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ANTONIO aor 11 A REVOLUGAO DE 1930 E A CULTURA Waicnt Mints 182 Nagio fatos que antes ocorriam no Ambito das regides. A este aspecto integrador € preciso juntar outro, igualmente importante © surgimento de condigdes para realizar, difundir © “norm: tuma série de aspiragSes, inovagdes, pressentimentos gerados no decénio de 1920, que tinha sido uma sementeira de grandes mudangas. ‘Com efeito, os fermentos de transformacio estavam claros nos ram e manifestaram. Mas itrdrios e sem necessidade pela maioria’da opinido com desconfianca © mesmo imo agressivo. Depois de 1930 eles se tornaram até certo ponto *, como fatos de cultura com os quais a sociedade aprende wviver e, em muitos casos, passa a aceitar e apreciar. Pode-se Gizer, portanto, que sofreram um processo de “rotinizagio”, mais fou menos no sentido em que Max Weber usou esta palavra para estudar as transformagées do carisma. Nao se pode, é claro, em socializagao telectu porque no Brasil as suas manifestagdes em nivel erudito séo ti restrtas quantita fe que vio pouco além da pequena minoria que as pod encia, devida 0 desni indo ha Isto ocorreu s estudos hist6ricos ¢ soc ro € 0 radio (que teve desenvolvimento espetacular) ral como 0 Tudo ligado a uma correlagao nova entre, de um lado, o intelectual eo artista; do aciedade e 0 Estado — devido as novas condigdes econdmico-sociais. E devido reendente jomada de con: leolégica de intelectuais e artistas, numa } radicalizagio que antes era quase inexistente. Os anos 30 foram de engajamento i080 ¢ social no campo da cultura. Mesmo \\os que nao se definiam iaham fa do fat 0 de , que dé contorno especial a fisionomia do j consciéncia |insergao ideols, 2 0 caso do ensino € five. Nao foi o movimento revo- luciondrio de 30 que comecou as reformas; mas ele propiciou a sua extensio por todo o Pais, Antes houvera reformas loc ciadas pela de Sampaio Déria em Séo Paulo (1920), que intro- escolas rurais. Outras reformas localiza "0, no Ceara (1924), a de Francisco Campos, e1 ‘a de Fernando de Azevedo, no entéo Distrito Fi ‘ago pedagégica consubstanciada na "que representava posigéo avancada no fe que por isso foi combatida as vezes Tgreja, entdo muito af apenas. a favorecia perigosamente © a € iconoclasta. Nao faltou propésito da reforma quem falasse em « brilhante de Fernando de Azevedo. res nos anos 20 se encoi 937) gue contém os res Fernando de Azevedo em 1926 demos ver ive o grande di jas faculdades de Filosofia, ‘ocorreria depois de 1930. c Minas, Francisco Ci ‘a na escala nacional lecer em todo 0 Pi 2 que traz 0 algumas das idéias acional dos “esco- © experi Ia-novista nadas, Os desabrochados depois de 1930, pressupunham de um La jusio da instrugéo elementar que, con ‘20 voto secreto (um dos prineipais t6picos no pro formar cidadios capazes de escolher ido, pressupunham a redefinigéo superior, visando a renovar a era uma revolugéo educacional, mas uma ref 188 que concerne a0 grosso da populagao a situagfo pouco se alterou Nés sabemos que (a0 contrario do que pensavam aqueles liberais) as reformas na educagdo no geram mudangas essenciais na socie- dade, porque nao modificam a sua estrutura e o saber continua mais’ ou. menos como pri a es. verdadeiras jo. S80 as revol que possibilitam as reformas do ensino em profundidade, de maneira a tomé-lo acessivel_ a todos, promovendo a igualitarizacio das oportunidades. Na América Latina, até hoje isto s6 ocorreu em Cuba a partir de 1959. Quanto a0 Brasil, quinze ou vinte anos aps 0 movimento revoluciondrio de 1930, ¢ apesar do progresso havido, as oportunidades mais modestas ainda eram irris6rias tando mencionar que no decénio de 1940 os indices mais al escolarizagio priméria (isto é 0 mimero de criangas em idade escolar freqiientando efetivamente escolas) eram os de Santa Cata- rina e Sio Paulo, respectivamente 42 e 40% Mas houve sem diivida aumento ponderdvel de escolas médias, ‘bem como do ensino técnico sistematizado. E a situacdo se tornou bastante mais favoravel no ensino superior, onde a criacho das universidades (a partir da de S40 Paulo em 1934) alterou 0 esque- ‘ma tradicional das elites. A prética anterior de criar faculdades isoladas fazia com que cada uma adquiriss a0 papel dos seus graduados na vida politica ¢ administrativa do Pafs, onde os diplomas de bacharel em Direito, doutor em Medi- cina’e engenheiro conferiam uma espécie de nobreza funcional na sociedade de mentalidade ainda meio estamental, empurrando para baixo a arraia mitida das outras escolas superiores. No decénio de 1920 foram fundadas algumas universidades nomi to & que apenas davam um nome novo a justaposigéo de unidades preexis- temies. As que se fundaram no decénio de 1930 estabeleceram um padrao inédito, pela idéia orginica que pressupunham e que depen- dia das novas faculdades de Filosofia, Equipadas para a pesquisa naturais € humanas, estas tiraram um pouco das grandes escolas profissionais e dignitic ram as “pequenas” (Farmicie, Odontologia, Agronomia, Veteriné- ria), atuando como elemento aglutinador, Esbocou-se entio um sistema”, onde as partes deveriam funcionar em vista do todo, com atentagao das hierarquias ¢ ampliagao dos grupos de elite co formagao superior. Houve assim uma espécie de ““democratizaga dentro dos setores privilegiados, com ascenso dos seus estratos menos favorecidos. Sem contar que algumas faculdades de Filo- sofia e Economia (estas, mais recentes) efetuaram uma relativa radicalizagao das atitudes e concepgées, devido,& difusio das cién- cias sociais e humanas, que levaram o espirito critico a dominios onde reinavam a tradigao e o dogmatismo, 185 3 Nas artes ¢ ma literatura foram mais flagrantes do que em qualquer outro campo cultural a “normalizagao” e a “generaliza- 40” dos fermentos renovadores, que nos anos 20 tinham assumido 0 cardter excepcional, restrito e contundente proprio das vanguar- das, ferindo de modo cru os hébitos estabelecidos. Nos anos 30 houve sob este aspecto uma perda de auréola do Modernismo, pro- porcional & sua relativa incorporagdo aos habitos artisticos @ lite- rarios.! Nao esquesamos que o Hino da Revolucio de 1930 é de ilacLobos, misico de vanguarda que encontrou grande apoio na ra de Vargas”, quando foi de algum modo oficializado e dirigiu (© movimento de canto coral. De 1931 € 0 38.9 Salo da Escola Nacional de Belas Artes, organizado por Liicio Costa, que chamou pela primeira vez para esse certame os artistas de vanguarda, provocando reagées de es- candalizada indignagio académica. A Liicio Costa e Oscar Nie- meyer seria confiado por Gustavo Capanema o projeto do edificio do Ministério de Educagio © Satide, em cujas paredes Cindido Portinari pintou os seus murais e para cuja entrada se encomendou a Bruno Giorgi o monumento da mocidade.’, Houve portanto na arguitetura_uma espécie de sangio’ oficial do Modernismo, que correspondia & aceitagio progressiva pelo gosto médio, a partir das primeiras residéncias tragadas por Warchavchik © Rino Levi nos anos 20. 0 futurista” no apenas se difundiria, mas rece- beria a consagracdo do mau gosto nas inumerdveis casas quadradas, brilhantes de mica, que se espalharam por todo o Pais. Tomando por amosira a literatura, verificam-se nela alguns tragos que, embora caracteristicos do periodo aberto pelo movi- mento revolucionério, so na maioria “atualizagées” (no sentido de “passagem da poténcia ao ato”) daquilo que se esbocara ou definira nos anos 20. E 0 caso do enfraquecimento progressivo da literatura académica; da aceitagdo consciente ow inconsciente das inovagdes formais e teméticas; do alargamento das “literaturas regionais” & escala nacional; da polarizagio ideol6gica. ‘Acompanho agui ¢ nouros lugares 0 ponto ve estudou no Modernismo s passagem do. “projeto estético” (anos 20) (anos. 30) entos de um process, io da vanguard’ 2.0 modernismo. Sto 3. Duas Cidades, 1974. . 2A importincia deste fato € ant garda e nacionalismo na década de vinte. In: —. Exercicios del Paulo, Duas Cidades, 1980. p. 249-50. ada por MeLto & SoUzA, Gilda de. Van- tara, Si0 ‘Até 1930 a literatura predominante © mais aceita se ajustava a uma ideologia de permanéncia, representada sobretudo pelo pu- no gramatical, que tendia no limite a cristalizar a ¢ adotat como modelo a literatura portuguesa. Isto correspondia 3s expec- fativas oficiais de uma cultura de fachada, feita para ser vista pelos estrangeiros, como era em parte a da Reptblica Velha. Ela tinha encontrado 0 seu propagandista no Bardo do Rio Branco, o seu modelo no estilo de Rui Barbosa a sua instituigao simbolica ua ‘Academia Brasileira de Letras, ainda preponderante no decé 1920 apesar dos ataques dos modernistas (estes pareciam, Mas de 1930 a Academ foi-se torn n clube de intelect sem maior repereussio ov i 10 do movimento ‘A incorporagdo das inovagGes formais ¢ teméticas nismo ocorreu ¢ niveis: um nivel espect adotadas, ico, no 4 racas a isto, iconvencionalismo se tornaram um direito, S20, fato notério mesmo nos que ignoravam, repeliam ou passavam Tonge do Moder res de qualidade acabaram escrevendo como benef ertacao Operada pelos modernistas, que acarretava a depuracdo antiora dda linguagem, com a busca de uma simplificagdo crescente ¢ dos toriieios coloquiais m o tipo anterior de Assim, a escrita de um Graciliano Ramos ou de um clissicas” de alum modo), embora nao sofrendo a fluencia modernista, pode ser aceita como “normal” porque a sua despojada secura tinha sido também assegurada pela Iibertacdo que 0 Modernismo efetuou. Na poesia a libertagdo foi mais geral ¢ atuante, na medida em que 0s modos tradicionais ficaram inviaveis e, praticamente, todos os poetas livre ou a smo ¢ & antiénfase cénios de 1930 ¢ 1940 assis a consolidacdo e difusio da poética moderni a dugio madura de alguns dos seus préceres, como Manuel Bandeira e Mario de Andrade. Essas coisas repercutiram na instrugdo, com as reformas edu- cacionais favorecendo a modernizagao na escolha de textos para fensino e na maneira de os tratar. Embora s6 nos nossos dias @ eratura realmente contemporinea tenha predominado nesse setor, fas coisas comecaram a mudar nos anos de 1930, podendo servir 3 estimulavam a ‘0 dos velhos 0 decénio de 1930 0 smo e 0 107 a Antologia da lingua portuguesa, de Estévio Cruz (1933), excelente e inovadora (nas primeiras edigées), apesar do ‘deologicamente conservador. Ela foi a primeira a incluir autores considerados modernistas (Alceu. Amoroso Lima, Agripino Grieco, Graga Aranha, Mario de Andrade, Manuel Bandeira, Jorge de Lima), juntando aos textos Subsidios importantes para a anélise. Gracas a isto, pela primeira vez 0s autores ¢ as teorias da vanguarda foram propostos em dose apreciavel a professores e alunos do curso secundario, ficando assim em pé de igualdade com os da tradicdo literdria da lingua ado as condigées especificas do decénio de 1930 foi a extensio das literaturas regionais e sua transformacao modalidades expressivas cujo Ambito ¢ significado se tornaram hacionais, como se fossem coextensivos & prépria literatura bra lira B 0 caso do “romance do Nordeste altura pela média da opinido como o 10 Trago interessante considerado naquela nee por exceléncia. A ‘sua voga provém em parte do fato de radicar na linha da ficsio ” feita regional (embora nao “regionalista”, no_ sentido pitoresco, fagoracom uma liberdade de narragdo ¢ linguagem antes desco ida. "Mas deriva também do fato de todo o Pais ter tomado cons- ‘arte vital, 0 Nordeste, representado na sua reali~ tanto a * quanto a outr bana, Num estudo sugestivo, Lig como a projecio politica do Estado, depois © por causa do movi mento revolucionério de 1930, acarretou a projegto triunfal da fratura, conhecida ¢ aceita por todo o Pais, em cuja vida inte- Jectual o Rio Grande tinha sido até entio uma presenca epis ¢ marginal, porque relativamente fechada sobre si Foi com efeito notével a interpenetragio literdr Brasil depois de 30, quando um jovem, digamos do interior de Minas, ia vivendo numa experiéncia feériea e real a Bahia, de Jorge Amado, a Paraiba ou o Recife, de José Lins do Rego, a ‘Aracaju, de Amando Fontes, a Amazénia, de Abguar Bastos, a Belo Horizonte, de Ciro dos A\ Alegre, de Erico Ve~ rissimo ou io Machado, a cidade cujo rio imitava o Reno, de Viana Moog eratura tivesse desenvolvido para © leitor uma visio renovada, néo-convencional, do seu pais, visto como um conjunto diversificado mas solidéto. Tonnes Lerre, Ligla C_ Regionalismo ¢ Modernismo; 0 "caso. gaticho” Slo Paulo, Atica, 1978, Sobretudo p. 139-201 4 Como decorréncia do movim causas, mas também do que acontecia Sentido na Europa ¢ nos Estados Unidés, espécie de convivio intimo entre a cas ¢ religiosas. Isto, que ralizou naquela altura, a ponto de haver polariza tuais nos casos mais defii pelo comunismo ou o fascismo. Mesmo quan definigdo extrema, ¢ mesmo qi telectuais nao tinham conseiencia clara dos m: \deoldgicos, houve penetracéo difusa das preocupagées sociais e el ter de novo nos nossos dias em termos diversos € Nagquela altura 0 catolicismo se tornow estado de espirito © uma dimensio estética, “Deus esta fdisse com razdo André Gide em relagao 20 que ocorria na Franca era verdade também pai 93 de 1930 viram ficar as sementes lancadas por Jackson de Figueiredo no decénio anterior, com a fundagdo da revista Ordem (1921), do Centr mentosa conversio de Alceu Amoroso feita para suscitar a cia dos leig na época sio’as primeiras Equipes Sociais, inspiradas pelo professor e critico francés Robert Garric, Gue orientou 0 trabalho dessas missdes leigas nas favelas do Ri de Janeiro. ‘ou menos juve nos anos 30 uma gajamento espiritual ¢ social dos intelectuais cat6- ticos, houve na literatura algo mais difuso ¢ insinuante: a busca de uma tonalidade espi a de tensao e mistério, que sugerisse, de um lado, o inefav © que aparece em auto- res tao diversos Pena, na ficgio; ou A Murilo Mendes, 0 pri 1a e no ensaio isto s da “esséncia”, 0 “sentido”, @ cendéncia”, o “drama” — nu ardente, Muitas vezes 0 espi 30 a simpatia pelas solu como foi 0 caso do modernista ¢ patti a doutrinagio a uma atividade binagao de catolicismo, 19 nos casos de Tasso da Silveira, Andrade Mi ponentes, 0 tes co destacou-se a linha critica ¢ politica de Otévi {mportantes ensaios parafascisas. Ja outros te6ricos de direita nada religioso, como Oliveira Viana e Azevedo Amaral anos 30 vi de interesse pe “da, como se pode ver no éxito da All dora e certo espirito genérico de ra is repressdes posteriores a0 levante de 1935 € serviu as do golpe de 1937, Muita gente se essou pela experienc ros a respeito, obras sobre anar- quismo, marxismo, Algumas, e grande éxito, como a Histdria do soci das sociais, de Max Beer, © ABC do comunismo, de Bukarin, ou 0 famoso fias que abalaram o mundo, de John Reed. Ao lado, tradu radores engajados a esquerda, como Boris Pilniak iadkov, Mi Rebelo de Caio anistas, mas se Dai a voga di listas. ne social” do tem ores declaradamente de esq 9 Ramos, Jorge Amado, Raquel de C Machado, Oswi ade, Carlos Drummond de Andrade, Abguar tizantes, como Mério de 190 191 36 Lins do Re enais; mi neiras, vida coisa nem outra, ma as segura de Sérgio 9 que os animava no e efetuo\ ‘Amanda Fontes, Guilher~ do passado e Je das elites para o pape logia, que tiveram increr ‘Antes de qualquer outra lusdes defor © opera © cunho mais conser teve como re 0 neg to ao negro, € preciso tural dos pr ns de'cor”, que fensa muito ativa, nfo raro ligada ygressoAfro-Brasi- : Antes sbretudo os de que, reciprocat star & preferé © “romance soc 0 de 1930 Pl o anterior 0s j ir do peso saudo eo como dos documentos e fatos a 12 se afirmar através de um livro inaugural de versos, tendiam @ faz2-lo por meio do ensaio de cunho sociol6 ‘Ainda aqui estamos ante um processo comecado nos anos 20 quando Monteiro Lobato fundou ¢ desenvolveu a sua editora, mar- dada por alguns tracos inovadores: preferéncia quase exclusiva por autores brasileitos do presente; interesse pelos problemas da hora; busca de uma fi 31 propria, diferente dos tradicionais padres franceses ¢ portugueses; esforgo para vender por precos acessiveis sem quebra da qualidade editorial. este desejo de nacional mais viva do Pais. As edi aram inclusive criar uma ra didética ajustada aos novos programas ¢ aos ideais das Consolidou-se deste modo o livro escolar para o nivel médio, atento as necessidades ira ¢ procurando substituir a cléssica bibliografia es geira do tipo colegées de F-T.D. ¢ F.LC., série Royal Readers, Historia, de Raposo Botelho, Matematica, de Comberousse, Fisica, de Bazin, Geologia, ete. A obrigacio do curso seriado (anterior a Reforma Campos) propiciou o aparecimento de séries de livros para as diferentes ma- érias, que antes exis para o ensino Neste sentido destaca-se a atividade da Companhia Editora Nacional, de Séo Paulo, sucessora de Monteiro Lobato & Cia. Con- servadora em 1a, publicou apenas os novos menos avancados Ribeiro Couto). Mas foi longe noutros terrenos, como se comprova pela famosa “Biblioteca Pedagégica Brasileira’, talvez 0 mais notével empreendimento editorial que 0 Pais conheceu até hoje, Tdeada e durante muito tempo dirigida por Fernando de Azevedo, ros diddticos, atualidades pedagSgicas, diva gacao ci mos constitu: lade, que foi um mareo decisivo, nao apenas pela reedicéo de cléssicos estrangeiros e nacionais, mas pelo estimulo aos contemporaneos, tora Globo, de Porto que passou do teratura, divulgando os novos ves do Rio Gr: fe uma quantidade de autores estran ‘08 contemporineos, tudo isso com a colaboragao de Erico Veri simo como conselheiro editorial e tradutor, A Globo distribu‘a Important 193 tamente, a titulo de propaganda, o folheto periddico Preto ¢ “jesempenhou uma boa tarefa de popularizagio cultu- ral pelo Pais afora, gragas as noticias informativas e crticas sobre escritores brasileiros e estrangeitos editados pela casa. No geral gente pouco difundida antes, como Joseph Conrad, Thomas Mann, Somerset Maugham, Aldous Huxley, Lion Feuchtwanger, William Faulkner, Charles Morgan, Rosamond Lehman, Sinclair Lewis, Ernst Glaeser ete arde ela chegaria aos empreendimentos monumentais que dug da C (sob a direeio de Paulo Rénai) e de 4 busca do ten 1s pequenas editoras exerceram papel importante: Adersen, ‘Ariel (que publicava 0 famoso Bi das logo depois por uma grande editora, sob varios aspectos do — a José Olympio. Estas casas confiaram tiram a dif da literatura moderna trouxeram para as capas & do decénio anterior, incor ficara confinado a0s amadores esclareci 0 leitor se familiarizou com o Cubismo, o Pris lismo, as estiizagGes do Realismo — nas capas de Santa Rosa, cero Dias, Jorge de Lima, Cornélio Pena, Filvio Pennacchi, is Graciano, Joao Fahrion, Edgard Koetz ¢ outros, pai utras editoras. Nos anos 20 isto ocorrera em escala bem rest através de algumas capas de Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Brecheret, Flavio de Carvalho, para uns poucos livros de Mé Andrade, Oswald de Andrade, Raul Bopp. jovimento, José Olympio pode ser conside- 1, pelo arrojo a amy Wu 08 novos, bem como pelo estilo das capas de 1as edigdes, criadas sobretudo por Santa Rosa em suas diversas fases. A mancha colorida com o desenho central em branco ¢ preto tornou nos anos 30, por todo o Pais, o simbolo da renovagao icorporada ao gosto publico. Como uma espécie de ilha artesanal ¢ graficamente conserva- dora, nessa onda de izagio ¢ atualizacao editorial, funcio- nou em Belo Horizonte, por iniciativa de Eduar cipio a Pindorama, depois a Amigos do Livro, mantidas p zages mensais que davam direito & edigio periddica de um volume. Deste modo foram editadas algumas obras importantes de Carlos Drummond de Andrade, Joao Alphonsus, Emilio Moura, Ciro dos Anjos etc. estimulou ¢ edi ‘Comparada com a de ‘verdadeira revolugao fo de um corte progres- ‘camadas domin: para dirigir o seu de 195, (que se tran: pat equipam m lugar do povo e em seu nome, fe ver, mesmo disc estado, pres: locratizagao” (com perdio da ma palavra) fs que ndo cessariam de se reforgar até nossos is as contradigoes entre as forr a fruicd respeito das jendo-se dizer aspect. 0S moderna nas concepgoes de cultura no Brasil seito de intele posto da ordem ‘ou seja, que o seu lugar é le faz parte da sl os regimes autori este processo foi cheio de paradoxos, inc! sta foram intensamente cooptados pelos 5 a 1930, devido ao grande Mies estatais e as exigéncias de uma crescente rac Nem sempre foi sboracao sem s siprupo se radicalizava, com am Estado de cunho n tensoes e acomodacdes, com mo individuo. Sérgio Mi- mente cooptados e, de desenvolver ‘meramente subjetivos, com relaca de oposigao ver da elasticidade ¢ ou menor d a dominante, que os pode tolerar sem gue eles deixem com isto de exercer a sua fungao corrosive Assim, dura do Est depois de Candido durante a di ‘ari, cumprindo encomen \Ga0 0s famosos murais que, pela cram a negagao oficial concepeio, tema ades radicais. E que, a ) entre estas © os se poderia chamar 0 dos anos 30" conta que gragas a cles se 1 no Brasil ‘aos esforgos para super e artistas, que foi b caracteristica negative, Posto podia rel certo desdém pela elaborai em absoluto primeiro plano, o “problema” gundo a sua organizagao esté com os requisitos da har eventualmente o impacto humano d atitude, bem caracte os anos 30, se relerida passagem do “projeto estético” wlernista (Lafeté), ¢ por as do decénio de 1920, de hones 1 da Bais 197 ragéo formal) tende a ser ul certo da realidade, Outros requisitos da produc ‘a a sua escrita per como Abguar fase da existénc Se de acontecimentos que néo perde de vista 0 fundo mais '; 0 romance. Assim sendo, 0 sev 20 segredo da sua forma, como proibe m Desse me aparéncia a se misturam sem que um perceba eo azei 4, antes, como a luz € a cor. 2 4g sideragdes_mostram consciéncia clara do problema na elaboragio ; mas comparadas com a re tem seu autor e muitos outsos, ficam mais como alegacdo itos, as convicgdes) acabam absorvendo 0 resto, ese" a ser “ilustrada” pela Poucos, naquele periodo, tiveram a capacidade de correspond programa tracado por Abguar Bastos: Graciliano Ramos, Di E pouquissimos puderam unir a form: ago corteta, como se observa fe, Mario de Andrade. cupagio de discutir 2 pertinéncia cas, quase ninguém percebendo 9 uma coisa ¢ outra dependem da elaborasio fori ural we do acerto em arte ¢ literatura te-se que isto ndo foi préprio dos esc is de esquerda, ou radicais, no sentido amplo, Ocorreu também nos outros, inclusive os de diteita, devido a0 mesmo desvio obsessivo rumo aos “problemas”, .cto pouco elaborado de obras ambiciosas ‘a de Ordvio de Faria, que se Estas jo. desprov tormou um critico acerbo do Modernismo e dos temas do a coneentracao nos de cunho moral ¢ psico- ico, que praticava no entanto com total insensibilidade em rela do aos aspectos de fatura. Tanto no caso da fics (0 do “rom: “planos” ‘Abguar Bastos) como aspecto dominante ci que no limite € 0 informe. Na poesia houve f positivo: a tensfo entre 0 verso ‘meno paralelo, mas diferente, que fo bborado segundo as regras) e 0 0s). Poetas como Drummond e @ uma forma nova de dades da prosa e funcionow como i © dilaceramento da conscién- aram a experiéncia mo- re os géneros, que fora lo por Oswald de Andrade icado em 1933); ¢ que itrealizado O anjo, Sob este asp demista de apaga: (cujo Serafim Po os anos 30 encontrou manifestagai de Jorge de Lima (1934) da), levou por vezes a supervalorizar e: virtude do espontineo; e 2 no reconhecer devidamente obras de fatura requintada, mas desprovidas de ideologia ost como Os ratos, de Dionélio Machado Belmiro, de Ciro d E talver um artista de grande nivel, sido mais valorizado pelo teatro, ridio, Lembro apenas que samba e a march mente confina i € subairbios do Ri Pais ¢ todas as classes, tornando-se um pi consumo cultural, Enq 20 u 6 era de atuagao Joao de Barro ¢ muitos 0 avassalador interpenetrac € dos fat atros. Eles se defini

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