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Doris Rinaldi A Entca pa Direrenca Um cebate entre psicandlise € antropologia 0701060433 ADIT go> Fadivora da VERS Jorge Zahar Editor Oo) Ris de Janeizo Copyright @ 1096, Doris Rinses Taos on etis reserva eprecueso 10-bit 12 puliacio. nooo o copysiehn (La $088) [icstos comatles pata ess ose cot Jones Zaks Foro Im rs Méviso 1 sateloja BI-L44 Rio ce Janeiro, J tel (021) 40-02 [Em o-edigio com a Barrens bk UNvERSIoABE 29 Estado £0 Ru 96 sua Sio Frances Xavier 524 sala T 126 20550013. Riode Jane, AI teh (ODL) 847-7788 587- ERI eit - Antonio Celso alves Peles for Niles Freie AUERY Conesiao Editsal No Biasio Barbier (Presidente)! Gerd Borabeim / Marcus Pacheco / Mao Por eaaide Cuinariec/Silvieno Saptag> ! inalde Mou Mao Prod - Rens Casiniro Enraeio - Rosana Rolin Rovisio» Fransisco Inicin astas ‘Apeio Administative- Masia Pai de Matos Fiche Caalogcficaelborata pola Disisio de Frecesamet TS 15996421, | RS7E Rasta, Does, Buca da cifeenea / Doris Rimildi. — Rio de Jnico ” BALUERI = loge Zabar Ed, 1596 160p. — Teansnisao da pscaslse) Incl Bisingeate ISON es-ss881-119 1. Psicanaie © thosotia L Title, COU 158.954.21 CAPITULO UL Lacan € a ética Doze anos depois de ter proferide o seminirio sobre a Friea da Peicandlise, no devorrer de seu vigésimo semindtio — Mais, ain- u que, de iodos os seus seminiries que 0 pablieou na época por “uma fo Agueles que o acusavem aa Totemacional de Psicenal pretender convenc3-los (Lacan, (1972-73) 1982:9 © Eslas observagies, feitas tantos anos depois, confirmam a impoctincia deste semnindvi, no s6 pelo aval dada por seu avtor As questdes ali eolocadas — “todo ele serve" (0p. eit-12) — como polo ceréter subversive em relacio 3 moral psicanalfties dominan. {9 uc o evcit& decisav de nto puiblics-lo, Somente einco ancs “Spdis a sua morte, com texto estabelecida por Jacques-Alain Miller somo, aliis, em todos 0s outtos semiagrios publieados), foi lan- gedo, em 1986, 0 Semindto YI — ética da psicendiise. que tantém ainds hoje 9 vigor ao conjunto da sue obra, Logo de inicio ele afirma que pretende falar de Stiea ¢ wi de oral se watatdo apenas de uma toca de palavras. ms (ims Tndicagio da links de abordagem que isi desenvoiver Ao ) center a sua reflexdo sobre a Stica, pretende distancistse 120 53 ~) de cardter prescrtivo, em tennos de valores ¢ ideals de eondul, que cameteriza a reflexio filosSfica sobre a moral, como também de regres @ norma: que funcic- um sistema de soagdo social, Parmele. ica estd além “do seatimento de obrigagio, do mandamento, da'lei da sociedade, 0 podendo ser resumida & coaedo social. Ele ado se limita 20 Feoonhecimento do supere, cujos paradoxos Freud evidenciou, mas vineula-se também ao “imperative original de ascese freudl ‘ @ “Ty, € paticular. No.centro da_discusséo étice situa-se a quest miner bh Le 686 dion da diiron = Wo Es war, soll Ich werden — no que ele agonta para a emer No campo da moral, a rela teplda por ideas que pressupdem 9 alcance de algum bem. drando um ideal de conduts. E som relegio a isto que La pretends sitar em que medida a articulagao frendiana avanca era relagio a refiexic moralisia. Moralismo que ele tambéin identifc za psicanlise instiuide, onde proliferam ox/ideais ana,ficos sen- ddo.o mais importente dcles, sobre o qual sempre insisie. o de amor genital, ou seia, 4 tentutiva de fazer convergir as origens parado- eis d© desejo, o caréter de posvorséo polimorfa de suas formas infantis, em diregi a um fim haarséaico, Nas sas palaveas: “A psicandlise pauceeria sé ter como objetivo apaziguar a cealpa (..) Tentar-se-ia de uma domacio do gozo perverso ‘que proviria de uma demonstragio de sua universalidade por um lado, e, por outro, de sua fangio” (Lacan, (1959- 0) ap oi 19) ‘A reflexio quo faz ao longo de seus seminarios sobre a fun- 80 do desejo, aponta para a Civersidade das tendéncias humanes quanto a sexualidade © o seu carder profundamente desarménico da. e fur x cla, entendendo-a, entretan~ verdade, ea pease nk “Pistpe avin ofo-nds, vnelada que eit A meionfnis do essjo, © brine sires patina apreseniando-se para cada um acess rma, Esse desejo que fo se submete & L ‘No fazer essa affrmacto, Lacan indica a diferenga da ética psi- ‘canaltica em relagdo 2 reflext@ mioraisia, Uma ver que cla pate 6a Uuniversalidade de desejo justamente para enfatizar a sua particular da iferenga que o constitu. — e no come uma forma de “universalizacao moral, fundaca em algum ideal, O que ¢ universal é @®) a difercnsa, o gus coloca a quasi Sica 5 terms. Laci eaenca 6 Disto nfo resulta nenhuine proposisio anarquista, cactica, de retomo a0. reino dos instinios, nem, ao contro, a suposigao de uma lei natural de harmonia, avalizada pela psicandlise, eaguante “tepecgic moralizante” (Lacan, (1959-60) op, eli.:374), Em Lacan como em Frend, o desejo ests inextrineavelmente vinewlaco & Lei ico. ainda que para o primeito esta Le? indi ‘que, mais do que uma proibicie, a presena da impossibilidade, E, como ele mesmo afimma, nio ¢ daqueles que desprezem o Seiiti- mento de obrigacio nem, muito menos, a onipresenca do senti- mento de culpa, com © qual se lida cotidiauamente, © que Lecan enfatiza ¢ que a dimensio moral se enraiza no préptio desejo, como tivemos oportunidade de ver no capitulo anterior, a0 nos sefotirmos 3 formulagdo de Fieud sobre a origem da moral. A tese de Lacan é que a instincia morsl traz em si@ Real, nc sentido que cle da a este termo. Em suas palavras: minha tese & de que a lei moral, © mandamento moral a presenga da instincia moral. & aguilo por meio do qu em nossa atividade enquanto esirututada pelo sirabdlico, sp presentifion » zeal —o rosl souno tal, © pose de seal” (Lacan, (1939-60) op. ett:31), Ble parte do “Projeto para uma prisologia cienfica” (Freud, (1895) op. of}, que consider, mais do que uma psicologia, uma proposta dice, para indicar a riginalidade da concepgio freudiena, E reste texto qne vai buscar a nogio de Coita ~~ das Ding — que surge uss consideragses acerca do “complex do proximo”, do Nebenmensch, que, nO ml-estar na cultura”, Freud Se recisa a amar além de certos limizes. Em torno desta aggie Leean articula a proposta de uma ética da psicandlise, em que a ago humana esteje orientada por uma seferéncia ao Real. A nozin ce Coisa indica esse vazio central em tomo do qual se tece « rede signifi- cante, objeto perdido, nunca tido, impossivel de que Frend & 1905 ¢ lenegacio"), Lacan identifica das Ding & tendéncia a retoraar que caracieriza a orien {ago do sujeito humane em ditegio ap objeto. O ensentro do Heo ck "sel fo deselo a Scoatia asia itemediavelmente *a uma cevta dis a impoe o cazinho da repetieao. Corpo Out asa wujeits, wal, day Ding ado € reencontrada, mas apenas su: “prdenadas dé praver”. Bla & assim, a fonte de toco Lem e de tudo Sin Felagio aos quais 0 sujexo se mantém distincia. Para can. © sujeito ai ‘mo mal". que ¢ 0 mesme, que lhe poee trazer das Ding. 1880 se mantém A distincia, segundo aregra do dese . que surge com a palavea, uo dissolve a apnsigan hem v mal que aonstitai ¢ dmago do moralisme. © que se pode observar em relagao A Co’sa lacaniana_entre- tent, € que ola eo prowéin somente de Freud, e.ando murda pelo pensamento de Kar ‘Sauluacia de He TOGWEAT,T5 €, da inadecuagto de todos 08 fendmenos para eepreseatar a idéia, monifeste-ce na pro pria Coisa, que nfo € nada elém dessa negatividade radical. Ao conttério de Kent, onde hé uma experiéncia negativa da Coisa, para Hegel 2 Coisa ji 6 a prépria negatividade e nko existe aada além da representacao, £ a nocao de simbslico, como assassio_ da Coisa, que marca o primsire momento do desenvolvimento Ineaniaro.* Lacan recouhece a importancia do corte ético Kantian, desig- ado uma zoaa além do beavestar, que identifica ao campo de das Ding. Segundo ele, Kant “entreviu a fungo de das Ding” a0 propor & mixima universal como o “tu deves” incondicioral, sem slagGes com o individuc, o seino puro da lei totalmente indiferen- te a sen bem-estar. E nesce sentido que este lugas indica o “slém do princfpio de prazes” freudiano, onde, para Lacan, Freud retoma © campo de das Ding, Ao conceber a Coisa como realidade muda 1 Aepreoinoliire 2’ uma prote 14 etice aderenca que comanda ¢ ordene, ele, portanto, aproximacse.de Kant, Entre- ‘aato, se hi uma identidade de logar, o que af Se organiza pode ser considerado como oposio 20 imperativo categérico kantiano. Certamente, a0 supor a Coisa come Outzo absoluto do sujeit, © pensamenio ce Lavan esta marcado pelas formulagdes de Kant, dose fazer uma eproximagdo entre, por um lado, a Coisa ¢ O-gue ele cha de ss “coordenadas de pe realidade, e,.de outro, 4 “Coisa em si” e 0 “objeto fenome > Vuanvle, op cits), & dfetenga ext no fata Jee © conecito de “Coisa erm oi” tem uma implicagio metaffsica, coma luna cealidade asoluta, o verdedeiro ser, que pode ser penseda mas aio conhecida, 14 a Coisa para Lacan, mais do que incogaosetvel. & impossivel, pois ¢ um vasio, Ndo hd o objeto lo desefo @ a Coisa sé pode ser pensadi enquanie milicn._ Coisa esta associadi 2o conceito de Real como dimer sao radical do significante, uma vez que 0 susgimento éo simbé- Tico, se_por um lado despeiia © desejo de plenitude. por ott, 3 fa ds plenitude. por isso gue aps ne, 0 que tm consegiducas om ela rais do que & aniiee, € orentad pata aqulo gue, no comiges ds expenncia, $ 0 micleo do real” (Lacan, (1961) op. cits55). Em Kant permanece a idgia de um Bem Supremo?, ainda que sob a forma da inacessibilidade, da transecndéncia ebsoluta, Qual ner objeto empirice & patoidzive, © que faz com que a [vi forma universal da méxima moral, constitua-se come 0 tnico m5¥el legfiimo de nossa vootade, Jé em Lacan, como em Freud, nio hi Bem Supreme, o que soloca em questio-s unfueslidade dalek crfuea que Lacan faz « Kant consists om mostrar, atcivés Boba ds particalar de A ffiosofia na alcova, publicada Tio ta a ee en prerissas kantianas podem servir ao evesso do que se propunham crigmal. rene, fundomentando una especie de authinota ‘Ao propor o advexto de uma verdadeirareplblica 20s france ses, Sade pretends consagrar a imorthidace, preconizanto o inaes fo, 0 adultéric, © roubo, ama sociedade que surge como Um “utopia do mal” (Klossowski, 1986/68) Para Lacan, esa proposte se assents na critica radical das autordades existentes © se apre- sents como méxime universal de conduta, que pode ser expresse da seguinte forma: “Tomemos como maxima universal de nossa Lacon ea sities 2gio 0 direito de gozar de outrem, quem quer qe seje, como instrumento de nosso prazec” (Lacan, (1939-60) ap. cit 100). A universalizagao da lei, desprovida de qualquer relagio com os sentimentos, faz do mundo sidico 0 avesso do mundo Kantian, cou, nas palavras de Lacan: uma das afetivagdes possfveis do muade govetnado por uma ética radical, pela ciica kantiane, tal camo ela se inscreve em 1788" Lacan, (1959-60) op. ciu:101). Mcis tarde, em 1962, Lacan publica o artig.“Kant con onde demonstra que Sade deve ser aprecndido como a verdads de Kant, dade que, na fa bea, apareve © obj2lD evitado por Kent ‘TOMO aIo\Geico, sob a foma do carzasco gue age estritameate segundo regras éticas (Zizek, 1992:65), Além disso, Sade eviden- cia 0 cariter kantiana, como lei superegdiea que impée 0 goz0, 9 que jd ¢ indicade no seminario sobre a Etica Como diz Lacaa, citando um auter aie identific uel da dtc: “O problema do mal sO mecece ser levantado enguanta nilo estivermos quites com a idéia da transcendéncia de tum bem qualguer que pader ditar deveres 20 homem, A 1 a representapdo exaltada do mal conservara seu maior valor sevolucionéric” (Lacan,(1959-€0) up. cit:90). ‘Nao se pode cesprezar igualmente « presenga de Heidezser ro pensamento de Lacan, Ela fica evidente no segmento do semi iro que examisa o problema da sublimagio, em ganicular + ‘questao da criaga9, onde Lacan se refere 20 “apologo do vaso”, utilizado por Heidegger no enseio intitulado Das Ding (1954). E continuidade com a anilise desce, Lacaa vai aboréar a fi Simullaneamiente, 0 vazio ¢ o leno. Quande o olewo fabrica um vaso, ele 4& Forma a um vazio é por isso que uia vaso é um vaso. Fara Heidezger, ele pade ser visto como una coisa porgus contem esse vazio ¢ nfo pela matéria da qual € feito. Para Lacan, © vaso um objeto apzoptiado paca repeecentar a Ceisa na ariculagio do sea com o mundo, mx medido em que “hd ams entice ene 3 real de ume hide um _furo” (Lacan, (1959-69) op, ei.:153)7 Com isto ele x ic da irene como um “aca, um vazio. Eesie “nada”, o ex-niilo que conto da idéis de craezo, fundamental 120 56 em relic cusso de sublin a tia ‘5 Colsa, portant, apereee no mano, a0 pr6ximo, nas co's, sinda que seja extents a esse mundo, nfo Ihe petenvende, cots um vazio, © que estd em jogo nessa concepeso & suger pot Freud no seu texto sobve ¢ “Esiena” (Das Unhetch) 0 fiver uma anise da palavre heich de sex ooosio unvintich, A Talavin heimlich ongloaa sina gama de signiicasSes qu, da isis de ial, doméstico, se desdotra até a ideia de algo escancido seersto, obscure, inacessfvel ao conhocimente, o que aczba Por coinciir car seu oposte wrheimlich. Segundo Feed, std a0. a dis- Zo, como também no que Lacan articala sobre hheinlich 6 uma palavra cujo sigaificado se desenvolve nnn diregio da ambivaléncis, aié que finalmente coincide com Seu epost wmhsinlich (Freud, (1919) op. cit: 283), E, portant, 9 éstranho que. de algnma forma, se apresenta 20. sais familian A elaboraedo freudiana aponta para a ambivalencia| ‘da linguagem que, paca Lacan se explica a pastic do n6 que articula Real ¢ Simbdlico. A Coisa, esse nveleo do Real, ainda que alheia ao mundo presentifica-se a cada momento na propria linguagem, 4que nio é linguegem do sex, mas fiegie de palavra, uma vez %ue a_galavra serve sempre para dizer te do que iz. E dat que Lacan parte para falar de ética, ~Pode-se pensar, como o faz Slavoj Zizek, que a mancire de conceber a Coisa como cia Goethe, caja influéncia sobre: Freud & incoutestivel, em sues tiltimas palaveas” que expressam “a chave e o impulso da experiéncia aralitea”. Diz Lacant “E pois com uma frase de Goethe, a ultima, que eu ex- Primirei a chave € 0 impulso da experiGneia analitica, com estas palavras bem coahecidas que ele proruncion antes de mecgulhar de olhtos abertos, ao buraco 0 Mehr leche (ais luz)” (Lacan, s-78), Nesse pequeno trecho etd expresso algo de essencial para a experiéncia analitica, tal como concebica por Lacan, pois é nessa fala derméeira, no confronio com a more, que se daa experiéncia do desejo. No seminétio sobre a Ftica, Lacan diz. que 0 objetivo éiico da anilise © da existéncia humana é deparae-se com o desejo, aa medida fem que cle oparece numa retagéo fundamental com a morte. Morte adie 91 simbdlica segundo a Lei éa casino, cajo recorhecimento dé lugar a iuifecazio do dese, £ por isso que hese wminin ck eens o Edipe ate » Edice que di ame oo completo lt de Tera oma ips em Cob, agile que datSerd gue 6 sores git ado sou nada que ae toms am bomen?” ‘Lana, (loses Op. esd) Ease Edge, wea 40 uc aenge nana fona dene Mhesida onde precur 0 den aps wr furor oles analog pasigem de tn dteminado ie benef, dz Laem, su se ak t etperitn do Gesep, A Lei conitaiva do desi & Dotan a Lai da crtap, isin ha fly ¢ io 8 pS tl come oe aprsenia To Mito de Edipo, Nesta o sujelto se vé imo na rival heb imagiiacom opie merdta a mic Amie was potas ras inpowhel, ein a verdad caap que © Buipo ecb, G objeto sista do desejo.o Bem a Cola nso cxite’e 9 ne de etiiaa cssimula fi © pu do que se fla ra Lai € 9 pal Trot, como 20 ito ewan ee Torrh¢ bt unstnets soe funsdo simbca, 0 Nome-dorai pars Lacan. A Let nese seed ndo se confurde corn 0 spore, sed tse eat Ga pon Bide do que es prbiglo © gue a anne ardela & ue, fn © nome con, "mas tomo setae 20 miento Wo a by toner na castagio™ (Laan (1980-0) op eis 367), De eae se pale Gans cen ds ascloya ep Esse caréter de impossibilidade que marca a Lei, no seatido gue the confer Lacen,afistrw de real, cde soos lt indica basicamente a preibieso. O proprio Lacan nem sempre & Sifentomene cup sobre is, jf au, em aguas posages, imposatldade « pribgto + coafundem Neste sean sonia: tn, ele mencions ox Dee Mandmentos com destinades a ater a distincia do suit em relagao& Cosa, come lls a fala re- ximo do gue funciona no feelgue de inconsiete. Seb ese os eles nao co pursmente ‘negatives, demonstcando © lado Dost da moral una vez que ess distin @ condo pre Ue Sebsist a fala, portant, v dee, Alem dco “eles sio a lista © 0 capitulo das nossas transacoes ¢e sada instante (..) © eapbe a dimensio de nowas agBes como peopriamente humanas, Em oulros termos, passa- mos nosso tempo violando os dez mancamentos, © € jastamente por isso que uma sociedade € possivel” (Lacan, (1950.69) op. cit:89) aeeeae Ra ea de avenge Al se revela um outio aspecto assaciado & ogo de Lei — idéia de tansgressdo —, através da qual voliamos 2 Epistola aoe Romuinos, mencionada n0 inicio desse scgiento, Si0 Paulo se tomna pecador na mecida em que © pecado surge comm a Lei, Se. gundo Lacan, uma tansgtessao € necessaria para © ter acesto ao gov; a Lei serve justamente de apoio ao goo, sendo isso o gue ‘Kant ignora, E, portanto, sob a fornia da Le: gus a trasgressio ve efetiva, facendo vom que 0 3070 seja parcial Podemos eproximar essas formulacdes dagusias feitas por Bulle ne livzo © eroiiyno (1987), quando afisma que hi uns profinda cumplicidade entre a lei @ sua violacio. Nao existe inter dito que nic seja tansgredido , fregientemente, a transgressio & rescrita, ¢ que € expresso per Bataille na piopesigio: "0 inieidito existe para ser violado”. A respeito do mancainento — “Ngo ma. tars” ele observe que foi ineapaz de impodir o homnicidio e, muito menos, a guerra — vioiGncia oxganizada de que <6 0 homen & capaz, Sem o interdito a guerra seria impossivel. Poe outro lado, 2 trunsgressio ni elimine o interdito, pois, como diz 0 autor," © tnais emtel dos assassinas néo pode ignorar 2 maldigio que 0 stings, |A yue essa € a condigno de sua gloria” Assim, “sa crane sgtessdo organizada forma com o interdito um conjunto que define a vida social” (Bataille, 1987-61) Quanto co mandamento "Nao mentirés”, através do quel artn- ciamos a relagio fntime entre a Lei a esteitura do desejo, Lacan afirma que a mentira € corralata ao recalgue e que, om nice jnconscieute, enquanto estuturado pelo significant, o sujeito mente. por isso que ele fala e pode dizer “No nents” onde esti inclufea a possibilidade da mentira some © desejo ais fundamen. tal, Cem isso dissolve 0 peso moral da oposigio Verdade x Mon. tira, 20 mostrar que a fala como tal jé é uma mentira e que eva € a nica maneira de veicular algama verdede, Em suas palevras “E que essa fala, ela propria, no sabe 0 que diz quando Mente, © que, por outro lado, mentindo hé alguma verda cle que ela promove. E € nessa furcio antinémiea, que a fala condiciona, entre © desejo ¢ a le, que teside o mével ritordial que faz desse mandamento, entre es cuits dex, uma das pedras angulares do que podemos chamar se 4 condigéo humans, na medida em que el merece ser Tespeitada” (Lacan, (1959-60) op. cit:105), ee te Lacan ea eica —¥3 0s mandamentos expressam, assim, c356 n6 ate © desejo e a inerdigio, uma vez que 8 wonsgressdo organicada, como diz Batalle. constitu: a propria vida social. O mandamento gue ordena “Nao cobigar a mulher do proximo, em sua ctsa, nem sea cam gov toa ne coove, wenond ba, sont sede yee he cee SiO € 08 bens do proximo, tem, pare Lacan, relagio com das Ding, jf que o visado ta relagdo com 0 proximo € 2 Coisa desse [AS relagéies do homem com 0 p16ximo tém sido, através dos sempos, objeto de preocupigies moras. © maadamento “amal 0 pistimo come ailinesme” qe tanto homorza Feed, sega do o proprio Freud, um dos pilares de ama moral fundada no Supoci, Erle gus Lacan se deism paca examina a implisaghes relagBes do hornem com seus semoThantes 3. O amor ao préxime Como jé tivemos oporunidade de assinalar, esse mandemento sscandalizava Freud pala impossibilidade de ser eumpride: nfo sé pela maldde que pode haver ao proximo, come também pela preciosidade do amor, que no pode ser dado a qualquer um. Esse amor aparece af como um bem, no sentido aristotélico, acerca do «qual cabe @ interrogazio — deve ou nfo ser partido? Para Lacan, essa via de discussio pode ter como conse qi aeesso a0 goz0, ¢ é em tomo disso que ele vai constrair sua argumentazio, revertendo 4 formulagéo freudiana De inlcio, ele assinala que 0 fundamenso desse mandamento deriva da similiteds do avtro com o nosso eu, em que o semmelhan- te & um reflexo do eu. Tratase de uma identficagao imagingia, om que o outio é feito A nossa imagem e semelhanga, assim como ns ads cliiom homon fo & imagem e serelanga de Deus. £, portanta, como outro especular que ele vé aquele que chama de semelhante . Esse processo, por sua vez, é 9 mesmo que esti na base da senting 6o en humo, Para Lacn juan pei gem lo outro aU se forma enquanto cu, o que ¢ explicitado no sect 0 a o> epee" Lacan, (190) 1665), Sly Lace demonstra n fungi da imago da forma humane na fomagso do ev auavés da captecio por pure da crianga da sua prépria imagem no neia a perda de BH aien da srenca espelho ow da imagem de um udalto que de suport, Para a criangs pequena, em tuncio da descoordenagio motora que decove a sua prematuragio, a imagem éo outro tem valor cativante, a medida em que artecipa uma imagem unitéria do corpo, peccsbida no espelho ou ta realidade do semelhante ©, como afirma Freud, 0 eu antes de tudo uma forma corporal, A assuncao da imagem sitve-se para Lacan, assim, como mattiz simbélica cm que o eu se precipita Ge Forma primordial. “0 estidio do espelho” & sua primeita contti- Duledo sigaificaiiva 8 feoria Go natessisme. chde o eb se apresenta como.c reduto do aarsisismo, marcado por essa captacio imaginaria, em que_a relacao consigo mesino se apresenta imemediavelmente como a relacdo com um outro, Paca Freud, a nopéo de identificagio & fundamental pare a formuleeao do conceito de narcisismo cesundério, denominagzo que atribui ao narcisisimo do eu, O investimento libidinal do eu resulta da transformagic de investimentos objeiais em identifica {$0es, que contribuem deste modo para a formagio do cv, A iden jcagio narcfsica é.a identificacdo com o outro, em cue 9 eu se constitui em relagdo so outro, “O ew € wm outro”, diz Lacan cliando Rimbaud, Cabe ressaltar que ¢ nessa primeira forma de individusgio ‘que Lacan localiza 2 agressividade, come teadéncia impressa numa relacdo fundaca no imagindrio. Nama conféréncia profetida em malo de 1948 intiulada “L'agressivite en psychanalyse”, afima “A aptessividade € a tendéncia comelativa de um modo Ge identificagio que aés chamamos nareisieo ¢ que deter. ‘mina a estrutura formal do eu do homem do registro de entidades caracteristico de sev mundo” (Lacan, (1948) 19668:1110). A agressividade aparece, assim, como correlativa & estratura pareisice, manifestando-se na relagio entre 0 eu e 0 ovtia."" O mandamento de “amar 0 préximo como a si mesmo", nesse ser 'ido, a0 fundamentar-se ng identificagSo imagindcia, traz om si essa agressividade. Apesar de Lacan atribuir @ formacio de am ideal de eu — culturalmente vineulado a imagem do pei — uma “funglo pacificante”, possibilitands que a agressividade seja tras Posta pela insiauractio de uma distancia nas relagdes com 9 prd mo, ele reafirma a constincia da tensdo agressiva que se mat Lacon ex dics 88 em toda vida moral. O expanto que Freud expressa em relagio 20 mandzmento € uma mantlestacio disso, Se hé algim recuo em atingit « imagem do outro, € porque € sobre essa imagem que se forma o eu © de onde surge a identifieagio. E por isso gue, tanto Freud quanto Lacan, reconitecem, na capacidade de convencimen. to do altruismo, o sea cariter narcisico, uma vez que ele satistaz 9 egoismo, Tgualmente, para Lacan, a nogio ée “vontade geval” fundada numa lei de igualdeds, no Ambito da qual se proclama o respeito a certos direitos elementares, parte dessa forma de iden- icagio ¢ parece pronta a exci de seus limites tudo 0 que a cla nao se integt. - De fato,a ideologis humanista, que se desenvolveu a partir do séc, KVIII em oposigio a formas de opressio religiosas baseada na idéia de que “somos todos semelhantes”, in peu sistema os homens como “semelhantes”, a partir de de rnados cxtérios, exeluindo o outro enquanto diferoe, Em um mundo submetide a universalizagZo, hé uma visivel intolerincia em io is particularidades. Como afinna Rosset, 0 que se perde 10 séc, XVII € 0 sentide da polidez: “a ateacio dedicada & ciferenga, acolhimento em relacio ao que entretanto inassimiivel no pen samento daguele que acolhe” (Rosset, 1989:174), (Q “amor co préxime”, a partir do “Séeulo das luzes", assume esse caniter universalista que impressiona Fread, quando afirma que acm todo proximo € amdvel. No cristianismo cléssico, a na- tureza do homem & a sua gertingncia divina, mas iota nio tem um carater de universalidade, 4 que é possivel pensar cectas homens como aio integrando a atureza humana, enguanto participagzo fem Deus, Ele prescinds da necsssidade do um asseatimente uni- versal, comp, por exemplo, na idéia de reunifo de tovtos os sercs hamanos em uma mesma comunidade, o “Sensus communis” de Kant (Rosset, op, cit:179). A partir do so. XVII, no 96 a idéia de “natureza” vem ocupar o lugar metefisico da idéia de Deus, como 0 homem surge no centro do mundo, associado as idéias de igualdade ¢ liberdade, como valores universais. A nosio de homem, como individvo, remonta & traligd0 jue daico-cris, mas exgerimenta uma transformagio radical ao longo dos sézulos que desembeca no individuslismo modem. Dumont considera o homem nascido do ensinamento de Cristo como “tim indivicuo essenciatmente fora do mundo”, gorque € um “indivi duo-em-telagio-«-Deus”, por oposigéo <0 “individu no munde” B69 ica da dipronce ds sociedade modema (Dumont, 1983.37), A fiatemidade do mandamento, a0 inicio do cristianismo, @ aquela do amor em ¢ paca Cristo, daf resultando uma igualdade de todos mas que exige 4 presenga de Deus. Em rclaglo 2 isso, a ética moderna representa tuma extensio de dominios, ao postular a pectinsncia de todos os homens «uma mesma natureza. Se 0 advento do individualisrac moderno represents, como quer Dumont, uma segmentagaio em relacio a0 holismo das sociedades tradicionais, paradoxalmente sbsctva-se uma universalizacio de valores em tomo de accio de individuo, seje some sujeito moral, sujeito da razdo ou sujeito politico. Nas suas préprias palavrae: ‘A igeologia moderna vomporta com efeito um aniversa- lismo profunco que rejeta para fora de seu pe6zrio do. anfeio cognitive os divetsidades ceencontrades” (Dumont, op. cit:115). Ro conlexto de uma civilizagio que se caracteriza pela “tani parsitica” (Lacan (1948), op cit. 122), isto é pela promogio do individna enqantn ew, que ss pode entender as focsuulaytes Ue Lacett selxe © mantdamento de “amar 0 proximo como a si mesmo”, assim cemo sobre © seu poder de convencimento € set fracasso. Lacen enttica 0 “eu medemo” — “sujeito parandico da civilizazzo cientfi- 2” — assinelando que, como formagio imaginéria, o ew é fungio de deseonhecimento e sede cas cesisténcias, como indica Freud em “AMém do principio de prizes”. Como tal, apresenta uma estraftsa patandica ¢ ado recomhece 0 que esta nele; apenas 0 vé de fora, no outro, como lea patente na nearose, A célebre frase de Sane, em cue ele afin que “ inferno so os outios”, testemunha a rvalidade implicita na sslaglo do eu com o oawe, A andlise de uma situaedo completamente diversa, até mesmo ‘posta, em termas sovioligicos, como a trazida por Picte Clastrcs no antigo “Arqueologis da violencia: a guerma nas sociedades pri- mitivas® (Clastres, 1982: 169-204), pode esclarecer esse ponto, Nessa situagio a proposigio “somos todos semelhantes” € impeasdvel Scgundo o modelo apresentado por Clastres, a sociedade pei- snitiva € uma sooiedade dispersa, sean Estado, em que cada comu: nidade locel se mantém como totalidede e unidade, Excluindo-se # divisdo por sexo, ela recusa qualquer divi |, ese mantém como um N6s indiviso © autdnome, Cada grupo constitai uma lecen ea Sos fm si mesma, em confliton,Pelo condo, ela cot abera pra as dade permanente de guerra mantém a indivisio interna através da diversas passagens: “Para que a comunidade possa enfrntaraficazmente o mune Gio dos inimigos, & preciso que see unida, homogénea, sem Givisio, Recigrocamente, ela tem necessidad:, para exstix aa indiviedo, da figura do Tnimigo, no qual ela pode ler a imagem unitaria de seu sor socal” (Clases, op. cft:202) “A figura do esteangeiro confirma, para fodo grupo deter- rninedo, a conviesd0 de sia sdertidade como NOs aut0- noma” (Clasites, op. clf:199), lpeenee dace da guetra aa manuten; 6 unidade de cada grupo, situ da diferenca € a8 Se, assim, ndo s6 no plano simbélico, mas no nivel do imaginétio, ea imagem do se forma a partir da imagem do inimiga, “Se nio existissem ini migos, seria preciso inyenté-los” (Clasues, op. oft:201), Emibora teferidas a uma forma social setalmente diversa, essas es parecem convergir com as formulagSes de Leen 2a dos fundamentos do mandameato de “amar 9 proximo como 0 anda de brags dades com a agressivicade, apesar do supercu ov por causa dele. Agressividade gue Freud constata em “O mal-estar na cultura”, e que permanece subjacente as éticas ingnuas que pressupdem uma boadade’origi- hal do homem. Enfatizando-se a identifieagia, no nosso caso, ou @ gues, no outro, fato ¢ que ambas vem juntas, 20 aivel éo imaginario. Ainda na linha de Clastres, podemos estabelecer ama aproxi- ‘ago com as observagies de Freud a respeito do que ele designa como “narcisisma das pequenas diferengas”, que exemplifica por meio das tivalidades existentes entre povos aparentados, Nesses 508, a formago do “nds”, a panir da identificaedo, se dé por Oposigio uos “cutros", © que é comeborado per Dumont, a0 Ose var, como jd mencicnaco, que a deologia modema composta um Uuniversalismo profunco, sejcitando as diversidedes reencontradas de seu dominio cognitivo, Assim, fala-se « nais” © cada pats consttci esteredtipos sobre o¢ pats ‘mesma forma, a6 sub-culturas nacionais sio muito mais imperme- aiveis umas és ontres do que se podesia supor (Dumont, 1983:115), Portanto, agi também “se nao existissem inimigos seria peeciso inventé los", Lacan, por sua vez, observa que a conseqiiéneia da universa- lizagdo seid a segregagdo, que tem como precirsor 6 campo de concentragio. Diz ele: “Nosso futuro de mersados comuns encon- trard seu equilitrio numa extenso cada vez mais dura dos proces- sos de segregago" (Laven, (1967) 1985e: 06). Afirmagie gue hoje sume um cariter profético, em vista do que se observa no mundo inteiro, em termos de fortalecimento do racismo, sob a forma do erescimiento dos movimentes fascistas ¢ neo-nazistas ¢, especial mente, da xenofebia que se seguiu a unifieagao da Europa. A esperanga de Rorty de um “progresso moral” no sentido de incre mento da solidariedad> humana, flndada wo em pressupostos universalisas, mas na potencialidade da sociedade liberal burguesa om tolerar as diversidades, parece, pelo menos atualmente, pouco provvel, Pois so as dites sociedades liberais que mse carac- ferizado pelas priticas excludentes, seja em relagio 2 ragas, ses 04 gcipos sociais. A prépria defesa da “tolerincia®, na sua scepgie literal, aponta para o ndo acclhimente da difereaga como tal, Sendo nada mais do que uma outra manifestacao de intolerin- cia, como assinala Rosset (1989). A poléimica que Rory srava com Geertz acerca do etnoceatrisme (Rorty, 1991), em que indica a tendéneia recente, face a crise atual ce valores, de um anti-anti- etocextrismmo, parece confirmaressa hipSt-se. Por outro lado, sua propecigio de um alargamento do “etnos” libe constituir de maneira mais diversificada, apesar da ressalve de quc os libe- sais t@m sido eusinados & suspeitar do etnocentrismo (Rory, 1989:198), parecs também suspeits. Nao é S-to4 gue Mac: 1991) afirma que o iberalismo se transformow numa tradigao, que, de cena forme, alcanga 0 liberalismo de Rory, apesar de sua reousa de fundamentos. Retaraando ao seminévio sobre a Exiea. pode-se pescsber, euuetanto, que a nogio de agressividade, pera Lacon, nfo esti vyiaculad exclusivamente ap registro do imaginério, Com ists re- ‘omamos arossa andlise no sentido de que ele revert as formulacbes treudianas sobre © “amor ao préximo”, ao dizer que a resisténcia diante desce mandasteato & a mesma resisténcia que se exerve para entravar 0 go70. Aflmagdo surpreendente, uma vez que ele mesmo demoastia solre que tases se apSia 0 mandamento. © argumento que Lacan desenvolve giza em toro éa nog de agressividede come algo artioulado ao gozo, enquanto ad que liga a libido 2 pulsdo de more. No Seuindrio Il, O ew ma seoria de Proud ¢ na iéenica da psicandlise (1954-55), afiema que a teoria freudiana, a principio, pareceria explicar a agressividade no Ambito de uma economia lbidital feckada, om que as suas mani- festagtien deverre:sem da identificagao imagindria. O texto de 1520, “Além do principio de prazer’, contudo, vern mostrar que isso no é suficiente, uma vez que Froud levanta a hipStese de um “meso~ quismo primério”, viaculado A nope de pulsfo de morte! O masoquismo 320 € um sadismo invertido, como © priprio Freud assingla, em que havetia apenas uma mudanga de diregio da agres- de — do eu p pode ser explicado simplesmente a0 plaro da ideatificagto ime ara 6 outro que se voltarié para o ru — © 10 9 aeicn ta aserenge nitia. Para Lacan, 2 nogio de pulsio de morte mo pulsZ0 de destig © primordialmente em selagZ0 av sujelio, aesse ‘desteudo” original que ele associa 4 aoglo de gozo. Nogdo que indica © “mais além do principio de prazer", onde o homem se depara com a inexisténcia da Coisa, o que o obtiga a se:ornat. No ‘goz0 ele se defronta com 2 sua finitude, ou melhor, com a eastea- ‘gio que 0, constitu, o que fez com que 0 goza aleancado "Recomendactes de Euimiburao Je que imalcevam em colacar 2 SE soo # micgitnlzar Francoise Delto 2 Jascues Lacan, Em 1063. depois, Ge novas negocisebes, Lacan (OF excluido ds Ista dos eicauas, Pisa uma tnilise desse aseanto, ver Jaequet-Alain Miller (1987) = Elisabet) asee) SERFEADAE AID) Em encrevisa Dreyfis ¢ Rnbinow, em bn de 1983, 20 falar sobre seu prejeo ssetever a Hisibia de SexuMidads firma cue est azeado urna gencalogia (a éticne nfo des moras, Diz ele: “Esto escrevendo uma genealosia da tice, A getealogia do corpo somo um corpo de agBea ical, ov & senealopia co desejo como tm problema shea" (Eseobay 198455. 3 Convém esearecer que as concsitor de Real, Ceisa @ Objeto a, 50 rexobrem soalmeme O Real puro € radialmente estiaaho ao mando, impossivel de simbolizar, mas Comparece sempre. A Coisa, FOr sue Ye, Ge que *desse rc, padsce do significant”, isto & “ado hd rada entre ‘rgaaizngi da rede unde, Esse reaidate nio se confuade com a nogio ¢e Real para Lacan, aca tal ver Turanvile (op. it :1 70) 4 Ver Zee (1992:130) 5, Para uma enilise desta questio ver Ale, Fendinend Jn: Kant (1983.64 6065). 6, Trat-se do optscal initulado “Frances, ainda win esforgo s€ queicis ser republicanos” (of Klossausii Piere, 1986). 7. difeeaga ere Heideggor ¢ Lacan pote sr stabeleci oa uadién aque: “cosa. sinda que tes apenss um vidade parcial cue Sua presenea 12, Oy uts tempos ca teoria frexclana das pulsdes so: a) a dustide os da digreneo 25a neparde gue Heidegger denrara de uma ex-popigi do et even do sere ea encase ace Pa Lae ok hla Gives sim ito pce ch pulsto cone es pasa” Jernile 66118 8. Fie ecenpies 9 peat pbs mole avavs de Posto Um corde Saar: “Qutado Ddete tones a Svan fe atee 2 Proust anes dessteve Diets ofan tr seule Who sie ascauor at Swen s6 os € cade puter flo ae dae Fest quando ee sed cont desu cto tenntom(.) Masta ss om Ojo won ace gue so apes cons uns cles eon Spots aé bana, a toute aves es eae do mena ee Obit refindote nee moet sta personas ane ee Up ode aeracor fot dem pao egies Cask ba sy 9."B Le a Coss? De modo algum taser cones sea onda Ua Prensa is dneompicana secs nodose IngrnFo Gass seu, que, acovesandose da emo qe he fet din pelo mendomoio, sx oa mim tims covers perguntom a Leia Coss conan Ques au eeainees ‘int mas sofia 9 ndanena« Can eobtou view ees ach Assm'0-maniento gr me-drs de'a'tan maaan t sone Berge 4 Cota spore ds Seto do manda seas pore fezone deseo de mone” Lacay,10850) spa ds) Koos de Scie es pagel arse mons naar oe silence tere uinfbzrcn de Mega da weods ‘eit ald nio vente ace pomea Ses ote Oa eae tras das veges ents Hegel Lacan ver 8 Pace (1080) 1 Avvo nfinr apres 10. : Prete 0 sudisno como um skemplo da plsio de none, alnea que dedecad, Fese ahiraa’" Ae ebro Slinss aes sendrram amiela dona, ancrpete de one Seen saa pabto conpiamsie 0 sano. dove vet enews cote tal Salsa gue se volou prs o pipe ey sje. Nhs seach to aise iferens enue ns paste vatarse do sss ps oct oe os 4s pas un objeto ur #0 novo penta que seach em Sisal rte, O rsncusme, a va de piss pan 0 ape os aos Conte, nate zo, umn store amd fse ater a tSaa de slo. A descr antenommeste lomicide do maseqismo esige te {tienda pore ido amgls dese sob um apecor pee hanes ee soguiomo pride, poids que nagustsspocd contest Feu (820) ope 15), & weap dn Lophrhe USBSTO) come ae fo Feeds lao “o prmeca do mesg soe a het apese wl senda ese at aeresao, por ava Ye son 9 ctor de pe nado sbsoluo, ro indie: datas 20 2, cnricerie cont fama mais ual do picipio do pase’ No texto de 182) Pend aisha Se puncte de prate parece, na lady, serve pnén costes (Frend. (1920) op. eit.-85), - pulses o eu, come pulsdes de auto-procey no © pulsées sexuas; 6) B Lacen fice 98 entre palséas do ou, também considersdas san ‘d conceito de narcisismo, e pulstes de objeto; ©) eave pulses ce vide « palsdes ce morte, com 2 formulapzo do “além do prinspio de praces" No Avesso da psicandlise (Lacan, (1969-70) op. cit), Lacan ai eficmat ‘que essa repetipao inaugural, que tem por objeto 0 2020, €repetisan de uum sigaificarte, que chams de “raga unio", © que podemos aproxinas ddo que Freud indica ao far de repetge ce vine experienc primina de satis. ‘A respeito de Benthem diz Licaa: “O ssforgo de Bentham instaura-se aa ‘laieuca de relzeao da linguazem com o real para stuar o bem 0 prover. rio sss, que sezeniee que anicsla de mansira totalmente difcents de Aristiteles~ do lado do seal. Eno intesicr dessa oposigho enue a ic 2 realidade que o movimesto de biscula da experncin fraudiara vern stuar-es (Lacan, (1059-50) op. ct i a pare de introducto

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