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Diegio edn sabes Soar! Coordenacso eitorat anna Maria Lonusso Colaboraramcom 21649430 Fabio Geto Federica Mateo Projetograico Polystudlo Diagramaca0 Pola Bertozi Pesquisa iconosysfica Siva Boxohes! RS. AB Barrer Spooner pata 44193] 99.P° cp-srasi Catalogeqao-nafonte Scot Nacional dos Eitoes de L705 co yer. 1932 . Sh co armbar osteo de lara A ioe ln: Record 2007 Tradugio de: stoi dla brsterz8 Incl bibhogra Isat 978-85-01-07868°3 esética- Hite 2.Grotesco Hist 3.Art - losofia = itera 4 Arte flsofa- Mitr Tilo cop nis nro counniss Copyright © 2007 ACS Libr SpA Boman Todos 0 dieits reservados Froid a tepraduco,armazenamento ou transmis de partes deste fo atraves de quaisquer meos sem previa autoraacvo por eso. Diretos exclusives desta digs reservados pelo EDITORA RECORDLTDA Rua Argentina 171 Rio de Janeivo, Rd ~ 20921380 ~Te:2585-2000, Annpresso naa Pima impressio Outubro 2007 ‘Segunda impresso Fevereiro 2008, 1580 978.85-01-07864-3 PEDIDOS PELO REEMBOLSO POSTAL (al Postal 23052 Rode Janeiro, Rd ~ 20922970 Universidade Estadual de Maringé ‘Sstema de Biblotecas - BCE i 0 001 Imagem: 6. Canale, Borgaro Toinese SUMARIO Introdugao Capitulo | Ofeio no mundo classico Capitulo A paixao, a morte, ‘0 martirio Capitulo © Apocalipse,o inferno eodiabo Capitulo v Monstros e portentos Capitulo V 0 feio, 0 comico, o obsceno Capitulo A feiura da mulher entre a Antiguidade e 0 Barroco Capitulo Vil Odiabono mundo moderno apitulo vl Bruxaria, satanismo, sadismo Capitulo Ik Capitulo x O resgate romantico do feio Um mundo dominado pelo belo? Helenismo e horror A visdo panealista do universo Ador de Cristo Martires, eremitas, penitentes Otriunfo da morte Um universo de horrores Qinferno ‘As metamorfoses do diabo Prodigios e monstros Uma estética do desmesurado Amoralizagao dos monstros As mirabilia O destino dos monstros Priapo Satiras sobre o vilao e festas carnavalescas A liberacao renascentista Acaricatura Atradigao antifeminina Maneirismo e Barroco Do Satanas rebelde ao pobre Mefistofeles A demonizagao do inimigo Abruxa Satanismo, sadismo e prazer da crueldade Partos lunares e cadaveres desventrados . Afisiognomonia As filosofias do feio . Feios e danados Feios e infelizes Infelizes e doentes 34 43 49 56 62 3 82 90 107 1 113 116 125 131 135 142 152 159 169 179 185 203 216 241 257 an 282 293 302 O inquietante 1. A feidra industrial 2. ODecadentismo e a luxtria do feio Torres de ferro e torres de marfim Avanguarda eo triunfo do feio 1. Ofeio dos outros OKitsch OCamp 0 feio dos outros, o Kitsch eo Camp O feio hoje Bibliografia essencial Referéncias bibliograficas das traducées utilizadas indice dos autores e outras fontes Indice dos artistas Referéncias fotograficas 311 391 394 408 441 443 445 447 453 eee WT pi x HOO nee ee) O Apoealipse, o i e o diabo raucuate BOIS. OUT ete one ne ey Le eee ee ee cen ere td ee eae und CMC ted ST COU Mu oe node at aur s/s) Se ee ee ee et cet tee acs descrigdes dos endemoniados nos Evangelhos, por exemplo),& excecdo do Génesis, onde assume forma de serpente. Ele nunca aparece com a Oe Ru re tee eT ee ety ‘mesma forma, os padecimentos dos pecadores no além-timulo (prantos e ranger de dentes, fogo eterno) séo citados de maneira bastante genérica, Reem net ces © Apocalipse é, a0 contrério, uma representaco sacra (que hoje seria Car ed eR Cet eee CR une CUE oe Ore a eae ene Te Bk ea Ao Rao narrativa literal de “coisas verdadeiras” que vo acontecer, pois assim ele fol Pc ts eee Pee a ee De OU ee ro Fu tee OR URN cy narré-la segundo as regras do género literério“visdo" (ou apokalypsis, Peon con tm OAPOCAUFSE.O1 O autor ouve uma voz que Ihe impoe que escreva 0 que verd e que envie o escrito 8s sete Igrejas da provincia asisica. Ele vé sete candelabros de ouro e no meio deles alguém semelhante a um filho de homem, com os cabelos brancos eos pés incandescentes como bronze fundido e a voz como catrondo de aguas torrencais,Na mao direitatinha sete estrelas e de sua boca saia uma espada. E vé um trono com Alguém sentado,e um arco-fris, envolvia o trono com reflexos de esmeralda. Ao. tedor desse trono vinte e quatro Anciéos e no meio do trono e a seu redor, quatro Viventes: um leao, ‘um touro, um animal com feiges de homem e uma aguia em vo. Na mao direita daquele que esta sentado no trono ha um livro selado com sete selos, que ninguém era capaz de abrir. Surge entao um Cordeiro com sete chifres e sete olhos, adorado pelos Viventes e pelos Anciaos,¢, aberto 0 primeiro selo, aparece um cavalo branco montado por um cavaleiro vitorioso; aberto o segundo, um cavalo vermelho cujo cavaleiro recebe uma grande espada; aberto o terceito, aparece um cavalo negro cujo cavaleiro carrega uma balanga; aberto 0 quarto, um cavalo esverdeado montado pela Morte; aberto © quinto, retornam as almas dos mértires; aberto o sexto, ha um grande terremoto, o sol torna-se negro, a lua inteira como sangue, as estrelas se precipita sobre a terra e o céu se afasta como um livro que ¢ enrolado. [Antes que seja aberto o sétimo selo, surge uma multidao vestida de branco composta pelos eleitos de Deus. Em sequida, 0 sétimo selo é aberto e os sete anjos iméveis diante de Deus comegam a soar suas sete trombetas e a cada toque de cada uma das trombetas sucedem-se chuvas de granizo e fogo devastando a terra, terca parte do mar se transforma em sangue, perecem todas as criaturas, uma estrela cai do céu, os planetas sao reduzidos em um terco de seu tamanho, abre-se 0 poco do Abismo, do qual saem fumaca e nuvens de gafanhotos como querreitos terriveis guiados pelo Anjo do Abismo;e quatro anjos,libertados do rio Eufrates onde estavam presos, peo avangam com exércitos, envergando couracas de fogo e montando cavalos a com cabegas de ledo, e a terca parte dos habitantes da terra perece, vitima peer coia) A meter da Babisnia das caudas dos cavalos, como serpentes,e de suas bocas ferinas, ‘Albrecht Dire, ‘Ro som da sétima trombeta, aparece a Arca da Alianca, surge uma Mulher oe vestida de sol ¢ lua, coroada por doze estrelas, um Drago vermelho com ee sete cabecas coroadas por diademas e dez chifres e um filho que nasce da — Mulher e é recebido ao lado de Deus. Trava-se uma terrivel batalha entre Miguel, os anjos e 0 Dragao, o Dragao cai na terra e tenta perseguir a Mulher, Gus eScapa gragas a intervencoes das forcas naturais, enquanto o Dragao se eee 4 beira do mar. E do mar surge uma Besta com dez chifres ¢ sete ain uma pantera com patas de urso e boca de leao. que, conta Dees paca ner agora a venera,e vomitando blastémias die ora Bae Canta05 Santos e consegue vencé-los asistida por identity ota Sai da tera, um faso profeta (que atradicdo sucessiva m0 Anticristo), que transforma os homens em sticubos las ‘chega a hora da primeira desforra: reaparece enta e quatro mil eleitos consagrados 1. UMUNVERSO De HonRORES 8 virgindade, anjos profetizam a queda de Babilonia ¢, sobre uma nuvem branca, surge o juiz supremo, semelhante a um filho de homem, trazendo nas maos uma foice afiada, assim como 0s anjos que 0 secundam, de forma que se segue um grande e punitive massacre. Anjos com sete pragas completam a obra e a Besta é vencida. Abre-se no céu o templo da Tenda do Testemunho e os anjos das sete pragas carregando sete tagas cheias de ira divina mais uma vez espalham morte e terror e ulceras malignas. A agua do mar e dos rios transforma-se em sangue, o sol queima os sobreviventes, as trevas e a seca atormentam os vivos. Da boca do Drago, da Besta e do falso profeta saem trés espiritos impuros semelhantes a ras que rednem os reis da terra e da-se a batalha decisiva entre as forgas do bem e as forcas do mal, no lugar chamado Armagedon. A grande Prostituta reaparece sobre uma Besta escarlate com sete cabecas e dez chifres, carregando uma taga de ouro chela com suas impudicicias, mas ser derrotada pela rebeliao daqueles que havia seduzido. Babilonia cai e a ira de Deus destrdi a cidade. Os anjos, os Anciaos @ 0s Viventes cantam a vitoria de Deus e aparece no céu um guerreiro montado em um cavalo branco que lidera os brancos exércitos vitoriosos. Juntos capturam a Besta e precipitam-na, com 0 falso profeta, em um lago de fogo ardente de enxofre. Nesta altura, o vigésimo capitulo diz que chega um anjo que acorrenta o Dragao ao Abismo, onde ficard por mil anos. Depois de mil anos, Satanas, © Dragao, voltard por pouco tempo para seduzir as nacdes, mas ests destinado a ser derrotado uma ultima vez e jogado no lago de fogo e enxoffe com a Besta e 0 falso profeta, enquanto Cristo e seus bem aventurados reinarao sobre a terra por mil anos. Cumpre-se enfim 0 Juizo Final e aparece, descida do céu, a Cidade Santa, a Jerusalém Celeste, fulgurante de ouro e pedras preciosas (mas esta espléndida visao, que mereceria um capitulo a parte, diz respeito antes a uma historia da beleza) Eevidente o repertorio de criaturas monstruosas e vicissitudes tremendas ue essa visdo introduz no imaginarro cristo. Mas 0 que gerou séculos de discussdo fol sobretudo a ambiguidade substancial do capitulo 20. Segundo uma interpretacao,o milénio em que o diabo permanecera acorrentado ainda ndo comegou e, portanto, ainda estamos a espera de uma idade de ouro, Segundo a outra, como a de Agostinho em Cidade de Deus, milénio representa o periodo que vai da Encarnacao ao fim da historia, sendo, portanto, aquele que jé estamos vivendo. Mas, nesse caso, @ espera do milénio é substituida pela espera de seu final, com os terrores Gue hao de sequi-lo,0 retorno do demdnio e de seu falso profeta,a Segunda vinda de Cristo e o fim do mundo, tias milenaristas, justamer jtura desse tipo encheu de angus e Uma leita dese ae nal do primeiro milénio.A historia do Apocolipse se ossiveis com uma alternancia de euiforia e le espera e tensao por algo (maravilhoso aqueles que viviam 0 move entre estas duas leituras p disforia e uma perene sensacao d ou terrivel) que deve acontecer. Mas o Apacalipse e seus exegetas s6 haviam faa agora traduzi-lo em imagens compreensiveis também para os iletrados, Entre todas as interpretacdes do texto joanino, a que obteve 0 mai fetumbante sucesso foi um comentario elefantino de centenas de paginas contra as poucas dezenas ocupadas pelo texto interpretado: trata-se de in Apocalipsim, Libri Duodecim do Beato abade de Liébana (730-785), que ‘escreve na Espanha visigética para a corte de rei de Oviedo. Intl listar as ingenuidades e as miscelaneas de tal comentario: talvez fosse fascinante justamente por sua exacerbada lutuléncia. Em todo caso, ele € copiado em umerosos manuscritos, cada um deles guarnecido por espléndidas miniaturas (obras-primas da arte mogardbica), em uma sequéncia impressionante de codices de fabulosa beleza, todos produzidos entre os séculos X e XI. Estas miniaturas dos chamados “Beatos’ irao inspirar grande parte da arte figurativa medieval, primeiramente as esculturas das abadias romanicas que se erguiam ao longo das quatro vias de peregrinacao a Santiago de Compostela, mas em seguida também as catedrais goticas, Dentre 05 varios temas apocalipticos, estes portais ¢ timpanos irao privilegiar 0 Cristo entronado e cercado pelos quatro evangelistas, 0 Juizo Final e, portanto, o Inferno. Mas por outras vias, através de outros cOdices miniaturados e de outros ciclos pict6ricos, difundem-se também as imagens diabdlicas, os dragGes do abismo, as bestas com sete cabecas e dez chifres,a prostituta de Babilonia sobre a besta escarlate. Assim, a partir da traducao visual de um texto espléndido (além da promessa de gloria final com que se conclui), 0 medo do fim penetra no imaginario medieval A influéncia mais visivel historicamente do texto de Joao teve, em todo aso, um carater sociale politico e diz respeito aos chamados "terrores do milenio"e ao nascimento dos movimentos milenaristas. Durante um longo tempo, acteditou-se que na noite fatal de 31 de dezembro do milénio a humanidade estaria velando nas igrejas a espera do fim do mundo ou da possibilidade de irtomper em cantos de alivio na manha seguinte, e sobre esta lenda estenderam-se os historiadores Fomanticos. Nao s6 0s textos da época nao trazem nenhuma referéncia 0s terrores, como também as tnicas fontes a disposicdo dos que Sustentavam que eles realmente ocorreram eram constituidas por autores uinhentistas. Os humildes daquela época nao sabiam que estavam no ano Ty pes eatayica sank eee de Cristo, e nao do pretenso Prose dea aailinds io era de uso corente Recentemente, defendeu-se eae ees endémicos, mas subterraneos, em Pare eats instigades por pregadores propensosheresa, © que , Mencionavam os fatos. falado de tudo isso: faltava nero, Abad de Sainte Foy seo Antes do fi Vincent de Beauvais (séc. XI-XIL Speculum bistoriale, XXX, 111 No primeiro dla, o mar se elevari juarenta cOvados sobre as montan muro, No segundo, afundari tanto que 1 muito custo se ceixara ver. No terceio, superficie do mar, emitisio nugidos ate pepario fogo, No quinto, a relva e a No sexto, as eficios desmoronarie No décimio segun strelas cairo, No décin {com os mortos, No déeimo quanto, e&u haverd um novo céu € uma nova terra dievais como Rodolfo, o Glabro, a Getiveramse, se nao nos terrores daquele fim de ano fatal, no tema dos | terrores milenaristas e, portanto, angustias relativas ao fim do mundo sempre reafloraram na cultura medieval £ preciso compreender que, para omens que viviam em séculas atormentados pelas invasdes © pelo ao areaeres que se seguiram & queda do império romano, a visao cle 4080 yo era uma fantasia mistica, mas o retrato veraz do due estava ontecendo com eles e uma ameaca do que ainda poderia vir 2 acontecer. No entanto, se as inquietudes ante £m todo caso, muitos autores me* riores 20 ano Mil eram sofridas < ope, eee son passivamente por populacoes camponesas que nao conseguiam ver detueae Om ae ruma escapatoria, no novo milenio toda uma gama de diferensas ets ca ‘gto da Conca rociais se delineia e as novas massas, que hoje definiriamos como ie ipse a promessa de um “subproletarias; comegam @ ver NO Apocali futuro melhor a ser conquistado através da revolta. © milenarismo gera movimentos misticos como o profetismo de Joaquim de Flora (que fala de uma comunidade da iqualdade que devers instaurar uma idade de ouro) e 0 excessivo rigor franciscano dos Ghamados faticelos, mas frequentemente a passage para essa Terceira Era desenha-se nos varios joaquimismos como oposi¢3o ao poder constituido e ao mundo da riqueza. Entao, a pulsdo mistica desemboca nna anarquia:rigorismo e dissolucdo, sede de justica e banditismo vao caracterizar grupos inquietos, arrebatados por um lider carismatico nos quais, da inspira¢ao apocaliptica, emerge apenas 0 gosto pela violéncia purificadora, que nao raro se exerce (para identificar um representante do Anticristo) sobre os: judeus. Movimentos milenaristas surgiram em varios séculos, e ainda surgem nos nossos dias em comunidades marginais que muitas vezes deram ensejo até a suicidios coletivos. Para falar apenas do inicio dos tempos modernos, bastaria recordar episédios como a revolta dos camponeses durante a reforma protestante, que foi transformada em utopia de uma sociedade igualitaria por Thomas Muntzer (que se definia como a foice afiada por Deus para ceifar os inimigos e via em Lutero a Besta ea Prostituta de BabilOnia) ou como 0s anabatistas de Munster, que chamavam sua cidade de Nova Jerusalém, anunciavam a destruicac do. mundo antes da Pascoa, viam em Joao de Leida o Messias dos ultimos dias e acabaram morrendo em um massacre que parecia imaginado por Joa0 no Apocalipse Este e outros movimentos nasciam como reacao as fealdades narradas pelo vidente de Patmos, com a intengao de superd-las para instaurar uma p0ca fez em que Satands, com suas obras e suas pompas, estivesse definitivamente derrotado. meonn Os eae eel eran algumas vezes ao fascinio da Besta Pore era esa Saea Peru rios de sangue, mas isso também mercado de Tour le seducao desse texto terrivel. se fosse carne de um animal qualquer que eles seus Comp ram cozidos no Forno | 3s daqueles que migravan Le um lugar para outro na esperanca de | : n degolados cescapar da escassez eram deg } Js recebiam | 2. Oinferno nbora termine com a imagem de Satanas mergulhando nas ° mais, nao foi o Apocali nfernai saird nunca ms pocal 5 qui inferno. Muito ante que introduziu no mundo cristao a idéia eligides j haviam concebido um lugar, em geral subterraneo, ond ombras dos mortos. £ no Hades pagao que Deméter vai raptada pelo rei das profundezas, que Orfeu se prec ue se aventuram Ulisses e Enéas, Também, resgatar Pers para salvar Euridice de peniténcia. no Antigo Testamento © Cord fala de um los encontramos alusdes a uma “moradia dos mortos’ sem que se fale, no ntanto, de penas e tormentos, enquanto 0 Evangelhios ja so ma > Abismo e especialmente as Geenas e seu fog: explicitos, menciona eterno, “onde haverd pranto e ranger de dentes Média jé havia produzido muitas descricdes das profundezas ¢ de viagens infernais, da Navegacao de Sao Brandao a V Babilonia Infernal de Giacomino da Verona ao Livro das trés escrituras de Bonvesin de la Riva. Neles, em Virgilio (Eneida, VI) « provavelmente também na tradicao arabe (costuma-se citar um Livro da escada do século Vil, que narra uma viagem de Maomé aos reinos do além: tumulo), Dante buscar seu Inferno, Texto capital para a historia de qualquer fealdade, repertorio de deformidades (Minos, as Furias, inspiracdo para o as Erinias, Geriao, Lucifer, com uma cabeca de trés faces e seis enorme: de morcego) e coletdnea de torturas desmedidas - dos prequicosos qui correm nus mordidos por vespas e marimbondos aos gulosos flagelados luva e esquartejados por Cérbero, dos hereges cujas tumbas ardem em chamas aos violentos langados em um rio de sangue fervente, dos blasfemadores, sodomitas e usurdrios atormentados por chuvas de fogo 05 aduladores merqulhados no esterco, dos simoniacos cravados di cabeca para baixo com os pés em chamas aos vigaristas mergulha Piche fervente e espetados pelos diabos, dos hipécritas coberto: de chumbo aos ladr6es transformados em répteis aos falsdrios Contaminados pela sarna e pela lepra e a0s tra dores imer Por influéncia seja da literatura apocaliptica, seja dos varios relatos de viagens infernais, proliferam nas abadias romanicas e nas catedrais géticas, has miniaturas, nos afrescos, todas aqi las representagdes que possam recordar ao fiel, dia apos dia, as penas que esperam pelos pecadores. ——_———_, 0 eeeeeeeeES,ltlltst—‘iO nn Tormentos infernais Romolo Marche Sermies quaaresmats, 1682. Deus, para atormentar ainda mais is danados, se tomott destlador e dentro dos alambiques do infemo dos f.0s mais gelados, dos ard mais scesos; 05 tormentos dos que foram degolados 2 espa, destrogados por Cabrestos, incinerade amas, estragalhados por feras, 3s earnes comiklas vivas por vermes, ddevoradas por serpentes, conadas por Kiminas, laceradas por eardss, is setas de S, Sebastio, as grelhas Bea tadverioaioa RICE Dar desmemnrados, tos as dores mais agudas, todas as angostias mais Jentas, mais penosas, mais atrozes. E destindo todos estes ingredentes, fez. um preparado tal Santo Alfonso Maria de” Ligu Proparaséo para am nsilerago XXVI, 1758 alguém tert ofendido a Deus naquele semtido, tanto mais nese sentido serd atormentado (.) Seri stomentado 0 olfato. Que pend sala oor wn um ckiver putrid? (.) > condenado ha de estar em me 2 tantos milhoes de outros dlanado pelo fedor que exalim. (..) Mais Penam (digo) pet Fedor, pelos welhas amontoadas em tenpo de pena da imobiliide (_) De modk inferno no dia fia nudar de Tuga sem poder mover nem um pé, nem ma ‘Deus for Deus, Sex ‘ontinuos « prantos d desesperados, Os dembnics fare uma erianga que chora? Miseros os danados que terio de ouvir ‘continuamente para toda a Cternidade 0s numores € gritos Ter uma fome canina (..) Mas no ter nunca wma enigalha de p er também ma sede tal que 130 ana toxks a dgua do mar Ihe bas mas dele no teri uma gota sequen ‘uma gota era © que Epubio. implorava, mas no a teve até YA pena que mais atormenta os sentidos do condenado € 0 fogo do inferno, que atormenta o Também nesta terra a pena do fog a maior de todas; mas ¢ 120 grande a diferenca entre 0 nossc Fogo e aquele do infemo, que 8. pintado (. De modo misero seri circundado pelo vuma acha dentro da f danado ter um abs akaixo dele, um abismo acima e um abismo a0 tedor, Se ele toca, ve, ov respira, nil toca, nio vé e nem respira outa coisa se 10 como peixe na Sigua Mas este fogo no estar somente 10 redor do danado, mas entrar também em suas visceras para atormenti-lo, Seu corpo se tornard Se eterno, no sera infer A pena que no dura muito nao ¢ tuma grande pena. De um enferme corta-se um apostema, de um out se quieima uma gangrena, a dor é grande, mas como acab & pouco, mio € grande ou Mas que pena seta, cou aqucla operigio de feontinuasse por uma sen 5 bastante longs, embora uma dor nos olhios, uma dor ‘edema, torna-se insupor de dor? Mesmo uma por que B, Gmatinisiea que dura ino se poderia suportar pelo tedi FE se durasse um més? Um ano? ¢ que sera o inferno? E onde nio se uve sempre a mesma coméia ow todos os tormentos, todas ‘© por quanto tempo? Por tox a eternidade (..) A morte nesta vida € a coisa m temic pel E esta miséria que padecem por quanto durant? Para sempre, para sempre (..) Perguntario os danacdos aos demonios: A quantas esti a Inferno moderno Jean-Paul! Sate Entre quatro pare INBs ~ (Oba para ele sem med (Pausa) Calta! Ja entendo... ja Luce de Leia tiptico do GAREIN = Cuidado com 0 que vai et ‘Mo Fl deta INBS ~ Voc® val ver que idiotic 52, Lede, Idiot como uma lo! No tem Meste Musca delatenal de ser castigado, né? Ninguem vem Iai, vem? A gente vai fiear ae fim, $6 nés, juntos, nao € iss? f claro que esti faltando alguem aqui A meta voz) Ee se prope clientes que fazem 0 servigo, eon pessoal, E isso. $a Mas 0 inferno sera uma obsessao nos séculos sucessivos e nos sermoes quaresmais barrocos (ver Marchelli e Santo Alfonso Maria de’ Liguori), ofiel é aterrorizado por uma descrigao dos tormentos infernais que supera a violencia dantesca, mesmo porque nao é redimida pelo sopro da arte Aidéia do inferno retorna até em uma perspectiva existencialista e atéia quando, nos dias atuais, Sartre encena um inferno contempordneo, em sua peca Entre quatro paredes: se somos definidos pelos Outros quando estamos vivos, por seu olhar impiedoso que revela a nossa feitira ou a nossa vergonha, ‘ainda podemos nos iludir com a possibilidade de que esses outros nao nos ‘vejam como somos. No inferno sartriano (um quarto de hotel de luz sempre acesa e porta fechada, no qual trés pessoas que nunca tinham se visto antes terao de conviver eternamente), a0 contrario, ndo se pode escapar do olhar do Outro e vive-se apenas de seu desprezo. Um dos personagens grita: “Abram, abram, vamos! Eu aceito tudo: as botinadas, 0s ferros,o chumbo quente, (,.) quero sofrer para valer..” Mas em vao:"..fornalhas, grelhas.. Ah que piada. Nao precisa de nada disso: inferno sao as Outros.” wy x AS y 3. As metamorfoses do diabo No centro do inferno reina Lucifer, ou Satands, se preferirmos. Mas Sata, odiabo, o deménio ja estavam presentes anteriormente. Existiam en diversas culturas varios tipos de deménios, como seres intermediario: que as vezes so benévolos e as vezes malévolos (embora no Apocalipse também os anjos" sejam coadjuvantes tanto de Deus, quanto do deménio) e, quando malévolos, de aspecto monstruoso: no Egito o monstro Ammut, hibrido de crocodilo, leopardo e hippétamo, devora 0s condenados no além-tumulo; existem seres de feicdes bestiais na cultura mesopotimica; em varias formas de religiao dualista existe um Principio do Mal que se opée ao Principio do Bem. Ha o diabo como Al-Saitan na cultura islamica, descrito com atributos animalescos, assim como existem varios deménios tentadores, 05 gui, que assumem o aspecto de mulheres belissimas. Quanto a cultura hebraica, que influencia diretamente a crista, € o diabo, assumindo a forma de serpente, quem tenta Eva no Génesis e na tradi¢ao, interpretando alguns textos biblicos que parecem se referir a outra coisa, como em Isaias ¢ Ezequiel, ele estava presente no inicio do mundo como © Anjo Rebelde que Deus precipitou ao inferno. Sempre na Biblia, encontramos mencées a Lilith, monstro feminino de origem babilénica que, na tradiga0 hebraica, transforma-se em deménio feminino com rosto de mulher, longos cabelos e asas e que era vista, na tradicao cabalistica (0 alfabeto de Ben-Sira, séc.VIIX), como a primeira mulher de Adao que depois se transformou em deménio. Mas pode-se acrescentar também 0 deménio do meio-dia do Salmo 91, que aparece inicialmente como anjo exterminador, mas na tradi¢ao monastica se transforma em tentador da carne, e as numerosas alusoes a Satanas em varias passagens, onde ele vai aparecendo como 0 Caluniador, © Opositor, como aquele que insta para que Deus ponha Jé a prova, como © Asmodeu em Tobias. a Sabedoria (2.23-24) dira:"Deus criou o homem para a incorruptibilidade e o fez imagem de sua propria natureza; foi po inveja do diabo que a morte entrou no mundo. Nos Evangelhos, 0 diabo nunca é descrito, salvo pelos efeitos que provoca, ‘mas, além de tentar Jesus, ele 6 expulso varias vezes do corpo dos endemoniados, é citado pelo proprio Cristo e & definido de forma variada como 0 Maligno,o Inimigo, Belzebu, o Mentiroso,o Principe deste mundo. acter A queda do rei da fas, Lisl tha da Assembla Batalh Ipocalipse, 1 Um sinal grand Parece dbvio, também por motivos tradicionais, que o diabo deve ser feio.Ele ja é evocado assim por Sao Pedro ("Irmaos, sede sobrios ¢ Vigilantes! Eis que 0 vosso adversario,o diabo, vos rodeia como um ledo 8 rugir, procurando a quem devorar.”) e é descrito na forma de varios ‘animais nas vidas dos eremitas. Em um crescendo de feitira, invade pouco a pouco a literatura patristica e medieval, sobretudo aquela de cardter devocional O diabo aparece pata Rodolfo, o Glabro; bandos de diabos aparecem em narrativas de viagens a paises exdticos, como em Mandeville, e por vrios séculos circulam lendas pias sobre 0 “pacto com 0 diabo": 0 diabo tenta o bom cristao e o faz firmar um pacto, que hoje diriamos faustiano, ‘mas geralmente o cristo consegue escapar de suas armadilhas no final. A lenda medieval de Cipriano também fala de um pacto com o diabo: um jovem pagao vende a prdpria alma ao deménio para possuir a jovem ‘mada, Justina, mas,finalmente, tocado pela fé da donzela, se converte € ruma junto com ela para 0 sacrficio.O tema serd retomado em sequida por Calderén de la Barca, em seu O magico prodigioso (1637). Mas uma das vers6es populares de maior sucesso desde os primeiros. séculos cristaos foi a Lenda de Teéflo:o protagonista, didcono na Cilicia, caluniado junto ao bispo, é privado de sua dignidade. Para recupers-la, Teofilo encontra o Diabo gracas a ajuda de um magico judeu; ele Ihe pede que venda sua alma e renegue Cristo e a Virgem. Firmado o pacto, Teéfilo recupera 0 posto, mas depois de sete anos vivides como pecador se arrepende, implora durante quarenta dias a Virgem, que intercede junto a seu filho e conseque reaver o pergaminho fatal, restituindo-o a Teofilo, que o queima e dé testemunho publico de seu erro e do milagre. Alenda de Teéfilo pode ser encontrada em Paolo Diacono, no Speculum Historiale de Vincent de Beauvais, na Lenda durea de Jacques de Voragine, em um poema de Roswita, em Rutebeuf e na literatura inglesa © espanhola ~ para nao falar de seu retorno no Fausto goethiano Uma das mais eficazes representagdes do milagre de Teofilo pode ser vista no timpano da igreja romanica de Souillac, com uma sequiéncia de imagens (definida como antecipadora dos quadrinhos) que acompanha o desenvolvimento da histéria: embaixo, a esquerda, Odiabo estende o pergaminho a Tedfilo, a direita, o didcono assina © no alto aparece a Virgem que desce do céu para retomar o documento do diabo. Nesta escultura, 0 diabo ja aparece feio, mas, segundo as imagens desse Pes ei ccemeensee ca toda a sua feidra, e num mosaico representado como um anjo verme hoe Berean crue duc clecomeses im ani vetmelho. somente a partir do sécuo 1 um monstro dotado de cauda, orelhas animalescas, barbicha caprina, art : artelhos, patase chifres, adquirindo também asas de morcego. aa pad Tebflo faz Uumpactocome dbo. see Timpano de Sovilac Acta sanctorium Truculento de aspecto, terivel de forma, grande de cabs 0 de pescorc mmacilento de squilide de barha, peludo nas orelhas, fronte fSinistto de olhos, fétido de boca, eqdino de dentes, lancando chamas da boca, turvo oe pavent de boca, saliente de peit femur, adunco de pemnas, inchado no ccaleanhar eseabroso de Rodolfo, 0 G Rodolfo, 0 Gl Grinicas, V ns do gener aconteceram muitas vezes, por vontade de Deus, justamente comigo, ‘em tempos até hem recentes, Quando residia no monastenio do Beato mir Leodegirio, em Champeaus, uma noite antes da hora das matinas, apareccusme a0 pe co leito uma figura de homtinculo de aspecto tenebroso. No que me foi possivel dlistinguir, tinha modesta estat pescogo fino, rosto chupado, olhos nigérrimes, fronte encrespada de rugas, nati achatado, boca protuberante, Libios inchados, queixe estreito € afilado, barba caprina, orelhas 3. AS METAMORFOSES D0 DIABO. hirsutas © pontiagudas, cabelos hittos & desgrenhados, dentadira eanina, ceinio alongad, peito salemte, dorso corcunda nadegas que balangavam, roupas suas; cestava apressido e com tod elo, Agarrou uma ponta do colchio de palha onde eu estava e sacudiu a cama com terrvel violencia; depois falou: “Ta ficaris mais neste local” Ao despertar sobrewsaltado, como acontece as vezes por causa do isto, Vio ser que descrevi Rilhando os dentes, repetia varias vezes: Nio ficaris mais aqui,” Preeipitadamente lle da cama e coer para o monastério ‘onde, jogando-me aos pes do altar do santissimo pat Bk memoria com a maxima atencio todos os malfetos ¢ as culpas graves que voluntariamente ou por descuid, tinha cometido desde a infincia, E como nem temor, nem o amor de Deus tinham uma Yer me induzido 3 peniténcia oxt 2 reparagio de tudo isso, jazia dolente € desvanecido ¢ nao me vinha naca de melhor a dizer que ests simples palavras Senhor Jesus, que vie para a salvago dos pecadores, em viride da tua imensa misericordia, em piedade de mir! As tentagdes de Santo Anténio © extase da tortura P Hustave Fla O diabo em toda a sua monstruosidade nao apenas impera, aterrador fe nos em miniaturas e afrescos, mas ja tinha sido evocado vividamer relatos das tentacdes sofridas pelos eremitas (ver, por exemplo, a Vida de Santo Anténio de Atandsio de Alexandria). Ne também o aspecto convidativo de jovenzinhos ambiguos ou prostitut impudentes, a tal ponto que, nos tempos modernos, entre romantismo e decadentismo, tem lugar uma reviravolta quase blasfematéria do tema da tentacdo, destacando-se, mais do que a felira do diabo tentador e @ forca do eremita que resiste, a imagem tentadora do diabo e os langores do tentado (como em Flaubert, por exemplo) es textos, ele assume as es da esquerda pare ‘Abaca, lzebuth, a6, Deumus Haborym, de Colin de Pane, Dictionnaire infernal Pans lon, Silogeu fantasmagorico de todas as feidras diabélicas, o Baldus (1517), escrito por Te6filo Folengo sob o pseudénimo de Merlin Cocai, é um Poema herdico-cémico grotesco, galhofeiro e goliardesco, a0 mesmo tempo parddia da Comedia dantesca e antecipacao do Gargantua ‘abelaisiano, do qual infelizmente é impossivel dar um exemplo antol6gico, pois ou é saboreado em seu latim macarrdnico ou, traduzido, Perde todo o sabor. Entre as varias e picarescas aventuras do protagonista a Seus amigos encontra-se, no livro 19, a batalha contra uma grande ti EB SRE eens Por uma colagem de formas animalescas: Toros aa Lig USO € porcos com chifres, mastins de trés pernas, pied Fibbes nae cabes28 de Gigante com focinhos de lobo, micos, siboes, Pabuinos, grifos metade ledo e Aguia, metade dragao, Mas a moral dessa batalha diabo nao é derrotado, poi sobretudo na ambicao dos Opapacomo principe dos demnies Dimensdes do diabo Em seus escritos, Lutero ird identificar muitas vezes 0 pontifice romano tanto com 0 diabo quanto com o Anticristo. Lutero é obcecado pelo diabo e a lenda reza que, em uma de suas aparic6es, ele 0 expulsou jogando-Ihe um tinteiro. Mas mesmo sem a lenda, em suas Conversas d mesa aparecem invectivas deste tipo: “Muitas vezes expulso 0 diabo com um peido. Quando me tenta com pecados tolos, digo-Ihe: Diabo, ontem mesmo eu te mandei um peido: colocaste na conta?” (122), Ou entao: “Quando acordo, eis que logo chega o diabo e disputa comigo até que eu Ihe diga: ora, vem lamber meu cu... Porque ele nos atormenta antes de mais nada com a diivida. Em compensacao, temos o tesouro da Palavra. Deus seja louvado" (141). Contudo, jd em Lutero e em seguida na tradicao protestante ganha espaco uma concepcao (que nao sera partilhada pelos fandticos protestantes que, mais tarde, darao inicio a persequi¢ao de feiticeiras e feiticeiros suspeitos de terem feito pactos com 0 deménio, como veremos no cap. Vil) segundo a qual o diabo identifica-se com os vicios dos quais se torna simbolo. De fato, a maior coletanea demonologica publicada em ambito protestante, o Theatrum diabolorum (1569), um grande volume de cerca de setecentas paginas, aborda todos os aspectos da demonologia (calcula-se até mesmo que o ntimero dos diabos ¢ 2,665.866.746.664), porém nao nomeia os diabos tradicionais, mas os diabos da blasfémia, da danca, da luxtria, da caca, da bebida, da tirania, da preguica, do orgulho ou dos jogos de azar. ——_— Enquanto tem inicio a reforma protestante, morre Hieronymus Bosch, cujos seres infernais sao hibridos que fazem pensar nas colagens diabdlicas do Baldus, mas esto muito distantes da iconografia precedente. Nao nascem da mist ad tracos d animais conhecidos, mas tem uma autonomia oriunda de pesadelos e nao se sabe se vém do abismo ou vagam, bservados, em nosso mundo, As criaturas que assediam o eremita no ‘0 das tentacées de Santo Ant6nio nao sao os deménios da tradicao, maus demais para serem levados a sério, Quase divertides, como personages carnavalescos, eles so bem mais insinuantes. A respeito de Bosch, falou-se,ndo por acaso, de “demoniaco na arte de fermentos heréticos, de apelas ao mundo do inconsciente, alusdes alquimicas e antecipagoes do surrealismo, Antoni de seu Artaud refere-se a ele no contexto teatro da crueldade” como um dos artistas que souberam revelar 0 ado obscuro de nossa psique. Bosch era membro de Nossa Senhora, de espiri uma Confraternidade conservador, mas voltada para uma reforma mes, de m do que suas representacoes fazem pensar antes em {ime série de alegorias moralizantes sobre a decadéncia daquela época icias ou em O carro de feno, nao temos apenas visoes ulftireas do além, mas também enas aparentemente delicadas, sensuais rivelmente inquietantes, do mundo dos prazeres levar ao inferno, Bosch parece quase antecipar 0 rum diabolorum: 0 que idilicas e, no entanto, ti tetrenos que ha de n espirito do The - oferece nao sao visdes dos diabos ns dos vicios da sociedade em que vivia existentes, mas antes imager

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