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Acérdaos STJ Processo: N° Conyenciona Relator: Descritor N° do Documento: ata do Acordao: Votagio: ‘Tribunal Recurso: Processo no Tribunal Recurso: Data: Texto Integral: Privacidade: Meio Processual: Legislagiio Nacional: Sumario : Dei isio Texto Integral: Acérdao do Supremo Tribunal de Justi¢a 998346 JSTJ00040853 SOUSA LAMAS CONTRATO DE TRABALHO HORARIO DE TRABALHO ALTERACAO $3200006200003464 20-06-2000 UNANIMIDADE T REL LISBOA 4809/97 16-06-1999 s 1 REVISTA. NEGADA A REVISTA. DIR TRAB - CONTRAT INDIV TRAB. LCT69 ARTIGO 45 NI ARTIGO 49. DL 409/71 DE 1971/0927 ARTIGO 5 ARTIGO 11. 12/91 DE 1991/01/17. CCIV66 ARTIGO 715 N5 ARTIGO 766. I- Horario de trabalho e periodo normal de trabalho sio coisas distintas. Il - Por horario de trabalho entende-se a determinacdo das horas de inicio e do termo do periodo normal de trabalho. III - O periodo normal de trabalho € 0 mimero de horas de trabalho que 0 trabalhador se obriga a presta IV - A entidade patronal nao pode, unilateralmente, alterar 0 hordrio de trabalho para além da duracao do periodo normal. Acordam na Sec¢ao Social do Supremo Tribunal de Justiga: A,B,C, D, E, F, Ge H instauraram, no Tribunal do Trabalho de Lisboa a presente ac¢io, emergente de contrato individual de trabalho contra I. Pediram os Autores que fosse declarada a nulidade da Ordem de Servigo de 24 de Dezembro de 1992 na qual a Ré determinou a entrada em vigor de um novo horario de trabalho, denominado "4/2 regular", com efeitos a partir de 18 de Janeiro de 1993 que abrangeu os Autores, ordenando-se a reposigdo dos horétios ¢ periodos de trabalho anteriormente em vigor, denominados "4/2 irregular" e o pagamento, como suplementar, do trabalho que foi efectivamente prestado pelos Autores para além desse horério, a liquidar em execugdo de sentenga por falta de elementos suficientes para o céleulo das quantias em divida Para o caso de assim no se entender, pediram que a Ré fosse condenada a pagar-Ihes as quantias correspondentes aos aumentos dos periodos de trabalho que vém prestando também a liquidar em execugdo de sentenga. Alegaram os Autores que das alteragdes aos seus horarios de trabalho resultou um aumento do respectivo periodo de trabalho o que é ilegal por ndo ter havido 0 acordo escrito dos trabalhadores envolvidos, exigido pelo n. 2 do artigo 83 do Regime Sucedineo das relagdes de trabalho a aplicar na I, mandado aplicar pelo n. | da Portaria de 6 de Maio de 1984; publicado no B.T.E., 1. série, n, 19 de 22 de Maio de 1985. Posteriormente, a Ré pos em vigor novo horirio por turnos, em 27 de Abril de 1993, denominado "5/2 irregular” que aumentou ainda mais os petiodos de trabalho que nao podiam ser unilateralmente aumentados. E no Ihes aumentou os vencimentos, havendo, assim, redugdo do valor/hora destes. A Ré contestou, opondo que a duraco do trabalho normal na empresa para todo o seu universo laboral ¢ de 7 horas e 30 minutos diérios (37 horas e 30 minutos por semana), conforme os artigos 77 e seguintes do Regime Sucedaneo referido, sendo nessa base negociado e construfdo o saldrio que paga aos seus trabalhadores, incluindo os Autores © no tendo os Autores trabalhado para além daquelas 37 horas e 30 minutos semanais, estabelecidas por aquele Regime como "durago de trabalho normal"; nao podendo dizer-se que os Autores sdo titulares de direitos adquiridos a tempos de trabalho inferiores & duragao do trabalho normal. Nao ha motivos para a declaragao de nulidade dos horitios de trabalho dos Autores nem foi por estes prestado trabalho ou horas extraordindrias, tendo, pelo contririo, trabalhado sempre menos horas do que aquelas a que estio obrigados segundo o n. 1 do artigo 77 do citado Regime Sucedineo e na consideragao das quais foi estabelecida a sua tabela salarial Tendo a Ré impugnado 0 valor dado & acgao pelos Autores, indicando em sua substituigao 0 de 2000001 escudos, o Meritissimo Juiz fixou esse valor em 500001 escudos o qual foi, alterado e fixado em 2000001 escudos pela Relagdo. Apés julgamento, foi proferida a sentenga que julgou a acco no provada e improcedente e absolveu a Ré do pedido. A Relacio de Lisboa, concedendo provimento ao recurso interposto pelo Autor, condenou "a Ré a repor, na relago de trabalho que mantém com os Autores, o horério de turnos denominado "4/2 irregular”, bem como o periodo normal de trabalho de 32,2 horas semanais que 0 mesmo comportava "e "a pagar aos Autores a retribui¢ao correspondente as horas de trabalho suplementar que prestaram, para além desse periodo normal de trabalho, desde 18 de Janeiro de 1993 até & data em que proceder a reposigo do referido hordrio cuja Tiquidagdo se relega para execugdo de sentenca” ARé interpés recurso de revista desse acérdio, formulando na respectiva alegagdo as seguintes conclusdes: 1. Cabe ao empregador, se outra coisa nio tiver sido acordada, a fixagio do horario de trabalho em que os seus trabalhadores The devem prestar servico, no respeito das disposigdes legais que regulam a matéria (v. artigos 49 da L.C.T. e 11 do Decreto-Lei n. 409/71 de 27 de Setembro), 2. Tendo a entidade patronal o poder de dirigir a empresa, deste faz parte a possibilidade de alterar o hordrio de trabalho dos seus empregados sem necessidade do acordo destes. 3. $6 nio pode prescindir-se do acordo quando, a nivel individual, o trabalhador tenha sido contratado expressamente para um determinado horirio ou quando um instrumento de regulamentagdo colectiva o proibe. 4, Fora destes limites, o direito de a entidade patronal estabelecer o horitio de trabalho abrange ndo s6 a fixagdo inicial como as subsequentes alteragdes, 5. Da matéria de facto dada como provada nio resulta que tivesse constituido elemento fundamental e determinante da celebrago dos contratos individuais de trabalho dos Autores qualquer matéria relativa ao hordrio de trabalho. 6. Conforme foi estabelecido no Regime Sucedineo de 1985 (artigo 77) e no Regime Sucedineo de 1993 (artigo 25) 0 periodo normal de trabalho diario na empresa Ré & de 7 horas e 30 minutos por dia (37 horas e 30 minutos por semana), 7. O Regime Sucedineo de 1985 nao exige acordo do trabalhador quando seja alterado pela empresa um dos trés tipos de horirio de trabalho especialmente previstos nesse regime (artigos 79 a 82). Esta ressalva est contida no artigo 84, n. 1 ("Salvo casos especiais previstos neste regime ..."). 8. Eo Regime Sucedaneo de 1993 no contém qualquer disposigao que proiba a Ré de alterar os horirios de trabalho sem o prévio acordo dos trabalhadores. 9. Em todo o periodo posto em causa pelos Autores sempre os seus tempos de trabalho estiveram abaixo do limite maximo de periodo normal de trabalho legalmente estabelecido, 10. Cabe & Ré, entidade empregadora, o direito de utilizar em pleno a duragao do trabalho normal (37 horas € 30 minutos por semana), a que os Autores esto obrigados por forga do contrato ou de a dispensar parcialmente e conforme for a sua conveniéncia, mas sem que esta dispensa parcial possa constituir um direito adquirido dos trabalhadores. 11, Assim, uma vez que nao foi excedido o periodo normal de trabalho legalmente estabelecido, nao carecia a Ré de obter 0 acordo escrito dos Autores para alterar os horarios de trabalho. 12. Os Autores nunca laboraram fora do seu periodo normal de trabalho, nao ha trabalho extraordinario (artigo 89 do regime Sucedaneo de 1985), 13. Todos os horarios de trabalho vertidos nos autos foram estabelecidos pela Ré ao abrigo do seu poder de direcgao que ela legitimamente usou. 14, Ao nao decidir assim, 0 Tribunal da Relagdo violou os artigos 49 da LCT, 5 ¢ 11, ns. 1 © 2 da LDT, 77, 79, 81, 82, 84, n. 1 e 89 do Regime Sucedaneo de 1995 e 25 do Regime Sucedineo de 1993, pelo que a revista deve ser julgada procedente com todos os efeitos legais. Contra-alegaram os recorridos, coneluindo que deve ser confirmado 0 acérdio recorrido, O Excelentissimo Magistrado do Ministério Publico neste Tribunal emitiu douto pare sentido de que a revista deve ser negada. no Colhidos os vistos legais, cumpre decidir, considerando a segui julgada provada: 1 - Os Autores trabalham por conta, sob a autoridade e direcgdo da Ré, 0 1. desde 10 de Fevereiro de 1969, 0 2. desde 12 de Julho de 1971, 0 3. desde I de Margo de 1968, 0 4. desde 27 de Maio de 1971, 0 5. desde 16 de Setembro de 1969, 0 6. desde 8 de Maio de 1972, 07. desde 29 de Julho de 1970, 0 8. desde 1 de Junho de 1969 ¢ 0 9. desde 6 de Margo de 1972, 2.- Os Autores tém a categoria de supervisores e auferem pot més os seguintes vencimentos: 0 1. 240339 escudos, 0 2. 232960 escudos, 0 3. 251390 escudos, 0 4. 238570 escudos, 0 5. 246040 escudos, 0 6, 238570 escudos, 0 7. ¢ 8. 240339 escudos e 0 238570 escudos. 3 - Em 1 de Julho de 1986, entrou em vigor, por determinagao da Ré, 0 horirio de tumos denominado "4/2 irregular" para a entdo chamada secgo do controlo operacional de reservas, agora servigo de controlo de irregularidades, 0 qual consistia em trés turnos rotativos - das 00 horas as 8 horas, das 8 horas as 16 horas e das 16 horas as 24 horas te matéria de facto que foi realizando cada trabalhador trés a cinco dias de trabalho consecutivos, seguidos de dois dias de folga, de modo a que no fim da rot cada um fosse de quatro dias por semana. 4-- Os Autores prestaram servigo na "Seegao de Controlo Operacional de Reservas", agora denominado "Servigo de Controlo de Irregularidades”. 5-0 periodo de trabalho dos Autores era em média, de 7 horas por dia, 4, 6 dias por semana de 7 dias. 6 - Este periodo de trabalho foi cumprido pelos Autores durante varios anos. 7 - Em 24 de Dezembro de 1992, a Ré determinou a entrada em vigor de um novo horario. de trabalho, denominado "4/2 regular", com efeitos a partir de 18 de Janeiro de 1993, 0 qual consistia em termos rotativos - das 00 horas as 8 horas, das 8 horas s 16 horas e das 16 horas as 24 horas - realizando cada trabalhador, por semana, 4 dias de trabalho, seguidos de 2 dias de folga. 8 - Esse novo hordrio abrangeu os autores. 9)- O periodo de trabalho dos Autores passou para uma média de 7 horas por dia, 4,66 dias por semana de 7 dias, 10 - Os Autores com outros trabalhadores interessados propuseram previamente & Ré a andlise do problema, de forma a compatibilizar a rentabilidade funcional da Ré coma defesa dos seus direitos, 11 - A Ré manteve a sua posigao. 12- Os Autores passaram a cumprir os novos hordrios. 13 - Mas nunca aceitaram os novos periodos de trabalho nem os novos horsios. 14- Pelo contrério manifestaram expressamente a sua discordancia, 15 - O mesmo sucedeu com o Sindicato dos trabalhadores de Aviagio ¢ Aeroportos. 16 - Posteriormente, por comunicagao de 27 de Abril de 1993, a Ré fez entrar em vigor um novo hordrio por turnos, denominado "5/2 irregular" o qual consistiu em 3 tumos rotativos - das 00 horas as 8 horas, das 8 horas s 16 horas ¢ das 16 horas &s 24 horas, realizando io da escala a média dos dias de trabalho de cada trabalhador 5 dias de trabalho consecutivos, seguidos de dois dias de folga, em média, por rotagdo do conjunto de trabathadores, sendo que este hordrio de trabalho foi determinado pelo Regime Sucedineo que entrou em vigor em I de Abril de 1993. 17- Nos termos desse horério de trabalho, cada trabalhador passou a trabalhar 34,07 horas por semana de 7 dias. Os Autores, com a categoria de supervisores, prestaram servigo 4 Ré na Seegao de Controlo Operacional de Reservas, agora denominado "Servigo de Controlo de Inregularidades", sendo o seu periodo de trabalho, em média, de 7 horas por dia, 4,6 dias por semana de 7 dias, periodo esse que foi cumprido pelos Autores durante varios anos. Em 24 de Dezembro de 1992, a Ré determinou a entrada em vigor de um novo hordrio de trabalho, com efeitos a partir de 18 de Janeiro de 1993, que abrangeu os Autores, passando 0 periodo de trabalho para uma média de 7 horas por dia, 4,66 dias por semana de 7 dias. E, por comunicagao de 27 de Abril de 1993, a Ré voltou a aumentar o tempo de trabalho dos Autores para 34,07 horas por semana de 7 dias. Os Autores nunca aceitaram os novos periodos de trabalho nem os novos horirios, tendo manifestado, expressamente, a sua discordancia. Considerando que o periodo normal de trabalho, de 32,2 horas por semana, que os Autores cumpriram durante varios anos passou a fazer parte integrante dos contratos de trabalho, constituindo um elemento essencial destes e que, por isso, qualquer alteracdo a este elemento que incluisse mais tempo de trabalho e, consequentemente, menor retribuigdo por hora de trabalho, implicava necessariamente a existéncia de um consenso das partes que nio se verificou, o douto acérdio recorrido concluiu: "As alteragdes aos horirios de trabalho, sem acordo dos trabalhadores que impliquem aumentos dos respectivos periodos normais de trabalho sio ilegais. ‘As alteragdes dos horirios dos Autores a que a Ré procedeu em 18 de Janeiro de 1993 e 27 de Abril de 1994, sé seriam legais se no implicassem aumento da carga horaria semanal u, implicando, se houvesse acordo dos recorrentes Como a Ré procedeu a tais alteragGes, sem o consentimento destes, aumentando-Ihe o periodo normal de trabalho ¢ mantendo-Ihes a retribuicdo, tais alteragdes devem considerar-se ilegais. As horas de trabalho prestadas a mais, em consequéncia das alteragdes mencionadas, devem ser consideradas e renumeradas como horas de trabalho suplementar”. E decide condenar a Ré a: repor, na relagao de trabalho que mantém com os Autores o horério de turnos denominado "4/2 iregular”, bem como o periodo normal de trabalho, suplementar, digo, de 32,2 horas semanais que 0 mesmo comportava; a pagar aos Autores a retribuigo cormespondente as horas de trabalho suplementar que prestaram, para além desse periodo normal de trabalho, desde 18 de Janeiro de 1993 até & data em que procedeu a reposigao do referido hordrio cuja liquidagao se relega para execugdio de sentenca. A recorrente impugnou essa decisdo, opondo-Ihe que o periodo normal de trabalho disrio na empresa Ré é de 7 horas e 30 minutos por dia (37 horas e 30 minutos por semana), cabendo-lhe o direito que lhe é conferido pelo artigo 49 da L.C.T. e pelo artigo 11 do Decreto-Lei 409/71 de 27 de Setembro de fixar o horirio em que os seus trabalhadores Ihe devem prestar servigo, utilizando em pleno a duragdo do trabalho normal (37 horas e 30 ‘minutos por semana) a que os Autores estio obrigados por forga do contrato, no podendo ‘uma dispensa parcial da sua conveniéncia constituir um direito adquirido dos trabalhadores. ‘Nio tendo sido excedido o periodo normal de trabalho legalmente estabelecido, ndo carecia a RE de obter o acordo dos Autores para altetar os horarios de trabalho, nao havendo por isso trabalho extraordinario. A questo que se suscita reconduz-se, assim, a delimitagdo de periodo normal de trabalho que o acérdio recorrido considerou ser de 32,2 horas por semana e que a recorrente pretende ser de 37 horas e 30 minutos por semana. On. 1 do artigo 45 do regime juridico aprovado pelo Decreto-Lei n. 49408 de 24 de Janeiro de 1969, consagra a seguinte definigao de perfodo normal de trabalho: “O numero de horas de trabalho que o trabalhador se obrigou a prestar denomina-se "periodo normal de trabalho" Eon, 2 do mesmo artigo dispde: "Os limites maximos dos periodos normais de trabalho, bem como o trabalho noctumo, 1 objecto de regulamentagao especial” O artigo 5 do Decreto-Lei 409/71 de 27 de Setembro estabeleceu a regra de que o periodo normal de trabalho nao pode ser superior a oito horas por dia ¢ 44 por semana, tendo a Lei n, 2/91 de 17 de Janeiro reduzido essa duragdo maxima para 44 horas. A lei limita-se, assim, a fixar limites maximos para a durago dos perfodos normais de trabalho mas no delimita estes periodos que, inquestionavelmente, podem ser inferiores a esses méximos. Nao faria sentido que fixasse o perfodo normal de trabalho, atenta a definigao dada pelo n. 1 do artigo 45 ja citado de que perfodo normal de trabalho "é 0 mimero de horas de trabalho que o trabalhador se obrigou a prestar. Periodo normal de trabalho e horario de trabalho sio dois aspectos distintos da durago do trabalho, pois por "horario de trabalho" entende-se a determinagdo das horas de inicio e do termo do periodo normal de trabalho, nos precisos termos do n. 2 do artigo 11 do Decreto- Lei 409/71 Nos termos do n. I do artigo 11 deste diploma legal compete as entidades patronais, estabelecer o hordrio de trabalho do pessoal ao seu servigo, dentro dos condicionalismos legais. ‘As entidades patronais podem, assim, em principio, alterar o horirio de trabalho do seu pessoal mas, sendo esse horario a determinagdo das horas do inicio e do tuo do periodo normal de trabalho e sendo este o ntimero de horas que o trabalhador se obrigou a prestar, no podem alterar o horario de trabalho, unilateralmente, para além da durago do periodo normal. O periodo normal de trabalho, repete-se, sendo "o niimero de horas de trabalho que 0 trabalhador se obrigou a prestar", é acordado pelas partes, que nao podem exceder os limites méximos estabelecidos para a duragZo do trabalho. Uma vez determinado, 0 perfodo normal de trabalho, fixado contratualmente ou em convengo colectiva, dentro dos limites maximos estabelecidos, no pode ser unilateralmente modificado, pela entidade patronal de modo a aumentar a durago acordada, pois isso envolveria uma alteragdo do préprio contrato, um dos seus elementos essenciais, como desenvolvidamente se diz no acérdio recorrido para cuja fundamentagio remetemos, nos termos dos artigos 713, n. 5 ¢ 726, 1. parte do Cédigo de Processo Civil, subscrevendo, inteiramente, as conclusdes do mesmo acérdio no sentido de que as alteragdes aos hordrios de trabalho, sem acordo dos trabalhadores, que impliquem aumentos dos respectivos periodos normais de trabalho sio ilegais e de que as alteragdes a que a RE procedeu em 18 de Janeiro de 1993 e em 27 de Abril de 1994 s6 seriam legais se nao implicassem aumentos da carga horaria semanal ou, implicando, se houvesse acordo dos autores A decisio recorrida ndo merece, assim, nenhum outro reparo a niio ser quanto a condenagdo da Ré a repor, na relagdo de trabalho que mantém com os Autores horario de ‘tumos denominado "4/2 imegular" ja que, como ficou dito, e é até esse o entendimento do acérdio recorrido, nos termos do artigo 11 da L.C.T,, digo do Decreto-Lei n, 490/71, as entidades patronais podem livremente alterar horério de trabalho desde que nao excedam © limite maximo fixado para a durago do periodo normal de trabalho ou o perfodo normal ou seja 0 ntimero de horas que o trabalhador se obrigou a prestar. Pelo exposto, decide-se negar a revista, mantendo-se a condenagao da Ré a repor, na relago de trabalho que mantém com os Autores, o periodo normal de trabatho de 32,2 horas semanais que 0 mesmo comportava ¢ a condenagdo no pagamento aos Autores da retribuigdo correspondente as horas de trabalho suplementar que prestaram para além desse periodo normal de trabalho, desde 18 de Janeiro de 1993 até 4 data em que proceder & reposigao do referido periodo normal de trabalho cuja liquidagao se fard em execugo de sentenga. Custas pela recorrente, Lisboa, 20 de Junho de 2000. Sousa Lamas, Diniz Nunes, Manuel Pereira.

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