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Png cera na hislbriaa educagio oriental dos dos uitimas| 6CUIOS"0s sistemasnacionais deensino foram sendo impiantados| nos principaispafses formando uma especie de consenso tact que os corwerteu no objeto de uma nova disciplina pedagopia: a educacéo comparada. No entanto, no Br sendo objeto de variadas controvérsias,o que justia sua andlise esta colegdo Polémicas do Nasso Tampa Incorporando aspectos da produgdo do autor desenvolida ao longo de quar Sistema Nac enta anos em torn de questies referentes 20 Educagoe ao Piano Nacional de Edueag&o, 0 auxlio a todos que se ir ativae criticamente no so de preparagio erealzagdo dali Conferéncia Nacional de jo (Cante-2014). Considerando que o tema central tanto a primeira com: da Con articulao Sistema Nacional {de Educagdo com o Plano Nacional de Educagio, a presente obra, a0 versar sobre esse momentoso tem@, 1 mente atual, abrindo, ao mesmo tempo, pers 0, tendo em vista o abativo de instituir em nosso pais um sélido Sistema Nacional de Educagao, que, operando segundo planos consistentes, se destina educagao qualtaivamente signifcativa as novas gera atuaise futuras, de longo pr J SOO COLOURS) UOC CTL) ea Ms beh | atten Colegio Polémicas do Nosso Tempo Coleg aera dscusso de questbes pomieas ¢ ats sobre ‘cago cla, plies, a, religitec lost ios ic Potendeserribunaparawocadeidelas fundamentals sap libra de porsamentoe expresso, Cony sis ba desta cole, os mss loves autores da ‘www -autoresassociados.com br ema Nacional de Educacao e Plano Nacional de Educagao significado, controvérsi e perspectivas Dermeval Saviani Golcts Polioes oor Tempo Campinas AUTORES ASSOCIADOS m4 Copyright © 2014 by Edltora Autores Asociados LTDA, Tinks os de dest elo rerio itor tore Assos LTDA ‘des nernactor de Catslopag a Pablo (CIP) ‘imum ego nr So "Sr Nasal Bsc Man Nac ea seatinh wtmvctae piper emer “eampaas | Siete Volawnionaoetee | a-ha a i i gy ac Ieee prtctag sitet: HineNicentitanage vent Impresso no Brasil-margo de 2014 EDITORA AUTORES ASSOCIADOS LTDA, ‘afta ogee ge ie - ese {Bt Seater Serta muah cea ame! peal — Rhewdegte ji lind ie Seen — my) SUMARIO Puurkao . Cortreio 1 ‘Shana Dr aT EDRCAGIONAL, Sobre a nogio de*sistema” Sobrea nogio de“estrtun™ ‘As nogoes de status e sistema na lacagte O sisema scasional como produto da ducapiostematida Canruio It Sor NACIONAS HF RSMO Signa hstrio da expres “ster educcional Papa histoico dos sistemas nacionas de ensino Cortruto IIL Onsrheias Acansemedo no Sor [Neciox Eoucigao no Baas ‘Os obstiulosecondmics: a histtiaresistnci 8 enamatengzo 4a edacago pblica no Brasil ‘Os obstdculo politics: descontinuidade ras politica educative (Os obstéculo lowfico-ieolgicon a esistincia so alfa, ‘Osobsticuls eas a resistencia no plano 1 atvidade egiativa ‘Gonelusio:pesstncn das dificuldades Connon 1 Inorg mana consrnGho Bo STA Nucowt ne Bocca no Beast a Carre V Pao Nici EncaghrEsnno HsTOND 8 Coerato VI (© ssa moro we PASO Necro Boca 8 Carmruio VIE Suxcio ATUAL 6 mOEIO BO PLARO Nicos oF Ee ” Coneaws4o Dc EPICS ak A IMLASTCAG HO Serius ro Pano Nacons te Enea. Rorexsvens, . 17 ‘Axxo “Sta NacoNAt be BeAg40£ HO PLANO NACIONAL Boao (4 bane cextes) . an Somes os0TOR «- - oan EREFACIO Fe iniciado minha pesquisa de doutoramento, em 1968, com 0 projeto “Fundamentos para um sistema educactonal’ fai levado a desenvolver uma fundamentagio filosfica dos concei- tos de sistema e de sistema educacional, procurando explicitar seu ‘significado como base para a andlise dessa questio no Brasil, 0 que me levou a formular a hipdtese da auséncta de sistema educacional ‘em nosso pais. Dai resultow a defesa, ens 1971, da tese denominada CO conceito de sistema na Lei de Diretrzes e Bases da Educogdo aco al, publicada como livro.em 1973 com o titulo Educate brasileira estruturaesistene, Persistind ness lina de investizagao, partcipei dos debates 4a politica educacional brasileira e dei sequincia aos estudos que resultaram em diversas publicagées sobre as reformas do ensino expressas na legisla federal, nas decisdes do Conselho Federal ¢ Nacional de Educacao e nas medidas baixades pelo Ministério da Edveagao (MEC). Durante todo ese periodo, que ultrapassa quatro «écadas, me seni como uma espécie de vor.que cama no deserto” no que se refere ao problema do significado de sistema e do Sistema Nacional de Educaso. Mas essa situagio modificou-se de forma importante quando 0 MEC convocou uma Conferéncia Nacional de Educago (Coxsr) para se realizar em 2010 tendo como tema central a“Construyio do Sisterna Nacional Artculado de Educagio" ‘Comes inicatva, © MEC retomou a pitica, que vem desde 0 ‘Impéri, de organiar conferencas de educagio em Ambit nacional, sendo que tal petica somente havia assumido caréter mais regular 4 partir da fundagao da Associagio Brasileira de Educagao (ABE) em 1924, [Na realizagao dessa conferéncias,cabe distinguie entre aquelas dle iniciativa estatal, que ocorceram principalmente por ocasiao dos regimes autoritirios (Estado Novo e ditaduracivil-militar de 1964), cs de iniciativa da sociedade civil. Estas ikimas manifestaram-se historicamente no Brasil com tres denominagSesdistintas Confer NNacionais de EducagSo, Conferéncias Brasleiras de Ecucagio © ‘Congressos Nacionais de Educago, que tiveram papel importante na _mobilizasio dos edueadozes como mecanismo de pressio junto a0 Estado visando 3 formulagio ou rearientagdo de politicas edcativas. A patticularidade dessa nova série de conferéncias, as Comat, inaugurada em 2010 € que, embora de iniciativa governamental (Gociedade politics), incorporau a partcipagio das organizasaes ‘representativas dos diferentes segmentos da comunidade educacio- nal (sociedade civil), diferentemente da situagio anterior, em que ‘esas duas modalidades de conferéncias ocorviam paralelamente ¢ contrapond-seentee si ‘Naturalmente fui chamado a colaborar com essa iniciatva,o que ‘ocorteu de virias manciras, como redigt subsidies, proferir con- feréncias, participar de mesas-redondase de programas tlgvsivos « radiofnicos, conceder entrevisas e, obviamente, paticipar da propria Conse Foi assim que redigi,a pedide do MEC, um texto denominado “Sistema de e aso: subsidios para a Conferéncia Nacional de Educagto (Conar)"yno qual sintetize elements contidos em minha tese de doutorado eem outros estudos que deseavoli sobre politica ‘educacional e legslagio do ensino; profericonferéncia na ss de langamenta da Cont em 23 de abril de 2009 ena pripria Conse fem 29 de margo de 2010. ‘Ao aprosimarmo-nos da II Coxas, prevista para se ealizar em Brasilia de 17 21 de feverero de 2014, masna itima hora transferida para novembro do mesmo ano, trago como contribuigio presente livro, que incorpora boa parte de minha produgio desenvolvida «em torno do Sistema Nacional de Educagio ¢ do Plano Nacional de Educagio. Um ideia de conjunto dessa produgio pode ser obtida ‘ela Leitura da listagem apresentada no final do livro contendo as atividades por mim desenwolvidas no processo de anilisediscussto do Sistema e do Plano Nacional de Edueagao. [Espero enfim, qu este lio, peas contribuigbes que trax para a ‘ompecensia das questoesrlativas ao Sistema Nacional de Educago «a0 Plano Nacional de Educagao (PNE), se constitua num valioso wlio a todos que se encontram empenhadlos em se insrie ava ¢ ‘riticamenteno proceso de preparacto eliza da Il Cove assimn ‘como na construgio do Sistema Nacional de Educasio ena aprovagso dem PNE que veha a corresponder is necesidades educacionais da populagao brasileira, Campinas, 28 de fevereiro de 2014 Dermeval Savin APITULO | SIGNIFICADO DE SISTEMA EDUCACIONAL Sobre a nocdo de “sistema” Fe co termo "sstrn soja de uso corzent em diferentes conteros dando 2 mpresso de ques tata de algo previa- mente dado que podemos ideatlicar exernemette & precio ter presente que o seman & um dado natural, mas sempre um produto da ago humans. Se procodermosaumaan dbtomem, vamos conlr que elidadeumanase conta de- dacstratura ‘marcada pelo trindmio situagao-liberdade-consciénia. A existencia humana 6, pols, um processo de transformagio que o homem exetoe sobre o meio, ou sea, 0 homem & um serem-stuagio, dotado de consciéncia eHberdade,agindo no mundo, com o mundo e sobre 0 ‘mundo, Na maior partedo tempo, as agdes humanas desenvolvern-se normalmente, espontaneamente, a0 nivel, portant, da consciéncia inrefletida até que algo interrompe seu curso e interfere no proces- sy alterando saa sequéncia natural Ai, entio, o homem &ebrigado {TFs se mien eo Bato ir atin siema(S5, mine 128, 1 ase deter e examinar, a procurar descobrir 0 que & esse algo que, rnormalmente, és nomeamos com a pslavea ‘problems’ A partir desse momento ele comes arefletiisto ele tematizaa realidad, voltando-seintencionalmente para ea fim dé compreendé-a ten «mista resolver os prtlemas que interromperam acurso de uaa vital. Em consequéncia, a atividade anterior, de cardterespontineo, natural, asistematico, ésubstituida por uma atividade intencional, refletida, sstematizads, Consequentemente, é possivel eo homem sistematizar porque ele &capaz de assume perante a realidade uma postu tematizadamente consciente, Portantoa condlcto de posi bilidade da atividade sistematizadora 6 consciénciarelletida, Bela ‘que permite o gir istematizado, cus caracerstcas bésicaspodem serasim enunciadas: ‘2 tomar conscidnei da ituagd0; bs. captar os seus problemas; «eller sobre eles; 4, formuli-los em terms de objetvosrealiaveiss €. organizar meios para atingr 0s objetivos propostoss £ mtervr na situagao, pondo em marcha os meios referid '& mater ininterrupto o movimento dialético agao-reflexdo- 8 que acio sistematizada¢ exatsmente aquela que se caracteriza pela vgilancia da relexdo. (Ors, pereche-e ficilmente, plas notas mencionadas, que a ati- ide sistematizadora envolve toda a estrutura do homem nos seus {rds elementos (sitagdo,lberdadee conseiénca), (O atodesistematizar, uma vez que pressupde a coosciéncia refle- Lida, é um ato intencional, Iso significa que, ao realizs-lo, @ homem a ‘mantém em sua consciéncia um objetivo que Ihe da sentidosem ou- tros terms trata-se de um ato que concretiza um projeto prio, Esse ‘ariterintencional no basta, enretanto, para definira sstematizago. Esta implica também uma multplcidade de elementos que prcisam ser ordenados, unificados,conforme se depreende cla origem grega da palavra sistema’: reunir, ordenar, coligi, Sistematiza pos, dar, zncionalmente, unidade 3 multiplicdade. & 0 resultado obtido, is o qucse chama “sistema Este 6 entio, produzido pelo homem a partir de elementos que ndo sto produzides por ele, mas quea ele se “oferece na sa situagto existe como esses elementos, ao serem reunidos, nao perdem sua especiicdade, o que garante a wnidade & a relagao de coeréncia que se estabeloce entre eles. Além disso, fato de serem reunidos nam conjunto io implica que os elementos dei xem de pertencer situacio objetiva em que o proprio homem ests ‘envolvido; por iss, 0 conjunto, como um todo, deve manter também uma relagio de coeréncia com asitago objetiva refed, al se conclu que as seguintes notas caracterizam a nosdo de “sistema a. intencionalidade; ». unidade; «. variedade 4. coerénciaintermas «. cocréncia extern. (Ora, vé-se por aia estrutura dialéica que caracteriza a nogio de “sistema: intencionaldade implica os pares antitéticos sjeito- objeto (o objeto € sempre algo langado diante de um sujeito) © conscidneia-simagio (oda consciénca éconscignca de alguma coisa}; .unidade contrapoe-seavariedade, mas também se compoe com ela para formar 0 conjunte; ea coertncia interna, por sua ver, s6 pode sustentar-se deste que articulada com a coeréncia externa, pois, em «caso contrério, serd mera abstragio, Por descuidar do aspecto da coerincia externa ¢ que os sistemas tendemase desvincalar do plano concreto, esvaziando-se em construgbes "teéricas” Podemos,enfim,concluiras observagbes sobre a nogo de*siste- ma” enfeixando-as na seguinte conceituagio: “Sistem” éa unidade {de viris elementos intencionalmentereunidos de modo que forme tum conjunte coerente e operante. A simples leitura rvela que nessa defiisao esto contidos todos ‘os caracteres hdsics que compoem a noo de"sistema Foi neces- sri acrescentar@ terme “operante” para se evitar que a coeréncia fose reduvida apenas & coeréncia interna, Na verdade, um sistema insere-se sempre num conjunto mais amplo do que ele pripros ¢a sua coeréncin em rela situago de que fr parte (coertnciaexter- na) exprime-se preisamente pelo fato de operarintencionalmente transformagdes sobre ea Com efeito, seo sistema nasce da tomada de consciéneia da problematicidade de wma situagio dada, ele surge como forma de supera;ao dos problemas que o engendruram. Ese cle no contribuir para essa superagio ter sido inefica,inoperants, ou se, incoerente do pomto de vista externo, E tendo faltado um dos requisitos necesirios (a eneréncia externa) isso significa que, sigorosamente falando, ele ndo ters sido um sistem, Por fim, convém acrescentar ques palavra “sistema assume, ta them, no uso corrente, a conotagao de modo de proceder, de forma <é organizagso, mancira de arranjar os elementos de um conjunto, 0 «que emete a0 aspecto do metodo. Assim, é comum, sobre qualquer sssunto,alguém dizer pata outa pessos: meu sistema diferente do 4 seu. Porexemplo, uma dona de casa ou uma cozinheita diz para ou tra: o sistema que adoto em minha cas, ou meu sistema de coz édlferenteda seu. Emblemtico dese uso corrente 0 verboitaliano ssiemare, que significa arrumar, por as coisas em ordem, ordenar clementos formando um conjunto, Ora, em edacagae também & frequente usar otermo “sistema” para designar determinados proce: dimentos metodoligicos.ou diditicos, Dai aparecer no nivel da teoria pedlagigica, expresses como "Sistema Decroly Sistema Montesor”, Sistema (ou Plano) Dalton’, "Sistema Winnetka’ transladando-se pparaa forma de funcionamento do ensino em determinadas empresas cducacionais que a convertem em pacotes para aplicasio reiterativa, [Nessa condigd, esses pacotes sto vendidos inclusive para redes de escola piblicas sob o nome de sistem” Dai as entominagies"Sis- tema COC Objetivo’ “Sistema Oficina, “Sistema Ftapa’, “Sistema Unt “Sistema Positive” “Sistema le Ensino’ “Sistema Angh Evidentemente, quando estamos considerando a questio do Sistema [Nacional de Educagio, nos colacames num plano muito mais abran- _gente da que estes usos da palaven “sistem” sugerem, Sobre a nocdo de “estrutura” © teemo “estrutura, da mesma forma que “sistoma’ também se refere a conjunto de elementos; por isso, muitas vezes, ambos ‘0 usados como sindnimos. Para evitar ambiguidades eumpre, no centanto,distingui-s. © termo “estrutura” originou-se do verbo latina struere. A esse verbo € atribuido correntemente o significado de “consteuir [Esse sentido ¢aceito sem objegdes tanto entre os leigos como nos circulos especializados. Tal fat dispensa os estudiosos de um exame ‘mais detido do significado etimoldgico do termo, © que pode ser 5 itustraco pels frase coma qual Basti (1971, p.2) introduz 0 exame dos diferentes itnerrios percorrdos pela palara “estrutura”n0 vo cabulério ciemtifca:"Sabemos que a pslavra estrutura ver do latim. ‘structua derivada do verbo ‘struere;construi’ Ve-se, por ai, que “estruturs” sgnifcara “construcao’, © que jd slbre margem para una dupliidad de sentido também mencionada pelo préprio Bastide: "a de modelo e concreto, de elagdeslatentes ferelagoes reais, esta oposieao enconts (idem, p.11).De fst, “canstrusio” pode indiar tanto 0 mode como algo € construido (0 que sugere a ideia de paradigma ou modelo) ‘como a pr6pria cosa construida (ea estrutura confunde-se entio, seem tls a disciplinas” coma reaidade mesma). Li exame mats detido da origem etimolo- ice revel, contud, que interpreta anterior ésuscetivel decertos eparas, uma ver que, além de suo, seencontram em lati os verbos construo,destruo, stro, 10 indica que struo &a raza partir da qual se podem compor outros vocibulos de sgnificados diferentes e a antindmicos,na medi cm que se acrescenta esse ou aquee prefixa. Indica, ainda, que"comstrugao” deriva dirtaménte dle construe e0 estruo,o que langa divides em rea aidentificagdo entre estrutura ‘econstruso, sugerindo a ideia de que essa interpretagio & um tanto apressaa e superficial hipotese que alver permita expicar boa parte

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