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Na SEPLAG, o Rio de Janeiro redescobre a questão territorial

As ações de Governo são normalmente planejadas e executadas conforme a


visão setorial das diferentes secretarias de Estado. Quantos de nós já imaginaram uma
estrutura alternativa, em que o Governo fosse organizado em apenas oito secretarias
“regionais”? Naturalmente, a “Secretaria da Região Metropolitana” teria subdivisões,
uma para a Educação, outra para a Saúde, e assim por diante. A “Secretaria da Região
Noroeste” poderia ser organizada de modo semelhante. O primado, contudo, seria da
integração entre as políticas setoriais, e cada uma destas seria mais adequada às
particularidades locais, uma vez que estaria subordinada a autoridades mais
acostumadas ao convívio com as populações locais e seus problemas específicos.
A ideia por trás do planejamento territorial é mais modesta, mas não deixa de
ser ambiciosa. Seu método consiste em pensar o Estado em termos espaciais, e seu
objetivo básico é o mesmo de nossa hipotética estrutura de secretarias regionais: a
maior integração das políticas setoriais. Não é forçoso reorganizar o Governo para
melhorar a sua articulação intersetorial. A incorporação do território aos instrumentos
formais de planejamento e gestão já permite avanços importantes, dos quais o Estado
irá necessitar cada vez mais.
As consequências do enfoque territorial, atento às especificidades regionais e
municipais, vão além da maior integração intersetorial. Elas incluem a maior
integração entre as esferas de governo – Estado e Municípios – e a melhor adequação
de serviços públicos às escalas – macro, meso ou microrregional – que garantam maior
eficácia e eficiência à gestão pública.
Acima de tudo, o planejamento territorial concorre para a interiorização da
administração estadual, em favor de políticas públicas que assegurem a maior
distribuição espacial da população. O Censo 2010 já provou que o Rio de Janeiro ainda
é o mais metropolitano de todos os Estados brasileiros. Provou também, contudo, que
essa realidade começa a se transformar, com novas concentrações econômicas e
demográficas emergindo em outras áreas, com destaque para o litoral das Baixadas
Litorâneas e da Região Norte. Passados mais de 20 anos desde a última regionalização
do Estado, o Rio de Janeiro precisa novamente incorporar as lentes do planejamento
ao olhar com que acompanha suas diferentes realidades.
O território é referência fundamental aqui. Ele diz respeito às relações de poder
existentes em cada lugar, e remete aos diversos atores que de algum modo participam
da vida social local. No âmbito governamental, essas relações de poder têm uma
expressão jurídica formal: as competências legais. É em respeito às competências dos
diferentes entes da federação, e ao protagonismo democrático dos atores integrantes
da sociedade local, que o território constitui o prisma sob o qual devemos executar
políticas ajustadas às necessidades locais.
À maneira da moderna política social, a política territorial entende que a
equidade exige que tratemos os desiguais de formas diferentes. Entende também que
a população vive no território – nos municípios e nas regiões. É lá que o Estado deve
atender às necessidades do cidadão. Eis o desafio da Subsecretaria de Planejamento –
SUBPL, que se comprometeu com o desenvolvimento da dimensão territorial do
próximo Plano Plurianual.

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