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Boletim Operário Ano XII

Nº 613
Caxias do Sul,29/ago/2020

O Paiz Em França os socialistas assassinar, e encontram

Rio de Janeiro um deputado para fazer a apologia do assassinato

09 de março de 1886. e para os defender no parlamento. Em Inglaterra

Nº 67 – Ano III caem aos bandos sobre a cidade, e roubam e

Capa atacam os mais inofensivos cidadãos, não

- Ora eis aqui de que modo o Senhor Pina, respeitando mesmo as mulheres...

correspondente da Gazeta de Noticias, comenta Eu não sei se alguém encontra desculpa para

dois gravíssimos fatos recentemente ocorridos em semelhantes atos. Eu não sei como é que uma tal

França e na Inglaterra – a greve de Decazeville e causa poderá encontra simpatias.

conluio dos famintos de Londres: E aqui está o resultado de toda essa aluvião de

Escusado é entrar em particularidades do grande banalidades, de sandices democráticas de certos

drama social que se representou nas ruas de oradores cretinos de meetings, especuladores

Londres no dia 8 de Fevereiro de 1886, d’águas turvas, sem consciência, sem dignidade,

desempenhado pelos Senhores socialistas, sem pundonor, que falam em nome do povo, que

anarquistas e mais bandidos da confraria. embebedam o povo com retórica, para chegar mais

Basta apontar o assunto principal da peça, a cedo ao poder, e chafurdar à vontade em todos os

grande cena de efeito, esta onda de malandros, abusos e em todas a imoralidades.

que em nome de uma falsa miséria caíram sobre a

cidade rica, atacando e roubando os cidadãos,

arrancando as joias as senhoras, os relógios e as

bolsas aos homens – para termos uma ideia do

caráter dos Senhores socialistas, das suas teorias

e dos seus fins.

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2 / Boletim Operário Nº 613

O povo! O povo!... Eis o grande lugar comum, as

famosas quatro letras com que os aventureiros

enchem a boca para subir ao poder, prometendo

ouro e bem estar a esse mesmo povo, quando eles

sabem perfeitamente que desde que o mundo é

mundo, houve sempre miséria e riqueza, como na

vida de cada homem há sempre fatalidade e

felicidade, há lagrimas e há risos...

Nem a vida mesmo outra coisa, senão a luta de

dores e de prazeres, sendo a dor quem quase

sempre vence a grande batalha humana.

Ora aí está!
Portanto, ó desgraçados, ó miseráveis, ó famintos,
Estas frases cediças de que o Senhor Pina fez
morrei serenamente ao desamparo; suportai as
provisão nas colunas das folhas reacionárias e
lancinantes câimbras da fome; tiritai de frio glacial
serôdias da grande capital, nada significam e não
sem um abrigo e sem um aconchego; contemplai
adiantam de uma polegada a tremenda questão
as vossas mulheres e os vossos filhinhos,
social que assoberba as grandes nações
banhados em pranto, doentes sem terdes uma
europeias, prenunciando conflagrações e
codea de pão para lhes mitigar a fome, sem um
cataclismos, que nada poderá evitar em não
trapo de pana para lhes cobrir a nudez; perambulai
remoto futuro.
tristemente nas ruas de Londres, gemendo de
Mas estas banalidades são resgatadas pelo tópico
negra miséria no centro de todas as opulências e
final, que acima transcrevemos em carácteres
de todas as grandezas, pedindo pelo amor de de
itálicos:
Deus trabalho, trabalho, trabalho...
“Nem a vida é mesmo outra coisa, senão a luta de
Ah! Biltres! Bandidos! Desordeiros! Vagabundos!
dores e de prazeres, sendo a dor quem quase
Valdevinos! Morrei a fome, porque este é o vosso
sempre vence a grande batalha humana...”
destino, e o mundo é isto mesmo.

Delicioso!

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