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Conteúdos complementares

1- Outras figuras de linguagem


Além das figuras constantes do fáscículo 02, é oportuno o reconhecimento de outras manifestações da
linguagem figurada, passíveis de cobrança por parte do ENEM.Veja:

1. Antonomásia
Emprego caracterizado pela substituição de um nome por uma expressão que lembre uma qualidade,
característica ou fato que de alguma forma o identifique.
O Poeta dos Escravos notabilizou a terceira geração romântica.

2. Apóstrofe
Chamamento ou invocação de divindades e seres, imaginários ou não, tornados interlocutores com objetivos
expressivos. Pode compor o discurso poético ou sagrado.
“Ó mar salgado, quanto do teu sal / São lágrimas de Portugal!” (Fernando Pessoa)

3. Eufemismo
Emprego de palavras ou expressões que buscam suavizar outras, tidas como desagradáveis, chocantes,
grosseiras.
“Querida, ao pé do leito derradeiro / Em que descansas dessa longa vida, / Aqui venho e virei, pobre querida, Trazer-
te o coração do companheiro.” (Machado de Assis)

4. Gradação
Emprego de seqüência de palavras, sinônimas ou não, que contribuem para intensificar uma idéia. Pode ser
da menos intensa para a mais intensa ascendente), ou o contrário (descendente).
“O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu-se.” (Padre Vieira)

5. Onomatopéia
Consiste na formação de palavras pela imitação de sons e ruídos. É a representação da coisa pelo som que
ela apresenta.
“Sino de Belém, bem-bem-bem/ Sino da Paixão, bate bão-bão-bão.” (Manuel Bandeira)

6. Aliteração
É a repetição de fonemas consonantais idênticos, no início ou no interior das palavras, com finalidades
expressivas.
“O vento vem vindo de longe, /a noite se curva de frio” (Cecília Meireles)

7. Assonância
É a repetição de fonemas vocálicos idênticos, no início ou no interior das palavras, com finalidades
expressivas.
“Ó formas alvas, brancas, formas claras” (Cruz e Souza)


8. Anáfora
Consiste na repetição, com finalidades enfáticas, de uma palavra ou expressão no início de frases ou dos
versos consecutivos.
“No retrato que me faço/ -traço a traço-/ Às vezes me pinto nuvem, / Às vezes me pinto árvore... / Às vezes me
pinto coisas / De que nem tenho mais lembrança...” (Mário Quintana)

9. Epístrofe
Consiste na repetição, com finalidades enfáticas, de uma palavra ou expressão no fim de frases ou de versos
consecutivos.
“Nunca morrer assim, num dia assim, de um céu assim” (Olavo Bilac)

10. Assíndeto
É a omissão do elemento conectivo, entre orações ou termos de oração, para transmitir idéia de dinamismo
e/ou simultaneidade.
“por toda a câmara, reluziam, cintilavam, refulgiam os escudos de oiro” (Eça de Queirós)

11. Polissíndeto
É a repetição de elemento conectivo entre orações ou termos de oração, para garantir autonomia dos
elementos do discurso.
“Trabalha, e lima, e teima, e sofre, e sua!”

12. Elipse
É a omissão de um termo, expressão ou oração que se pode facilmente subentender no discurso.
“Vou-me embora pra Pasárgada, / lá sou amigo do rei” (Manuel Bandeira)

13. Zeugma
É um tipo particular de elipse que consiste na omissão de termo já revelado pelo no discurso.
“O meu pai era paulista / Meu avô, pernambucano / O meu bisavô, mineiro / Meu tataravô, baiano.” (Chico Buarque)

14. Hipérbato
Também denominada inversão, essa figura consiste na troca da ordem direta dos termos da oração (sujeito,
verbo, complementos, adjuntos) ou de nomes e seus determinantes.
“A primeira vez que fitei Tereza / Como as plantas arrasta a correnteza / A valsa nos levou nos giros seus” (Castro Alves)

15. Pleonasmo
Como figura , consiste na repetição de idéias com finalidades enfáticas, expressivas, não se confundindo, pois,
com o pleonasmo vicioso, que é inaceitável para a norma culta.
“A mim me resta disso tudo uma tristeza só / Talvez não tenha mais luar / Pra clarear minha canção” (Gilberto Gil)

16. Silepse
Trata-se de uma aparente discordância com as normas gramaticais, mas, na realidade, uma concordância
ideológica, que se faz com o sentido percebido no contexto. Pode ser considerada como:
Silepse de gênero → “Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.” (Olavo Bilac)
Silepse de número → “Também a mim me parece boa a gente Aguiar. Nunca tiveram filhos?” (Machado de Assis)
Silepse de pessoa → “Aliás todos os sertanejossomos assim” (Raquel de Queirós)


2- Língua falada X Língua escrita
Como o emissor (pessoa que fala ou transmite uma mensagem) está presente fisicamente nas comunicações
orais, a língua falada (língua oral) dispõe de um número incontável de recursos rítmicos e melódicos: entoação,
pausas, ritmo, fluência, gestos.
Veja algumas das características principais da língua oral:
• Freqüentes recursos rítmicos e melódicos (inclusive linguagens não-verbais, como a corporal);
• frases curtas;
• frases inacabadas, cortadas ou interrompidas;
• freqüência de repetições, hesitações e bordões de fala (p. ex.: “Pois, eu, sabe, eu penso que todos que... pronto,
não sei...”);
• constante omissão de palavras:
• emprego de formas contraídas (tá em lugar de está, etc.);
• descumprimento das normas gramaticais;
• viabilidade de adequação do discurso em função das reações dos ouvintes.

Já a língua escrita, diferenciando-se das manifestações da oralidade, apresenta as seguintes características


principais:
• sinais de pontuação e acentuação para transmitir a expressividade oral;
• frases longas (emprego usual, apesar da possibilidade, também, do uso de frases curtas);
• uso de vocabulário mais extenso e cuidado;
• uso de descrições enriquecidas com o detalhamento;
• observância muito mais rigorosa das regras gramaticais.

3- Variações de modalidade expressiva


Tais variações comprovam, de certo modo, a superficialidade de algumas definições, que pretendem
categorizar certos elementos e fenômenos. Os níveis da língua manifestam-se através de duas variantes: a
língua falada e a língua escrita; que são, em si, variações de modalidade expressiva. Mas a modalidade expressiva
se manifesta mais constantemente nas chamadas linguagens especiais: gíria, calão, regionalismos e linguagem
técnico-científica.
A gíria se refere a um conjunto de vocábulos e expressões, características de certos grupos socioprofissionais
e classes sociais, a que se recorre quando a linguagem corrente não supre certas necessidades comunicativas,
ou quando se deseja, simplesmente, não ser totalmente entendido por outros grupos da sociedade. Assim,
existem gírias de estudantes, médicos, engenheiros, policiais, bandidos etc.
O calão é referente a um tipo de linguagem comum nas classes menos favorecidas socialmente, sendo
conhecida como uma “língua de rua”.
Os regionalismos se vinculam à chamada variação geográfica, sendo vocábulos e expressões características
de uma dada região.
A linguagem técnico-científica engloba discurso que utiliza um vocabulário específico e rigoroso usado por
uma determinada ciência ou técnica para descrever cenários, situações e teorias que lhes digam respeito.

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