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Europa: de periferia a “centro do mundo” Para ohistoriadorfrancés Jean. pr Chesneaux (1922-2007), a ex: pressio "tempos modernos” — e, por extensdo, a ideia de Idade Moderna — esté ligada 3 tenta- tiva da burguesia de se definir como fator dinmico da histéria De fato, nao se pode negar que essa classe social esteve envolvi- da nas principais transformagoes do periodo que voce vai estudar neste volume, desde a constitu G40 dos Estados nacionais mo- dernos até sua derrubada ou até a transformacio das monarquias absolutistas em monarquias cons- titucionais, Entretanto, para 0 filésofo — argentino Enrique Dussel, a Europa pode ser considerada uma periferiado mundo Maps da Waranhse, de Jose musulmano até 1492. 0 mundo europeu do periodo pode ser considerado inex- Xvi, onde os franceses pressivo se comparado a ele. A Europa contava com poucas cidades, riqueza es- _etendam implantar cassa, populacao relativamente pequena, artes e ciéncias submetidas ao dominio da Igreja. O Império Arabe, por sua vez, dominava as principais rotas de comércio do Velho Mundo, o mar Mediterraneo e os conhecimentos néuticos; tinha cultura eciéncia relativamente mais exube~ aE HSE CUNDA-ARMADADEDERRAL || VARESCABRALANO-DE-J00# rantes do que os europeus, com 1 cas cidades e uma extensio territo- rial que atingia regides da Africa, Asia e Europa. Com as Grandes Navegacies, que levaram a conquista de povos e territérios até entdo desconhecidos dos europeus e ao estabelecimento de rotas comerciais em varios pontos do planeta, a Europa deixou a condi Gao de periferia e passou a ocupar um lugar cada vez mais central no cenario mundial. Nesse processo, Espanha e Portugal foram as primei- ras sociedades da Europa a ter a experiéncia moderna de colonizar outros povos. ‘A expansio do poder e da influéncia europeia representa uma caracteris- tica importante da modernidade: de periferia do mundo mugulmano, a Europa passa a ser um “construtor de periferias". A América ibérica seria a primeira grande experiéncia de dominacao sobre povos e terras que os europeus des- conheciam até entio. Nau de Nicolau Coelho, um dos capitis da armada de Pedro Alvares Cabral lustrago do livre de lisuarte de Abreu, século XV Foi durante a Idade Moderna que a Europa passou a centralizar 0 poder mundial, condigao que serviu para dar sustentacao & teoria de que a Historia obedeceria a um movimento evolutivo, com a prépria Europa ocupando o pice dessa evolucio. Com base nessa concepcao, povos, lugares e civlizagdes s6 aparecem na Histéria a medida que navegadores e comerciantes europeus atingem novas terras. Assim, 0 Brasil s6 entra em cena em 1500, com a chegada de Pedro Alvares Cabral as terras da América do Sul que os indigenas do litoral chamavam de Pindorama. (© modelo construido com base nessa concepcao da Histéria levow 3 conhecida periodizacio em Idade Antiga, Média, Modetna e Contemporinea. Essa periodizagio, afirma o historiador Jean Chesneaux: [_]tem como resultado privilegiar o papel do Ocidente na histéria do mundo ¢ reduzir quantitativa e qualitativamente o lugar dos povos no europeus na evo- Juco universal, Por essa razdo, faz parte do aparelho intelectual do imperialismo. (Os marcos escolhidos nao tém significado algum para a imensa maioria da huma- rnidade: fim do Império Romano, queda de Bizancio, COHSNEALI ea. Deseo fae bul rea dopaiade Sobre itis os itoradoes SS Paulo Me 1995.9 95 WO onan A ideia construida pelos europeus de que seriam 0 apice da ‘ANova Ordem Mundial, charge de Angel humanidade e o centro da Histéria, esta ligada a concepcdes de desenvolvimento, de progresso e, mais recentemente, de “ingresso no Primeiro Mundo” ou "mundo desenvolvido”. Segundo essa per- cepcao equivocada, um povo, para atingir seus anseios, deve “de- senvolver-se” ou “civilizar-se”, isto é, deve imitar 0 modelo dos colonizadores. De diversas formas, essas ideias orientaram muitos cestudos sobre a histéria do Brasil, esquecendo que nao somos uma continuidade do mundo europeu, mas uma sintese de diversas contribuicdes étnicas, culturais e politicas. ‘Além do mais, a violéncia das guerras do século XX serviram de contraposicao a ideia de progresso. A historiadora Gertrude Himmelfarb, criticando essa concepcdo, destacou que durante o século XX aprendemos que: [.J até mesmo as mais impressionantes descobertas cientificas podem ser usadas da maneira mais grotesca; que uma politica social generosa pode criar tantos problemas quanto os que soluciona; que até mesmo os mais benignos governos sucumbem ao peso morto da burocracia, enquanto os menos benignos mostram-se criativos na inven¢ao de novos e horrendos modos de tirania;que as paixdes religiosas se exacerbam num mundo crescentemente secular as paixdes nacionais, num mundo fatalmente interdependente; que os paises mais avanca- dos e poderosos podem tornar-se reféns de um bando de terroristas primitivos; que nossos mais amados principios — liberdade, igualdade, fratemnidade, justica, mesmo paz ~ foram pervertidos e degradados de maneiras nem sonhadas por nnossos antepassados. A cada passo somos confrontados por promessas quebradas, esperancas fenecidas, dilemas irreconciliveis, boas intencdes que se desviarar, escolhas entre males, um mundo a beira do desastre ~ tudo isto ja virou cliché mas é verdadeiro demnais e parece desmentir a ideia de progresso. HIMMELEAR, Gertrude The new History andthe ok: ical essys an reappraas ‘Cambridge Ravard Unversty Pes, 1987p. 5h: cA8O03O, clos, Um istiasr jaa de tars emetodsiag eas, aura Ene, 2005p 2? Gay x Ga) Seeerns CAPITULO Na atualidade, muitas pessoas ainda se atraem pelas viagens maritimas. Em 2014, navegador brasileiro Amy: Klink comemorou trinta anos de sua ‘ravessia pelo oceano Atlantico em um barca a remo, Aviagem foi longa e se ‘ransformou em livo,intitulado Cem dias entre céu e mar Na foto, de "984, Klink chegando & cidade de Parati, és vemar as 7000 km existentes entre Africa e Brasil Ga) Acaminho da unificagao do mundo No comeco do século XVI, o mundo era um mosai- co de civilizagées e culturas. Destacavam-se a China, a Europa crist3, 0 Império Turco Otomano, uma Africa com forte presenca istémica ao norte e composta por diversos reinos ao sul. Na India, o Sultanato de Déthi seria substituido em pouco tempo pelo Império Grao- -Mogol,iskimico, mais tolerante com o hinduismo. No Sudeste Asiatico, a cidade mercantil de Malaca exercia influéncia sobre toda a regido. Na América, brilhavam 105 impérios inca e asteca. ‘Aos poucos, porém, a Europa assumiria o papel de catalisador de um proceso histérico que levaria a inte- [grado de diversas civilizacdes em um mercado mundial. Entretanto, nao foram apenas as grandes navega- ‘gOes europeias as responsaveis por isso. Embora 0 co- mérciotenha existido desde épocas remotas,o capita- lismo foi a “invensao” que permitiu (¢ exigiu) essa transformaco mundial Mas o que é 0 capitalismo? Ele tem sido sempre o mesmo desde seu surgimento? A quem ele beneficia, a quem prejudica? Nos préximos capitulos, vamos abrir algumas janelas para que vocé possa construir suas préprias respostas a essas perguntas. « ssubstancia que acelera a velocidade de uma reacaa quimica, No texto, a palavra é usada em sentido figurado. @ Emergindo da Idade Média (© periodo entre a segunda metade do século XIV 0 século XV foi marcado por adversidades na Europa. ‘A Guerra dos Cem Anos entre a Franca e a Inglaterra (1337-1453), a peste negra e a desorganizacao da produ- (do agricola, que levou a um surto de fome, tiveram profundas consequéncias. Muitas rotas comerciais ter- restres foram interrompidas, e a populacao do conti- nente diminuiu significativamente. ‘Aoferta de moeda se limitava cada vez mais na Euro- a, pois os metais preciosos eram desviados para o Orien te, em troca de especiatias e outros artigos de luxo, e as rminas de ouro e prata do continente europeu se esgota- vam. A fatta de moeda prejudicou ainda mais o comércio. ‘Além disso, 0 monopélio da lucrativa rota mediter- ranea das especiarias, exercido pelas cidades italianas, especialmente Veneza, restringia a possibilidade de lucros de outras cidades europeias. Esses fatores levaram 0 grupo mercantil europeu. ‘em formacio a buscar novas alternativas para expan- dir 0 comércio. Uma delas foi a navegacao atlantica, que originou o proceso de expansio maritima euro- peia, conhecido como Grandes Navega¢ées. ‘Aempreitada de enfrentara desconhecida navega- ‘40 no oceano Atlantico exigia grandes investimentos, que estavam muito além das possibilidades de qualquer cidade europeia isoladamente. Por isso, a expansio ma- ritima s6 foi possivel onde havia um territ6rio unificado por um poder centralizador. Esse poder adotava quase sempre a forma de monarquia centralizada. Veja abaixo os periodos ¢ os lugares em que se passaram os principais eventos do capitulo. (Ge) Goren fo) ~ {3} As navegacées portuguesas A participagao dos portugueses no comércio euro- peu ganhou impulso no inicio do século XV. A precoce centralizaco monarquica ~ com a Revolucao de Avis, em 1385 -, que associou o poder politico concentrado nas maos do rei aos interesses do setor mercantil,teve papel decisivo na organizacio das Grandes Navegacies portuguesas. Esse contexto foi favorecido pelos estudos nauticos liderados por dom Henrique, o Navegador(1394-1460) Filho de dom Joao | (1357-1433), que liderou a Revolu- G0 de Avis, o infante dom Henrique atraiu para sua residéncia, em Sagres, na regido do Algarve, navega dores, cosmégrafos, cartégrafos, mercadores e aven- tureiros, desde 0 inicio do século XV. O conjunto de conhecimentos ali desenvolvidos viabilizou o projeto expansionista portugues, possibilitando o ciclo das Grandes Navegacées. As viagens pelo oceano Atldntico, denominadas de expansdo maritima europeia pela historiografia, tive- ram como pano de fundo o estimulo governamental, somado a0 interesse do grupo mercantil em ampliar @ aexpansio maritima portuguesa sua drea de atuacao comercial, além do interesse da Igreja na expansao do cristianismo. Os nobres também se envolveram nas expedicdes, interessados em con quistas e novos dominios. O marco inicial dessa expan- so foi a tomada de Ceuta, no norte da Africa, pelos portugueses, em 1415, Pouco a pouco, o objetivo portugués de realizar a vviagem em torno da Africa ganhou corpo. Acada ano, as expedigées portuguesas avancavam mais milhas pela costa ocidental do continente em direc a0 sul Em 1488, 0 navegador Bartolomeu Dias (1450-1500) chegou ao Cabo da Boa Esperanca (que ele chamava de Cabo das Tormentas), no extremo meridional da Africa, demonstrando a existéncia de uma passagem para 0 oceano Indico, Em 1498, Vasco da Gama (c. 1460-1524) alcancou finalmente as Indias. Dots anos depois, partiu a primeira grande frota destinada a fazer comércio em larga escala com o Oriente, comandada por Pedro Alvares Cabral (c. 1467-1520), que chegou também ao litoral da América, na costa do territério que viria a ser parte do Brasil Nal d ~ ‘416: Tomada de Ceuta, no nore da Africa Ccupagio co srquipélago dos Agores, sar0.s422: herectries Gil Eanes dobrao cabo Bojasor Descobera do Verde Diogo Cée stings @ ate: 482 dias apecies pare terestre, comandada por Pero da Covina Berolomeu Bias Bartolomes Diae Esperanga \Yaaco da Gama atinge beste da Inca, Trsjero ce expansio 8: 498 Aaptad de: ATLAS istria do mundo Folha de ove Si Paul 1995 p18 senda do mapa esto relacionadas as conquistas portuguesas do século XV, ses (WY pstrondestaveansses (17 Construindo conceitos ® Globalizago, mundializago Um video produzido por um jovern com seu celular, na Coreia do Sul, pode ser disseminado pelo mundoem pouco tempo, por meio da internet e das redes socials Um calgado produzido na Malisia por uma empresa estadunidense pode sercompradonuma loja em Recife. Temosa percepcio de que as distancias espaciais dimi- rulram e que o tempo se acelerou, Um acontecimento vivido em Téquio, por exemplo, pode sertransmitido a0 Vivo para a cidade de Cuiaba, em Mato Grosso, ou tomar se uma noticia veiculada, no mesmo dia, em diversos canais de televisdo. Tudo muito préximo, muito rapido. Dizemos, muitas vezes, que esses fendmenos so consequéncias da globalizagio ou do “mundo globali- zado".Essas conexdes entre culturas, pessoas e merca~ dorias parecem integraro pianeta numa grande comu- nidade interligada einterdependente.Esses aspectos da globalizagdo sao resultado do intenso desenvolvimento, tecnolégico dos meios de comunicacao, das redes de computadores, dos satéites e cabos de fibras dpticas. Mas, 0 que fundamentou a globalizaggo foi a ex: panso da producao.e circulagao das mercadorias e das moedas por todo.o mundo, praticamente sem restricbes legais ou obstaculos impostos pelos Estados nacionais. ‘Segundo alguns autores, a globalizacao surgiu mals claramente a partir da década de 1970, gracas a uma série de medidas tomadas pelo governo dos Estados Unidos para dinamizar 0 mercado internacional e ate nara crise econémica provocada pelos paises que con. ‘tolavam 0 comércio de petréieo. Essas medidas favo- receram a emissao de moedas (délar libra, peso, etc) sem o controle exercido pelos Bancos Centrais de cada pais, que definiam, até entdo, a entrada e saida de moedas. Iso provocou um aumento sig- nificativo de papel-moeda em circulago pelo mundo ecriou um sistema finance robaseado na especulacao. se fendmeno contribuily para am pliar e fortalecer a expansio industrial pelo pianeta pormeio das multinacionais, Fabricantes de computadores,eletrodo- mésticos, roupas,calgadose montadoras de carros, entre outras, espalharam-se pelo globo procura de condigdes vanta- jJosas para seus negocios, como matérias primas abundantes e baratas, baixo nivel caphetoT de organizagio sindical dos trabalhadores, impostos reduzidos e leis ambientais menos rigorosas. Na medida em que o poder dos bancos e das. multinacionais aumentava, o poder dos Estados na ionais, sobretudo nos paises subdesenvolvidos, se reduzia. Consequentemente, as diferencas sociais e regionals se acentuaram, pois 0s Estados abriram mao do seu papel de regulador da economia destinaram poucas investimentos em politicas sociais, como sad- de, educacio, habitacio, entre outras. ‘A globalizagio provocou um processo no qual as mercadorias e as informacées do sistema financeiro circulam rapidamente e sem barreiras. No entanto, as pessoas enfrentam ritmos mais lentos e mecanismos de controle que reduzem ou impedem a imigragao. Ocontrole de fronteiras, as leisem vigor contra imigran- tes, 05 obstculos para trabalnar ou estudar no exterior, ‘o crescimento do preconceito contra estrangeiros em determinados paises, tm dificultado a circulacio de milhdes de seres hurnanos no presente, © Organizem uma pesquisa sobre as noticias de te- levisdo a partir dos seguintes procedimentos: 1. Definam de dois trés dias para cada um assis- tir a0s telejornais e identificar noticias relacio nadas globalizacio, com base em dois temas: as imigracdes contemporaneas e os aconteci- mentos relacionados a0 mercado financeiro, 2. Individualmente, cada um registra a noticia e, depois, compartilha com a classe. 3. Em grupos, escolham um dos acontecimentos. selecionados e facam uma pesquisa em sites na internet ou em livros. Depois, apresentem uma sintese do resuitado da pesquisa para a classe. Em razio da guera civil edos ataques co grupo terrorista Estado slimico na Siri, rmilhares de sirios buscaram refigioem ciferentes partes do mundo, principalmente na Furopa,Entretanto, muitos paises impediram a entrada dos refugiacos,o que gerou uma onda de protestos ‘mundial Na fote, vemos um ‘menino segurando ur cariaz com os dizeres "bern-vindos refugiados da Siria’,em coutubre de 2015, em Sydney, a Austrilia, Ati lades Retome 1.__De modo geral, 0 cendrio europeu entre os séculos XIV e XV foi marcado por dificuldades, especialmen- ‘teem termos econdmicos.Identifique os fatores que caracterizaram a situacao da Europa naquele periodo. 2. As rotas de comércio mediterraneas tiveram papel importante ao longo da Histéria. Os fenicios, porexem- plo, destacaram-se no comércio maritimo no mar Me- diterraneo durante certo tempona Antiguidade. Sobre 0 period estudado neste capitulo, responda: a) Que cidades controlavam o monopélio das rotas comerciais no mar Mediterraneo? ) Quais eram as consequéncias desse monopélio? 3. Portugal apresentava caracteristicas peculiares que impulsionaram a expansao maritima. Que caracteris +ticas eram essas? De que modo elas tiveram influén- cia ma organizacao das navegacdes portuguesas? 4. Qualfoio marco iniial da expansio maritima europeia? Depois disso, que direcées as viagens dos navegadores portugueses tomaram? Dé exemplos. Para responder, vocé pode observar novamente 0 mapa A expansdo ‘maritima portuguesa, localizado na pagina V7. Pratique 5. A tripulagao das embarcagdes que viajavam pelo ‘oceano Atlantico no periado da expansio maritima europeia era, geralmente, composta de um capitao- -mor (comandante da expedicao), um piloto (res- ponsavel pelas operacdes ligadas 3 navegacao), um mestre e um contra-mestre (responsdveis pela roti naa bordo das embarcacées, organizavam as tarefas a serem realizadas pelos marinheiros), um escrivao, além de marinheiros, carpinteiros, despenseiros, cozinheiros, etc. Cartégrafos e cosmégrafos tam- bém estiveram presentes nas viagens maritimas. ‘Muitos mapas produzidos naquele periodo sao es- ‘tudados hoje por historiados, geégrafos e outros pesquisadores. Para conhecer mais a respeito da producao de mapas naquele periodo, leia 0 trecho de reportagem (s mapas si0 a mais antiga representagio do pensamento geogritio Registos mostram que eles cvistam na Gréca antiga eno império Rornano,entre cutras cvitagtes da Antigudade.[.] Suas fungées incur conhecer as areas dominadas eas possbi- dades de amplacio ds fortes, demarcar terté- ris de caa eepresentara visio de mundo que esses povos thar [-] Mats do que uma ferramenta de crtentagioeloclizagio,os mapas etransformaram < ‘num recurso importante para a expansio das cviliza Ges [.]. A Cartografia nunca foi uma ciéncia neutra, que representa exatamente oespaco ou arealidade. Por ‘ts de todo mapa ha um interesse (politico econdmico, pessoal, urn objetivo (ampliar 0 terrtéro, melhorar a rea agricola etc) e ur conceito (o dieito sobre deter ‘minadia relio,o uso do solo,etc) MOCO, Anderson: KALENA Femanda Asti dos mapas sus fang soa. Rove Nove Excl Dapeivel om tof revstaesal abr com u/undamentalhitorieagua a) 0 trecho da reportagem fala sobre algumas fun: Bes dos mapas. Identifique-as. ) Explique o significado da frase “A Cartografia nunca foi uma ciéncia neutra". 6) Considerando suas respostas aos itens anteriores, re- fla: no periodo da expansio maritima europeia, os ‘mapas eram produzidos com o objetivo exclusivo de servirem como ferramenta de localizaco? Por qué? ) 0 gedgrafo inglés Brian Harley (1932-1991) foi um dos pesquisadores que inaugurou uma nova ma- neira de pensar os mapas, revisitada no trecho da reportagem que vocé acabou de ler. Para ele, os ‘mapas s0 meios de comunicacao e podem ser encarados como imagens carregadas de juizo de valor. Em sua opinio, qual seriaa principal funcao cde um mapa? Sua concep¢aoa respeito dos mapas se aproxima da concepcao expostana reportagem enas ideias de Harley? Por qué? 6. Agora, lea o trecho a seguir, que também trata das Viagens realizadas no periodo das chamadas Grandes Navegacoes: Tais viagens so preparadas e contam com 0 apoio direto ou indireto do Estado, e delas retorna para a Europa um conjunto de informagées, desde noticias geograficas até dados de interesse mercantil ‘partir do deslocamento,amplia-se oconhecimento sobre os esparos navegados, que sio registrados em roteiros e mapas-padrao[-) HstéraclencasSadde-Wanguinor Vol 2.1.3 Rio ge scclaphpipe-soiu saroroacoenonnscrpter a) Segundo o texto, que tipo de informacio coletada nas viagens maritimas retornava para a Europa? Identifique a relacio entre essas informacées € 0s bjetivos da expansio maritima europeia b) As ideias do texto que vocé acabou de ler nesta atividade podem ser relacionadas com as ideias vistas no trecho de reportager da atividade ante- rio? Justifique sua resposta ses (19 @) Por que a China nao descobriu a Europa? (© historiador italiano Scipione Guarracino lembra que, no inicio do século XIV, a China da dinastia Ming ‘era a maior poténcia mundial, considerando sua estru- ‘ura politico-administrativa sélida, seu aparatotécnico- -cientifico e 0 répido desenvolvimento de suas estru- turas econdmicas e comerciais. Nessa época,a dinastia imperial também se empenhava intensamente na expansio maritima e comercial No século XV, os chineses realizaram grandes ex- pedigées maritimas, chegando a Calicute, na India, quase um século antes de Vasco da Gama. Além disso, estiveram no sul da Africa oriental eentraram pelo mar Vermelho, enquanto os portugueses mal comecavam ase aventurar na costa do norte da Africa. Entretanto, antes da década de 1440, a expansio maritima chinesa cestagnou antes que pudessem dar a volta na Africae ‘chegar a Portugal ou ao Mediterraneo, Varias hipéteses foram levantadas para explicar 0 fendmeno, O histo- riador francés Pierre Chaunu (1923-2009) sustenta que ha indicios de que 0 motivo foi, pelo menos em parte, a estrutura social chinesa. Por se tratar de uma “civilizagao vegetal” basea- da em gros, com alta densidade populacional, a China dispendia uma grande parte dos recursos dis- poniveis na agricultura. Isso dificultava a liberacao de mao de obra para o trabalho nas florestas (indis- pensavel para manter uma grande frota de navios construidos de madeira) e para outras atividades produtivas nao agricolas. Desde a dinastia Han, que durou do século Ill aC. 20 séculoIlld.C, a China associava uma economia quase exclusivamente agricola com uma forte burocracia estatal que incluia administradores, engenheiros ¢ pessoas letradas de um modo geral. Essa burocracia nao era hereditéria, mas escolhida por concurso publi- co, etinha prestigio e renda elevada. Assim, nem a pro- priedade privada nem a busca individual por riqueza tinham importdncia social significativa. O Estado chi- rnés em geral resist & iniciativa privada. (Os comandantes dos navios eram funcionérios do império, e nao comerciantes sedentos de lucros. Por isso, a expansiio maritima chinesa nao teve impeto para continuar até a Europa. J& os europeus, movidos pela inictativa privada com apoio do Estado e pela an- sia de ampliar suas riquezas, nao viam limites para ex: pandir seus negécios. Durante o segundo reinado da dinastia Ming, ocorre 3 expansio da rota chinesa ea construgso de centenas de navios, os BaChuan ou juncos. Fitos de madeira, eles Podiam chegara 140 metros de Comprimenta, enquanto 3 maior nau portuguesa nao atingia 50 metros. Segundo pesquisador ingles Gavin Menzies, entre 1421 € 1423, 0s juncos chinesesteriam percortdo 0s oceanos indico, Atlntcoe Pacifica eregides como a costa do continente americano. A expedigio de crcum-navegagio de Feinao de Magalhies (1519) teria ocortdo cerca de cem anos depois das expedigbes maritinas chinesas. Embora as navegacBes chinesas tennam chegado até a india ea Africa, oh evidéncias, contudo, que comprovem a tese de Menzies de que elas teiam alcangadoa América. Aa lado, representagdo de unco chins, em sravura do sécuio XK S) As navegacées espanholas Pouco antes de a expansio maritima portuguesa atingiro objetivo de chegar as Indias, os espanhéis atra- vessaram o Atlantico, chegando & América em 1492. Ocomandante da frota foi o navegador genovés, a ser- vico da Espanha, Cristévéo Colombo (1451-1506). Aideia era atingir as Indias contornando o globo terrestre, cchegar ao Oriente navegando em diregio ao Ocidente, @ navegacées e expedicdes espanholas Colombo chegou a0 continente americano pensan- doter alcancado as Indias. Por isso, chamou de “indios” os habitantes das novas terras. Somente em 1504 desfez-se 0 engano, quando o navegador Américo Vespiicio (1454-1512) afirmou tratarsse de um novo continente que, em sua homenagem, recebeu 0 no- me de América, ‘ocEANO Pacirico Acssa altura, portugueses e espanhéis, espalhados pelo Atlantico, detinham 0 monopélio das expedigdes ocedinicas. Seriam seguidos por outras poténcias, espe- cialmente a Franca e a Inglaterra, a partir do inicio do século XVI. Entretanto, 05 dois reinos ibéricos jé haviam decidido a partilha do mundo antes mesmo que outras rages comecassema seaventurar nos novos territérios em 1493, com a béncdo do papa Alexandre Vi (1431-1503), foi editada a Bula Intercoetera, substituida no ano se- guinte pelo Tratado de Tordesilhas. ‘Ambos estabeleciam uma divisio das terras “desco- bertas e a descobrir” entre a Espanha e Portugal. A bula privilegiavaa Espanha, eo Tratadode Tordesilhas corrigiu alinha demarcatoria, atendendo a apelos dos portugue- Nalegenda do mapaestio relacionadas as conquistas espanholas na expansio ultramarina ‘Sun Salvador, nas Bahamas. 1519: Ferndo de Magalies parte pars primeira viagom de Eroum-navegaeso. 1818: Forno Cortziniia conquista do México, 1891: Francisca Pizareoincia do Para sda Espanha Pete ses. Otratado estipulava que todas as terras “descobertas a descobrir” a oeste do Meridiano de Tordesilhas (situ- ado 370 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde) pertenceriam a Espanha, enquanto as terras que ficassem a lesteseram de Portugal. Observe o meriiano de Tor desilhas no mapa acima. Os demais Estados europeus rejeitaram o tratado «durante muito tempo, ocorreriam disputas pelos ter- ritérios recém-conquistados. O monarca francés Fran- cisco | (1494-1547), por exemplo, foi o mais veemente representante. Em 1540, chegou a dizer que “ sl bri Ihava tanto para ele como para os outros” e que “gos- taria de ver o testamento de Adio para saber de que forma est dvidira o mundo..” 'MOUSNIER, Roland, Mistéria geal dos cvzagbes Os séculs XVI e XVI Livia, So Paulo: Difel 1873. p. 163, ses (ny

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