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Grupo! A Lé a cantiga que se segue. Se necessario, consulta 0 glossario apresentado depois do texto Que soidade! de mha senhor ei”, quando me nembra’ d’ ela qual a vi € que me nembra que ben a of falar, e, por quanto ben d” ela sei, 5 rogu’ eu a Deus, que end’ do poder’, que mha leixe’, se [hi prouguer’, veer Cedo, ca, pero mi nunea fez ben, se anon vir, non me posso guardar d enssandecer? ou morrer con pesar, ‘0 ©, por que ela tod’ en poder ten", rogu’ eu a Deus, que end” 4 0 poder, que mha leixe, se Ihi prouguer, veer Cedo, ca tal a fez Nostro Senhor: de quantas outras [e]no mundo son ‘s non thi fez par'', a la minha fé!?, non, ¢, poi-la fez das melhores melhor, rogu’ eu a Deus, que end” 4 0 poder, que mha leixe, se Ihi prouguer, veer Cedo, ca tal a quisfo] Deus fazer 29 Que, se a non vir, non posso viver. D. Dinis (C119, CBN 481, n FERREIRA, Maria Ema Taras, 1991 moto teria Comemtada ~ldade Média 5, e Lisboa: Ulissia (pp. 32-33) (1764: 1975) 1. Sudade; 2 tenho, 3 lembre oui: $end poder: tem o poder disso 6. deve 7. prouver,agradar: 8. embora; 8 enlougueer: 1, fo" en poder tee odo 0 poder, 1. [Laos Nostro Senhor:/de quanta ouras feo mundo son / non Ut f= par Nosso Senhora fer tal [to formosa] que no Ihe deu pa outa mulher gu mundo: 12 minha por minha presenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem. 1. Menciona o sentimento que serve de pretexto para o lamento do sujeito poético e refere os seus efeitos sobre ele. 2. Apresenta trés tragos caracterizadores da “senhor”, confirmando a tua resposta com elementos textuais. 3. Analisa a importancia do distico final na construgao do sentido global do poema. O&XP10.6 Porto Eaitora 1 Ficha 4 ‘Sequéncia 1. Poesia Trovadoresca Lé atentamente a cantiga transcrita, Em caso de necessidade, consulta o glossario, Ai Deus, se sab’ ora meu amigo com’ cu senlheira! estou en Vigo! E vou namorada! Ai Deus, se sab’ ora meu amado com’ eu en Vigo senlheira manho*! E vou namorada! Com’ eu senlheira estou en Vigo, ¢ nuthas* guardas non ei comigo! E vou namorada! Com’ eu en Vigo sentheira manho, enulhas guardas migo’ non trago! E vou namorada! E nuthas guardas non ei comigo, ergas’ meus olhos que choran migo! E vou namorada! E nulhas guardas migo non trago, cergas meus olhos que choran ambos! E vou namorada! Martin Coda (CV $87, CRN 1281, in TORRES, Alexandre Pinhro, 1987 Anilagia da Poesia Trovendoresca Galego-Portgurs, 2 8 Foro: elo Imes (p36) (1 ed: 1977), 2 sorinh 2. sto, permanego ("pessoa do presente do indiatvo do verbo "maer’ esta, permanecer) Snenhumas 4 comizn ‘ao ser, sent Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem. 4, Identifica, fundamentando, o género da poesia medieval a que pertence o poema 5. Comprova a natureza paralelistica da cantiga. OEXP10 & Porto Eaters 5 mos menos de nds Ficha 1 Sequéncia 1. Poesia Trovadoresca Grupo Il Lé o artigo de divulgagdo cientifica que se segue. ‘Aamizade verdadeira faz bem a saiide Boa companhia A solidao forcada ¢ fatal para o corpo ¢ para a mente. Pelo contririo, ter um saldo positive em matéria de amizades pode prolongar a vida. L..] 0 individuo solitario adapta-se pior ao stress quotidiano. E 0 que asseguram cientis- tas da Universidade do Arizona, apos comprovarem que a auséncia de afetos leva a que cuide- € durmamos mal. Além disso, uma equipa da Universidade de Chicago demonstrou que o sangue das pessoas solitérias contém mais epinefrina, uma das hormonas que preparam o organismo para a luta ou a fuga. Indica, em conereto, um estado fisiologico de alerta permanente e desnecessério. Depois de estudarem 1500 individuos durante uma década, i cluiram que, nas pessoas com um vasto circulo de amizades, a longevidade aumenta cerca de 22 por cento. Por outro lado, um estudo da Universidade da California revelou que as doentes com cancro da mama sem amigas intimas tinham quatro vezes maior propensio para falecer devido ao tumor do que aquelas que tinham dez ou mais amigas. Uma experigncia recente da Duke University (Durham, Estados Unidos), com mil ing duos solteiros afetados por doengas cardiacas, revelou que, decorridos cinco anos, apenas se salvara metade dos doentes que nao contavam com um amigo de confianga, perante 85% de sobreviventes entre as pessoas que tinham, pelo menos, uma relagao sélida e de confianga Por outro lado, as subidas parecem mais suaves junto de alguém com quem nos damos bem. Foi o que demonstraram cientistas britinicos e norte-americanos apés uma experiéncia em que os voluntarios subiam uma colina sozinhos ou acompanhados. Quanto mais solida era a amizade, menos sentiam a inclinagio, “Até a visto do mundo muda quando ha um amigo. Por perto”, comentavam os autores no Journal of Experimental Social Psychology. Quer emagrecer? Convide um amigo para jantar. Assim, consumiré maior quantidade de fruta, verduras, calcio e fibra, segundo afirma um trabalho recente da Universidade do Min- nesota, publicado pela revista da Associagio Dietética Americana. Pelo contrério, as pessoas que enfrentam a mesa de forma solitéria costumam ingerir maior quantidade de refrigerantes © gorduras; por vezes, nem sequer se sentam para comer, Durante a infincia, as boas companhias contrariam a obesidade, porque “a socializagao age ‘como substituto da comida” ¢ evita 0 abuso de alimentos que potenciam o excesso de peso, segundo um estudo publicado na revista Annals of Behavioral Medicine. Além disso, Russ Jago, da Universidade de Bristol (Reino Unido), demonstrou que a atividade fisica das criangas au- menta de forma consideravel quando brincam com aqueles de que mais gostam. Por outro lado, a depressio infantil esta relacionada com a auséneia de amigos, como comprovou Wil- liam Bukowski numa investigagao divulgada na revista Development and Psychopathology ntistas australianos con- vi OEXP10 © Porto Esitora a Ficha 4 ‘Sequéncia 1. Poesia Trovadoresca ade modifica o fun- John Cacioppo, da Universidade de Chicago, demonstrou que a au cionamento de uma regio cerebral chamada “estriado ventral”, associada &s recompensas. Nas almas solitérias, os neurénios dessa rea mostram uma atividade menor do que nas ou- tras pessoas. Um dado a tomar em consideragao, pois trata-se de uma zona relevante para a aprendizagem. Outro: um relatério da Harvard Medical School sugere que 0 tamanho da rede de amigos de uma pessoa esté diretamente relacionado com as dimensies da sua amige: estrutura encarregada de processar e conservar as reagdes emocionais da mente. Finalmente, fique a saber que ¢ melhor apanhar uma injegdio ou tratar uma fei amigo. Segundo um trabalho publicado, ha alguns anos, na revista Psychosomatic Medicine, a percegiio da dor diminui quando uma pessoa que consideramos proxima esti fisicamente presente, ida com um SANZ, Elena, 2012. “Boa compan". Super Ineressante, n° 169, mao de 2012 (pp. 78-79) Responde aos itens apresentados. 41. Explicita 0 sentido global do texto, fundamentando devidamente a tua resposta 2. Para responderes a cada um dos itens de 2.1. a 2.6., seleciona a opgao correta, 2.1.0 recurso a formas dos verbos “comprovar” (I, 4 e 33), "demonstrar” (I. 6, 19, 31 € 35), “concluir”(l 9-10) € “revelar” (I 11 e 18) a0 longo do artigo (A) coloca em evidéncia a subjetividade do discurso. (B) corrobora o caracter cientifico das informagées divulgadas. (C) confere ao texto um tom repetitvo. (0) acentua a natureza descritiva do texto. 2.2. A apresentacao de dados quantitativos nos segundo e terceiro paragrafos {A) salienta 0 elevado numero de individuos envolvidos nas experiéncias divulgadas. (8) contribui para o carécter demonstrativo e emotivo do discurso (C) sugere a reduzida incidéncia das situagées desoritas. (D) concorre para acentuar o rigor dos factos apresentados. 2.3. As aspas utilizadas nas linhas 21-22 @ 28-29 (A) assinalam momentos que introduzem informagées adicionais sobre 0 assunto. (B) destacam passagens com forte carga expressiva. (C) delimitam uma passagem em discurso direto e uma citagao, respetivamente. {D) isolam transcrig6es de estudos cientificos. 2.4. O constituinte sublinhado na frase “Convide um amigo para jantar.” (|. 23) desempenha a fungdo sintatica de (A) modificador (do grupo verbal), (B) complemento obliquo. (C) complemento indireto. (D) modificador restrtivo do nome EXP 10 Porto Editors 4 Ficha 1 ‘Sequéncia 1. Poesia Trovadoresca 2.5. A frase introduzida por “Além disso" (| 30), relativamente a informacao apresentada anteriormente, introduz uma ideia de (A) alternativa (B) oposicao. (C) adigao. (D) consequéncia. 2.6. As multiplas referéncias a cientistas e a estudos cientificos ao longo do texto (A) identifica os responsdveis pela produgdo do artigo. (B) enumeram as experiéncias e os especialistas europeus dedicados ao assunto abordado. {C) comprovam os comentarios criticos da autora do artigo. {D) explicitam as fontes que credibilizam a informagao divulgada. 3. Identifica os processos fonolégicos ocorridos nas palavras das alineas seguintes. a. solitarium > solteiro b. personam > pessoa . retem > rede 4, Indica a funcao sintatica desempenhada pela oracao subordinada adjetiva relativa usada no sexto paragrato (I 28-34), 6. Classifica as oragées introduzidas por “que” nas linhas 42 e 44. Grupo Ill Redige a sintese do artigo de divulgagao cientifica de Elena Sanz (Grupo II), de 578 palavras, OEXP10© Porto Editors 5 CUCM atic) Re eeu Oc Cuetec) Ficha 1 Sequéncia 1 (p. 163) Grupo! A 1. A saudade 6 o sentimento que motiva o lamento do sujeito poético e que 0 conduz a loucura e @ morte (“enssandecer ou morrer con pesar’, v. 9) 2. A “senhor’ é bem falante (vv. 3-4), poderosa (v. 10) e simbolo da perfei¢ao, destacando-se das demais mulheres (“das melhores melhor", v. 16) 3. O distico final (finda) retoma o assunto da cantiga ~ a perfeico da mulher criada por Deus, que leva 0 sujeito poético a sentirse morrer de amor — € apresenta uma conclusdo da reflexo desenvolvida anteriormente, 20 longo das estrofes, 4, Trata-se de uma cantiga de amigo, dado que se expressa um sujeito poético feminino (‘eu seniheira’, v. 2, ‘namorada’, refrao) que manifesta os seus sentimentos (‘E vou namorada!’, refrao) € a sua tristeza (“meus olhos que choran migo!”, v. 14, “meus olhos que choran ambos’, v. 17) por estar sozinha, sem a companhia do “amigo” (v. 1) (“eu senlheira estou en Vigo!", v. 2). A dor da auséncia do apaixonado e a angistia da solid’o sao manifestadas nas apéstrofes iniciais das duas primeiras estrofes a ‘Deus’, que a donzela faz confidente do seu estado emocional 5. Podemos comprovar a natureza paralelistica da cantiga pelo facto de existirem seis estrofes e dezoito versos, ainda que apenas cinco versos sejam semanticamente diferentes, incluindo 0 refrao (w.. 1, 2, 8 14 € refrdo). Os versos organizam-se segundo o esquema tipico do paralelismo: A B refr8o; A’ B’ refréo; BC refrao; 8! C’ refrdo; C D refrao; C’ D' refrao. Grupo Il 1. O texto da a conhecer descobertas recentes sobre os efeitos benéficos da amizade na saide das pessoas. 24. (8) 2.2. (D) 2.3. (D) 2.4. (B) 2.8. (C) 2.6. (D) 3. a. apdcope, sincope e metatese; b. apdcope, sincope e assimilag&o; ¢. apdcope e sonorizagao. 4, Modificador restritivo do nome (“que potenciam o excesso de peso’, |. 29) 5. Oragao subordinada substantiva completiva e orag&o adjetiva relativa restrtiva, EXP 10.0 Ponto Edtora 0001/2018 PDF} viewor aca Grupo! L@ 0 excerto da Crénica de D. Jodo | que se segue. Se necessério, consulta 0 glossario apre- sentado depois do texto. Das TRIBULLACOOES' QUE LIxBOA PADECIA PER MIMGUA DE MANTIIMENTOS E cada vez mais, por as muitas gemtes que em ella avia, assi? dos que sse colherom’ dentro do amdo a gidade assi cercada na maneira que ja ouvistes, gastavomsse os mantiimentos termo de hom [..-] Na gidade nom avia triigo pera vemder, e se o avia, era mui pouco ¢ tam caro, que as po- 's aldeados com molheres e filhos, come dos que veherom na frota do Porto} bres gemtes nom podiam chegar a elle; ca vallia ho alqueire’ quatro livras’; e 0 alqueire do milho quareemta solldos’; ea canada* do vinho tres e quatro livras; ¢ padeciam mui apertada- mente ca dia avia hi, que, aimda que dessem por hud pam huta dobra’, que o nom achariam vemder; e comecarom de comer pam de bagago dazeitona, ¢ dos queyjos das mallvas"” rraizes dervas, ¢ doutras desacostumadas"' cousas, pouco amigas da natureza; e taaes hi avia, que sse mantiinha em alfelloa"*, No logar hu costumavom vemder o triigo, amdavom homeés ‘© mogos esgaravatamdo a terra; e sse achi teemdo outro mantiimento; outros se fartav m alguias graaos de triigo, metianos na boca sem. dervas, e beviam tamta agua, que achavom mortos homées ¢ cachopos jazer imchados nas pragas e em outros logares, Das carnes, isso meesmo, avia em ella gramde mimgua; ¢ sse alguis criavom porcos, ‘mantiinhasse em elles; e pequena posta de porco, vallia cimquo ¢ seis livras que era hua dobra castellaa; e a gallinha, quareemta solldos; e a diizia dos ovos, doze solldos; ¢ se almoga. vares'‘tragiam alguis bois, vallia cada hud sateemta livras, que eram quatorze dobras cruza: tripas, haa dobra; assi que 8 pobres per mimgua de dinheiro, nom comiam carne e padegiam mall; e comegarom de das, vallemdo emtom a dobra cimquo e seis livras; e a peca comer as carnes das bestas'*, e nom soomente os pobres e mimguados, mas grades pessoas da Gidade, lazeramdo'" no sabiam que fazer; e os geestos” mudados com fame, bem mostravom seus emcubertos padecimentos, Amdavom os moos de tres e de quatro anos, pedimdo pam pella gidade por amor de Deos, como Ihes emssinavam suas madres; ¢ muitos nom tiinham. outra cousa que Ihe dar senom lagrimas que com elles choravom que era triste cousa de veer; ese Ihes davom tamanho pam come haa no, aviamno por gramde bem. Desfallegia o leite aaquellas que tiinham criamgas a seus peitos per mimgua de mantiimento; e veemdo lazerar seus filhos a que acorrer'* nom podiam, choravom ameude" sobrelles a morte amte que os ‘morte privasse da vida; muitos esguardavom™ as prezes alheas com chorasos olhos, por comprir © que a piedade mamda, e nom teemdo de que Ihes acorrer", cahiam em dobrada tristeza, Toda a cidade era dada a nojo™ hea de mezquinhas™ querellas”; sem nehusi prazer que hi ouvesse: huds com gram mimgua do que padegiam; outros avemdo doo" dos atribullados; € isto nom sem rrazom, ca sse he triste © mezquinho 0 coragom cuidoso™ nas cousas hitps:limsev-escolavrual pUplayerteacherresourca/152451/E7se=8s0Type= 45 suv 2.Ferndo Lopes Ficha 2 comtrairas que Ihe aviine” podem, veede que fariam aquelles que as comthinuadamente tam «s presentes tiinham? Pero™ com todo esto, quando rerpicavom™, nehuti nom mostrava que era famiinto, mas forte e rrijo comtra seus emmiigos, Esforcavomsse huits por comssollar os ou- tros, por dar rremedio a sew gramde nojo, mas nom prestava comforto de pallavras, nem podia tall door seer amanssada com nehutias doces rrazodes; € assi como he naturall cousa a mao hir ameude” omde see a door, assi huis homeés fallamdo com outros, nom podiam wo emall departir®, senom em na mimgua que cada hui padecia. LOPES, Fermi, 1994, Cin de DJ 1 lune 1 Capitabo CXEVINL 8 orto; Civaagd. (pp, 305307) (1+ 164) adversiadesaflgoes:2 tart: 3. acolherams 4 limit, eleéncia rcs do conclho de Lisboa; 5 ania unidade de med de ap cidade pata seoseliguos, veranda entre 13 © 2 ros 6 ras (plural de “hr tga moeda portage); 7. pra de "sok, tiga moeda portugues dour, pata cob: Ranga uni de media decapacidadeequvalentes dos it: 9, antiga moat portugues de ou 1, planasheceas i inconmin, poco habia: em mea 13. iso mers amb: 1 caval que Squeavam 0 feriorioinimig; 1S. aimas de erg, camo os avalos 16 senda, definhando; 17. rots; 1%. acl, socorter: amid, frequentemente: 2. olavam 2, proces 2. trsteas; 2. infeles: 2. discusses 2, i 2. cuadose,preocapads 7. acomlecer 28, cont 29 rephcaar, loca o ins 30st 3 rs coin 32a disci Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem. 1. O excerto descreve as “tribullacodes” sentidas em Lisboa durante o cerco castelhano de 1384, 1.1. Indica trés dessas “tribullacodes”, fundamentando a tua resposta com elementos textuais 1.2. Explica, recorrendo ao excerto, de que forma elas contribuiram para a afirmagao da consciéncia coletiva 2. Refere dois dos tragos de cardcter dos habitantes da capital, tal como Fernao Lopes os apresenta 3. Interpreta a comparacao com que termina o excerto. © 4, Explicita a estrutura de texto, delimitando as diferentes partes da sua estrutura interna hl 215 0101/2018 - # PDF js viewer Ficha2 Sequéncia 2, Fernae Lopes Grupo ll Léa exposiglo que se segue. A alimentacao na Idade Média lar de alimentagao é, obviamente, falar de uma necessidade basica e indispensével & sobrevivéncia de todo o ser vivo, mas é também, no que a espécie humana diz. respeito, falar de um ato cultural forjado pela conjugacio de variadissimos fatores, de entre os quais se des- tacam, por um lado, as capacidades produtivas do espaco, e, por outro, as tradicdes herdadas / pela populagao ai residente. Tradigdes que foram sendo modeladas, ao longo do tempo, pela soma dos conhecimentos adquiridos, tanto em termos da obtengio dos alimentos como das téenicas culinarias adaptadas a sua confegdo; pelos ideais religiosos da comunidad; pelas as ligadas aos alimentos, pelos saberes dietéticos de que a sociedade ia dispondo, Tradigdes que poderiam, até, em alguns casos, forcar 0 espago a produzir, ainda conotagoes simb {que a duras penas, alimentos para os quais se encontrava menos vocacionade, mas que as populagées Ihe exigiam porque eram esses os seus gostos afeicoados por imemoriais costu- mes. Assim os cereais em larguissimos tratos da bacia mediterrinica, onde 0 camponés se afadigou, século apés século, a extrair da terra miseras colheitas, mas de onde sempre teimou em retirar 0 seu pio, porque sem ele nao sabia como viver. Deste modo, Portugal, inserido na zona europeia de clima mediterranico, com influéncias atlanticas no Norte e sobretudo no Noroeste, comungou com os demais povos seus vizinhos ‘num esquema alimentar que se queria a base de pao, 0 alimento por exceléncia que, além das suas qualidades dietéticas consideradas de suma importincia, estava envolvido por conota bes religiosas ¢ simbalicas que 0 destacavam de todos os outros alimentos: tivera a dita! de, » naquela Quinta-Feira Grande, no Ceniculo® de Jerusalém, ter sido transformado no Corpo do Salvador. Era indispensavel. Mas esse alimento queria-se também baseado na carne. A carne era 0 alimento dos fortes, dos poderosos e que Ihes potenciava forga ¢ poder, até pelo simples alarde’, perante os outros, da largueza do respetivo consumo. Acartetava prestigio. Queria-se também uma bebida saborosa: o vinho. E esse, onde quer que o Mediterrineo fez chegar 0 beneficio do seu calor e do seu sol, prosperou, se nao sempre de excelente qualidade, pelo menos em generosas quantidades. E ele participava, com o pao, naquela dignidade que Jesus atribuira a ambos ao transform-tos, a um no seu corpo, a0 outro no set sangue. Era a bebida impar. Naturalmente, muitissimos outros iveres' eram consumidos: quase todos os que temos » hoje ao nosso dispor ~ a grande excecdo est nos produtos provenientes do Novo Mundo ~¢ alguns que deixamos de cozinhar, como os chicharos’, 0 trigo espelta ou determinadas aves silvestres, nomeadamente as marinhas. Também todos os temperos atualmente em uso eram conhecidos na Idade Média e usados até com bem maior exuberdncia do que o que fazemos hoje. Sob o aspeto da diversidade, 56 no capitulo das bebidas a época medieval era franca- + mente mais pobre do que aquela em que vivemos. Intps:limsev escolavitual pUplayerteacherresourca! 15246 /E7se=8seType= sous nips:imsev.escolaviral pplayerteacherresource! 15246 VE 75 véncia 2. Fernae Lopes Ficha 2 Estamos razoa de todos consumir, dos que sobretudo apreciava, das conotagdes que atribuia a alguns deles, de algu- ‘mas formas simples de os confecionar; quanto a tudo 0 mais, s6 os tiltimos tempos medievos nos deixaram informagdes capazes de proporcionar uma melhor compreensio do ato de relmente informados acerca dos produtos que a Idade Média, no decurso séculos que tradicionalmente se consideram englobados nesta designagio, podia comer. Mormente no que respeita ao nosso pais. GONCALVES, i, 2010."A Alimentag: tn MATTOSO, Jos (Di ‘ol. A Made Média, Lsbos Tema ¢ Debates / Circle deLetores (pp 226 2010 Hist da Vide Priva em Portus 1. venta cidade; sala onde rit veut com os Aptos a Citina Cet; 3. apart, tue exist; 4 masimentos, nero alimenticio 5. plantas legumninosas. Responde aos itens apresentados. 1, Esclarece a intencdo comunicativa do texto. 2. Refere os argumentos do primeiro parégrafo que fundamentam a consideracao da ali- ‘mentag30 como “um ato cultural forjado pela conjuga¢ao de variadissimos fatores” 3 3. Sistematiza alsl ideials)-chave de cada um dos paragrafos da exposicao. 4, Assinala come verdadeiras (VI ou falsas (F] as afirmacdes seguintes: a.|_ Na evolucao do étimo latino inter para a palavra “entre” ||. 3] interveio, entre outros, 0 processo fonolégico da metatese b.|__|Os grupos preposicionais presentes na passagem “Tradi¢ées que foram sendo mode- ladas, 20 longo da tempo, pela soma dos conhecimentos adquiridos” \. 5-5) desempe- nham a fungao sintatica de modificador. ¢.[_Aultima oragao do primeiro paragrafo é subordinada adverbial consecutiva d.|_|0 conector “Deste modo” | 151 possui, no contexto em que é utilizado, um valor ad- versativo e.[ 1A forma verbal “era” (l.22), que deriva do étimo latino erat, apresenta atualmente uma forma coincidente com a do nome “era”, proveniente do étimo lating aera-, pelo que € possivel classificar as duas palavras como convergentes. #. [10 constituinte sublinhado na frase “Acarretava prestigio.”|\, 3) desempenha a fun- ao sintatica de predicativo do sujeito, 4.1. Corrige as atirmacoes falsas. 5. Cria uma sigla e um acrénimo que reduzam o titulo do texto Grupo Ill Redige uma exposicao bem estruturada, de cento e vinte acento e cinquenta palavras, sobre a dimensao cultural da alimentacdo nos dias de hoje. 4s 00012018 POF;s viewer Cotacdes da Ficha 2 j i i E gDao ee tpn et af. ‘ te | al 12 8 20 - TT .[- : te oan 2 —_ - 10 i x 7 0 a + Estruturagao do discursoe cortege ingustica Estruturarao tematicae discursive + Correedo ingustica intps:imsev eseolavitual pUplayerteacheriresource!1S246 VE?se=BseType= 95 ee ed te eee eet asd Ficha 2 - Sequéncia 2 (. 172) Grupo! 1.1. Em virtude do cerco @ da chegada de muitas pessoas a Licboa, comegou a verificar-se escassez de alimentos (‘gastavomsse os mantimentos cada vez mais", 1-2; ‘nom avia trigo pera vernder”, | 4 "Das cames, isso mesmo, havia em ella gramde mimgua’, |. 14), 0 que fez com que 0s pregos aumentassem (“ere mui pouco e tam caro’, |. 4) e 05 habitantes comegassem a ter carénciac alimentares (‘os geestos mudados com fame’, |. 21). Consequentemente, aumentou a tristeza ("Toda 2 cidade era dada a nojo’, |. $1) @ a mendicidade (‘Amdavom os mocos de tres e de quatro anos, pedimdo pam pella cidade’, I, 22-23). 1.2. Ligados pela partilha de adversidades comuns, os habitantes de Lisboa uniram-se, motivados pela vontade de vencer o inimigo, o que os obrigava, ainda que momentaneamente, a esquecer os problemas ea mostrar a sua forca perante os castelhanos. 2. © excerto evidencia a perseveranca dos lisboetas, que se agarram a vida e tudo fazem para sobreviver (Hl 10-13). Por outro lado, apesar do sofrimento pelo qual passavam, os habitantes da capital procuravam mostrar-se fortes, convocando todas as suas energias nos momentos decisivos ("quando rempicavem, nehud nom mostrava que era famiinto, mas forte @ rij comtra seus emmiigos”, |, 95-86). Finalmente, destaca-se o espirito de solidariedade entre eles, apoiando-se na desgraca (‘Esforcavomsse huis por comssollar os outros’, |. 36-37). 3. A comparacao aproxima a tentativa de alivio psicolégico dos cidadiios de Lisboa através do didlogo ‘com quem partilhava © seu sofrimento do ato de tentar abrandar uma dor fisica através da pressao ou do mero toque da mao. 4. 1.8 parte: os trés primeiros paragratos, em que se procede ao relato das consequencias resultantes da falta de alimentos na cidade de Lisboa durante o cerco castelhano. 2. parte: iltimo pardgrafo que apresenta a descri¢ao dos sentimentos ¢ das atitudes da populagao lisboeta durante 0 cerco e © combate com o inimigo. Grupo tt 1. © texto visa apresentar informagao sobre a importancia da alimentagao na vida do ser humano e, especificamente, sobre os habitos alimentares na Idade Média. 2. Para o Homem, a alimentagao & mais do que uma necessidade basica, 6 um “ato cultural”, pois denuncia a influéncia de ‘tradi¢ées” desta natureza, como “os conhecimentos adquiridos” em relacao & “obtencdo” e a “confecdo” dos alimentos, os “ideais religiosos”, as “conotacées simbélicas ligadas 0s alimentos” e os “saberes dietéticos” (I 5-0). 3. 1.° pardgrafo: a alimentagdo como uma necessidade basica do ser humano e um ato cultural; 2.° Pardgrafo: © “esquema alimentar’ (|. 17) de Portugal, partilhado com outros paises mediterranicos, assente, na Idade Média, no pao, na came e no vinho; 3.° pardgrafo: a diversidade de géneros alimenticios na Idade Média, em larga medida coincidentes com os que atualmente consumimos; 4.° Pardgrafo: o atual conhecimento satisfatério acerca des produtos da Idade Média, mas limitado em relacdo a diversas vertentes do “ato de comer” I. 40-41) medieval. 4. / 4.1. a. V. b. F. Os grupos preposicionais desempenham a fungao sintatiea de modificador (do grupo verbal), no caso de “ao longo do tempo”, e de complemento agente da passiva, no caso de ‘pela soma de conhecimentos adquiridos'. c. F. A ultima oraciio do primeiro paragrato é subordinada adverbial causal. d. F.O conector tem um valor conclusive. e. V. f. F. O constituinte desempenha a fungdo sintatica de complemento direto. 5. Resposta pessoal. [O exercicio, mais do que avaliar a criatividade na criagao das siglas e dos acrénimes, visa testar a capacidade dos alunos de distinguirem os dois processos.] (0&XP10© Porto Edtora POF} viewor Grupo! ‘equéncia 3, Git Vicente Responde apenas ao conjunto de questées - da parte A ou B - relativo & peca de Gil Vicente ¢ que estudaste ~ Farsa de Inés Pereira ou Auto da Feira, : A Lé o excerto da Farsa de Inés Pereira que se segue. Se necessério, consulta o glossario apre: sentado depois do texto, Inés Pereira é concertada’ * pera casar com alguém? Até gora com ninguém nao é ela embaracada’, Eu vos trago um casamento em nome do Anjo bento. Filha, nao sei se vos praz’ Inés quando, Lianor Vaz? Lianor Eu vos trago aviamento’ Ines Porém, nao hei de casar seno com homem avisado’, ainda que pobre pelad: seja discreto em falar. Eu vos trago um bom marido, rico, honrado, conhecido; diz que em camisa’ vos quer. Primeiro, eu hei de saber Inés se € parvo, se sabido. Lianor Nesta carta que aqui vem pera v6s, filha, d’ amores, veredes vés, minhas flores, a discrigao que ele tem. Inés Mostrai-ma ci, quero ver. s Lianor ‘Tomai. E sabedes vés ler? Mae LéIn Inés Lianor Hui! Eela sabe latim, e gramética e alfaqui’ e tudo quanto ela quer, is Pereira a carta, “Senhora amiga, Inés Pereira, Péro Marques, vosso amigo, que ora estou na nossa aldeia, ‘mesmo na vossa merce rm encomendo’, e mais digo, digo que benza-vos Deus, que vos fez de t30 bom jeito”. Bom prazer e bom proveito veja vossa mie de vis. Ainda que eu vos vi est’ outro dia folgar, enio quisestes bailar, nem cantar diante mi...” Na voda'" de seu avé, ou onde me viu ora ele? Lianor Vaz, este é ele’? Lede a carta sem do”, que inda eu sam contente dele VICENTE, Gi 2014 Fara de ds Pera orto: Port Etora (pp 18-20) (164: 1561-1562) 1/2 comprometida,sjustada: 3. agra: despch rapier; sido se vin Adsconbece 0 significado da pale usa. como se deignasse wna cid); 9, me recomend 1. de to Bn Jett pobre esem dts siblo maalmano (a mie "boda, csament: 12. ele le ext ta que me vndes propor? 18 med, het 14 com ce htps:imsov eseolavitualovplayerteacheiresource/1S3007IE 7se=soTypo= 118 htps:msev escolavitual pplayerteacheriresource/153007/Es Sequéncia 3.Gil Vicente Ficha 3 Apresenta, de forma ber estruturada, as tuas respostas aos jtens que se seguem, 1. Localiza 0 excerto na globalidade da obra a que pertence. 2. Relé as duas primeiras estrofes. 2.1, Explicita 0 objetivo da visita de Lianor Vaz e o modo como ela o apresenta ds outras personagens. . Refere o conceito de marido ideal para Inés e paraa casamenteira, a partir das qualidades que cada uma privilegia. 4. Explica a intengao da Mae ao proferir a seguinte fala: “Hui! E ela sabe latim, /e gramatica e alfaqui, /e tudo quanto ela quer.” (w. 25-27 5. Analisa, comparativamente, as reagies de Inés e de Lianor Vaz perante a carta, {avestionario parcialmente adaptado da Prova Escrita de Literatura Portuguesa, 10° @ 11.° anos, 2013, 2. fase, GAVE) Lé 0 excerto do Auto da Feira que se seque. Se necessario, consulta 0 glossario apresentado depois do texto. Entra unt Serafim, enviado por Deus a petigao' do Tempo, e diz: Serafim A feira, a feira, igrejas, mosteiros, pastores das alas, Papas adormidos’ comprai aqui panos, mudai os vestidos, buscai as samarras’ dos outros primeiros', ‘ os antecessores Feirai 0 caro’ que trazeis dourado; 6 presidentes do crucificado, lembrai-vos da vida dos santos pastores do tempo passado. * © Principes altos, império facundo', guardai-vos da ira do Senhor dos Céus; comprai grande soma do temor de Deus na feira da Virgem, Senhora do Mundo, ‘exemplo da paz, ‘ pastora dos anjos, luz das estrela A Feira da Virgem, donas e donzelas, porque este mercador sabei que aqui traz as coisas mais belas. 01012018 POF js viewer Entra wm Diabo com uma tendinha diante Diabo _ Falando com salvos rabos", de si, como bufarinheiro’, e diz: ® inda que me tens por vil, acharas homens cem mil 3 Diabo Eu bem me posso gabar, honrados"*, que sao Diabos, F e cada vez que quiser, (que eu nao tenho nem ceitil'®) ‘que na feira onde eu entrar e bem honrados te digo, sempre tenho que vender, 6 © homens de muita renda”, € acho quem me comprar’ que tém divida" comigo. E mais, vendo muito bem, Pois nao me tolhas" a venda, = porque sei bem o que entendo; ‘que nao hei nada contigo. ede tudo quanto vendo no pago sisa” a ninguém Tempo ao Serafim: por tratos que ande fazendo. Tempo Senhor, em toda maneira Quero-me fazer a vela!! acudi” a este ladrio, F nesta santa feira nova. ‘que ha de danar a feira Verei os que vém a ela, Diabo Ladrio? Pois haj' eu perdio, e mais verei quem my estorva se Vos meter em canseira, de ser eu o maior dela. Olhai ci, Anjo de bem, ‘Tempo Es tu também mercador, = eu, como cousa perdida”, que a tal feira t oferece: nunca me tolhe ninguém Diabo Eu nao sei se me conheces. ‘que no ganhe minha vida, ‘Tempo Falando com salvanor", como quem vida nao tem tu Diabo me pareces. VICENTE, Gi 2014. Auto ea Porto: Porto Editors (pp. 2. (Les 1861-1562) pli 2 adormecidos esqucldos dos seus deveres dn miso}: vesimenta istic antepassados; busca semaras dos ‘tron prio: reo a via srples dos primus crst05; Soto 6 abundant, 7 wedederamulante de hugigangas & quer ‘re comprar: quer gueta comprar as minha mercado 8. quer, pete 1. mpose. 1. Quer-me fazer vas Quer comeyat tabular; 12 presenta 13. com salam com 0 devido espe; cn an aba roa sce a expresso “om savane: 15. impotantes devi condo socal ou econdemea: We moe de poco valor da cade. JI valin um sexto dora 7 matte rem: to bens 18, pentsce 19 dlc 2, responds (expats): 3. ca pend wer nscale Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se sequem. 1. Localiza 0 excerto na globalidade da obra a que pertence. 2. O discurso inicial do Serafim apresenta um teor ertico. 2.1. Explicita duas das repreensdes que efetua, indicando os seus destinatérios. 3. Descreve o estado de espirito do Diabo ao chegar 8 feira, fundamentando as tuas afirma- ¢0es com elementos textuais, 4. Identifica a figura de estilo presente nos versos 44-45 e esclarece o seu valor expressivo. 5. Analisa, comparativamente, as reacdes do Serafim e do Diabo face 8 presenca deste na feira. bntpsuiimsev.escolavitual piplayerteacherescurcel53007IE7se=8seType= Grupo Il Lé com atengao o artigo de apreciagdo critica que se segue. MARIA LEONOR GARCIA DA CRUZ Gil Vicente e a Sociedade Portuguesa de Quinhentos Prefacio de Luis de Albuquerque Lisboa, Gradiva - 1990 A primeira surpresa agradavel que este livro nos oferece é a de a sua produsio ter origem num trabalho académico, fora do ambito, habitual, dos estudos literdrios. Como explica Luis de Albuquerque no Preficio, o ivro comecou a ser pensado num seminziio sobre Historia do Renascimento em Portugal, integrado num mestrado em Histéria Moderna, que orientava na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. ‘A Autora estabelece, para além das candnicas Introdugio, Conclusio ¢ Bibliografia, duas partes que organizam o livro: “A Condenagio do Mundo” e “O Alerta de Um ‘Louco’ Prega- dor’, cada uma das quais com 0s seus respetivos capitulos. A segunda surpresa agradavel é a de se tratar de um livro de divulgagio que pode servir de complemento a muitos outros manuais de maior distribuigdo. No entanto, a Autora continua a incluir Gil Vicente apenas na historia da literatura, esquecendo, muitas vezes, que a sua ativi- dade principal & 0 teatro, o que nem sequer se coaduna com o que afirma logo na Introducik “A sua producao litersria, que neste trabalho nos ocupa |..." j4 que, no interior do texto, mui- tas vezes sem se aperceber disso, do que fala é do teatro: mporta vermos até que ponto a in versio de valores que tanta vez coloca em cena corresponde a uma transgressio total dos valo- res oficiais [...]". © ponto de partida do livro & 0 lug ‘omum da critica social na obra de Gil Vicente. A Autora interroga-se na Introdugao sobre 0 objetivo de tal critica, prometendo algumas respos tas no desenvolvimento do seu estudo, Contudo, nem sempre as perguntas ficam respondidas. » A primeira parte do trabalho & mais homogénea e reflete um pensamento ordenado que segue a linha tracada inicialmente. Ja na segunda parte parece que se perde o fio meada, e 0 ponto 2 ~ “Revalorizagio da Hierarquia Juridica e Tripartida da Sociedade para Restabeleci ‘mento da Ordem Social e Espiritual” ~ resume-se sintese dos argumentos de alguns, poucos, autos de Gil Vicente, 4 apresentagao de algumas personagens: frade, cavaleiro, lavrador, vilio. » emercador, Apesar de constituir um digno livrinho de divulgacao, o trabalho de Maria Leonor Garcia da Cruz apresenta aspetos francamente negativos. E, no minimo, lamentavel que a edigao dos. textos dos autos utilizada tenha sido a organizada por Marques Braga entre 1942 © 1944 Juando a Autora elaborou o seu trabalho, havia melhores edigdes disponiveis e exemplares da & edigio princeps na Biblioteca Nacional e na Torre do Tombo, lugares muito préximos da Facul- dade onde realizou os seus estudos, CAMOES, fs, 1996 “Gil Viento Sociedade Portage de Qunento” feces ctl {Cologue-Letas n= 42, outubro de 196 (pp. 261-262) Intps:insev escolaviaual pvplayertaacheriresource!183007/E7se=8seType= 46 s010%72018 PDF js viewer Ficha 3 Sequincia 3.6il Vicente Responde aos itens apresentados. 1. Comprova a integracao do texto no género do artigo de apreciagao critica, atendendo a0 seu objetivo. 2. Delimita os diferentes momentos da estrutura interna do texto, justficando a divisdo que efetuares. 3. Refere o valor expressivo do uso do diminutivo no inicio do ultimo paragrafo. 4, Faz corresponder a cada segmento textual da coluna A um nico segmento textual da co- luna B, de modo a obteres uma afirmac3o adequada ao sentido do texto. Utiliza cada letra € cada niimero apenas uma vez. Coluna A 1 Com o uso do conector “No entanto", || (110 enunciador estabelece uma ligacao causal noth 10, | (210 enunciadorinsere um moditicador aposiivo b)Com 3 utilizarao de “ue".na lina | donome n. (31 enunciator introduz um complemento do nome «1 Coma introducao da expressao “de | (4) enunciadorestabelece um nexo adversativo. valores" I 18h, | (81 enunciador insere um predicatve do complemento €1.Como recurso a passagem o ugar- direta comum da critica social na abra de lunciador introduz um complemento direto GilVicente” 17), (El Sounecies Me ri ve (710 enunciadorintroduz um modificador restitivo €1 com ainsorin de “Upores mo eect ros Facultad nde eau dik lier ion (8 enuncioorinsers um predicated sujet, 5. Divide e classitica as oragées da primeira frase do ultimo pardgralo do texto $. Identifica a funcao sintatica desempenhada pelo grupo preposicional “de algumas persona. gens” 24 Grupo Ill Redige um texto de apreciacao critica relativo a um espetaculo teatral a que tenhas assistido ‘ou a um texto dramiatico que tenhas lido Organiza 0 teu discurso de forma bem estruturada, respeitando as marcas do género indi cado. Escreve um texto de cento e vinie a cento e cinquenta palavras, hips fimsev escolavinual pUplayerteacheriresource/IS3007IE7se=BseType= 56 Sequéncie 3. Git Vicente Cotacdes da Ficha 3 90 pontos 0 pontos 70 pontos Estruturagio do discurso e correc linguistica Esiruturag3o tematicae discursiva Correcaolinguisica hnps:simsev escolavitual pUplayerteacheriresource1S3007IE7se=8seType= Ficha 3. Gil Vicente ee Ratu ce erg ct tay Ficha 3 - Sequéncia 3 (p. 180) Grupo! A 1. A cena integra-se no desenvolvimento (conflto) da pega, momento em que, depois de na introdugao (exposigae) termos conhecido a protagonista (através de seu mondlogo e do didlogo com 2 mae) @ © seu desejo de emancipagao, surge Lianor Vaz com a proposta de casamento com Péro Marques, que parece vir responder aos anselos de Inés. A esta cena, seguir-se-é a da chegada de Pero Marques, 0 pretendente apresentado por Lianor. 2.1. O objetivo da visita de Lianor Vaz é o de apresentar & Mae e a Inés uma proposta de casamento ("eu vos trago um casamento’, v. 8). Assim, assegura-se, primeiramente, de que a jovem nao esta comprometida (“Inés Pereira concertada / pera casar com alguém?", w. 1-2: ‘néo é ela embaracada’, v. 4) para, posteriormente, provocar o interesse da mae e da filha, ao afirmar que Ihes traz um casamento abengoado (“em nome do Anjo bento”, v. 6) @ ao elogiar 0 pretendente (vw. 14- 16). 8. Para Lianor Vaz, 0 marido ideal (“bom marido’, v. 14) € um homem “rico, honrado, conhecido” (v. 15) @ dasinteressado, pois no exige o dote da rapariga ("Diz que em camisa vos quer’, v. 16) Porém, Inés, revelando desprendimento material e ingenuidade, sonha com um marido inteligente e sensato (‘homem avisado’, v. 11; “discrete em falar’, v. 13; “sabido”, v. 18), mesmo que sem posses ("ainda que pobre pelado’, v. 12)." 4. Com a intengao de exaitar as qualidades de Inés, a Mae exagera o nivel cultural da filha, querendo sublinhar 0 conhecimento e a esperteza da jovem. Procura, desta forma, garantir o interesse de Lianor em Inés, como futura mulher do pretendente que a alcoviteira representa.’ 5. As personagens tém reagdes opostas. Assim: ~ Ins demonstra 0 seu desagrado por Péro. Apesar de nao se lembrar dele, as suas palavras irritam= 1a, levando-a a recusa implicita do pretendente (‘Lianor Vaz, este é ele?" v. 43); ~ Lianor Vaz esta interessada em concretizar o casamento e, por isso, procura destazer a ma impresstio causada pela carta, incentivando a jovem a prosseguir a leitura da mesma, ao afirmar que continua a apreciar Péro (“que inda eu sam contente dele”, v. 45)." 1. In Gros de Classitcapho Prova Escita de erature Potupuise, 10° @ 11. anos, 2019, 2 fas, GAVE 1. A cena corresponde & parte introdut6ria da pega, em que, depois do monélogo inicial de Mercurio & da apresentagao da personagem do Tempo, chegam a feira o Serafim e 0 Diabo. As personagens fazem os preparativos antes de chegarem os primeiros compradores e discute-se a permanéncia do Diabo na feira 21. © Serafim critica os membros da igreja (“igrejas, mosteiros, / pastores das almas, Papas adormidos’, v. 1-2) pelo seu materialismo e os representantes do poder temporal que ndo temem a Deus (vv. 10-12). 3. © Diabo esta bem-disposto e confiante, uma vez que prevé o sucesso do seu negécio, & semelhanca do que tem acontecido noutros lugares (w. 19-25). 4. 0 Diabo serve-se da ironia para denunciar a existéncia de uma grande quantidade de homens, de elevado estatuto social e econémico, cujo comportamento & mais condenavel do que 0 seu 5. Tempo fica surpreendide com a presenca do Diabo na feira e refere que ele nao é digno de se apresentar como vendedor, pelo que deve ser expulso, pois caso contrario podera “danar a feira” (v 51). © Diabo defende-se, dizendo que a sua mercadoria tem boa aceitagao em todos os mercados, porque ele oferece 0 que os compradores procuram. OEXP10 © Porto Eatora 1 Ficna 3, Gi Vicente ‘Solugtes « Ficha de trabalno por sequencia Grupo 41. Trata-se de um artigo de apreciagao critica, uma vez que o seu autor aprecenta e avalia um objeto cultural ~ 0 livre Gil Vicente e a Sociedade Portuguesa de Quinhentos — comegando por fazer a sua descrigao e analisando-o eriticamente em seguida, ressaltando os seus aspetos positives e negativos. 2, Deserigsio do objeto (ll. 1-16): 0 autor descreve a obra em andlise, apresentando as partes que a constituem, apesar de ir apresentando, desde logo, algumas expresses valorativas (‘A primeira surpresa agradiavel, |. 1; “A segunda surpresa agradavel’ |. 9). Comentario critico do autor (|I. 17-31): © escritor faz varias referéncias apreciativas sobre o livro, destacando particularmente os seus aspetos menos bem conseguidos, como 0 nao cumprimento de intengdes apresentadas na Introdueao, as falhas estruturais na segunda parte do trabalho e a consulta de uma edi¢ao anacrénica dos autos. 3. © uso do diminutive ‘livrinho” confere uma conotago negativa a obra, minimizando 0 seu valor enquanto objeto de estudo da obra de Gil Vicente. 4. a) (4); b) (6); €) (3); A) (8): €) (2). 5. "Apesar de constituir um digno livrinho de divulgagdo” ~ oragao subordinada adverbial concessiva (infinitiva); “o trabalho de Maria Leonor Garcia da Cruz apresenta aspetos francamente negativos” coracao subordinante. 6. Complemento do nome. 0XP100 Porto Ediora 2 0/01/2018, PDFs viewer Sat a Grupo! Lé atentamente 0 poema de Luis de Camdes que se segue Como quando do mar tempestuoso © marinheiro, lasso! e trabalhado, dum naufragio cruel jé salvo a nado, s6 ouvir falar nele o faz medroso: e jura que em que veja bonangoso” © violento mar, sossegado Wo entre nele mais, mas vai, forgado pelo muito interesse cobicose assi, Senhora, eu, que da tormenta de vossa vista fujo, por salvar-me, jurando de nao mais em outra ver-me; mink’ alma que de vés nunca se ausenta, da-me por preco ver-vos, faz tornar-me donde fugi tao perto de perder-me. CAMOES, tide, 1998, nae (texto exableido revit pefciado| por Atsao J da Costa Pimp) Coimbra: Aen (p38) (1 ed: 1595) 1 eansado: 2 trang: 3. escjona Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem. 1. Indica o tema da composicao postica, justificando a tua resposta. 2. Identifica 0 recurso estilistico que serve de base ao desenvolvimento do poema e esclarece a sua expressividade 3. Comprova, com recurso a passagens textuais, os efeitos contraditérios do amor sobre 0 sujeito postico, 4 Explicita a estrutura do texto, detimitando os diferentes momentos da sua organizacao interna, Jescreve formalmente o poerna, no que diz respeito a estrofe, métrica e rima, hps:msev oscolavirtual piplayerteacheriresource/1S3480/E 7s wa a 7 Ficha & Sequéncia 4, Rimas de Camoes Grupo Il Lé com atengao 0 artigo de apreciagao critica que se segue. Fados da vida 0 novo album de Camané é um compéndio de coracoes destrocados e de amores arrebatados e dramaticos. Fado para gente vivida. (CAMANE 00 AMOR E DOS DIAS - EMI #4 Carlos Vaz. Marques ja escreve quase tudo quando usa a palavra “decantacdo" para classi- § ficar a arte de Camané, “A cada novo disco’, explica 0 homem de Pessoal & Transmissivel, “tem vindo a fornecer-nos, gota a gota, fado a fado, palavra a palavra, as silabas novas com ‘que poderemos inventar, cada um 4 sua maneira, um nome futuro e simultaneamente ances- tral’ para o fado’ Isso e mais. novo élbum de Camané poder mesmo intimidar quem nele quiser ouvir as palavras. de Cesirio Verde e Alexandre O'Neill a Fausto Bordalo Dias e Sérgio Godino, entre outros, ~ como quem vé espelhos, temendo sempre encontrar 0 que nio deseja. Epis6dios, sobressal- tos da vida impressos na meméria, momentos em que os sismégrafos do coragao registaram abalos em escalas terriveis. O titulo nao foi escolhido simplesmente para o distinguir do ante- rior, Sempre de Mim. Do Amor ¢ dos Dias porque do que 0 coragio sente, vive e softe e do tempo que mede as memérias e as feridas. Camané canta para homens e mulheres que tém vida vivida, historias © memérias. E por isso & um disco tao forte. “A meu favor’, escreveu ‘O'Neill e canta Camané, ‘tenho 0 verde secreto dos teus olhos / Algumas palavras de édio algu- mas palavras de amor”. £ tao simples quanto ist Camané canta a verdade e recorta cada pa 10 se pode dar a0 luxo que algo se perca, mesmo as virgulas que nao se cantam, mas que se respiram. Nio ha nada de novo em Do Amor e dos Dias. José Mario Branco produz de forma sabe dora, com mao invisivel, deixando o ar cristalino desprender-se das cordas — as das guitarras, lavra para que nao haja diividas, numa diegao séria de quem violas e violoncelos e as da garganta de Camané - sem interferéncias de qualquer espécie. Nao 4 purismo, é inteligencia, Porque a vor de Camané contém tudo: vidas, desesperos e tortuosas paixdes, saudades e magoas que acreditamos serem sempre suas, mesmo reparando na assina- tura dos poemas, porque este homem nao sabe cantar sem sentir. De facto, podemos inventar, como det «le Carlos Marques, um novo nome para o fado. Ja se chamou Amilia, agora res- s pondea Camané. ASREL Ra Miguel, 2000. "Fado da Vida its tubo de 2010.88) | tansrasar(pssr dem ecient para otro} guid a fim de separa do seinen 2 amigo, telatvo a0 antepassados. 28 0101/2018, POF js viowor Responde aos itens apresentados, 1. Explicita a fungao do primeiro pardgrafo na construgao do sentido do texto, 2. Interpreta a metéfora dos ‘sismdgrafos” no contexto em que é utilizada I! 9. 3. Sintetiza a apreciagao critica que 0 autor faz do album Do Amor e dos Dias e transcreve duas expressées valorativas que comprovem as tuas afirmagées, 4, Para responderes a cada um dos itens de 4.1. a 4.4., seleciona a opcao correta 4.1. 0 constituinte “gota a gota, fado a fado, palavra a patavra’ texto em que ocorre, a funcao sintatica de 3} desempenha, no con- {A] modificador restritivo do nome. {B) modificador apositivo do nome. (C) modificador [do grupo verbal (D} complemento direto. 4.2. Na expressao “um nome futuro e simultaneamente ancestral para 0 fado"W\ 4-5), autor {Al serve-se de um paradoxo para destacar a conjugacao de tradi¢do e modernidade no fado de Camané (B} recorre 8 antitese para colocar em destaque a relevancia de Camané no pano- rama do fado nacional {C] emprega a metonimia para, com a referéncia a Camané, caracterizar todo 0 fado portugues, (0) utiliza uma metsfora que associa Camané a fadistas anteriores. 4.3. A oragao introduzida por “quem” em “0 novo dlbum de Camané poder mesmo intimi- dar quem nele quiser ouvir as palavras [..] como quem vé espethos” il. 6-8] 6 {A} subordinada adjetiva relativa restritiva (B) subordinada substantiva relative. {C} subordinada substantiva completiva. (D) subordinada adverbial comparativa 4.4. Com o recurso ao conector “De facto” |, 23), 0 autor insere um nexo IAI concessivo. {B) consecutivo. {€) causal (0) conctusivo. 5. No inicio do ultimo pardgrafo o autor explora o campo semantico de “cordss”. Refere as diferentes acecdes da palavra sugeridas Grupo Ill Redige uma exposicao bem estruturada, de cento e vinte a cento e cinquenta palavras, sobre © tratamento da tematica amorosa na poesia de Camoes. hitpsimsey escolavitual pUplayerteacherrosource/153480/E7se=Bs0Tyo0= na Cotacdes da Ficha 4 camoes ‘+ Esruturagao do discursoe correc ingustica Estruturacaotemdtica e discursive ‘s+ Corregio linguistics nips:imsev escolavinual tplayerteacheriresource/153480/E7se=8seType= eae Me Merry Rte cle Tug Ts} Ficha 4 - Sequéncia 4 (p. 189) Grupo! 1. 0 amor, uma vez que ao longo do poema 0 sujeito postico descreve, através de uma comparagao, 05 efeitos que esse sentimento Ihe provoca, 2, Através da comparagao, estabelece-se uma aproximacao entre o pescador que, salvando-se de um naufragio, receia voltar a entrar no mar, e 0 sujelto poético, que procura evitar ver a mulher mada, dado que a sua visao é causa de perturbagao e sofrimento. 3. © amor provoca sentimentos de natureza contraditéria no sujeito poético, uma vez que, se, por um lado, a visao da mulher amada 0 perturba (‘tormenta /de vossa vista’, w. 9-10), por outro, é fonte de alegria (“‘dé-me por prego ver-vos’, v. 13), motivo pelo qual ele nao consegue evité-la (w. 13-14). 4. O texto pode ser dividido em duas partes: a primeira corresponde as duas primeiras estrotes, em que © sujeito poético descreve a situagdo do pescador, como primeiro termo da comparacdo; a segunda inclui os dois tercetos e apresenta o segundo termo da comparacao, o “eu” e a sua relacdo de afastamento/aproximagao da mulher amada, 5, Trata-se de um soneto, constituido por duas quadras e dois tercetos, de versos decaseilabicos organizades segundo 0 esquema rimatico ab ba/abba/cedd/cdd. Arima é interpolada e emparelhada, Grupo tl 1. O primeiro paragrafo funciona como introdugao do texto, Rui Miguel Abreu serve-se das palavras de Carlos Vaz Marques para descrever e elogiar a “arte de Camané” (|. 2) 2. A metifora remete para a diversidade e a intensidade dos centimentos expressos nas cangées de Camané, como se os mesmos fossem passiveis de medicao objetiva e, desse modo, pudessem ser registados por “sismégrafos do coracao" (|. 9) capazes de registar os “sobressaltos” (|I. 8-9) & os “abalos" (|. 10) sentimentais que o artista canta, 3. © eritico faz uma apreciagao pesitiva do novo dlbum do fadista, considerando-o um “disco tao forte” (|. 18), com uma expresso de sentimentos verdadeiramente honesta, em que o cantor respeita as Palavras dos postas que representa, transmitindo as emogdes como se fossem suas ("Camané canta 2 verdade e recorta cada palavra para que ndo haja dividas [...)",\l. 15-16). Rui Miguel Abreu afirma que “a vor de Camané contém tudo” (|, 21) e que 0 fadista “néo sabe canter sem sentir’ (|. 23), realgando a sinceridade da sua expressiio, Ao estabelecer um paralelicmo entre Amalia, icone do fado, e Camané, autor coloca em evidéncia a relevdncia do cantor neste género musical. 4.4.(C) 4.2.(A) 4.3. (8) 4.8. (D) 5. Existe a referéncia as cordas de instrumentos e as cordas vocais. OEXP10 © Porto Edtora eee Grupo! Lé atentamente as estincias de Os Lusiadas que se seguem. 78 Um ramo na mao tinha... Mas, 6 cego, Eu, que cometo’, insano’ e temerario’, Sem vs, Ninfas do Tejo e do Mondego, Por caminho tao arduo, longo e vério! Vosso favor invoco, que navego Por alto mar, com vento tao contririo, Que, se ndo me ajudais, hei grande medo Que 0 meu fraco batel se alague cedo. 79 Olhai que hé tanto tempo que, cantando 0 vosso Tejo e 08 vossos Lusitanas, A Fortuna me traz peregrinando, Novos trabalhos vendo e novos danos: ‘Agora o mar, agora esprimentando 5 perigos Mavércios' inumanos, Qual Canace’, que & morte se condena, Nua mao sempre a espada e noutra a pena; 80 Agora, com pobreza avorrecida, Por hospicios’ alhieios degradado; Agora, da esperanga jé adquirida, De novo, mais que nunca, derribado; Agora, as costas escapando a vida’, ‘Que dum fio pendia tao delgado, Que ndo menos milagre foi salvar-se Que pera o Rei judaico? acrecentar-se. 81 Eainda, Ninfas minhas, nao bastava Que tamanhas mis Sendo que aqueles que eu cantando andava Tal prémio de meus versos me tornassem: A troco dos descansos que esperava, Das capelas’ de louro que me honrassem, ‘Trabalhos nunca usados me inventaram, ‘Com que em tdo duro estado me deitaram! Srias me cercassem, 82 Vede, Ninfas, que engenhos de senhores 0 vosso ‘Tejo cria valerasos, Que assi sabem prezar, com tais favores, A quem os faz, cantando, gloriosos! Que exemplos a futuros escritores, Pera espertar engenhos curiosos, Pera porem as cousas em meméria, ‘Que merecerem ter eterna gléria! CANOES, Lie de, 20160 Lasadas(rgairagio de Ena Porto Horo Hira Cara Ves 782 [pp 258-259) (Ue 1572), 3g praente: 44 guerciseativs x Mate, dest da yer 5. gus mle, fb de ol, deus dor vant, fora plop sui se por maner laces incestuoea com um ds lmlon. Aes dese iar ja ‘Soma ep supers namo exqueds rede uma carta con de plo ‘qe ¢lebrada com pea sum dat ox es expan tes ¢-Iocais andes aclbem vnjantes. necesita ou dsntes elec ecpanto avd also a6 nays de Canes ao mar ea China Rs uae cerca» Eoin ede ads, gu, sbendo gue more. end. seu pada 3 Des e mas gine es de vid savinldas Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respastas aos itens que se segue. 1. O texto pertence a uma das invocagbes Os Lusiadas. 1.1. Relé a estancia 78 ¢ identifica os elementos do discurso que, nesta estancia, consti- tuem marcas de invocacdo. 2. Baseando-te no Lexto, refere cinco aspetos marcantes da caracterizacao que 0 sujeite poe tico faz da sua vida, 3, Interpreta a alusdo a “Canace’, no verso 7 da estancia 79, 4, Explicita um dos valores expressivos da andfora “Agora” jost.79,v.5; est. 80, I, 365). 5 5. Atenta na estancia 82 5.1, Analisa a critica social e politica expressa nessa oitava i (avestoniri parcimente adaptada ds Prova Eecrita de Portugués, 12° ano, 2004, 2.fase, GAVE] Ficha 5 5.05 Lusladas de Camoes Grupo Il Lé com atencao o relate de viagem que se segue. Uma viagem a india Depois de correr os quatro cantos do mundo, cumpri o sonho de ir India, Cheguei a Delt 2 durante a noite. E comecei logo por maravilhar-me no percurso do aeroporto ao hotel, a0 encontrar uma cidade agradavelmente verde e limpa. Logo a chegada ao hotel, pertenca de 2 uma cadeia indiana, entrei, de certa maneira, na fndia imaginada por mim, tais eram as cores | € 0s cheiros. Enquanto 0 grupo com que viaje visitava a Velha Mesquita Jama Masjid, a segunda maior do mundo, decidi nao entrar, para ficar a sentir a vida da cidade velha. E foi assim que tive a minha primeira experiéncia com o povo indiano. Foram s6 duas horas, mas surpreendentes, repletas de movimento ¢ de uma azdfama de carregadores, motos, vacas, riquexds e, alii, todo o tipo inimaginavel de transporte No dia seguinte, viajimos de autocarro para Jaipur. E aqui tive o maior choque da minha vida de viajante. A pobreza, a imundicie, a desordem, tanto nos assustam quanto entristecem. Depois de alguns quilémetros, a chegada ao hotel, este de uma grande cadeia internacional. Os hotéis de cinco estrelas na india nao tém s6 cinco estrelas, mas uma constelagdo inteira. Ao quarto dia, jd mudmos de transporte: tempo para uma subida de elefante & antiga capital do Império Rajput ~ Amber. Durante a tarde, visita a0 Pa de cores ¢ cheiros inebriantes, A Agra chegimos ao final do dia seguinte. Ocorreu precisa- mente na Hora do Planeta ¢ encontramos mesmo o hotel is escuras. De manha, fomos trans- Pportados em caleche e visitémos 0 Taj Mahal. O destumbramento foi total. E, definitivamente, ‘© monumento mais fantastico do mundo, tal é sua beleza e o lugar onde se encontra, Nos iiltimos dias da viagem, foi tempo de voar para Goa via Bombaim. Ao desembarcar na cidade, senti como se regressasse a casa depois de muitos anos fora, numa total empatia com o lugar. Encontra-se a presenga de Portugal por toda a parte. Em Goa de Margo, Mapusa, com as especiarias jé nassas conhecidas ¢ outras que nunca havia ¢ ado, Estes mercados sa0 um balsamo para a vista, para o olfato, para todos os nossos senti- dos. A paz, a calma, a harmonia que se sente no Estado de Goa é surpreendente. E nio & dificil encontrar alguém que queira falar um pouco de portugues, pois ha gente que hii mais de 50 anos que nao fala a Lingua, Esta fusio cultural que existe em Goa é fascinante. E uma maneira maravilhosa de terminar a imersio na India, Depois de Goa, apenas tempo para voar até Bombaim ¢ um passeio por esta cidade com mais de 16 milhdes de habitantes, Ser, curiosa- ‘mente, a menos interessante das paragens. Mas ainda visitamos a casa onde viven Mahatma Gandhi, que alberga um pequeno museu, ¢ ainda tivemos algum tempo para visitar o Prince of Wales Museum. ‘Tudo tio confuso mas, no fundo, t30 harménico, io dos Ventos ea0 mercado, cheio tei os mercados Agora, s6 me resta esperar pelo regresso a {nia para continuar a descoberta, PACHECO, Manel 2012. “Uona vag nd’ In Pi 1804387 [Consul 3015-0213) upesrwa-peo pay dor dearornal'ma vag » 8.05 Lusiadas de Camoes Fichas Responde aos itens apresentados, 1. Explicita duas marcas do texte que comprovem a sua integrac3o no género do relato de viagem, 2. Apresenta uma justificacdo para as palavras do narrador: “A pobreza, 2 imundicie, a desor~ dem, tanto nos assustam quanto entristecem.” |\ 12). 3, Seleciona a opede que completa adequadamente a afirmacio. Na frase “Os hatéis de cinco estrelas na India ndo tém s6 cinco estrelas, mas uma constelacaa inteira."|. 1a), a narrador serve-se de {Alum eufemismo que procura colocar em evidéncia a superioridade do hotel “de uma {grande cadeia internacional” 13) (8) uma antitese que conironta os “hotéis de cinco estretas na india” |. 14) com os das res- tantes categorias. (chums hipérbole que visa destacar a qualidade dos hoteis indianos de cinco estrelas. (0) uma metonimia que parte da referéncia aos “hotéis de cinco estrelas” 14) para elogiar a realidade social indiana. 4, Refere o sentido com que o termo “verde” é utilizado na expressao “uma cidade agradavel- mente verde e limpa” I 3 4.1. Menciona duas outras acecdes que integram 0 campo semantico da palavra e inte- gra-a em frases que as evidenciem. 5. Classifica a primeira oracao do segundo paragrato. 6. Faz corresponder a cada segments textual da coluna A um dnico segmento textual da co- luna B, de modo a obteres uma afirmacdo adequada ao sentido do texto, Utilize cada letra cada nmero apenas uma vez. Reveana eee a\camouse do grupo preposconal (Mo enuncidorinaere um sujet “econo casein’ stones? | (2 oenuncaor itz um complemen aso coma vitzagndo avr aqur, | (1 e00NAaorinsre um complements de nome caiman, Une enucinarina uprated ‘1 Cama intraducio da expressia “de sainetamnonts sie cance choros nebrianies: natinha | (81 enunciadorinsere urn madticador do grupo 0 verbal dl Com o recurso a expressio “Agra”, (60 enunciadorintroduz um complement obiquo oa tinho 7. {M1 enunciadorinsere un modiiador resritva do el Coma insercda de "Esta fusdo cultural nome. aque esteem Goa", na inna 23, {2} oenunciadar intraduz um prdicaiv do sueito, Ficha S ihn 8,5 Lusiadas de Camoes Grupo Ill Os Lusiadas continuam a interpelar-nos; revelam-nos uma sensibilidade préxima da atval. $30 um misto de entusiasmo heroico e de melancolia desalentada. Um texto épico e antiépice. Uma afirmagao de fé, com um avesso de divida, de descrenca, de interragacées, MATOS, Maria Vitalina Leal de, 2011. “Lusiadas (0s)”. | In SIDA, Vitor Kaur @ (Card, 2011, Dicer de Luis de Camscs,altragide: Carinha Partindo da perspetiva exposta na citacao anterior e da tua experiéncia de leitura da epopeia de Camées, redige um texto, de cento e vinte a cento e cinquenta palavras, no qual reflitas sobre a classificacdo d's Lusiadas como “texto épicoe antigpico” Cotagdes da Ficha § i ® 6 15 $0 pontos 2 8 “20 51. 12 8 2 i 6 a 15 T« 10 : 5 : “ - 7 5 | ponies 41. -_ = 5 _ a 6, - - 7 2 2 ETO curt | Total por questio i a 7 a «a pontes + Eptruturacde do dccursee corres lingusticn ‘+ Esiruuracao temstie edscursia "Corre inguistica eo Ba Tee Oly Riel Ficha 5 - Sequéneia 5 (p, 196) Grupo! 41.1. Constituem marcas de invocagao, na esténcia 78, os seguintes elementos do discurso: ‘Vés, Ninfas do Tejo @ do Mondego” (v. 3), “Vosso favor invoco” (v. 8) € “se néo me ajudais”(v.7).* 2. Com base no texto, a caracterizacto que 0 sujeito poético faz da sua vida destaca, entre outros, 0s seguintes aspetos: desmesura da tarefa a que se propés nas duras condi¢oes em que se encontra (est. 78, w. 1-2 € 4 % risco de nao conseguir realizar os seus objetivos de poeta, por sogobrar perante as adversidades (est. 78, w. 5-8); Persisténcia no cumprimento da sua miso de posta e guerreiro, enfrentando uma vida de perigos diversos, de guerras, de viagens atribuladas por mar e por terra (est. 79); errancia (est. 79, v.3 € est. 80, v. 2); pobreza (est. 80, wv.1-2): - desterro (est. 80, v. 2); - desilusdes sucessivas (est. 80, w. 3-4); - excecionalidade da sua vida, miraculosamente salva de um nautragio (est. 80, vw. 5-8); expectativas frustradas quanto ao reconhecimento da sua obra pelos detentores do poder (ect. 61, w. 38); sofrimentos varios causades por aqueles que deveriam honrdi-lo (est. 81, w. 5-8); 3, Através da comparagio com Canace, 0 sujeito pottico coloca em evidéncia a conjugagaio das Vertentes bélica e artsticallterdria na sua vida, durante a qual, ‘peregrinando’, sentiu os ‘perigos ‘Mavércios", mas néo deixou de ir “cantando” os seus conterréneos. 4. A anéfora “Agora” tem, entre outros, os seguintes valores expressivos: ‘marca a sucesso de vivencias disféricas do sujeito, acentuando 0 tom depreciativo do “e realga a quantidade ¢ a variedade de situagbes e estados de alma; cexpresca uma vida ritmada por desgracas e fugazes esperangas; cria um efeito de simuitaneidade de vivencias (como se a meméria operasse por saltos entre “presentes"); 5.1. Na estincia 82, o sujeito critica (recorrendo & ironia) 0 menosprezo dos poderosos pelos artistas assim, denuncia a incapacidade daqueles para reconhecerem a importancia destes na preservagao e na glorificagao da meméria nacional. Tomando-se a si como exemplo, alerta para as consequéncias futuros deste divércio entre “senhares” e “escritores”: tal divércio nfo favorecera o aparecimento de Novos talentos, conduzindo @ estagnagao artistica do pais @ a0 enfraquecimento (ou mesmo perda) da meméria coletiva." 1. In Ortéos de Classticago Prova Eeorita de Pomuguée, 12° aro, 2006, 2" fase, GAVE Grupo tt 1. O texto apresenta marcas especificas do género do relato de viagem: * 0 tema da viagem (‘Depois de corer as quatro cantos do mundo, cumprio sonho de ir & India.” |. 1); © discurso pessoal (narrador na primeira pessoa, no caso, autodiegético: “cumpri’, |. 1; “Cheguel’, | 1; ‘comecei’ |. 2; “entrei’, |. 4; “mim”, |. 4; ‘minha’, |. 8; ..); a dimensao narrativa, correspondente ao relato, no pretérito perfeito (“Chegue’’, |. 1; ‘viaje’ |. 6; ‘viajémos”, |. 11...), dos acontecimentos associados @ viagem, segundo um encadeamento légico marcado pela progressao temporal (“durante a noite’, |. 2; ‘No dia seguinte’, |. 11; “Ae quarto dia’ | (OEXP10 © Porto Eatora Ficha 5. Os Lusiadas do Cameos SSolugties + Ficha de trabalho por dominio 15; ‘Durante a tarde’, |. 16; “ao final do dia seguinte’, |. 17; ‘De manha', |. 18; “Nos ultimos dias da viagem’. |. 21), conjugada com momentos desciitivos (I. 2-5, 7-10, 11-12, 25-26) 2. Resposta pessoal. Tépicos de resposta: “A pobreza, a imundicie” e a “desordem” como elementos propiciadores de medo, mas igualmente de tristeza, provavelmente por ndo corresponderem aos padroes de higiene e de seguranca habituais no ocidente e adequados, na perspetiva do narrador, aos seres humanos 3.(0). 4. Verdejante, coberta de plantas e arvores, vigosa. 4.1. Cor:“O indiano vestiu um casaco verde.” Algo que ainda no esta maduro: “No comas essa maga; ainda esta verde.” Inexperiente: “O novo funcionario ainda esta muito verde... Precisa de mais alguns dias de contacto com 0 pubblico. 5. Oragao subordinada adverbial temporal. 6. a) (3); b) (5); €) (2); d) (6); €) (1). OEXP10.© Porto Edtora See ee ena) Grupo! LE com atencao o excerto do capitulo “As terriveis aventuras de Jorge de Albuquerque Coe- ho", da Historia Tragico-Maritima, que se segue Se necessério, consulta 0 glossério ap: ntado a seguir ao texto, Dois dias depois aquietava o tempo. Os corsétios, aproveitando a bonanga, trataram de descarregar a “Santo Anténio” das muitas mercadorias que nela vinham, e que haviam esca- pado do furacio ou do ajar de carga que se havia feito. Até despojaram alguns portugueses dos proprios fatos que traziam vestidos. Outros, porém, mais humanos, andavam curando os que estavam doentes e Ihes davam de comer e de beber. Negat m-se a prover os desgracados de algumas coisas que precisavam, como enxircias', antenas, velas; a muito rogo, deram-lhes dois savos de biscoito podre: e na segunda-feira, 17 de setembro, afastou se a nat deles a todo 0 pano, foi-se esbatendo na atmosfera turva. Sumia-se com ela a esperanga dos nossos. Desapareceu, por fim Ficaram s6s, Entio, vendo-se desamparados na vastidao oceanica, sem nenhuns recursos, sem un livor de esperanga, cairam de joelhos no convés da nau, puseram-se a rezar 0 Miserete Rezado 0 Miserere’ eas ladainhas, Jorge de Albuquerque comecou a mandar, vidéncias para a salvagio de todos, $6 se encontraram em todo o navio: numa botija, duas canadas’ de vinho; uma pequena quantidade de cocos; alguns poucos punhados de farinha: e-pau; ¢ meia dlizia, ao todo, de tassalhos' de carne e de peixe-cavalo, Isto, ~ para quarenta pessoas que a bordo havia, Jorge de Albuquerque repartiu os mantimentos por tum quinhido menor que o que dava aos outros. Todos se tomar pro- 1a8 mos, reservando para si mesmo pantavam de como se sustentava de {Go pouco, com tanto trabalho em que lidava sempre, tanto de dia como de noite. Ao parecer, mais se dota das necessidades alheias que das préprias Homem para comandar liberalmente, pela bondade e pela persuasio, ¢ de todo o ponto admiravel Antes da partida dos Franceses, um caso thes sucedeu que muitos tomaram pot mil E foi assim: No dia em que a tormenta se desencadeou, mandou Jorge de Albuquerque Coelho, a pe dido de alguns companheiros, langar as ondas uma cruz de oito que tinha uma particula do santo leaho”. Amarrou-se para isso a dita cruz, com um cordio de retrés* verde, a um cabo grosso € muito forte, com um prego grande por chumbada’s ¢ 0 chicote do mesmo cabo se prenden bem & popa da nau, Passada a tormenta, lembrou-se o Albuquerque do seu relicirio, Chegou-se & popa, ¢ vit {que 0 cabo se embrulhara nuns pregos. Pediu a Afonso Luis, piloto, que vinha a bordo por passageiro, se quisesse embalsar* em um cabo, ¢ desembaracar o do relicario’. Afonso Luis © Sequine's 6. Mistéria Tragico-Maritima Ficha 6 fer assim, Desembaragado 0 cabo, disse que alassem’” por ele de cima. Akaram'";e,acabado de recolher o cabo, cait a cruz solta, com a argola partida, na tolda da nau “Asteries ventura de forge de Albuquerque Coho (165) fa Miri Tg Marina Narain angio da Soca da cous adalago de Aninio Seg), 2015. Captul Pot Pero Er (pp, 126:128) [es 1735.17) t-conjito dos eabos tos que prem os mass ot matanbu da gives (la medatamene superior grande) As mess de par rgd stuadas tas amuradas dv nation 2. alto do Antigo Testament que cone or ea plas. plural cad anys dade de mada desapachadeequvalenc a doi vo pedagsgranis macs: so ra, craze gue fess Cristo fi ei ae fio de sed odo, 7 frag comm shumbo, obj sigrado. ear una bla rian ligt, geramente ise leno mar 1 ale pus ata cis laa em opergtes de ‘Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se sequem, 1, Interpreta a iltima frase do primeiro paragrato. 2. Comenta a expressividade do recurso a frases curtas nas linhas 10 a 12. 3. Considera a personagem de Jorge de Albuquerque Coelho. 3.1. Aponta duas atitudes do capitdo que contirmam que “mais se doia das necessidades alheias que das préprias” 231 3.2. Transcreve duas outras passagens que permitam efetuar a sua caracterizacéo di- rela. 4, Explicita a estrutura do texto, detimitanda os diferentes momentos da sua organizacao interna Grupo Il Lé com atencao 0 relate de viagem que se segue. Peregrinacao a orla do mundo Ja da janela do avido cremos perceber que estamos para aterrar num capricho natural numa anomalia dos mares do sul, num territério encantado, Assim se chamaram as Galipa- gos durante geragdes: “Las Islas Encantadas”, Mas surge a divida. “Encantadas" talver nao na acegio das modernas brochuras de turismo, no no sentido de que té encanto (...] mas sitn no sentido de terem algo de inquietante e sobrenatural, Um espelho de Alice, uma tronteira ; do mundo. ‘Que lugar tao estranho para se ser humano. O que farfamos nds aqui, na Terra, se 0 resto do planeta fosse assim? Que criaturas nos terfamos tornado se a longa linha da evolucao se tivesse desenrolado nesta paisagem tio assombrada, neste vento tao arido, nesta auséncia in- & quietante de pontos de referéncias, precisamente, humanos? O que seriamos hoje se féssemios todos das Gakipagos? Nio encontro nada que me conforte o olhar. O clima é quente mas a temperatura 6 fia, a luz é forte mas as cores sio pardas, o solo é fértil mas o terreno incultivavel - pedras soltas, Ficha 6 fequencia 6. Histéria Trégico-Maritima chuva escassa, Hid uma vibragdo misteriosa, uma sensagao de inquietude que esté isenta de ¢ ‘um jusizo de valor: nem “positiva” nem “negativa’, ndo cabe nas opgoes “mat” ou “bom’s E como mascar uma alga ou respirar apenas oxigénio ou ouvir o som de um digeridoo' abo gene: os sentidos nao sabem como definir estas experitncias sensoriais, no sabem lidar com £ © estimulo que transmitem, ndo as sabem enquadrar, © meu sentido de intuigao nao sabe o que fazer desta terra estranha. Sinto-me um estra- ho, "Mantenhamos as Galipagos livres de espécies invasoras’, avisa um cartaz. do Ministério do Ambiente quando desembarcamos. E 0 equivoco é evidente, a ironia da situagio & dbvia 95 intrusos somos nés. Apesar de estarmos na linha do equador, a brisa nao ¢ quente e um longo arrepio acompa- nha-me ao caminhar pela pista do aeroporto em direco aos servigos de migragio. Explico melhor, ado estou a mudar de pais, ndo ha voos internacionais para as Gakipagos, a porta de entrada & sempre por uma das duas grandes cidades do Equador: ou Quito, a capital: ou Guayaquil, a capital econémica. Por isso, limito-me a apanhar um voo doméstico e desem: bbarco nas Galapagos vindo de Guayaquil como quem desembarca no Funchal vindo de Lisboa, Mas ha migracién. Ninguém mais pode imigrar para as Galdpagos. A porta fechou. Muitas ilhas permanecem desabitadas, e outras tém sticiente populagio humana, O arquipélago é, desde 1959, um Par- que Nacional. E 0s visitantes recebem tm passe que os autoriza a permanecer no maximo trés ‘meses. © nome, a nacionalidade e data de desembarque nas i has sao minuciosamente regis- tados. O passe é como um bilhete de entrada e custa cem délares. Ainda bem. Deviam fazer 0 ‘mesmo em Veneza ‘Mas Veneza sio pedras. Aqui, a preocupagao ¢ a preservagio recaem sobre os animais. Tio. antigos e tinicos que fulguraram um certo naturalista do século XIX na sua breve passagem pelas Galipagos. Charles Darwin desembarcou em outubro de 1835: viu, recolheu, pensou e a Humanidade nunca mais foi a mesma CCADILEE. Gong, 2111 Ki de dav 7a Alpe cia do Lie ip, 9-90 (Led: 208) | tstumento de sep do aborigene autlinos 1. Tratando-se de um relate de viagem, o texto caracteriza-se pela utilizacao de um discurso pessoal e subjetivo e pela conjugacdo de momentos narrativos e descritivos, 1.1. Comprova a atirmacao, com recurso a passagens ou alusdes textuais, 2. Comenta o efeito de sentido produzido com o recurso as interrogacées retéricas no se- gundo paragrafo. 3. Explicita a “ironia” a que o narrador se refere no final do quarto paragrato, 4, Interpreta a exploragao do campo semantico de “estranholal” nas linhas 19 e 20. 5. Assinala como verdadeiras (VI ou falsas (F] as afirmacdes seguintes: a0 elemento "que" utilizado na primeira linha do texto intraduz uma oracao subordi nada substantiva completiva b.[o constituinte sublinhado na passagem "HS uma vibracda misteriosa, uma sensacso de inguiet j isenta de um juizo do valor” Wi. 14-15| desempenha a funcda sintatica de complemento do nome, que integra um moditicador restritive do nome, ¢. D/A primeira oragio do quinto pardgrato ¢ subordinada adverbial concessiva, .[Jo grupo preposicional “nas Galépagos” |. 28) desempenha a funcao sintatica de mo- dificador [do grupo verball, e.[]com o recurso a “sobre os animais' |. 3, introduz-se um complemento do adjetivo. t. [em “Tao antigos e dnices que fulguraram um certa naturalista do século XIX na sua breve passagem pelas Galépages.” 36-38) oracBo introduzida por “que” é subordi nada adverbial concessiva 5.1, Corrige as afirmacdes falsas. Grupo Ill Redige uma exposicio bem estruturada, de cento e vinte a cento e cinquenta palavras, sobre a importancia da natureza na vida do ser humano. Cotacées da Ficha 6 90 pontos 70 pontos Estruturseae do sizcurea © correct inguzica Esiruturaco tematic edscursia Coreese inguin La R ES gr eT elrae Ele Le) eer Miele tM tract ul Ficha 6 - Sequéncia 6 (p. 204) Grupo! 1. Na ultima frase do primeira pardgrafo, 0 narrador salienta a ganéncia e a insensibilidade dos Corsétios, uma vez que, mesmo depois de terem retirado todos os bens materiais com algum valor da nau Santo Anténio, chegaram 2o extremo de despir “elguns portugueses dos proprios fatos que {raziam vestidos”, provavelmente por se Ihes afigurar terem alguma vali. 2. As frases declarativas curtas, num estilo quase telegrafico, apresentam de forma sugestiva e geradora de suspense o clima tenso que se seguiu ao abandono dos portugueses pelos corsérios, 3.1, Ao repartir os mantimentos sobrantes, Jorge de Albuquerque Coelho ficou com uma parte menor do que a que ofereceu aos restantes marinheiros (II. 20-21). Prescindiu da sua “cruz de oiro que tinha uma particula do santo lenho" (\I. 29-30), dispondo-se a sacrificé-la, “a pedido de alguns companheiros” (I, 28-29), em prol da seguranga de todos, durante a tempestade por que passaram. 3.2. ‘Jorge de Albuquerque come¢ou a mandar, a tomar providéncias para a salvagao de todos.” (Il. 16-16); “Todos se espantavam de como se sustentava de 40 pouco, com tanto trabalho em que lidava sempre, tanto de dia como de noite." (I. 21-22); "Homem para comandar liberalmente, pola bondade e pela persuaséo, e de todo o ponto admirével (I, 24-25). 4. € possiveldistinguir no texto tr8s momentos distintos. O primeira corresponde ao relato do dominio dos corsérios franceses sobre a nau Santo Anténio e suas consequéncias (I, 1-11). O segunda inicia- se no momento em que a narragao passa a incidir na situagdo dos marinheiros portugueses, “sds” (I. 12) @ “desamparados na vastiddo oceénica” |. 13) depois da investida dos corsérias, e na reagdo de Jorge Albuquerque Coelho para superar as dificuldades (I, 15-25). O terceiro e uimo momento do texto (I. 28-37) giz respeito a descrigao do “caso” envolvendo a “cruz de oiro que tinha uma perticula do santo fenho" (I, 29-30) de Jorge Albuquerque Coelho e que, na nau, ‘muitos tomaram por milagre” (1.28). Grupo tt 1.4. Discurso pessoal e subjetivo: “cramos perceber que estamos para aterrar num capricho natural, numa anomalia dos mares do sul, num territério encantado.” (U. 1-2); “Que lugar tao estranho para se ser humano." (|. 7); “Nao encontro nada que me conforte o olhar." (|, 12); “O meu sentido de intuigao néo sabe o que fazer desta terra estranha."(\ 19); “Ainda bem.” (|. 34) Conjugaco de momentos narrativos e descritivos: Passagens narrativas: Il 1-2, 20-22 @ 23-29. Passagens desoritivas: Il. 12-18 ¢ 30-39, 2. AS interrogagées retéricas do segundo paragrafo realam as caracteristicas naturals das Galapagos e levantam hipoteses sobre a possivel interferéncia dessas mesmas caracteristicas no ser humano, no caso de poderem ter sido alargadas a todo o planeta durante “a /onga linha da evolucéo” (8). 3. O narrador refere-se 4 ironia de, apesar de terem a capacidade de ler 0 aviso sobre as “espécios invasoras” (ou por isso mesmo), os seres humanos se reconhecerem como a principal dessas espécies, por constituirem os “intrusos” num ambiente natural tao singular. 4. Ao utilizar 0 adjetivo “estranha" para qualificar a “terra” das Galdpagos, 0 narrador recorre a sua ‘acegao de “inabitual, desconhecida" ou “espantosa, extraordindria’. Servindo-se de “estranho” na referéncia a situagdo da sua pessoa naquele meio natural, utiliza a palavra com os sentidos de “esquisito ou “que é de fora, estrangeiro”. 5.a. V.b. V. ¢. V. d. F. Desempenha a fungao sintatica de complement obliquo. e. F. Introduz-se um complemento obliquo. f. A oragao introduzida por “que”é subordinada adverbial consecutiva, OEP 10 © Porto Esitora

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