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Sistema ABS novembro de 2017 SISTEMA ABS Os sistemas de seguranga ativa encontram-se em plena expansao e evolugao no automével, uma vez que existem cada vez mais sistemas, em mais veiculos, e cada vez mais evoluidos. A evolugao destes sistemas deve-se em grande parte a evolucao da eletricidade/eletronica automével, e & ‘sua associagao 4 mecdnica proporcionando maior preciso e eficacia a seguranga ativa O sistema ABS - Anti-lock Breaking System foi desenvolvido para a aviagao no final dos anos vinte, ¢ foi aplicado de forma fidvel no automével pela primeira vez no inicio dos anos setenta. No automével, 0 seu principal objetivo é evitar 0 bloqueio das rodas, para que a viatura nao perca a direcionalidade. Ao nao perder a direcionalidade o condutor, ainda que nao consiga parar a viatura em espago adequado, pode sempre desviar-se de um eventual obstaculo. Numa roda parada, a forea resistente ao movimento € sempre igual independentemente da direcao de aplicagao da forga, ou seja, a forga necesséria para deslocar a roda quer no sentido transversal quer no sentido longitudinal é sempre a mesma. No entanto se for permitida a rotagao da roda, a forga necessaria para a deslocar no sentido para o qual roda é muito menor, do que a que ocorre no sentido transversal. Daqui pode concluir-se que sempre que puder, a roda ira direcionar-se no sentido onde existe menor forca resistente ao movimento. Jé no caso de uma roda bloqueada, dado que todas as forgas resistentes séo iguais independentemente do sentido, a roda ir deslocar-se na diregao em que jé se deslocava independentemente de para onde a roda esta virada. Se A roda da figura encontra-se bloqueada. Entenda-se por bloqueada, a roda estar sem movimento de rotagao eo veiculo encontrar-se em movimento. Neste caso, e porque a roda esta bloqueada, o veiculo vai continuar sempre a mesma trajetoria, e nao adianta de nada ao condutor tentar desviar-se do obstéculo enquanto a roda estiver a derrapar. Figura — Roda bloqueada durante a travagem Muitas vezes é confundido o principal objetivo do sistema de travagem ABS como sendo o obter uma menor distancia de paragem, e embora em muitos casos se consiga uma menor distancia, alguns construtores. advertem nos seus manuais que 0 facto de determinado modelo vir equipado com ABS, nao quer dizer que estes tenham disténcias de paragem menores. CEPRA-— Centro de Formagao Profissional da Reparacao Automével, 7 Sistema ABS novembro de 2017 ‘As menores distancias de paragem foram conseguidas através do aumento da velocidade de atuagao & precisao da travagem, uma vez que esta controla a derrapagem de forma a obter o maximo coeficiente de atrito entre o pneu e o piso. Entenda-se por derrapagem, a relagdo de velocidade da roda com a velocidade do veiculo. Por exemplo, um veiculo cuja velocidade instantanea durante a travagem seja de 100 km/h, € a roda rode a apenas 80km/h tem um deslizamento de 20%. © grafico que se segue indica 0 coeficiente de atrito tipico em diversos tipos de piso em fungao da derrapagem. Para efeitos de travagem quanto maior for 0 coeficiente de atrito, menor sera a distancia de paragem, Consultando 0 mesmo grafico pode verificar-se que o deslizamento de 100%, roda bloqueada nao 6, na maior parte nos casos, vantajosa, pois apresenta valores de coeficiente de atrito mais baixos do que os maximos possiveis. Esta situacdo apenas seria vantajosa relativamente @ distancia de paragem em condugao de neve, e porque a acumulagao de neve faz efeito de cunha na frente da roda. Ainda assim neste caso perder-se-ia a 0 direcionalidade. 0 20 40 60 80 100% Umdeslizamento de 0% também nao sera légico, porque se Deslizamento em travagem i. ‘ em, a roda girar 4 mesma velocidade do veiculo, este ndo esta Figura ~ Coeficiente de atrito em fungao do a ser travado, piso e do deslizamento © methor compromisso de travagem é quando a derrapagem se situa proxima de 20%, pois é 0 tipo derrapagem que mantém os maximos coeficientes de atrito (com excegao de neve) e a0 mesmo tempo mantém o veiculo direcionavel. Poderd pensar-se que sem sistema ABS, um bom condutor, com elevada sensibilidade, consegue fazer 0 mesmo, bastando carregar no pedal de travao de forma a conseguir o deslizamento de aproximadamente 20%, no entanto em situagdes em que as rodas se situam em pisos diferentes, ou que pneus se encontram em estados de diferente desgaste, ou de presséio de enchimento, isso torna-se praticamente impossivel, ois 0 condutor nao consegue controlar individualmente a pressao de travagem em cada roda. CEPRA - Centro de Formacdo Profissional da Reparacdo Automével 27 Sistema ABS novembro de 2017 Travagem sem ABS ‘Travagem com ABS Figura — Travagem com rodas em diferentes pisos, sem e com ABS Dada a evolucao da eletronica, o sistema ABS consegue, atualmente, controlar a pressao de travagem em cada roda em mais de 10 vezes por segundo. Figura ~ Unidade ABS Para funcionar, 0 ABS tem que ser capaz de medir constantemente a velocidade de cada roda, e para isso utiliza sensores de velocidade. Os sensores de velocidade encontram-se normalmente fixos nos cubos de roda, ou, por vezes, fazem parte do proprio rolamento. Estes sensores de velocidade podem ser do tipo passivo ou ativo. Os sensores passivos, efetuam a leitura de uma roda fénica que gira solidaria com a roda do veiculo ¢ denominam-se por sensores indutivos. Sao constituidos por um iman permanente e uma bobina, e sempre que um dente da roda fénica atravessa 0 campo magnético do iman permanente, este altera-se por forma a induzir uma corrente alternada na bobina. CEPRA — Centro de Formaco Profissional da Reparacdo Automével aT novembro de 2017 ‘A frequéncia da onda alternada gerada no sensor tem frequéncia proporcional a velocidade da roda. Figura — Sensor indutivo e seu sinal Os sensores ativos podem ser incorporados no rolamento da roda, ou ento no proprio cubo, e efectuam a leitura numa parte do rolamento que se encontra com uma pista de pontos alternadamente magnetizados e nao magnetizados. Esses sensores denominam-se por magneto-resistivos, so sensores que necessitam de ser alimentados e podem ser distinguidos (quando nao incorporados no rolamento) pela sua ponta achatada. Os veiculos que utilizam estes sensores tém rolamentos especificos com pontos magnetizados para leitura do sensor. Figura — Sensor magneto-resistivo e verificagéio de rolamento magnetizado com cartéo de limatha de ferro Os sensores magneto-resistivos so sensores que variam a sua resisténcia em fungao do campo magnético. Estes enviam um sinal em forma de onda quadrada cuja frequéncia proporcional a velocidade de rotago da roda. A unidade de controlo do ABS é a responsavel por interpretar os sinais vindos da leitura das rodas, e de fazer atuar o sistema convenientemente. CEPRA-— Centro de Formagao Profissional da Reparacao Automével ar Sistema ABS novembro de 2017 Na primeira fase, durante a travagem, a pressdo que 0 condutor exerce sobre o pedal transmitida diretamente ao sistema de travagem, a medida que a forga de travagem aumenta, produz um aumento da desaceleragao da roda ou seja, aumenta o deslizamento da roda. Simultaneamente, a unidade do ABS efetua a leitura de velocidade de todas as rodas e calcula a derrapagem do veiculo. A derrapagem é calculada com base na relagao da velocidade de cada roda e na velocidade real do veiculo. Na segunda fase, quando a derrapagem de uma roda atinge valores otimos de derrapagem (proximo) de 20%, a unidade de ABS envia um sinal elétrico a uma das eletrovalvulas do bloco de vélvulas, obrigando a mesma a bloquear a passagem entre a bomba principal de travées e a bomba de travao da respetiva roda. objetivo da atuagao desta valvula é que uma vez que a derrapagem se encontra na zona de maximo Coeficiente de atrito, ao manter a pressao, mantém-se a derrapagem, durante o maximo de tempo possivel. Na terceira fase, quando a derrapagem ultrapassa os valores étimos, a unidade de comando do ABS envia dois novos estimulos: um para a eletrovalvula de retorno, de forma a permitir a reducdo da pressao de travagem na roda, e outro para a bomba eletro-hidrdulica do ABS, que bombeia 0 éleo de travao para a antes da valvula que anteriormente fez 0 bloqueio da pressao. Nessa altura o condutor pode sentir uma “pancada® no pedal, pois a bomba eletro-hidraulica ¢ capaz de provocar mais press4o no circuito que 0 pedal de travao. 2Fase Fas Depois de diminuida a derrapagem, a unidade de ABS volta a primeira fase, desativando a bomba eletro- hidraulica e a eletrovalvula de retorno, e posteriormente a valvula de manutengao de pressao. pico de pressao criado pela bomba eletro-hidraulica durante a primeira fase pode ser capaz de gerar 0 bloqueio de uma outra roda do veiculo que se encontre ainda na primeira fase, e dessa forma a unidade de ABS tera que atuar da mesma forma que a roda que acabou de ser libertada, dai as sucessivas “pancadas" que se sentem normaimente durante a atuagao de um sistema ABS. CEPRA— Centro de Formacao Profissional da Reparac3o Automével 57 Sistema ABS novembro de 2017 ANOMALIAS COMUNS As anomalias mais comuns nos sistemas ABS estao associadas a falhas na leitura de velocidade de cada roda. Essas falhas costumam ocorrer devido a varios fatores: Afastamento excessivo do sensor indutivo a roda fonica Esta falha pode acontecer devido ao mau posicionamento do sensor indutivo. A amplitude do sinal do sensor indutivo 6 maior, quanto menor for a folga entre o sensor e a roda fonica e quanto maior for a velocidade. Isto quer dizer que um sensor com folga incorreta, pode conseguir ler velocidades elevadas, e nao ler baixas velocidades. Imaginando que um veiculo circula com trés dos sensores a 100km/h e um a Okmn/h, facilmente a Unidade de ABS se apercebe de uma anomalia e emite mensagem de erro. Jé no caso em que todas as rodas se deslocam a mesma velocidade (20km/h) durante uma travagem e em que de repente o sinal de um sensor deixa de ser interpretado (por amplitude baixa por afastamento excessivo e baixa velocidade), a velocidade atribuida a essa roda serd erradamente Okm/h. Nesse momento a unidade de ABS pode interpretar como derrapagem elevada, libertando entao pressao de uma roda que na realidade nao estava a derrapar, podendo causar um acidente. Folga em rolamento ou falta de aperto no cubo A folga de rolamento ou falta de aperto num cubo pode originar o afastamento excessivo do sensor a roda {énica, podendo originar a situago descrita anteriormente. Fio ou ligagao dos sensores de velocidade cortados/desligados Quando a unidade de ABS nao recebe a informacdio de um ou mais sensores de velocidade emite um sinal de erro. Roda fénica com niimero errado de dentes, ou com dentes partidos Quando o ntimero de dentes das rodas fénicas do mesmo eixo diferem quer por ter um numero diferente de dentes ou por existirem dentes partidos ou em mau estado, o sistema ABS poderé comportar-se de forma anormal, ou emitir mensagem de erro, dado que a velocidade lida da roda com roda fonica diferente sera também diferente. Para se diagnosticar esta situaco deve ter-se atencdo ao estado das rodas fénicas, ¢ em caso de substituigaio de uma transmissao ou de outro componente que contenha a roda fonica, deve ter- se sempre em conta que 0 novo componente tenha exatamente o mesmo ntimero de dentes que o antigo. Sensor indutivo obstruido com limalhas Por ser magnético, 0 sensor indutivo tem tendéncia de atrair limalhas que quando se encontram em excesso, diminuem a capacidade do sensor variar 0 seu campo magnético com a roda fonica, dificultando dessa forma a leitura do sensor. CEPRA— Centro de Formacao Profissional da Reparaco Automével 67 Sistema ABS novembro de 2017 Sensor indutivo avariado Existem duas avarias possiveis num sensor indutivo. Uma é a impedancia da bobina do sensor ser inadequada, e a outra ¢ o iman permanente do sensor ter desmagnetizado com o tempo. A avaria da bobina pode ser verificada através da medig&o da impedancia da mesma, e da comparacao do seu valor com os valores definidos pelo fabricante. Se a impedancia estiver dentro dos valores definidos pelo fabricante e se na permuta do mesmo com outras rodas, este continuar sem funcionar, o problema podera estar na desmagnetizacao do mesmo. Sensor Magneto-Resistivo Sensor magneto-resistivo avariado, sistema ABS é uma tecnologia jé madura, que tem evoluido ao longo dos anos, é uma tecnologia cada vez mais compacta e precisa, que continua a ter especial importancia na seguranga rodoviéria. 1995 1999 2005 2009 2016 CEPRA — Centro de Formacdo Profissional da Reparacdo Automével 7

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