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POLICIA SEGURANGA PUBLICA DIREGAO NACIONAL UNIDADE ORGANICA DE OPERAGOES E SEGURANCA DEPARTAMENTO DE INVESTIGACAO CRIMINAL PROCESSO DE COORDENAGAO CENTRALIZADA N¢ 03/2018 N/Ref.: 2657/NCIC/2018 Data: 21S€T2018 PARECER: Com corde Web ily acdsdaen 3 2 been! ties eel” a pe kee DESPACHO: ov lre Soba Cry a Se 4-te ~oK go. Aetna Conferuh © Diretor Nagional Adjunto ‘Manuel Augusto vagina da Silva Superintendentc-Chete 1- ENQUADRAMENTO- ‘Superintend 1. © Departamento de Investigagio Criminal da Direc Nacional (DIC/ON) monitoriza de forma permanente a evolucdo geral da criminalidade registada, que mais gravemente afeta o sentimento seguranca das populagdes e que, por conseguinte, reclama de uma resposta diferenciada por parte investigaco criminal. 2. Neste contexto, a anélise aos fendmenos criminais de ambito transregional ou transnacional, pela sua excepcional complexidade, assume particular relevancia, especialmente a associada a grupos criminosos de elevada itinerancia e mobilidade geogréfica, como os constituidos por suspeitos de origem georgiana que se dedicam a pratica de furtos em residéncias. 3. Estes individuos associam-se em grupos de dimensdo varidvel para, em conjugac3o de esforcos, praticarem furtos em residéncias, concretamente apartamentos, recorrendo normalmente 8 sua abertura através de gazuas, ou ao estroncamento do canhdo da fechadura da porta, para subtrairem do seu interior artigos de ourivesaria, relojoaria e joalharia, mediante um modus operandi muito especifico, caracteristico dos membros que integram a organizagio criminosa internacional Vor V Zakone - LadrSes em Lei, disseminada por toda a Europa. 4, Estes grupos caracterizam-se ainda pela elevada volatilidade e mobilidade geogréfica entre os paises ‘onde se encontram instalados, sendo que perante a minima intervencdo policial se reorganizam internamente, dispersando-se no imediato pelo territ6rio nacional, ou acabando mesmo por abandonar © pals, ou por integrar outras células operacionais, complexificando desta forma a sua perseguic3o e responsabilizago penal. 5. Releva ainda que os individuos pertenca desta organizagio criminosa, possuem, por via dos procedimentos legais vigentes no seu pais de origem, a possibilidade de alteraram os respetivos dados de identificacao, em concreto o nome e consequentemente toda a sua documentacio, criando assim dificuldades acrescidas na sua cabal identificagdo em territério nacional e europeu, sendo-Ihes ainda reconhecida pelas autoridades policiais nacionais e europeias a capacidade de obterem documentos falsos ostentando outras nacionalidades, a fim de evitarem ser identificados como cidadaos georgianos. Nick de Coodenosdo de Invesigaso Ctninal i otcuciraiencciaa nn MATOS Tan nmann — Eaedstpgt Ora Nena a? Pant ine EP ia do Agi Lires| 260-197 as | PORTUGAL hosicinagronapitca venep inet 6. Esta criminalidade, percetivel pelos furtos em residéncias, desenvolve-se a coberto de uma estrutura criminosa, hierarquicamente organizada, caracterizada pela divisio especifica de tarefas entre os seus membros, servindo-se de compatriotas radicados em Portugal e de outros individuos externos ao seio dda organizagio, designadamente de cidaddos portugueses, como bases de apoio logistico e financeiro para sustentar e desenvolver a sua atividade criminosa em territério nacional. 7. No panorama europeu, a informagio partilhada no contexto da cooperacdo policial internacional através dos organismos formais e diretamente com as congéneres europeias, no Ambito dos grupos de técnicos experts do EMPACT MOCG (Mobile Organised Crime Groups), colocam estes grupos criminosos na linha da frente das principais preocupagSes e prioridades em termos de investigaco criminal. 8. Esta realidade veio a determinar que 0 DIC/ON assumisse a coordenacdo e investigacdo centralizadas deste fendmeno criminoso, mediante a constituicZo de um Processo de Coordenaco Centralizada - PCC KARTLOS e a execugao de uma investigagao direcionada a esta organizacao criminosa, no ambito no Inquérito NUIPC 1/16.7 P3LSB, dirigida pelo Departamento Central de Investigacio e Ac3o Penal (Dc1AP). 9. No obstante o desmantelamento de varias células operacionais, com as detengées realizadas e a prova recolhida no ambito da investigago centralmente realizada e a consequente considerdvel diminuicéo destes crimes, que atualmente se assiste, a percetivel manutencdo de alegadas novas bases de apoio logistico e financeiro constituidas em territério nacional, se ndo forem devidamente investigadas e erradicadas permitirdo um progressivo ressurgimento e recrudescimento da atividade da organizacéo criminosa em Portugal CONCEITO ESTRATEGICO DE INVESTIGAGAO. 1. Atento a dimensio transnacional do fendmeno e as suas caracteristicas especificas, concluida a fase de investigagao disruptiva necesséria a conter os furtos em residéncias, importa agora que a estratégia subsequente de investigacio assente numa abordagem holistica e concertada por parte de todo o dispositivo de investigagao criminal da PSP, que permita prosseguir de modo processualmente adequado com 0 combate imediato & atividade das células operacionais e assegurar, em paralelo, o desmantelamento gradual das bases de apoio logistico e financeiro da organizagao criminosa Vor V Zakone. 2, Neste sentido, por parte do DIC/DN, seré assegurada, proactivamente, a investigaco centralizada dos individuos que ocupem posigdes de relevo na estrutura hierdrquica da organiza¢o criminosa; que apresentem relagées manifestas com células operacionais a operar noutros paises da Europa, que integrem as bases de apoio da organizacdo em Portugal e procedam a recetaco/escoamento do produto dos furtos de Ambito nacional, ao branqueamento de capitais, a falsificacdo de documentos; ou que prestem algum tipo de apoio monetério ou judicidrio a membros da organiza¢o que se encontrem presos/detidos ou aos familiares destes. . De forma a exponenciar 0 combate a atividade desta organizacdo criminosa, particularmente a prética de furtos em residéncias, os varios Comandos da PSP onde se registarem crimes que pelo modus operandi em especifico Ihe possam estar associados, aproveitando da partilha de toda a informago recolhida e em Permanente coordena¢o e articulacéo com a investigacao centralizada executada pelo DIC/DN, desenvolvem localmente todas as diligéncias de investigacdo atinentes aos crimes registados, de forma a fazer cessar a pratica de furto em residéncias e lograr desmantelar oportunamente as células operacionals, . Nesta conformidade, de forma a garantir a permanente coordena¢ao processval e operacional e assegurar 2 gestio centralizada das investigagdes relativas ao presente objeto, nos termos do estatuido na NEP N.2 UOOS/DIC/02/01, de 19/12/2016, constitui-se o Processo de Coordenaco Centralizada - PCC KARTLOS I pasando as subunidades e servigos de investiga¢do criminal a cumprir as instrugées operacionais processuais seguidamente estabelecidas. an 215 7 1. Neste quadro de interven¢o, o DIC/DN, através do Nucleo de Coordenagdo de Inve: Nicks ern dene inka yg 1 — PROCEDIMENTOS DE COORDENAGAO, (NCIC), assegura com as Divisbes € Nucleos dé" Investigacdo Criminal (DIC/NIC) dos Comandos onde o fenémeno se verifique a coordenago operacional e processual das diversas investigagdes a nivel nacional, promovendo a partilha de informaggo e a oportuna realizacao das diligéncias de inquérito necessirias construcdo da prova, de acordo com a estratégia de investigacao centralmente estabelecida /) Com 0 propésito de assegurar a adequada gestio e coordenacdo processual e operacional dest: investigagBes estabelece-se a aplicagdo do_dever_especifico de comunicagGo previsto na NEP N: ¥O0S/0IC/02/01, devendo os Comandos, para além do cumprimento do instituido no dever geral de comunicagéo aplicavel, previamente a realizacdo de qualquer diligéncia que no seja considerada urgente, comunicar, concretamente, ao NCIC/DIC os seguintes eventos: i, No inicio da investigacio e no seu decurso, tod emi informacio, relativos a suspeitos, viaturas, moradas e outros locais relevantes, empré tos telefnicos e de correio eletrénico e IMEI, incluindo os dados nao explorados ou que no se confirme em concreto da sua relevancia para a investigacdo; ji, Pedido ou realizacao de diligéncias operacionais planificadas (buscas, detencSes, apreensées! iii. Pedido de intercecées telefénicas ou de comunicacses; iv, Identificacio de ocorréncia conexa, com interesse para a investigacdo, registada na drea de jurisdicdo de ‘outro comando territorial ou OPC; v. Pedido de apensacao de inquéritos de Comarcas da drea de jurisdicéo de outros Comandos ou OPC; vi. De imediato, o conhecimento da preparacio ou a execucSo de qualquer ato criminal objeto do presente PCC; vii. No final de investigacdo, todos os elementos de informacao confirmados, mesmo os que se comprovem nndo estarem associados com a investigacio em curso; viii. Periodicamente, de 15 dias em 15 dias, a remessa dos registos de tréfego das comunicacies telefénicas/eletronicas intercetadas. © expediente processual (Autos, Participagdes, Informagdes de Servigo e outros que contenham informagdo com significado) elaborado pelas diversas subunidades de investigacdo criminal dos Comandos no decorrer destes inquéritos, incluindo os que materializem pedidos de meios de obtenco de prova ou a recolha de prova, é imediatamente remetido ao conhecimento do NCIC/DIC, sem prejulzo da sua remessa & Autoridade Judiciaria (AJ) territorialmente competente. |. Comunicago imediata de todas as diligéncias realizadas junto de entidades externas, nomeadamente operadores de comunicagées ou outras entidades publicas ou privadas, e respetivos resultados. As investigagdes abrangidas pelo presente PCC, sem prejuizo dos demais inquéritos integrados por outro PCC, assumem tratamento prioritério por parte dos Comandos, devendo alocar os recursos adequados e privilegiar a oportuna realizacao das diligéncias de investigacao, solicitando quando necessério o apoio técnico e logistico indispensavel & sua consecucdo. As dificuldades e as condicionantes operacionais e processuais que se coloquem a eficiente consecugdo das investigagSes so oportunamente comunicadas a0 NCIC/DIC, que desenvolveré os esforcos internos e externos tendentes a encontrar solugdes de maior eficiéncia e eficacia, Para efeitos de acompanhamento da evolucdo da criminalidade objetivada no presente PCC, 0 Nucleo de Andlise Criminal (NAC), do DIC/ON, assegura, de forma sistemética, a monitorizagio, a exploragéo e a anélise centralizada dos indicios técnicos das ocorréncias registadas a nivel nacional e de toda a informagao ‘operacional recolhida no decurso das investigacGes. Sa a “an 35 8. A partilha de informacao operacional através de canais informais ou da prépria rede nacional de analistas relacionada com o fenémeno criminal ndo invalida 0 cumprimento rigoroso das formalidades e procedimentos de coordena¢ao processual e operacional estabelecidos, 9. A cooperacdo policial a desenvolver no 4mbito internacional com as entidades e organismos internacionais 6 efetuada por intermédio do Nucleo de Cooperacao Internacional (NCI), do DIC/ON, que assegura neste contexto toda a comunicagao e respetiva coordenagio com os canais formais de cooperacSo internacional. 10.0 Nucleo de Policia Técnica Forense (NPTF), do DIC/DN, dentro da sua area de especializacio, promove a ‘oportuna realizagao das inspecdes judiciarias aos locais de crime, assegurando em coordenacio com 0 NCIC especial prioridade & realizagao de pericias digitais aos equipamentos eletrénicos apreendidos no decurso dos inquéritos integrados no presente PCC. 11. Perante a dimensio territorial da atividade delituosa em investigagao e a existéncia de incidéncias criminais na érea de jurisdico da Guarda Nacional Republicada (GNR), serdo centralmente desencadeados pelo NCIC/DIC todos os esforcas de cooperacao e coordenacio, considerados necessérios, junto das estruturas centrais de investigacao criminal daquele OPC (DIC/CO/GNR). IV INSTRUCGES OPERACIONAIS E PROCESSUAIS 1. No sentido de corporizar de forma eficiente a estratégia de investigagao estabelecida importa incrementar esforcos operacionais e processuais por parte de todo o dispositivo policial na gestio, processamento e encaminhamento das ocorréncias criminais registadas, e na promogao, execuco, controlo e coordenacso das diligéncias de investigaco subsequentes que interessa assegurar no Ambito do presente PCC, Ccumprindo neste contexto o seguinte: A. Nicleo de Coordenagio de Investigacao Criminal do Departamento de Investigac3o Criminal: i. Centraliza toda a informacao que por imperativos do dever especifico e dever geral de comunicaclo tenham que ser remetidos ao DIC/DN, resolve e dirime os conflitos identificados de acordo com 0 conceito estratégico de investigagao definido; fi, Promove que as dentincias relativas aos crimes de furto sempre que passiveis de exploracio sejam investigadas no imediato pelos Comandos onde se registem, mesmo que esses inquéritos tenham como destino a apensaco num inquérito de outro Comando; i, Assegura através do NAC a anilise centralizada, a correlacio, a sistematizacao e a partilha de toda a informagio de interesse operacional relacionada com o objeto do presente PCC; ‘v, Emite as instrugdes processuais e operacionais necessérias a assegurar os objetivos preconizados e supervisiona 0 seu adequado cumprimento; v. Receciona e encaminha os equipamentos eletrénicos apreendidos, ou relacionados com os suspeitos, para o NPTF/DIC, para efeitos de realizacdo de pericias ao seu contetido. B. Nicleos e Divisdes de Investigaco Criminal: 4. Sinaliza e comunicar, de imediato, ao NCIC/DIC os inquéritos em investigago no respetivo Comando, que pelo modus operandi especifico ou demais elementos de caracteriza¢do dos suspeitos, sejam passiveis de se enquadrem no objeto do presente PCC; ji, Procede no sentido de assegurar que as investigagdes sobre este fenémeno assumem especial prioridade e capacidade de evolucio; iii, Na eventualidade de surgirem ocorréncias potencialmente conexas com a matéria em andlise, Promove a execucdo das diligéncias imediatas necessdrias para assegurar os meios de prova, comunicando-as prontamente ao NCIC/DIC; Niko aoe nc Cindy gg pouicia 45 iv. Garante 0 cumprimento permanente e sistematico com 0 NCIC/DIC do dever_de_comunicacio concretamente previsto na NEP N.2 UOQS/DIC/02/01 e dos demais procedimentos e instrucdes operacionais de investigagdo criminal centralmente definidos neste ambito; v. Coordena no exercicio das suas competéncias a realizagdo de todas as dilig&ncias de investigacao que constam das instrugdes operacionais e processuais, e de outras que supletivamente thes sejam especificamente solicitadas no decurso do presente PCC; Vi. Procede ao envio imediato a0 NCIC/DIC dos equipamentos eletrénicos apreendidos acompanhados do ‘competente Despacho da Autoridade Judicidria (A!) para realizacao da pericia (art. 1542, CPP). C. Brigada Central InvestigacSo Criminalidade Organizada: i. Procede & execugio das dilig€ncias de inquérito no ambito da investigagdo centralizada dirigida as estruturas hierérquica, logistica e financeira da organizacao criminosa, presentes em tertitorio nacional, promovendo a estreita articulagdo com as demais investigades a decorrer na Europa; ji, Apoia operacionalmente e coadjuva, quando conveniente e necessério, as diligéncias operacionais desenvolvidas pelos Comandos no decurso das investigagSes das células operacionais; iii. Disponibiliza ao NCIC/DIC toda a informacao apurada relativa & constituicSo, localizacio ou atividade de células operacionais que integrem a organizacéo criminosa, de que tomem conhecimento no decurso da investigagio; jv. Procede a0 cumprimento permanente e sistematico com 0 NCIC/DIC do dever especifico de comunicagao estabelecido e dos procedimentos e instruces operacionais de investigacao criminal que forem centralmente definidos neste ambito. D. Esquadras de Investigacéo al: i. Procede & realizago proactiva das diligéncias necessérias e urgentes para salvaguardar os meios de prova perante a noticia de crime relacionado com o fenémeno criminal; ji, Solicita a0 MP a imediata autuaco dos inquéritos e a delegaao de competéncia de investigacao na PSP de todos os inquéritos relatives a crimes de furto associados ao objeto do PCC, que contenham indicios passiveis de exploracdo; iii, Mantem 0 respetivo NIC/DIC informado das dilig&ncias operacionais e processuais preconizadas e da evolucdo das investigagdes, sem prejuizo do cumprimento oportuno do dever de comunicagao. iv. Comunica de imediato 4 UNIC/DIC/ON (unic.dic@psp.pt) as ocorréncias em curso objeto do presente PCC, onde sejam intervenientes ou identificados suspeitos que apresentem documentacdo da Geérgia, Ucrdnia, Repiiblica Checa, Bulgaria, Polénia, Litudnia e Grécia, devendo entre outros, ser observados 0s _procedimentos_constantes_do CTO 01/2012, de_OSmar.2012 ¢ respetivo Aditamento, de 20dec.2016, relativos & identificacdo de cidadios estrangeiros. A douta consideracao de V. Exa. 0 Coord} ore KARTLOS I Ant6ni im Domingues Comissério Nod Corn isp Cid ei co eerie oi ce cing Y aia BETTE neon 55

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