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O afeto catalisador Quanto mais grave a condicéio esquizo- frénica, maior ser a necessidade que temo in- dividuo de encontrar um ponto de referéncia eapoio. Tanto melhor se esta primeira forma decontato for se tornando uma relacao de ami- zade. Fernando regrediu por motivosadver- sos. Durante longo periodo suas pinturas fo- tam garatujas cadticas. Sem diivida tratava-se de um crénico, com mais de 15 anos de inter- namento, em “estado de deterioraco” ou de “demenciagao” na terminologia tradicional. Mas impressionava em Fernando a fi- xa crispagdo de angustia de sua face. Foi ten- tada ent@o a experiéncia de colocar uma mo- nitora com fungdo exclusiva de permanecer a seu lado noatelier. A monitora, funcionava co- mo uma espécie de catalisador, nao intervinha, ndo opinava sobre as pinturas. Apenas ficava ali, silenciosa, numa atitude de interesse e sim- patia por qualquer coisa que ele fizesse, mes- moO suas espessas garatujas. Nao tardou que a situagdo se modifi- casse. Para surpresa de todos nés Fernando co- mega a retirar do caos onde estaya mergulha- do, figuras que se iam aos poucos configuran- doem temas japoneses. Eo mais curioso é que a série da japonesa caracteriza-se pela delica- deza do desenho e leveza das cores, em contras- tecom a maneira habitual de Fernando pintar — pinceladas espessas e cores fortes. Esta te- midtica parecia estranha. Mas logo se esclare- ceu quando Fernando disse 4 monitora, que ela parecia uma japonesa. E, de fato, olhos leve- mente rasgados, Aparecida tem distantes se- melhangas com 0 tipo japonés, logo apreendi- das por Fernando. Distantes, mas suficientes 34 para ajud-lo a transpor ao outro lado do mun- do, 0 Japao, a inacessivel mulher amada que estava tao perto. Fernando Diniz 33,9 x 47,5om ‘leo sobre papel 1968 O relacionamento com a monitora le- vou Fernando a contato muito melhor com 0 ambiente. Nao sé catalisou a coordenacao de fungdes psiquicas e construgao de sinteses em torno do tema da japonesa, como religou-o a0 mundo externo. Nesse perfodo pintou uma sé- rie de paisagens ao ar livre, que refletem bem de perto o mundo real. ‘Avoltaa realidade dependeem primei- rolugar de um relacionamento confiante com alguém, relacionamento que se estenderé aos poucos a contatos com outras pessoas e com. o ambiente. Nise da Silveira 36 Fernando Diniz, 47,5 x 75,60 leo sobre tela 1970 Temas miticos Foia freqiiente reversao, na esquizofre- nia, a formas arcaicas de representacao, que me fez primeiro pensar na existéncia de um in- consciente nao apenas constituido de elemen- tos originariamente conscientes, que tivessem sido perdidos. Mas que possuisse também um estrato mais profundo, de carater universal, es- truturado por contetidos tais como os motivos mitoldgicos tipicos da imaginacao de todos os homens. Os mitos sao expressdes simbélicas de dramas internos, inconscientes, que revelam a natureza da psique. C.G. Jung O tema mitico de Dafne Apolo apaixona-se pela ninfa Dafne, filha do Rio Ladao e da Mae Terra. Ela se es- quiva, mas o deus nao aceita ser recusad Apolo persegue Dafne. Fugindo sempre, a ni fa busca refiigio junto desua mac, a Terra, que aacolhe e a metamorfoseia em vegetal. Por estranho que parega, Adelina, mo- desta mestica do interior do Estado do Rio, re- viveu o mito da ninfa grega Dafne. Numa tuagdo conflitiva, ela se rendeu e disse: “Eu queria ser flor.”” : O mito de Dafne exemplifica a condi- 4o da filha que se identifica tao estreitamen- te.com sua mae, a ponto dos préprios instin- tos ndo lograrem desenvolver-se. Enos mitos que se acham condensadas ¢ polidas em narrativas exemplares as ima; nagdes criadas pela psique quando vivencia si- tuacdes tipicas muito carregadas de afeto. Nise da Silveira 38 Adelina Gomes 48,1 x 33,0em ‘guacke sobre papel 1985 O tema mitico de Dionisos Nos profundos ¢ intricados labirintos da psique vivem ainda os deuses pagaos. Dois mil anos de cristianismo representam apenas a superficie. Pesquisas arqueol6gicas e pesqui- sas psicolégicas so trabalhos paralelos feitos em Areas diferentes. Dionisos manifesta-se em nitidas ima- gens sob miiltiplos aspectos de sua natureza dual — jovem e velho, bissexuado, animales- C0, orgiastico, frenético, o inventor do vinho, dom deste deus aos homens para ajuda-los a provar, embora fugazmente, aeuforia daem- briaguez e até mesmo o éxtase religioso. 40 Carlos Pertuis 45,7 x 37,60m leo sobre tela 1959 Nos tiltimos anos que precederam a morte de Carlos suas pinturas giraram cada vez mais em torno do tema mitico do Sol. Ressaltam, entre estas imagens, figuras masculinas de grandes proporgées providas de coroa e outros atributos divinos bastante pro- ximos de descri¢des de Mitra, deus indo-per- sa, dadas por seus adeptos. Mitra é um deus solar e heréi cujo mi- tonarra adolorosa procura da consciéncia que ohomem de todos os tempos vem representan- do sob mil faces. Carlos Pertuis: x 55,3em lépis cera sobre cartolina 1975 a2 Através de longos percursos na escuri- dao, tal como aconteceu a Carlos, surge, co- mo um fio condutor, fio ténue ques vezes pa- receter separtidoe ter sido tragado pelo abis- mo, 0 “Principio de Horus”, isto é, o impul- so para emergir das trevas originais até alcan- ar a experiéncia essencial da tomada de cons- ciéncia. O principio de Horus rege todo o desen- volvimento psicolégico do homem eé to for- tenasua aparente fraqueza, quese mantém vi Vo mesmo dentro do tumulto da psique cindi- da, por mais grave que seja sua dissociacao. Esta afirmagao resume toda a minha experiéncia de 40 anos no hospital psiquidtri- co. Nise da Silveira 44 Carlos Pertuis 51,2 x 41,9em lépis cera sobre cartolina 1975 4 Que é aruina esquizofrénica? Os loucos sao considerados comumente seres embrutecidos e absurdos. Custaré admi- tir que individuos assim rotuiados em hospi- cios sejam capazes de realizar alguma coisa comparavel as criacdes de legitimos artistas — que se afirmem justo no dominio da arte, a mais alta atividade humana. Antes que se procurasse entendé-los, concluiu-se que tinham afetividade embotada ea inteligéncia em ruinas. Hoje esta demonstrado que mesmo apés longos anos de doenga a inteligéncia pode conservar-se intacta a sensibilidade vivissima. E aqui esto para Prova os nossos artistas: Emygdio, internado ‘hd 25 anos; Raphael, doente desde os 15 anos de idade, ambos sob o diagnéstico de esquizofre: Nise da Silveira Uma das fungGes mais poderosas da ar- te — descoberta da psicologia moderna —éa tevelaco do inconsciente, ¢ este é tao miste- rioso no normal como no chamado anormal. ‘As imagens do inconsciente so apenas uma linguagem simbélica que o psiquiatra tem por dever decifrar. Mas ninguém impede que essas imagens e sinais sejam, além do mais, harmoniosas, sedutoras, dramaticas, vivas ou belas, constituindo em si verdadeiras obras de arte. Mario Pedrosa 46 Emygdio de Barros é talvezo tinico gé- nio da pintura brasileira. Um génio nao é pior nem melhor que ninguém. Com respeito a ele nao hd termo de comparacao: um génio é uma solidao fulgurante, ultrapassa as medidas eas categorias. Nao é possivel defini-loem fungdo de escolas artisticas, vanguardas, estilos, me- tié. Com relacdo a Emygdio podemos afirmar que raramente alguma obra pictérica foi capaz de nos transmitir a sensacdo de deslumbramen- to que recebemos de seus quadros. Apintura de Emygdio ndoreflete aex- periéncia humana no nivel da sociedade e da histéria. A ruptura com o mundo objetivo pre- cipitou-o numa aventura abismal, em que 0 es- pirito parece quase perder-se na matéria do corpo, afundar-se no seu magma. Eé dai, desse caos primordial, que ele regressa, trazendo A superficie onde habitamos, com suas imagens fosforescentes, os ecos de uma hist6ria outra, que é também do homem, mas que s6 a uns poucos € dado viver. Ferreira Gullar e Raphael Domingues 50,0 x 33,3em leo sobre papel Em Raphael da-se a fusdo desses dois ¢lementos supremamente desinteressados: 0 jogo e o ornamento. Sua linha é a projecdo de uma mimica gratuita. Obedece a um ritmo misterioso que ndo nasce na tela nem se limita ao plano da composigao. E afirmacao pura, Nao tem as- sunto, morrendo e nascendo ali mesmo, sem. outra finalidade que a de realizar-se em pure- za, em graca, harmonia, finura. Nunca o misterioso “como” da elabo- aco da forma foi mais concretamente visivel do que em Raphael, pois nele é que se percebe de que profundezas da personalidade vem ela. Que fez o destino aum ser extraordina- tio como Raphael? Tentou expulsd-lo da vida, trancando-lhe de saida a mocidade. Engenho de Dentro, felizmente, recolheu os seus restos de personalidade, permitindo que ele ao me- nos fizesse uso de parte de seu aparelho de per- cep¢des. Eo que com este fez é sem par na his- téria da criatividade humana. Mario Pedrosa 48 Raphael Domingues 48,0 x 31,7om bico de pena sobre papel 1949 50 Raphael Domingues 48,0 x 31,6em ico de pena sobre papel 40 anos de experiéncia em terapéutica ocupacional A terapeutica ocupacional que utiliza- mos ¢ intencionalmente diferente daquela em- pregada de hébito nos nossos hospitais. Des- de 0 inicio nossa preocupagao foi de nature- za teérica, isto é, a busca de fundamentacao cientifica onde firmar estrutura para a prati- ca da terapéutica ocupacional. Nosso objetivo era fazer da secdo de terapéutica ocupacional um campo de pesqui- sa onde diferentes linhas de pensamento se encontrassem e se pusessem a prova. Essa idéia fracassou completamente. Nem na teoria, nem na pratica, nosso plano de trabalho encontrou ressondncia fa- vordvel. Nossa orientacdo quebrava velhos preconceitos, e era demasiado ambiciosa, pre- tendendo que a terapéutica ocupacional fos- se aceita, se corretamente receitada, de acor- do com a realidade pessoal de cada doente, como um legitimo método terapéutico e nado apenas uma pratica auxiliar ¢ subalterna. Qual seria o lugar da terapéutica ocu- pacional no meio do arsenal constituide pe- los choques elétricos que determinam convul- sdes pelo coma insulinico, pela psicocirurgia, pelos psicotropicos que aprisionam o individuo A Sesto de Terapéutica Ocupacional desenvotveu-se progressivamente até instalar 17 mucleos de atividades Todas as atividades estimutavam a capacidade de expressito de seus fregilentadores 3 Oficina de encadernagéo onde se realizou uma pesquisa sobre a capacidade de aprendicagem do esquicofrénico numa camisa de forca quimica? Um método que utilizava como agentes terapéuticos pin- tura, modelagem, musica, trabalhos artesa- nais, logicamente seria julgado ingénuo e quase inécuo. Valeria, quando muito, para distrair 0s internados ou para tornd-los produtivosem relagdo a economia dos hospitais. Por que « terapéutica ocupacional, adequadamente orientada, nao teria um pa- pel a desempenhar, no tratamento de esqui- zofrénicos, como modalidade de psicotera- Festa junina no Oditon Galtott! dirigida pela Dr* Alice Marques das Santos, entusiasta da terapeutica oeupacional 4 pia? Este método, se utilizado com intencdo psicoterdpica, seria mesmo o mais vidvel pa- ra aplicagao individualizada nos hospitais pu- blicos sempre superpovoados. Aexperiéncia em Engenho de Dentro demonstra a validez da terapéutica ocupacio- nal tanto no campo da pesquisa do processo psicético quanto na pratica do tratamento, Desde 1946, quando foi iniciada a no- va fase da terapéutica ocupacional comecaram as tentativas de produzir mudangas no ambien- te hospitalar, pequenas que fossem, por inter- médio da terapéutica ativa. A comunicacdo com o esquizofrénico, nos casos graves, terd o minimo de probabi- lidades de éxito se for iniciada no nivel ver- bal de nossas ordindrias relacdes interpes- soais. Isso s6 ocorrerd quando 0 processo de cura jd se achar bastante adiantado. Sera pre- ciso partir do nivel ndo verbal. E ai que se insere a terapéutica ocupacional, oferecendo atividades que permitam a expressdo de vi- véncias ndo verbalizaveis por aquele que se acha mergulhado na profundeza do incons- ciente, isto é, no mundo arcaico de pensamen- ‘© museu sucgi« dos ateliers de pintura e moxtelagem instelados em siruasie de /gwaldade ao lado de vérlos Essa atividades tos, emogées e impulsos fora do alcance das elaboragées da razdo e da palavra. Dentre as varias atividades ocupacio- nais verificamos que pintura e modelagem permitiam mais facil acesso ao mundo inter- no do esquizofrénico. E este € 0 nosso pri cipal objetivo nao s6 como um problema teé- rico mas também necessério ao tratamento, uma vez que teriamos que encontrar a ativi- dade adequada a condi¢ao psiquica em que se encontra o individuo. Além disso j4 haviamos verificado, desde 1948, que pintura e modelagem tinham em si mesmas qualidades terapéuticas, pois davam forma a emogées tumultuosas despo- tencializando-as ¢ objetivavam forcas auto- ras setores laramse de grande interesse cleniifico por germirizam menas diffell acesso wo mundo interne ito na, sempre tio hermérico curativas que se moviam em direcao A cons- ciéncia, isto é, a realidade. Foi por estes dois motivos: compreensio do processo psicético evalor terapéutico, que da Secdo de Terapéu- tica Ocupacional nasceu o Museu de Imagens do Inconsciente, inaugurado em 20 de maio de 1952, numa pequena sala. O método de trabalho no museu con- siste principalmente no estudo de séries de ima- gens. Isoladas parecem sempre indecifraveis. Com surpresa verificar-se-A entdéo que nos permitem acompanhar o desdobramento de processos intrapsiquicos. Pinturas de um mesmo autor, tal co- mo 0 sonhos, se examinadas em séries, re- velam a repeticao de motivos ¢ a existéncia 38 de uma continuidade no fluxo de imagens do inconsciente. Nao raro verifica-se que essas séries contém significagdes paralelas a temas miticos. Isto porque a peculiaridade da esqui- zofrenia reside na emergéncia de conteidos arcaicos que configuram fragmentos de temas mitolégicos. Essas pesquisas de paralelos histéricos t@m importancia tanto teérica quanto prati- ca. A tarefa do terapeuta sera estabelecer co- nexdes entre as imagens que emergem do in- consciente ¢ a situacdo emocional que esta sendo vivida pelo individuo. O trabalho no atelier revela que a pin- tura ndo sé proporciona esclarecimentos pa- ra compreensao do processo psicdtico mas constitui puaimente verdadeiro agente tera- péutico. E uma constatacdo empirica, repe- tidamente verificada no nosso atelier. As imagens do inconsciente objetiva- das na pintura tornam-se passiveis de uma certa forma de trato, ainda que nao haja ni- tida tomada de consciéncia de suas significa- ges profundas. Retendo sobre cartolinas fragmentos do drama que esta vivenciando desordenadamente, 0 individuo dé forma a suas emocées, despotencializa figuras amea- cadoras. 58 Inawguracio das novas instalagdes do ‘Museu de Imagens do Inconsciente em 1956. Na foto os professores Henry Ey, Ramton Sarro, Lopez Ibor. Doutores Pierre Le Gallais e Nise da Silveira. Representantes do Ministro da Saiide e de Embaixada da Franga. Jd naqueta data, segundo escreveu o Professor Lopez Ibor, o Museu “reunia uma colepdo artistica psicoputolégica tinica no mundo”. O Museu de Imagens do Inconscien- te, nas palavras de Mario Pedrosa, “‘é mais do que um museu, pois se prolonga de inte- rior a dentro até dar um atelier onde artis- tas em potencial trabalham, criam, vivem ¢ convivem, * Ali, de inicio, se foi reunindo ao aca- 0 todo um grupo de enfermos — esquizo- frénicos — tirados do patio do hospicio para a Seco de Terapéutica Ocupacional, desta para 0 atelier, do atelier para o convivio, on- de passou a gerar-se 0 afeto ¢ 0 afeto a esti- mular a criatividade.’” Mostrando em incontaveis documen- tos as vivéncias sofridas pelos esquizofré: cos, bem como as riquezas de seu mundo in- terior invisiveis para aqueles que se detém apenas na miséria de seu aspecto externo, 0 trabalho realizado no Museu de Imagens do Inconsciente aponta para a necessidade de uma reformulagéo da atitude face a esses doentes e para uma radical mudanga dos tris- tes lugares que sdo os hospitais psiquidtricos. Apesar da vitalidade que a Secao de Terapéutica Ocupacional infundia ao Centro Psiquiatrico e do reconhecimento internacio- nal do museu, a psiquiatria brasileira nao os acatava com seriedade, Participacdo do museu no H Congresso Internacional de Psiquiatria, Zurique, 1987. C. Q. Jung inaugura a exposicao brasileira, Examinow com vivo interesse as imagens arquetipicas pintadas espontaneamenie num hospital de terra to distante Por esse motivo a Segao de Terapéu- tica Ocupacional ¢ 0 museu ndo tém perso- nalidade definida dentro da Dinsam — Divi- s&io Nacional de Saiide Mental — apesar do decreto do Presidente da Republica Janio Quadros, n° 51.169, de 9 de agosto de 1961, que institui a Seco de Terapéutica Ocupa- cional e de Reabilitacdo (STOR) incluindo-a entre os 6rgaos centrais do Servico Nacional de Doencas Mentais do Ministério da Satide. Anos depois o Ministro da Satide Ma- tio Machado de Lemos, impressionado com uma visita feita ao museu, baixou a Portaria n? 319/BSB de 22 de novembro de 1973, com a mesma finalidade. A Portaria n? 319, a se- melhanca do Decreto Presidencial n? 51.169, nunca foi posta em vigor. Em 5 de dezembro de 1974, a funda- 40 da Sociedade Amigos do Museu de Ima- gens do Inconsciente (SAMII) constituiu acontecimento de grande importAncia para o museu, diremos mesmo, para sua sobreviven- cia. A SAMII resultou da aproximagao, cen- tralizada pela educadora Zoé Noronha Cha- gas Freitas, de um grupo de pessoas altamente qualificadas que mostravam interesse pelas atividades do museu. A Sociedade Amigos do Museu de Imagens do Inconsciente vem dando constan- te ajuda ao museu pela participago em jetos de trabalho que envolvem: acondicio- namento do acervo, restauracdo € conserva- do de obras, exposic6es, publicacdes, audio- visuais, filmes, etc. Essas realizacdes se de- vem muito a eficiente atuagio de seus respec- tivos presidentes: Eduardo Portela, Aluisio Magalhdes, Anna Letycia Quadros. Esses projetos tm contado com 0 apoio do Minis- tério da Satide e de outros érgaos piiblicos tais, como Ministério da Cultura, Finep, Funar- te, Rio-Arte. A grande onda obscurantista que in- vadiu a psiquiatria atual através dos neuro- lépticos fabricados em doses crescentes pelos laborat6rios multinacionais foi sufocando o exercicio das diferentes atividades criadoras Desde juiho de 1968 funciona como atividade do museu um grupo de estudos que tem por principal objetivo 0 ‘acompanhamento do processo psicético através de imagens apreseniadas em exposicdes semestrais ou anuais 39 que caracterizavam, no seu largo sentido, os setores ocupacionais, aprisionando 0 doente numa verdadeira camisa de forga quimica. E ainda mais, essas altas dosagens produzem sintomas caracteristicos de uma grave doen- ca neuroldgica: a sindrome parkinsoniana. Assim, foram varridos do hospital os varios setores ocupacionais da STOR. Ape- nas conseguimos segurar 0 atelier de pintu- ra, origem do museu,e algumas oficinas de apoio anexas &s atividades plasticas. Os propalados efeitos curativos dos psicotrépicos sdo ilusorios. Diminuem o tem- 60 po de internagdo, mas o numero de reinter- nagGes nao se modificou. O objetivo de todo tratamento psiquiatrico néo pode mais con- tinuar sendo a transitéria remocdio de sinto- mas, meta caracteristica do modelo médic A complexidade de condigées psiqt cas ainda muito mal conhecidas, que se afas- tam das linhas ditas normais, transbordam do modelo médico e levam ao estudo, aberto por Artaud, dos diferentes estados do ser, segun- do demonstram os temas desta exposigao. Nise da Silveira (1987) EXPOSICAO:. OS INUMERA VEIS ESTADOS DO SER PATROCINIO Ministério da Cultura Ministro Celso Furtado Secretaria de Difusdo e Intercémbio Cultural Secretéria Vera Pedrosa Secretdria Marisa Ricupero REALIZACAO, Sociedade Amigos do Museu de imagens do Inconsciente Presidente Anna Letycia Quadros APOIO. Ministério da Satide Ministro Roberto Santos Centro Psiquidtrico Pedro II Diretor Dr. Manoel da Paixao Santos Faustino Museu de Imagens do Inconsciente Diretor Dr. Luiz Fernandes Barbosa AGRADECIMENTOS Dr. Manoel da Paixdo Santos Faustino Dr. Joéo Mauricio de Araijo Pinho Edison Sossai Paulo Camargo Martha Pires Ferreira Jan Peze ESTA S.A. (Empreza Saneadora Teritorial Agricola S.A.) ORGANIZAGAO E MONTAGEM Supervisao Cientifica Dré Nise da Silveira Curadoria Anna Letycia Quadros Luiz Carlos Mello Coordenacao Gladys Schincariol de Mello Consultores Ferreira Gullar Humberto Franceschi Equipe do Museu de Imagens do Inconsciente Euripedes Junior Oedilma Neves Vicente Mourthé José Palhano ‘Agenor Pereira da Concegao Haroldo Aquino Sonia Regina Pereira Lucia Maria Bisaggio Soares Equipe do Paco Imperial Diretor: Paulo Sérgio Duarte Programagao: Vera Siqueira Montagem: Ana Lucia Goncalves Erika Fernanda Denincasa Fétima Contursi Lidia Smoleanschi Divulgagao Angela Pecego CATALOGO Projeto Grafico: Vera Roitman Editor: Luiz Carlos Mello Fotografia e Consultoria: Humberto Franceschi Revisio: Joaquim da Costa Arte Final: Alvaro Henrique Dias da Rocha Impressao: Imprinta Fotolito: Estuidio Grdfico Fotolito e Editora Ltda Apoio Cuttural IBM Brasil ‘Museu de Imagens do Inconsciente Hospital Pedro IL RR, Ramiro Magalhes 521 — Tel. $92-3242 —ramal 196 “Engenho de Dentro — Rlo de Janeiro — RJ — Brasil Impresso em maio de 1987

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