You are on page 1of 113
DION FORTUNE wf ag we Dion Fort E tao natural iniciar-se na vida es- piritual e filosdfica como, por exem- lo, na vida comercial ou em qual- quer profissio. E como em tddas "as profissdes existem os grandes, mé- dios e pequenos expoentes, bem co- mo os honestos e os desonestos, as- sim ocorre em relagéo 4 verdadeira ida espiritual e inicidtica. Apdsto- _ los do bem e servidores do mal exis- tem em todos os campos de ativida- de humana, e dat porque também ali se deparam amitide com adver- téncias aos incautos contra os trapa- | ceiros e exploradores. ~ _O autor déste livro é um daquéles | __poucos que se encontram do lado do bem e procuram disseminar idéias sadias aos realmente sedentos de s ber e de aprender de maneira sim- ples o ABC da vida mistica e ocul- tista. Aprendem entao uma nova e mais simples maneira de viver, pois, como acertadamente diz o autor, “o conhecimento mais elementar da Ciéncia Esotérica nos leva a uma mudanga completa de todos os nos- sos valores”, Cada um pode e deve procurar dentro de si a mansao de paz, e o ma- _ nancial de riquezas espirituais. Mas quantos os procuram ou ao menos sabem da sua existéncia? Poucos, pouquissimos, e por isso a maioria (Continua na outra dubra) a i AA, i lA NN Mas para penetrar nessa m si abeberar-se nesse manancial é indis pensavel ter uma chave, e a Inicia- gao é uma delas. Todavia, a e ciagéo nao se ganha através de uma _ graga_ nem milagre, e sim, através lo esforeo préprio, que implica uma metédica preparagao _ individual. Mas uma vez preparado, nao se per-_ mite quedar-se parado, de bracos cruzados, 4 espera do “mand dos céus”. Assim, 0 iniciado tem que trabalhar como os que mais tral Tham e fazer jus a novas conquistas: pois “dai e recebereis” é a lei da_ vida superior. Este livro ensina co-_ mo fazé-lo. f nee A preparagao ha de ser integral e sdlida, e por isso é aqui apresentad: sob trés aspectos principais e inter- dependentes: 0 ético, 0: tedrico cerce de téda nobre iniciativa, seria falha sem a teoria, e esta sem a pra tica. E a reciproca também 6 ver dadeira, pois a pratica sem teoria. seria empirismo e ambas sem a éti ca conduziriam ao descalabro. Assim © autor, cuja pena ja pro- duziu outras obras valiosas, traca um roteiro seguro e facil a todos os aspirantes a uma vida melhor e mais sabia, tanto no lar como fora déle. E essa vida os podera levar a situa- goes mais felizes, harmoniosas e jus- tas perante Deus e os homens, como sonham tédas as almas idealistas. Tal é 0 propésito déste livro. PREPARACAO E TRABALHO DO INICIADO DION FORTUNE - PREPARACAO E TRABALHO DO INICIADO Tradugio de Covma Riven pe Ficuemepo EDITORA PENSAMENTO Sio Pavto MCMLXV SS Direitos reservados da ‘ EDITORA PENSAMENTO LTDA. | Praca Almeida Junior, 100 — Sfo Paulo —_—— eee Impresso nos Estados Unidos do Brasil Printed in the United States of Brazit INDICE ‘Provera PARTE BTICA capiruto I. — Colocacio dos Alicerces il. — A Senda da Iniciacao III. — Preparacso da Iniciagao IV. — A Senda do Lar Doméstico V. — Ideal do Iniciado .... VI. — A Vida Didria na Senda . Secunpa Parte TEORIA VII. — Plano Basico do Numinismo — 1... ‘VUII. — Plano Basico do Iluminismo — II . IX. — Plano Basico do Iluminismo — II . X. — As Fontes do Ocultismo « XI, — Fontes da Tradic&o Crista Esotérica XII. — O Alfabeto dos Mistérios Tercera PARTE PRATICA =), .-KIIL. — Adestramento da Mente . <~ IV,-— Adestramento do Corpo XV. — Iniciagio e Celibato XVI. — Os Sistemas -Fsotéricos Ocidentais ............ PROLOGO N&o obstante ser esta obra completa em si mesma, formando um livro totalmente indepen- dente, pode ser considerada como complemento da obra do mesmo autor: Ay Ordens Esotéricas e seu Trabalho. Assim sendo, muitos pontos que abordamos ali extensamente, sé ligeiramente séo mencionados neste livro, Em conjunto, ambos os livros abrangem todo o campo da Iniciagfo na Senda da Direita, na Tra~ digéo Ocidental. Outras informagdes concernentes a natureza das Lojas Negras, aparecem em outro livro, inti- tulado Oculitsmo Séo. INTRODUGAO 4 3 Como de todos os que se dedicam a parte oculta e se- oreta da Ciéncia Espiritual, séo muito poucos os que @ se- Suirdo até alcangar os graus superiores da iniciagéo e aspi- #" ragao ao Adeptado, parece-nos razodvel perguntar se esta _-» Ciéncia é literalmente esotérica, ou reservada para os poucos, e se vale realmente a pena que compreendam éste assunto « -. .08 que nao lhe podem dedicar téda a sua vida, : Nao se pode negar que em qualquer carreira, arte ou pro- first que se escolhd nd vida, 66 chogaré ao sen cume o ser humano qua a ela sé entregue por completo. E a Ciéncia Esotérica néo constitui uma excegéo a esta regra, No entan- to, é posstvel serem dadas muitissimas coisas mesmo daqueles que sé podem tocar a orla de sua tinica. De seus ensina- mentos surge uma filosofia de vida, que ndo apenas ilumina nossos problemas mais profundos, mas também resplandece sébre nossa vida didria, e nos revela significados que jamais teriamos sonhado, Igualmente nos mostra que nossas vidas individuais formam parte do conjunto césmico, demonstran- nossa relagéo individual com ésse conjunto. O conhecimento mais elementar da Ciéncia Esotérica nos leva a uma mudanga completa de todos os nossos valéres. Vemos, portanto, que as coisas que considerdvamos de su- prema importdncia, néo séo tio vitais como tinhamos acredi- tado, e em troca, constatamos que as coisas as quais nao ‘déve @ menor importdncia eram justamente os centros es- “Além disso, é-nos dado saber que existem certos podéres em nossa mente, que nao possuem nada de raro nem sobre- . ‘natural, pésto que os estamos usando didriamente, é que, se sio © dirigidos e desenvolvidos conscientemente, podem produzir ‘vs resultados mais extraordindrios. il ; nao. pelo uso déstes . A nfo ser que haje ume perversio deliberada ou uma tendéncia declarada para o mal, s6 podem peoducle Bons reauladen, ye ieee entiation of ale de Oe : cagéo prética e regular, ainda que néo se possam aos estudos mais que alguns minutos por dia. Os efeitos acumu- lativos costumam ser surpreendentes. Nem todo o mundo esté preparado para receber a@ ini- ciagao. Diz-se que sao necessérias trés vidas de esfotgos sis- temdticos para se encontrar a senda, porém, mesmo no caso em nao vejamos a menor perspectiva de alcangar a meta neste vida, recondenoe: sempre ique tudo tem_um principio, @ que nunca chegaremos a terceira vida para alcangar a meta, se nao tivermos tido a primeira ¢.a segunda vida de prepa- ragéo. Embora nao amos a menor esperanca de que esta vida nada mais seja senéo um légro, podemos nos decidir para que ela seja uma preparagio, e como o tempo nos planos internos néo corresponde com o tempo no Plano Terrestre, é muito posstvel que alcancemos muitissimo mais do que tinha- es mos imaginado, Pelo menos néo deixaremos de realizar certas coisas e com bastante rapidez: um névo en na vida, uma woes fonte inspiragdo e de esperanga, bem como o poder desenredar alguns dos menores problemas de nossa prépria-- existéncia. ~*~ : A filosofia dos Iniciados ser trazida para o lar dos -. homens e mulheres de noe pode e langar muita luz sébre 4ngulos obscuros da vida. E quanto mais se a difunda pela humanidade, tanto melhor se serve o propésito dos Mestres. Ninguém deve volter atrds porque nao se Hote, ‘preparado para isso ou porque considere os estudos demasiado profun- dos. Sempre existe algo para cada um, e cada um pode fustamente o que precise e déle fazer uso. Néo por certo, fazer uso uilo que néo possua, porém aquilo que o menor célice possa conter, é a verdadeira Ague da Vida. Também néo somos obrigados a vir ao wma sé vex. riage oon ate vérias vézes com “nosso olntiro." Portnt, ndo nos Is nunca, nem sejamos coragao; hé lugar para todos e algo para cada um. COLOCAGAO DOS ALICERCES E.xsne sempre uma crenga, e muito sg difundida, de que alguns séres humanos sabem mais do que outros e de que, em vez de compartilharem alguns aspectos déstes conhecimentos com seus semelhantes os guardam zelosamente para si mesmos, comunicando-os apenas para uns poucos eleitos, os quais se comprometem a manter um se- grédo absoluto, e permitindo-lhes repartir ésse conhecimento, por sua vez, sé com os que estiverem dispostos a assumir as esmas obrigacdes e forem julgados dignos de receber seme- ante privilégio. E isto é tanto mais notavel quando ésses mesmos homens parecem estar desejosos e até ansiosos de co- municar sem nenhum outro obstdculo outros aspectos désses ‘conhecimentos. Esta tradicfo a encontramos na literatura de todos os povos e em todos os periodos da histéria. E geralmente no- 4amos que a crenga era que estas doutrinas secretas se refe- rem & Natureza Interna do ser humano e do Universo, ou deja, ésse aspecto que nao é observavel pela agao direta dos ‘sentidos fisicos, e que para ser percebido, requer o uso dos ‘wéntidos superiores. “.. Além disso, era crenga geral que uma grande proporgio @aste ensinamento secreto se referia A preparagio ¢ educa- gio dos estudantes, para que pudessem usar os sentidos su- periores de observacio, da mesma maneira como. sé adestra © estudante das citncias fisicas na técnica do laboratétio,” Para que possa utilizar o microseépio. Mee < Também era crenga que a Ciéncia Oculta tinha um as- pecto pratico e que o conhecimento de suas leis conferia léres nos Mundos Sutis, da mesma maneira que os conhe: cimentos das leis naturais conferem certos podéres no Mundo Fisico, ou material. Reconhecia-se, igualmente, que éste conhecimento era zelosamente guardado pelos que se haviam convertido em seus custédios, e em tddas as épocas se dava a mesma raziio para justificar essa reserva absoluta: que em mios indignas ésse poder podia ser mal empregado, causando grandes pre- juizos, porque o ser humano nao tem direito de fazer uso déle para qualquer fim, desde que procedia do Grande Autor do Universo. . _ Os séres humanos que os possuiam nada mais eram do que seus depositdrios e nao propriet4rios, e néo podiam utilizar éste poder sagrado em seu uso préprio sem cometer um delito contra Deus e seus semelhantes. E existem muitas tra- digées do r4pido e terrivel castigo que recafa sdbre os vio- ladores, f6sse pelas miaos dos préprios companheiros inicia- dos, ou pelas elevadas Potestades contra as quais haviam pecado. Sustentava-se também que éste conhecimento era tio secreto que ninguém sabia onde estavam seus colégios, bi- bliotecas ou estudantes, mas se um homem, seu carater e Po rsua vida, se transformasse num recepiendério digno e me- ritério, tarde ou cédo era pésto em contato com os que eram competentes para instruf-los, e em seguida ficava éle também sujeito ao compromisso de guardar segrédo. Tanto a literatura como a histéria podem dar um tes- temunho universal da existéncia desta crenga entre os povos e em tédas as épocas. Muitas vézes esta crenga foi aceita e outras tantas contraditada, sé para ressurgir na geragSo se- inte. A maioria das pessoas reconhece que nao pode haver aga sem fogo, e principalmente quando hé tanta fuma- ga como nesta questao, e éste sistema de conhecimento e métodos de adestramento existem real e atualmente como 16 a ‘sma estrutura -bem. organizada, como muitos podem teste- munhé-lo ao deparar-com éle. pe -| Da mesma forma que antigamente, diz-se.ao estudante que basta éle preparar-se devidamente para receber éste co- nhecimento, porque as misteriosas correntes que atuam no Universo, 0 arrastario até pé-lo em contato com aquéles que podem iluminé-lo, sendo muitos os que dao o seu testemu- 0 pessoal de que esta crenga esté bem fundamentada. ; . Todos os que formulem, embora subconscientemente, o : -desejo de estudar o conhecimento superior, receberao a opor- %- tunidade de fazélo, Vida spés vida se thes dardo a prepa- ragéo e o adestramento requeridos para ésse estudo, até que, finalmente, se através de téda a dura disci a qual se sujeitou manteve sua posigio e estima na tmica coisa que vale a pena no mundo, éste desejo subconsciente agirA de tal forma que chegar4 até a consciéncia, e ésse anseio informe se converter4 em algo nitido e articulado, e entdo o ser hu- mano empreenderd Geliberadamente a busca e as provas das coisas inyisiveis. O gue 6, pois, que o homem pode fazer para cultivar sua mente, tem como para por-se em condicdes de alcangar éste conhecimento superior quando lhe chegar? O gue pode éle fazer como adestramento preliminar, trabalhando como um estudante isolado e solitério, para preparar-se para a recep- g40 do conhecimento que deseja? » O estudante que nfo esté bem preparado nas coisas ele- mentares, néo pode compreender os ensinos superiores, assim como quem nao esté versado na aritmética nio pode compre- ender as matematicas, “Adquiri primeiro os meios, que Deus vos dar& certamente o emprégo que deveis dar-lhes”, disse certa. vez alguém que j& tinha percorrido a senda do co- nhecimento. .O que pode fazer o estudante que ainda nao encontrou seu Mestre? Seu Mestre j4 o encontrou muitas vidas antes, pois do contrério nunca teria chegado ao ponto de poder articular devidamente éste desejo. O-que pode fazer para obter 0 maior uso possivel dos materiais que tenha 4 mao, de maneira que quando chegar © tempo de seu adestramento, nada tenha ficado por fazer do que j& pudesse ter sido feito, e seus progressos possam seguir sem obstculos pela auséncia désse trabalho indispen- 7 sdvel de base ou cultura mental, que pudesse haver sido rea: lizado enquanto se encontrava ainda ante o Umbral? Muito tempo se perde em ensinar ao homem o que éle poderia ter aprendido facilmente na escola, com o objetivo de permitir-lhe captar a importincia do conhecimento que, pela iniciag&o, o tornard livre. E verdade que, embora a intuigfo possa captar muitos vislumbres gloriosos sem o auxilio do intelecto, muitissimo mais perde pela incapacidade do estudante para captar todo © significado de sua oportunidade. Infinitas coisas podem ser percebidas pela intuicdo espiritual, porém se o estudante nao se prepara intelectualmente para cooperar, estas coisas raras vézes servem para Oferecer solugdes praticas acs pro- blemas do mundo. O mistico tem seus momentos de emogio extatica, du: rante os quais pode alcangar grandes alturas, porém rarissi- mas vézes est4 em condigées de trazer dali as aguas da vida, . para dé-las aos que ficaram atrés. Sé quando cada vefcule da consciéncia humana est4 correlagio eita, 6 que a corrente da inspiragio pode fluir através déle e transformar- -se em manifestagdes no Mundo Fisico onde estamos vivendo. E enquanto o ser humano pode aprender grandes coisas e armazen4-las em seu subconsciente, s6 podem ser tteis para seus semelhantes na medida em que tenha aprendido a corre- lacionar seus veiculos, permitindo desta maneira que o espi- ritual desga e se expresse no Mundo Material. Portanto, recomendariamos aos que anseiam pelo co- nhecimento superior, que se ponham imediatamente na tare- fa de correlacionar os seus veiculos de consciéncia, especial- mente o mental, de tal maneira que, quando recebam a re- velagio do conhecimento superior, possam atuar como de- graus entre o que est4 em cima e seus semelhantes que ainda se encontarm num degrau inferior da grande escada. E se isto servisse para estimul4-los, thes diriamos quanto haveria representado para éles, quando se encontravam nes- se mesmo degrau, se tivessem tido alguém que lhes houvesse podido dar a ajuda qu eest&é em seu poder oferecer agora. Nenhum_ esf6rco feito para conseguir éste desenvolvi- mento é perdido, mesmo no caso de que quem esteja lutan- do -paréga desviar-se do caminho-e perder de vista a meta. O passo de muitos pés 6 o que vai alargando a vereda pri- a mitiva Em que se transforme no caminho largo, caminho por onde possa caminhar a multidéo. Nés, em nossa época, nao teremos qeu afrontar as provas que sofreram os primi- tivos iniciados, que abriram o caminho para nés. Com respeito A consideragao pratica dos problemas en- volvidos nesta correlagdo dos vefeulos da consciéncia, é muito importante que o estudante pense que éstes veiculos so se- parados de si mesmo, como instrumentos que aguca € utili- za para poder levar avante seus trabalhos. Por éste motivo os cuida e prepara, e quanto mais alto fér o nivel no qual se acostume a funcionar, tanto melhor preparado se encon- trar& quando a oportunidade se lhe apresentar. As pessoas de escassa iluminagao identificam-se com 0 seu’ proprio corpo fisico, porém sio muitas as que podem viver em suas emogdes e sentimentos; e alguns podem pen- sar livre e coerentemente sdbre problemas concretos, existindo muito poucos que podem raciocinar abstratamente, e sé um ou dois de uma geragéo podem experimentar as instituigdes do Plano Espiritual, de tal maneira que possam pensar em térmos do pensamento incipiente e imanifestado. Aos iniciados na Ciéncia Oculta se ensina a funcionar nestes diferentes niveis ou planos, se usamos a terminologia oriental, e a pensar nesta distintas maneiras, se usamos a mesma idéia em térmos ocidentais. Antes de estar maduros a os ensinamentos dos Mestres, temos de conquistar os niveis fisico e emocional, porque o estado normal da evolu- gGo atualmente nos permite desenvolver-nos até ali sem inter- “ feréncia externa alguma. Temos que converter o corpo fisico em um servidor obediente e submisso, que nao nos aborreca ~~ com suas necessidades imperativas. FE para isto que so des- tinadas muitas praticas acéticas de ioga da Inndia. No en- tanto, nés, do Ocidente, nao isamos destas pr&ticas; basta fazermos do corpo um colaborador eficiente e niéo um escravo abjeto. “Conforme o homem pensa em seu coracio, assim éle é.” As emogées devem fluir livremente, sem conflito nem deformagées, pelos canais que a Natureza proporcionou para a” Be 19 elas, antes dé .serem elevadas possfvel: sublimar uma_patologia. A diregdo das energias da vida deve ser tirada ‘do domi- nio dos desejos ¢ levada ao da vontade. Até que isto se faga, nao pode haver progresso firme em nenhuma. diregdo, por- ~ que entéo os desejos sio induzidos pelas coisas do exterior e nao dirigidos do interior, variando com os estimulos externos. Consideremos agora a cultura da-mente como prepara- go para o adestramento oculto. Devemos nos recordar de que existem dois niveis distintos ou esferas mentais: a do pensamento concreto e a do pensamento abstrato e cada uma delas requer seu cultivo. Para a pessoa que se habitua a pensar sé concretamente, o abstrato Ihe parece vacuo e sem significado quando se pde em contato com éle pela primeira vez. Seus térmos nfo evocam imagem algu- ma em sua consciéncia, mas sao outras tantas palavras vazias, e tem que acostumar a mente a pensar em idéias em vez de peer em imagens. Um dos processos que mais facilmente lustram éste ponto, é o estudo da Algebra, porque nesta matéria a mente se vé forgada a pensar em térmos elemen- tares abstratos, e assim adquire o hdbito de pensar em pro- porgées separadas das coisas em si.. Déste ponto pode con- tinuar adiante por meio do estudo da filosofia e da meta- fisica, e para isso néo h& introdugao melhor do que a obra de Herbert Spencer, Primeiros Principios. Com relagéo ao pensamento concreto, podemos fazer muito para preparar-nos para o adestramento superior. O campo que se estende ante nds é muito amplo, tanto que, com efeito, seria dificil ampliar nossos estados além dos limi- tes da utilidade prdtica. Quanto maior fér a esfera dos nos- sos conhecimentos, tanto mais numerosos serfo nossos pon- tos de contato com o Cosmos. O estudante que deseja adquirir o conhecimento dire- tamente da Mente Césmica, procede de maneira semelhante ao paciente que se submete a psicandlise, s6 que neste caso sua atencéo se dirige para o exterior e nao para o interior. Comeca com uma idéia em sua prépria mente e segue a ca- deia de associagio de idéias até chegar ao complexo-radical da Consciéncia Césmica. 8 um nivel supetior,. Nio 6 canal nea ih ele hectic enchanted ~idicintahe Ver-se-4, pois, que, se o estudante nfio tem um ponto de r partida €m sua propria consciéncia, alguma idéia nitida e clara, intimamente. relacionada com 0 tema de estudo, nfo poder& comepar a seguir os degraus do encadeamento de idéias e assim-chegar a raiz dentro do campo de sua cons- ciéncia. _ O bom estudante de Ocultismo deveria ter um conheci- mento geral adequado das ciéncias naturais, da histéria, das matemiaticas e da filosofia, Naturalmente, nao pode ter um conhecimento muito profundo de tédas estas matérias, mas, sim, deve conhecé-las de uma maneira geral; deve estar fa- miliarizado com os princfpios de tédas as ciéncias e com os métodos da filosofia. Entao, quando adquirir algum conhe- cimento especial, poder4 vé-lo em relagio ao plano césmico do qual faz parte, e entio lhe ser4 possivel conhecer de uma forma muito diferente do que o homem que sé 0 ebe como parte de seu meio circundante. Um tem a planta viva no Jardim sob sua observacdo, enquanto que o outro possui ape- nas a planta séca em seu herbério. HA muito tempo que a relatividade do conhecimento foi compreendida, porém ainda n&o se féz justiga A unidade do conhecimento. Embora o ser humano s6 possa aparecer mediante a_especializacao, é essencial que tenha um fundo contra o qual possa ver seu. conhecimento em perspectiva. Para o estudante de Ocultismo existe outra razio que requer esta armagao de conhecimentos gerais. Ao tratar de estudar pondo-se em contato com a Mente Césmica, pouco a pouco ira tendo acesso a uma. massa de idéias variadas, porém freqiientemente deixar4 escapar algum fragmento de informagao inestimAvel, por nao perceber o seu verdadeiro valor. Ou talvez, desconcertado diante de alguma termino- logia. estranha, pode nfo se dar conta do valor daquilo que esté aprendendo. Os profess6éres de uma Universidade nunca mostram de- sejos de ensinar aos estudantes os principios elementares que deveriam aprender na escola primdria. E quando o estu- dante deseja empreender os estudos superiores da Ciéncia Esotérica, deve apresentar-se tio bem preparado quanto o requeiram os estudos esotéricos. 21 A SENDA DA INICIACAO A GRANE maioria de nossos semelhan- tes est4 sempre disposta a aceitar o mundo tal qual o encon- tram, e enquanto éste nfo os tratarem demasiado mal, vivem contentes. No entanto, alguns querem saber o que se oculta atrés do mundo que véem, e enquanto nao tenha resposta a esta interrogacao, sofrem o divino descontentamento, ésse des- contentamento que continuamente impele o homem a buscar além do horizonte, onde parecem perder-se os caminhos. A maioria dos séres humanos parece aceitar como inevi- tdvel o sofrimento, e salvo quando éles se ponham em con- tado pessoal como algum caso flagrante, ou sejam éles pré- prios as vitimas, nado formulam sequer um protesto. Outros, rém, parecem estar tao ligados com a raga humana, que so- Fem os sofrimentos da humanidade, e nfo podem aceitar a felicidade ou a paz para si mesmos enquanto os demais so- fram e lutem. Na antiguidade ésses individuos eram rarissi- mos, porém atualmente j4 séo muitos, e qualquer observador verdadeiro das coisas humanas nfo pode deixar de reconhecer que existe éste sentimento de fraternidade incipiente para com tédas as coisas e que ésse sentimento vai crescendo de in- tensidade. Quando consideramos estas duas classes de séres huma- nos em relaggo com o problema da Evolugio, podemos ver que reagem diferentemente, ainda quando o resultado de sua atividade seja fundamentalmente o mesmo. Uma classe cuida de melhorar a Evolugaéo mediante a aplicagio da ciéncia, para apressar os lentos progresso da Natureza, enquanto que a outra trata de dissimular os sofrimentos que implicam os pla- nos da Natureza, e tanto uns como outros buscam adquirir conhecimento para servir mais eficientemente a seus se- melhantes. Se estudarmos a vida e os escritos déstes homens e mu- Theres que trataram de adquirir.o conhecimento, néo mera- mente pelo conhecimento em si, sendo para poder aplicar ésse conhecimento para alivio do sofrimento humano, nos atrairé grandemente a atengSo constatar que estas vidas tém muitissi- mos fatéres que os destacam das vidas de outras pessoas erni- nentes de outros tempos. Geralmente tém, desde a infancia, © pressefitimento de algum trabalho que tém que executar, e nunca desanimam em sua vocagao. Tarde ou cedo se lhes apresenta a oportunidade de realizar a sua vocagéo e devogio. ao mesmo, e nunca vacilam. E em seguida, sejam agnésticos ou crentes (rar{ssimas vézes se encontram ateus entre éles), tém a sensagio de estar em contato com algo superior a si mesmos e de que so utilizados coro instrumentos para o ser- vigo de seus semelhantes. Podemos também comprovar muitas vézes que estas pessoas, conquanto freqiientemente sejam de corpo débil, possuem uma espécie de poder super-humano de ~ resistencia quando esto a servigo dessa Potestade, que éles invariavelmente atribuem a uma fonte exterior a si mesmos. Nao pode deixar. de nos chamar fortemente a atenc’o o fato de que tédas estas mulheres e homens, qualquer que seja a tarefa A qual se dedicaram, observam a vida do mesmo ponto de vista: o da simpatia universal. Também pode notar- -se, além disso, se os observarmos bem de perto, que alguns déles — nao todos — usam certa fraseologia que demonstra terem algo em comum e que est&o familiarizados com algo cuja erminologia est4 fora do comum e que, embora éste ponto nunca seja mencionado diretamente, sua fraseologia tem in- fluenciado de tal maneira seu estilo literério, que inconscien- temente se desliza em seus escritos. Entéio vemos que éstes trabalhadores pela humanidade tém certa comunidade de cardter, e que alguns déles ter também certa comunidade de estudos. Podemos compro- var também que nenhum déles esté satisfeito em deixar levar- -se pelo lento curso da Evolugao natural e que comegaram a nadar por si mesmos, Sua consciéncia transcendeu o impulso cego que os arrastava pata outras coisas e entéo comecam a pressentir vagamente sua meta, da mesma maneira que um cavalo sedento sente a presenca da 4gua a uma distancia in- vistvel.. E finalmente chegamos a notar que de longe vem resposta e algum poder, désses que a ciéncia materialista nao conhece, que parecem com seus esforcos, guian- do-os em suas ditividas e ajudando-os em suas dificuldades. A histéria déstes individuos faz crer que éste contato com algo superior a éles mesmos nao é uma ficcao da fantasia, porque éles conseguem realizar aquilo que os séres humanos raras vézes alcangam e com seus frégeis corpos tém supor- tado e realizado o que teria sido impossivel aos demais. - al é 0 ler com que se p6em em contato estas gran- des wea eaaiee esotérion Otirma que receberam * ini- ciag&o de uma classe ou de outra, porque existem duas classes: a fisica e a nao fisica, que geralmente se recebem juntas, embora as vézes s6 se experimente uma ou outra. A iniciagdo fisica admite o estudo ‘da sabedoria esotérica adquirida por geragdes de séres humanos, que tém investigado a existéncia exteriormente e tém buscado afanosamente mais 0 significado das coisas do que suas formas externas. Admite o estudante dentro da fraternidade e confianga déstes homens, e os dis- poe para que participem de seus conhecimentos, aceitando-os como iniciados, cooperadores ou discfpulos. : A segunda forma de iniciagio é uma experiéncia espiri- tual, na qual a alma estabelece contato com as Poténcias su- periores, sendo admitida na Grande Fraternidade das Almas nos Mundos Internos. Destas duas classes de iniciagéo, uma ou outra vem primeiro, as vézes a fisica, a iniciagdo menor, é a primeira, ensinando-se entéo ao estudante, paulatinamente, a preparar-se para a experiéncia espiritual. Em outros casos vem primeiro a iniciagdo espiritual, e entéo o estudante é colocado, pouco depois, em situagio de receber a iniciagdo fisica, se assim 0 deseja. No entanto, todos os Ocultistas es- to de acérdo em que, embora todos os individuos no rece- _bam forgosamente ambas as iniciagdes, uma leva consigo sem- pre a oportunidade da outra. Poderfamos agora perguntar: Como pode um individuo ‘ adiantar-se 4 marcha da Evolugéo? Em primeiro lugar, obser- vamos que sé as pessoas de grande carter podem ‘dar seme- Thante passo. O que 6 que causa éste desenvolvimento anor- mal do car&ter? A Ciéncia Esotérica também possui uma explicagio tra- dicional para éste problema.’ Comeca por assentar a premis- sa de que a Evolugao da qual formamos parte nao é a tnica, pois tem sido precedida por outras e ser4 seguida por outras mais. Declara também que a Evolugéo nao é um processo cego, mec4nico e material, explicével em térmos fisico-qui- micos, e sim constitui essencialmente um processo ment a vinda 4 manifestagdo ou corporizagdo em forma concreta de uma idéia da Mente Divina. A Ciéncia Espiritual declara, além disso, que os sujeitos a esta evolugao podem tomar parte e ajudar na obra, porque tao logo nos tornemos conscientes de uma idéia que a Mente Divina estd expressando, nés mesmos nos pomos a express4-la, damos-lhe forma concreta e a in- corporamos em nossas vidas, tomando, assim, sdbre nés mes- mos a obra da Evolugéo. Entao estamos cooperando conscien- temente com Deus, porque é raro aquéle que tenha alcancado uma compreensio objetivo maior, e permanega _ passivo. Esta grande idéia frutifica dentro de si mesmo em forma téo vigorosa, que se vé obrigado a colonizar mentalmente, da mesma maneira que uma nagio forte e cheia de vida coloniza fisicamente. Recebemos a. iniciagio espiritual quando nos tornamos conscientes da Divindade que mora em nés e nos pomos em contato com ela também fora de nés, £ um fato bem conhecido de que os semelhantes se atraem e que tarde ou cedo somos arrastados A sociedade de nossos semelhantes. E isto é especialmente certo entre os que Se puseram em contato com o Divino: as grandes correntes mentais que circulam pelo Cosmos, da mesma forma que as correntes magnéticas que circulam pela terra, o arrastam in- defectivelmente para seu lugar adequado. Por éste motivo a Ciéncia Espiritual nunca sai a buscar seus discipulos, pois sabe que seus discfpulos virio a ela. Nunca vemos as lojas ocultas anunciadas em cartazes, porém sentimos quando se estabelece uma corrente determinada na mente dos séres humanos. De que maneira alcanca o ser humano 0 ponto de matu- ridade necessdria para obter esta profunda experiéncia espi- ritual? J& vimos que sé as pessoas de um cardter especial séo as que recebem a injciagio. Como se adquire ésse carter? A Ciéncia’ Espiritual d4 as explicagées necessdrias de acérdo com a doutrina da reencarnag&o, ou seja, com a teoria de que a alma imortal toma muitos corpos, adquirindo expe- riéncia e desenvolvendo seu car4ter em cada um déles, aban- donando cada um déles quando cumpriu seu objetivo, e to- mando um névo para prosseguir seu trabalho. A Ciéncia Eso- térica fala sempre em térmos de Evolugio, enquanto que 0 ser humano pensa em térmos de uma encarnacéo, de uma vida, e esta diferenga de ponto de vista influencia fundamen- talmente sua atitude para com a vida. Para alguns a morte significa o fim de tudo; para outros, 6 apenas o final de um aspecto ou uma etapa. Para uns, é um cataclismo; para outros, um simples pér do Sol. Se no curso das longas idades da Evolugfo, uma deter- minada alma demonstra aptidées para ser educada e capaci- dade para aproveitar os frutos da experiéncia, em proporgaéo muité maior do que seus semelhantes, essas Grandes Inteligén- cias, que séo o fruto de passadas evolugdes e que estao cons- cientemente cooperando com a Mente Divina, concretizando a idéia abstrata do Bem; da mesma forma que o fazemos nés — quando nos tornamos conscientes do Divino —, essas Gran- des tnfeligencias selecionam o individuo dentre a massa de seus semelhantes e comecam a dar-lhe um ensino especial, nfo para seu proprio beneficio, sen’o porque véem néle um futuro colaborador. Quanto mais colaboradores com a Divin- dade existirem para servir de leveduras para a massa inerte da vida evolucionante, tanto mais facil e rapido serd o pro- esso da Evolugéo. A Tradig&o Esotérica declara que tio logo uma mente esteja bastante adiantada para captar e com- preender seu significado, ela se pée em contato com a teoria esotérica da Evolugio, de maneira que, conhecendo o plano, possa cooperar com o trabalho. Porém, muitissimo antes de © individuo estar maduro para a realizagdo consciente desta grande obra, sua mente vai sendo adestrada, disciplinada e preparada convenientemente, e esta preparacao pode atraves- sar varias encarnagées, antes que a consciéncia ‘individual se aperceba do processo ao qual tem sido submetida, até .o mo- - mento em que o individuo segue o seu trabalho por sua pré= pria conta, Se se recupera a meméria das vidas passadas désses in- dividuos, mediante os processos conhecidos pela Ciéncia Es- piritual, pode-se ver claramente todo o processo da prepara- gio e adestramento, mostrando em cada vida seu tipo par- ticular de experiéncia e sendo todo o seu curso muito mais cheio de acontecimentos e aventuras que o de seus seme- Ibantes. Em poucas vidas foram condensadas assim muitas aventuras. Sua educagio é também muito mais penosa e dura, porém junto com o fardo muito mais pesado vem tam- bém uma fortaleza maior. Vida apts vida esta concentragio de experiéncias segue adiante, até que finalmente 0 individuo é conduzido ao ponto no qual pode receber a iniciagao fisica, geralmente em algum grau menor, porém que, no entanto, serve de ponto de par- tida para a oportunidade. Ao estudar estas memérias, cos- tuma, chamar a atengiio o fato de que ésse individuo- fre- qiientemente aparece vinculado a eos templo ou outro centro de conhecimento esotérico em algum pésto de pequena hierarquia, tal como o de zelador, oper4rio ou empregado na rotina do rituais, . Nao parece que o ensino interno seja dado ao produzir- se o primeiro contato com a Ciéncia Oculta. A primeira coisa com que se trava conhecimento é com o ritual, a forma exterior. Porém isso basta para despertar a curiosidade, e se uma mente pode ser estimulada a fazer alguma pergunta, isso mostra que.esté pronta para receber: a resposta. Se observarmos a histéria déste individuo, o veremos avangar e retroceder como as ondas do mar, de acérdo com o emprégo que facga de suas oportunidades, porém se real- mente éle triunfa e vai tornar-se um dos grandes iniciados, vemo-lo avangar firmemente, apesar de todos os obstdculos, abtindo seu_caminho gradualments até os conhecimentos mais profundos. Vemo-lo encarnag’o apés encarnagSo, rece- bendo as iniciagdes dos Mistérios de seu tempo e raga, uti- izando as experiéncias de cada vida como ponto de partida para a préxima. . £ interessante notar que o que se adquire uma vex, jamais se perde. A capacidade e a aptidio subsistem embora =-desaparega a meméria, e tudo 0 que foi aprendido se arma- zena na subconsciéncia e vai constituindo os alicerces do cardter. Em cada uma de suas vidas vemos como recapitula thpidamente os progressos feitos nas vidas anteriores, até ar ad ponto em que o deixou na iltima, para comegar ii flatamente o laborioso processo de adquirir as novas ex- pesioelan: Este fato explica os rdépidos progressos alcanga- por alguns, enquanto que outros tém que abrir seu ca- minho trabalhosamente, porém devemos sempre recordar que © trecho do caminho gue percorremos hoje tio penosamente, ser4 recapitulado rapidamente quando a aurora de uma nova encarnagao aparecer em nossa. existéncia. Consideremos agora 0 que acontece em nossa vida atual, se j& seguimos ésse caminho no passado, Logo que come- gamos a pensar por nés mesmos, encontramo-nos no mesmo ponto em que ficamos quando partimos. Embora nfio te- nhamos ainda os dados reais sébre os quais possamos basear “ nossas opinides, percebemos que nossa mente jé possui certas conclusées, as quais, para os que néo véem as coisas de nosso ponto de vista, parecem prejuizos irracionais. No entanto, formam parte téo intrinseca de nosso ser interno que nenhuma prova nem argumento pode nos fazer vacilar; sa- bemos da mesma forma. como sabemos que temos pés ¢ méos, porque éste conhecimento j4 foi conquistado nés em séculos de experiéncia e a pressio de uma sé vida é insufi- ciente pas nos obrigar a sair dessas sendas tio gravadas. Assim é que ocorre que uma pessoa possa passar a vida sem encontrar a menor simpatia ou apoio para seus pontos de vista, e contudo manter-se firme. Mas, tarde ou cedo, talvez mesmo no seja antes que no momento de morrer, ser& atraida para a companhia de seus irmaos e com- panheiros. Estas idéias parecem como se féssem inerentes & mente, e por isso sio em seguida recordadas, e cada vislumbre fu- gitivo que tenha relagio com a matéria, grava-se na _m\ q como se tivesse uma fascinagéo peculiar prépria. Todos nos recordamos, sem duvida alguma, ter lido muitas novelas, cujo argumento esquecemos por completo, porém que, se 29 nelas se féz a menor referéncta aos Mistérios, rapidamente os recordamos. Todos os estudos desta natureza chegam ao es- tudante com facilidade, porque realmente éle nao esta apren- dendo, mas recordando; nfo est4 induzindo novas idéias em sua mente pela primeira vez, e sim, est4 recordando conscien- temente o que tinha j4 no subconsciente. Uma grande parte de nossa scbeonacloncta persiste de vida em vida, E apenas a mente consciente que temos que construir de névo em cada encarnacao. O estudante recuperaré de sua subconsciéncia muitas recordagdes de coisas aprendidas no passado, recordagdes que éle mesmo pode tomar como revelagées, jA que sao tio estranhas & sua consciéncia normal. Nao é provavel, no entanto, que o estudante, nesta etapa de sua carreira, se po- nhar a ler os “Registros Akdsicos”, sendo que, antes, esteja explorando as profundidades de sua prépria mente subcons- ciente, cujo conteido é muitissimo maior do que éle poderia suspeitar. Esta derivagio ou extragio de conhecimentos da sub- consciéncia pode muitas vézes ser tomada pelo estudante como um auxilio ou ensino proveniente do exterior, e, embora éste érro seja comum, nfo se deve por isso deduzir que ésse auxi- lio exterior nao ocorra também, Realmente, éste auxilio esta sempre presente, e tudo depende do poder que tenhamos para nos aproveitar do mesmo. O auxilio exterior vem sempre ao estudante quando te- nha progredido suficientemente para que disso possa benefi- ciar-se, € sAo muitos que se poderiam contar como “casuali- dade”, apresentaram-se ante éles tantas vézes seguidas, que teria sido impossivel. negar-se que algo os motivou. No en- tanto, devemos recordar que o poder da mente sdbre as cir- cunstancias 6 téo grande, que nunca deverfamos cometer o érro de olhar fora antes de haver olhado dentro. Ademais, podemos fazer muito paar conseguir o que desejamos utilizando o poder da mente. E muito dificil superestimar o poder de um desejo claramente formulado e continuado. E assim como o desejo formulado se langa em busca do Mestre e nao precisa ir muito longe. Se o estudante é real- mente digno, encontrar4 em seguida também sua recompen- sa mediante a sensagio de ter conseguido estabelecer ésse contato mental, ou se aperceberd de que a “casualidade” o pés em contato com alguma fonte de informagéo oculta e de adestramento, e que o seu trabalho consciente pode come- car imediatamente. A porta estd aberta: pode percorrer a Senda. PREPARAGAO DA INICIAGAO O osyetivo da Iniciagéo 6 produzir a iluminagio da alma por meio da Luz Interna. Portanto, antes de comegar a considerar os melhores meios de pre- paragéo para esta emprésa, preciso explicar exatamente 0 que se entende por Iniciagéo, porque muitos conceitos jistintos sSbre a mesma. A palavra Iniciado, empregada nestas paginas, significa aquéle em que o Eu Superior, a Individualidade, se entre- fundiu com a personalidade e se encarnou realmente no corpo ffsico. Um Iniciado é, por conseguinte, aquéle cujo Eu Superior nos olha através de seus olhos. A personalidade fica luzida a um j6go de habitos e costumes, um complexo de vida, que deixa .o Eu Superior livre para levar a cabo sua obra, com o minimo de exigéncias relativamente & sua aten- 40 ao Plano Fisico. Esta Grande Iniciagio se recebe sempre e invarivel- mente fora do corpo. Nao ha ritual que possa conferi-la, ainda que o ritual seja empregado no Ocidente para ades- trar e coordenar a consciéncia, como preparagdo indispens4- vel para esta experiéncia transcendental. Também se passa por ela. em plena consciéncia, conservando a meméria da mesma. Muito amitide se nos pergunta se é possivel estar- mos iniciados sem o saber. A esta pergunta temos de res- ponder com um forte nao, Além disso, seria absurdo pensar que poderfamos receber inconscientemente uma extensio per- manente da consciéncia. 33 No entanto, costuma acontecer que um Mestre tenha aceito como discipulo alguma pessoa, sem que esta se dé conta disso, devido ao escasso desenvolvimento de suas fa- culdades ps{quicas, e ent&o esta pessoa sé vem a conhecer éste fato quando progrediu até um certo ponto. Nestes casos um psfiquico poderia informar essa pessoa que foi aceita como discipulo da Grande Fraternidade Bran- ca e que, portanto, ja se encontra na Senda que leva & Ini- ciagéo, porém seria um érro dizer-lhe que ja estivesse ini- ciada. O sélo do Mestre fica estampado na aura do disci- pulo, quando éste é aceito, e resplandece ante a visio cla- rividente como um disco de umas seis polegadas de didme- tro, imediatamente acima da cabega, sendo o disco cér do Raio sébre o qual o Mestre esteja trabalhando. Quando o discfpulo recebe algum trabalho que deve realizar para o seu Mestre no Mundo Material, a faixa correspondente da cér na aura se acende, mostrando, assim, que o poder do Mestre est4 operando através do discipulo.. Porém, enquanto téda a aura nfo fique iluminada completamente, nao se pode dizer que um ser humano seja um Iniciado. Isto se produz wando brilha com sua propria luz, e nio com a emprestada lo Mestre. Portanto, a Iniciagao pode ser definida como a aurora da Luz Interna, ou o advento 4 manifestagéo no Mundo Fisico do Augoeides ou Corpo de Luz. Pode-se considerar que a lua apresenta a personalidade, crescendo e decrescendo através de inumerdveis fases encar- natérias refletindo a Luz Solar ou a Sombra Terrestre. O Eu Superior, ou seja, o Espfrito imortal do ser humano, est simbolizado pelo Sol que brilha perpétuamente no Céu, vejamo-lo ou nao. Estes simbolos recompensarao bastante a quem medite sébre éles. O Eu Superior comega a manifestar-se no corpo fisico quando tem lugar a Iniciagéo. Nao temos mais que consi- lerar a grande diferenca que existe entre a Individualidade e a personalidade, no ser humano comum, para podermos perceber a imensa preparagio que deve ter lugar antes que esta manifestacio seja possivel. Além disso, nao podemos deixar de ver que se esta manifestacio fésse tentada antes de ter havido a necess4ria preparagao, o Eu Superior des- 34 , “ eendente encontraria uma disparidade téo grande entre éle Rréprio e sua vestimenta mal ajustada, que njo tardaria em lesgarrar-se e destruir-se, Este acontecimento pode ser ob- servado de vez em quando entre os Ocultistas e constitui um dos problemas que trazem lutas a varias fraternidades. Antes que seja possivel o Eu Superior comegar a mani- festar-se na ponscldecia cerebral, a parsonalidade tem de se sintonizar com a Individualidade. A Individualidade passa a sua eexisténcia nas esferas espirituais da mesma forma que a Peronaidede a passa na esfera mundana. As agées da individualidade se inspiram no desejo de manter-se em har- monia com a Vida Divina do Cosmos, donde recebe o seu ser, enquanto que as agdes da personalidade sio determi- nadas pelo seu desejo de manter sua harmonia com o Mun- do da Matéria, donde o corpo tira o seu préprio ser. Por- tanto, é evidente que a personalidade ter4 de reorientar com- pletamente sua posigio antes de poder alinhar-se com o Eu Superior. Temos que nos preparar para mudar a base de to- dos os nossos motivos se queremos receber a Iniciacio. Isto requer uma unidade de propésito que nao retroceda ante nenhum sacrificio, “Vende tudo o que tens e segue-me”, disse o Mestre. E também: “Deixai que os mortos enter- rem seus mortos. Segui-me”. Estas palavras parecem um .pouco duras, porém a experiéncia demonstra que s&o ver- dadeiras. Nao h4-razdo alguma para que alguém se oferega como candidato 4 Iniciagdo, porque todos podem alcangar a meta da Unido Divina pela senda espiritual da Evolugio; mas, por outro lado, ndo devem declarar que os antigos se- gredos foram perdidos, porque, néo querendo pagar o seu prego, no receberam a Grande Pérola de inestimavel valor. Tanto a personalidade como as coisas dos sentidos tém que ser sacrificadas para que o Eu Superior possa manifes- tar-se: nfo pode. haver duvida alguma sdébre éste ponto, To- dos os Iniciados assim o declaram. Ante semelhantes ma- nifestagdes, nos sentimos inclinados a acreditar que, tendo sacrificado a personalidade, nos encontraremos despojados de tudo, Esta crenga se deve a que mentalidade ocidental ainda se adere a idéia de que a morte do corpo significa o fim da ; existéncia. E da mesma maneira cremos subconscientemente que a morte da personalidade termina com o pleno gézo e plenitude da vida. Ao pensar em semelhante coisa, esque- cemos que o comerciante que vendeu tudo o que tinha o féz para comprar a Grande Pérola. & verdade que vendeu tudo o que tinha, porém foi para inverté-lo em algo de mui- tissimo maior valor. O relato evangélico implica que se le- vou a Pérola’triunfante. Eo mesmo acontece conosco ‘se fazemos o sacrificio das coisas dos sentidos, que permita a encarnagéo do Eu Superior no corpo fisico. H4 um perio- do de luta conforme se vao rompendo os fios que nos uniam aos desejos dos sentidos, mas tao logo se vao limpando as coisas apreciavelmente, comega a despontar a Luz Superior. Nio.permaneceremos muito tempo sem consélo. “Nao serdo nossas trevas, depois de tudo, a Sombra de Sua Mao, que se estende para nos acariciar?” Enquanto a consciéncia se focaliza na personalidade, nao podemos pér-nos em contato direto com as realidades, e sé podemos ver seus reflexos no Mundo da Forma. A chamada do Eu Superior serve para erguer-nos e desviar nosso olhar do espelho de nossa consciéncia da forma, dirigindo-a para a Realidade que é vida e nao forma. Esta meia volta € o que constitui a tarefa da alma em busca da Iniciag&o. Conforme a personalidade se vai submetendo gradual- mente ao Eu Superior, a Luz Interna comega a resplandecer. Os casos em que a iluminagdo se produz sibitamente so muito raros e quase sempre cegam e incapacitam a pessoa, como aconteceu a Sao Paulo no caminho de Damasco. Por- tanto, isto sé 6 permitido em casos de almas muito avangadas, que foram preparadas e adestradas até um grau muito ele- vado em existéncias anteriores e que se reencarnaram com €ste propésito, formando suas personalidades acordemente. Para 0 resto dos aspirantes 4 Iniciagaéo, a Luz Interna come- ga a despontar muito suave e gradualmente, com muitos in- tervalos de trevas que a obscurecem de vez em quando, quando os desejos sensoriais surgem novamente, mesmo de- pois de terem sido considerados completamente vencidos. Tendo alcangado esta libertagao da escravidéo dos sen- tidos, abrem-se ante o Iniciado dois caminhos: pode seguir 36 Senda Mistica, que leva diretamente & libertago, ou pode seguir a Senda Oculta e voltar ao mundo dos homens equi- pado. com os podéres da Mente Superior. E digno de se notar que geralmente o Misticismo nao fala nem ensina a doutrina da Reencarnagio, enquanto que 9 Ocultismo assim o faz. A razio é que o Mistico cuida de fugir da escravidio da carne para nfo mais voltar a ela, en- quanto que o Ocultista quer voltar A matéria, trazendo con- sigo o fruto de seus trabalhos. Os dois ideais sao legitimos e justificaveis. O mfstico que segue seu caminho até al- cancar a libertagfo, nao deixa de continuar a exercer uma influéncia no mundo, pois com sua realizagéo liquida grande porgéo do Carma Mundial. Por éste motivo os misticos se dedicam a muitas austeridades e mortificagSes, muito depois de terem se libertado dos desejos da carne: est&o liquidando o Carma Mundial. O Ocultista, por sua vez, s6 se sujeita as mortificagdes mais indispensdveis para submeter a carne e fazé-la obede- cer 4 sua vontade soberana sem reclamar. Seu plano é cons- tituir-se tal personalidade que o seu Eu Superior possa agir nela sem obstdculos. Deve assemelhar-se a um cavalo brioso e forte, que obedece instantdneamente, sem necessidade de rédeas nem de esporas. Seus sentidos nao poderfo assim en- gand-lo nem suas paixées poderao cegé-lo, Usa o seu corpo comd uma janela aberta para sua alma, que nunca deforma 0 que éle vé. Com éste objetivo é que disciplina seu cor- Po, porém nunca trata de reproduzir a Crucificagao. O mfstico torna sua _personalidade negativa, para assim se converter em um canal de Fércas Césmicas. Sua atitude com relagao a todos os problemas que The possam ser apre- sentados é de: “Aquieta-te e sabe que Eu Sou Deus.” Man- tém-se sereno e quieto no plano mundano, deixando que os podéres espirituais encontrem néle um canal pelo qual pos- sam chegar & mente coletiva durante suas meditagdes. O ocultista, de seu lado, ocupa-se das formas e utiliza sua mente concreta para converter essas formas em canais para as Fércas Césmicas. O mistico trabalha como Eu Superior exclusiva- mente; 0 ocultista leva o Eu Superior a manifestar-se no plano da forma. 37 O mistico, desde que se libertou da escravidio de seus sentidos, contenta-se com as experiéncias de sua consciéncia interna; nfo cuida de trazé-las 4 manifestacdo no plang ter- restre. O ocultista, por seu turno, tendo alcangado a mesma realizagéo que o mistico, trata de trazer ao plano da forma o estado de conséiéncia que conquistou, E faz isto se é um Irmo da Senda da Direita, porque, para cumprir o Grande Plano, é necessdrio que certos ideais sejam expressos e ela- borados no Mundo da Forma, porém jamais o faria para satisfazer suas préprias sensagdes. Esta foi a prova com que o Senhor foi tentado no Deserto: “Faze que estas pe- dras se convertam em pio”. Ele era o Mistico-Ocultista Ideal, como foi demonstrado ao converter a 4gua em vinho e passar através das portas fechadas, mas Ele jamais utilizou Seus podéres a nao ser-no cumprimento de Sua Missao, e vale jestacar que conforme Ele avangava para o seu final, as empregou cada vez menos, A grande maioria das almas libertas escolhe a Senda Mistica, transpondo, assim, a nossa Esfera Terrestre. Sé uns poucos dos que alcangaram a libertagio escolhem sacrificar- -se e voltar novamente ao Mundo das Formas, pésto que nao tém desejo algum que os possa arrastar a uma nova encar- nagio, 0 que para éles significa viver num cércere. Seu tmico motivo é o desejo de aliviar a carga da confusio do mundo. Também nao se deve pensar que o mistico deserte do mundo quando o abandona, porque sempre pediré por éle, e ésse grande corpo de almas em orac&o alivia o tre- -mendo Carma do Mundo nos Planos Internos. O mistico serve de uma maneira e o ocultista de outra. Ambos sao necessdrios para a grande obra césmica da rege- neragio e da Evolucéo. Nenhuma fungio pode existir a nao ser por meio da dualidade: a inter-relagio dos aspectos po- sitivo e negativo da mesma férca. O mistico constitui um pélo da Energia Cristica e o ocultista é outro. De acérdo com a bem conhecida lei oculta de polaridade alternativa’ nos distintos planos, o mistico 6 negativo nos planos da for- ma e positivo nos planos da energia, enquanto que o ocul- tista é positivo nos planos da forma e negativo nos planos ‘da energia. Daf ter o ocultista sempre necessidade de invo- car férgas que o ajudem em sua obra, empregando com éste “+ @bjetivo a magia ritual em seus diversos tipos, desde a sim- ples invocagio realizada com um sinal, até as mais compli- cadas figuras e movimentos que se realizam nas lojas, © melhor desenvolvimento, 9 que se busca mediante a disciplina e adestramento da Comunidade da Luz Interna, ’ obtém-se mediante um equilfbrio justo das fércas positivas e negativas da alma, assim mantidas pela vontade, de maneira tal que o juizo préprio pode fazer pender a balanga em ualquer diregio. A alma que tem uma inclinagéo para o tismo, a fazem trabalhar segundo as regras misticas, Até chegar aos Mistérios Maiores, nado é permitido ao indivi- duo seguir sua vocacao natural, mas entéo se lhe dio uma educagao e ensino especialmente adaptados A sua capacidade. O motivo desta aparente violéncia contra sua natureza sera em seguida compreendida. Se a alma naturalmente in- clinada para o misticismo se desenvolvesse sé de acdrdo com a sua tendéncia, adquiriria uma penosa falta de equilfbrio, como pode notar-se entre aquéles que vivem demasiado no Tnvisivel. Sua estada nos planos da forma néo guarda re- Jago com seu contato nos planos da Férga; por conseguinte, as férgas rompem os limites da forma e se difundem num pantano de espiritualidade emocional, perdendo-se e mal- gastando-se, como as Aguas do rio, que, extravasando o leito, transformam-se num pantano pegajoso no vale outrora fértil e florido. E possivel que ésse pAntano produza uma vege- tag&io aquatica e limosa, porém nfo ser4 nem terra nem Agua, e seria completamente inutil para todo propésito prdtico no servigo da humanidade. Ao ocultista, por seu lado, se se lhe permite, desde 0 prin- cipio de sua preparagio, entregar-se ao seu amor pela forma -e intelectualid le, acabaraé por encontrar-se fechado den- tro de suas formas e perder4 os contatos viventes, que s6 podem dar vida aos simbolos ocultos. No entanto, se éle adota a disciplina de se pér em contato com as diferentes férgas mediante sistemas puramente intuitivos e de medita- go, adquiriré o poder de efetuar éstes contatos independen- temente do uso de férmulas e rituais mdgicos. Entaéo, quan- do chegar a uma etapa mais avangada de seu desenvolvi- ae es mento, Ihe serfo ensinados os métodos tradicionais das artes, e ser& capaz de ter acesso a uma soma infinitamente maior de poder do que poderia conseguir o Iniciado que nfo se- guisse éste método. £ absolutamente vital para a educago oculta do estu- dante que éle compreenda perfeitamente os principios do Ocultismo e que jamais empregue suas férmulas cega e su- persticiosamente. E_nos recordemos sempre que uma cadeia nfo é mais forte do que um débil elo. Nem o mistico nem o ocutlista poderfo expressar no plano da manifestagéo mais do que sejam capazes de pola- vizar dentro de suas préprias naturezas. A SENDA DO LAR DOMESTICO : Maunres so os que, ao ter pela pri- meira vez conhecimento da Senda da Iniciag&o e dos Mestres, que chamam as almas eleitas para o seu servigo, € recebem esta nova como uma revelacio ou o som de uma trombeta. Nao precisam nenhum argumento para se convencerem: toda a sua alma se ergue espontdneamente, em resposta. Os sacri- ficios e as disciplinas da Senda nao encerram terrores para éles: tudo o que querem é a oportunidade. Porém, na maioria dos casos, estas almas no estao li- vres para fazer uso da oportunidade que se lhes oferece: estao atadas as cadeias do~dever ou das circunstancias. A nfio ser que se interessem pelos direitos e bem-estar dos de- mais, Ihes é impossivel pdr os pés na Senda. E justo sa- crificar os demais para servir o Mestre? Qual é o dever incipal: o servigo dos Mestres ou o servigo da Familia e lo lar? Esta é uma grande questdo, que se repete sem ces- sar, € sua resposta nao é tao facil nem simples como créem alguns. Quando uma alma responde esponténeamente a esta chamada da Senda, é evidente no ser essa a primeira vez que a ouviu. Nas vidas passadas atravessou o véu do. tem- pe e guarda esta reminiscéncia em sua mente subconsciente. se isto é assim, por que lhe vem a chamada num tal mo- mento nesta vida, em que nfo pode reqpondé-la a menos que rompa com a fé jurada e esquega vinculos sagrados? O carma é 0 tinico que pode responder a esta pergunta. Deve existir algo no carma individual que tem que ser li- quidnde antes da alma se encontrar pronta para entrar na enda, e as limitacdes que implicam seus os deveres familia- res caem sdbre ela de tal forma que constituem sua disci- plina adequada. O caminho que ela tem de seguir é conhe- cido como a Senda do Lar Doméstico, e é um caminho tio certo e yerdadeiro para a Iniciagéo como qualquer outra dis- ciplinada que possa ser imposta pelas fraternidades ocultas. Nao é um caminho mais répido nem mais lento do que qualquer outro para a Iniciagio. Um construtor pode gastar muito tempo para reunir todos os materiais que necesita para levantar a casa que projetou; pode ser que tenha de preparar éstes materiais segio por segio, até passar dias e semanas neste trabalho, sem que nenhuma parede comece a erguer-se. Entio, depois de muito trabalho preliminar cui- dadoso e precioso, chega 0 momento em que jd est4 pronto para reunir as partes que tao laboriosamente foi construindo, e talvez em poucas horas tédas as partes perfeitamente ajus- tadas se juntem e encaixem, e tdda a construcdo é levada a cabo. . Outro tanto acontece com a preparago para a Iniciagio. O candidato pode empregar muitos anos em sua prepara- ¢ao preliminar, disciplinando a mente e o corpo, aprendendo tédas as ligdes da vida, afrouxando os pretextos de seus sen- tidos e seus sonhos materialistas, enquanto espera paciente- mente sua tao desejada admissio aos Mistérios. E depois que a 4rdua e pesada tarefa for cumprida, chega o momento, talvez jA no final de seus dias, em que a oportunidade tao desejada se apresenta. Entdo descobre que os anos passados em cumprir tio nobremente seus pesados deveres, 0 eleva- ram, sem que o percebesse a sua consciéncia, por muitos e diversos graus de disciplina e de iniciagiéo; e quando in- gressar nos Mistérios, passar4é rapidamente pelo recinto ex- terno e em seguida sera admitido no Templo. Se a Vida lhe ensinou as licdes da disciplina oculta, o Iniciador Menor nao tem necessidade de Ihas ensinar, senio que, havendo-as com- provado por sua prépria experiéncia, responsabiliza-se pelo candidato ante o Grande Iniciador. Deve-se alcangar certo grau de experiéncia antes de es- tar pronto para a iniciagio. As cadeias sensoriais devem ter afrouxado por si mesmas antes de que estejamos em condi- 42 gdes de realizar a Grande Renincia do sentido da vida pes- soal. H4 trés Iniciadores que nos levam ante o altar dos Mistérios: o Grande Iniciador, que é o Mestre; o iniciador menor, que é 0 instrutor, e o nosso Eu Superior, que é quem ensina e educa mediante as ligdes da vida e a realizagio que essas experiéncias nos dao. A disciplina da Senda nfo pode ser aprendida em livros; s6 a experiéncia nos traz a re: fo. Aceitemos, pois, nos- so carma como nossa primeira iniciagéo. Lutemos por adqui- rir o dominio de nés mesmos em qualquer circunstancia, o que nos proporcionaré uma grande serenidade em tédas as condigdes que se nos apresentem. Tem que se suportar 0 que nao se pode remediar. O Adepto é um ser humano de serenidade imperturbavel, porque se domina completamente. Devemos adquirir 0 completo dominio do Reino Astral das Emogées, porque uma vez que o tenhamos conseguido, tere- mos a chave do Mundo Astral na mao, pronta para ser em- pregada quando o Iniciador nos levar ao seu umbral. De outro lado, é nosso dever iniludivel, como cavaleiros e cruzados de Deus, resistir a tédas as injustigas e impor a lei da harmonia em qualquer lugar onde Deus nos colocar. “Qualquer coisa que tua mao encontre para fazer, faze-a com téda a tua férga.” O que pode ser remediado nao ha porque suporté-lo, se o valor e engenho humano encontrarem a forma de fazé-lo. Nao devemos permanecer boquiabertos, sentados, aca- brunhados sob o péso de um mal remedidvel, nem queixar- -nos continuamente de um mal irremedidvel. Devemos acei- tar voluntéria e alegremente as coisas, ou repeli-las valente e decididamente. Se vivemos nossa vida didria de acérdo com os Princf- pios Césmicos, iremos liquidando qualquer carma que te- nhamos que pagar nesta encarnaga0, conquistando assim a libertagdo. Da experiéncia assim adquirida provém a pre- paracao da alma e seu rence avango nos Mistérios, uma vez que jé se tenha ganho o direito de ser admitido nos mesmos. H4 muitas causas que podem atar-nos com as cadeias do dever as personalidades e trabalhos comuns da vida, ao mesmo tempo que nossa alma deseja ardentemente servir os Mestres e combater a maldade espiritual em altas esferas. E possivel que tenhamos fracassado em algumas provas no passado e agora tenhamos que repassar por elas. Podemos observar exemplos disto ao nosso redor todos os dias. Um estudante pede ser aprovado com brilhantismo em tédas as matérias de seu grau, porém pode ter fracassado em uma delas apenas, sendo-lhe ent&éo impossivel obter o diploma. Deve voltar a estudar novamente, sendo até possivel que fracasse mais de uma vez antes que algum exame elementar de matemAtica ou linguas lhe dé a passagem definitiva. Tal soi acontecer com a alma na qual podemos perce- ber elevadissimas aspiragdes, porém que ainda se encontra ligada a seus deveres mundanos. Com téda certeza essa a estar4 completando alguma das provas preliminares tio essenciais para obter éxito nos trabalhos do Ocultismo apli- cado, Uma vez passadas essas provas, poderd alcangar o grau superior, que talvez em grande parte j& tenha com- pletado. Acontece também algumas vézes que almas que ja ti- nham avancado muito nos Mistérios, se deixem prender de névo por lagos do amor .humano e forjem novas cadeias car- micas. Entao, nas vidas seguintes ter4 de liquidar éssas novas dividas. Algumas vézes éstes desvios se devem a paixdes dos sentidos; outras vézes pode ser um motivo su- perior o que determine a escolha, e por pura compaixio uma alma que jA viajou muito rapidamente pode volver-se para estender sua m4o amiga a algum ser querido que anda muito devagar. Raramente se pode julgar a sabedoria de alguma decisiéo tomada nas vidas passadas, mas sempre restam obri- gagdes para satisfazer. Ese escolheu a piedade e paciéncia, tem de aceité-las agora voluntéria e alegremente, se é para colhér 0 bom carma assim criado. No entanto, nao basta reconhecer que a escravidio dos deveres do lar possa ser uma divida cdrmica, nem basta + compreender que é 0 Caminho da Luz. Se o lar deve con- verter-se num Templo de Iniciagio para a alma, todos os seus deveres devem ser realizados como um ritual. Enquanto odiarmos ou nos enfastiarem os humildes deveres do lar, em- bora os executemos com a maior fidelidade, ésse lar nio poder& ser um Templo, Se os executarmos mal, entdo “fracassaremos 44 na iniciagio”, e isso eno o sabe todo estudante de ocultis« mo, é coisa muito séride grave. Com o objetivo de fazer do lar um Templo de Iniciagéo para a alma, todos os deveres devem estar dominados por dois ideais: amor e beleza. Seus servigos tém de ser_pres- tados com simpatia e alegria, e devemos fazer que todos os seus detalhes sejam formosos. Mesmo na habitacéo mais desnuda e desprovida, pode criar-se uma atmosfera de lim- peza e ordem perfeitas. Se sequer elimindssemos o supér- fluo de nossas casas e conservdssemos o que ficasse em per- feita ordem, teriamos conseguido a beleza_perfeita, como bem pode demonstrd-lo o desnudo refeitério de um convento. Se nossos problemas familiares sio muito dificeis, po- nhamos imaginativamente uma boa poltrona no lar e um lugar na mesa para o-Héspede Invisivel, e vivamos nossa vida e fagamos nosso trabalho sob a luz dessa Presenga In- visivel. Se dirigimos nossos lares com amor impessoal e desin- teressado, € com serenidade de coracéo, sem esperar nenhu- ma recompensa e cumprindo nossos deveres para satisfazer as necessidades daqueles aos quais assistimos, nossa casa ser& um verdadeiro Templo do Fogo do Lar, onde podemos cer- tamente receber a Iniciagéo. Mas recordemos sempre que deve existir a serenidade de coragdo tanto como o fiel cum- primento do dever. Esta serenidade é a prova de que ven- cemos o Carma. Enquanto estivermos dando murros em ponta de faca, teremos ainda que aprender alguma coisa de nossas_circunstancias. Tratemos de manter nossds lares sempre prontos para 0 advento do Cristo caminhante, Aquéle que, segundo o anti- ‘o relato, vai e vem entre os homens, dizendo: “As rapésas Sa terra tém seus covis e as aves do ar seus ninhos, porém o Filho do Homem nfo tem onde reclinar sua cabega.” Para que Ele venha, nao basta que a casa esteja limpa e engalanada, porém que o espirito do lar floresga em az e boa vontade e, sotremd, em serenidade, que é a ver- ladeira chave do lar. O IDEAL DO INICIADO Qarvo falamos das Sendas, refe- rimo-nos a algo superior a cursos de estudos. A Senda é uma maneira de viver e todo o nosso ser tem que cooperar, se desejamos alcangar as alturas. Quando o aspirante se des- perta para as possibilidades da Iniciagéo e se pée em mar- cha em busca do Grande Iniciador, nao tardara muito em encontrar alguém que esteja pronto para guid-lo,; e sua per- plexidade em relagio A diregdo que deva seguir, se tornar& agora uma ansiedade em relagio 4 escolha do .guia. Nunca recordaremos o bastante aos leitores que o Gran- de Iniciador vem no Siléncio e 4 consciéncia superior, e nunca é um ser humano, por mais natural e isolado que o imagi- nemos. Os servidores dos Mestres no Mundo Fisico o mais que podem fazer é preparar o candidato. No entanto, pode ser de grande valor indicar o tipo de cardter que é neces- sério desenvolver para que o aspirante seja aceito como ned- fito no Templo dos Mistérios, ésse Templo nao construido por maos e que é Eterno nos Céus. Téda a educagao e disciplina da Senda, em suas pri- meiras etapas, tendem principalmente & produgéo de um tipo de carater definido. Sejam quais forem as variagdes da qualidade e quantidade intelectuais, por assim dizer, o tipo le cardter é sempre o mesmo. Este é o primeiro que nos impressiona ao nos encontrarmos com aquéles a quem reco- nhecemos justamente como iniciados. @ Estas pessoas tém uma grande simplicidade de vida e uma grande serenidade em sua conduta. O iniciado nao se perturba em meio da catstrofe nem do horror. Possui mui- tas das qualidades dos viajantes das terras virgens, especial- mente a habilidade de ficar sempre parado e sorridente dian- te das circunstdncias mais inesperadas e surpreendentes. Encontra-se igualmente contente e em conférto tanto no rancho mais humilde como nos mais importante palécio, Este equilfbrio e serenidade harmoniosos e esponténeos so © resultado inevitavel da disciplina a que éle mesmo se sujeita, porque aprendeu a dominar suas emogdes e aniqui- lar seus desejos, E muito diffcil alterar a equanimidade de “uma pessoa que conquistou estas qualidades. Ama a sim- plicidade, a limpeza e a quietude; porém se n&o pode con- segui-las, encerra-se e amuralha-se numa fortaleza criada por seus préprios pensamentos, e mantém sempre sua equanimj- dade imperturbdvel. : Nao éf4cil esconder sua luz “sob o alqueire”, porque a preparacéo que recebeu deixou um sélo sébre éle e os de- mais sentem que estéo ante uma pessoa de poder, retrafda e remota, embora se encontre em plena reuniao social. O verdadeiro iniciado jamais se faz notar com excentricidade. Ao contrério, evita cuidadosamente chamar a atengéo do mundo e vai e yem em suas ocupagées, tao desapercebido e insignificante quanto lhe seja possivel. O amplo manto negro, © casquete chamejante ou a jéia misteriosa nao pertencem ao verdadeiro estudante da Ciéncia Sagrada. Tao-sd o char- latao 6 que cuida de chamar a atengéo sébre si mesmo. O Adepto, o ser humano que alcangou 0 cume, esté sem- pre sereno. Tem que ser muito sensitivo, devido ao trabalho que desenvolva; porém, com essa sensibilidade conquista também o conhecimento e a disciplina que podem controlA-la. Se nao pudesse defender sua sensibilidade pelos meios apro- riados, nao permaneceria muito tempo na tormentosa sen- do Ocultismo. Se o ocultista 6 “um feixe de nervos”, 6 porque cometeu algum érro grave no curso de seu trabalho. estudo do Ocultismo nao é mais prejudicial 4 saide do que o possa ser a pratica do atletismo, embora em ambos os casos -as exigéncias e desmandos sébre a vitalidade e a for- taleza do individuo tio grandes que qualquer debili- dade latente que existaNtenderé a aparecer; e se naéo puder ser corrigida, a vitima ter& que abandonar téda idéia de trei- namento. Cremos desnecessério dizer que qualquer sistema de pre- paracdo e adestramento que produzam debilidade fisica e de- sequilfbrio mental, 6 erréneo e prejudicial, embora exis- tam certos sistemas bem conhecidos que produzem estas coi- sas com tanta regularidade que seus adeptos as aceitam como parte da senda. Nossa experiéncia nos tem mostrado que todos os estu- dantes muito adiantados em Ocultismo, e especialmente aqué- les que sao peritos em sua pratica, sio pessoas de muita for- taleza fisica, de amplissima cultura e que sabem fazer uso de suas maos. A mao desempenha uma parte importantissima nos trabalhos ocultos, e a pessoa que, pode expressar sua von- tade e sua imaginagSo por meio dos misculos delicados de suas maos, poder4 sempre realizar as operagdes praticas. Todos os estudantes de Ocultismo reconhecem perfeitamen- te a importéncia dos trabalhos manuais. A amplitude de conhecimentos sébre cultura geral que costuma ter o iniciado, é surpreendente, o que provavel- mente se deve a duas causas distintas. Primeiro, que sua bem adestrada mente o dota de uma meméria retentiva e de uma clareza e agilidade mental extraordindrias. Segundo, porque o Ocultismo mesmo recebe muita luz dos mais ines- perados dominios, e é necessério entéo possuir amplos co- nhecimentos para a sua plena apreens’o e compreensio. -Qs podéres fisicos do Ocultista bem preparado s&o noté- veis; mais que ninguém éle est4 em condigdes de exercer uma imfluéncia direta sébre muitas faculdades corporais que geralmente estiio fora do alcance da vontade. Costuma ser também muito sensivel 4 influéncia das drogas em geral, e portanto, sé deve tomar doses menores, e todos os andédinos que ‘amortecam a consciéncia e a sensibilidade, tais como os bromoretos, devem ser empregados com muita cautela. Por outro lado, geralmente toma um anestésico excepcionalmente bem, por j4 nao ter médo de estar habituado a entrar e sair * de seu corpo, Seu dominio sébre as sensagdes reduz o cho- que cirirgico & sua minima eapreest e gragas a ter acesso as fontes de energia, seus podéres recuperativos sio muito grandes. O Adepto inspira geralmente, entre seus associados ime- diatos, especialmente em seus discfpulos, a maior devogio e afeto; porém, em rarissimas ocasiées em que se vé obriga- do a sair e pdr-se em contato com o mundo exterior, o jul- gam frio, remoto e retraido, Esta espécie de isolamento é muito caracteristico de todo ocultista. Sua atitude para com a vida 6 t&o diferente da dos outros; suas maneiras de pen- sar tao estranhas das dos demais, que téda relacdo social se torna diffcil, e assim se vé obrigado a refugiar-se no siléncio e reserva para evitar mds interpretagdes. Muitas pessoas se afastam do Ocultista, porque o amor nao parece ser sua caracter{stica mais saliente. A diferenga entre sua atitude e a do filantropo ou pessoa afetuosa, pode ser comparada A que existe entre a pessoa que tem um cio- zinho porque lhe agrada té-lo e a aquela que o cria para me- thorar a espécie. Esta ultima se dispde ao trabalho de me- Ihorar a espécie até seu mais alto grau de perfeigao, e as vézes pode parecer cruel com o animal. As minimas exigéncias nos graus elevados sio muito grandes, e poucos s&o os que podem cumpri-las. Esses pou- cos sid aquéles que a tradicio considera como homens. No entanto, nao sio super-homens, embora se trate de séres que alcangaram a maior elevacgéo que no vefculo humano se 6 capaz de alcangar. E semelhante posigfo em qualquer domi- nio da vida sé se obtém como recompensa aos mais 4rduos trabalhos e labores que sempre deixam sua marca no Adepto. Esta viagem, demasiado acelerada em comparagio com a do resto da humanidade, provoca seu ressentimento. Mas, para as almas que gozam com a grande Aventura, Ele é o companheiro mais querido e o amigo mais amado. A VIDA DIARIA NA SENDA As REGRAS da Senda nao constituem um cédigo escrito que exija uma conformidade exterior, mas sim, a dedicagio a um ideal que implique uma autodisciplina com o objetivo de se poder alcangar ésse ideal. Os que se- guem a Senda, seja vivendo numa comunidade ou seguindo os ideais de uma comunidade no mundo exterior, vao apren- dendo certos principios espirituais que governam tédas as coisas, como leis césmicas basicas. Nao se tém formulado regras de nenhuma espécie concer- nentes A aplicacao déstes principios as coisas da vida; cada estudante as aplica a suas préprias condigdes, circunstAncias e problemas, da melhor maneira. Nao se dao conselhos a me- nos que sejam pedidos, porque, enquanto o individuo nfo sente de fato a necessidade, éle nao aceita um guia. & de muitis- simo maior valor a alma aprender que tem de fazer o que deva em verdade e justica. Se se obedece & Lei Césmica, obtém-se resultados; se se ignora a Lei Universal, entéo se produzem conseqiiéncias inevitaveis a téda violagio da lei naturi O crescimento da alma vai se produzindo através de nume- rosas encarnagées, e em cada uma das etapas désse desenvol- vimento h4 de haver diferentes objetivos, Eis poque nao se pode estabelecer nenhum objetivo geral para todos. Ensina- -se um princfpio, apresenta-se um ideal, e cada estudante é aconselhado a aplicar ésse principio e a seguir ésse ideal nas 51 cireunstancias em que se encontre, porque sé quando é fiel e leal nas coisas pequenas é que se lhe podem confiar as grandes. O principio é o mesmo, seja que se aplique num rancho ou num palacio; e se ésse principio fér aplicado fielmente num rancho, entéo poderd ser aplicado facilmente num pa- lacio. A pessoa que faz um barro em pemene escala, nfo tem nenhuma possibilidade de éxito, se Ihe séo confiados tra- balhos em grande escala. O primeiro principio a ser aprendido é o que concerne as leis céscimas e sua inviolabilidade. O estudante tem que aceitar o conceito de que a lei 6 absoluta: que nada é fortuito, acidental ou incidental. Tudo o que acontece resulta de uma causa, e tudo o que vai acontecer é igualmente o resultado de uma causa. Estando absolutamente consciente desta lei, o iniciado nunca murmura nem se queixa, e sim, aceita tran- qiiilamente e sem ressentimento tudo o que lhe possa acon- tecer, sabendo que nada lhe pode ocorrer se nao tiver que acontecer. Ao reconhecer a justiga do Carma, aceita suas reagdes sem murmurar. Por sua aceitagdo das coisas, serena € prazerosamente, sempre se conhece o iniciado. Sua tnica preocupacdo é a de manter-se sintonizado com a Harmonia Cés- mica, e quer baixe a cabega para estudar sua ligao ou a levante para cantar e regozijar-se, seu rosto jamais perde a serenidade. Uma vez compreendido que a reencarnagao é um fato da experiéncia, entéo téda atitude para com os problemas huma- nos difere profundamente da que se tem quando se cré que todos os problemas comegam e terminam na mesma vida atual. O iniciado pode aceitar tudo o que lhe acontece, com uma calma que surpreende os demais, cujo impulso é o de renegarem ou orarem, segundo seja sua natureza. Mas sua aceitagio nao implica necessariamente a passividade. Aceitar o préprio destino sem murmurar nao quer dizer que no se fagam os esforgos necess4rios para melhoré-lo. mhecendo o poder do pensamento concentrado, o iniciado faz uso déle em todos os problemas da vida. Seu método nao consiste em dirigir um ataque direto, querendo que se crie o caminho necess4rio na situagao ou acontecimento desagra- davel, senao que dirige sua energia para produzir certas mu- 52 dangas em sua préprix, consciéncia, porque sabe que 6 0 seu piépeio temperamento 0 verdadeiro instrumento do Carma, arma s6 pode ser afetado mediante os fatéres que exis- tem em sua prdépria natureza e que sdo os que reagem. Sabe que certas condigdes e acontecimentos lhe s&éo apresentados para provocar determinadas reacgdes em sua natureza, e de acérdo com a maneira como maneje estas reagdes, assim serA seu Carma, ainda na vida presente. Uma vez que tenha con- seguido harmonizar estas reagdes,-terA liquidado seu Carma. Sabe, portanto, que, embora nfo possa determinar as con- digdes sob as quais deva viver sua vida, pode, todavia, deter- minar suas reagdes para com elas; e de acdrdo com essas rea- gGes, serA o carma que determinard as condigdes de sua pré- xima vida. O iniciado toma sempre como unidade de calculo, nao uma vida e sim, trés, porque sempre sao necessdrias umas trés vidas para que uma férga_ carmica fique liquidada. Dentro dessa unidade de trés vidas, temos o livre arbitrio. Podemos determinar exatamente as condigées da terceira vida a partir desta. ~ Este 6 o fato que o iniciado mantém constantemente em mente, em tédas as suas atividades, E esta realizacio que lhe permite levantar a cabeca por cima do mar das vi- cissitudes, contemplando-as do ponto de vista da Lei Césmica e dos Princfpios Espirituais. Conquanto nao possa ordenar as condigdes em que se despertar4 do sono do nascimento, é, no entanto, o senhor de seu préprio destino, porque pode ma- nipular essas condigées dé tal forma que o levem aonde éle quer ir, da mesma maneira como um barco pode navegar con- tra o vento; e quanto piores forem essas condigdes e mais forte o vento, tanto mais rapidamente viajara. O iniciado est4 sempre reavaliando as coisas de acérdo com os principios césmicos. Sabe que sua verdadeira vida é a vida em seu Eu Superior (a unidade de Evolugao); que esta personalidade humana nfo é mais que uma fase de sua vida, € que sua existéncia real jamais esté imediatamente implica- da nela. Das experiéncias que obtém nessa fase pessoal, ex- trai o alimento com o qual vai crescendo o seu Eu real, atra- vés de vastos Eons de tempo evolucionério, Para éle, a tnica coisa importante é o seu Eu real, e nao a série de persona- lidades transitérias, motivo por que em suas perspectivas mun- danas se atreve a cometer riscos que nenhum homem comum se atreveria a afrontar. Por conseguinte, embora nao se preocupe em abandonar as coisas do mundo, sua vida inteira tem um significado, uma riqueza e uma liberdade que faltam ao homem que nfo se atreve a aventurar-se por médo de perder tudo. © iniciado vive gloriosamente porque vive sempre perigosamente. Nao obstante, seus riscos sio mais aparentes do que reais, como 0 eram os riscos do Colombo, cujo éxito dependia de uma hipé- tese matemdatica. Sua seguranga e sua salvagéo dependiam da veracidade do teorema de que a Terra era redonda. Se, como acreditava a maior parte das pessoas, fdsse plana, e ao chegar ao seu bordo se encontrasse o precipicio do espaco, nunca mais teria Colombo voltado de sua grande aventura de partir para o Oeste com o objetivo de alcangar o Leste. Assim acontece com o iniciado: atreve-se a confiar seu destino a um teorema esotérico. Se, como cré o homem comum, est4 equivocado, ter4 arruinado a sua vid4; mas, se como cré o iniciado, est4 certo, entéo ter4 encontrado as Indias. Qual é o testemunho da experiéncia neste ponto? Quan- tos sao os que, tendo servido a Mammon em seu corpo de car- ne téda a vida, se desdizem em seu leito de morte? Quando chega a hora da morte, entio se da conta de que jamais vi- veram. Contudo, o iniciado vai para o Rei do Terror como se acudisse 4 sua prépria coroagéo, porque a morte nao 6 o fim do mundo, e sim, a passagem do Noroeste, SecuNDA ParTE © TEORIA PLANO BASICO DO ILUMINISMO — I Q van consideramos um tema tio vasto e cheio de ramificagdes como as Ciéncias Supranor- mais, 6 necessdrio fazer alguma classificagéo esquematica, porque elas compreendem desde o mero psiquismo até a ma- gia cerimonial, e desde a Unido Divina do mistico até os actos com entidades nfo humanas, que podem ou nao ser iabélicas. Nossa primeira tarefa deve ser a de delimitar e diferen- ciar nosso terreno do dos que tocam puramente A Ciéncia Naturale o mundo ordinaério detodos os dias. Este trabalho nao é nada fécil,. porque nao se pode tragar uma linha divi- s6ria exata e precisa. Quem poderia dizer quando a sagaci- dade se converte em intuigio e a intuigéo em visio? Nem sequer podemos deixar satisfatoriamente 4 Ciéncia , Natural o Mundo Fisico e as observagdes que podem ser feitas por meio dos cinco sentidos, porque o Invisivel, que constitui o objjetivo da Ciéncia Esotérica, interpenetra o. Mundo Material tao intimamente como a 4gua interpenetra os diferentes estratos da terra. O mais precisamente que se possa dizer sébre esta questio, é que a Ciéncia Oculta comega onde terminam as Ciéncias Naturais. Isto poder4 ser uma definigao prdtica e ‘til; portm, desgracadamente, embora clara, nfo é fixa, por- que ésse limite se assemelha mais A linha de demarcagéo entre a terra e o mar durante a maré vazante. 57 A Ciéncia Esotérica deve distinguir-se das Ciéncias Na- turais mais por seus métodos do que por seus temas. A pri- meira comeca nos principios do Plano Espiritual e opera em forma descendente, através da mente até chegar A matéria, enquanto que as Ciéncias Naturais comegam pela observagio dos fendmenos do Mundo Fisico, e se tém A sua disposigéo ini- meros Eons de tempo que a Ciéncia Esotérica tem tido para alcangar seu desenvolvimento atual, poderiam eventualmente operar de baixo para cima através da mente, chegando final- mente ao Espirito. As Ciéncias Naturais comegam com dados, e déles dedu- zem os principios que os explicam. A Ciéncia Esotérica co- mega com principios, e busca os fendmenos que devem produ- zir-se. As primeiras estdo penosamente trabalhando para ela- borar a correlagéo de unidades até obter um todo orgAnico; a segunda explora laboriosamente também as ramificagdes dos princfpios primdrios. Naquelas a experiéncia precede os conhecimentos; nesta, o conhecimento deve preceder a ex- periéncia. Porém, ainda que seja impossive] indicar num mapa a linha exata de demarcacio entre a terra e o mar, no entanto, qualquer que se encontre na praia no terA dificuldade ne- nhuma em vé-la. E da mesma maneira, embora a linha exata de demarcagio entre a Ciéncia Exotérica e a Esotérica seja um tarefa ingrata, é, nao obstante, possivel indicar com uma palavra aquilo que os estudantes reconhecer’o como 0 objeti- vo de seus trabalhos. Qual ser4 esta palavra? Deve ser uma palavra cujo sig- nificado indique o tema de que tratamos, porém que nao tenha sido apropriada para descobrir sé o aspecto parcial désse tema. A palavra Ocultismo nao serve, porque exclui o mis- tico; 0 Misticismo também nao, porque exclui o ocultista. ‘Também espiritualidade nfo é um térmo adequado, porque se refere a um aspecto particular déstes estudos e nio se lhe pode dar maior amplitude sem provocar confusées. Nosso tema se encontra em situacao dificil no que res- peita 4 nomenclatura, Oprimido de um lado por uma termi- nologia sAnscrita que perdeu o seu significado original pelo emprégo moderno que dela tem sido feito, e por outro lado 38 pela esdriixula giria derivada parcialmente dos Mistérios da Grécia, do Cabalismo de Israel e da Alquimia Medieval, que empregava um latim bastardo para ocultar seus pensamentos, tudo se encontra num estado de confusdo lamentdvel. Restam outras duas fontes de iluminacéo, que podem dar muita luz sébre o nosso idioma: a volumosa literatura do Misticismo Cristio e a igualmente prolffera escola de Psi- cologia. A elas talvez pudéssemos acrescentar a fisica mo- derna, cujas descobertas vaéo confirmando de maneira cres- cente o que antes era um segrédo da Cosmogonia Oculta. Cada uma destas escolas de pensamento tem sua termi- nologia prépria e seu préprio sistema de classificagaio, sendo necessdrio fazer um grande esférgo no préximo futuro para correlacion4-las tédas entre si, a fim de que a Ciéncia Esoté- rica tome posse do que lhe é préprio. No limitado espago destas p4ginas nio podemos fazer semelhante tentativa; e, realmente, tratar-se-ia de uma obra que requereria a cooperagio de varios especialistas, mais do ee o conhecimento generalizado de uma sé mentalidade. oderiamos fazer uma tentativa de limpar o terreno, assina- lando as subdivisdes em que a Ciéncia Superfisica pode cair. Mas nenhuma destas subdivisées 6 nitida e marcada, porque .para a prossecugio delas é indispens4vel um conhecimento geral de v4rias outras, e embora a especializagio seja tao necessdria nesta emprésa como em qualquer outra profissio ‘em que se tenha que alcangar um alto grau de pericia, no entanto, esta especializagio tem que incluir um amplo co- nhecimento geral de téda a matéria de que se trate, de ma- neira que o trabalho de outros especialistas possa ser apre- tiado e utilizado conforme o requeira a ocasiao. Desde 0 momento em que abandonamos a palavra Ocul- : tismo como titulo genérico para nossos estudos, temos que -buscar a maneira de substitui-la por outra, Nao temos muito tempo que escolher, porque @ palavra que escolhermos, con- forme j& vimos, deve induzir uma imagem mental adequada ‘#0 profano que busque seu significado num dicionério, e, disso, nao deve ter sido usada por alguma escola es- Em esséncia, todo o assunto que estamos considerando consiste na extensfio e expansio da consciéncia a planos de experiéncia, que nfo se encontram sob 0 campo de obser- vagao dos sentidos fisicos, e de téda essa experiéncia advém a gama da experiéncia supranormal. Talvez pudéssemos acertar, para dar nome a todo o conjunto, empregando o térmo Iluminismo, subdividindo-o primeiramente em dois ramos: Misticismo e Ocultismo. estas duas divisdes pri- marias cabem todos os movimentos transcendentes, pois suas afinidades os inclinam para uma ou outra. Definamos claramente 0 que queremos indicar com estas palavras. O Misticismo trata de alcangar, pelo caminho mais rApi- do possiyel, a Unido Divina da Alma com sua Fonte Ori- ginal. Com o fim de alcangar éste objetivo, elimina tudo quanto seja causa de separatividade. Uma doutrina funda- -mental em tédas as escolas mfsticas é a da Irrealidade. Onde quer que encontremos uma escola de pensamento que esta- belega uma distingdo frisante entre o Irreal e o Real, e cuide de eliminar o primeiro da conscinécia, para possuir 0 segun- do, podemos classificé-lo com certeza como um sistema es- sencialmente mistico. O Oculstismo, por seu lado, aceita os fenémenos atuais mesmq que nao sejam reais, entendendo a palavra “real” no sentido técnico que lhe deram os misticos, isto é, eterno e existente em si mesmo. O objetivo do Ocutlismo é organizar e dominar os fendmenos e pé-los em harmonia com a lei eterna do Real. O mistico rejeita o Universo fenomenal e trata de esca- par déle em busca-do Real. O oculstista, embora tenha vis- lumbrado o Real, se detém no mundo dos fenémenos e cuida de sujeit4-lo ao dominio de sua vontade, Embora o ocultista concorde tedricamente com a propo- sigéo do mistico, prefere utilizar as palavras Eterno e Tem- poral, em vez de. Real e Irreal, porque sustenta que uma coisa pode ser tedricamente irreal, e ao mesmo tempo estar muito m evidéncia em todos os cflculos prdticos que sejam feitos no tempo e€ no espago. < . A isto contesta o mfstico que a alma se liberta muito melhor do temporal, acostumando-se a pensar que tudo o mais é irreal, menos o Eterno. Esta contorvérsia entre o Ocultismo e o Misticismo nos faz recordar a anedota do bispo que, ao visitar a escola do- minical, dirigiu-se aos assistentes perguntando-lhes: “Su- ponho que todos vocés, meninos e meninas, querem ir para o céu?” Ele teve que esperar num siléncio embaragoso, até jue uma pequenina voz mais atrevida rompeu para dizer: “Bom... mas ainda nio.” Também poderfamos comparar estas duas escolas de pen- samentos rivais com dois colonizadores. Um déles resolve escapar dos problemas préprios para uma estada numa ter- ra tropical e selvagem. Tomando o peineito barco, foi para o lugar escolhido, deixando sem resolver todos os problemas que nao o afetavam. Ao passe que 0 outro permaneceu e lutou contra as tribos e as feras, construiu caminhos e féz plantagdes e as cultivou. Em politica, o primeiro é individualista, e 0 se- gundo, um imperialista; em religiio, aquéle 6 Mistico e éste € Ocultista. Ter-se-ia muito 0 que dizer a favor e contra os dois pontos de vista; porém, infelizmente, a diferenca entre ocul- tistas e misticos ¢ aparentemente irreconcilidvel, porque se trata de uma questéo de temperamento. Como os cavaleiros da antiga lenda, estado pelejando por um escudo branco ou negro, venda cada um o seu lado e nao o do outro. Argiiir com qualquer déles é perder tempo; mas pode- mos ver com esta dupla classificagio para correlacionar os diferentes movimentos transcendetais e demonstrar os vinculos que uns tém com os outros. Bem sabemos que cada um éles pretende haver recebido seu ensinamento diretamente de Deus, e de todo coragio condena o resto, specialmnte se entre ésse resto se encontra alguém que lhe seja seme- Thante. Mas, o observador imparcial, conhecendo algo sébre as operagdes da mente humana, pode talvez estabelecer quais foram as fontes de inspiragio. Dizer isto nao 6 diminuir a mensagem que cada funda- dor de uma escola de pensamento tenha podido trazer a 61 humanidade. A obra de nenhum homem fica diminufda pelo fato de se mostrarem suas derivacées, porque nestes dias téda obra tem necessdriamente que ser derivada da histéria humana. Cada um de nés est&é em débito com seus prede- cessores, e sé o egoista ou o ignorante 6 capaz de des- conhecer isto. De acérdo com as clasisficagdes expostas, dirlamos que o Budismo e o Cristianismo seguem a Senda Mistica, con- juntamente com alguns movimentos secundérios, tais como a Ciéncia Crista e a multidao de seitas fornecidas pelo Névo Pensamento e outras escolas anélogas. Em troca, na Senda Oculta assinalariamos religides como o Hinduismo, o Cabalismo Judaico e mesmo certos movimen- tos derivados, como a Teosofia, a Alquimia e o Espiritismo. Esta classificagéo deve ser aceita apenas como um esfér- go para acelerar as coisas como exemplos, e nao como algo completo. Provavelmente muito poucas das religides citadas aceitaraéo sua inclusio em qualquer destas classificagdes, pois é uma peculiaridade das organizagdes inspiradas quererem ser consideradas como uma criagéo especial, se é que tal exista como milagrosa. Mas o observador imparcial e suas obras nfo podem deixar de consider4-las como outros tantos exemplares na histéria natural da mente humana. Com efeito, as iduias raizes de todos éstes movimentos nao siio originais, € podemos remontar até a sua procedéncia através de varios enunciados que tém sido feitos, desde a antiguidade mais remota, como a demonstrou a Sra. Blavatsky. (*) Estabelecida nossa divisio prim4ria, yejamos se podemos enunciar uma classificagio ulterior que nos permita compre- ender as diferentes tendéncias destas Sendas distintas. No Misticismo, cujo método se baseia mais no sentimento do que no conhecimento, podemos facilmente descobrir duas grandes divisdes: os Misticos Naturais ¢ os Misticos Espiri- tuais. Aos primeiros poderfamos denominar muito adequada- damente Panteistas, porque éles véem a manifestagdo de @)” Alids, JA disse o Eclesiastes 1:9: Nada hé de névo debatro do Sol”. (N. da T.) 62 Deus na Natureza e buscam a unifo com Deus volvendo a Natureza. A éste grupo pertenciam os antigos que busca- vam sua identificagio mediante rituais, liturgias e invocagdes das férgas da Natureza. E entre os modernos podemos in- cluir_pensadores tais como Walt Whitman e Algernon Black- wood. Os Panteistas podemos dividir, por sua vez, entre os que pertencem As Escolas da Beleza ou do Poder. A Escola da Beleza, da qual Walt Whitman é um exem- plo, pée-se em contato com a Natureza por amor a sua bele- za e nunca emprega ritual. A Escola do Poder cujos pontos de vista se encontram muito bem expressos nas obras de Algernon Blackwood, trata de participar das férgas natu- rais e, invariavelmente, utilizam alguma forma de ritual — empregando esta palavra num sentido mais amplo, como agdes simbélicas — para conseguir seus fins. A Escola Religiosa do Misticismo busca seu Deus fora da Natureza e deseja conhecé-Lo diretamente, de primeira mao, por assim dizer, e desdenha téda outra expresso secun- daria como idolatria. Esta escola pode também ser’ subdi- vidida na Senda do Servigo e Senda da Contemplacao. O Exército de Salvagao se encontra na Senda do Servigo, e a Ordem dos Carmelitas na Senda da Contemplagio. O movimento denominado Ciéncia Crista, ao qual j& nos referimos em relagéo ao Misticismo, é muito dificil de ser classificado 4 primeira vista, porque realiza 0 servigo mediante a contemplagéo, e além disto possui muito de prd- ticas ocultas e até de principios ocultos. No entanto, pode- mos coloc4-lo diretamente na Senda do. Servigo, porque 6 essencialmente um caminho de redengdo por meio das obras. PLANO BASICO DO ILUMINISMO — II O QUE DISTINGUE 0 Ocultismo do Mis- ticismo é que o primeiro nao faz nenhuma tentativa para se aproximar direta ou indiretamente de sua meta, porém pro- cura estabelecer um caminho graduado até a Unido Divina, que reconhece, tal qual o Mistico, como sendo a meta final la Evolugao. Trabalhando déste ponto de vista, nao condena nem des- denha as condigdes materiais nas quais nos encontramos, e sim, aceita-as como parte da disciplina animica e comega a estudé-las, primeiramente com o objetivo de harmonizar a alma com 0 seu méio circundante, e em segundo lugar, com © objetivo de exercer certo dominio ou influéncia modifica- dora sébre. ésse mesmo meio. Poder-se-4 alegar que o que antecede é um conselho de perfeigfio, porém que os que os ocultistas buscam é o conhe- cimento e o poder por si mesmos, e no com motivos supe- tiores ao de poder manejar seu meio em seu préprio bene- ficio, sem tratar de transcendé-lo. E isto é, inegavelmente, certo no tocante a muitos estudantes das Artes Ocultas; po- rém, uma profissto qualquer nfo pode ser julgada pelo uso que dela facam os membros indignos e imorais. melhor econsiderarmos o que é o Ocultismo nas maos de seus mais meritérios exponentes. O objetivo de tédas as iniciagées ocultas bem entendi- das é conduzir a mente Box um caminho gradativo A com- Preensfo cada vez mais clara e pura da verdade espiritual; 3 . 65 e isto deve ser feito tanto mais ripidamente quanto o per- mita a consciéncia. E impossivel arrancar o homem comum de seu estado mental ordindrio e levé-lo aos mais altos niveis da orag&o ou da consciéncia mistica; mas j4 6 bastante fazé- lo ou orient4-lo por etapas através de sucessivas interpreta- g6es de um sistema simbélico, de modo que alcance a devida compreensio e realizagao. E isto o que uma iniciac&o oculta deve cuidar de fazer, e de nada serviria se se detivesse numa etapa intermedidria da Senda e declarasse que ali se encon- trava o Ultimo enunciado da Verdade, porque a Verdade jamais poder4 ser enunciada em sua forma final. Por ultimo, a Senda Oculta termina forgosamente na Meta Mistica, nado tem fim por si mesma; mas, como 0 ca- minho mistico é muito empinado e direto, 0 do Ocultismo é um tanto tortuoso, por contraste, porém esté graduado e a ascenséo é mais suave. Também seria muito duvidoso de- cidir se, no estado atual da Evolugao, seria possivel e justi- ficavel abandonar por completo a humanidade em seus pré- pis problemas e caminhar diretamente até o Cume da isio. Depois de tudo, o ocultista permanece em contato com as colinas mais baixas, subindo e descendo pela Escada de Jacé do psiquismo e emprestando sua companhia aos demais irmaos jornada. Uma vez dito e feito tudo, porém, a escolha da Senda Mistica ou Oculta depende do temperamento individual. Como bem diz um antigo ditado: so necessdrias pessoas de tédas as classes para fazer um mundo, e sem dtivida alguma, um mundo que se compusesse exclusivamente de um sé tipo, nao daria nenhum resultado. Portanto, nao podemos contri- buir para a antiga disputa entre ocultistas e m{sticos, a nfo ser com a mera sugestéo de que ambos tém seu lugar assi- nalado no Plano de Deus. Dissemos tudo isto com a esperanga de justificar o ocul- tista em sua negativa de abandonar suas veredas para seguir imediatamente 0 Caminho Mistico, e de mostrar que esta negativa nfo é conseqiiéncia de perversidade alguma de sua arte, senio que, pelo contrério, tendo visto o superior, deli- radamente o abandona pelo inferior. E éste sacrificio pode ser o resultado de uma necessidade natural, pelo que aremos uma andlise mais detalhada do préprio Ocultismo. © ocultismo pode ser classificado em trés divisées pri- 1 — Sintonizagio com a Lei Césmica mediante a com- preensdo devida. 2 — Ajuste das discordancias por meio do emprégo de- vido ‘dos podéres proporcionados pelo conhecimento. 3 — Purificagaéo da alma mediante as boas obras em todos os planos. Estas trés coisas petrencem indiscutivelmente ao Univer- so Fenomenal. Nao ha nelas nada intrinsecamente espiritual, embora constituam os trés primeiros degraus que conduzem a escada que leva diretamente as alturas espirituais. Pode- ria perguntar-se se os que numa dada encarnago experi- menta a senda direta do misticismo, nfo passaram por essas trés etapas numa encarnacio anterior. Por “compreenséo devida” se. entendem os diversos as- pectos de estudos esotéricos, que formam parte da tedérica do Ocultismo. Sem esta base na teoria e filosofia desta ma- téria, téda tentativa de aplicagdo pratica seria um verda- deiro jégo de azar. No que toca 4 parte teérica, o estudo principal deve ser o da Cosmogonia. A menos que a alma compreenda ade- quadamente a esfera em que evoluciona, nao pode absoluta- mente iniciar a marcha na Grande Obra. Este estudo deve dividir-se imediatamente em duas classificagées ulteriores: 0 es- tudo do Noumenal e o estudo do Fenomenal, ou em outras palavras, o Cosmos e o Universo. Nao podemos ir além no concernente a estas classificagdes, neste livro, porém os que es- tio familiarizados com os aspectos mais profundos desta ;matérja compreenderdo todo seu significado. Este estudo apresenta dois aspectos: o descritivo e o classificatério, assim como o tragado do curso da Evolugio. _Em outras palavras, temos que enfrentar 0 estudo de seus aspectos estaticos e dindmicos; temos que ter uma clara vi- sio da manifestagdo até onde chegou a Evolugio atualmen- te, e devemos igualmente ter a visio de um panorama do curso seguido no passado e que prosseguiré no futuro até . chegar & sua fase final. 67 Também nos é indispensdvel termos uma compreensio clara e detalhada da natureza do ser humano, tendo pre- sente que © ocultista nfo costuma fazer distingfoa entre a alma e 0 corpo, considerando-os demasiado interpenetra- dos mituamente para que essa distingo seja possfvel. Por- tanto, éle estuda ambos ‘sob o titulo genérico de psicologia esotérica. Este estudo se divide em seguida em dois ramos: 0 dos estados normais da consciéncia e o dos estados patolé- icos, bem como os seus resultados naturais, que sao os esta- ae psiquicos e a terapéutica psico-estética. De todos éstes estudos teéricos vio surgindo natural- mente as aplicagées praticas, e do estudo da Cosmogonia Oculta surgem também dois aspectos muito importantes das Artes Ocultas: o Sistema de Correspondéncia e a Magia Ritual. Esta forma de estudos, conhecida como o Sistema de Cor- respondéncias, tem sido objeto de muitissimos abusos e mal- -entendidos, como acontece com tédas as coisas ocultas. Foi confundido com a Doutrina das Assinaturas, que é profun- damente confusa. A Doutrina das Assinaturas declara que h& analogia entre diferentes coisas desde que tenham alguma se- melhanga superficial. Por exemplo, as infusdes de plantas cujas félhas tenham a forma de rins, devem ser considera- das boas para éstes érgéos. O Sistema de Correspondéncias, bem compreendido, difere muito de tudo isto. Est4 basea- do na doutrina de que o visfvel néo é nada mais do que a sombra do invisivel, e entéo cuida de descobrir o que é que est4 projetando uma sombra especifica. Em outras palavras, a Citnela Esotérica sustenta que a matéria se levanta sébre uma armagio espiritual; que é o espirito o que. d4 origem a matéria e nfo a matéria ao espirito, e com ‘base nesta_hi- pétese, procura descobrir que fator espiritual originou 0 obje- to material em particular que se tenha em observagéo.” Em outras palavras, procura descobrir as relagdes que, ex hipothesi, existe entre o vis{vel ee'o invisivel. Além disso, sustenta que a raiz de muitas manifes' materiais pode encontrar-se num tnico principio espiritual, e que, por conseguinte, elas devem estar correlacionadas entre si, Finalmente, a Doutrina das Correspondéncias, en- 68 ‘fendida filosdficamente, implica que devem existir estados mentais e astrais déste principio espiritual em sua descida para a matéria, assim como congéneres mentais e astrais de suas manifestagdes, e que sétes ultimos atuam e reatuam entre si, influenciando profundamente as condigdes materiais _ as quais estio vinculadas. Um Sistema de Correspondéncia consiste, portanto, no conhecimento das afinidades astrais, mentais e espirituais de qualquer objeto que se encontre no Mundo Material. De se- melhante conhecimento se obtém imediatamente resultados praticos, porque se podem discernir as relagdes e reagdes dos planos sutis do sistema, e entéo também se compreenderfio as relagdes e reagdes existentes entre suas contrapartes fisicas. O estudo das correspondéncias constitui, portanto, a ba- ~ se da adivinhacéo. Em realidade, a adivinhacio nao é mais que diagnéstico e prognéstico césmicos; nela nada existe de milagroso, como ndo existe a profecia de morte r4pida por extenuagio, depois de haver-se utilizado 0 estetoscépio. Os ; dados utilizados, de que antes careciam os sentidos corpo- eB rais, e as deducées tiradas daqueles, séo os que permitem : obter conclusées, j4 bseadas na luz da experiéncia. Por exemplo, os prognésticos — ou conjecturas — da ; Astrologia se baseiam nas correspondéncias conhecidas entre ‘os planétas (cada um dos quais est4 associado com o desen- yolyimento de certas fases da Evolugéo) e os aspectos do Arganismo humano que esto em correspondéncia com essas “fases. Igualmente, o sistema adivinhatério dos Tarots baseia- E'-se nas correspondéncias deliberadamente desenhadas nas cartas do Tarot, com os varios fatéres e férgas psiquicas e ‘césmicas. O homem, porém, nao se contenta meramente com com- weender e prever; também deseja pér em pratica extensos -eonhecimentos, e com éste fim, tém sido elaborados intimeros Smétodos com os quais, utilizando o Sistema de eae éncias, se pode fazer atuar certas influéncias sObre os fat6- Ses causadores da cadeia de manifestagdes. Todo ritual, as- m como todo simbolismo, objetiva produzir um jégo artifi- de correspondéncias com o fator espiritual-astral que a operar, e aplicando a éstes simbolos o poder da von- 69 tade fortalecida, pode-se atuar sébre seus aspectos mais sutis, modificando assim sua ago ‘causativa. Ademais, a Magia se divive em Branca e Negra, apesar das cedicas negagées de que possa existir alguma magia boa. A Magia Branca trata de reforgar e concentrar os pro- cessos da Evolugéo e da redengio, enquanto que a Magia. Negra procura empregar os mesmos podéres para manipular as causas com fins egoistas e sem se preocupar com a Lei Césmica. A diferenga entre ambas é a mesma que existe entre a arte da medicina e a arte dos fabricantes de bebidas alcodlcas e outros téxicos. A magia ritual pode ser definida como a ciéncia da terapéutica nos planos sutis. E verdade que o emprégo da terapéutica sem a higiene nao é saudavel, e a higiene nos planos sutis 6 a Etica. Dai o érro de muitos ocutlistas ao aplicarem a poderosa ago da magia sem uti- lizar simultaneamente as medidas higiénicas que implicam na mais estrita ética. No entanto, se se empregar devidamente o -potentissimo medicamento que constitui a magia, pode-se fazer pelo in- dividuo e pela sociedade aquilo que nada poderia executar tao r4pida e efetivamente, porque pode romper o circulo vicioso da infece%o psiquica, que se nao fésse por ela, teria que ficar a arte do lento processo do tempo. A dife- renga existente entre a magia e a meditagio 6 a mesma que pode existir entre as drogas e a dieta: as medicinas po- em conseguir rapidamente o que a dieta s6 conseguiria mui- to lentamente, e nos casos agudos, nao é possivel esperar 0s lentos resultados da dieta, e temos de lancar mao dos me- dicamentos ou nada. No entanto, as medicinas nfo podem substituir o regime dietético curador, e embora a magia con- siga resultados r4pidos e potentes, sdmente por meio de justa e certa compreensio e da mais estrita moral 6 que pode manter a posigio conquistada. A Magia Negra difere da Branca nao tanto pelos méto- dos que emprega como da fonte donde extrai seus podéres. A Magia Branca cuida sempre de ascender e extrair seu poder das esferas superiores, enquanto que a Magia Negra retrograda até certas fases da Evolugao j& superadas e volta a pér em liberdade energias que j& tinham sido equilibradas 70 ; @ deixadas em forma estética, £ como. se se pusesse nova- mente em liberdade 0 Alcali e o Acido cdustico que jA en- fraram a formar uma base neutra. No Ocultismo Negro sem- pre se produz a destruigio de uma forma organica em tipos de energias inferiores, e os elementos empregados com éste propésito sfo o sexo e 0 sangue, Naturalmente, nfo é dese- javel entrar nesta obra em detalhes déstes sistemas. Além disso, da utilizagio destas duas fontes de energias sutis o mago negro faz uso das evocagées de espiritos com 0s quais pode fazer algum pacto, Estes espiritos podem ser as inocentes fércas naturais dos elementos, ou sejam, os es- piritos da Natureza, que éle pode utilizar com fins mais ou *, Menos tolos ou malignos; podem ser também essas malignas imagens que h&4 no coragio do ser humano, os espiritos mal- vados da Esfera Terrestre, ou podem proceder do excessd de forgas nfo equilibradas que emanaram durante os pri- mitivos processos da Evolucao e que constituiram a matéria- -prima para essas formas de existéncia que os cabalistas co- como “Cliphoth”, Além disso, 0 mago negro se vale do poder de certas drogas para produzir a clarividéncia, porém nao desejamos tratar déste assunto aqui, pois j4 o fizemos em outra obra: Qeultismo Sao. PLANO BASICO DO ILUMINISMO — III Cons resultado de seu adestramen- to, 0 Iniciado deve ter desenvolvido certos podéres definidos @ se nfo os desenvolve, hé de reconhecer que sua preparagio fracassou em seu propésito. Realmente estas escolas de ocul- g- tismo nos impacientam, pois declaram que sdéo puramente E éticas e especulativas, e que qualquer tentativa que se faga para aplicar praticamente seus ensinamentos é mau e peri- goso. Nao é sem razfo supor-se que nfo podem transmitir certos segredos aquéles que nfo os possuem. Consideremos 0 que o estudante tem direito a esperar como resultado de sua preparagio, sempre que tenha feito o que se the exigiu. Os resultados prdticos do estudo da Ciéncia Oculta po- E dem ser divididos em duas classes: a arte da clarividéncia: - a visio; e a arte do mago: o poder. O ocultista devidamente &.. adestrado deve poder ver e agir ao mesmo tempo nos Mun- E dos Invisiveis. A clarividéncia do perfeito Adepto abrange muito mais do que simples percepgdo psfquica dos aspectos sutis de seu ambiente imediato. Inclui o poder de estender sua cons- ciéncia no tempo e no espago; de retornar pelo curso do B. tempo e voltar a viver novamente cenas e episédios j4 pas- E, sados, bem como o de projetar sua consciéncia aos lugares mais fF longinquos no presente e perceber claramente o que esteja f acontecendo ali, e se fér necessdrio, poder materializar uma 73 forma etérica de suficiente densidade para ser percebida, embora por aquéles que nfo sejam naturalmente ps{quicos. Na literatura das investigagdes psiquicas existem inumeré- veis casos déstes fantasmas dos vivos. O Adepto tem que ‘compreeader perfeitamente a arte de produzir éste fantasma, ou forma astro-etérica, e poder fazé-lo A vontade, Do poder do vidente de perceber o Invisivel, sobrevém, naturalmente, a possibilidade de ter certa camaradagem e cooperacéo com os moradores désses Mundos Invisiveis. Es- tas associagSes podem ser de duas classes. O clarividente Rode meramente encontrar-se, de passagem, com os habitantes lo Mundo Astral, o plano de Maya ou iluséo, ou -S€ em contato com Séres de um tipo muitissimo mais elevado e de maior poténcia. Uma das principais vantagens de ser iniciado numa das fraternidades que tenham uma longa linha de tradicao atrés de si, 6 0 fato de que muitas seréo as almas que terdo alcan- gado sua libertagao, mercé de sua disciplina, e que se encon- traréo trabalhando nos Mundos Internos, de maneira que os recém-iniciados podem pér-se em contato com éles imedia- tamente. Encontram-se, portanto, numa posigio muito dife- rente da do ps{quico que se aventura no Mundo Astral mercé apenas de seu psiquismo sem ajuda. Este Ultimo seria como uma pessoa que viesse viver numa grande cidade, sem trazer nenhuma carta de apresentacgdo para alguém; passaré muito tempo sem ter amizades valiosas, e aquéles com os quais se encontre momentdneamente, nfo seréo naturalmente os me- lhores, Para 0 ocultista, 6 da maior importancia o que éle pode chamar seus contatos. Estes contatos nfo se parecem com os “guias” dos espiritistas, embora a idéia possa ter algo de semelhanga. Os contatos nfo se fazem com os individuos, e sim, com ordens ou fraternidades. Por exemplo. pode-se es- tabelecer um contato com as Escolas Druidicas de Iniciagio que “existiram nas Ilhas Britdnicas nos tempos pré-histéricos, e com uma das Escolas Magicas nas montanhas do Jura nos tempos medievais. E o iniciado que -estabeleca éstes con- tatos, nado sémente estard em relagio com as almas daqueles que foram membros dessas escolas, senio igualmente com 74 Talvez um exemplo esclareca mais o assunto. Um ca- télico nfo roga aos. santos por éles mesmos, e sim, para que, mediante sua intervengSo, possa pér-se em contato com os ~podéres que se encontram atrés da Igreja Crista, isto é, com 0 Cristo, e, por Seu intermédio, com Deus, o Pai. Os mes- _ mos principios sio aplicados a todos os demais contatos ocultos, embora néo tendam a tdo elevadas fontes. Os contatos utilizados pelo iniciado so de duas clas- $s: com os Irmios Maiores e com séres de outras evolu- des. Os Irmfios Maiores sio Aquéles que estado livres da Roda de Nascimentos e Mortes e continuam sua evolugio nos Mundos Internos, nado tendo mais nada que aprender do Mundo Material. & a files que geralmente se d& o nome de Mestres, embora existam muitissimos tipos diferentes e graus distintos entre Eles, desde a Alma recém-liberta do corpo e que empreende sua tarefa como auxiliar invisivel, até 0 Logos Planetério ou Cristo dos Raios, porque algumas das Lojas Planetdrias estéo atualmente dirigidas pelos Senhores da :“Humanidade. ‘Os séres de outras evolugdes nfo devem ser considera- dos como deménios ou espiritos malignos, embora a Igreja ;tenha tratado de dar ‘esta impressio & humanidade. Sado espfritos cheios de aspiracdes, tal qual nés, porém que tém = outra forma de vida. Poderiamos comparar as diferentes evolugGes que se desenvolvem no nosso Sistema Solar aos = diferentes programas irradiados pelo éter. Todos os progra- »-faas utilizam o éter simulténeamente, porém nés sé obte- g mos aquéle com o qual temos sintonizado nosso receptor. Se por qualquer causa interferem trechos de outros progra- ‘mas, isto nos aborrece muito e dizemos que houve interfe- “réncias. O mesmo acontece com nossos contatos com outras evo- _ ‘lugdes diferentes da nossa. A recepgio acidental por. nossa f.censciéncia de sas vibragées, constitui uma interferéncia ps{- quica, mas o Adepto pode [pericitamente alterar a tempera- tara de seu receptor menta] e “captar” assim o Reino Dé- co ou Angélico, O segundo aspecto da obra do iniciado se refere ao tra- balho do mago, ou seja, o Poder. As vézes 6 chamado o as- pecto cerimonial, porque séo empregadas certas férmulas para realizar seus fins. Estas férmulas séo empregadas da mesma forma que o artista emprega suas ferramentas para melhorar e reforcar sua habilidade manual. Todos os trabalhos de magia poderiam ser realizados tedricamente pelo simples poder da mente, sem o emprégo de nenhum ritual, porém, na pratica, isso equivaleria ao artista uma est4tua com suas mos nuas. O ser humano é um ani- mal que usa ferramentas, mesmo no Mundo Astral. A Magia pode ser definida como 0 uso de alguma for- ma cerimonial, que vai desde o simples mantram ou en- canto até os mais bem trabalhados rituais dos que sao vivi- dos exemplos o Cerimonial da Missa e os empregados na Franco-magonaria. Estes so dois tipos representativos da magia, embora seus expoentes digam o contrario.. A Missa é um exemplo perfeito do ritual da Evocag&o, e as cerimé- nias magénicas, se sAo o que devem ser, constituem um ritual de iniciagio, como se pode ver mas obras de W. L. Wulmshurst, especialmente Magonic Initiation. ‘Téda a idéia da magia ritual consiste em pér-se em con- tacto com um Ser nos Mundos Internos, que ajudaré a ope- ragéo que se efetua mediante a concentragdo de alguma fér- ga césmica de uma classe particular. Se tal ser é maligno, entéo a Missa seraé uma Missa Negra, ou a iniciaga’o ser& de uma Loja Negra, e o resultado seré um reforgamento do aspecto correspondente na natureza dos participantes. Se o Ser que se invoca é bom, o resultado ser4 uma intensifi- cagéo de Suas virtudes especiais nas almas daqueles que participam da ceriménia em que se comemora Sua Vida e Sua Morte. As palavras de Poder nos rituais sic os nomes dos Séres que os participantes consideram como o canal ou condutor do poder com o qual tratam de pér-se em contato. Além das palavras, empregam-se também sinais e movimentos simbélicos, tendo todos 0 objetivo de comemorar os_inci- dentes mais impressionantes ou tipicos da Vida do Mestre. Estes sinais logo se cristalizam em simbolos que represen- tam a crise dessa vida. Por exemplo, na Missa temos sem- pre a invocagéo do nome sagrado de Jesus, o Sinal da Cruz, que todo devoto cristio traca sébre sua testa e peito, e a prépria Cruz ou Crucifixo, os quais, uma vez consagrados, constituem um verdadeiro talismé. Os mesmos princ{pios se aplicam em téda a magia cerimonial, salvo quando sejam outros os espfritos invocados em cada caso. Se estas coisas devem ser feitas, 6 mera quest&o de opi- nifo, e os tinicos qualificados para da-la sdo os que ja. tive- ram experiéncia pr4tica prépria em magia cerimonial em mos de operadores competentes. A opiniio geral parece ser que os podéres assim manejados sao de elevadissima po- téncia e que no caso de ocorrer algum acidente, podem pro- duzir grandes estragos, da mesma maneira que 0 acidente provocado por um automével de grande poténcia é coisa ve, € SAO poucos os que sao capazes de guiar um auto ssa classe. Contudo, os grandes adiantamentos e conquis- tas realizadas na tragéo mecdnica e na fabricagio de moto- res, tém se realizado gracas as provas de velocidade feitas em Brooklands ou nas areias de Pendine, onde, em meio de condigdes cuidadosamente escolhidas, alguns homens espe- cialmente adestrados e preparados puderam estabelecer um névo recorde de velocidade. Com isto nfo queremos dizer que o auto de corrida de 600 H. P. se4a um vefculo adequado para se andar néle pela estrada; porém dizemos que sé gragas ao emprego déstes “autos de grande poténcia é que se tem adquirido o conheci- mento necessdrio, que logo pode ser utilizado por todos para ‘© progresso da mecfnica em geral. : Assim ocorre com os trabalhos de magia: para o ser humano que busca as coisas espirituais, acontece a mesma sedisa que ao auto de corrida para o motorista comum. E agora chegamos A incémoda questdo do transe. Difl- ¢ilmente se pode pegar um livro que contenha conselhos para aspirantes, sem deparar com admoestagdes das mais trias contra a possibilidade de se caix em transe, sem todavia ‘sada explicar em que consiste ésse transe. Uma das dificul- #dades enfrentadas pela Ciéncia Psiquica do Ocidente é a ; grande difusio que se tem feito dos métodos e sistemas orien- tais de desenvolvimento, que so absolutamente inadequados as condigées predominantes no Ocidente, As experiéncias baseadas no emprégo désses métodos fora de sua prépria esfera nfo sfo necessariamente boas para o uso dos métodos tradicionais da Magia Ocidental. De todos os autores que emitem conselhos tio solenes contra o transe, quantos adles jé tiveram experiéncia propria? Se a tivessem tido, saberiam que existem duas classes de transe: o negativo e o positivo. No transe negativo, a cons- ciéncia do operador fica em suspenso: fica detida como um centro morto, e é outra a entidade que opera nos terminais nervosos do veiculo fisico, mediante a sugestao telepatica 4 subconsciéncia. Nao importa que essa entidade esteja ou nado encarnada num corpo fisico, porque o processo 6 o mesmo. Este método esté certamente sujeito a téda a classe de abusos em mios de ignorantes e inescrupulosos, e nessas circunstancias sio muito justas tédas as coisas que déle se tenham dito. Porém, sempre subsiste o fato de que em mios puras e cuidadosas é empregado sem maus resultados, como © demonstram nas inumerAveis experiéncias realizadas nos centros espiritistas. E imitil querer negar uma experiéncia tio vasta e extensa como a que se encontra na literatura espiritista. O transe positivo é uma coisa muito diferente e todos os ocultistas o wsam extensamente. Cada vez que se em- preende uma jornada astral, cada vez que a alma funciona nos mundbos internos, 0 corpo fica sumido num profundo sono psiquico, que & muito diferente do sono comum. Mesmo nos momentos mais raépidos de visio, dos quais os estudantes da Ciéncia Espiritual tém, tarde ou cedo, alguma experién- cia, © mundo circundante desaparece da vista e a pessoa se esquece de tudo menos da visio que tem diante de si. Qualquer observador pode constatar que durante éstes bre. vissimos momentos tanto a respiracéo como o pulso mudam de ritmo, e o globo ocular fica fixo e os musculos rigidos. - Se isto nfo é transe, o que é? # E comum dizer-se em ocultismo ser isso o resultado -§ da simples tagarelice, e sem uma base na experiéncia. Costuma-se condenar o transe, e Portanto, as pessoas que 0 78 executam, raras vézes tém Dosages de admitir que 0 prati- cam, de médo de serem incluidas também nessa critica ge- «fal, porém sempre ficam crentes de que é impossivel atuar nos Planos Internos sem entrar em transe, porque, quando a consciéncia se retira do corpo fisico, éste fica necessariamen- te inconsciente. aa Experiment entrar em transe, a nao ser em condigdes .-adequadas e sob a diregio de um guia ou instrutor, é certa- g< mente perigoso. Aprender a sair do corpo é algo semelhante @ aprender a nadar. Nas primeiras ligées do aprendizado * da arte de natagio, o aspirante a nadador se afunda e afoga, e pode ter experiéncias muito desagraddveis. Mas o nada- dor j& conhecedor da natagéo encontra-se seguro, em qual- quer condigao que uma pessoa razodvel se considerasse apta para banhar-se, mas reconhecendo o fato de que a Agua nao é 0 seu elemento nativo. O mesmo acontece com 0 ocul- tista que est4 aprendendo a atuar nos Mundos Internos: en- quanto tiver o corpo fisico, nfo pode considerar que ésse Seja o seu elemento nativo, e também tem de estar disposto a reconhecer sinceramente suas limitagdes. Mas, assim como -.& pessoa que vai passear num barco deve saber nadar para 0 caso de que se produza algum acidente, assim, também, = todo aquéle que queira transformar-se num ocultista prdti- co deve saber como sair e como voltar por motivos se- melhantes. Encontrar-se sibitamente frente a outra forma de existéncia, sem saber como comportar-se com ela, é uma experiéncia terrivelmente ingrata, mesmo no caso em que nao exista razio alguma para alarmar-se. Finalmente, para sintetizar, diremos que o ocultista que se decide a empreender qualquer tarefa séria, com o obje- fivo por éle escolhido, tem que ser um psiquico, tem que ler realizar um transe e deve ter um bom conhecimento atico da magia cerimonial. Dizer outra coisa é afirmar f-aquilo que nao é verdade, porque a Ciéncia Oculta é muito mais do que um sistema de ética baseado na crenga de planos ‘suprafisicos de existéncia, dos Mestres e da reencarnagao. AS FONTES DO OCULTISMO Osoe supd6em os ocultistas encon- trar-se a fonte original da sua ciéncia? Quais séo seus clds- sicosP Quando se produziu a Idade de Ouro? A maioria das pessoas se surpreende ao saber que os ocultistas tomam a sério as doutrinas cientificas dos antigos, preocupando-se com os “humores” e petrechos utilizados na Alquimia. As pessoas ilustradas acrescentam que tédas estas coisas passa- ram de moda desde a época da Renascenga, “Para que mal- baratar seu tempo com tédas as superstigdes j4 obsoletas?”, dizem. O que leva o ocultista a buscar sua inspiragio num pas- F - passado remoto deve-se a que, quanto mais a gente se apro- . ximar da fonte, tanto maior ser4 a corrente. A sabedoria B dos iniciados nao esté formada tanto por um corpo de dou- , trinas acumuladas por investigagdes experimentais, em que } cada estudante transfere a seus sucessores os resulta- < dos de seus estudos; mas é, em grande parte, o produto ». de uma revelagao recebida das préprias fontes primordiais, = as quais a humanidade em geral nao tem normalmente acesso. Esta revelagio, uma vez recebida, vai sendo desenvolvida e aplicada, porém, em sua esséncia, é uma dadiva feita a hu- © manidade pelos Irmaos Maiores. Em primeiro lugar, 6 0 .. fruto acumulado de Evolugées anteriores; em segundo lugar, F constitui a obra levada a cabo pelos que estéo A testa da Evolugao; e em terceiro lugar, ésse conhecimento nos é tra- zido até nds através de planos de existéncia, os quais a cons- ciéncia humana nfo pode alcangar normalmente, 81 Com todos éstes varios elementos so tem constituido © corpo de doutrinas da Ciéncia Esotérica, a qual tem sido elaborada e adaptada as necessidades das diferentes ragas e tempos. Todos os seus princfpios fundamentais na Idade atual tém sido recebidos como “dddivas dos deuses”, e a humanidade nada mais tem feito do que buscar a maneira de pé-los em pratica e descobrir suas aplicacgdes. Para se compreender devidamente esta Sabedoria Tradicional, é pre- ciso que saibamos algo dos meios utilizados para se trazer sabedoria primordial 4 humanidade. Para uma férca poder manifestar-se nos planos da for- ma, tem que ser expressa por meio de uma forma; sem isso n&o pode haver manifestagao. O Cristo interno opera quan- do nos apercebemos, ainda que momenténeamente, o amor Rerfeito que faz que tédas as coisas sejam uma Unidade. To- lavia, para que a férca cristica possa operar na mente cole- tiva ou de uma comunidade, é nevessirio que se produza uma realizacdo igualmente coletiva da natureza dessa forga. E por isso que temos os Cristos dos Raios, e nao apenas uma s6 manifestagio de uma férga impessoal para o Uni- verso e téda a Evolucio. Cada Raio manifesta sua férca numa fase da Evolu- gGo, e os aspectos positivo e negativo dos Raios sio os Dias e Noites menores de Bramé. A Sabedoria Secreta nos diz que os Raios ~vao entrando em ag&o por turno, como se fés- sem Raios emitidos por uma Unica Luz, sendo a precessio dos Equinécios 0 relégio césmico que assinala sua aurora e seu poente. Cada Raio desenvolve uma fase da Evolucio, e cada Evolucao recapitula a obra de suas antecessoras antes de comegar a sua prépria obra. Com o objetivo de acelerar esta tarefa, certas entidades conhecidas na tradig&o secreta como os “portadores da semente”, trazem os frutos da Evo- lug&o precedente. As entidades de cada onda de vida, uma™ vez que tenha alcancado o seu equilibrio, estabilizam-se como sistemas coordenados de reagio: os Senhores da Chama~; so os precursores dos Devas dos Elementos; os Senhores: da Forma vao desde os Elementais Construtores até as Cons: ciéncias Geometrizantes que “guiavam a Arcturus e seus 3 filhos”; e os Senhores da Mente sfo as leis da Biologia. 82 Qs porta-germes que chegam no comégo de cada onda le vida, provém da Evolugao imediatamente precedente, porém, como os Raios representam atividades subciclicas, que nao recapitulam, senio que manifestam um aspecto especial, 0s porta-germes que vao aos Raios provém da anterior onda de vida que t correspondéncia com a obra que deéva ser executada nesta fase particular da evolugio sob o dito Raio, Estes porta-germes sfo conhecidos na tradigiio como os deuses da cultura, e 6 de notar-se 0 fato de que cada uma das antigas ragas tem a tradigo de um progenitor divino, ou de um imperador-sacerdote, que Ihe deu sua cultura. Este Imperador-Sacerdote, que 6 uma Alma Perfeita na Evolugio anterior, 6 incomensuravelmente superior as cons- ciéncias rudimentares que éle vem governar e dirigir, porque, tendo terminado Sua prépria Evolugio, é um dos do Mundo de Deus, e a intuigio, ao reconhecé-lo assim, invaridvelmente © tratava como uma Divindade, porque realmente a Divin- dade se manifestava por seu intermédio. E éste Ser quem implanta na alma coletiva da raga evolucionante as idéias arquetfpicas que constituem as ‘faculdades, sendo um pro- E cesso andlogo ao que cada individuo realiza ao transmitir os frutos de sua evolugéo a cada personalidade sucessiva em que vai se manifestando. A civilizagdo assim iniciada vai seguindo seu curso até o nadir de sua evolugao material, ou seja, o ponto mais distanciado de Deus, metafdricamente fa- Jando. Neste ponto, tem que dar volta e comecar a subi- da-sébre o arco evolutivo, e 6 aqui onde o Logos Planetério ou Cristo do Raio se manifesta no Mundo Fisico, Antes de seu advento, o Raio 6 uma emanagéo da Vida Divina governada pelas leis evolucionadas nas Evolugdes recedentes, mas entéo o Logos Planetdrio diz: “Uma nova i vos dou.” A missiéo do Logos Planetério ao encarnar-se como ser humano, é dupla. Seu aspecto exotérico é o de viver a vida ‘humana arquetipica (ou seja, a vida de todos os séres hu- “manos pertencentes a éste raio viverio quando tiverem al- eancado a perfeicio), imprimindo assim na mente coletiva ideal ou padrio de vida e de ag&o. Desta maneira, Ele io & sémente o “Deus Perfeito”, e, sim, a Divindade ma- stada € ao mesmo tempo o “Homem Perfeito” ou arqué- 83 tipo ideal da humanidade para essa fase da Evolugdo e o que Ele é durante Sua breve manifestagSo terrestre, deverio ser todos os séres humanos quando “se tornam perfeitos como perfeito é o Pai que est4 no céu”. Os Cristos dos Raios sempre se manifestam no plano fisico durante os subciclos do Raio ao qual correspondem em numero e em cér com o préprio Raio. Assim, pois, no quarto subciclo do Raio Verde, na quarta sub-raga raiz da- quarta raga raiz, foi quando o Manu Narada fundou o Tem- plo do Sol na Cidade das Portas de Ouro da perdida Atlan- tida. O Manu Narada era um Senhor da Mente, porque os Atlantes estavam justamente evoluindo a mente consciente. Foi da mesma maneira que os ideais arquetipicos tra- zidos pelo Manu Melquisedek, que era um Senhor da For- ma, pertencendo a esta escola as mais antigas iniciagdes de nossa raga atual, de que se pode ter noticia. Por ésse mo- tivo, ao maior de seus Iniciados se chama “Sumo Sacerdote da Ordem de Melquisedek”, designando assim sua genealo- gia espiritual procedente dessa iniciagéo primordial. Entre outras coisas, 0 Manu Melquisedek trouxe ao seu Povo o trigo e as abelhas, como 0 indicam os seus simbolos nos Mistérios. O trigo é 0 b&culo da vida de Seus povos e é curioso notar-se que os consumidores do trigo sao geral- mente cristios, e que onde nfo cresce o trigo também nao se difunde o Cristianismo. . Pois bem, o alcool, diga-se o que se quiser de seus abu- sos, era o equivalente ocidental do sumo chamado Soma, o meio pelo qual se conseguia que o cérebro respondesse as vibragdes da mente abstrata, que é 0 objetivo a ser desen- volvido por esta raga raiz, assim como os Atlantes tiveram que desenvolver a mentalidade concreta que nos legaram. A ebriedade é realmente Magia Negra, o uso de conhecimen- tos ocultos para fins pessoais, que é o mal caracteristico da Europa. O que o 4lcool tem sido para esta sub-raga sé-lo-4 o conhecimento das glandulas endégenas para a préxima sub-raga. Este conhecimento féra por muito tempo o segré- do dos iniciados, e é o que constitui a base dos sistemas iogues de respiragio, porém a ciéncia exotérica est4 agora + descobrindo verdades por sua prépria conta e nelas esté contido o germe de sua prépria destruigao. Nao se deve, porém, acreditar que o Manu de um Raio atue como Rei € Sacerdote no principio, e o Logos Planeté- rio.de um Raio como seu Cristo no subciclo que correspon- da por seu numero ao numero do Raio, fique a humanidade sem guia um sé instante. Cada subciclo de um Raio, cada sub-raca da humanidade tem seu Grande Ser, mas éstes nao séo do grau do Logos Planetdrio, que sfo a humanidade + aperfeigoada de Evolugées anteriores, mas, sim, séo da hu- manidade aperfeigoada da sub-raga imediatamente prece- dente, que em nimero corresponde ao subciclo do Raio em que se esteja trabalhando. Estas entidades devem ser dis- tinguidas dos verdadeiros Logos Planetarios pelo fato de que todos os Cristos se manifestam sempre mediante um Nasci- mento Virginal, e morrem em Sacriffcio, e em tudo isto se oculta um profundo segrédo. Razoavelmente se poderia perguntar: como se poderiam comprovar tédas essas afirmagdesP A ninguém que tenha de- esenvolvido devidamente sua consciéncia racional, se lhe pode ir justificadamente que aceite estas afirmagdes por a £6, e que, forcado pelas leis da sua prépria natureza, deseje pedir provas. A prova de todos éstes fatos se encon- tra na Lei das Correspondéncias: “Como é em cima, é em- baixo”. O que é verdade no microcosmos, 0 homem, é ver- dade no Macrocosmos, e o que é certo em relagéo ao homem o é também para a ameba, e o que é verdade para a ameba, - 0 6 para o Macrocosmos, Se as descobertas de um psiquico nao se enquadram dentro do Sistema Césmico, entéo nfo sao exatas. Por conseguinte, o psiquico que nfo é ainda inicia- do, encontra-se em grande desvantagem, porque nao pode comparar suas medidas com as da Grande Pirdmide. ‘ Nas Leis Césmicas nao hd excegio, nem tampouco nos sistemas das diferentes escolas h4 variagio, se so compreen- _ didas com téda a pureza, e nao custard grande trabalho o comprovar que o bosquejo que tragamos nas paginas pre- eedentes, embora proceda da Tradigio Ocidental, nao esté absolutamente em conflito com o sistema delineado pela Sra. Blavatsky em sua Doutrina Secreta, que ela recebeu da Tra- digo Oriental. 85 FONTES DA TRADICAO CRISTA ESOTERICA 4 O. DIFERENTES pantedes dos gran- E- des credos césmicos — egipcio, grego ou cristéo — representam sistemas de simbologias em que se tém encerrado as ver- dades abstratas ensinadas por seus fundadores, os filhos de Deus. O Cristianismo. é 0 sistema mais abstrato de todos, e é também o que menos tem sido antropomorfizado entre os de- mais, pois mesmo 0 culto da Virgem Maria, Stela Maris, a Rainha dos Céus, lhe foi introduzido sé nos ultimos tempos. Por conseguinte, no Cristianismo podemos ver uma repre- sentago da Verdade Unica em forma muito espiritual, e para poder capt4-la é preciso uma intuig&o espiritual muito de- senvolvida, Portanto, onde nao existe intuigéo, o Cristianis- mo nao produz atragéo alguma, por nfo possuir interpreta- g6es intelectuais que sirvam de alimento A mentalidade con- creta. E& justamente af que reside a rebilidade do Cristianis- mo e sua falta de complemento. ‘ Os Grandes Fundadores de cada fé dao um ensinamento . spiritual e um impulso igualmente espiritual, sdmente. Sio as hierarquias sacerdotais que posteriormente elaboram a teo- logia e o cerimonial adequados. Os homens que constitufram o Cristianismo primitivo vieram de duas esferas diferentes: os “iniciados nos Mistérios e os no iniciados. Dos primeiros sio exemplos Sao Paulo e Sio Joao o divino. A influéncia da eparagiio que tenham recebido nos Mistérios percebemos De em suas obras. Sdo Paulo distingue entre as coisas jue se podem dizer abertamente a todos e as que sé se po- Seni mencionar vagamente para beneficio daqueles que fo- rem capazes de captar a alusio. Naturalmente, produziu-se uma grande rivalidade entre os dois tipos de Cristianismo, isto 6, entre os que haviam aceito os ensinos de Nosso Senhor sem nenhuma preparagao nos Mistérios e que deperidizan exclusivamente de sua in- tuigio e de suas boas obras, e os que j& estavam habitua- dos aos sistemas e A preparacaéo dos Mistérios, os quais tra- tavam de expressar as verdades do Cristianismo na lingua- fem da Filosofia Esotérica. O primeiro capitulo do Evange- 0 de Sao Joao é um excelente exemplo do processo, mercé do qual as pessoas altamente Preparadas nos conhecimentos misticos relacionavam os novos ensinos com os antigos que j4 Ihes eram familiares. Neste Evangelho podemos ver a influéncia das escolas de iniciagio gregas, enquanto que no Apocalipse vemos a influéncia do pensamento cabalista. As Escolas Agnésticas foram os Mistérios Cristios, esta- belecidos por iniciados de outras Escolas de Mistérios, que se haviam convertido ao Cristianismo e tratavam de cons- truir dentro da dispensag&o cristi os sistemas aos quais j& estavam habituados. Na luta assim travada entre as duas classes de cristios — os iniciados e os nao iniciados — os ultimos ganharam final- mente a batalha, e desde entio comecaram as perseguicdes € a ordem de se abolirem os Mistérios de Jesus. O elemento ortodoxo foi Jogo se desenvolvendo, como era inevitdvel, e algo assim como um sistema préprio de Mistérios foi criado com os chamados sacramentos, que nfo sfo mais que magia ritual pura e simples, como o reconhece uma autoridade de grande categoria que foi Evelyn Underhill. No entanto, com o desenvolvimento do sistema sacra- mental nao se produziu um desenvolvimento equivalente da interpretagZo metafisica, Chama-se de superstigao o em- prégo de formas ou férmulas cujo significado se_perdeu. Os sacramentos, em vez de ger um sistema simbélico dos Mistérios de Jesus, aproximaram-se perigosamente de uma va observancia em relagiio aos que os observam com su- - 88 icioso temor, em vez de compreenderem todo o seu sig- nificado psicolégico e' esotérico. Produziu-se, assim, uma espécie de abismo em nosso Cristianismo moderno, entre o misticismo de suas profun- das verdades espirituais e as ceriménias simbélicas e ma; de seu ritual. A tarefa das escolas modernas de Mistérios consiste precisamente em estender uma ponte sobre éste abismo. F possivel que algumas das tais escolas tivessem que reacender seus fogos em algum Altar Oriental, de ma- neira que a ponte que estio construindo nao leve aos con- tatos cristiios ocidentais. Aquéles de seus seguidores que buscam a iniciagio em vez de obter as revelagdes profun- das de seu proprio: credo, terfo que mudar de religido e se- guir outros Mestres. Como poderemos nés, os ocidentais, estender a ponte sdbre ésse abismo? Teremos que proceder como o fizeram os gnésticos originais, tratando de expressar em linguagem metaffsica dos Mistérios os ensinamentos do Senhor, crian- do, assim, uma Escola Crista Esotérica, que seja a de Ini- ciagéo no Ocidente. Os gndsticos tiraram sua inspirac&o de duas fontes principais: os Mistérios da Grécia e 0 misticis- mo de Israel, a Cabala, com a qual o SENOR estava, supde- -se, muito familiarizado. Sao essas as fontes onde podemos encontrar a interpretagio mental e mégica de nossa religiao, e que nos subministrarao as chaves perdidas. Os elementos que foram excluidos do Cristianismo de- vem ser substituidos se tivermos de transform4-la numa ver- dadeira Religiao da Sabedoria. Se nao conseguirmos que ela possa satisfazer tanto as necessidades intelectuais como as do coracio, os que necessitam alimento mais para o inte- lecto do que para 0 corag&o, iréo busc4-lo em outra parte e naio poderemos critic4-los. Analogamente, se nao se reconhece com téda a clareza a relagio existente entre o Ocultismo e a Religido, a Cién- cia Sagrada, privada de sua _inspiragéo espiritual, degenera rapidamente pela Senda da Esquerda. O Ocultismo devidamente compromndide é 0 servidor da Religido e nao constitui absolutamente um fim por 89 si, mesmo. -Sua obra consiste em trazer até o plano astral, pondo-as assim ao alcance de nossa consciéncia, as férgas espirituais que, sem as formulas concentradoras empregadas pelo Ocultismo; se dispersariam e se perderiam nas areias la mentalidade mortal. O Ocultismo é 0 método ‘por exce- léncia para manipular e trabalhar a mentalidade humana, e Se se emprega como auxiliar da Religiaio, leva influéncias espirituais as zonas tenebrosas, as quais seria imposs{vel aproximar-se de outra maneira qualquer. Por conseguinte, podemos dizer que em qualquer Escola de Misticismo Ocidental, o autor e complementador de nos- sa Fé tem que ser Jesus Cristo, o Grande Iniciador do Ocidente, € que em Seu Nome podemos fazer 0 que, sem protegio e sem santificagéo, nao nos atreverfamos a realizar. Tédas as rea- lizagdes do Ocultismo devem estar dedicadas ao servigo de Deus, pois do contrario nao hé justificagio possivel para se intrometer-se nos Mistérios da Natureza e provocar 0 nas- cimento das faculdades superiores antes de seu tempo. O mais alto grau de iniciagéo nada mais 6 do que uma crucifi- cagao para a salvagéo da raga humana, o sacrificio de si ‘mesmo para purgar o Carma Racial. Todos os que aspirem a Iniciagéo deve ter sempre bem presente que a recompensa que coroaré todos os seus esfor- gos, € uma Coroa de Espinhos. A menos que tenhamos um amor téo* grande pela humanidade, uma simpatia tao inten- sa pelos seus sofrimentos, que nao sé estejamos dispostos, mas ansiosos de aproveitar téda e qualquer oj i- dade para nos operecer em sacrificio pelos pecados da huma- nidade, nao h4 nenhum objetivo em pormos os pés na Senda da Iniciagio, porque sua meta ser& como pé e cinza para , 0 homem nfo regenerado. O objetivo e fim da Iniciagao nao sfio nem podéres mAgicos nem a sexperiéncias maravilhosas, e sim, meramente a aptiddo de oferecer um sacrificio acei- tdvel e efetivo para contribuir para a neutralizagio do Carma Césmico. Como ja temos visto, repetidas tentativas tém sido feitas para desenvolver o aspecto esotérico do Cristianismo. Nosso Senhor e alguns de seus disc{pulos imediatos estavam indis- cutivelmente versados na Cabala, e mutas influéncias gregas 90 F< e alexandrinas haviam afetado a maioria dos construtores da Igreja primitiva. Foram essas influéncias que se cristaliza- ram no aspecto Gnéstico do Cristianismo. Mais tarde se fi- zeram tentativas, sendo as trés mais notdveis, em primeiro lugar, a Escola de Iniciagio, que tinha por simbolismo o Graal e a T4vola Redonda, cuja inspiragdo procedia de fon- tes druidicas. . Esta escola desapareceu na desorganizagao geral da so- ciedade, produzida nos Séculos do Obscurantismo. Em se- gundo lugar, os Cavaleiros Templarios, enquanto lutavam con- tra os “infiéis” na Terra Santa, se puseram em contato com os tltimos sobreviventes da tradicdo secreta de Israel e re- ceberam a iniciagdo déles. Entao trouxeram para a Europa os segredos assim obtidos, dando-Ihes uma expressdo crista, e chegaram a ser uma organizacdo tao: poderosa na Euro que o Papa, temendo o seu poder espiritual, e um rei Ba Franga, temendo o seu poder temporal, fizeram causa co- mum contra éles. Em terceiro lugar, esté éste curioso movi- mento que se anunciou com a publicagéo da Fama Frater- nitatis, que tirou provavelmente sua inspiragao de fontes egipcias. Foi isto que deu nascimento 4 chamada Al Kheme, ou Alquimia, a Ciéncia dos egipcios. Para poder fazer um estudo adequado de cada uma des- tas fontes de inspiragao, necessitarfamos escrever outros tan- tos livros, porém o que j4 dissemos basta para indicar ao leitor onde pode encontrar as fontes-mies do Ocultismo Oci- dental e prosseguir seus estudos com mais proveito. O ALFABETO DOS MISTERIOS Tees os sistemas esotéricos possuem um sistema simbdlico de notagdes de seus respectivos en- sinamentos. Cada um dos simbolos empregados indica uma poténcia espiritual, e as idéias que se associam a éles indi- cam seu método de funcionamento, e suas inter-relagdes_re- presentam a interagdo dessas férgas. Se possufmos as chaves fe um sistema simbédlico qualquer, podemos facilmente en- f contrar suas equivaléncias em todos os demais, porque fun- . damentalmente sao todos iguais. Todos os deuses e deusas de uma pantedo, com uma sé _ excegao, representam fércas da Natureza e princ{pios espi- - rituais fundamentais, porque um é o reverso dp outro e vice- sversa. Este sistema de simbologia pode ser traduzido em térmos de cada um dos planos ou esferas do Universo mani- festado. No Mundo Fisico equivaleriam ao que, em térmos orientais, se denominam chakras (*) mundanos, isto é, os pontos no Mundo Fisico, em que o Invisivel se poe em con- tato com o Visfvel. Os diferentes tipos de férga tém distintos &. pontos de contato. : Estes estado representados pelo doze signos do Zodfaco, os sete planétas e os quatro elementos, e tém sua correspon- &;déncia sObre os diferentes planos de existéncia, com os dife- g:rentes graus da hierarquia celestial. O verdadeiro conheci- (*) Leia-se Os Chakras”, de C. W. Leadbeater, ed. Pensamento. 93 mento déles ¢ um dos. segredos melhor guardados dos Mis- térios, e jamais revelados no recinto externo. Estes simbolos odsmicos so, ademais, representados pe- las letras de uma lingua sagrada, que, na Tradigao Ociden- tal, é o hebreu. Com essas Ietras se formam todos os Nomes Sagrados e as Palavras de Poder, as quais sio simples férmu- las que resumem certas poténcias. E desta maneira se representa 0 Universo ao Iniciado, e ent&o éste pode descobrir as correlagdes entre as suas dis- tintas partes e ver que realidades invisiveis estio projetando suas sombras sébre 0 Mundo, como Maya ou Tlusio. Em- pregando éste principio, formam-se rituais qeu servem para por a alma do ser humano em contato com as poténcias re- presentadas, e preparam-se sistemas adivinhatérios que re- velam as combinagoes e os movimentos destas férgas invis{- veis. No devemos esquecer que a adivinhacdo consiste no discernimento do Invisivel, e é coisa muito distinta da chamada bem-aventuranga, com a qual teria a mesma rela- gao que a medicina cientifica com os especificos cura-tudo que sao vendidos nas feiras por uma ninharia. Ao falar dos pantedes dos deuses, fizemos notar que cada deus ou deusa representa .um principio espiritual ou uma férga da Natureza, com apenas uma excecio, o Deus Sa- crificado, que representa a alma do Iniciado, do qual é tam- bém o Grande Iniciador. O Pantesio pode ser encarado de dois Pontos de vista: © externo € o interno. Pode ser discernido na Natureza ou na alma humana. Em seu aspecto final, ambos s&o: um. E éste o objetivo do trabalho dos Mistérios, Nao existe o politeismo no sentido em que geralmente = se entende por essa palavra. Reconhece-se sempre um Pai dos’. "3 Deuses, que é a Causa Priméria do Universo, da qual ema- “: nam tédas as coisas. No entanto, podemos distinguir entre as religides que consideram Deus como artifice em vez de criador, e os que reconhecem uma delegacgao dessas fungdes em divindades inferiores. Até num credo rigidamente monotefsta como o Judafs- mo, reconhece-se que é inconcebivel a agéo direta de Deug em tédas as matérias, e assim temos o conceito das Ema- nagées Divinas ou o Sefiroth e suas manifestagSes nos quatro mundos dos cabalistas por meio das hostes angélicas. Nesta concepgao nao existe uma diferenga fundamental dos siste- mas egipcio e hindostAnico, salvo a de que os anjos das ma- nifestagdes sao distintamente reconhecidos como os servidores de Deus e nfo como Seus companheiros. Nao é dificil esta- belecer claramente as trés cosmogonias com o auxilio do sim- bolismo: astrolégico. © estudante dos Mistérios precisa, portanto, conhecer seu simbolismo césmico, tal como se expde nos pantedes, e ainda que adira a uma déstes sistemas como sua chave pré- pria, nfo é demais que se familiarize bem com os outros, porque cada um tem seu préprio desenvolvimento e apli- cacéo, e pode langar muita luz adicional sébre o sistema gue tenha escolhido para si. Por exemplo, a mais profun- la magia natural se encontra no sistema egipcio, ao passo jue as mais elevadas metafisicas tém de ser buscadas na dia. Se, porém, se deseja fazer aplicagdes prdticas de seus estados, o iniciado deve investigar a alma humana tanto quanto a natureza do Universo, e o progresso da alma atra- vés de suas iniciagdes estar4 simbolizado na biografia do Redentor que assinalou o caminho e que é para éle o Grande Mestre Iniciador. Néle encontraré uma epitome da carrei- ta da alma desde a consciéncia sensorial até a Unido Divina. A esséncia do Ocultismo reside na interagio entre os diferentes niveis da consciéncia e os correspondentes planos ‘de: manifestagéo. O psiquico é uma pessoa que funciona ne- gativamente nesta interag&o; reage com relacao as condigdes m as quais se pée em contato e mercé disso as percebe, porém nao tem nenhuma influéncia sébre elas, ou muito - Por sua vez, o Adepto percebe mas nao reage, e, portan- to, opera positivamente em suas relagdes com os mundos sutis, emitindo Sua influéncia prépria em vez de recebé-la e ser impregnado por ela. O mago distingue-se de ambos como uma pessoa que sabe como exercer sua influéncia nes- ses mundos sutis, embora nao possa percebé-lo, e, portanto, possa agir néles diretamente, ficando assim obrigado a de-

You might also like