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“O argumento fundamental deste Ii ‘0 € que importa © modo como pensamos o espaco; 0 espago é uma dimensao implicita que molda nossas cosmologias estruturantes. Ele modula nossos entendimentos do mundo, nossas atitudes frente aos outros, feta 0 modo como entendemos a globalizagao, como abordamos as cidades ¢ desenvolvemos e praticamos um sentido de lugar. Se o tempo é a dimensdo da mudanga, entao © espaco é a dimensao do social: da coexisténcia contemporanea de outros. B isso 6 ao mesmo tempo um prazer e um desafio.” Doreen Massey UO OES CP Or | yy ed (ose neren pelo espaco uma nova politica da espacialidade Doreen Massey Tradugso Hilda Pareto Maciel Roa BERTRAND BRASIL Copyright © 2005, Doreen Massey Titulo original: For Space Capa: Leonardo Carvalho Editoragio: DFL, 2008 Impresso no Printed in Brazil cop-304201 03.0042 cpu-9113 Todos os diretos reservadts pela: EDITORA BERTRAND BRASIL LIDA. Rua Argentina, 171 — 18 andar — Sio Crist6vio 20921-380 — Rio de Janeiro — RY 7 ‘Tel: (Oxx21) 2585-2070 — Fax: (04x21) 2585-2087 Nio é permitida a reproducio total ou pareal desta obra, por {quaisquer meios, sem a prévia autorizagio por escrito da Eaitora, Atendeno Postal sumario Parte Um Estabelecendo 0 cenério _ @ reoposes nici —r—e © Fepasaepresentgio (Conor cne 1 ap) Amacepisio da sino Os “espagos” do, Depots do estrat turismo 4 Ashorizontalidades da desconstrusio Oe Parte Trés_ Vivendo em tempos espaci 6. Espacializando a histéria da modemidade (Confort ita (a representag, mais um vex, a8 geogafie {a proto do conhecimento 1) p 4-98 d ) os ) y > pelo espago + sumério 7 Instantaneidade/sem profundidade 8 Globatizacio a-espacial 6) socanii da opno popula espace no poser tniguiad plo empo 10° Elementos para alternativas Parte Quatro. Reorientagoes rena doesn CCaindo nas armaclthas do mapa Oacsso do espace maginagies vite (Confirm ciéucia? 3) 12 O catiter elusive do lugar Rochas migrantes lugar como eventualidade (Googais da produ doconkecnento 2 lugares da producto do conhecinent) Parte Cinco Uma politica relacional do espacial \ 19) Nao hs segeas de espaoe lugar Notes. Bibliografia Indise ns 15 17 9 157 159 159 165 173 185, 190 190 199 206 a 213 231 250 25 305 ze. agradecimentos ste livo foi escrito, e reescrito, durante muitos anos, nos intersticios, cada vez mais apestados, da vida como “xcadémica”. Seria impossivel agradecer a cada um que influenciou minhas Ideas, durante esse pe- jo, em conversagées de varias direstes e intensidades, mas eu sgostaria de agradecer a algumas delas, C Departamento de Geografia flexbes. Dentro d ra em Liverpool fizeranv-me, realment crito ou em algumas de suas partes muito com a discussio destas idias e sidades e, principalmente; no Departamento cle Geogralia de Queen ‘Mary, Universidade de Londres, e na Universidade de Heidelberg ‘Uma reunido anual do Fim de Semana de Estudos dos gedgrafos de lingua alem foi uma fonte de inspiracio e amizades. Muitas das dis- ccussoes dest sam, sua origem e foram testadas no mundo de secretariado de Michele Marsh na Open Uni agradecer, especialmente, a Neeru Thaicar, também da Open Unie jade em prodwzir 0 manuscri @ apoio un inestiméveis. "a mais Tonga conversa foi com minha irma, Hilary Corton, também goograta por educaglo, imaginagio e paixto, e com quem, durante mi dlangas, conversas e viagens comun: pensamentos aqui expostos, pelo espago » agradecimentos A autora e 0s editores agradocom a permissio do uso de material com copyright: Iustracies stracio 11a: Cortesia da Bodleian Library, Universidade de Oxford, MS. Arch. Selden. 4. 1, fol. 2° . stracho I 1b- Cortesia da Newberry Library, Chicago 'agio 1.2: Cortesia da Bibliotheque nationale de France, Paris (21a € 122: Obrigada ao cartégrafo John Hunt, da cersity © Tim Pasitt(www-hertfordshire.com) stracio 13.1: Design ©St de Ulla Ney Na p. 202 aimagem & do © de Peter Pedley Postcards, Glossop, Derbyshire Imagens no 0 das segbes Parte Um Cortesia da Bancroft Libra California, Berkeley Parte Dos © The MC Escher Company Parte Trés © Steve Bell Parte Quatro © Ann Bowker Parte Cinco Design © Steffan Bohle; usado com a gentil permissio de Ulla Neumann Textos (O texto no box da p. 232 6 cortesia do Greenpeace (http://www greenpeace org) A Parte Tris desenvolve argumentos primeira eshogados em “Imagining Globalisation: Power-Geometres of Time-Space” lo 2 de Global Futures: Migration, Environment and Globalization, ppublicado por Atvar Brah, Mary J. Hickman e Mairtin Mac an Ghaill, “Agradeso & British Sociological Association e BSA. apresentacao a edicao brasileira Rogério Haesbaert inal de 2002 encontrei Doreen Massey em Londres, na estagdo fer~ de Euston, a caminho do campus da Open Ui in Keynes, onde ela trabatha desde 1982. Eu vinha par va "nossa cated papos acaloradas di Nosso encontro zamentos de freqiientada quase toda semana, com snte 0s intervalos para um ca ruto de um desses incontaveis entrecru- 2a, € justamente isto: una imbe inesperado, ao acaso, € que, en inea — ou da “coetaneidade”, como ela propie —, & ma licidade, apesar de todas as tentativas e os discursos vaos da hhomogeneizagio e da padronizagio generalizadas. Doreen dispensa apresentagoes, tamanha a seriedade e reconhe- imento deseu trabalho no mundo académico geo pelo espaco-* apresentasto 2 edigo brasileira sociais como um todo. Infelizmente, contudo, seu trabalho no Brasil ainda € pouco divulgado. Apenas trés artigos, pelo que sabemos, encontram-st traduzidos em portugués.* Ainda que de forma breve, & interessante relembrar alguns momentos de sua trajet6ria intelectual te5 de doutorado, Doreen ¢ formada em g raduada em Regional S tuto de Investigaciones icipoude varias consultorias, imosa obra destacamos, entre mais de 2 {uais e como organizadora Divisions of Labour (1988) (com John Allen, 1988) — Space, Place ana Gender (1984) ing the Region (com John Allen e Allan Cochrane, 1998) ‘Além da grande figura intelectual, no entanto, cabe ress bbém a grande pessoa humana que é Doreen, filha da classe opersria oh 10 apresentasdo 2 edict brasileira critco, também nao perdeu a esperanga num mundo em que os luga- res sejam efetivamente de encontro, lugares do convivio das mul cidades. Gracasa seu espanhol excelente, praticado na Nicardgua sandinis- tae em temporadas no México, Doreen nos ajudou muito nas diversas lavidas que permearam esta traducdo, Seu ing clo" novas palavras capazes de dar conta da comy pordneas, obrigou-nos mt a ctiar palavras, embora 0 por tanta facilidade quanto o inglés para, simplesmente acresc ‘atixo, por exemplo, dar outra conotagSo ou mesmo identifica nova prapriedade. Assim ecorreu com expresses com throwortogeterness. ‘A traducio de Hilda Maciel e meu trabalho subseqie niente de revisio técnica e depois, também, com: 1a empreitada e tanto, Em alguns de Doreen €a superacio das dicotomias, como. « politica eentre teoriae pritica. Assim, ao long ‘quente preocupacio, Propostas conceituais, encontramos uma série de alusdes empiricas ‘que ilustram o denso debate tedrico. Eno apenas de espagos distantes {como a prépria AmazOnia), mas sobretudo de seus “espagos vivi ‘a Londres (com varias referéncias a ity lond seu percurso de trem até aduzides aqui como “tecnoy ‘e que no podemos impor aos outros — ou ev iam-se em alguns momentos 0 rigor teérico eo prazer de uma certa ‘escrtura pottica u i 9, como faz hd algum tempo, coma propria (assim chamada) geografia fisica. O lugar, ai, nio é apenas produto de rela : singularidade & marcada pela combinagio especifica de millipias redes, 0 “lugat-encontro”, sempre dinamico eem aberto, conectado ao mundo; ele ests também mergulhado na densa espaco- tempor ia natureza, ‘que se reconstré permanentemente em sua indissoci 19 a0 igualmente complexo mundo dos homens, ‘Mas Doreen também nio & dagueles int Imente e abragam quase Taclau, Latour eos os estruturaistas| o espago —e ua contraposigio em relagio a0 tempo —, nem por isso ela ignora a importincia de muitas de suas colocagies, © mesma ecorre com a chamada teoria da complexidade contemporiinea (ver, a este respeito, especialmente “Confiar na cia?" Parte Tr pertinentes, com Os que adotam o vé como “O desprezo irrefletido pela modernidade entre os intelectuais ocidentais” (1999, p. 1121 deveriam estar conscientes de que a mesma rejeigio pode aguar dar sua propria posigio, uma ou duas geragbes depois (p.73) De cada Zeitgeist, ce cada estrutura de percepcio que acolhe- ‘mos empregamos, certamente é necessdrio indagar:esté de acor do, ndo apenas com “a época” (e dai?), mas com o modo como desejamos (socialmente, politicamente) nos di Pode ser que desejemos, precisamen cultutais dominantes do mom¢ Colocagdes como essas revelam sobretudo t ccupado(a) com a formulago de um pensamento proprio, com sus forma particular de ver o mundo, realizando suas propras “sinteses”, suas propostas teGricas inovadoras — sempre, € verdade, fruto dc ins influéncias que, sem cairem no “ecletis- ‘auguram uma nova forma de pensar de forma critics éncia a aparente confusio das coisas e dos homens, repensar de nossa props

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