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PODER JUDICIARIO __ TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL JUIZO ELEITORAL DA 128" ZONA - BAHIA -64.2008.6.05.0128 Janser Soares Mesqui Parte ré — Tania Maria Portugal da Silva e Nivaldo Améric: RH Vistos. . Trata-se de Agao de Investigagéo Judicial Eleitoral formulada por Janser Soares Mesquita, candidato a Prefeito de Sao Sebastido de Passé/BA, colocado no segundo lugar no prélio eleitoral de 2008, em face de Tania Maria Portugal da Silva e Nivaldo Américo dos Santos, prefeita e vice-prefeito eleitos, em razo da suposta pratica de abuso do poder econémico € politico (percep¢ao de recursos de fontes vedadas), com fulcro no art. 22, XIV, da LC 64/90. Segundo alega a parte autora, a investigada teria recebido e movimentado recursos doados por empresas vinculadas a Administracao PUblica Municipal, no importe de R$ 49.000,00 (quarenta e nove mil reais) Citados os investigados, ofereceram respostas (fis. 255/258; 265/269), em que negaram a imputagao que Ihes é atribuida, bem como alegando a auséncia de demonstracao do dano efetivo ou potencial que fundamentem a AIJE. Realizada a instrugdo, foram ouvidas 06 (seis) testemunhas. Na mesma assentada, indeferidos os requerimentos formulados pela parte autora, foi prolatada sentenga de improcedéncia. Interposto recurso, sobreveio acérdéo anulando o feito a partir da audiéncia em que se indeferiu 0 quanto requerido pelo investigante, para que se deferisse a prova e fosse ola considerada na prolagao de nova sentenga. Oportunizada a realizago da prova, oficiando-se como requerido ao Executivo Municipal a fim de que fossem remetidas eventuais ofias de contratos ou \ } / pagamentos efetuados entre a Prefeitura e duas das empresas que indicou como permissionarias ou concessionarias de servigo pliblico, chegaram aos autos as respostas de fis. 523; 526; e 550 Dado vista as partes para se manifestarem, mantiveram-se inertes Nova vista ao Ministério Publico, opinativo pela improcedéncia do pedido. Eo relatério. Decido. © processo desenvolveu-se regularmente, sem eiva de vicios, observando-se 0 devido proceso legal e seus consectarios, oportunizando-se as partes manifestarem-se, produzirem provas, e influenciarem o convencimento desta Julgadora decorréncia da ampla defesa e contradit6rio. Nao foram alegadas preliminares. Como se vé, a parte autora alegou a utilizacao de fontes vedadas na arrecadagao de recursos para a campanha eleitoral no importe de R$ 49.000,00 (quarenta @ nove mil reais), que teriam sido doados por duas empresas que estariam vinculadas 4 Administragéo Municipal, por motivo de prestagao de servigos (Oceanica e Lanai), além de outra, que se reveste da natureza de cooperativa (Sampacooper) Ocorre que, apés oportunizada as partes a produgdo de prova, nao foram as empresas e cooperativa reveladas como fontes vedadas. As testemunhas arroladas pelo investigante nada sabiam acerca da atividade da empresa LANAI; bem que, quanto 4 Oce&nica, nada informaram que pudesse demonstrar sua natureza juridica de concessionéria ou permissionaria de servigo puiblico. Aduza-se que a contratacao para a pratica de um servigo especifico nao induz a ocorréncia de um contrat administrativo, que deve ser precedido de licitagdo e obedecer as normas de ordem publica Vale, ainda, salientar que a enumeracdo das fontes vedadas encontram-se descritas no art. 16, da resolugév 22.715, aléin das cooperalivas, nao cabendo o uso da analogia ou interpretagao extensiva, pois trata-se de direito sancionatério. Dessa forma, forgoso concluir pela legitimidade de doagdo feita por empresa que mantenha vinculo com a Administracao Publica desde que se trate de contrato de prestagao de servicos que nao caracterize concessdo ou permissao puiblicas, dentro dos limites especificados pela legislagao vigente, até porque nenhuma prova foi produzida acerca da atureza dos contratos existentes entre 0 Municipio e as empresas ) Com relagéo & SAMPACOOPER, sociedade simples, do tipo cooperativa, tem-se que houve doagao de recursos para campanha em desrespeito a norma eleitoral vigente, ja que prevista como fonte vedada. Apesar de ter havido a alegagao de que a doagao teria sido feita diretamente polo Diretor da cooperativa, nao se comprovou que o valor recolhido nao tenha sido retirado do patriménio da referida Sociedade; assim, reconhece-se a doagao realizada em desconformidade com o preceito normativo, Em que pese se tratar de fonte vedada de recursos para campanha eleitoral, tendo em vista as gravosas consequéncias que tal pratica pode ocasionar, uma vez que se trala de direito sancionatorio, nao se pode fazer uma interpretagao afastada da razoabilidade para aplicar a letra fria da lei. De fato, evidenciou-se a doacéo nao permitida; por outro lado, o montante da arrecadagao feita pela Cooperativa foi no Montante de R$2.000,00 (dois mil reais), inferior a 1 % (um) por cento de toda a arrecadagéo da campanha, 0 que, certamente nao contém potencial para causar um desequilibrio nas eleigdes nem prejudicar 0 eleitor, de modo a configurar abuso do poder Politico ou econémico, restando protegido o bem juridico tutelado. Ante a falta de provas no que pertine as empresas Ocednica e Lanai de serem concessionarias e/ou permissionarias pblicas, bem como a insignificancia da doacao haurida de fontes vedadas, uma vez que nao apta a configurar abuso do poder econémico, a improcedéncia é medida que se impée Assim, acolho 0 parecer ministerial, e com fulcro no art. 269, |, do CPC, julgo improcedente o pedido da parte autora. Com o transito em julgado, fagam-se as anotagdes e comunicagées devidas, dando-se baixa no sistema e arquivando-se. Pree ‘So Sebastiao presen 07.05.2015. \ Lucia Cavalleito.de M. Wehling. de Toledo Juiza Eleitoral

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