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PROVA DE CARGA EM LAJES PRE-FABRICADAS UNIDIRECIONAIS Ernani Mendes Nobre —_Resumo cenobte@acovia.com.br O presente texto niio tem a pretensiio de apresentar & comunidade cientffica um roteiro para realizago de provas de carga. Sua intengio é, meramente, possibilitar uma visio geral deste assunto, para engenhveiros, fabricantes de pré-moldados de concreto e construtores, enfatizando sua importdncia para lajes unidirecionais. A relevancia do tema se justifica pela recente evolugo de novos materiais e produtos pré-fabricados. Palavras-chave: concreto pré-fabricado, andlise experimental de estruturas, lajes. Abstract ‘The present text does not intend to present to the scientific community a guide for the accomplishment of load tests. Its intention is merely to provide an overview of this subject for engineers, precast concrete manufacturers and constructors, emphasising its relevance for one-way slabs. The importance of this subject is reinforced by the current development of new materials and precast products. Keywords: precast concrete, structures experimental analysis, slabs. 1 Introdugao A grande evolugio € a colocagdo de novos produtos no mercado da construgdo civil, no que diz. respeito a lajes de cobertura e de piso, tém proporcionado uma grande demanda de testes de carga nesses tipos de elementos estruturais. Este artigo trata especificamente de provas de carga estiticas em lajes unidirecionais protendidas e no protendidas, como & 0 ccaso de paingis alveolares, elementos de segZo T e TT, lajes com nervuras pré-moldadas ou nervuras com armagiio treligada elementos de enchimento com blocos vazados ou poliestireno expandido. 0 objetivo maior do texto é apresentar aos engenheiros civis, construtores e fabricantes de pré-moldados de conereto armado e protendido, a simplicidade do método utilizado para a realizagio de uma prova de carga estitica nos elementos anteriormente mencionados, sem grandes custos a serem despendides. O resultado ¢ uma avaliagiio segura da real capacidade de carga da estrutura construjda, de acordo com o que prescrevem as normas brasileiras da ABNT. Todos 0s eéleulos realizados nos ensaios foram efetuados com base na NBR 6118:1980 e na NBR 7197:1989, antes da publicagio da nova norma NBR 61 18:2003. As adaptagdes das expresses para esta norma atual slo simples e dizem respeito apenas as propriedades mecdnicas do concreto. ‘Todas as etapas do teste devem seguir as prescrigdes da norma brasileira da ABNT, NBR 9607 em Estruturas de Concreto Armado e Protendido”, 21986 “Prova de Carga 2 Aplicagao das Provas de Carga Os m prova de carga. 3s da solicitagtio do ensaio devem ser relacionados, a fim de que se direcione corretamente o planejamento da PROVA DE CARGA EM LAIES PRE:FABRICADAS UNIDIRECIONAIS De acordo com a NBR 9607, 0s testes devem ser aplicados nas seguintes situacdes: Aceitagao da estrutura; Alteragdo das condigdes de utilizagdes da estrutura; Fases construtivas que acarretam solicitagdes excepcionais em parte da estrutura; |. Apds acidentes ou anomalias observados durante a execugio ou vida de uma estrutura; . Falta total ou parcial de elementos de projeto; Desconhecimento das condigdes construtivas: Estudo do comportamento da estrutura 3 Etapas de uma Prova de Carga Sugerem-se as seguintes etapas a serem seguidas na realizagio de um teste de carga: Indicagdo das caracteristicas da obra; Descriglio do estado de conservagio da obra; Estudos tesricos prévios; Carregamento de ensaio; Especificagio dos instrumentos utilizados; Descrigiio do controle efetuado durante o carregamento; Procedimento do ensaio; Anilise dos resultados. Asetapas de 1. a6. fazem parte do planejamento da prova de carga, que deve ser apresentado e discutido com antecedéncia, a fim de que possam ser efetuados todos os preparativos indispensiveis ao procedimento do ensaio. Asetapas de 7. a8, sio realizadas somente pds a total preparagio da estrutura em termas de elementos do carregamento, instrumentagio e descrigao detalhada dos procedimentos a serem realizados durante o teste propriamente dit. A seguir sii delineadas todas as etapas, com indicagbes de como devem ser procedidas, apresentando-se exemplos e ilustragdes de casos reais. 4 Caracteristicas da Obra Devem ser apresentados os desenhos de forma das lajes a serem ensaiadas, com todas as suas dimensbes, de maneira a permitir a completa concepeio do planejamento da prova de carga A cargas acidentais verticais, de acordo com o seu uso, so anotadas para posterior utilizago nas previsées tedricas, flechas admissiveis e planejamento do carregamento do ensaio. A carga permanente de revestimento pode ou no ser adicionada & sobrecarga no ensaio, dependendo se referido revestimento jd estiver executado na obra, A equipe de campo deve observar anomalias, deterioragdes, fissuras, deformagdes, recalques e movimentagéies de juntas nas lajes, antes e durante o ensaio, inclusive com documentagio fotogréfica de boa precisio. 5 Estudos Teéricos Prévios 5.1 Hipdteses Adotadas Devem ser apresentados esquemas estruturais das lajes, conforme exemplo ilustrativo da Figura L, com a finalidade de orientar os carregamentos de prova, O esquema ilustra 0 caso de vigotas com eixos distantes de 40 em, A resisténcia do conereto aos 28 dias & outra informagio necessétia para os ci iculos tebticos, 5.2 Idade Ficticia das Lajes ‘A im de que se possa fazer a previsio correta das deformagbes lentas para serem comparadas com os valores experimentais, toma-se necessério que as idades de cada laje nos dias de seus respectivos ensaios sejam anotadas, de forma a servir de base para os célculos teéricos prévios. Rev. Tenol, Fortaleza 24%. 1p 68-1, jun 2003 «9 Para auxiliar os célculos posteriores, anotam-se as datas e os hordtios de cada etapa dos ensaios realizados. De acordo com a NBR 7197, as idades devem ser corrigidas, para que se possa analisar a resisténcia e a deformagio lenta (Aluéncia e retragao) do concret. Devem ser calculadas as idades ficticias no dia do ensaio e no dia posterior para anotagio da deformagio residual. A ‘dade final de utilizagao das lajes com base em 10.000 dias (vida ttl), também deve ser cortigida, pois no caso, é utlizada para as previsbes das deformagbes lentas. ‘Assim conforme ASSOCIAGAO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS (1989), VASCONCELOS (1980) e HANAI T+10 (1988), « temperatura ambiente afeta a fluéncia ea retragdo, devendo-se aplicar a seguinte equagio: r= at EO «Ai, ‘onde: idade ficticia em dias; ct = coeficiente que para a fluéncia, depend da velocidade de endurecimento do cimento (Tabela 3 da NBR 7197); c= 1 para reragio (Tabeta 3 da NBR 7197); T, = temperatura média dria do ambiente °C) ‘ty, ~ periodo em dias, durante a qual a temperatura média ditia do ambiente, 7, pode ser admitida constante, 5.3 Métodos de Céiculo ‘Tendo em vista serem armadas em uma s6 diresiio, as estruturas das lajes podem ser analisadas como vigas biapoiadas ‘ou continuas, com carregamento uniformemente ou parcialmente distribufdo, tal como ilustrado na Figura ly/2 y (20/2, am_(ly-2)/2 ty/2 2 = destectemetro 4, Carregamento 1 gy Carregamento 2 <> = Diregio das vigotas Figura 1 - Esquema de Carregamento e Posigdo do Deflect6metro 70 Bev. Teonl,Fortaleaa 2m 1p. 68, 2003 PROVA DE CARGA EM LAJES PRE-FABRICADAS UNIDIRECIONAIS Os formatos das segdes transversais das lajes pré-fabricadas também fazem parte da determinagao dos elementos geométricos utilizados nos eélculos das flechas. ‘A Figura 2 apresenta o esquema genético de carregamento com sacos de cimento para lajes pré-fabricadas com vigotas de eixos distantes 40 cm, umas das outras. Por se tratar de carregamentos unidirecionais, sfio ensaiadas em cada laje, apenas as faixas centrais, com largura que depende da largura dos painéis ou distancias entre vigotas. A faixa de carregamento de 2 m nos dé uma bos precisto das flechas nos centros de cada vio. 5.4 Dimensionamento do Carregamento De acordo com a tabela - Classificagiio das Provas de Cargas da NBR 9607, a prova de carga pode ser classificada de acordo com a finalidade do ensaio, determinando-se desta maneira o Fator de Carregamento . fator y tem por finalidade indicar o nivel de solicitagao a que deve ser submetida uma sego ou ponto de uma E, estrone una proved ares Ext ft Sones por: ¥ =p" onde: " F, = esforgo solicitante te6rico devido ao carregamento de prova de carga; = esforco solicitante te6rico devido ao carregamento de projeto. Com isso, o carregamento de prova pode ser dimensionado como fungao do carregamento de projeto (q) considerado no célculo estrutural conforme esquema da Figura 1. (E53 saco pe CIMENTO DE 50 Kx Figura 2 Modelo de Esquema de Carregamento com Sacos de Cimento 5.5 Fator de Seguranga do Ensaio (F,) ‘A norma NBR 9607 define o fator de seguranga do ensaio como a relagio: E, F=— onde: Lap onde : forgo resstente tltimo teérico da seco; F, "= esforgo solicitante te6rico devido ao carregamento de prova de carga. De acordo com a NBR 6118, 0 coeficiente de minoragao ¥, do concreto é 1,4 € o coeficiente de ponderago para as ages 4, Minorando-se os materiais e majorando-se as agdes obtém-se para F, o valor de 1,96. 6% Rev. Teenol, Fortalect 24, 1p 68-81, 2008 ” mani Mendes Nabe 5.6 Previsées Tedricas Aplicando-se o carregamento de prova na laje, devem ser obtidos valores para os estads limites de uilizacio compativeis com os prescritos na NBR 6118. ‘Tomou-se como, referéncia bisica, o estado de deformagio excessiva. De acordo com a NBR 6118, 0 deslocamento méximo causado pelas cargas acidentais no deve ultrapassar 1/500 do vo teérico (1), Como pode ser visualizado nos formultios de previsdes tedricas, admissiveis e experimentais exemplificados na Tabela (1), as flechas (f) méximas, em cada laje analisada, no devem ultrapassar os valores admissiveis indicados, quando for aplicado o carregamento de prova. Para cada laje ensaiada, uilizam-se formuliios diferentes. 0s valores das flechas admissiveis com o carregamento de ensaio nas faixas centrais de 2 m so comparadas com os valores experimentais obtidos nos ensaios. Estes mesmos valores experimentais também devem ser comparados com os valores tedricos nos supracitados formulérios da Tabela 1 Caso um destes valores seja ultrapassado em uma dada etapa, o ensaio ainda pode continuar até que o valor limite de seguranca da flecha admissivel, indicado na ultima linha em negrito do formulario da Tabela 1, seja atingido. Neste caso, os valores sto anotados, a laje descarregada e, a partir dai, se dé um laudo com a verdadeira capacidade portante da mesma, De acordo com VASCONCELOS (1980), HANAI (1988) e MENDES (1993) estes limites de seguranga se devem & deformagio lenta (fluéncia e retrago), que deve ser descontada para que a flecha da laje possa atingir no final de sua vida 0 valor admissivel da NBR 6118. A referida deformagao lenta ser mencionada no pr6ximo item deste texto. 5.7 Estudo das Deformagées 5.7.1 Deslocamentos Verticals Para analisar os efeitos das deformagies, faz-se uma previstio das flechas no centro do vio para a sobrecarga (carga, de ensaio). A cada etapa de carregamento, é calculada a flecha maxima no centro do vio, de acordo com equagdes deduzidas hos compéndios da resisténcia dos materiais para vigas biapoiadas ou continuas, com carregamento parcialmente & uniformemente distribufdo (q), conforme indicado na Figura 1 ‘Tabela 1 - Exemplo de Formulrio Utiizado pela Funda Niicleo de Tecnologia Industrial - NUTEC / CE FUNDAGAO NUCLEO DE TECNOLOGIA INDUSTRIAL - NUTEC PROVA DE CARGA NAS LAJES PROTENDIOAS. pata | Hora ‘eonica | somssiva, | exERMENTAS ‘OBSEAVAGOES: Tas a preven so praca mii colores NBR IIEEB0 ANT 2 ‘Rev. Teonl, Portales, 24, ms. 66, 203. ‘PROVA DECARGA Ett LAJES PRE FABRICADAS UNIDIRECIONAIS 0 Médulo de Deformagio Longitudinal Secante do concreto E, utilizado nos cileulos deste texto, é obtido da NBR 6118, através da expressio: = 0921.00 [fa +35 onde: E,¢/, em kgflem* Para a nova NBR 6118, uiliza-se a seguinte expresso para o Médulo de Elasticidade Secante: wn = 4.760 f.. onde: ef, em megapescal Nos casos de jes pré-moldadas com capeamento moldado no loa, endo em vista que 0 concreto ullizadona capa de concret,algumas vezs, tem resistincia menor que o conereto das vigoas,deve-sereduzir a larguraefetiva da mest pela razto E, (capeamento) /E,(vigota) (COMITE EURO-INTERNATIONAL DU BETON,1991), para levar em conta esta iferenga de esstncia dos concretosfinalmente, efetsar os céleulos com o mésdlo de deformaso longitudinal do conreto reduzido Usilizando-se as propriedades geométrcas,¢possvelcaleular 0 momento de inétcia para cada tipo de segio transversal Para o edleulo das flechas em lajes constiudas de vigotas ou painkis com protensio completa, é respeitado 0 estado limite de formagio de fissras (ASSOCIACAO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS, 1989) trabalhando-se com © Momento de Inécia Homogeneizado no Estidio L Pata lajes de concretostmado, a NBR 6118:1980 dispense o efit da Fisuragzo no clculo das lechas, sendo portanto realizado no Esti I, e pela NBR 6118:2003, ext céleul ¢exigido, sendo realizado no Estiio 5.7.2 Fluéneia (0 modelo te6rcoacotado pela NBR 7197 também pela nova NBR 6118:2008 para. a deformagéo lena &baseato nas recomendagées do COMITE EURO-INTERNATIONAL DU BETON (1991), conforme mencionado em HANAT (1988). Para eéleulo da fecha, com protensio completa espeitadoo estado limite de formagiodefissuras (ASSOCIAGAO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS, 1989), taalhando-se no Esto I, com o momento de inéria homogencizado 1, (momento de inécia da seg bruta de coneeto), dado pla segunte expresso: 1+, $i) * Ee 1) X{A,,.¢,2), obtida dos compéndios do conereto armado, onde: J, = momento de inércia da segdo transversal de concreto; A,, = rea da segio transversal das cordoalhas da camada i; 6), = distancia de A, 20 centrdide da seqlo transversal Para oconeretoarmado, pela NBR 61181980, uiliza-se esta mesma expresso, substiuindo-se A, por A,¢ A, No caso de se uilizar anova norma NBR 6118:2003, trabalha-se com sepGes fssuradas,utlizando-se o momento de inériaequivaleae,confrme Férmala de Branson dada pla expresto jlo el 1, = momento de inércia da segdo bruta de conereto (I); 1, = momento de inércia da seglo fissurada no Estédio Il; ‘M, = momento fletor na segio critica do vio; ‘M, = momento de fissuraglo da pega, conforme. Rev, Teonol,Fortalesa 24,1 68-81, jum, 2008 cc Ermani Mendes Nobre ‘Tendo em vista que o carregamento de projeto a ser aplicado fica no local de 12 24 horas, calcula-se a deformagio lenta para controlar as flechas apés este perfodo. Assim, 0 célculo do coeficiente de fluéncia @ € elaborado de acordéo com, a NBR 7197, em trés parcelas, desta forma: $ =0, +9, + 4, , onde: fluéncia rapida irreversivel; fluéncia ireversivel; fluencia reversivel As expressGes para o eélculo da fluéncia pela NBR 7197, conforme jd mencionado, slo baseadas nas recomendagbes do COMITE EURO-INTERNATIONAL DU BETON (1991), conforme detalhado em VASCONCELOS (1980), HANAI (1988) e MENDES (1993). Cileulo de 6, Utiliza-se a equagto da Figura 2 da NBR 7197: felto) 6, = 08 |1- + (Fungao do crescimento da resisténcia do concreto com a idade) Fe) Calcul de ¢, 4, = 018,00 -BGI onde: ,, 1c Pac iq depende da umidade relativa do ambiente e da consisténcia do concreto, obtido na Tabela 2 da NBR 7197, 0,42 + hie = O20rh. eM ‘h,, € a espessura ficticia da laje em m que depende da relagio entre o volume e @ area exposta, sendo dada pela exprssio: 9 4, yg = 1, onde: y= coefifnte que depende da umidade relativa do ambiente e obtido da Tubela 2 da NBR 7197; frea da sego transversal da laje em rm? ; arte do perimetro extemo da segdo transversal da laje em contato com o ar. Da Figura3 da NBR 7197, fazendo-se f= fi, obtém-se expresses polinomiais para 0 céleulo de B,() A= 42h? - 350K" S88 + 113 B= 7684? - 3060h* + 3234h -23 C=-200h + 13K + 1090h +183 D=7579h> - 31,916h? + 35.343h + 1.931 Baars so asa Reais lat as cada oh G BO = Seq p + esta expresso a dade etcia# dad em dias, nf inferior a3 dias) Calculo de @, 4,. 0 coeficiente de deformacio lenta reversh $.=40-B, onde: 6, Coeficiente de deformacto reversivel igual a 0,4 de acordo com a NBR 7197. tty +20 1t=t, +70 1, depende apenas da duragiio do carregamento. B, (leva em conta o intervalo de tempo t 1, decorrido apés o carregamento). 4 ev, Teenol, Fonleza,¥ 24,» 1p. 68-8, on 2003 ‘PROVA DECARGA EM LAJESPRE-FABRICADAS UNIDIRECIONAIS Finalmente: $= 0,+6,+ Como flecha deve atingir o valor admissfvel somente no final do perfodo de vida da laje, este fator também é considerado € descontado no ensaio, Estes so os limites de seguranga da sltima linha dos formulérios da Tabela 1. Segundo RICALDONI (1982), a flecha residual referente& fluénciairreversivel também deve ser anotada no dia seguinte, p6s 0 descarregamento da iaje Conforme TAKEYA (1988), no caso de prova de carga em que o carregamento é aplicado num dia e retirado no outro, a deformagao lenta é pequena, tanto & que « norma indica para t, valor minimo de 3 dias no céleulo de B,. ‘Segundo a norma NBR 7197, a deformagao por fluéncia é composta de duas partes, uma répida e outra lent a répida é inreversivel e ocorre nas primeiras 24h apés 0 carregamento: a lenta € por seu turno composta de outras duas parcelas,alenta irreversivel ¢ a lenta reversfvel. Portanto, no caso da prova de carga, 0 que mais influencia € a deformagao répida que ddepende apenas da relagio (1) /f, (final) entre as resistencias do concreto na data aplicagao do carregamento e a resisténcia final (tempo infinito). Sca prova de carga for realizada com o concreto com idade superior a 28 dias (que € a situagGo usual) essa elagio resulta proximo de 1, assim o valor de 0, resulta muito proximo de zero. Sendo assim, a deformagio residual (flechas) em provas de carga desse tipo nfo pode ser atribufda somente & fluéncia do conereto, Ela, (deformagao residual), é decorrente principalmente da fissuragdo do concreto, acomodagio nos apoios, temperatura etc. Estes si alguns dos fatores que justificam elevados valores experimentais encontrados para as flechas residuais em relagio aos tebricos. Para o célculo da deformaciio residual te6rica considerando apenas a fluéncia: 4420, +8, = 0-0, 5.7.3 Retragéo Além disso, considera-se também a retrago do concreto 6, A retracio é um fendmeno que ocorre ao longo do tempo «eindepende do carregamento aplicado, mas édependente principalmente da umidade relativa do meio ambiente, daconsisténcia do conereto e da espessura ficticia da laje, conforme NBR 7197 e HANAI (1988). ‘Segundo a NBR 7197, bem como a nova NBR 61 18:2003, a deformacio espect 1,¢1, deve ser calculada segundo a expressio: a devido & retracdo entre os instantes #8, (ut) =€,.. [B,(0 - (B,(t) 1, onde: Ba, £,,= coeficiente que depende da umidade relativa do ambiente eda consisténcia do concteto,fornecido pela Tabela? da NBR 7197 «,, = coeficiemte que depende da espessura fctcia da laje, dado pela expresso: 033+ 2p. 0.214 3h5, Sy B,(0 ou 8,0.) = coeficieme relatvo a retragéo no instante ¢ out, obtido de gréfics ou entio a partir da expressto polinemial, constante na Figura 4 da NBR 7197 Rey. Teenol,Fortaean 24. Jp 8, ja, 2008. 75 Emani Mendes Nobre A=40 B= 116h* — 2828? + 220h 4,8 C= 2,5h 88h + 40,7 D=-15h? + 585h* + 496h ~ 6,8, E=-169h' + 88h? + 584h? ~39h +08 , \dade ficticia do conereto no instante considerado em dias, 1,= idade ficticia do concreto no instante em que 0 efeito da retragio na laje comeca ser considerado, em dias. Como e, representa uma deformagio especifica, a hipstese de proporcionalidade da deformacao lenta com a tens no concreto, permite relacionar 0 encurtamento unitétio lento de retragZo €., a0 encurtamento eldstico €, através do coeficiente de retragao 9, 6, <2 o. ee fo 7g send: es resultante das cargas permanentes mais a de protensio, quando for o caso, Assim, considera-se a tensio maxima do diagrama tenso-deformagio da NBR 6118: 0, = 0,85/,, 5 74 Deformagao Lenta Total O coeficiente de deformagao lenta total seré ento a soma algébrica: &, = 0 + 0,,. No exemplo do formulério da Tabela 1, as flechas tedricas para cada etapa sio as elsticas. Na linha de carregamento ap6s 24 horas de aplicagio, aplica-se 0 coeficiente de deformagio lenta total. Para flecha residual, retirado 0 carregamento,aplica-se (,~ 94) flecha eldstica com ‘carga total. Na coluna de Flecha Admissivel da Tabela 1, as flechas parciais por etapa de carregamento so obtidas das flechas te6ricas sendo estas divididas pela flecha com deformagio lenta total para 10.000 dias (vida til) e multiplicadas pets flecha admissivel da norma NBR 6118 (Limite de Seguranga), tendo em vista que este limite deve ocorrer no final da vida da Lae. 5.8 Critérios de Aceitacao dos Resultados ‘Uma vez aplicado 0 carregamento de ensaio, no sendo atingidas as flechas méximas admissfveis de cada etapa, 0 resultados s%io considerados satisfat6rios e o ensaio encerrado. 6 Carregamento de Ensaio ‘Tendo em vista a facilidade de manuseio, normalmente o carregamento é feito com sacos de cimento de 50 kg. Sendo as lajes armadas em uma diregto, existem condigées de projetar um carregamento localizado em uma fixa no centro de cada laje, percorrendo todo 0 vio como indicado nas Figuras 1 e 2. Assim, no exemplo, sio marcadas as faixas centrais de 2m de largura quadriculando-se cada m’. Cada quadrado marcado de I m? deve ser ent tapas de 0,5 em 0,5 KN. ‘Assim, slo utilizados dois sacos/m? em cada camada (I KN/m*), como jé mencionado ¢ indicado nas Figuras 2 3. ‘As lajes que tem carregamento parcialmente distributdo slo carregadas de acordo com o esquema estrutural da Figura 1. FFaz-se primeiro 0 carregamento menor q, em toda a extensio da lajee, sobre 0 mesmo, passa-se em seguida ao carregamento parcial q,, conforme esquematizado na Figura 1 carregado com sacos de cimento, de maneira a compor normalmente Figura 3. Laje Totalmente Carregada (Fonte: Prova de carga realizada nas obras do Colégio GEO DUNAS). 7 ey. Teonl, Fortaleza, 24, 1, 8-8, am 2003 PROVA DE CARGA EM LAJES PRE FABRICADAS UNIDIRECIONAIS 7 Instrumentos Utilizados Os principais instrumentos seguir especificados, esto indicados em TAKEYA (1988) e ROCHA (1942), 7.1 Relégios Comparadores Para medigio dos deslocamentos verticais (flechas) s20 utilizados rel6gios comparadores, também denominados deflectémettos. 0s rel6gios s20 instalados com o auxiio de uma haste de ferro para cada relégio, fixada no teto conforme esquema da Figura 4 ilustrado nas Figuras 5 ¢ 6. Os cursores sfio encostados aprumados nos centros das faces das chapas de ago colocadas sobre os andaimes e, em seguida, os deflectémetros calibrados para leiturainicial 7.2 Dispositivos de Montagem s deflect6metros sto fixados em hastes de ferro, presas ao teto através de buchas e parafusos nos locais de medigio. Ao ser aplicada a carga, a haste cede para baixo pressionando o deflect6metro contra uma superficie fixa (chapa de ago), a qual aciona 0 cursor e este movimenta os ponteiros do relégio comparador, permitindo assim a leitura da deflecgao, 7.3 Outros Dispositivos ‘Além dos deflect®metros e das hastes, também sto utilizados outros instrumentos de controle do ensaio, tais como: = Camara fotogrifica; ~ Lente de aumento para localizagio de eventuais fissur = Trenas de ago e de nylon; -Extensémetros mecfinicos, para medir deformagies especfficas de tragdo nos locais de momento fletor negativo (Somente para lajes continuas). 8 Controle Efetuado Durante o Carregamento Como jé foi mencionado, normalmente utilizam-se etapas de 50 kg. A cada etapa sto lidos os deslocamentos,registrando- e-em formulirios apropriados conforie indicado na Tabela 1. Inicialmente, faz-se um carregamento de 0,5 kN/in? para establizago da estrutora, descarregando-se em seguids. Neste onto, ¢ feita a leitura inicial no deflect6metro para a sobrecarga nula. Finalmente, procede.se o carregamento conforme jf ‘mencionado anteriormente eas leituras efetuadas no deflectémetro. A cada etapa, faz-se a diferenca para verificar sea flecha rio ultrapassa o limite de seguranca pré-fixado pela NBR 61 18. Os valores s80 registrados nos formulérios da Tabela | Verifica-se também, a cada etapa, se ocorsem issuras na face inferior do centro da laje ou nas faces superiores proximas 20s apoios, quando se trata de lajes continuas. Sao aguardados 15 minutos para aestabilizago dos deslocamentos da aj, entre uma etapa e outra O carregamento efetuado na Iaje permanece até o dia seguinte. No final do dia, faz-se uma leitura para verificagio de alguma eventual anomalia. No infeio do dia seguinte, faz-se outra leitura para se verifiear os efeitos da deformagio lent. Em seguida, a laje & descarregada e feita a leitura da flecha residual. Todos estes valores sdo registrados nos formulétios da ‘Tabela L Os detalhes de carregamento instrumentagio e eventuais anomalias devem ser registrados através de fotografias de boa resolugio. ey. Teel, Fortes, 24% Jp 68-81, 2008. 7 Ermani Mendes Nobre DETALHE A OETALHE @ Necigos eon mm SCALA 15 LEGENDA’ 1- Suportes para fixagiio na laje 2- Hastes 3 - Porcas sextavadas para haste 4 Chapa de contato do deflect6metro 5 -Tabuas 6 - Pecas para torre de andaime 7 -Deflectémetro 8 - Tiro no teto ou parabolts Figura 4 - Vista da Montagem do Suporte Fixo no Teto (Tiro ou Parabolt) com hastes, porcas e deflectémetro. 7 Rev. Teonl,Fortalese, 24, m1: p. 688, jn 2003. PROVA DE-CARGA EM LAJES PRE-PABRICADAS UNIDIRECIONAIS Figura 6 - Vista do DeflectOmetro (Fonte: Prova de carga realizada nas obras do Aeroporto Pinto Martins de Fortaleza-CE). Rev. Teool, Forte v.24, Jp 8-81, ju 2003 79 Emani Mendes Nobre 9. Andlise Dos Resultados Tabeta 2 - Exemplo de Andlise dos Resultados PROVA DE CARGA NAS LAJES DE COBERTURA DATASDEENSAIO: __190v92 1wor/ea Medias em 2.1 am DFERENCA = ‘soBRECARGA. somissive. | exrenmaents Tava | 1007 900 d d af ri 7 irises | Fh Os ol a 2 Hass Te 0 20 val ah sa Caries |e Zon 51a sei ah z 5H isiviess [rao 200 iE zh 2a Sl Tsao arises [ans | 2 Ted DIAGRAMA CARGA-DESLOCAMENTO js apwssived = EXPERIM. | | 000 050 too 1502.00 2.00 2,000.00 | SOBRECARGA (kN/m2) | Figura 7 - Diagrama Carga-Deslocamento Os dados das previsbes tesricas/admissiveis ¢ os dados experimentais ficam registrados na Tabela 1 Orresumo e a analise comparativa dos deslocamentos tabulados de um dos deflectOmetros, esto indicados na Tabela 2. O diagrama carga-deslocamento para este mesmo aparelho estd representado na Figura 7. ‘A maior parte da interpretagio dos resultados pode ser obtida da andlise da Tabela 2. Os pontos mais importantes observados devem ser anotados. Tendo atingido experimentalmente a carga méxima prevista pelas previsGes em condigdes satisfat6rias, a estrutura censaiada é, portanto, considerada apta para ser utilizada. Referéncias ASSOCIAGAO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS, NBR 6/13;1980: Projeto ¢ execugdo de obras de concreto ‘armado. Rio de Faneiro, 1980. 76 ASSOCIAGAO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 6/18:2003: Projeto de estruturas de concreto, Rio de Janeiro, 2003. 170p. ASSOCIAGAO BRASILEIRA DENORMAS TECNICAS. NBR 7197:1989: Projeto dle estraturas de concretoprotendido Rio de Fancico, 1989, Thp. 20 Fey, Tecmo, Fortlea, v.24 1. Lp. 68-81 jan 2003 PROVA DECARGA 8 LAES PRE FABRICADAS UNDIRECIONS ASSOCIAGAO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 9607:1986: Prova de carga em esiruturas de concreto ‘armado e protendido, Rio de Janeiro, 1986. 14p. COMITE EURO-INTERNATIONAL DU BETON CEB-FIP Model Code 1990: final draft, Lausanne, 1991. 159p. (Bulletin d°Information, 203). EL DEBS, M. K. Concreto pré-moldado: fundamentos e eplicagées. Sao Carlos: BESCIUSP, 2000. 456p. HANAL,J.B. Fundamentos do concreto protendido, Texto base para o curso de Engenharia Civil. Sio Carlos: EESC/ USP, 1988 LEONHARDT, Fi MONNIG, E. Construgdes de concreto: verificagao da capacidade de wilizagdo, Rio de Janeiro: Interciéneia, 1977. v4, 210p. LIN, T. Y BURNS, N.H. Design of prestressed concrete structures. New York: John Wiley & Sons, 1982. 646p. MENDES, J. A. Célculo automético de perdas progressivas em pecas de concreto protendido. 1993. Tese (Doutorado ‘em Engenharia de Estruturas) ~ Escola de Engenharia de Sao Carlos, Universidade de Sto Paulo, Sto Carlos. RICALDONI, J. Andlise experimental de estruturas. Sao Paulo: EPUSP. In. Manual do Engenheiro. v. 2, tomo 2. Porto Alegre: Globo, 1982. 243p. ROCHA, P.F. Ensaios de verificagéto de estruturas. Sio Paulo: IPT, 1942. 22p. TAKEYA, T, Introducdo a andlise experimental de estruturas. Sao Catlos: EESC/USP, 1988. 27p. VASCONCELOS, A. C. Manual pratico para a correta utilicagdo do ago no concreto protendido em obediéncia as normas atualizadas. Rio de Janeiro: Livros Técnicos Cientificos, 1980. 64p. SOBRE O AUTOR Ernani Mendes Nobre Engenheiro Civil pela UFC em 1971, Especializagao em Consultoria para Pequena e Média Indistria pela UNICAMP em 1973, Mestre em Engenharia de Estruturas pela EESC/USP em 1992, Consultor credenciado do SEBRAE, Professor Adjun- to aposentado do Departamento de Engenharia Civil do CCT/UNIFOR, Engenheiro aposentado Chefe da Unidade de Estru- tras da DITEC/NUTEC, Sécio Fundador da Associago Cearense de Engenharia Estrutural ~ ACEE, Atualmente trabalha rna Area de Anélise Experimental de Estruturas, presta consultoria para Micro e Pequenas Indistrias de Pré-moldados e atua em Projetos Estruturais. on. Teonl, Fortes, 24,0, Ip 68-8, ji, 2008 a1

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