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Pressões comunicativas e
transgressões dos limites do Twitter
Resumo:
Analisamos as formas como a limitação dos 140 caracteres no Twitter está
sendo transposta por pressões situacionais advindas, principalmente, da
interação entre usuários e entre usuários e Twitter, observando quais
mecanismos são usados pelos usuários para “burlar” os 140 caracteres e
como o universo do Twitter acompanha e referenda esses mecanismos.
Para tal, analisamos os usos dados, pelos tuiteiros, a hashtags e hiperlinks,
mecanismos muito dependentes de seus usuários, e a resposta do Twitter a
eles.
Abstract:
We analyzed the ways in which the limitation of 140 characters on Twitter
is being transposed by situational pressures arise mainly from the
interaction between users and between users and Twitter, observing what
mechanisms are used by users to "bypass" the 140 characters and how the
universe of Twitter monitors and referenda these mechanisms. We
analyzed the uses given, by Twitterers, the hashtags and hyperlinks,
mechanisms highly dependent on its users, and Twitter's response to them.
O presente artigo tem como objetivo analisar como limites artificiais nos usos
da linguagem são ultrapassados, grosso modo, a fim de “facilitar” a comunicação.
As tantas possibilidades e ferramentas que o Twitter disponibiliza ou que estão
disponíveis na Internet acabam por incentivar os usuários a interagir de alguma
forma com esse mundo de limites mais fluidos existente na Internet.
O Twitter, como foi pensado para ser usado em aparelhos celulares, tem
limitações, porque o serviço de transmissão de mensagens entre celulares só
permite transmissão de mensagens com até 160 caracteres. No entanto, ficaria
faltando o espaço para a identificação da origem se o Twitter utilizasse os 160,
então, convencionou-se 140 para a mensagem e 20 caracteres para a identificação
do usuário.
Num mundo tão dinâmico e plástico como a Internet, nos deparamos com essa
tensão entre limite e dinamicidade que o Twitter evidencia com essa forma
“artificial“ de limitar o texto de seus usuários. Esse artigo, ao pensar nessa tensão,
nos permite verificar que, pelas necessidades comunicativas e, muitas vezes,
criativas,os usuários acabam transpondo os 140 caracteres.
Sendo assim, selecionamos dois aspectos principais em que é possível
identificar essa “transgressão”: o uso das hashtags e o uso dos hiperlinks. Além
disso, nosso estudo se pautará nos estudos de gêneros que tem como horizonte o
pensamento de que os textos acompanham a flexibilidade e a dinâmica contextual
em que estão inseridos (história, classe social, tecnologia, etc.) e que se adaptam
de acordo com o uso.
Assim, temos como suporte teórico Devitt (2004), Bakhtin (2003) e Miller
(2009), autores que trabalham com a noção de gêneros como flexível e dinâmico e
que se modifica através o uso que os indivíduos fazem dele.
1
Reply é a opção que o usuário tem de indicar na postagem que está se referindo aquele perfil é a mesma função do “@”
antes do nome do perfil.
2
Premio dado pela Web Marketing Association aos melhores websites divididos em categorias.
The constraint of 140 characters drives conciseness and lets you quickly
discover and share what's happening. Yet, we've learned something since
starting Twitter—life doesn't always fit into 140 characters or less.4
3
Disponível em: http://blog.twitter.com/2010/09/better-twitter.html
4
A limitação de 140 caracteres leva à concisão e permite-lhe rapidamente descobrir e compartilhar o que está acontecendo.
No entanto, nós aprendemos algo desde o início do Twitter – a vida nem sempre se encaixa em 140 caracteres ou menos.
(traduçao nossa)
Hiperlink
5
Essas informações podem ser encontradas em < http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2010/09/novo-twitter-permite-abrir-
fotos-e-videos-sem-sair-da-pagina.htm> e <http://blog.twitter.com/2010/09/better-twitter.html>
6
Deliberadas ou não, as decisões individuais não apenas incentivam ou inibem mudanças genéricas, mas criam ativamente
essas mudanças. As mudanças genéricas resultantes, por sua vez, reforçam as alterações contextuais que estão ocorrendo,
colocando ainda mais pressão sobre os indivíduos para agirem de forma que favoreça a mudança. (tradução nossa)
O sucesso das hashtags foi tão grande que, da mesma forma que aconteceu
com o hiperlink, o Twitter referendou esse uso, incorporando, em sua página, o
Trending Topics, indicador dos termos mais usados pelos tuiteiros.
ORIHUELA, Jose Luis. Twitter y el boom del microblogging. Perspectivas del Mundo
de la Comunicación, Pamplona, n. 43, p. 2-3, nov./dic. 2007. Disponível em:
<http://www.unav.es/fcom/perspectivas/pdf/persp43.pdf>. Acesso em: 27 mai.
2010.
1
Bruno CASTRO, Mestrando
Universidade Federal do Piauí (UFPI)
Bolsista REUNI (Processo Nº 23111.06709/10-85)
bruno.bdrc@gmail.com
2
Leila ALEXANDRE, Mestranda
Universidade Federal do Piauí (UFPI)
Bolsista CAPES
leila_rachel1@hotmail.com