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A ORGANIZAGAO DO CURRICULO POR PROJETOS DE TRABALHO © CONHECIMENTO E UM CALEIDOSCOPIO 5° EDIGhO FERNANDO HERNANDEZ MONTSERRAT VENTURA 60 Fernando Hernandez e Moi fat Ventura Outras propostas, como as que organizam o curticulo por dades, temas ou Projetos, trazem consigo uma maior possibilidade de flexibilidade e abertura no planejamento e na hora de sua colocacao em prittica, Isso foi o que experimentamos na organizacao dos conhe- cimentos escolares através de Projetos, organizagao que, do nosso ponto de vista, pode ilustrar este tiltimo enfoque da globalizacao. 5 OS PROJETOS DE TRABALHO: UMA FORMA DE ORGANIZAR OS CONHECIMENTOS ESCOLARES A proposta que inspira os Projetos de trabalho esta vinculada a pers- pectiva do conhecimento globalizado e relacional ao qual dedicamos © capitulo anterior. Essa modalidade de articulagao dos conhecimen- tos escolares é uma formna de organizar a atividade de ensino © apren- dizagem, que implica considerar que tais conhecimentos néo se orde- nam para sua compreenso de uma forma rigida, nem em fung&o de algumas referéncias disciplinares preestabelecidas ou de uma homogeneizacao dos alunos. A fungdo do projeto 6 favorecer a criagao de estratégias de organizacdo dos conhecimentos escolares em rela- a0 a: 1) tratamento da informagtio, e 2) a relacao entre os diferentes contetidos em tono de problemas ou hipéteses que facilitem aos alu- nos a construcdo de seus conhecimentos, a transformacéo der informa- Go procedente dos diferentes saberes disciplinares em conhecimento Préprio. Como indicamos, um projeto pode organizar-se seguindo um de- terminado eixo: a definigéio de um conc ticular, um conjunto de perguntas inter-relacionadas, uma tematica que valhe a pena ser tratada por si mesma... Normalmente, superam-se os professor ou uma professora pretende tratar em sala de aula do tema "a pesca”, além das motivacées particulares do contexto 62 Fernando Hernandez e Montserrat Ventura em que trabalha e no qual as criangas tomam consciéncia de um set produtivo, se estabelece qual possa ser a estrutura; o fio condutor presente nesse tema, possa ser transferido a outros. Estudar “a rela cdo entre uma profissdo e uma forma de vida" pode ser o nexo, ad tado a cada acaso, também presente em temas de Biologia, Histéri Antropologia, etc. ORIGEM E SENTIDO DOS PROJETOS NA ESCOLA O professorado da Escola Pompeu Fabra se propés, como jé disse, a refletir sobre se estavam realizando um ensino baseado globalizagao. Naquele momento, a relagao entre ensino e aprendit gem se concretizavar como: 1. Uma organizagéio dos contetidos curriculares baseada Centros de interesse. 2, Uma intervencéio psicopedagégica preocupada em cot favorecer a aprendizagem a partir da diversidade, nao partir das caracteristicas e déficit dos alunos. 3. Umtrabalho de equipe de varios anos que reclamava e. sibilitava a necessidade de questionar e inovar a prati docente Dos diferentes sentidos de globalizagdo analisados no capit anterior, o que se pretende desenvolver com os Projetos é buscar a truturat cogniscitiva, o problema eixo, que vincula as diferentes magées, as quais confluem num tema para facilitar seu estudo ec preensdo por parte dos alunos. Para levar adiante a organizacdo curricular a partir de Projet de trabalho, foram sendo explicitadas na escola as bases tedricas os fundamentam e as quais jé prestamos uma atengéo detalhada. las, vale a pena recordar, por sua especial relagao com o tema agora nos ocupa, as seguintes: 1. Umsentido da aprendizagem que quer ser significativo, seja, que pretende conectar e partir do que os estudantes sabem, de seus esquemas de conhecimento precedent de suas hipétese (verdadeiras, falsas ou incompletas) an! a tematica que se hé de abordar. A Organizacao do Curriculo por Projetos de Trabalho 63 Assume como principio bésico para sua articulacéo, a ati- tude favordvel para 0 conhecimento por parte dos estudan- tes, sompre © quando o professorado seja capaz, de conectar com seus interesses e de favorecer a aprendizigem. 3. Configura-se a partir da previsdo, por parte dos docentes, do uma estrutura légica e seqiiencial dos contetidos, numa ordem que facilite sua compreenstio. Mas sempre levando em conta que essa previsdo constitui um ponto de partida, néo uma finalidade, j& que pode ficar modificada na interacao da classe. Realiza-se com um evidente sentido de funcionalidade do que se deve aprender. Parc isso, torna-se fundamental a relacdo com os procedimentos, com as diferentes alternati- vas organizativas aos problemas abordados. 5. Valoriza-se a memorizagao compreensiva de aspectos da informacdo, com a perspectiva de que esses aspectos cons- tituem uma base para estabelecer novas aprendizagens relacées. 6. Por tltimo, @ avaliagdo trata, sobretudo, de analisar 0 pro- cesso seguide ao longo de toda a sequiéncia e das inter- relacées criadas na aprendizagem. Parte de situagées nas quais é necesséirio antecipar decisées, estabelecer relagoes ou inferir novos problemas. Os Projetos de trabalho so uma resposta - nem perfeita, nem definitiva, nem tinica - para a evolucéio que o professorado do centro acompanhou e que Ihe permite refletir sobre sua prépria pratica melhoréla. Definitivamente, a organizago dos Projetos de trabalho se ba- seid fundamentalmente numa concepgao da globalizagao entendida como um processo muito mais interno do que externo, no qual as rela- Ses entre contetidos © dreas de conhecimento tém lugar em fungao das necessidades que traz.consigo 0 fato de resolver uma série de pro- blemas que subjazem na aprendizagem. Esta seria a idéia fundamen- tal dos Projetos. A aprendizagem, nos Projetos de trabalho, se baseia em sua significatividade, é diferenca dos Centros de interesse, que, segundo uma professora da escola, ” baseiam-se nas descobertas es- Ponténeas dos alunos”. Globalizacao e significatividade sao, pois, dois aspectos essen- ciais que se plasmam nos Projetos. E necessdrio destacar o fato de que 64 Fernando Hemandez e Montserrat Ventura as diferentes fases ¢ atividades que se devam desenvolver num Pro} ajudam os alunos a serem conscientes de seu processo de aprendiza: gem e exige do professorado responder aos desafios que estabel uma estruturagdo muito mais aberta e flexivel dos contetidos escolares, E importante constatar que a informagGo necesséria parc cons- truir os Projetos nao esta determinada de antemao, nem depende de educador ou do livro-texto, esté sim em fungdo do que cada aluno sabe sobre um tema e da informacdo com a qual se possa relacion dentro e fora da escola. Isso evita 0 perigo da estandardizagdi homogeneiza¢ao das fontes de informagao, e, por sua vez, 0 interci bio entre as informagées que sco aportadas pelos membros do grupo, contribui para a comunicagao. OS PROJETOS DE TRABALHO: OUTRA FORMA DE CHAMAR OS CENTROS DE INTERESSE? Na escola, o professorado tinha uma ampla experiéncia didétic que se refletia num desenvolvimento curricular por matérias (sobretu: do de Matemética, Lingua e Ciéncias Sociais). No Ensino Fundamen- tal (séries iniciais) e no Ensino Fundamental (5* e 6° séries), se realize: vam sessdes de trabalho a partir de uma organizacéo da classe por “Cantos” ou oficinas. Tudo isso, além das aulas de Misica, Educa Fisica e Informatica, Mas o niicleo principal de homogeneizacéo de toda escola, em sua forma de organizar os conhecimentos, era 4 reali zacdo de Centros de interesse. A argumentagdo da concepgdo didatica do Centro de interes: se apéia, em linhas gerais, num duplo ponto de pattida psicopeda: gogico, Por um lado, destaca o principio da aprendizagem por des berta, que estabelece que a atitude para a aprendizagem por par dos alunos é mais positiva quando parte daquilo que lhes interess: aprendem da experiéncia do que descobrem por si mesmos. E, por ou lado, um principio da Escola Ativa, que se refere ao exercicio da edi cacao como prditica democrdtica, que outorga &s assembléias de cla: se a deciséio sobre o que se deve aprender. As diferencas entre as duc maneiras de organizar o conhecimento escolar, por Centros de interes se © por Projetos de trabalho, se encontram esquematizadas na figura a seguir: A Organizacio do Curriculo por Projetos de Trabalho 5 ELEMENTOS CENTROS DE PROJETOS: INTERESSE Modelo de Por descoberta Signifieative: oprendizagem Temas trabalhados As Ciencias Naturais © Sociais Qualquer tema Decisto sobre que temas | Per votagie majoritéria | Por argumentacae Fungo do professorade | Especialista Estudante, intérprete Sentidodaglobalizagao | Somatério de matérics | Relacional Modelo curricular Diseiplinas ‘Tomas Papel dos alunos Executor Co-participe Tratamento da Apresentada pelo Busce-se com o informagao professorade rofessorado ‘Técnicas de trabalho | Resumo, destaque, Indice, sintes tionarios, conferéneias | conferéncias Procedimentos Recompilagao de fontes | Relagdo entre fontes diversas Avaliagte Contrada nos contetides | Centrada nes relagses e nos procedimentos ‘lgumas diferencas entre 03 Projetos de trabalho e os Centros de interesse Nos Centros de interesse, se abordam, sobretudo, temas das dre- as das Ciéncias Naturais e Sociais; as propostas concretas so apre- sentadas pelos alunos e a decisdio sobre o que se vai estudar é tomada por votacdo na sala de aula. Nessa votagdio, o papel do professorado & fundamental, pois costuma procurar que o tema escolhido faga parte da programacao, tenha um reflexo nos livros-textos e néo saia da pau- ta que estabelece que, em cada nivel da escolaridade, devam ser estu- dados determinados temas. No fundo, néo hé lugar para 0 novo: © pro- fessor ou professora ensinam aquilo que sabem e que o aluno deva aprender. O Centro de interesse deve figurar no programa do curso ou 08 contetidos sao transformados para se aproximarem dele. Uma vez escolhido, o professorado costuma apresentar o material para seu es- 66 Fernando Henndez e Montser Vent tudo e decidir a seqincia e as relagdes entre as diferentes fontes de informagao que o ahino possa estabelecer. Essa descrigdopode parecer simplificacéio interessada, mas, no entanto, correspondea observagées efetuadas em classe, ao didlogo com educadores sobre suc experiéncia com os Centros de interesse aandlise de materiais globalizados. Néo se pode perder de vista, além disso, que o inicio doprocesso de inovagdo nesta escola comega com a insatislagao que poduzia no grupo de professores o trabalho por Centos de interesse dado o carater rotineiro que havia adquiride. ASPECTOS A SEREMLEVADOS EM CONTA NO. DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO A perspectiva de globalizagdo que se adota na escola, e que se reflete nos Projetos de trabalho, trata de ensinar o aluno a aprender, encontrar 0 nexo, c estrutura, o problema que vincula a informacao e que permite aprende: Finalidade esta que se pode fazer coincidir com 9s objetivos finais decada nivel educativo. Por isso, na escola, foram formuladas referéncias cogniscitivas como articuladoras e orientadoras dos conhecimentos qe a organizacéio dos Projetos deve ajudar a vel- cular nos alunos. Esas referéncias que a seguir apresentamos, néo sGo as tinicas possivis; sao colocadas aqui apenas « titulo de exem- plo. Escola Infantil-4 anos: Aprender a construir definicoes de obje- tos ¢ fatos, a partir de seus atributos e fungées. Escola Infantil -5 anos: Definir a funcionatidade de objetos e fatos. 1* Série do Ensino Fundamental: Explicar os processos de trans- formacao que agemnos objetos, fatos e problemas. 2% Série do Ensino Fundamental: Estabelecer relagoes causais ou funcionais sobre os fatos ou as informagées estudadas. 8, 4%, 58, 6° séties do Ensino Fundamental: Abordar a informa Go apresentada emsala de aula de maneira que os alunos cheguem « ordené-la, valorizéla ¢ inferir dela novos sentidos, significados ou referéncias. 7% ¢ 8 séries doEnsino Fundamental: Realizar gradualmente um processo de mudangu que conduza os alunos da descrigéio da infor magao et sua explicaséo relacional, A parlir dessase outras referéncias que aparecem em cada pro- jeto, o docente planeja o esquema de sua intervengao e tenta organi- izagdo do Curriculo por Projetos de Trabalho 67 zar o desenvolvimento do Projeto de trabalho. Os aspectos mais rele- vantes dessa organizagao serdo apresentados a seguir. A escolha do tema © ponto de partida para a definicéio de um Projeto de trabalho & aescolha do tema. Em cada nivel e etapa da escolaridade, essa esco- Iha adota caracteristicas diferentes. Os alunos partem de suas experi- éncias anteriores, da informagao que tém sobre os Projetos jé realiza- dos ou em processo de elaboracao por outras classes. Essa informa- cdo se toma publica num painel situado na entrada da escola (com isso, as familias também estao cientes). Dessa forma, o tema pode per- tencer ao curriculo oficial, proceder de uma experiéneia comum (como 08 dcampamentos), originar-se de um fato da atualidade, surgir um problema proposto pela professora ou emergir de uma questéo que ficou pendente em outro Projeto. O professorado ¢ os alunos devem perguntar-se sobre a necessi- dade, relevéincia, interesse ou oportunidade de trabalhar um ou outro determinado tema. Todos eles analisam, de diferentes perspectivas, 0 processo de aprendizagem que seré necessdrio levar adiante para construir conjuntamente 0 Projeto. Como explicava uma professora de 5% 6% séries do Ensino Fundamental: “E a turma em seu conjunto quem define 0 Projeto; nao sé escolhe um tema, mas também o escolhe em fungao dos outros Projetos que ja foram trabalhados, em fungao de umd série de conceitos que temos claro que seré trabalhado nesse periodo, em fungdo da histéria do grupo, e, além disso, o tema néo se define por si mesmo, sim segundo um roteiro de trabalho’ Em qualquer caso, trata-se de defini-lo em relacdo as demandas que os alunos propéem. Nesse sentido, levar-se em conta uma organi- zagao curricular baseada nos interesses dos estudantes (Heméndez e Sancho, 1989). Com essa opcdo curricular, « diferenga apéia-se no fato de que o educador sabe que os alunos, sobretudo os dos primeiros niveis educativos, véto querer estudar aquilo que jé sabem ou partir de esquemas que ja conhecam e dominem. Por isso, o docente propée que as propostas sobre possiveis temas sejam argumentadas pela pré- pria crianga, com critérios de relevéncia e com as contribuigées que julgue necessdrias: convidar um conferencista, preparar um video, re- Glizar um dossié de apresentacéio, apresentar informacéo inicial. 68 Fernando \dez @ Montserrat Ventura CO critério de escolha de um tema pela turma néo se baseia num “porque gostamos”, ¢ sim em sua relagéio com os trabalhos e temas procedentes, porque permite estabelecer novas formas de conextio com @ informagdo e a elaboracao de hipéteses de trabalho, que guiem « organizacao da agao. Na Etapa Inicial, uma fun¢ao primordial do do- cente é mostrar ao grupo ou fazé-lo descobrir as possibilidades do Pro: jeto proposto (o que se pode conhecer), para superar o sentido de que- Ter conhecer o que jé sabem. Nao existem temas que ndo possam ser abordados através de projetos. Freqiientemente o sentido de novidade, de adentrarse nas informagées e problemas que normalmente ndo se encontram nos pro- gramas escolares, mas que o aluno conhece através dos meios de co- municagdo, conduz a uma busca em comum da informagao, abrindo miltiplas possibilidades de aprendizagem, tanto para os alunos como para 0 professorado. Tudo isso nao impede que os docentes também Possam, e devam, propor aqueles temas que considerem necessdrios, sempre e quando mantenham uma atitude explicativa similar & que se exige dos alunos. A atividade do decente apés a escolha do Projeto Uma vez escolhido 0 Projeto estabelecida um série de hipéteses em termos do que se quer saber, as perguntas que se deve responder, etc., o que aconteceu para que valha « pena sua escolha, 0 professora- do pode realizar as soguintes atividades: 1. Especificar qual seré 0 motor de conhecimento, o fio condu- tor, 0 esquema cogniscitive que permitiré que o projeto além dos aspectos informativos ou instrumentais imediatos © possa ser aplicado em outro temas ou problemas. Ess condutor esté em relagéio com o Projeto Curricularinstitucio- nal. Na Escola Pompeu Fabra, durante 0 perfodo 1987-198: realizou-se a concretizagao dos objetivos finais de cada ni vel (ver Anexo 1), em que se destacam alguns dos proble- mas fundamentais que devem ser desenvolvidos ao longo de cada etapa e servem como referéncia curricular daquilo que se vai ensinar através dos Projetos. 2. Realizar uma primeira previsdo dos contetidos (conceituai © as atividades, e tratar de encontrar al A Organ #40 do Curriculo por Projetos de Trabalho 6g gumas fontes de informacao que permitam iniciar e desen- volver 0 Projeto. Nao obstante, a pergunta que 0 docente tenta responder é: o que pretendo que os diferentes compo- nentes do grupo aprendam com o Projeto. 3. Estudare atualizar as informagées em torno do tema ou pro- blema do qual se ocupa o Projeto, com o critério de que aquelas apresentem novidades, proponham perguntas, su- gitam paradoxos, de forma que permite ao aluno ir criando novos conhecimentos. Ester selegao de informacao deve ser contrastada com outras fontes que os estudantes j& possu- am ou possam apresentar, e também com as conexdes que possam surgir de outras situagoes e espagos educativos, os quais tenham lugar dentro do hordrio e do planejamento da escola, Em nosso caso, os "Cantos", as oficinas interclas- ses, 0 trabalho individu: 4. Criar um clima de envolvimento e de interesse no grupo, ¢ em cada pessoa, sobre o que se esta trabalhando na sala de aula, Ou seja, reforgar a consciéncia de aprender do grupo. 5. Fazer uma previsdio dos recursos que permitem transmitir do grupo a atualidade e funcionalidade do Projeto. 6. Planejar o desenvolvimento do Projeto sobre a base de uma cial: 0 que os alunos sabem sobre o tema, quais so suas hipéteses e referéncias de aprendizagem. 4) Formativa: 0 que estéo aprendendo, como estéo acompanhando 0 sentido do Projeto. 1. Espacificar aio condutor Relacionado com oPCC (Pardmetios Curticu- Jas Expociicagao primeira de objetves © contet > der (oquese pode aprender no Pojeto?) 2, Buscar moteriais 8. Exar eprepararo tema Selciona a inlormagdo com cities de nov > dodo panojsnente de pcbloman tee ee eee §. Deetacarosentde funcional deProjta_apy Desiaca a atuaidadedo tama pars grepo 6. Menke una ainda dn craigs Ocquesabem, que divider surge. oquaccie ) aiquece chines aprenderan 4 Envolver componentos do grupo 7. Recapitular 0 proceaso seguido A atividade do docente durante o desenvolvimento do Projeto 70 Fernando Hernandez e Montserrat Ventura ©) Final: 0 que aprenderam em relagdo és propostas iniciais,? Sao capazes de estabelecer novas relages? Essa seqiiéncia deve servir como pauta de reflexto e acompa- nhamento do Projeto e como preparactio de outros futuros, tudo o que rd guiando seu proceso de tomada de decisdes. 7. Recapitular 0 proceso que se realizou ao longo do Projeto, em forma de programagao "a posteriori”, que possa ser uti lizada como meméria de cada docente, para intercémbio com outros professores, compatibilizando com os objetivos finais do centro ¢ com os do curriculo oficial, e como ponto de partida parc um novo Projeto. No entanto, essa forma de intervencao que se sintetiza na figura anterior néo é homogénea entre o professorado. Produzem-se varia: gOes e diferencas. Isso foi constatado na avaliagéo externa sobre a inovagéio a qual jé nos referimos. Segundo essa fonte, se estabelecés- semos de maneira paralela e extrema as formas mais relevantes da atuagdo dos docentes, em diferentes situagbes de ensino e aprendiza- gem que foram observadas em sala de aula durante a realizacéio dos Projetos, poderiamos encontrar uma série de diferengas. Estas sdo re- flexo de como o professorado, apesar de incorporar critérios altemnati- vos como organizadores de sua pritica, tem dificuldades para adapt los a situagées reais, outorgando aos Projetos interpretagées distinta: As razées dessas diferencas, numa coletividade que, em boa part. compartilhou a mesma informacdo e passou por um processo de fo macéo similar, podem ser miiltiplas. Em nosso caso concreto, poder am ser destacadas as seguintes: 1. Aconsciéncia de ser especialista: numa drec ou matéria, que leva a seguir uma ordem tinica na apresentacdo do Pro- fo, sem levar em conta a diversidade de desenvolvimen- tos que pode adotar. 2. Anecessidade de preparar o aluno para as exigéncias do Ensino Médio, que leva alguns professores a antecipar 0 tipo de docéncia que, supostamente, se encontraré mai tarde. No Anexo 3, sdo recolhidas uma série de opinies de antigos alunos sobre esse particular, nas quais valorizam como positiva a experiéncia dos Projetos na medida em que A Organizacio do Curriculo por Projetos de Trabalho 74 hes ensinou a trabalhar por si mesmos e Ihes permitiu adap- tar-se melhor ds exigéncias do Ensino Médio. 3. Adificuldade que implica refletir criticamente sobre os fun- damentos da propria pritica quando se esta satisfeito com © modo de como se esté realizando. Essas posiges encontradas nao devem ser contempladas de maneira radical, e sim sao orientativas das diferentes posturas exis- tentes; trata-se simplesmente de reconhecer que uma determinada con- cepgao do ensino implica um tipo de atitude profissional, atitude que o paralelismo a seguir pode ajudar a esclarecer. A to pedo aos alunos que expressem ‘ Projelos coms ‘Odecente é paciente nomomentadeapertar sous conhecimentos e sabe esperar que o= Glunos enconttem ax rolugdes logioas CConecta os conteiidos quo wo rondo! dos com aspectos de cutas drocs, tuagoes da vida real © docente insiste, principalmente, em Os alunos aportam episédios de suc vider colidiana ou de suas familias durante colo- ‘cacao om comm de informacoes ecolhidas para o Projo 0 prolessorado faz relerdncia ao momento 0 Projato om quesa encontram, Procuta-se que 0 maior nimerode alunos © ‘luna intervenhan. As sossoes colelivas s80 muito vivas, em al- ‘Guns momentos, desordenadas, devide ine Tense participagao, Baixa propergao de material apresentado polo decent no dorsi A riqueza do Projoto depende mais da co- ‘municagae na sala de aula do que der quant dade de centeddos ede as informasaes para o Projet, consl- derando a obrigagao de fazer esses “dove om pressa em resolver o que eats fazando ‘eavana tespostas para seguir adiante + Alusta-so um roteite disciplinar, Tondo & acumulagae de conta. Noo ha alusées « opixédios vvidos Nao ha releréncias a0 Projoto em sau con- lent quase sempre os mesmos, som que vatie a situacae por parte do docenta, Or alunos intervam quando o deconto oin- ica, Alta proporgdo de material aportada pelo ‘educador © picjote se baseia no recolhimento auto- Indlicoe excassamente comentado de infor ‘magoes om livros « ancielopadias, As atitudes do docente durante 0 desenvolvimento do Projoto 72 Fernando Hernandez e Montserrat Ventura Portanto, podemos encontrar uma turma que utilize os Projetos para tentar favorecer uma construgtio dos conhecimentos de maneira significativa e favorecedora da autonomia na aprendizagem. Mas tam- bém podemos encontrar turmas onde os Projetos sejam simplesmente uma nova organizacéo externa, um nome novo com o qual se denomi- na uma atitude profissional rotineira diante das relagdes de ensino & aprendizagem. Partindo da perspectiva geral de toda escola, os Projetos geram_ um alto grau de autoconsciéncia e de significatividade nos alunos com respeito & sua propria aprendizagem, ainda que, num determinado periodo ou série, possam estar desenvolvendo Projetos de uma forma menos intensa. Essa variedade, como dissemos, é um elemento de con- traste e dinamiza a discussdo psicopedagégica no centro, ainda que, em algumas ocasiées, também sirva de freio ou de forma de pressio de alguns docentes sobre outros. A atividade dos alunos apés a escolha do Projeto De forma paralela a esse conjunto de agées e tomada de deci- sées do docente, « turma e cada pessoa vao realizando também outras atividades. A interagao entre ambas atticula o sentido da organizagéo do Projeto e explica outra dimensdo de sua orientagao globalizadora. As tarefas que se destacam a seguir nao sao as tnicas que os alunos realizam, nem séo realizadas sempre da mesma maneira. Em caso contrério, 0 efeito inovador sobre a aprendizagem dos Projetos ficaria limitado, j4 que néo levariam em conta que a forma de abordar cada toma deve apresentar variag6es, que proponham aos alunos proble- mas novos e lhes ensinem procedimentos diferentes. 1. Depois da escolha do tema, cada estudante realiza um in- dice no qual especifica os aspectos que vai trabalhar no Projeto (com os menores, se realiza coletivamente). Isso lhe permite antecipar qual possa ser o desenvolvimento do Pro- jeto, Ihe ajuda a planejar o tempo e as atividades e assumir o sentido de globalidade do Projeto. O indice tem, além dis- so, o valor de ser um instrumento de avaliagéo e de motiva- Go iniciais, j& que estabelece as previsoes sobre os dife- rentes aspectos do Projeto e prevé o envolvimento dos mem- bros do grupo. Dessa forma, constitui um procedimento de A Organizacao do Curriculo por Projetos de Trabalho 73 trabalho que permite, em suc generalizagao, aplicar-se a outros temas e informacées. A colocagdo em comum dos diferentes aspectos de cada indice configura o roteiro inicial da classe, o ponto de parti- da que iré organizar o planejamento e a aproximagéo & informagao de cada estudante e dos diferentes grupos da classe. De forma paralela, os alunos realizam uma tarefa de busca de informacao que complementa e amplia a apresentada na proposta e argumentacéo inicial do Projeto. Esta busca deve ser diversificada e pode consistir-se em: nova infor- magdo escrita, conferéncias de convidados (companheiros de outros cursos, especialistas de fora da escola, familiares dos alunos), visitas ct museus, exposicées e instituicées, apre- sentagao de videos, programas de computador, etc. Realizar o tratamento dessa informagéo é uma das funcées bdsicas dos Projetos. Esse processo se realiza tanto indivi- dualmente como num diélogo conjunto com toda classe. Nes- sa fase, a énfase é dada aos seguintes aspectos e principios: a. Ainformagao oferece visées da realidade. E neces- sdrio distinguir as diferentes formas de apresenté-las, as- sim como tornar compreensivel a idéia de que os seres hu- manos interpretam a realidade utilizando diferentes lingua- gens e enfoques. A distingao entre hipéteses, teorias, opini- 6es, pontos de vista, que adota quem oferece uma dessas vis6es, é um dos aspectos que se deve levar em conta. A confrontagao de opinides contrapostas ou nao coinciden- tes e as conclusées que disso pode extrair o aluno incidem também nesse aspecto. B.A informagao pode ser diferente, segundo como se ordene e se apresente. Deve-se insistir na maneira de ordené-la em relagao com a finalidade do Projeto, dos ca- pitulos do indice e das variagées que surgem em contato com a prépria informagéio. ¢. B aprendizagem de procedimentos (classificacao, representacao, sintese, visualizactio) permite realizar defi nigdes, propor perguntas, estabelecer prioridades e hierar- quias em relagdo aos conteiidos da informacéo. 74 Fernando Hernandez e Montserrat Ventura 1. Becolha dotema — 2. Planoja 0 desenvolvimento do tema 3 Participa na busca de ntomacao > Ainlormagac: 4 Realiza otratamento da informageo. Intorpreta.arealidade Ordena-a.e aprosenta-a Propoe novas perguntas Individual ou em grupo 6 Realiza um dossiédosintosos 17. Realiza a avaliagae 8, Novas perspectivas A atividade dos alunos durante a realizagéo do Projeto d. Estabelecer relagdes causais e novas perguntas que expliquem as diferentes questoes derivadas do proceso de tratamento da informacao. 5. Desenvolve os capitulos assinalados no indice, mediante atividades de aula individuais ou em pequeno grupo. 6. — Realiza um dossié de sintese dos aspectos tratados e dos que ficam abertos para futuras aproximagées por parte de toda turma e de cada estudante. Na apresentagdo dessa recompilagao, se reelabora o indice inicial, ordenam-se as. fontes de informagao utilizadas e os trabalhos de anilise e observacao realizados, planeja-se a "imagem" que conteré. essct sintese final e se reescreve o que se aprenden. 7. Asoguir, realiza a avaliagao de todo o proceso seguido no Projeto, a partir de dois momentos: a. Um de ordem intema: 0 que realiza cada crianga e no qual se recapitula sobre o que foi feito e o que foi apren- dido. B. Outro, de ordem externa, mediante o qual, e a par- tir da apresentagde do professor, deve ser aplicada om situ- agées diferentes a informacao trabalhada, para realizar outras relaces e comparagées, abrir novas possibilidades para o tema e destacar, de forma relacional, o que se tratow parcialmente. As simulacdes costumam ser a via efetiva para realizar esse processo final. lo por Projetos de Trabalho 75, 8. Finalmente, se abrem novas perspectivas de continuidade para 0 Projelo seguinte; procedendo do anterior, forma um. nel continuo de significagées dentro do proceso de apren- dizagem, A busca das fontes de informagao Na organizagao dos conhecimentos escolares através de Cen- tros de interesse, costuma ser o docente quem se responsabiliza e de- cide a informacao que os alunos iréo trabalhar em aula. Nos Projetos, essa fung@o néo se exclui, mas se complementa com as iniciativas ¢ colaboragdes dos alunos. Esse envolvimento dos estudantes na busca da informagao tem uma série de efeitos que se relacionam com a inten- Go educativa dos Projetos. Em primeiro lugar, faz com que assumam como préprio o tema, € que aprendam a situar-se diante da informa- do a partir de suas préprias possibilidades e recursos. Mas também hes leva a envolver outras pessoas na busca de informacao, o que significa considerar que no se aprende s6 na escola, e que o apren- der é um ato comunicativo, jé que necessitam da informagdo que os outros trazem. Mas, sobretudo, descobrem que eles também tém uma responsabilidade na sua propria aprendizagem, que nao podem espe- tar passivamente que o professor tenha todas as respostas © Ihes ofe- reca todas as solucées, especialmente porque, como jé foi dito, o edu- cador é um facilitador e, com freqiiéncia, um estudante a mais. Em algumas situacées, nos foi colocado que nem todos os alunos tém facilidades para um acesso extra-escolar a fontes de informagéo. Foinos sugetido que essa orientacao 6 valida para os de classe mé- dia, a quem as familias podem oferecer recursos e em cujas casas en- contram informagao e interesse para responder as demandas sobre um tema, Mas que nao ocorre assim com outros estudantes de diferen- te contexto social e cultural. Se bem que essa critica possa ser, em Parte, acertada, deveria ser levado em conta © que se considera fonte de informacao util para a escola. Indubitavelmente, nem tudo passa Pelos livros. Ha temas em que tém mais valor as referéncias trazidas Por um informante do que as de qualquer fonte escrita ou visual. Infor- nantes vilidos podem ser encontrados em todos os tipos de contextos. Mas, além disso, nestes contextos com menos recursos, o proprio cen- {to pode impulsionar aqueles de que jé dispée em fungéio da forma de trabalho que se desenvolve com os alunos. Na Escola Pompeu Fabra, 76 Fernando Herndndez e Montserrat Ventura A Orga ago do Curriculo por Projetos de Trabalho 77. uma das primeiras decisées que se tomou, quando se iniciou o traba- Iho por Projetos, foi transformar « biblioteca numa Sala de Recursos, da qual o aluno se valia cada vez que necessitava buscar informagéo em tomo de um tema. ‘Mas, se a busca das fontes de informacao favorece a autonomia dos alunos, é sobretudo o didlogo promovido pelo educador para tra- tar de estabelecer comparagées, inferéncias ¢ relagdes, 0 que o ajuda a dar sentido & forma de ensino e de aprendizagem que se pretende com 08 Projetos. Nesse didlogo é essencial livrarse de um duplo pre- conceito: por um lado, pode aprender tudo por si mesmo, e, por outro, que é um ser receptive frente & informagao apresentadct pelo professo- rado. A fungéo destes como facilitadores se faz aqui evidente, de for ma especial a pattir de sua capacidade para transformar as referénci- as informativas em materiais de aprendizagem com uma intengao cri- tica e reflexiva. Um video, por exemplo, pode ter multiplicidade de “lei- turas” por parte dos alunos de uma classe, segundo sua idiossincrasia eda interpretagéio que se espera deles. Enfrenta-los com uma fonte de informagao desse lipo sem uma finalidade e aprendizagem organiza- da é arriscar-se é dispersao e & desorientagao. A nao ser que esta seja precisamente sua pretensdo, que surjam dividas para depois recolhé- las, interpreté-las construir com a turma um novo sentido da informa- do debatida. Estas afirmacées nao pressupdem que assinalar e pau- tar a aprendizagem dos alunos signifique necessariamente trabalhar com esquemas fechados, repetitivos ou buscando respostas unidirecio- nais. O exemplo que apresentaremos a seguir serve para ilustrar al- guns desses aspectos configuradores de um Projeto, aspectos que se apreciam de maneira mais extensa no capitulo 7, no qual se mostram quatro maneiras diferentes de ordenar os Projetos e da tomada de de- cisdes que 0 professorado realiza, segundo a finalidade educative que com eles se propuseram a cobrir. Reflete-se também, nesse exemplo, como os alunos realizam uma tarefa de planejamento de sua aprendi zagem e alguns dos recursos que tém a seu alcance para construir Projeto. O indice como uma estratégia de aprendizagem Assinalamos anteriormente que, mediante os Projetos de taba Iho, se pretende, sobretudo, dar énfase & apresentacdo do aluno dos procedimentos que Ihe permitam organizar a informagao. Os procedi- mentos so utilizados na escola para que os estudantes vao incorpo- rando novas estratégias de aprendizagem que, estando inseridas no processo de construcao do Projeto e derivando-se dele, podem ser com- preendidas pelos alunos e utilizadas em outras situacdes. Para Nisbet e Schucksmith (1987), as estratégias sao “estrutura- goes de fungées ¢ recursos cognitivos, afetivos, ou psicomotores que o sujeito realiza nos processos de cumprimento de objetivos de aprendi- zagem’. A forma em que operam as estratégias 6 mediante a coloca- ao de “configuracées de funcées © recursos, geradores de esquemas de agao para um enfrentamento mais eficaz e econémico de situacées globais e especificas de aprendizagem, para a incorporagao seletiva de novos dades e sua organizacdo. Mas também, para a solucto de ordem diversa de qualidade”. E 0 dominio e conhecimento dessas os- atégias 0 que permite dos estudantes organizarom e dirigirem seu proprio processo de aprendizagem. No entanto, tal como jé se apon- tou, a tendéncia atual é néo utilizar as estratégias & margem das maté- rias ou dos temas que se abordam na sala de aula, seja planejando-as ou aproveitando as situacées de “imerséo” nas quais se produzem sem estar pré-fixadas (Prawat, 1991). Uma das estratégias que tem um papel relevante no centro e que se utiliza em todos os niveis de escolaridade é o indice. Para mostrar sua significagao, vale a pena acompanhar uma experiéncia realizada na escola; nela, se poderé apreciar o valor que adquire esse procedi- mento na organizagao dos contetidos de um Projeto e no sentido de globalizagao que leva consigo. Avexperiéncia surgiu a partir da necessidade de algumas profes- soras de comecar a pesquisar certos tomas que requeriam um maior aprofundamento, com o fim de contrastar 0 processo realizado com vis6es tedricas que o explicassem e contribuissem para a melhoria de seu profissionalismo. O tema que serviu como ponto de partida foi a tentativa de dar respostas &s seguintes questoes: = Como saber se os alunos aprenderam o que se trabalhou nos Projetos? = Oque aprenderam do que se pretendeu ensinar? Propunha-se, portanto, um objeto, um problema de estudo que Tequeria, antes que abordé-lo, tomar um conjunto de decisdes que orien- tassem o sentido da pesquisa e com a qual se desse resposta ao pro- blema enunciado. E aqui foi onde fez sua aparigao 0 indice como es- SEGUNDO INDICE (ponto de partida para o ‘wabalho do grupo) A. indie: 1) Anta 6 um cont 1.8 Acidentas goograti- 1.4 Extonsao do.cont: D. Duragao prevista: um sds ou un ds @ ml, . Duragao: um més ou mie D. Projetodaapresentacas: 5. fotha normal eam wt ‘onagrama gravado: al Greenpeace Pesquisas cientiicas Aualiagao Os tés indices do Projelo sobre a Antéstida A Organizagio do Curticulo por Projetos de Trabalho 7g tratégia de aprendizagem que permitisse conhecer se os alunos tinham, aprendido o que se tinha pretendido ensinar. i uum situagdo concreta no desenvolvimen- to em que se pudesse localizar o problema que se p: tendia tratar em forma de pesquisa. Nessa ocasido, « tarefa que os al nos tinham era realizar wétrios indices, com os quai poderiam organizar a informagao e planejar um determinado Projeto de trabalho. Sobre o proje- toque tinha como tema a Antartida (no capitulo 7, pode ser encontrado um desenrolar desse trabalho), se realizaram trés indices para organizar os diferentes momentos do tratamento da informagao. Passou-se longo tempo delimitando o seni do Projeto na situ- aagao demarcada. Para isso, formularam-se uma série de questdes que navam o sentido do problema esta) Jecido inicialmente com a .5es sobre a pesquisa. Es- é fica para os alunos a evolu- \dizagens refletida nos trés indices formulados no Proje- to da Antartida? O que compreenderam dessa evolugéo? O que se pretendia com ela era detectar se os estudantes haviam captado “o valor de um indice” e se podiam responder a “por que havi- das intengdes da professora. Uma vez estabelecidas todas as delimitagées anteriores, se co- megou a planejar a situagao de intervengdo. Com essa finalidade, um observador propés a um grupo de alunos a seguinte situacéo: Era aprocontado aos aluncs um exemplar de tré indices recliner na sala de aula pa Projlo dd Antatida. Apes, Ihoe oram colocadas as seguintcs questo: © quo podee diver ronteeloe? or que acreditos queso realizaram eesae mudancas? “Pata que to serve? O queaprendeete com lee? ‘Oque acredite quo dela: opinaric um paasod que ndo conhooesse forme: detrabalhoda eecola? O matoyal obtide daesas entevistas colocou em relovo que ce clunce sabiam valeriar oent slo dos tues indices, Anto o primaire, doram respestas do tipo: “S ‘era: Pana ver o que chamea mais a alent “Bnlo o sagundo Indice: "Servis para decidir ene todo 0 que fami estar, cokocando as coisas importantes do uns ede outes" Esse segundo indice 6 mais completa, diz mais coc do Reconhorimonta clam disso da sua wilidade Como primsiro indice, osituas frente oem oProjeo”,"com osequnda, sabes oquo vas ecfuday”"eam.lateato sabes quelizetooquoze fncentiano dre fina!” \do Hernandez @ Montserrat Ventura 80 Fer Desta forma, se progredia na utilizacéio de procedimentos para: trabalhar a informacéo, €, ao mesmo tempo, os alunos encontravam, um novo elemento de motivacéio na realizagéo do indice, considera do-o como ponto de partida para organizar sua aprendizagem e como, procedimento aplicdvel « outras situagoes. Essa experiéncia, que tinha como interesse principal saber se os, alunos haviam aprendido o valor procedimental do indice, serviu & pro fessora para levar em conta os seguintes aspectos em sua prética pr fissional: Romper as banreiras que compartimentam os problemas que aparecem nas relacoes de ensino e aprendizagem e ir en- contrando nexos. Poder aprender da intervencéo sobre suc propria aga que implicava ir além dos problemas cotidianes da classe, Em tudo isso, 0 indice havia servido de desculpa, e também d evidéncia, de que os procedimentos néo tém porque ter um valor curt lativo, e sim que sao pontos de partida para entrar em situacées m complexas no caso de que os alunos os tenham incorporado a seu pertério de experiéncias de aprendizagem. Realizar um dossié de sintese dos aspectos tratados no Projeto O projeto permite aos estudantes, « pattir do indice final, organ zar uma ordenacao das atividades que se realizaram durante seu dé senvolvimento. (Nao se pode dizer que haja um tempo fixo para le adiante um Projeto. Depende do tema, da série, da experiéncia, do pr fessor; oscila, geralmente, entre um més ou todo um trimestre). Por is a recapitulagao final tem razGo de ser nao s6 como agrupamento estudado, mas sim como percurso ordenado (segundo o indice e alividades realizadas por cada estudante) em fungéio dos diferent aspectos da informaco trabalhados e dos procedimentos que se t nham utilizado para isso. Por essa razio, a ordenagao e apresenta final de todos os materiais reunidos ao longo de um Projeto vai al da intengéo de uni-los e cobri-los com uma fachada para ostentar ant as familias. Em nosso caso, tem outra dimenséio, pois constitui 0 p: meiro componente da avaliacao formativa do Projeto. A Organizagio do Curriculo por Projetos de Trabalho gy Na realizagao dessa recapitulacao, merece um papel relevante o desenho do conjunto ¢ da imagem que o Projeto transmite enquanto sintese e reflexo de seu contetido.* Isso implica, entre outras consideragées, a vontade de superar 0 “{eismo” e a monotonia com que costumam se apresentar os materiais na escola: fichas de trabalho que, por sua apresentacéo, homogeneizam os problemas e a informagao, cartazes repletos de formas e valores estéticos que nao utilizam os mais elementares recursos de persuaséo, ou desenhos de objetos e materiais que buscam “ficar bonitos, mas que possuem muito pouco em comum com as “imagens” que os alunos podem ver na rua, na televisdo ou nas revistas. Alguns Projetos se apresentaram a partir de um sinal que os iden- tificava e que servia de marca que unifica 0 percurso dos materiais que oaluno utilizou. vos desiertes eve) * No vero de 1987, como parte das atividades de formagto da escola, se realizou, no Proprio centro, um seminénio sobre “projeto e diagramacé gue eram s sados na escola © que eram "eriados " pelos educadores ou pelos alu- os, Fase semingrio fot ministrado por um estudante de projetor da Faculdade de las Artes de Barcelona e fot importante para destacar o valor cultural da apresen- tagdo visual dos Projetes 82 Ventura POR PARTE DO PROFESSORADO. POR PARTE DOS ALUNOS ap 2. Estabelece a possibilidade do tema a 3, Seleions os conceites, pro- A 4, Reatiza a avaliagd icc: © que Codtnenion sun prevs Peizann —P> ecbtane ou quarence saber cecal far velaioe be Beton Ma Pre woqBentslzs on pom 6. Reclizapropostas de wols conatides @ticbelicrem —> seqlenctagio’ oxdenaste de Ringdo de interpretaye dos ony ‘etfotas doe dunes SY 8. Compartilham propostas. Buscam tum consenso organizative, 9, Preestabelece atividades, 10. Planeja o trabalho (individual, | fem pequene grupo, turma) _ Estabelece os objetives educativos ede aprendizagem. ¢80; elabora um indice a 12, Realiza o tratamento de informa: do ¢ partir das atividades. 11, Apresonta atividades. => 13, Facilita metos de reflexdo, re- cursos, materiais, informagéo PaO" tual. Papel dk aden ta as contrbuigées Avaliagao, 9, Conhecer © préprio processo @ em Se Prcizcee 20 grupo. Que aprendesie? Come trabalhaste? 20, Estabelecer uma nova sequiéncia. Seqiéncia de sintese da atuagao do professorade @ dos alunos no Projeto A Organizacao do Curriculo por Projetos de Trak 83 Essa marea era dé idea partir de uma avaliacéo conjunta de sua qualidade visual como anagrama representativo. Os Projetos ge- que, através de um painel, colocado na entrada do prédio principal da escola, informa a todos os estudantes, aos educadores e ds familias do que se est estu- dando em cada classe. Um dos momentos mais significativos desse processo de sintese é a tomada de decisées sobre “o continente” que iré acolher a organizacéio dos materiais de um Projeto. Nesse caso, diversificam-se os materiais, buscam-se efeitos visuais (mol seqiienciagGo) que vao além da iGo evocativa e se transforma em um elemento formativo essencial que emerge da concepgao dos Projetos a partir de uma ética de globalizacao relacional. Esse enfoque comega quando acaba o Projeto anterior, estrutura-se com a tomada de decisées sobre o novo tema e finaliza (recomega) com o planeja- mento de um objeto, a titulo de dossié, que reflete a interpretacao que, para cada aluno, adquiriu c:informacdo e os procedimentos trabalhados. Todo 0 processo seguido no desenvolvimento de um Projeto se sintetiza na figura seguinte, elaborada a partir de materiais de forma- do realizado na escola para apresentar a experiéncia dos Projetos a outros educadores (Carbonell, De Molina, 1981). Os Projetos: um modelo diddtico para trabalhar as “Ciéncias”? (Os Projetos de trabalho séo uma inovacéio que pode ser aplicada. em todas as éreas de conhecimento, mas basicamente foram coloc dos em prdtica nas areas de Ciéncias Naturais e Ciéncias Sociai: que essas favorecem em maior grau a busca e o tratamento da infor- magao. A realizagao de Projetos em outras éreas continua sendo oca- sional, ainda que se tenham planejado pequenos Projetos em Mate- cc ou em Lingua. Para alguns docentes, a alternativa a essa li tacéo passa por conectar os contetidos e at contetidos e Projetos de outras situagées educativas que os alunos rea- lizem ao longo de sua tarefa escolar. Uma professora de 5* ¢ 6% séries do Ensino Fundamental acredita que “o que acontece é que nada mais se pode chegar até aqui, mas penso que hé muitas coisas, atividades na escola que esto planejadas como oficina e que, em seu momento, Poderiam ser propostas como Projetos de trabalho. Falta ter, ainda, mais elementos de reflextio. Deverao ser as Ciéncias o micleo princi- 84 Fernando Hernandez e Montserrat Ventura pal do Projeto? Jé néo digo as Sociais e as Naturciis, e sim num sentido mais global de ciéncia”. Essa a perspectiva que, na atualidade, es- to propondo alguns dos educadores da escola em Projetos como "A Bstrono m que, além dos contetidos préprios das Ciéncias Natu- ais, se introduz o ponto de vista histérico, ao comparar a evolugao das visdes elaboradas pela Humanidade sobre a terra e suc posi¢ao no espago, como também se introduz a nogao interdisciplinar da relati dade. Mas isso faz parte do contetido de outra histéria. 6 A AVALIACAO DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DOS ALUNOS AAVALIAGAO NA TRADICAO DA ESCOLA Uma das perguntas que costumam fazer as pessoas interessadas na organizagao do curriculo mediante Projetos é como se realiza a avali- acdo. A pergunta néo é anedética ou curiosa, e sim aponta para a dificuldade de enfrentar-se outras questées do tipo: como saber se 0 aluno esté realizando uma aprendizagem significativa? Como saber se esté aprendendo a aprender ou o que se pretende ensinar? Essa mesma pergunta se fizeram os professores da escola, e, para respondé- Ja, além de ensaiar formas de avaliagdo baseadas no desenvolvimen- to deestratégias de simulagao ou favorecedoras da inferéncia do apren- dido a out tuagées, realizou-se uma pesquisa sobre o significado que avaliacéio tem para os alunos e para o professorado. Essas duas ‘experiéncias serviram para encontrar a finalidade da avaliagéo, as- sim como o papel que as avaliagées dos alunos desempenhava na tradicdo da “escola ativa” que o centro seguia, antes do infcio do tra- balho através de Projetos. Todos esses temas sao contetido deste capi- tulo, que podem completar-se com os exemplos de avaliagdo que apa- tecem em cada um dos Projetos do capitulo 7. Tempos atrés, dentro do que pederiamos chamar corrente anti- autoritaria na educagao escolar, a avaliacao havia sido considerada como uma intromissao na autonomic dos alunos. Frases como “o da crianca deve ser respeitado”, “as nolas criam estudantes cot icacées nao ajudam que os alunos se responsabilizem

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