You are on page 1of 41
nan ob (le aa “com exercicios eects SUMARIO PERCOLACAO DE AGUA EM OBRAS DE TERRA. 13 1.1 © Fluxo Laminar e a Lei de Darcy “ 1.2. Revisiio do Conceito de Rede de Fluxo e do seu Tragado .... 14 1.3 A Equagio de Laplace e sua Solugio ... sone? 1.4. Heterogeneidades... . - 1.5. Problemas Praticos em que a Incégnita é a Vazio - a Engenhosidade 23 1.6 Anisotropia..... 28 1.7 Fluxo Transiente 31 Questées para pensar on snnnnnnanesnane 33 Apéndice I 36 Apéndice IT 38 Bibliogratia nat EXPLORAGAO DO SUBSOLO........ secs Al 2.1 Ensaio in situ e ensaios de laboratétio cat 2.2 Ensaio de Palheta ou Vane Tet... 2 2.3 Ensaio de Penettagio Estitiea ou Ensaio do Cone. 46 2.4 Ensaios Pressiométricss.... 2.5 Ensaios de Permeablidade Iv Site Questées para pensar Apéndice Tne Bibliogtafia ne. son ANALISE DE ESTABILIDADE DE TALUDES 63 3.1 Métodos de Equilibrio-Limite sme catch 3.2 Método de Fellenius.. 3.3 Método de Bishop Simplificado.. 69 3.4 Formas de Considerar as Presses Neutras... 70 3.5 Parimetros de Resisténcia ao Cisalhamento 72 Questées para pensar wun : 3 75 Apéndice I... “ - Bibliografia 81 ENCOSTAS NATURAIS oe 83 4.1 Os Solos das Encostas Naturais.. .83 4.2. Tipos e Causas de Escorregamentos das Encostas Naturais 87 4.3. Métodos de Cilculo de Estabilidade de Taludes 89 4.4 Estabilizagdo de Encostas Naturais... (Questées para pensar 104 Apéndice I. i ¥ 110 Bibliografia 11 ATERROS SOBRE SOLOS MOLES. ve 113 5.1 Caractetisticas dos Solos Moles .. 114 5.2 Bstabilidade dos Aterros apés a Constcugio so 123 5.3 Recalques “ si se 129 5.4 Processos Construtivos .. euilaal Questées para pensar 139 Bibliografia..... aon scene TAS COMPACTAGAO DE ATERROS - se AT 6.1 Ensaios de Compactagdo em Laborat6rio ins 1A 6.2 Compactacio de Campo winnmnnmnsnnunnsninann 158) 6.3 Especificagées da Compactasio so sevens 155, 6.4 Controle da Compactasio... we 156 6.5 Pesquisas de Areas de Empréstimo e de Jazidas 162 6.6 Aterros Compactados 163 Questées para pensar ..... = . 169 Bibliografia 171 BARRAGENS DE TERRA E ENROCAMENTO oc. 173 7.1 Evolucio Histérica... oe 173 7.2. Tipos Bisicos de Barragens..... 175 7.3. Patores que Afetam a Escolha do Tipo de Bartagem vues. 181 7.4 Acidentes Catasttéficos Envolvendo Barragens... we 183 7.5. Principios para o Projeto 3 saan BB 7.6 Sistema de Deenagem Interna em Baragens de Tetth vvvsnne 187 (Questées para pensar is x swe 192 Bibliogtafia none we 196 TRATAMENTO DE FUNDAGOES DE BARRAGENS..... 197 8.1 Controle de Percolagio 197 8.2 Fundagoes de Bartagens de Terra... omnene 198, 8.3 Fundagées de Barragens de Concreto: InjegSes e Drenagem..... ae 209 8.4 Fundagdes de Barragens de Terta-Enrocamento .. a2, (Questées para pensar 213 Bibliografia 216 APRESENTACAO Em 1961, Ralph Peck fez uma importante conferéncia no MLL. sobre Engenhatia Civil. Nessa época eram poucos os estudantes americanos que se interessavam pela engenharia civil, preferindo as engenharias quimica, mecinica e espacial, preocupados em colocat o homem na Lua, Assim, dos meus colegas do M.LT. ¢ de Harvard, poucos eram ameticanos. Os demais vinham da Venezuela, Peru, Israel, india, Suica, Nigétia, Grécia e Inglaterca. Alguns interessados em aprender e voltat a seus pafses pata trabalhar e outros 4 procura de uma porta de entrada nos Estados Unidos. Ambiente semelhante Faical Massad deve ter encontrado em Harvard no M.LT. alguns anos depois. Naquela conferéncia, Peck salientou que a Engenharia Civil constitui a base € os fundamentos de todas as engenhaias, porque propicia a infraesteutura para que as demais possam se estabelecer e desenvolver. O desenvolvimento e o bem-estar de um pais depende basicamente de uma infraesteutura sélida de estradas, transporte, saneamento, energia, habitagio, instalagdes escolares, hospitalares ¢ industtiais adequadas. E, para tanto, siio necessitios engenheitos civis com uma formagio sélida e com os conhecimentos bisicos dos virios ramos da Engenharia Civil © mundo da década de 1960 nio é 0 mundo de hoje, € nfo seré mesmo daqui a 40 anos, mas as necessidades bisicas da populagio permanecem as mesmas. ‘Se para as engenhatias civis da década de 1960 os desafios eram grandes, hoje esses desafios sio ainda maiores, porque é preciso suprir necessidades demandas em escalas sempre crescentes © Brasil tem uma longa tradigdo em obras de Engenharia Civil, e € hoje totalmente autossuficiente em projetos de grandes obras, como autoestradas, barragens, metrés, canais, pottos, obras subterrineas, estruturas complexas etc. A Escola Politécnica tem sempre fornecido quadros para o ptojeto ¢ a implantagio dessas obras. Engenheiros como Faigal Massad tém contribuido de forma exemplar na dificil tarefa de formar profissionais habilitados a enfrentar os desafios da engenhatia, na area de Mec4nica dos Solos e em Obras de Terra. ‘Tive a grande satisfaglo de trabalhar com o Faical por varias décadas, além da satisfagao de ler em primeira mio o seu livro sobre Obras de Terra, um texto bisico, indispensdvel para a formacdo de engenheiros dedicados 4 Mec§nica dos Solos e suas aplicagdes. Nos oito capitulos que compéem o livro, Faigal apresenta, ao lado dos fundamentos bisicos, as aplicagdes praticas relacionadas 4 Percolacio da Agua em Obras de Terra, Técnicas de Exploracio do Subsolo, Anilises de Estabilidade de Talude, Compactacio de Aterros, Barragens de Terra e Enrocamento e suas Fundagées. Discute com propriedade e detalha a formagio de solos naturais das encostas, Destaca-se no Capitulo § a magistral discussio sobre origens e evolugio dos solos moles, seguida dos problemas dos aterros sobre tais formagées. Hoje, mais do que nunca, é necessaio que os fundamentos da Mecinica dos Solos sejam bem estabelecidos, para a formasio de uma atitude critica diante dos projetos que dispdem de recursos crescentes quase ilimitados de programas de computagio e de informitica. © mundo de hoje é muito diferente do mundo de 1960, mas a adverténcia de Ralph Peck permanece. Sio Paulo, janeito de 2003 Paulo Teixeira da Cruz PREFACIO Uma Obra de Terra pode ser entendida como uma “estrutura” construida com solo ou blocos de rocha, isto é, na qual o solo € a rocha sio os materiais de construsio. A esse propésito, um dos termos em inglés, usado paca designé-ta, é bastante sugestivo: Earth Structures, 0 outco & Earth Works Assim, stio Obras de Terra as bactagens de terra e de enrocamento ¢ os atetros em geral, construidos para os mais variados fins. Nesse sentido, so obras “attificiais”, envolvendo um campo fértil para a prética da engenhosidade, na procura de solugSes seguras e econémicas. Hi casos de obras em que o solo e a rocha intervém como material natural, interessando a sua condigio intacta, enquanto fundagSes dessas obras, que requetem, eventualmente, tratamentos adequados de cariter mecinico, quimico (injegdes) etc. Sio os casos de obtas como os Atettos Sobre Solos Moles; as Fundacdes de Battagens de Terra, de Enrocamento e de Concreto; € as Obras de Contengio de Encostas Naturais. Este livto € fruto das aulas ministradas na Escola Politécnica da USP (EPUSP), na disciplina “Obras de Terra”, como Professor Assistente, desde 1967, ¢ como Professor Responsavel, a partic de 1980 até os dias de hoje. Deve muito do que procuta transmitit ao Prof. Milton Vargas € ao Prof Victor F. B. de Mello, que foram, durante vitios anos, os responsiveis por essa disciplina na EPUSP. © livto inicia-se com alguns capitulos sobre o “fertamental teérico- -pritico” necessirio para o projeto e a consteucio de Obras de Terra, como: 4) Percolagio de Agua em Meios Porosos: Aplicasio a Problemas de Obras de Terra; b) Exploragic do Subsolo para Obras de Terra: Ensaios de Campo ©) Andlise da Estabilidade de Taludes. Na sequéncia, sio abordados os temas envolvendo as “Obras de Terra” propriamente ditas: a) Encostas Naturais; b) Aterros Sobre Solos Moles; ©) Compactagio de Aterros; 4) Barragens de Terra e Enrocamento; 2) Tratamento de Fundasées de Barragens. Hi trés aspectos relevantes que precisam set considerados ao se tratar das “Obras de Tecra”: 1A ato do Homem sobre 0 Meio Fisico ‘As Obras de Terra interferem diretamente com a natuteza. A consttucio de uma barcagem, de uma estrada, ou a implantagio de um loteamento em regio montanhosa requer cortes de taludes, desmatamentos etc. Tais agSes rompem o equilibrio natural, donde a necessidade de obras de contencio para evitar os escorregamentos € a erosio. Deve-se introduzir uma “mentalidade conservacionista”, procurando preserva © meio fisico, desde © projeto, passando pela construcio até a manutengio das Obras de Terra 2 Condigtes: Geolégico-Geatéenicas Desfavordveis Frequentemente, o local mais favoravel para a consteugio de uma Barragem de terra apresenta alguma descontinuidade geolégica, pois “o rio é uma linha de maior fraqueza natural”, Dessa forma, o engenheito tem de estar prepatado para enfientar situagSes adversas em termos de subsolo. 3 Teoria e Realidade Em obras geotécnicas, diante da complexidade do subsolo, ¢ quase sempre necessitio proceder a idealizacdes ou simplificagées da natureza. Este foi o método adotado pot Terzaghi, na esteita da tevolugio provocada na Fisica pot homens como Ticho Brahe, Kepler e Newton, pois o Método Observacional de Terzaghi consiste em construit modelos simples para teptesentat a realidade, cuidando, postetiormente, de verificar se as hipsteses adotadas sio realistas, pela observagio do comportamento das obras. Capfruto | PERCOLACAO DE AGUA EM OBRAS DE TERRA 1.1 O Fluxo Laminar e a Lei de Darcy No curso de Mecinica dos Solos (Sousa Pinto, 2000), estudou-se a percolacio de gua em meios porosos, adotando-se, basicamente, duas hipéteses: a) a estrutura do solo é rigida, isto é, 0 solo niio softe deformacées » carreamento de particulas durante o fluxo; b) é vilida a Lei de Darcy ¢ o fluxo é, portanto, laminar, Para que ocorra movimento de égua entre dois pontos (A e B) de um meio poroso, € ni > que haja, entre eles, uma diferenca de carga total (AH = H,- Hp), sendo a carga total H definida por: a carga altimétrica e #/Y.., a carga piezométrica. Em 1856, Darcy propés a seguinte relagio, com base no seu cli experimento com permeimetro: ico. Q=ki-A Q sendo Qa vazio de igy 4,0 gradiente hideaulico, isto é,a perda de carga total porunidade de comprimento; A éa area da ‘io transversal do permeimetro; © &, 0 coeficiente de permeabilidade do solo, que mede a resisténcia “viscosa” ao fluxo de agua e varia numa fai muito ampla de valores, como mostra 0 desenho abaixo. Este fato, acrescido 4 sua grande variabilidade, para um mesmo Obras de Terra depésito de solo, torna sua determinagio experimental problemitica: é q imo é um parimetro no mensunivel. Ou, em muitas citcunstincias, 0 mé quando se conhece sua ordem de grandeza, isto é, 0 expoente de 10. Ha uma complicagiio a mais: para solos granulares, como as arcias grossas, Argias sites Areias Pedregulhos Granite Granite Intacto Fissurado com dilimetros iguais ou maiores que 2 mm, o fluxo é turbulento e a velocidade € aproximadamente proporcional a raiz quadrada do gradiente. O fluxo s6 laminar para solos na faixa granulométrica entre © com gradientes usuais (1 a 5). ireias gro as € as argi 1.2 Reviséo do Conceito de Rede de Fluxo e do seu Tragado Conceito de rede de fluxo Considerem-se as situagGes indicadas nas Figs. 1.1 ¢ 1.2. A totalidade da carga AH, disponivel para o fluxo, deve s do solo. pada no percurso total, através gE s Tela RRR RRR OOOO Fig. 1.2 Huo arf inch unidimensional Fluo anf inch, hidinmsionl O trajeto que a agua segue através de um meio saturado € designado por linha de fluxo; pelo fato de o regime ser laminar, as linhas de fluxo nio podem se cruzar, conclusio que é constatada experimentalmente, através da inj de tinta em modelos de areia. Por outro lado, como ha uma perda de carga no percurso, haver pontos em que uma determinada fragio de carga total ji ter’ sido consumida. O lugar geométrico dos pontos com igual carga total é uma equipotencial, ou linha equipotencial. Hi um nimero ilimitado de linhas de fluxo © equipotenciais; del escolhem-se algumas, numa forma conveniente, para a representacio da percolagio. Em meios isotrdpicos, as linhas de fluso seguem caminhos de maximo gradiente (distincia minima); dai se conclui que as linhas de fluxo interceptam as equipotenciais, formando Angulos retos. No Apéndice I, encontra-se uma demonstragiio matemitica dessa propriedade das redes de fluso, ¢ 1.1.¢ 1.2apresentam ilustragdes de fluxos uni e bi-dimensiona Em problemas de percolacio, é necessiria a determinagio, a priori, das linhas-limite ou condigdes de contorno. Por exemplo, para a Fig. 1.2, as linhas BA e CD sio linhas equipotenciais-limite, e as linhas AB, EC e F de fluxo-limite. Para a barragem de terra da Fig, 1.3, AB é uma equipotencial- limite; € AD ¢ BC sio linhas de fluso-limite. \ linha BC é uma linha de fluxo, porém com condigdes especiais: é conhecida como linha de saturacio, pois cht separa a parte (“quase”) saturada da parte nio saturada do meio poroso. Além disso, ela € uma linha freética, isto é a pressio neutra (u) é nula ao longo dela. Esta tiltima propriedade é extensiva 4 linha CD, que, sem set linha de fluso ou equipotencial, inha livre. Finalmente, pela ex o (1) conclui-se que, a0 longo das linhas BC e CD, tem-se H isto 6, a carga € exclusivamente altimétrica 3 sao linhas tumallinha-limite, que recebe 0 nome de re de contorno, a rede de fluxo é Gini Tragado da rede de fluxo (método grafico) Para representar uma rede de fluxo, convém que seja a perda de carga entre duas equipotenciais consecutivas quanto a vazao entre duas linhas de fluso consecutivas. Tal representagio simplifica bastante o seu 1m constantes tanto Capitulo 1 Percolagao de Agua em Obras de Terra 15, Fig. LF Fluo réo omf inc an gastacoal Obras de Terra 16 tracado. Considere-se novamente a rede da Fig, 1.2. Os elementos 1, 2 3 funcionam como pequenos permedmetros. Aplicando-s tem-se: a Lei de Darcy, 1} em que & € 0 coeficiente de permeabilidade; Aj, (i = 1, 2.€ 3) so as perdas de carga total nos elementos 1, 2.€ 3, respectivamente; I, € 0 comprimento médio do elemento /na direcio do fluxo; ¢ bj é a largura média do mesmo elemento. E Sbvio que g; = gp por continuidade do fluxo e g= 43 pela definigio de rede, isto é NEh=h @ Ademais, ainda pela definicao de rede de fluxo, dev Ab, = Ah, = Ab, 1 2 Substituindo-se (3) em (4) e tendo-se em conta (3), resulta: © Dai se segue que, para satisfazer as condigdes enunciadas, deve-se ter: b + = sonstant ; o Para maior facilidade visual no tragado da rede, costuma-se tomar para a relagio (7) 0 valor 1, isto é, trabalha-se com “quadrados”. Note-se que, em geral, os “quadrados” tém lados curvos, como mostra a Fig. 14s assim, tanto 0 elemento 1243, como 0 2478 so “quadrados”. Para verificar se uma regiio da rede de fluxo é um “quadrado”, é nece subdividi-la, tragando-se novas linhas de fluxo rio equipotenciais, ¢ analisar se as subareas stio “quadrado Capitulo 1 O fluxo é confinado quando nio existe linha Freitica, como nos casos. | Percolagao de Agua ilustrados pelas Figs. 1.1 ¢ 1.2; caso contritio, ele é denominado fluxo | em Obras de Terra gravitacional ou nao confinado (Fig, 1.3). Deum modb geral, a posigio da linha freética é parte da solugio procurada. | 17 € deve ser determinada por tentativas, satisfazendo as seguintes condicde: a) ao longo dela, a carga é puramente altimétrica; dai que a - diferenga entre as ordenadas dos pontos de encontro de duas equipotenciais consecutivas com a linha freatica é constante, quaisquer que sejam as equipo- Fig. LF tenciais (Fig, 1.5); Tita etic: os camps b)a linha fredtica deve ser fo pravete altindtr ics perpendicular ao talude de (Cexagr ance , 196!) montante, que é uma equipotencial, como mostra a Fig. 1.6a. A situagdo indicada na Fig, 1.6b constitui uma excegio que se justifica, pois uma linha de fluxo no pode subir e depois descer, pois violaria a primeira condigao. Assim, a linha fre‘itica, no seu trecho inicial, é horizontal, e a velocidade no ponto de entrada énula; ©) na saida da Agua, a linha fredtica deve ser essencialmente tangente ao talude de jusante, como mostra a Fig, 1.7a, ou acompanha a vertical (Fig. 7b), seguindo a diregio da gravidade. Na sequéncia, resumem-se algumas recomendagdes, feitas por Casagrande (1964), para ajudar o principiante na aprendizagem do método grifico (trasado da rede de fluxo): * estudar redes de fluxo ja construidas; + usar poucos camais de fluso (4a 5,no mi de tracado da redk tentativ: imo) nas primeira + “acertar” a rede, primeiro, no seu todo, deixando os detalhes mais Obras de Terra Enrocamento para o fim; + as transig&es entre trechos retos e curvos das linhas devem ser suavess em cada canal, 0 tamanho dos “quadrados” varia geadualmente. Uma vez desenhada a rede de fluxo, pode-se obter: a) a perda de Agua ou vazio ( por metro de secio transversal, Se n, for o mimero de canais de fluxo, ng o nimero de perdas de carga e H a carga total aser dissipada, deduz-se facilmente a seguinte expre ® Arelagiio entre parénteses é conhecida por relagiio de forma, ou fator de forma, e s6 depende da geomettia do problema. b) a pressio neutra (u) em qualquer ponto, pela expressio (1), € 1 =1,-(H-2) ” 6) a forca de percolacio (F) em qualquer regido; para tanto, basta F247, (10) sendo Yo 0 peso especifico da agua. Convém frisar que o cilculo da vazio niio requer um tragado rigoroso da rede de fluxo, pois basta obter dela, com boa precisiio, o fator de forma, n/ | Capitulo 1 rng, O mesmo niio sucede com o cilculo do gradiente ou da pressio neutra em pontos do macigo. Percolagao de Agua em Obras de Terra 19 1.3 A Equagao de Laplace e sua Solugao Se 0 solo for saturado, de modo a no ocorrer variagio de volume, ¢ tanto 0s s6lidos como a agua dos poros forem incompressiveis, entio, pode-se escrever: (iL) que é a Equagio da Continuidade; ¢ rsio as velocidades de descarga ou de fluso, respectivamente nas diregées x (horizontal) ¢ y (vertical), coordenadas cartesianas. De acordo com a Lei de Darcy: (12) O sinal negativo justifica-se pelo fato de a carga h decrescer no sentido do fluxo. Substituindo-se as equagdes (12) na expres homogéneo, isto é, Ay. € & constant ‘io (11) ¢ supondo solo 03) ou, se 0 mei for isotrpico, com & = k= = constante: (4) que a Equagio de Laplace para duas dimensd Pode-se mostrar que a Equagio de Laplace ¢ satisfeita para um par de Obras de Terra 20 Fotos Singilare: virtie mum contomo inpemesvel Gitta ce flvo-linite) funcdes € %, conjugadas harmonicamente, ¢ que a familia de curvas (sy) const. é ortogonal A familia de curvas (xy) = const., A fungio @ é o potencial, dado por o = -kh + const, eX a fungio de fluxo, que permite calcular a vaziio (Apéndice 1). Solugdes analiticas da Equacio de Lapla geometria bem simples ¢, mesmo assim, as fungdes matemiticas usadas so muito complexas. Solugdes numéricas da Equacio de Laplace podem ser obtidas pelo Método das Differengas Finitas ou pelo Método dos Elementos Finitos, que escapam do escopo deste curso, que se atém ao Método Grifico, isto é ao tragado da rede de fluxo, tal como foi exposto. O Apéndice II da algumas informagées adicionais a respeito dos Métodos Numéricos. dio restritas a alguns casos de Esiste uma solugio analitica, que tem algum interesse pritico, referente aos pontos singulares numa rede de fluxo. Sio pontos em que as linha -limite se interceptam, formando fingulos predeterminados. Nesses pontos, velocidades de des ipa podem ser nulas 1.8, 1.9 © 1.10, .e que, nas vizinhangas dos pontos singulare: como mostram as Figs. -Kochina (1962). Note- a velocidade tende a um valor infinito, a Lei de Darcy e, portanto, a Equagio de Laplace, nao tem mais validade. Tais dre a solugio obtida. quando sio tio pequenas que no afetam vé fina 0 1.4 Heterogeneidades Nem sempre € possivel idealizar, mplificar problemas de engenharia supondo a presenga de um tinico solo homogénco. Es s,¢ clas serio abordadas em outros capitulos, de fundagio apresenta-se estratificado, por exemplo, com a ocorrénc! camadas de solo de fundagio com dife permeabilidades. Ou entio, segdes de Barragens de Terra zoneadas, isto é, com a presenca de diferentes solos compactados. Mesmo uma segio de Barragem de Terra “Homogénea” compotta filtros de areia, o que, a rigor, imprime heterogeneidade ao meio sto 6, situagdes pritic poroso. A seguir, seri analisado, conceitualmente, como deve ser o fluso de égua através de interfaces entre materinis de permeabilidades diferentes. Se o fluso for unidimensional, com velocidade perpendicular & interface AB, pela continuidade do fluso (mesma vaziio), dev Capitulo 1 Percolagao de Agua em Obras de Terra 21 pois a area da secio transversal (A) é constante. Se o fluxo for ainda unidimensional, com velocidade paralcla a interfac AB, deve-se ter: const donde: pois o gradiente hidraulico é o mesmo ao longo de AB. Obras de Terra Numa situagio genérica, decompondo-se os vetores 1) ¢ 1'y nas componentes normal e tangencial, deve-se ter: 22 Pn = On (15) (16) ou, dividindo-se (16) por (15): (17) que éuma relagio de proporcionalidade direta. Se se quiser manter a mesma perda de carga entre equipotenciais € a mesma perda de dgua em todos os canais, ao se passar de um solo para 0 outro, deve-se ter: sendo gaperda de agua em um canal e Avia perda de carga entre equipotencinis: be /sio.as dimensdes médias dos “retingulos”, num ou noutro meio, conforme o indice for / ou 2. Dai segue que: (18) que é uma relacio de proporcionalidade inversa. A Fig, 1.13 ilustra duas solugGes villidas para a mesma segio de barragem, com &y = 5k. A vazio pode ser calculada tanto em um como no outro meio. Se © que se deseja € 0 cilculo da vazio, € p engenhosidade, simplificar o problema pela “homogenizacio” dos solos presentes, feita de forma criteriosa, [io que se veri a seguit. vel, valendo-se da 1.5 Problemas Préticos em que a Incégnita é a Vazao —a Engenhosidade Para uma classe de problemas de percolagio em meios heterogéneos, em que a incégnita é a vazio, ou pode ser reduzida a ela, é possivel levantar algumas hipdteses simplificadoras que possibilitam a determinagio de parimetros significativos de projeto. Sio os casos do dimensionamento de tapetes “impermeiveis” de montante, cuja soluco aproximada foi desenvolvida por Bennett (1946), 0 dimensionamento dos filtros horizontais de areia, tratados analiticamente por Cedergren (1967). Inicialmente, a titulo de ilustragio, mostrar-se-4 como usar a engenhosidade ¢ resolver 0 problema da vazio a ser bombeada de uma escavagio. 1.5.1 Problema da escavagio entre duas pranchadas, em meio heterogéneo Considere-se © problema de es de Bolton (1979). E. po limit avagio, indicado na Fig, 1.14b, extraido ‘el estabelecer um intervalo de io da vazio, uperior ¢ inferior, supondo que © solo é homogéneo, a isto & constituido ora de areia (&,= 10? om/3), limite superior, ora de areia siltosa (é é,/ 10), limite inferior. Capitulo 1 Percolagao de Agua em Obras de Terra 23 Fig. LIS Bkarplos de rats ce £30 bidinensicnais en meio para hterogireo (xergre) 1967) Obras de Terra 24 (9) el estreitar ainda mais esse intervalo, atentando-se para 0 fato de ABCD, na Fig, 1.14b, 14a ser um permedmetro. Escavagio an solo hawogiren: Admitindo-se que DC e tragcb ch rete de fino para AB sio equipotenciais, ctteminar a vero Gitar, com cargas totais iguais a 1979) He 0, respectivamente, 0 que éuma hipétese propo- sitalmente exagerada, tem- se, pela Lei de Darcy: ——— (21) que é uma superestimativa da vazio real, isto é (22) ou, numericamente, 108 (9, (270 5m re em litros por hora ¢ ee por metros de sega Fig LAB: transversal da escavagio, Esaavagio an solo heter ogre: © que possibilita, para sine congo fins priticos, o dimen- chprcilem pera chemin o sionamento das bombas — a de recalques para manter en © fundo da escavacio seco. 1.5.2 “Tapetes Impermeaveis” de montante de barragens de terra Considere-se 0 problema de uma Barragem de ‘Terra, indicado na Fig, 1.15, que se prolonga para montante através de tapete dito “impermeavel”. O termo entre aspas é de certa Forma, impréprio, pois o tapete é construido com solo e apresenta uma certa permeabilidade &, e espessura z» Suponha-se que a barragem se apoia em solo de fundagio de espessura zye permeabilidade bp O solo de fundagio € 1.000 vez s permedvel do que 0 solo da barragem, de modo que o problema pode ser simplificado da forma indicada na Fig, 1.16. FS Facil ver que no trecho que vai de Ba C, 0 fluxo € confinado, unidimensional (isto é BCC’B’é um permeiimetro), de modo que a perda de carga h vs ‘o trecho AB, a situagio é mais complicada, pi hi entrada de Agua em AA’ e em AB. Capitulo 1 Percolagao de Agua em Obras de Terra 25 Fig. 15 “Yepete inpermedvel” ab montante de uma, iaragenc tara pardretros envcvichs Fig. 116 “lepete inpemeivel” & nontante de ura karrayem cetera sinlif icxgo cb woblera Obras de Terra 26 Para os casos em que ky / & > 100, pode-se admitir que o fluxo no tapete € essencialmente vertical e, na fundacio, horizontal. Dessa forma, a vaziio pelas fundacdes é dada por: (23) em que: ABé 0 comprimento real do tapete “impermesel” ¢Q, 6a entra por AA’. Por outro lado, a vazsio pelas fundagdes vale, pela Lei de Darcy: ¢, apés igualar essas expressdes e derivar em relacio a x, resulta em: (24) de cuja solugio e ras! (26) Nessa expres Eso os comprimentos indicados na Fig 1.16. ‘Tudo se passa como se existisse um tapete de comprimento x, totalmente impermeivel (& = 0), € 0 problema fosse de percolagio unidimensional. Em outras palavras, € como se a fundacio fosse um grande permelimetro, de comprimento (+B). Dessa forma, a vazdio pela fundacio pode ser calculada pela Lei de Darcy, expressio ( (27) Bi possivel provar que a solugio acima, devida a Bennett, subestima a vaio, o que é contra a seguranga. No entanto, para y/ &, > 100, este fato & irrelevante. 1.5.3 Filtros horizontais de barragens O problema aqui é saber qual dev: horizontal (F sera espessura Hyde um filtro 1.17a) e com que material granular precisa ser cons 9 para > de terra. Ha duas Capitulo 1 Percolagao de Agua em Obras de Terra ar a vaziio Q de gua percolada pelo ma 7 superestima a espessura e, a outra, subestima- casos, para o bom funcionamento do sistema de drenagem, admite-se que, na entrada do filtro horizontal, 0 nivel d’igua represado tenha uma altura igual 4 espessura Hy. a ; L \ primeira hipétese simpli- ficadora (Fig, 1.17b) equivale a admitie ye o filtro trabalha em carga, ) eeeeeeeenereerernee ics ne apa ‘Ba, Fig. 1.17 ee TSR most sclera tal do Derry remidics a lnrajanc tera Aplicando sea Lei de Darcy temse: oneness —— bfiroen amp; gfirolire © SSO (28) L sendo: A segunda hipotese (Fig. 1.17c) admite que o filtro trabalha liveemente, coma exi segio plena le a Equaciio de Dupuit de uma linha freitica, isto io é utilizada no escoamento da Agua. Nessa situa (Polubarinova-Kochina, 1962): @) na qual os simbolos tém os significados indicados na Fig 1.18. Obras de Terra \ aplic: 10 resulta em: cio desta equ 28 60) ia sendo: Pemearetro & Dut: 2 flu» réo anf irecb Logo: G1) No caso do filtro horizontal captar Agua também das fundagées, pode-se provar que a desigualdade acima continua valida, devendo-se substituir Q por Qn Ql 2s Que Qyreferem-se, respectivamente, is contribuigdes do macigo € das fundagdes para a vazio total (Q) 16 Anisotropia Os solos dos aterros compactados e da maioria dos depésitos naturais so, na realidade, meios anisotrépicos, isto é, a permeabilidade varia com a diregio do fluso, Para se ter uma ideia do grau de Fig. 1.190, anisotropia, suponha-se que um Silos beter og: depésito de solo formou-se por cemeca de solo dimentagio de particulas de arcia etraif iar qe ee ene fina, silte e argila, na tranquilidade de aepete am profindicede pate aes ‘guas paradas de um lago, ¢ que, a cada metro de profundidade, 0 perfil do subsolo é 0 indicado na Fig; 1.19 FB facil ver que num Capitulo 1 permeimetro com o arranjo indicado na Fig, 1.19b, em que adas de solo dispdem-se num ema paralelo, o gradiente 29 hidriulico é constante e vale: Percolagao de Agua em Obras de Terra got 32) i G2) de forma que a vazio total é dada vnidimensional. em par del por: (33) Se a permeabilidade média do sistema for designada &, tem-se: G4) isto & num sistema paralelo, &, a média ponderada dos &j. No caso de sistema em série (Fig, 1.19c), quem é constante éa vazio (continuidade de fluxo), sendo &,apermeabilidade média plicando-se ~ Fig. 1.196 Stlos heterogfrens: fluo inidinensicnal en séré Obras de Terra 30 donde: Aéa area da 4o transversal do permeimetro, Logo, (35) isto €, &,, € a média harmdnica dos &;. Como a média harmdnica ¢ inferior 4 média ponderada, segue-se que & é menor do que £j, De fato, para o caso apresentado na Fig, 1.19a, tem-se: donde: &, = 10-k, Se houver anisotropia, a equagio diferencial que rege o fluso de Agua seri dada pela expressio (13). Se for feita uma simples transformagio de coordenadas, (36) recai-s na Equacio de Laplace, expressio (14), que vale para meios isotrop Tal ajuste de escala compensa os efeitos da anisotropia. A rede de fluxo ¢ tragada na segio transformada, tornada por homotetia, volta-s al, na qual arede de fluxo ni de “quadrados”. secio transformada, 0 coeficiente de permeabilidade & equivalente é dado pela seguinte média geométrica: k (G7) vidente que, para o cileulo da vavéio, que depende do fator de forma i (1,/ng), pode-se valer da secio original ou da transformada, indiferentemente. Para a estimativa dos gradientes hidriulicos, deve-se recorrer exclusivamente a eco original, pois os comprimentos tém de ser os reais. A Fig, 1.20 ilustra algumas redes de fluxo para uma me barragem, mas com diferentes relacdes de perm um coeficiente de permeabilidade horizontal progressivamente maior, a rede sabilidade. Obviamente, com estende-se cada vez mais para jusante, pois a gua tem mais facilidade de percolar na diregio horizonta 1.7 Fluxo Transiente Se 0 nivel do reservatério da barragem da Fig, 1.21 for elevado instantaneamente, até a posicio indicada no desenho, haverd um avanco Capitulo 1 Percolagao de Agua em Obras de Terra 31 Fig. 1.20 Beamplos db ratks de flu bidinensionsis ,réo aonf irecbs , enmeics aistrépias Gxergrey 1957) Obras de Terra 32 1.21 Huotrasiate: aap oraial lira & shrago (Gregre, 1967) gradativo de uma linha de maior saturagio, que, com o tempo, passara pelas posiges 1, 2, ..11, sendo esta tiltima correspondente ao regime permanente do fluxo. A Fig, 1.22 mostra o movimento da linha de “saturacio” (ou freitica) apés um rebaixamento ripido (instantineo) do nivel do reservatério; no final do proceso, a linha fred ica estabiliza-se numa posigio de equilibrio, em novo regime permanente de fluxo para o novo nivel do reservatorio. Ambos os casos sZio exemplos de fluxo transiente em que um solo parc aturado torna-se mais saturado com o tempo ou vice NA. Na zona de saturagio, a Normal equagio da continuidade é valida, y. Dai poder-se construir redes de fluxo im como a Lei de Dare: 18 Posig4o como se 0 fluxo transiente fo: uma série de fluxos permanente que se sucedem no tempo. No exemplo de reba mento ripido, as linhas de fluxo partem da linha de saturagio ou freditica; no regime permanente, se i hi um paralelismo entre elas. ° Se a posigao da linha de saturacio fosse conhecida em cada instante, 0 tragado da rede seria feito como st © fluxo. estivesse em regime permanent mas, de novo a sua posigio é parte da solugio procurada. Uma das maneiras de se obter o avango da ¥ linha freatica é com 0 Modelo ° fisico de Hale-Shaw, com fluido viscoso. A 3" Posicdo se respeito, Veja-se, por exemplo, Harr (1962). Qui | Justifique por que a linha livre néo é nem uma equipotencial nem uma linha de TOES PARA PENSAR gua: € onde vio ter outras linhas de fluxo, que ceuzam com ela. Logo, ela no é uma linha de uxo. Minha livre é uma linha fre‘tica. Portanto, u = Oe a sua carga é puramente altimétrica, portanto variivel. Logo, ela também niio é uma equipotencial 2. O que é fluxo gravitacional (ou néo confinado)? © que soa linha de saturagio © a linha livre nesse tipo de fluxo? Destaque o que ha de comum entre elas e indique a propriedade fundamental que as caracteriza. © fluso geavitacional é 0 fluxo que se processa por agiio da gravidade, num meio poroso niio confinado, to 6, sem que se conhegam todas as condi¢des de contorno. A linha de saturacio € uma linha de fluxo limite, porém com condigdes especi dla separa a parte (“quase”) saturada da parte mio saturada do meio poroso. A linha livre € também uma linha limite, sem ser linha de fluxo ou equipotenci Recebe esse nome pelo fato de a agua fluir por cla livremente. (© que hai de comum entre elas: a) 0 desconhecimento, 4 prior, das suas po determinadas apés 0 tragado da rede de fluxo; b) ambas 0 a0 longo delas e, consequentemente, a carga total ao longo delas altiméteica (H = 2) puramente 3. Qual 6 0 conceito de rede de fluxo? Qual a consequéncia desse conceito quando é aplicado a meios porosos isotrépicos, com permeabilidades diferentes (meios heterogéneos)? Justifique a sua resposta. Uma rede de fluxo é um conjunto finito de linhas de fluxo e de equipotenciais que satisfazem duas condigdes: a) a perda de carga (D/) entre duas equipotenciais consecutivas é constante;b) a vazio (¢) entre duas linhas de fluxo consecutivas (canais de fluxo) também é constante No caso de meios heterogéneos, para se manter essas duas condigd de um solo (1) para o outro 2), deve ao se pasar se ter num canal de fluso qualquer: ney _ bait py rt Isto é, se num dos meios forem usados “quadrados” no tracado da rede de fluxo, no outro seri necessario usar “retiingulos”. Capitulo 1 Percolagao de Agua em Obras de Terra 33 Obras de Terra 34 4. Como se resolvem problemas de percolagio de gua em meios anisotrépicos? HH (me (ng Como sio determinados os pardmetros da expressio @ ‘Traca-se a rede de fluxo na seco transformada, tornada isoteSpica, por exemplo, fey [kx e, por homotetia, volt: original, na qual a rede de fluxo nijo sera formada por “quadrados”. O coeficiente de permeabilidade k a ser usado € 0 “equivalente”, dado pela média geométrica entre k, ek, O fator de forma (a,/n,) pode ser determinado na secio original ou na transformada, indiferentemente, 0 mesmo ocotrendo com H. por meio de uma relagio do tipo * cio 5. O coeficiente de permeabilidade do solo compactado do niicleo da barragem de terra-enrocamento indicada abaixo & de 10*cm/s. Pede-se: a) esbosar a rede de fluxo para a fase de operagio com NA. normal; b) calcular a vazio em m'/s por metro de extensio longitudinal de barragem; ©) calcular a pressao neutra de percolacio nos pontos A,B e C; 4d) calcular 0 gradiente hidrdulico em C. sem NA Solugio: a) esbogo da rede de fluxo 56m NA D) Q= 1078 .56.3/4=4,2-1077 m/s) m 44 = Yoh ~e4) =10(42-27) = 150...kPa © np = 290...kPa dic =uplonts 6. Tracar a rede de fluxo para a barragem de terra homogénea, Determine o | Capitulo 1 fasor deforma, Percolacao de Agua em Obras de Terra 35 NA ry B Solucio: a B Fator de Forma: n./n.=2/3 Obras de Terra Apenoice | Notas sobre a Equagao de Laplace 36 Considere-se um meio isotrépico, para o qual vale a Equagio de Laplace sio 14). O potencial, dado por = -h + const, satisfaz esta equ: fio, Pode-se provar que existe uma outra fungio x, tal que: (rt) que também satis 1 € a fungio de fluxo. Seja uma linha equipotencial qualquer. Ao longo dela, @ é constante, isto ‘quagio de Laplace, como se pode verificar facilmente. do =0 Logo: ou, tendo em vista as expressdes (12), com &y ne det dy=0 donde: n Ba, az dx 2 Scja agora uma linha de fluso que corta a equipotencial considerada. De 1 = const, segue, de forma aniloga " ° dX ou, tendo em vista as expres @1): sped tu edy =0 donde: bie ao 3) Comparando-s (12) ¢ (13) conchui-se que as equipotenciais As linhas de fluxo. devem ser perpendiculare: No caso de haver anisotropia (, # &), a fungio de fluxo 1 satisfaz as expressdes: da) De forma aniloga, redefinindo-se @ = -h + const, pode-se provar facilmente que as expressdes (1.2) e (1.3) alteram-se para: a5) a= 16) Como 0 produto dos coeficientes angulares é -£y/,, diferente de -1, segue que, para casos de anisotropia, as linhas de fuxo ¢ as equipotenciais, quando se cruzam, nio sio perpendiculares. Capitulo 1 Percolagao de Agua em Obras de Terra 37 Obras de Terra 38 Alguns Métodos Numéricos para a Solugao da Equagao de Laplace Um dos métodos numéticos mais utilizados na solugio da Equacio de Laplace é 0 Método das Diferencas Finitas. Os seus fundamentos encontram-se amplamente divulgados em varios livros de Matematica Aplicada. Essencialmente, consiste na substituicio da Equagio de Laplace por uma 1 equacio de difereneas finitas, substituicio feita com 0 auxilio da formula de Taylor. A equagio de diferengas finitas de primeira ordem é: 2 2 > 4 5 que € aplicivel aos nés de uma malha quadrada, 3 como a da Figura ao lado. Uma vez feita a divisio do meio continuo, em malhas, escrevem-se as equagdes lineares para cada né e trata-se de obter a sua solugio, por meio da computacio eletronica, Um outro método que ganhou muitos adeptos é 0 Método dos Elementos Finitos, que se aplica a qualquer problema de extremos. Oproblema da percolagii s saturados, em regime permanente, é também um problema de extremos. Através do cileulo variacional, é possivel construir uma fungio cujo minimo, dentro da regiio ocupada pelo meio, é solugio procurada, Uma dedugiio dessa fungiio, a Funcio de Dissipagio, pode ser encontrada no livro de Zienkiewcz (1977). » deigua em meios poros © Método dos Elementos Finitos consiste, na sua primeira etapa, na substituigio do meio continuo por elementos discretos, de tal forma que elementos adjacentes tenham alguns pontos em comum (nds externos); os elementos também podem ter nés internos. Aos nés esto associados potenciais, que passam a ser as incdgnitas procuradas. A discretizacio é comple Imitindo-se que o potencial de um ponto qualquer do elemento é uma fungio das suas coordenadas; em geral, a Funcio é um polindmio, que deve satisfazer algumas condigdes, como ser completo, para no haver diregdes preferenciais de fluxo, e permitir a compatibilidade dos valores dos potenci iais relativos aos nés comuns a virios elementos. ‘O mais simples dos elementos é 0 triangular, com os trés nds coincidindo com os trés vértices do triingulo; a ele esti associado um polindmio do primeiro grau. Uma vez realizada a discretiza e part a segunda etapa do método, que é a minimizagio da Fungio de Dissipagio, na regio ocupada pelo meio. Com isto chega-se a um sistema de equagdes lineares, em que as incégnitas so os potenciais nos nds, cuja solugio deve ser obtida por meio de computadores, levando- m conta as condigSes de contorno, Bibliografia »'T. The effects of Blankets on Seepage ‘Through Pervious Foundations. ASCE Transactions, v. 111, p. 215 ss, 1946. BOLTON, M. A Guide fo Soil Mechanics. London: Macmillan Press, 1979. A. Percolagio de Agua Através de Barragens de Terra. Manual Globo, 1964, v. 5-192. CEDERGREN, H. Seepage, Drainage and Flonnets, New York: John Wiley & Sons, 1967. HARR, E. Growndnater and Seepage. New York: McGraw Hill, 1962. POLUBARINOVA-KOCHINA, P. YA. Theory of Ground Water Movement. New Jersey: Princeton Univ. Press, 1962. SOUSA PINTO, Cinso Basico de Mecinica dos Solos. Sio Paulo: Oficina de Textos, 2000. TAYLOR, D.W. Fundamentals of Sail Mechanies, New York: John Wiley & Sons, 1948. ZIENKIEWCZ, O. C. The Finite Element Method. New York: McGraw-Hill, 1977. Capitulo 1 Percolagao de Agua em Obras de Terra 39 Obras de Terra 46 Eig 26 Aterro sobre solo mole: mobilizagdo da resisténcia a0 cisalhamento em vérios planos, seguindo trajetérias de tensdes diferentes © que possibilita a determinagio da resisténcia lateral local, por diferenga. Praticamente inexiste um modelo matemitico que pecmita a estimativa dos parimetros de resisténcia dos solos, a nfo ser para pequenas profundidades de cravagio, gracas aos trabalhos desenvolvidos nos EUA para o Projeto Apolo — ida do homem & Lua — (Durgunoglu e Mitchell, 1975). Esses estudos mostraram que o Angulo do cone, a sua rugosidade e dimensées, bem como a profundidade do ensaio e as tenses in city afetam enormemente os valores da resisténcia de ponta, dificultando 2 obtengio direta dos parimetros de resisténcia, isto é, da coesio e do Angulo de attito. fato da rugosidade da ponteira ter uma influéncia decisiva na resisténcia de ponta é importante no que se tefere ao seu tempo de vida itil, pois com o uso, chegam a se formar estrias na sua superficie em funcio, principalmente, da presenga de pedregulhos e areias grossas no solo, Eneaio ce Eneaio de { Enssio ce foereao cisanamento comoreesto (oassiv) sites Tatvo) ruptura do solo, que conduzem a teorias divergentes nas aplicacdes praticas Além da quebra de grios, no caso de areias, a compressibilidade do solo desempenha um papel relevante, como mostram as teorias de expansio de cavidades cilindricas, Essas teorias supdem que a ponteira é plana na sua extcemidade inferior (inexisténcia do cone) e conduzem, para solos coesivos, a expressdes do tipo: R,=2, +N (co) em que Re é a tesisténcia de ponta; po, a tensio efetiva inicial no ponto de ensaio; « a tesisténcia no drenada (coesio); e Neum fator de carga, dado por: Noirs [r-a(2) G 3 Be) © io, E € 0 médulo de deformabilidade para argilas pouco sensfveis, Nessa express: 130m Delt Begemenn condigdes de obta, a coesio é mobilizada em virios planos, além de ocorterem virios tipos de solicitagées (Fig, 2.6). Tal situacio levou ao uso de cortecdes empiricas do valor da coesio, como se ver4 em outro capitulo; ou, pura e simplesmente, 20 abandono do Vame Test, usando-se entio outros ensaios pata definic a coesio, Para uma discussio mais aprofundada destes e de outros aspectos ligados & resisténcia ao cisalhamento de atgilas moles, remete-se o leitor a Sousa Pinto (2000). 2.3 Ensaio de Penetragdo Estdtica ou Ensaio do Cone O Ensaio de Penetragio Estitica (EPE), ou Deep Sounding, ou ainda Ensaio do Cone, introduzido na Holanda na década de 1930, consiste na cravacio, por esforgo estatico, de um conjunto de ponteira-hastes, com velocidade constante, padronizada em 2 cm/s, Originalmente, a ideia era o seu emprego pata o dimensionamento de estacas instaladas em areia mas, com o tempo, as suas potencialidades foram ampliadas, a tal ponto que hoje é empregado, na sua versio mais moderna, na determinagio de vatios parimetros dos solos. 2.3.1 Ponteiras mecanicas As ponteitas mais simples utilizadas no Brasil, do tipo meciinico, sio as Delft e Begemann (Fig, 2.7), esta iltima permitindo a medida do attito lateral local, gragas & existéncia de uma luva de 13 cm, logo acima do cone. Os cones dessas ponteiras tém as seguintes dimensGes basicas: dea de seco transversal de 10 cm?e Angulo de 60°. Durante a cravagio, sio feitos registros das forgas necessatias para que a ponteita penetre uma certa distancia (10 em na ponteira Delft ¢ 4 cm na ‘Begemann) no solo, com o que se obtém a resisténcia de ponta. Em seguida, no caso da ponteita Begemann, procede-se ao avango do conjunto cone-luva, Capitulo 2 Exploragao do Subsolo 47 Fig. 22 Ponteiras (cones) mecénicas mais utilizadas (Delft e Begemann) QuzsTOss PARA PENSAR |. Liste 0s problemas envolvidos no projeto e na construcio de aterros sobre solos moles. verdade que, se a ruptura de um aterro sobre solo mole no ocorrer logo apés a construgio, ela nfo ocorreré mais? Por qué? Do ponto de vista do projetista, os problemas slo: 2) aestabilidade dos aterzos logo aps a construgio; b) os tecalques dos atertos a0 longo do tempo. Com relaglo aos textos de encontio apontes e viadutos, pode-te listar como problemas que mexecem a atengio do engenheito projetista: c) a estabilidade das fundagées das obtas de atte; 4) 08 cecalques difecenciais entre as obsas de arte, da ordem do decimetro, ¢ 0: aterros de encontzo, da oxdem do metro, com a postibilidade de formagio dos indezejaveis “degraus” junto as pontes e aos viadutos; ¢) os efeitos colaterais no estaqueamento, como empuxos de terrae atrito negative, Do ponto de vista construtive, of problemas dizem xerpeito: 4) a0 trifego dos equipamentos de construgios b) a0 amolgamento da superficie do terreno, face 20 langamento do aterto; ¢) aos riscos de ruptura ducante a construct, o que pode afetar aintegridade de pessoas envolvidas com as obtas e prowocat danos aos equipamentos. Quanto 4 ruptuta, sim, € verdad, pois com 0 adenzamento, que demanda tempo, © solo mole entijece, ganhando resisténcia. Os projetistas valem-se desse fato adotam um coeficiente de seguranga pouco acima de 1, sabendo que, com o tempo, cle aumentata significativamente 2. Liste os problemas de aterros sobre solos moles de encontro as pontes e viadutos. ‘Qual deve ser a ordem de construcao: primeiro a ponte ou o aterro de encontro? Primeito, deve-se construiro “aterro de encontro” e dar um tempo pata o solo adensar S6 depois é que se deve iniciara construgio daponte. Ao se fazero conteito, a construgio do aterro poderia: a) gerar recalques difecenciais entre 0 aterto ¢ 0 tabuleico da ponte; b) romper 0 solo mole, logo apés a sua construsio, ¢ levar a ponte ao colapso; ¢ 6) introduzir esforgos nio desejaveis nas estacas, como, por exemplo, o atrito negativo © empuxos laterais. 3. Liste os pardmetros da argila mole necessirios para célculos de estabilidade ede recalques de um aterro, indicando como podem ser obtidos. Acdensidade natucalo indice de vazios ¢0 indice de compressio podem ser obtidos por meio de ensaios de laboratéxio em amostias indeformadas. Paca 0 C,pode-te recorter a ensaios de peemeabilidade iv ste Finalmente aesisténciano dtenada (cocsio) pode serobtida por Ensaio da Palheta (Vane Tesh. Deve-se tomar 0 cuidado de aplicar a corsegio de Bjersum aos valores obtidas. 4, © que é altura critica de um aterro sobre solo mole e como ela pode ser Capitulo 5 Aterros Sobre Solos Moles 139 Obras de Terra 140 8. Considere os casos 1,2 € 3 de aterros sobre espessa camada de argila mole, sobrejacente a outro estrato de argila média a rija, que satisfazem as seguintes condigées: Caso 1:0 coeficiente de seguranca (F) do aterro, em final de construgao, é de I, ¢ 0 coeficiente de adensamento (C,) vale 3.104 cm/s. Caso 2: Idem, mas com F=1,7 e C= 3.107 emis. Caso 3: Idem, mas com F=1,7 ¢ C,= 3.10% emis. Pergunta-se: i. para qual dos casos ¢ possivel empregar sobrecarga temporaria? Por qué? li.e drenos verticais? Por qué? iii e uma combinagio de sobrecarga temporaria e drenos verticais? Por qué? Resposta i) Sobrecarga temporitia para o cato 2. Ela s6 funciona quando C,é alto (tornande exequivele tempo de sua remogio) ¢0 solo mole suportao seu pero sem romper Fat), i) Deenos Verticais pata 0 caso 1. F~1, portanto nio suporta sobsecarga. Além disso, 0 C, é baixo, ¢ H,é alto, exigindo uma solusio radical, isto é, os duenos (de areia ou fibroquimicos), que reduzem drasticamente as distincias de percolagio. ii) Sobrecarga Temporitia com Drenos Verticais para o caso 3. F € alto, portanto suporta sobrecarga. Como C, é baixo H, é alto, deve-se usar drenos ete, 9. Numa regido de baixada litorinea, em local onde ocorre camada de argila marinha orginica mole, com 15 m de espessura, projeta-se um aterro de estrada de encontroa uma ponte. Um dos requisitos do projeto ¢ que 90% dos recalques primérios ocorram durante © tempo de construcio da obra, que é de | ano Enquanto aguarda os resultados de ensaios encomendados,a projetista considera em seus estudos duas alternativas: empregar drenos verticais de areia, ou usar 0 recurso da pré-compressio da argila mole. a) © que sio e com que objetivos empregam-se drenos verticais de areia? b) O que é e para que serve a pré-compressio de uma argila mole? €) Se 0 valor do C, (coeficiente de adensamento primério) for da ordem de 10 cm/s, qual das duas alternativas vocé empregaria? Por qué? 4) Que tipo ou tipos de ensaios sio mais recomendados na determinacio do C1 Por qué? @) Ensaios de Vane Test. feitos no local,indicaram valores de coesio que satisfazem a seguinte equacio:¢ = 10 + 1,7.z (c em kPa e,a profundidade z, em metros). Se se construisse um aterro com taludes bastante ingremes (quase verticais), dual seria a sua altura critica? Adotar a correcdo de Bjerrum,com = 0, 4) Qual deveria ser a inclinago do talude de um aterro de 3 m de altura,a ser construido no local, se se quiser um coeficiente de seguranga de 1,2? Obras deTerra_| 7,2,6 Barragem de enrocamento com membrana de concreto ‘As battagens com membranas de concteto aptesentam, como septo 180 | impermeével,placas de concreto sobre o talude de montante, de enrocamento Gig. 7.6). Essas placas sfo ligadas umas as outzas por juntas especiais, pois apoiam-se em meio deformavel, 0 enrocamento, que pode softer recalques significativos por ocasido do primeito enchimento. Barragem de enrocamento ‘com membrana de conereto ‘A grande vantagem esté no eronograma construtivo, pois tant © atexro {quanto a membrana de conceeto podem sec constauidos mdependenterente do cla e, portant, da ducagso das estes chuvosas. Além dio, podem + Cen ui ovaeeoncann gratome cue &eapeemra pedeas: batta que se tomem alguns cuidadot no talude de jutsnts, como a Colocapio de bermas, com pedtas de maior tamanho, entrosadss com pedas pequenas, bem compactadas, podendo-se fixar umas as outras com chumbadores ou telas de fecro, 7.2.7 Barragem em aterro hidraulico ‘Além dos tipos citados, existem barragens em que o aterto é construido por processo hideiulica, isto é 0 solo transpertado com agua, por meio de tubulacdes, até 0 local de construgio. Trata-se das bastagens em aterto hiideiulico, Ao ser despejado, o material segrega-se, separando-se as areas, que formam os espaldares do aterto, dos finos (iltes ¢ argilas), que acabam [por constituie 0 niieleo da barcagem (Fig. 7.7) ‘A vantagem € 0 baixo custo, apesar do grande volume de solo que Borragens em epende, em virtde do abatimento dos tludes (1). Vis barragens foram re Me constcuidas com essa técnica em diversos paises, inclusive no Brasil, estando S| one - ee Ir muitas delas em operacio. Em face do processo construtiva, as arcias dos | Capitulo 7 espaldares apresentam-se com compacidade fofa e saturada, sujeitas 20 fFenémeno da liquefacio, como ocorreu no caso da baccagem de Fort Peck, a ser telatado mais adiante. Os defensores dessa técnica, que continua muito dlifundida no leste europeu, argumentam que basta deixar um tolo vibratério | 4g] “passeando” sobre as ateias recém-despejadas das tubulagées, para se ter uma certa densificagio e uma gacantia contra a liquefacio. Barragens de Terra Enrocamento 7.3 Fatores que Afetam a Escolba do Tipo de Barragem Antes de tecer consideragées quanto 4 escolha do tipo de barragem mais adequado a um dado local convém destacar a importincia dos aspectos geolbgico-geotéenicos no projeto, na construcio ena seguranga das barragens. Essa impottincia advém, conforme Mello (1966), do fato do rio sec uma linha de maior fraqueza do terreno. Em geral, os locais favoraveis para a implantagio de barragens envolvem descontinuidades geolégicas associadas a feigBes topogtificas especiais, como corredeiras, cotovelos nos cursos dos tios, encostas escarpadas, etc. Dados estatisticos sobre o comportamento de batragens em operagio tém corroborado essas assergées. De fato, um levantamento feito em 1961, ’ rna Espanha, revelou que de 1.620 basragens, cerca de 308 (ou 19%) haviam softido incidentes, assim diagnosticados: 4) 40% eelacionados com problemas de fundagSes; b) 23% devido a vertedouros inadequados; ©) 12% em virtude de defeitos construtivos. Em 1973, 0 ICOLD (nternational Committee on Large Dams) publicou uum livto intitulado Lestons from Dam Incidents, que mostra 236 incidentes ‘envolvendo barragens de vasios tipos (em arco, contrafostes, gravidade, cencocamento ¢ terra), com 162 (quase 70%) referentes a barragens de tetta ‘As maiores causas dos incidentes foram atribuidas a 4) falas de projeto, com uma incidéncia de 32%; b) investigagdes hidvologicas e geolégico-geotécnicas inadequadas, em 30% dos casos; ©) deficiéncias construtivas, em 17% dos casos. Essa forma de apresentagdo destaca a velevincia das investigagdes no projeto € construgio de barragens. Note-se que os aspectos geol6gico- -geotécnicos intervém nos tees itens acima, Uma ver realcada a importincia dos aspectos geolégico-geotécnicos, ppassa-se allstar os principais fatores que afetam a escolha do tipo de bacragem. Sio eles: 2) grolégico-geotécnico; b) hidrolégico-hideéulico: ¢) topografico; 4) materiais de empréstimo; €) custo; f) prazo} @) clima; b) consteutive, Outro fator que costuma ser citado é de cariter subjetiva, pois, frequentemente, 2 cescolha do tipo de barragem baseia-se na preferéncia pessoal ou na experiéncia profissional do projetista FI cee ” * ner Obras de Terra destina-se a estudantes universitdrios dos cursos de Engenharia Civil, de Minas, Agronémica e outros. Integrando a série Curso Basico de Geotecnia, Obras de Terra apresenta os fundamentos que intervém na concepgao, dimensionamento e construgéo das obras de terra. A andlise de estabilidade de taludes e a dinémica das encostas naturais recebem atengéo especial onde também enfatiza-se a agao do Homem sobre o meio fisico. As barragens de terra e de enrocamento desempenham inumeras e diversificadas funcées de infra-estrutura pelo vasto territério nacional e k representam um marco da engenharia brasileira. Obras de Terra dedica dois de seus cito capitulos as barragens tipicas. O Prof. Faigal Massad leciona hé 35 anos na Escola Politécnica da USP onde é Professor Titular. Suas contribuigdes como cientista e pesquisador no IPT, nas atividades académicas na USP e como consultor em obras de terra e enrocamento, fundagées, escavagées e propriedades dos solos, valeram-lhe o reconhecimento e apreco da comunidade técnica e seis prémios, dentre os quais, o Prémio Terzaghi. ISBN 978-85-86238-97-0] easaolzs8970

You might also like