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ramones {62002 by fadtions Nath VUE ais DA EDigho onciNaL: Socolgie de serait, publicado por Etons res. abled sob a tego de Frangols de Sialy. Dietor desta eito reservados a prora rev Pala de Botafogo, 190 — a andar Uiphh900 ~ Ro de ane, — Beas ele 800.777 21-2589 555, ma editorae fe. to ste: woreda gebe Iipresio no Bras / Pte neat “Tovon os dts reservados. reprodugtondo auteiada desta pbicaio, 0 todo ou em pute corel vlagzo o> eopyright (Le n® S93, (0s concetosemitidos rete Ihr #80 de intra rsponsblade co autor. 1 edigio — 2004 ‘CoonDeAneas On Ste: Cie Esler Pekot, Nara Luiza Hellborn, Mam Line de aros uvsko 4 TRAOUCAO: Nai abel Penna Buarque de Ame nsToracko eetnbvaca: FA Editor Eletrica Revishos Fatima Caron e Mauro Phto de Fats hon aspects usta or carn Andre Bethe 1: Epo de ets sobre» Fanta Contangrince ee Para Donation ¢ Plo ich catalopfica saborads pela betect Wain Hern Simorserv FO boron. Michal 84- clog de saan / Mehl Soar wadao Mari be ures Menenr Ro dare Era FV, 208, Trap — rama goose cer) Tradugt de: Socio dea sen Inc Boeri 1. exo — fapectos anropoéues. 2. Spo — Aspects scl tFardogto Geto ara Title Se, oo ~ 20147 11 | Conpwrmanos senate poteny dese, mirage «reacts inteclneis Tine entrelagamento de souhos amorosos, sexualidade e depen- Aincin material do homem que a fiancis umbém existe em outros contestos de tutismo sexual, como a Tailindia, onde igualmente & possivel encontrar mulheres sonhando com um easamento no exte~ rior, Em outros contexts cultuai, © em fangio de outros cenicios cnitcos, do as mulheres do hemisfério Norte © os homens do hemi fério Sul que estabelecem reagdes sexuais® “Todhs as rlagdes sexuaiscolocam em cena, 3 sua maiz, as rela- «Bes entre os grupos aos quaispertencem os indviduos, que els con- truer pars fixar. Mas a dominagio por si mesma nfo basta para criar uma religio sexual, Nio & possvel promover aproximasdes, descos , sobretudo, relacionamentes, mesmo temporiios, se nfo exsirem ‘enirio acciiveis para relages amoross/sexuais entre os ators, ainda que cles nio sejam necesariamente convesgentes, pap verKac e Widen, 1998 Parte Il — As construgées do desejo e do prazer Se nifo existssem rituais e representagdes da sexualidade, nem histrias que a encensisem, nio havera aividade sexual humana nem ‘laces sexunis, Para agirsexualmente, nZo basta 206 humanos apenat aprender 05 procedimentos: eles devem elaborar mentalmente aguilo {que fazem ou vio fazer, para asim thes ate um sentido, Na soci dades medieval ow clisica, em que a religio pretendia submeter 3 fame, tanto o finciomamento do corpo quanto 9 seu envolvimento fem relagSes extavam apoiados em tm mero limitado de siemagSes © situs socials, Nas sociedadesindividuaiaadas contemporiness, dese {js © reagdes necesitam improves pessoas e interpesous cada ver ‘mais complexas, construc 2 partir de experignciat vividis ou expe rimentadas pelos individaos e de representagdes cultursis dsponivs, Com 0 declinio do discurso religioso, s medicina © a psicologia sio cada ver mais utlizadas como supore de am nova normatividase, mais técnica, das conduts e fancionamentos sexs 7 Sociologia das representacées culturais da sexualidade Acustmente, a expreso cada ver mais sbert da sexvalidade na bite satura, 20 cinema € nos meios de comunicagso nio pode nasser ater pretaca como trangreso ou simples impubo de exibiionismo. A sua ‘maneira, la contiba para uma redefinigo dos sgnificados da sexual dee dos ceniios do deseo acs olhos de todos. A grande novidade & 0 fim da clindesinitade do erotsmo: representagbes explicias da sexual thud estio hoje presents, como tema principal ou motivo secundivo, tanto nis obra cleat mis letimae quanto nos proctor colts de ‘massa nko cbssicados como porogriies. Pouco a pouco esa dssemi- rigio recoloca em questo wn antagonismo que, durante culo, hava ‘etrutuado a apresentago da sexuadade, Tanto a vida qoanto nas obras ultras, as manifesapdes da sesualidade eram ordinaiamente ocultas cs poderiam ser eis ems obras “Teves, mas quando dts ou tos as expliciamence cabiam apenas em generos culsris epecisizados © menor, stuados bem abaixo na hierrgus teri ou arti Representacées antigas: pornografia, deniincia da devassidio e Aarte de amar ‘Durante a Antiguidade, a temiica sexual tava presente mis obras ‘mais diversas. A mitologia grega, por exemplo, representava deuses 1] Mhgeneeerine tei de vids amoroma desbrida, servindo de cultura comm aos homens da poca e também aos autores, que ali bebiam exemplos e temas (como Ovidio, entre outros). No século V 2.C., 0 gande deamarurgo rego Aristfines escrveu a comtédia Lisitura, que pode ser conside~ rads, de mancira evidentemente anacrOaica, pacfia e feminist at atenienses fariam uma greve de amor para obrigar seus maridos 4 conclu a paz, Escrta em linguagem crua e inventva, a obra encena de mancira concreta a excitagio sexual dos persomagens, apesar de 2 intriga no ter nela o seu miicleo. Mas, na Spoca de Avstéthnes, mesmo que esta obra contivese vitios elementos endtica, ela no fi chsitiesds como tal No decorrer da Antguidade, pouco + pouco, esrtos ¢ imagens cxéicas pasaram a defnir um género especiico e menor, muito bem teidusido pelo temo porograia, que designs etimologicamente “es- stitos sobre prostiutas e prosiuigio”, A obra do grego de origem sira Luciano, Dislogs das crests, no séeulo Il a.C., & urn dos primei- 10% eseritor "pomogriicos",® ands que ma lingagem nfo sja ver- dadeiramente crus. Na Gréeia, desde tempos mito antigar, era co- ‘urn represent ator sent nos objetos cotidianos. Em Roma, pintura fe repretentages erdicas se banslizaram como gnero menor: ests imagens nfo omamentavam apenas a casas de prostitio, mas, em Pompéia, por exeniplo, constituiam um elemento de devorigio co- ‘mum 205 quatos de dormie, de cera fora uma lembranga da fingS0 do lugar. [Na literatura romana, a denincia © a encenagio dit pervendes © da devasiio dos contemporineos constuiam, igusmente, um nerd e& pecilizado, caracteizado pela crueza e violencia ds inguagem. Os cepigramas de Crulo Gacedendo is suas enustas, portm casas elegis moro) e a stn de Juvenal © Marca pereguem, com complactncia, imoraidade e a impudielca: seus alvos prefrencss sto os homens que "patel, isin Foden er cote Alen, 195 Soca ds ene ‘nfo respeitam os Sigs sexunis a masculniade, Mais amplmente, & possvel dizer que 0 questionamento dos homens pablicos a pati de seas costumes sexuis & wm modo habinal de exten politica dee a Roma de Cicero, 0 onador, até a de Ticito,o hntorador. ‘Bem diferente e nica em seu ginero 6 A ate de amar, de Ovidio, {que apretentos, no primero século de nose er uma compilgio de conselhos aos amantes, homens e mulheres. Ovidio descreve of mo- rmentos ¢ 0s detlhes de um proceso de sedugio e de conquista, dee de 0 enconto até o amplexo amoroso, do ponto de vist tanto dos homens quanto das mulheres. Sua perspectiva nfo € bem 3 de um ‘monalita, mas de uim hedonise. que convida os smantes a gatar 0 empo para wsutiuir um 20 outro. O livro de Ovidio, que teri wma grande posteridade dussnte o Rensicimento e ainda além dele, deve ter pareeido um tanto dedocsdo aos seus contemporineos, na medida fem que recomendava comportamentos consideridos pelos romanos ouco virs © estigmatizados como "facos” (© Remscimento italiano, que reintroduriu o erotismo ma cnksra ocidental do século XVI, permanece inscrit, sob vir aspects, na linhagem da Antiguidie: a mas cflebre obra de Aretino (Lragionamenti, [As argumentagdes) coresponde a uma série de dillogos entre pros tas: © aparecimento do erotismo na arte italiana se fer a pare de represenrages dos amores de deuses greges ¢ romanos; e 0 escrito omnogrifico resparece sob a forma de pandletos, que denvaciam ow até mesmo fntaiam a vida sexual devasa dos papas, dos peincipes « de suas cores, © mesmo método seri utlzado quando dis toeas de scusagdes pomogrificas enue catélcos, luteranos ¢ ealvinists, por oct sifo da Reforma e da Contrs-Reforma Alibertinagem no século XVII paixao do desvelamento, separagio dos géneros, arte da seducéo "Tio importante quanto 2 cortesa medieval hava sido para a defi nielo de um cédigo do sentimento amoroso entre homem mulher, 1 |_Socag ds ernst ete 4 libersimgem fancess do século XVI sigaifcou uma ruptars mas representagSes © nos cédigos da sexualidade.”” Durante os séculos XVI e XVUL, 0 termo Kbertnagem sinha wm sentido duplo, na medida em que evocava tanto 0 livre pensamento (act mesmo o atelsmo e a impiedsde) quanta a busca pelo prizer ext tico, Na verdade, emt sua origem, a Hbertinagem corespondia & uma reivindicagio de pensar por si mesmo, sem o intemnédio da religif, tendo-se imposto 0 sentido bascamente hedonista do termo apenas ro século XVIIL No entanto, sida que sregéncia de Felipe de Onleans (1715.28) cenba mareado ot espisitospondo terme 8 longa order mol Ao fim do reinado de Luis XIV, a psisigem do ideoligicn para 0 erd- ico no foi ssim tio marcante eonforme se costar afrmar. De fia, © desejo de pensar por si mesmo se prolonga na paixto do desvela~ mento, cxseteriticn do Meminimo, 2 que esti fortemente asociada 4 Jibertinagem. Inémeros livros libertinos apresentam-se como Alasi- os (por exemplo, 2 Tews fd, de Boyer d'Argens, publicado em 1748), € os personagens do manqués de Sade tanto filsofim quanto langam desafios aos c&us, Invertamente, a pari do séeulo XVI, ot inimigos dos Hbertinos scussvam efter ikimor ao mesmo tempo de devas € impios. 8 liberimagem flosfic critica, com inssténcia, hhipoctist dis egras © ds convengdes sociais — come 0 costume de andar s ilhas para © convento durante a javentude ou a obrigagio da caste para os homens da Igreja Catélica —, sempre fazendo 0 clogio dos smtidos, das paixées e dos prateres, considerades maniles- tages da natureza ¢ da vontade divina ‘A libertinagem litera © antstica foi construida dentro de ums rensio que, durinte muito tempo, infuenciou areprsentagio da cots dha sexualdade. Os romances ibertins jf no aparecem mais centeados em relatos de prosiatas ou experiéncias de devasss; cles agora sio romances de inciagio ¢ formagio, que narrsms ab experéncias soo. "dn, 20 Lao, 200015 Dob, LXE CEN Sociags cs euslse ss de um jovem inesperiente ow de wma jover ign, Ambos fi em a descoberta do mundo ¢ das cost do amor, lbertando-se de todas as suas dvds © temores, adem de receber lgdes, poiivas ow ‘negaivis, ao final do liveo, No entanto, a Hibersinagem ests subdividi- sla em dois ramos, segundo a linguagem empregads pelos awtores. No stnero golunt, fili-se auavés de meias palaves © metifona. As etpas € abordagens do amor sio longamente descritas. Na pintura galante, Tonge de esuzem desnudos, os corpes esto “velados”, ou sea, envel- tos em véus, que t8m come eftito aquecer a imaginagio dos especta~ ores ¢ dos leitores, Ji no género obs slo empregadss as paavrs sis erst, especialmente pats a deterigdes do ato sexual, eilstadas 3 pponto de ocupar quase todo 0 espaco de certas obras. Além disso, sgavuas obscems, consgradas a represencagio dos aos sexunis, ainda parecer como ilutragSes de livros. O consite de Sade 205 libertinos fem A noo Justina & bem cate: “Lembri- pintae «nu e empregar todas as palvrastéeness, Dssimulai a vieade se quiterdes: mas que o crime caminhe sempre a descoberto”. No fetanto, a oporigia aparente entre gianteia elegant (0 “w6u") © ob cena pornogrifico (0 “crime") & amphamente fctci, Go force & a camplicidade entre as dus inguagens e 0s dois géneros. Foi o mesmo Sade que esceveu Os lafirinios da vituie, obr-prima de enfemizario violencia sexual, Jute, ou ot infrtinir da vnude, que coma 3 rcsma histria a maneiea mis explicit, Assim como entre os auto- es de gravuns galanes, dfunde-se a pritca da dupla ager, de acordo com ¢ piiblico-avo. ‘De maneies bastante concreta, & posvel amar que os géneros faance e obscene rivaizaram quanto & audécia¢ inecéncia, © que 0 v0 sempre suger mais do que ocultou: "o género Givolo © galane apela para 2 obscenidade como alusio de fundo, © mantém 0 sex jogo de exquiva, remivando incesiantemente esse escolho que pretende certar's" A poderossatragio do gnero galante diz sespeito sua ambi- ror de afstar of véus, de 120 | seca dt oer ca a sede sidade €& variedade de interretades que ele ata, como no eélebre ‘quadro de Fragonard, A aldrava, em que © espectdor tem todos os

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