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J Escola Politécnica da Universidade de Sao Paulo Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundagées PEF-2302 - MecAnica das Estruturas I im i Carlos Eduardo Nigro Mazilli Joo Gyro André Miguel Luiz Bucalem Sérgio Cif Sao Paulo 2010 Preficio Este texto tem a finalidade de prover a disciplina PEF-2302, Mecdnica das Estruturas I, de documentagio de apoio aos alunos. © contetido guarda estreita correlagio com 0 programa da disciplina, tanto nos seus aspectos conceituais, como nos formais. fo resultado de mais de duas décadas de vivéncia pedagégica, incorporando as evolugdes ocorridas ao longo do tempo. Este texto nao se teria materializado sem o apoio zeloso e competente dos sognintes alunos de pés-graduagio, que atuaram como assistentes de ensino na disciplina: Carlos A. Medeiros, Christian Furukawa, Irani B. Ramos, Odulpho G.P.Baracho Neto, Estela M. R. Bueno, Lorenzo A. Ruschi e Luchi e Renata Butkeraitis. A eles, os agradecimentos dos autores. Capitulo 1 Andalise Matricial de Estruturas ‘A Andlise Matricial de Estruturas propde-se a determinar os deslocamentos, reagdes esforgos solicitantes de estruturas de barras — tais como vigas continuas, vigas poligonais, porticos e treligas planas, grelhas, pérticos espaciais modelando-as como um arranjo de elementos simples (barras), unidos através de suas extremidades ou nés, os quais podem ainda ter deslocamentos restritos por vinculos. As varidveis primérias sio os deslocamentos nodais, cujo conhecimento permite a determinagio das reagdes dos esforgos nas extremida- des das barras, decorrentes de carregamentos ou deslocamentos aplicados aos nés. Ver- posteriormente, que carregamentos internos aos elementos poderéo também ser contempla- dos. A partir do conhecimento das varidveis nas extremidades do elemento, poder-se-4 determinar os correspondentes valores no seu interior, por meio das expresses clementares ja conhecidas das teorias de barras. Na estética das estruturas de comportamento linear, as equagSes fundamentais da andlise matricial de estruturas constituem um sistema de equagies algébricas lineares, para a reso- lucdo do qual aplicam-se métodos computacionais préprios da algebra linear. Na dindmica das estruturas de comportamento linear, as equagdes fundamentais da anélise matricial de estruturas constituem um sistema de equagies diferenciais ordinarias, para a resolugao do qual aplicam-se processos préprios da integragio numérica, As teorias de barras subjacentes & Andlisc Matricial de Estruturas jé se encontravam, desenvolvidas hé muito tempo e alguns métodos gerais de solucdo jé haviam sido antevistos por homens notéveis como Maxwell, mas nfo conseguiram estabelecer-se antes do advento do computador, pois requeriam a manipulagio de grande massa de dados e a solugdo de equagdes com mimero elevadissimo de incégnitas. Em vez desses métodos gerais de anélise de estru- turas de barras, eram empregados aqueles que, engenhosamente, introduziam aproximagdes e exploravam particularidades de arranjos t{picos. Proliferaram os métodos que, apesar das simplificagées, continuavam a envolver tediosos célculos. Para as vigas continuas, a titulo de exemplo, havia 0 método da equacdo dos trés momentos, o de Cross, o dos pontos fixos, © da propagacio, ete E justo que se reconheca que tais métodos simplificados tiveram e ainda tém um papel importante na formagio do engenheiro de estruturas, pois exigem dele capacidade de “disse- cago” e compreensio do comportamento dos sistemas estruturais, & moda de um curso de “anatomia” das estruturas, Ao abandonarem-se esses métodos, nas desejéveis e inevitaveis atualizagdes curriculares, 6 importante que o ensino e a aprendizagem em engenharia de estruturas nao deixe de dar destaque ao desenvolvimento das habilidades que levam & com- preensio do comportamento dos sistemas estruturais. A opgio pela andlise computacional de estruturas nao deve ser confundida, pois, com a opcdo pela instrumentalizagdo pura e simples do uso de programas de computador. Adotar-se-io as seguintes hipéteses para introdugao & Anélise Matricial de Estruturas: Estruturas reticuladas (formadas por barras) Barras prismaticas @ Linearidade fisica (material cléstico linear) « Linearidade geométrica (nao se consideram efeitos de segunda ordem) Carregamentos estaticos De inicio, seré enfocada a anilise matricial de pérticos planos (estruturas planas car- regadas no seu plano). 1.1 Barra prismatica: solugdo pelo método dos deslo- camentos A titulo de recapitulagio de tépicos da teoria cléssica elementar de barras, bem como para obtencéo de resultados de utilidade para a Andlise Matricial de Estruturas, considere-se © problema da determinagio da solug&o exata do campo de deslocamentos ¢ dos esforgos solicitantes em uma barra prismética com deslocamentos impostos nas suas extremidades. Considere-se, inicialmente, a situagio indicada na figura 1.1, que também admite a pos- sibilidade de carregamentos distribuidos aplicados & barra, cat ttl” Figura 1.1 Isolando-se um elemento de comprimento infinitesimal e impondo-se equilibrio entre es- forgos solicitantes e carregamentos, tem-se a situagdo indicada na figura 1.2. Do equilibrio de forgas na direcdo longitudinal, vem: aN =a At a= -4 (1a) Do equilibrio de forgas na diregéo transversal, vem: Ge. (1.2) @ LAU u Maat v vv 4 Nea + ooh | «x ” i Figura 1.2: Do equilibrio de momentos, vem: aM ae. (13) Combinando-se (1.2) ¢ (1.8), resulta: eM Te (1.4) Estuda-se, agora, a relagio entre deslocamentos e deformagao longitudinal. ‘Tome-se, para isto, a figura 1.3 que indica os deslocamentos (u, w) de um ponto P genérico, da segao S, que na barra deformada corresponde ao ponto P’, da secdo $*, supondo valida a hipstese de Navier. >x fe ZCOS P=Z \psencgzw' Figura 1.3: Designando por @ ¢ @ os deslocamentos do baricentro da segio $, os deslocamentos do ponto P serio: u=t-20' (1.5) w=0. (1.6) Recorda-se a definicao de deslocamento longitudinal (7 para se escrever, a partir de (1.5), para a deformacéio de uma fibra infinitesimal em P: — 2". (18) Esta expressfio traduz. a lei de Navier (distribuicao plana para €) Para elasticidade linear, a Lei de Hooke estabelece a relacio entre tensio e deformagao: o=Ke (1.9) sendo E 0 médulo de elasticidade longitudinal e o a tensio normal. Considerando-se (1.8) em (1,9), chega-se a Ba! — zBu" (1.10) que traduz a lei de Bernoulli (distribuicao plana de tensies) Recordando-se, agora, algumas relagdes entre esforgos sol do-se a convencdo classica de sinais: citantes e tensdes, e respeitan- N ~ [aa (1.11) A M = faa. (1.12) ls Considerando-se (1.10), obtém- N= BAw (1.13) M =-Elw". (1.14) A forca cortante pode ser calenlada usando-se (1.3) e (1.14): V=-EIw”" (1.18) De (1.1) e (1.18), obtém-se a equagao que permite determinar os deslocamentos longitu- dinais por integragio yt _ “BA de ~ 5 (1.16) ¢, de (1.4) e (1.14), a que permite determinar os deslocamentos transversais por integragéo: (1.17) Note-se que o problema da determinac&o do campo de deslocamentos é desacoplado. 5 « Para o que se segue, tem-se particular interesse na solugio do problema com deslo- camentos impostos nas extremidades da barra, porém sem carregamentos (gz = 0 & 4. = 0), ou soja: de (1.16) ai! =0 (1.18) ede (1.17): ol = (1.19) A solucdo de (1.18), 4 impondo respeito As condig6es de contorno da extremidade, pode ser escrita na forma: a= (1 7 5) lot jm = hy (a) tty + hala (1.20) ‘As fungées hy(2) (1.21) hal) (1.22) permitem determinar, por interpolaciio, mas de forma exata, 0 deslocamento % em uma segio genérica, uma vez conhecidos os deslocamentos nas extremidades tig ¢ tig. Note-se que a fora normal também pode ser calculada facilmente a partir de (1.13): N = EA|hi(x)ay + hy ~ i) “> = constant (1.23) ui] ‘A solugiio de (1.19), j4 impondo respeito as condigées de extremidade, pode ser escrita na forma: a (= 3c? ) ( 2x8 Es) D= a + )at+ B B 2a! 7 w, 7 (2) + hg (ee) + Ia 0 (1.24) ‘As funges: 2x 322 hola) = Fp — Tt) (1.25) 2a* hy(e)=q- +e (1.26) 205 | 3a? hela) =— Fr +e (1.27) 3 gt hea) = 4 (1.28) permitem determinar, por interpolagio, mas de forma exata, 0 deslocamento w em uma segdo genérica, uma vez conhecidos os deslocamentos nas extremidades Do, We, Wh € t}. Note-se que o momento fletor e a forga cortante também podem ser calculados facilmente a partir de (1.14) e (1.15): M =~EI [hs (x) + bY (x), + Ai (w)w7h + hg (2)eaj] V = EI (hey (tig + hg! (at) + hy (a) ang, + ag! (a2) Em particular, nas extremidades, obtém-se os valores: 6EI 2El yy, Mo =~“ (toi ~ to) + > (2im + wh) 6EI 2EI Me= FE (a — ao) — 7 (ah +201) 12E1 6EI Vo = Ve= —y— (tin — ta) — E> (my +) A titulo de ilustragao, considerem-se os exemplos: Exemplo: Barra deformada axialmente: Uy = 0; ty = 0510 = (1.29) (1.30) (1.31) (1.32) (1.83) Exemplo: Barra bi-engastada com recalque linear fy = 0; ty = 5; tuf, = Yw=v Exemplo: Barra engastada-apoiada com recalque linear = 6; =0 tp = 1%, = 0; xm =0; wi =? (Note-se, porém, que m= 0, pois Mi = 0) ha(U)o + Rell) a} 0 = Ay (Ly + hg (Lw} 2 gat ou @ = € Seti) 2B” OF 3B1 My =p8 M=0 Exemplo: Barra engastada-apoiada com recalque angular 0; ti = 05 0% = @ ‘af = 0; wy =0; wf =? (Note-se, porém, que a = 0, pois M, = 0) 10 Bly et u=0 haley + ha (a 0 = Wy da, + HE), 1 mas 1 de onde logo ‘® Seja agora o problema de determinagio dos esforgos de engastamento perfeito para ge =constante= q ¢ g. = 0. Por integragao de (1.17), pode-se mostrar que: w= 4 halw)an + hs(2) (a- i) 4 hale i+ hale) (ot - &) eT , at = 2 4 18la)an + (2) (a- ia) + W(x, + HE) (a - . : oo" = Bs neta)ay ge) (mm — 5) +0 Cem +m) (at er) i Exemplo: Barra bi-engastada com carga uniformemente distribufda (ip = wy = 0 € tH = 1 = 0) M =-Elw LT an a @ l= —"5 Fg 19 thy = Nj (x1)Wo + hS (ay) Wa + G(r) wy + AG (wr) wo, Oi { Figura 1.10: Parte de uma estrutura genérica de barras Seja g um né arbitrariamente escolhido que seré utilizado como representative de um né genérico da estrutura, Na Figura 1.11 apresentam-se as ages internas e externas que devem ser consideradas para estabelecer-se 0 equilibrio do né g. soe eG gee AL Le © Figura 1.11: Equilfbio do né g Impondo-se 0 equilibrio do né g, obtiém-se R= f+ fP +40 (1.41) Ry = fO+ + (1.42) Re = K+ +I12 (1.43) 27 ‘As equacies (1.41) - (1.43) evidenciam que as forcas externas atuando em um né deve ser equilibradas pelas forcas de extremidade das barras que convergem para 0 né. Com o objetivo de facilitar a contabilidade entre a numeracdo dos graus de liberdade, que 6 local para as barras e global para a estrutura, define-se para uma barra genérica (m) a matriz coluna {F")}, N x 1, onde NV é 0 mimero total de graus de liberdade da estrutura. ‘As forcas nodais so “colocadas” em {F} nas posigdes que correspondem & nurneragio global dos graus de liberdade da barra (m). As demais posigdes de {F(™)} sio definidas como sendo nulas. Por exemplo, para a barra (6) da estrutura, tem-se ij ok {FOP = {0-2 0 AP 0-0 APH AP 0-0 FP 0-0) O-- OF ‘Tendo-se definido {#(™ } para todas as barras da estrutura, pode-se escrever simultane- amente o equilibrio de todos os graus de liberdade da estrutura considerando a equagio {RB} = SO {FP} (1.44) met onde nj é 0 ntimero total de barras da estrutura, De fato, considerando, por exemplo, 0 grau de liberdade i, a equagao (1.44) estabelece R= H+ K+ RO (1.48) jd que somente as barras (a), (b) ¢ (¢) tém entradas nio nulas para a posicao i. Nota-se que ‘essas barras so as vinicas que possuem graus de liberdade de extremidade que, na numeragao global, correspondem ao grau de liberdade i. Utilizando a relacdo entre numeragao global ¢ local, conforme indica a Figura 1.11, pode- se escrever FO = 60); FO = $9) FO = 12. Essas relagdes acima mostra que a equagao (1.45) ¢ idéntica & equacao (1.41), mostran- do que, de fato, a equac&o (1.44) traduz o equilibrio sirnultaneamente para todos os graus de liberdade. Analogamente & definigao de {F™ }, seja {U™} a matriz cohma N x 1 que coleciona os deslocamentos da barra (m) posicionados segundo a numeragio global dos graus de liberdade, sendo as demais posigSes definidas como nulas. Define-se ainda a matriz [A], N x N tal que [Or] {0} = {FO}, (1.46) sendo que as tinicas entradas nfo nulas de [K‘")] so aquelas associadas aos graus de liberdade da barra (m). Essas entradas nao nulas séo definidas de forma a reproduzir - a menos das correspondéncias entre a numeracio global e local dos graus de liberdade - a equagio fe] {ul} = {Fo}. Portanto, todas as entradas nao nulas de [K‘"] podem ser obtidas a partir das en- tradas de [k(] seguindo-se a correspondéncia entre a numeragio local e global dos graus de liberdade. Por exemplo, para a barra (b) er ee ee ee ee en ee ee 28 € assim sucessivamente. Pode-se agora apresentar a importante dedugo que se segue. Substituindo (1.46) em (1.44) obtém-se {R= DO [KO] {UM} (147) wt idade, considerando que os deslocamentos nodais da barra (m) so os slocamentos nodais da estrutura, pode-se escrever {FM} = [KO] {UM} = [KE] {0}, que substitufdo em (1.47) leva & 8) = 2 [KW = (3 iw) w met ot Por compatil correspondents ¢ portanto [K]{U} = {R} (1.48) com [A] = > [Ke] (1.49) nt onde [J] é obviamente a matriz de rigides da estrutura, Observa-se que a equagéo (1.48) representa simultaneamente, para todos os graus de liberdade, as condigées de equilfbrio e compatibilidade. ‘A equagaio (1.49) estabelece formalmente como obter os coeficientes da matriz. de rigidez da estrutura [K] a partir da matriz das barras [K(™) Observa-se que as matrizes [K(™], {F™} e {U\™} foram definidas de forma a pos- sibilitar as derivagées teéricas acima de maneira rigorosa e compacta. No entanto, como a maioria dos elementos dessas matrizes so nulos, elas nao sao efetivamente usadas nos cAlculos. Descreve-se, a seguir, uma maneira eficiente de se obter a matriz de rigides [K]. Recorda- se que todas as entradas nio nulas de [K')] esto em [k'™] e, portanto, [K] pode ser obtida sem construir-se [K(")] Dessa forma, define-se para cada barra da estrutura uma matriz linha {LMC} na qual se listam os nvimeros dos graus de liberdade da barra segundo a numeragio global. Por exemplo, para a barra (b) tem-se {LM} ={i j k pr e} A contribuigio da barra ($) para a matriz de rigides da estrutura pode ser considerada somando-se os coeficientes de matriz de rigidez da barra (b): ky; na posigio ii de [K ky na posi¢io ij de [K] kis na posigio ie de [K] kup na posi¢ao jj de [K] yy na posigao jk de [K] kag nia posigaio je de [K] 29 e assim por diante, Nota-se que se est tirando partido da simetria das matrizes [h("] e s termos que sio simétricos. (K| e ndo se estiio computando duas ve Quando o procedimento acima é realizado para todas as barras da estrutura, obtém-se a matriz (K] da estrutura, 2 2 4 5, 5 7 5 3 (2) 8 14 ARs? 12°[4ppot0 Figura 1.12: Sistemas de coordenadas da estrutura e barras do exemplo anterior para auxiliar na montagem da matriz. de rigidez [K] pelo método da colocagio. Com 0 objetivo de exemplificar a metodologia descrita acima considere-se as definigdes de numeragio fornecidas na Figura 1.12 para a estrutura da Figura 1.5. As matrizes de rigidez das barras jé foram calculadas e esto reproduzidas abaixo. a a 0 BA 9 0 84 9 Bj, AB ony OB KO t BBh 9 an oe 7 BA Bray 0 on wy sou Bh 0 yA 0 Mle Ba 0 0 -44 0 0 12h Ogle 2k Oh ot ¢ oe (yn Bah Shh hale oP Tn Q “et (k= 0 0 ae 0 0 2a, _ SE Lela SE yt 4 @ - 0 Sj, hk 0 8k eat @ te an 30 [A] = Pode-se obter {IM} = {789123} {LM} {12345 6} {iM} = {45 6 10 11 12} Mostra-se abaixo a matriz [K\")] que representa o resultado intermediério na montagem da matriz de rigidez apés 0 calculo da contribuigéo da barra 1 seguindo © procedimento acima. O resultado final esté mostrado na pagina seguinte. ok |, Lg 0 o #4 0 AB en ee ‘A matriz [A] pode ser subdividida de acordo com a vinculagio dos seus graus de liber- dade, nas submatrizes [Ky], [Ku], [Ku] © (Kix), cnjos indices significam “livre” ¢ “bloquea- do”. No exemplo, lembrando que os trés graus de liberdade do né 3 ¢ aqueles do né 4 sfio bloqueados, obtiém-se (Ku) [Kn] (K] (Kul (ue) 31 (0) 7 ® © oS 5 0 oat oO o oO 0 0 0 ape 0 Se 0 BA 9 Me seu oO o 0 0 0 o o 0 (Oo 0 ® @ 0 0 0 oe 0 2h ( (6) 2a 0+ la =H +0 Apt +0 Many his 0 1 ) 6) ~Be o o iia sigs oe BB+ Wee 040 if O+0 iy Bids 04 Sle 0 o o 1B 0 SEs () (3) Sys +0 O+0 | Bids 4 12H 04 Siple 0 tb Hib ° el o oO 0 (3) 0 Eat 0 0 0 0 @ @ Q) Figura 1.13: Matriz de rigidez completa da estrutura do primeiro exemplo, montada pelo método da colocacio. 32 [Ku] = [Ku] = [Kul = [Kul Observa-se que a submatriz [Ku] ¢ igual A matriz de rigidez reduzida que utilizamos no exemplo, uma vez que se refere somente aos graus livres. 1.6 Equacionamento da Estrutura com o Sistema Com- pleto O equacionamento completo da estrutura por Andlise Matricial se divide em duas partes, coerentemente com a subdivisdo da matriz. de rigidez. No caso dos graus de liberdade livres terem sido numerados antes, a primeira parte do equacionamento se refere aos deslocamentos desconhecidos {Ui}, com cargas aplicadas nos nés como carregamento { Ri}; a segunda parte refere aos graus de liberdade onde se conhecem os deslocamentos {U;} (zero, ou um recalque de apoio), ¢ néo se sabe qual 6 0 carregamento {Rp} (reagées de apoio). A primeira parte é um sistema linear; a segunda, uma expresso mais simples, em que basta efetuar uma multip de una matriz por um vetor. {Ri} [ [Kn] [Kul] f {Ui} (Rb J > LIK Tew) | (0 ‘A primeira parte do equacionamento, referente aos graus livres, resulta (Ku) {Ui} = {Ra} — (Kul (Uh (Ku) {Ui} = {Ri} ~ (Ho) {00} snctgnita ‘A segunda parte, relacionada com os graus bloqueados, fica {Bi} = [Ri] {Ui} + [Kio] {0} ined 1.7 Carregamentos Fora dos Nés Os efeitos de carregamentos fora dos nés em uma estrutura, quanto aos deslocamentos nodais e as reagdes de apoio, podem ser simulados com a aplicagdo das reagoes de engasta- mento perfeito nas extremidades das barras, com sinal invertido, em vez dos carregamentos nao-nodais. Estes esforgos de engastamento perfeito serdo representados pelo vetor {F}o. A superposic&o ilustrada na figura 1.14 facilita o entendimento desta afirmacéo. 33 Rows, F, LIL JT, =| a + om an 7 a destoc: ti} = 3,200 * esforos: (T} . Mm, . i Figura 1.14: Esforcos nodais equivalentes a carregamento fora dos nés. O vetor {}o repre- senta os esforgos de engastamento perfeito devidos ao carregamento nos viios. vetor {R}, representa os esforgos de engastamento perfeito devidos ao carregamento nos vios. Observando a figura, que representa um caso em que a estrutura esta solicitada apenas por carregamentos fora dos nés, fica também facil entender que os esforgos solici- tantes nas barras decorrem da superposicao dos dois casos, devendo para seu célculo serem aplicados as barras, além dos esforcos [f] {i}, calculados por Anélise Matricial (decorrentes da aplicagéo estrutura de — {R},), 0s esforcos de engastamento perfeito {F}o (para a barra) O vetor {R}, ¢ obtido através da “colocacdo” dos elementos dos vetores { fF}, das barras, ou seja, para cada grau de liberdade da estrutura so somados todos os esforgos de engasta- mento perfeito que ali incidem, provenientes das barras. O vetor { f}) de uma barra decorre da transformagao do seu vetor {f}y pela relacaio. {hho = (I {Fo {Fyo» por sua vez, 6 de muito fécil obtengao através da anélise de cada barra como viga simples hiperestatica. No caso de serem aplicados & estrutura, além dos esforgos nfio-nodais, também carrega- mentos nodais {FR}, basta lembrar-se da superposigao de efeitos ¢ adicionar sua influéncia na estrutura, Sio carregamentos neste caso os vetores {FR} e ~ {R}y. O equacionamento da estrutura, portanto, resulta (K] {U} = {R} — {Rhy de onde se obtém os deslocamentos dos nés {U} e, conseqiientemente, {u} e {i}. Quanto aos esforcos nas extremidades de barra, escrevem-se {A} =F + {Fo orgos nas extremidades, seré aplicado sobre cada barra 0 carregamento no Jtantes e deslocamentos em qualquer ponto, Além destes vaio, permitindo agora obter os esforcos sol através da sua andlise como viga simples. 1.8 Roteiro de Resolugao O problema cléssico da andlise estrutural 6 aquele em que se conhecem todos os dados geométricos e fisicos da estrutura, sua vinculagio ¢ recalques, ¢ seu carregamento; incégnitos 34 so os deslocamentos dos nés livres, as reagdes nos nés vinculados e os esforcos solicitantes nas barras. En termos de Andlise Matricial de Estruturas, isto equivale a dizer que nossas incégnitas sio os vetores {U;} e {Ry} para a estrutura, e { f} para cada barra. Abaixo encontram-se listados de maneira seqiiencial os passos da resolugio de um pro- blema deste tipo por Andlise Matricial. 1. Numeragiio dos nés e das barras. 2, Numeragio dos graus de liberdade da estrutura, iniciando com os graus livres. 3. Incidéncia das barras. 4, Caloulo de [R] e [7'] para cada barra, da barra, pela relagdo (e] = [21 (R] (7 Caleulo de [h] para c 6. Montagem de [K] da estrutura pelo Método da Colocacio, evidenciando sua subdivisio nas partes livre e bloqueada. 7. Célculo dos vetores {F}o das barras, analisando. s como vigas simples hiperestaticas. 8. Ciilculo dos vetores {f }o, pela relagio {f}o= IF ho 9. Montagem de {2} com os clementos dos {f}o, dividindo-o em {Fi}, e {Rs}o. 10. Montagem de {R;} (parcela do carregamento original aplicada nos nés) e {Us} (re- calques de apoio) a partir dos dados do problema. 11, Equacionamento para os graus livres, para obtencio de {Ui}: Kul {Ui} = {Ri} — (Rito — [Ku] {Uo} 12. Equacionamento para os graus bloqueados, obtendo {Ry}: {Ro} — {Rofo = [Au {Ui} + [Kul {Uo} 13. Montagem de {u} para cada barra, com os valores de {U} 14. Caleulo dos {a} das barras, pela rel 15. Equacionamento para cada barra, para obtengéo dos esforgos em suas extremidades {F}, decorrentes da aplicacdo sirmulténea dos carregamentos {R} e —{R}o na estrutura, somados com os esforgos de engastamento perfeito {F}o {F} = [ke + (Ph, 16. Andlise de cada barra como viga simples, aplicando os carregamentos no vaio e, nas extremidades, {f}, resultando novamente na superposicao ilustrada na figura 1.13, ¢ portanto no problema proposto. Desta anélise é possivel extrair todas as informagoes como esforgos solicitantes ¢ deslocamentos em qualquer posicéio. de interesse, Mais adiante, apés a apresentagio dos conceitos para a resolugao de algumas estruturas para as quais é necessario partir de outra matriz de rigidez [k] para simular as suas condigse: de extremidade, encontra-se resolvido um exemplo, em que se segue este roteiro 35 1.9 Barras com Outras Condigées de Extremidade Estruturas que tém articulagdes entre suas barras nfo podem ser resolvidas como foi exposto até aqui. Uma vez que na montagem das matrizes de rigidez de suas barras [k] partimos sempre de um mesmo esquema estrutural (engastado nas duas extremidades), néio somos ainda capazes de representar estas articulagées. Para tanto, basta desenvolver mais alguns modelos de matrizes de rigidez no sistema local, considerando um ou os dois nés articulados em suas extremidades. Isto é feito com base na teoria de vigas simples hiperestaticas ou isostéitic 1.9.1 astada-Articulada Barra Engastad: EA. se EA i Figura 1.15: As seis deformadas a serem consideradas para a montagem da matriz [k] da barra engastada-articulada, com seus esforgos externos, ‘A sexta coluna e a sexta linha desta matriz so mulas, j& que nao faz sentido aplicar a um né articulado na barra um momento, pois a articulagéo nfio permite que ocorra a irasmissao do esforgo do né para a barra. Para auxiliar na interpretagao fisica dos coeficientes de rigidez, encontram-se ilustrados na figura 1.15 as seis deformadas consideradas para a montagem da matriz. eccoce 1.9.2. Barra Articulada-Engastada Os da ante estdo na figura 1.16. eficientes da matriz [k] da barra articulada-engastada sio, obviamente, os mesmos jor, apenas com algumas altoracées de posigao ¢ sinal. As deformadas consideradas 36 Figura 1.16; As deformadas e esforcos para a montagem da matriz [k] da barra articulada- engastada. E T 0 0 T 0 0 Figura 1.17; As deformadas ¢ esforcos para a montagem da matriz [k] da barra biarticulada. Nao 6 possivel deformar uma barra biarticulada aplicando esforgos nos nés,a no ser a0 longo de seu eixo. Esta situagio encontra-se ilustrada na figura 1.17. Sua matriz de rigidez resulta simplesmente “400-00 0 00 0 00 i 0 00 0 00 El = #400 4 00 o 00 0 00 0 00 0 00 Observagies: « Ao considerar o esquema estrutural de uma barra com uma extremidade articulada, 6 importante notar que o né da extremidade articulada nao esté vinculado & barra quanto & rotagéo. Um erro comum na resolugio de estruturas é deixar algum né articulado em relagio a todas as barras nele concorrentes, resultando obviamente um sistema linear indeterminado, como conseqiiéncia de uma hipostaticidade local do n6, se nele for aplicado um momento externo, Quando ocorre uma articulagio entre trés barras, por exemplo, uma delas deve ser considerada engastada no n6. Observe a figura 1.13. © Note a simetria das matrizes de rigidez apresentadas. NO hipostatico >, oK Figura 1.18: Um né nao pode ser considerado articulado a todas as barras nele concorrentes. ef TTT 2 ,8m 1.5m am " Figura 1.19; Estrutura reticulada plana com carregamento. 1.10 Exemplo: Pértico Desenhe os diagramas de esforcos solicitantes do pértico da figura 1.19. Para sua reso- lucao, utilize a Andlise Matricial de Estruturas. Considere ET = 18000kNmn? e EA = 600000kN. No né 3, existe um recalque de 1.5cm. 38 4 @ & (a) [Daw X at 4 Pyro APA 1: Numeraciio dos graus de liberdade da estrutura, iniciando com os graus livres. Erapa 2: Incidéncia das barras, ¢ a numeragio dos seus graus de liberdade no sistema global. a) Boo o 0 eo . 0 de tg [RO] = | ba EA 0 0 0 ob 39 120000, 0 0 120000 0 0 #) 08. —siney 0 0 0 0 [r?)] [ro] Erapa 3.1: Céleulo de [k] ¢ [7]. Noti em relagao aos vinculos. Os graus livres, para tanto. 0 0 —120000 0 0 1728 4320-0) 17284320 4320 144000 4320 7200 0 0 1200000 0 =1728 -4320 0 = 1728 —4320 4320 7200 0 —4320 14400 sinar 0 0 o 0 cosa, 0 0 0 0 0 1000 0 0 0 0 0 cosa, sina 0 0 0 —sina, cosa, 0 0 0 0 0 1,000 06 08 0 0 o 0 0g 06 0 0 0 0 0 010 0 0 0 0 0 0 06 08 0 0 0 0 -08 06 0 0 0 0 0 0 10 ‘A barra 1 serd considerada engastada no n6 3, e sua liberagao sera feita de liberdade 7 e 8 da estrutura serao considerados 4 @ EY i 0 Ee) tA 4 0 0 200000 0 0 0 0 8000 12000 0 —8000 12000 [k)] _ 0 12000 24000 0 12000 12000 ~ —200000 0 0 200000, 0 0 0 8000 —12000 0 8000 —12000 0 12000 12000 0 —12000 24000 cosan sina, 0 0 0 0 —sina cosa, 0 0 0 0 (ry = 0 er) 0 0 a 0 0 0 cosa, sina, 0 0 oO 0 -sinaz cosa, 0 0 0 0 0 0 1 40 [ro] = ecoooor ecoors EqApA 3.2: Calculo de [k®] e [7]. ecorce ecHooo =u oHoceso Hooosce] Nota: Por estarmos considerando 0 né 2 vinculado & barra 2, o deslocamento Us da estrutura representard a rotacio da extremidade da barra 2 junto ao né 2. A barra 3 ser considerada articulada na extremidade junto ao né 2, simulando a articulagio existente na estrutura. (3 4 a(—2 ‘e— 120000 0 «0 0 432 0 7 0 0 0 3) = | 120000 0 0 0-432 0 0 2160 0 cosay sing —sinay cos ay 0 0 (o) = (r] . 0 0 0 0 0 aL —120000 0 0 0 4320 0 0 0 1200000 0 0 432-2160 0 =2160 10800 0 0 0 0 0 0 o 0 an) o 0 0 cosay sinay 0 0 —sinas cosas 0 an) oo4 0-100 00 1 000 00 0 010 00 oy) = Pl = ]o 000-10 0 001 00 0 000 01 Brapa 3.3: Céloulo de [k] ¢ [7]. 06 -08 0 0 0 0 08 06 0 0 0 0 oO) = fray? Ro) fray = | 2 9 10-0 0 0 ] = |") l= 19 0 0 06 -os o | * 0 0 0 08 06 0 0 0 0 0 0 10 120000 «=0=— 0 =120000 00 0 1728 43200 17284320 0 4320 «144000 43207200 120000 0 = =0 = 120000 0 0 1728 4320 0 «= «1728. ~4320 0 4320 -«-7200«= 0 4320 14400 06 08 0 0 0 0 08 06 0 0 0 0 0 010 0 0 of} _ 0 0 0 06 08 0 | ~ 0 0 0 ~08 06 0 0 0 0 0 0 10 44305.92 56770.56 —3456 —44305.92 —56770.56 —3456 5670.56 7742208 2592 —56770.56 —77422.08 2592 3456 2502 144003456 25027200 —44305.92 —56770.56 3456 44305.92 56770.56 3456 5670.56 ~77422.08 2592 5670.56 7422.08 2592 3456 25027200356. «2592 14400 Exapa 4.1: Caleulo de [k(] 200000 0 0 —200000 0 0 0 8000-12000 «= 0) 800012000 [x] = [Re] = 0 12000-24000 =~ 12000 12000 200000 0 0 2000000 0 0 -8000 -12000 0 = 8000 12000 o 12000 12000 = «0 = 12000 24000 Evapa 4.2: Célculo de [k') 42

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