conta de uma ou mais pessoas, a media¢éo para a realizagao de negécios mercantis, agenciando propostas ou pedidos, para, transmiti-los 20s representados, praticando ou nao atos relacionados com a execucéo dos negécios. Vinculo empregaticio - A atividade do representante ¢ uma atividade auténoma: de tal modo, nao hé vinculo empregaticio entre representado e representante Area de atuacao ~ o representante atua em uma regido delimitada que deve estar expressa no contrato de representaco, além disso, deve estar estabelecido a exclusividade ou nao do representante, caso 0 contrato seja omisso em relacéo a esta ditima, presumir-se-4 que 0 representante € ex- clusivo 0 que impede que o representado negocie mercadorias nesta area, sem a participacao do representante devendo, obrigatoriamente, pagar as comiss6es que Ihe seriam devidas. Lei 4.886/1965: Art, 31. Prevendo 0 contrato de representacao a exclusivi- dade de zona ou zonas, ou quando este for omisso, fard jus o representante a comissao pelos negécios af realizados, ainda que diretamente pelo repre- sentado ou por intermédio de terceiros ‘Aula 20 ~ Contratos mercantis em espécie 89 20.5 Concessao mercantil £ 0 contrato pelo qual o concessionario se obriga a comercializar, com ou sem exclusividade, os produtos fabricados pelo concedente ou franquea- dor. Apenas foi regulamentada a concessao mercantil de veiculos automo- tores terrestres, Nao ha exclusividade prevista expressamente, pois o fran- queado nao mantém individuacéo mercadolégica. O contrato & regulado pela Lei n 6.729/79. © objeto do contrato de concessao mercantil é composto pela comercializa~ Bo de veiculos automotores, prestacdo de assisténcia técnica, além do uso dda marca do concedente ou franqueador como identificacao. Alem da exclusividade de distribuicSo, existe a exclusividade de atuacao fem determinada regio, a fim de amortizar os investimentos realizados pela concessionaria 20.6 Arrendamento mercan‘ £ um contrato mercantil complexo, haja vista sua natureza resultante da fusao de outros contratos. Embora se trate de uma locacao, permeada pela consignagéo de promessa de compra, esse contrato também contém um financiamento, criando uma associagdo entre essas figuras. € definico pela Lei n. 6.099/74, no pardgrafo tnico do artigo 1° “art. 1° Considera-se arrendamento mercantil 2 operacio realizada entre pessoas juridicas, que tenham por objeto o arrendamento de bens adquiri- dos a terceiros pela atrendadora, para fins de uso proprio da arrendatéria e nfo atendam as especificaces desta” A citada lei teve alguns de seus dispositives alterados pela Lei n. 7.123/83, Com a nova lei, € permitida a participagdo de pessoas fisicas no contrato, como elucida seu artigo primeiro: “art. 1° Considera-se arrendamento mercantil, para efeitos da lei, o negé-

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