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Ere heme are PC eee ae OT cok Ege ey Poteet a Ea ace ec DS ROE) Seas eee TT tel) ear Pace feo | ! | | Prefacio ste Roteiro de redagdo nio surgiu por acaso, Ao contrtio, & futo de longa reflexio da equipe de pesquisa da Us de Federal de Se ino médio culpam seus colegas do primeito grat, ‘que rsponsabilizam os do segundo, q Diante da stuagio, deixaram de atarfa de tomper acadea de fracasos. E, de tudo, com o dessjo politico de mi deuma agio efetiva no contexto. A obra que agora temas em tos & resultado final dese esforgo bem-sucedido. Ela significa possibi- lidacle de imegrat tots 0s graus de ensino, uma vex que a pesquisa ulcrapassa as salas da Academia ¢ envolve outros segmentos escola- 1, dando chance a professores¢ alunos de atuarem efetvamente na sociedade. © que sustenta a proposta de ensino de redacio dest livro éa certeza da necessidade de democrat *izados ¢ analfabewos, sendo os dltimos sempre alijados das des , an ia com a divisio injusta de classes, enganando os me- 108 favorecidos ao outorgar-thes um diploma de 2* grau sem que ‘eoham condigbes de ler €escrevercom competéncia. Por essas vias, seforcam-seas diferencas, impedindo-se os filhos das camadas popu Jares de disputarem, em igualdade de condigées, um lugar digno no mercado de trabalho. Para mudar tal conjuntura, € preciso melhor distibuiro saber, € nesse sentido caminha © Roteiro de redagéo, partindo do pressu- posta de que sé escreve bem quem € litor. Lago, todas as atividades de esetitura propostas partem da leieuraeinterpretagéo de um texto, Como minguém pode dissertar ¢ argumentar sem idéias, & preciso descobit sentidos,dilogar com os autores, posicionarse, para, 98 ‘ade que escever se aprende, por endo © erro; nio sendo prvilégio de poucos, mas dzeito de todos Avrepousa, inamento: 0 texto nfo nasce pronto. Escre- palmente por dar-lhes forma, Para isso, ¢ necessério planejamento, trabalho, ten- «ativas ¢ corregées até se chegar ao produto acabado. Pode-se dizer que uma redagéo estd pronta quando o autor nfo encontra mais nenhuma modificacio 2 ser feta, quando a considera capaz. de ex- pressara seu leitor 0 melhor possivel as idias ai depositadas. Como percorter esse caminho, o aluno vai aprender nestas dex ligSes de redacho, VERA TEIXEIRA DE AGUIAR Doutora em Teoria da Literatura Profsona dos cursos de pbrgraduagio em Lettas da PUC-RS tworia serve apenas de suport para priticn 108 elabort-lor de forma que houvesse um. ‘que esctever é algo que se conse paso.a paseo, a cada pal foe conn. Sen 0 tao pu um msde de idéias sem nexo, ave att as formas de expansto do cexvo. Do 20 quinto, estudamos os curios deCorsaoexwal ea conseugio sempre rendo em visaa busca ds coer io debe puso au sl dear now vege Ne too cafe bale fra de corunsaio oa fst da bi a aed pepo pat tent pce de ge iment. Cam eo ie dregs af peg er sderpes tthe crno melhor ingsgem. Dal apleSoneyno qualche te ste pen sorta om er rele xcs Oline capt enmpee de exo que dem se eploradon do onto devia dena enturt Cada ir dee comporars bes de seus proniporos ramets cnc. © cae dered oma cos Genta de que, pa soe ¢ rei am do nnhecmeto de slguat ters dco eta ler mit in de esos de pelo Giaee de cada ea ue ted de dean Orreniador dos em nos as com joe enimaran os a publicé-lo, Apesar de ser dirigido’a alunos do segundo gra, nada impede glenn caps on rat so ies a “Antonia Carlos Viana bien Sumario XS Fazendo as conexdes ‘Os conectivos 1 Lendo o cexto (1) ‘As palavras-chay As idéias-chave, Exerelei0s s.. 2 Lendo o texto (II) 10 Produzinde textos “Termas para edaglo.n “Temas e texto Bibliografia... Capitulo] 9. Ultapassar sua superficie yercebido a uma zet. Usp leitura hem feita € aqusla capaz ds 1 ainformasso eseicial. Paraiso, € preciso ter pists sefiras para Jocaliad- texto. Tudo d deve ajustar-se a elas de forma f ‘precisa. A tarefa do! _Iitor € Wasa as fim de reatizar uma leitura capaz de dar conta da totalidade ti isto. Por adquitir tal importincia na arquiterura textual, 35, se paetn che scene mente aparecem ao longo de tado o texto das mais variadas fc Readas, ecamadas pars Gavinientaipa cainfaho elu ans “hés a Gomprecade® melhor o texto. Alénrais50, fornecem a pista para tuma Jeicura econstrutiya porque nos levam 3 esséncia da informaciont ‘Apés encontrar as palavras-chave de um texto, deverrios tentar reescrevé-lo, to- smando-as como base. Elas constituem seu esqueleto. ‘Vejamos um exemplo: [Ninguém se enamora se esté, mesmo parcialmente, ym o que tem e com o que 6.0 enamoramento surge da Sobrecarga depressva, isto 6, da impossiblidade de encontrar wae s——_-— -———- agua coisa de valor na vida cotidiana. O “sintoma” da predisposigdo para 0 enamoramento ‘io € 0 desejo consciente de se apaixonar, enamorar, uma forte intengGo de enriquécer 0 ‘existent, mas sentimento profundo de ndo sere ndo ter nada de valor, ea vergonha de nao 8 lo, £sse 6 0 primeira sinal da preparacdo para o enamoramento: o sentimento da nulidade © @ ‘yergonha da propria nulidade. Poe essa razo, o enamoramento & mais freqiente entre os jovens, pois ests sao profundamente inseguros, ndo tm certeza de seu valor e muitas vezes se ceavergonham de si mesmos. E 0 mesmo é valido em outras idades da vida, quando se perde algo do nosso se; no final da juventude ou quando comecaa velhice. Perdeseirreparavelmente algo de si, ficase privado de valores, degradado, no confronto com o que se foi. No é a -estabelece dentro de nés& disposicao para o diferente e para. isco, 108 no tudo ou nada que aqueles que de alguma forma esto satis- podero experimentat. 12500, Enamoramento e amor. rad. Ary Gonzalez Galvao. Rio de Janeiro, Roo, 1991. pp. 46-7. ‘Além de estar presente no titulo do livro, palavta enamoramento aparece quatro veres e & reromada pelo verb chama a atengao. samorar-se tes vezes. Ea primeira palavra que nos E preciso descobrir as ours palavras que com cla formario os pontos nodais\do texto, onde esti concentrada sua maior carga de significa 1orgmento, Alberoi fla ZEMeNe MIO we 562, yoda Una vez encontradas as palavras-chave, devemos procurar a informacio que elas trazem, O auor do texto diz. que: 1. O cnamoramento nasce: recarga depressiva’s 2. O primciro sinal para o enamoramento é 8 “oscntimento da nulidade”. Mofiir, ofa bn hennr -0le AS IDEIAS-CHAVE imento profundo de néo sere nao ter nada de valor, ea vergonha de 3. Bsse sentimento & mais freqiiente: a) na juventude, porque os jovens + “séo profundamente inseguivs”; cemteza de seu valor”s rgonham de si mesjnos". + “fica-se privado de valores”, ae ave hé uma mais(abrangente, da qual podemos partir para Com os dados recollidos sobre cada uma descas palavras é possvel resumir 0 texto de Alberoni numa sé frase: 0 enamoramento ocorre com mais fregiiéncia na juventude e na velhice, quando 0 individwo experimenta o sentimenta da mulidade Muiitas veves temos dificuldades para chegar &sintese de um texto s6 pelas pala vras-chave. Quando isso acoiitesé, aimelhor solucio é buscar suas idéias-chave. Ve- jamos como isso pode ser feito: ‘Muita gente, pouco emprego Os megaproblemas das grandes cidades ‘Apopuiagio das megacidades crpsce muito mais depressa do que sua capacidade de pro- ver empregos efornecer servicos decentesa seus noves moradores.Ofenémeno, detectado no ‘elatério da ONU sobre a populacao, é tanto mais grave porque atinge em cheio justamente 0s. patsesmaispobres. Das dez megacidades do ano 2000, sete estar fincadas no Terceiro Mun- do, As pessoas saem do campo para as cidades por urna razio tio antiga quanto a Revolugao Industria querem melhorar de vida. Mesmo apinhadas em periferias e favelas, suas chances a io da popu- da cidade arrasadas por um des coletivas podem driblar ‘ apocalipse anunciado para as megalépoles. ‘ Veja, 14 jul. 1993. tirulo é uma boa pista para encontrar as palavras-chave. No texto acimta, te- mos: grandes cidades e megaproblemas. Essas palavras deverio guiar-nos na busca das idelas-chave. ‘Vamos por partes: 1 pardgrafo — a reportagem trata dos problemas das megacidades no ano 2000, quando os paises pobres serio os mais afetados. Chegamos a séguinte idéia- chave: Or pales brs sda or qu to mais par nseberno aa 2000. 2 pardgeafo — aqui o problema éa explosao urbana. Os exemplos dados cefe- zrem-sea palses pobres mais uma ver. A idéia-chave do pardgrafo € 0 cresci 3* parigrafo i fe complexos, as megacidades pobres ttm capacidade para resolvé-los. O exemplo da Cidade do México éacidental, pois se poderia citar qualquer outra megacidade do ‘Terceiro Mundo. Por isso no devemos levé-lo em conta na sintese, do mesmo ave deste parigrafo é As megacidades pores podem encontrar solugées para seus ions. Com essas séncia do texto: ides dos paises pobres crescem desordenadamente; 43. mégacidades pobres podem encontrar solugées para seus problemas. -chave e dar-lhes uma boa idéia ou palavras que subli- Dat para a sintese € simples. Bait redagio, Neste momento podemos acrescentar algu nnhamos mas que ndo entraram no esquema Sinvese a partir das idéias-chave: : As megacidades no ano 2000 irao enfrentar muitos problemas. As cidades das paises pobres sto as que mais sofrerito devido ao cre ado de sua populace poluigio. Ms isso nto significa o aos abs etrépoles do Tercire Mundo ‘tem copacidade para resolver eseseousros problemas. for sua extenséo, cde um texro de duas por parfgrafo para ou trés piginas, Se formos fazer 2 leitura de um livro paris ‘encontrar as palavras-chave, leyaremos muito tempo para con séeulo do livro ¢, sobietud, o de cada capitulo que sintetizam o que ¢ desenvolvido a cada passo do sio um bom fio condutos rexto, ‘ (to linhas gerais, para fazermos uma boa leitura, devemos observar os seguintes 1. procurar as palavras-chave e/ow as idéias-chave do texto; 2. se olevantament for 6 de pala cae, procurarasinfimagées que chs ‘razems 3. se 0 levantamento for de idéias-chave, sublinhé-las ¢ depois resumi-las de forma pessoal; 4, claborar um gréfico ou um esquema para o texto; % 5. sntetizar o texto, dando um bom encadeamento ds ida, Leia textos responda is questdes propostes. TEXTOT Posigio de pobre Proprietérios e mendigos: duas categorias que se opem a qualquer mudat qualquer desordem renovadora. Colocados nos dois extremos da escal jo para bem ou para mal: esto igualmente estabelecidos, uns na @puleacidy 10s outros na miséria. Entre eles situam-se — suor anénimo, funda- ment6-da sociedade — os que se agitam, penam, perseveram ¢ cultivam o absurdo sua anemia; aidéia de cidadso no teria nem con- ampoutco 0 huxo ¢ a esmola: os ricos ¢ os mendigos CIORAN, E. M. Breviéro de decomposcto. Tad. José Thomnza Brum din ie do texto dados que caracterizam cada uma dessas palavras. ‘grifico com as palavras-chaye do'texto, € mal-administrada, porque se mistura com a pecessdade de nfo se envolver, o que cia uma conuradigao na prépria Erman trabalhootnalise®: Deve- se, sim, ter opinido, saber onde ela comega ¢ ode acaba, saber onde cla inter! iio. F. preciso ter consciéncia. © que se procura, aco ia do jomaligca. © jornalisi> nao deve ser no pode ser impiedoso com as, ..Niés niio temos licenga especial, dada por ium xerife sobrenatural, para fazer 0 que quisermos. Qornalismo ¢ um meio de ganhar a vida, um trabalho como outro qualquer; é de viver, no é nenhuma cruzada. E por isso vocé faz um acordo con- sigo mesmo: ojomal nfo éseu, édo dono. Estd subentendido que e vai trabalhar de acordo com a norma determinada pelo dono do jornal, de acordo com as idéias do dono do jornal. como um médico que atende um paciente. Esse médico pade set fascists ¢ 0 paciente comunista, mas ele deve atender do snesmo jeito.E vice-versa Assim, 0 totalitério fascista nfo pode propor no vom» fun adChesiacash nem centtevistar alguéme pedir: “O senhor néo quer dizer uma palavrinha contra a de- mo¢ ‘mesma forma que o revolucionario de esquerda nao pode propor 0 “Tim da propriedade privada dos meios de producio. Para trabalhar em jornal é pre- i issicio_consigo préprio. Sao re 0 texto a partir das idéias-chave. 4 WexIOs a ‘Uma escola para os ricos ¢ outra para os pobres A Escola da Nobreza durou até que as estrururas do mundo feudal, rigidas © uizadas, se totnassem anacrdnicas por causa do desenvolvimento do capita- 0 industria A face do mundo transformou-se pela invengio da méquina ea novas fontes de energia. Coma revolugio tecnol6gica, novas clases ce burguesia industrial, responsavel pelo progttssor€é Rodda vet aettocracia Fal ma classe opera Tonal Pe produ, de uina mio-de-obra pobre desqualificada, msrp ico, tomou 0 te ee Neste panorama de um mundo em mudanca, a escola mantinha-se reservada as lites. nto, 0 desenvolvimento industrial requer um némero muito maior de icos ¢ cientificos. Esta exigtncia econdmica leva a uma mudanga radi- de de um minimo grandes centros ind ser “educados” para Foi assim que, p sscola dos pobres. integragio por baixo na sociedade indust A ccoexisténcia desses dois tipos de escola cria uma situagio de verdadeira segre- ice seguiam um caminho & parte, com acesso garantido ao ensi- ; monopélio da burguesia, HARPER, Babette eval. Guidado, exola! Sao Paulo, Brasliense, sid. p. 29. Ja para os pobre Indique as frases queare ‘A timides¢ a contradicéo Ser um@imid@ynotério & uma cont cimido tom horror ase neta wjnto amas a ser noxbso. Se feo. gos Spor 5 ttlo rh gate xp al, qe ftumbante imide € ese, que ata tanta atengio? Se ficou nario BL Asp earch do eo ooo enol “amas eee apesar de ser timido,talvez estivesse se enganando junto com os ouitros, ¢ sua timi- dec seja apenas uin estratagema para ser notado, To secreto que nem cle sabe. 5, como no paradoxo psicanalitico: 6 a se acha muito superior procura 0 analista para tratar um complexo de inferioridade, porgue i raha que se sentir inferior 6 doenca ‘Todo mundo ¢ imide, os que parecem timidos so apenas os mais slienes Defendo atese de que ninguuém é mais timido do que o extrovertido, O extrovertid faz. questéo de chamar atengio para sua extroversio, assim ninguém descobre sua imido,a timidez que usa para disfarcar sua extroversio ‘Nao me olhem!" s6 para chamar a atengio. Qximido punca tera menor diivide de-que, quande entea nlima sala, sodas a5 arom ss yale para. lec par sua timider, " Se riem, é dele. Mentaimente, fo nunca & lugar, Explode no lugar, ‘mesmo que chegue com a maciez estudada de uma noviga. Para 0 umido, no ape- nas todo mundo mas o préprio destino nio vee em outra coisa. nio ser nele ¢ no que pode fazer para embaragé-lo, Qeimido vivs acossdo pela catistrofe poste Vai tropecar¢ cair e levar junto a anfitri Vat ser acusado do qué ni6 fet, vai descobrir que estava com a braguilha aberta o tempo todo. F tem certera de que cedo ou tarde vai acontecer © que timido a ‘mais teme, 0 que tira seu sono e apavora os seus dias: alguéi vai Ihe ‘a palavra. © sido tema se convener de-que stem problemas nln mules, mils ‘.ximido, das pessoas 80 tia multido- Quando no conse- ‘uma platéiz, 0 timido nao pensiTios miembros da platéia como individuos. Multiplice-os por quatro, pois cada individuo tem dois olhos e dois ‘ouvidos. Quatto vias, portanto, para receber suas gafes. Nao adianta pedir para a pla- tia fechar os olhos ou tapar um ouvido para cortar 0 desconforco do timido pela me- tade. Nada adianta,O timido, em suma, é yma, mnvencida de que é Universo, e que seu Exe dnd send lembrado quando as eis varem pé. Luis Fernando Verissimo, Jornal do Brasil, 10 mat. 1996. HY Complere: a unidade de sentido do texto se funda nas palayras..¢ BI Aponte as idéias-chave sobre o timido. : Gi Redija cinco frases que deixem evidentes as contradigbes do timido. do 6 vantagem. Para. wz” cer Capitulo 2 LENDO O TEXTO (II) ACOERENCIA have. Ao fazermos isso, estaremos diante cextualidade » € preciso que haja um elo conceitual entre remnas constroem a coeréncia. Os substan- tivos € os verbos devem es sdos no apenas para acrescentar informagées, mas também para alicergar 0 sentido de palavra isolada remete a um jem nenhuma relagio com as, desde que forme uma cadeia com isolado, Ela no pode surgir de re- az parte de um todo que the dé as que a antecedem ou a sucedem. Interligadas, as palavras devem trabalhar a favor da unidade de sentido. Um texto zesulta incoerente quando hi falhas na continuidade de suas partes, quando as pala- ‘ras aparece de forma gratuita. Néo éraro ouvitmos alguém dizer que determina- da palavra esté imprecisa, nfo diz com exa imprecisfo resulta da falta de morivacso ‘Palavras que se sucedem numa vinculo muito estrei Esténa hora de a painio reencontrar sua diregdo. Se as utopias vida jé no entusiasmam, cabe dirigir ofmpeto da paixdo e do entus Paixdo e vida sao as duas palaveas-chave do texto de Gilberto de Mello. Todas as outras integram-sea elas dé forma coerente, como podemos vsualizar neste grafico: eo Wa heicéo biolbgica biogrética ¥ + ecologistas minha circunsténcia + meu destino + minha vocagio 7 fertldade criadora Esse esquema radiografa a coeréncia do texto e mostra, portanto, uma cadeia de sentido formada pelas palavras que decorrem das palavras-chave: a paixéo nao deve No texto a seguit, poderemos observar melhor a expansio da palavra-chave, Caravaggio, através dos verbos, codos flexionados na terceira pessoa do singular: Caravaggio comegon Fe 0 fo da navalha ainda adolescente, em Miléo, onde (fotrou}s heranga do pai efi parana cadeia pela primeira ver. Em Roma, onde Ehegoi}aos 20 ‘anos alias gracas do cardeal Francesco del Monte, que qabrigoupm seu palcio. Enquanto [amature ep aprendia paar temas. eligosos,o irrequieto pintrse{Compartavajcomo um jogduum prato de alcachofras cozidas na cara de um bagunceiro de periferia. Uma apareceu apuntalada) mas disse palicia que tnka aid) ‘garcom na Praca Navona, Nout acientalmente sobre sun esp rma. 1992, torrou foi parar comesou a andar chegou caiu NA eas amadurecia Sesame cla A Ww se comportava in tinha eaido disse ‘Como podemos ver os verbos expandem a palavra-chave, acrescentando-lhe novas informagbes. Os verbos na terceira pessoa do singulae referem-se todos a Caravaggio, garantindo assim a expansio dessa palavra central. Accontinuidade de sentidos ese assegurada entre as virias frases do texto porque cada segmento, ao reportar-se ao grande pintor italiano, descreve uma facera de seu comportament Para o estabelecimento da continuidade semantica ea producio de sent Caravaggio. A associagio é um dos processos utili igas. Qualquer palavea pode fazer parte de uma campo 1a pata alargar de forma coerente a significacio do e380, ampliamos nossa comunicacio, fazenclo todas as que fazem parte de n ‘como pode parecer & + imeira vista. Fla € ditada pelo contexto. 2, Identidade. sic Se uma palavra estabelece niveis de equivaléncia em determinado contexto,texe- ‘mos a expansio por identidade. Em outro trecho da mesma reportage de Vij encontramos a seguinte frase: asauaggio & tao popular porque é um homer moderno, pscologicamente trturado decide a remar contra'a cBrrente, nose {das a Caravaggio — popular, homem moder equagio. Hle é tudo isso. HA uma equivalén 3. Oposicao Na oposigéo dé-se precisamente o contritio da identidade: os termos se sclacio- nam pela diferenca, sem, necessariamente, serem anténimos. Veja 0 seguinte exern- trado da reportagem sobre a mostra do mesmo pintor: | de Caravaggio —em que ele se dedica a crdnica de 28 mitoligcas pagis — quanto as ines- ‘Vejamos agora como ocorrem esses trés processos de expansip no pardgrafo ini- cial de um texto sobre leitura, de Augusto Meyer. Para feito de compreensio, va- O processo de identidade esté, assim, presente em todo o pardgeafo. Pao proceso de asociagéo, &palevra lr se juntam Le, autor ¢ liter. O campo as- sociativo de leré vasto, mas, nese contexto,essas palavras so suficientes para criar um ‘sentido, Num texto que tratasse do assunto sob outro angulo, ler podria asociar-se CY acscola alan, professor, biblioteca etc. Tudo depende do encaminhamento que se dé 20 tema. ‘Além da identidade e da associagéo, também encontramos o proceso de oposi- fo nos segmentos “(n)outro mundo” e “outra dimensio” que se contrapdem, res- pectivamente, a “mundo comum e objetivo” ca “este mundo”, Esquematizando o texto, ler se expand’ 1-sea gente deste mundo comum 0, para viver noutro mundo nso no ponto ideal de uma outra dimensio = tapete voador 2. por associagio ler —livro, autor, leivor 3. por oposigio ‘ousro mundo (a leitura) X mundo comum e objetivo outra dimensio X este mundo Leia'os OTEXTOA. ‘Acestrutura da escola com objetivoscomuns, aum pro- S cx deiner cnn cla um rp ssa Mas pale ist igo) ou seja, um conjunto de normas ¢ procedimentos padroniza- . Cujo objetivo principal éaGocializacio do) issio de aspectos di ados daculturay Como ial, Geol pode ser vista como um Goan de alunos profes- {sore funciondtios que lesenvlvers um proceso contiauo de fpenigi0] om o objetivo primordial de(@ansminsyoulcura, . No estudo da estrutura da escola, percebemos a coexisténcia de dois grupos distintos mas interdependentes: os educadores e os educandos. Os educadot (ire lores causiliares) epresentam um grupo Tiadivo, dé idade vancada, geralmenté fategrados 20s valores sodiisvigenilSiatarefaprinci- as educand valores sociais. Fsse grupo possui status que lhe aprendizagem, impor normas exercerlideranga sobre os alunos. OLIVEIRA, Péssio Sancos de. nnodugio 2 sociologia. 5. ed. So Paulo, ‘rica, 1991. p. 130. BY Qusis as palaveas que expandem cola pelo processo de identidade? BH Retire do segundo parigrafo a rede de palavras que se associa de imediato & palavra escola TG Complete: E impossivel escrever sobre escola sem falar em educadoresc educandos. ssa forma de expansio de idéias se far. pelo processo de... . DD Retire do texto a frase que justifica © processo de identidade entre as palavras iretor, profssores, orientadores e ausiliares. BH Educadores ¢ educandos se resinem. no terceito parigrafo pelo processo de .. ‘enquanto educandas e alunos pelo de... BB Cite duas palavras que voc? associa a + escolar Grito odterdy BS Qi % 1G) Redija uma frase com as palavras-chave da questéo anterior, utlizando as pala- vyras a elas associadas. Texto Sonhos i in. s contas, A inflagio, aos banqueiros, 208 cardiologistas¢ aosfadrdes que infestam as esquinas eespreitam bolsos ¢ bolsas dos outros mortas, Presta io & guerra, aos politicos as baleias a 3=——-—- ameagadas de extingéo. Mas ¢ os sonhos? Andam por af, passcando entre tiossos _miolos, ¢ ninguém se preocupa com eles, Mesto os psicanalistas ji nfo os exami- nam com tanto desvelo. E, no entanto, os,sonhos sio @ adubo ¢ 0 alicerce do dia. Ou nalmaise q bado,ZacordeiJcom a dica alma transformada em bobo lodacal. Nela, tudo afundava e nem fazia plop. Tentei todos 0s recursos normais — banho, carai- hada, chope e meio, almogo enh casa amiga. Tudo em vao. $6 algamia)me tentava. Gragas a isso — € a certos sonhos bons, dos quais nao lembro — avordei. do- mingo, mais saudavel que um pio de centeio — que € a coisa mais saudavel que existe. Entio, aproveitando 0 frio ea fome, fui com Mme. K. ao Pulcinella. Apicius, Jorma do Brasil, 11 ago, 1990. BE. Quais as palavras que se correlacionam por oposicio e constituem 0 alicerce do texto? BH Relcia o primeiro parigrafo e escreva as palavras que esto associadas a exquinas, oles bolas. pardgrafo as palavras que se opéem a: cardiologistas e ladrées 1 No primeiro pardgrafo, a palavra sonbo liga-se: 1 por associagio a. + porjdentidade a... BF Justifique no segundo pardgrafo a associagao de alma a algibeina. TE Qual a palavra que provoca, no terceito parigrafo, 0 aparecimento de afendava « plop? 1 Quais as palavras que justificam o aparecimento de pao de centeio no rerceiro pardgrafo? Hees A sedusio O que se diz de imediato sobre a seducéo é que ¢ um jogo, Cagada silenciosa entre dois olhares; captura numa rede perigosa de palavras. Jogo artiscado e fasci- nante — angtstia’e govo — onde o vencedor nfo sabe o que fazer de seu tofu e 0 perdedor sé sabe que perdeu seu euro: um jogo cuja tnica pended de empate se chama amor. Jogo que petendo abordar do ponto de vista do aparentepetdedoe — seu do — ji que éele quem nos deixa registro sobre sua experiéncia. Eo seduido que se expressa — na poesia, na lit de psicanilse. £ 0 seduxido que tenta compreender a transformacio que se deu nele ao mesmo entender 0 poder do olbar seuor. O que significa Ode pata Swann? De que encanto o seduzido é press, ele nfo sabe dizer, Q-sedutor €0 que no se revela, Mas revels alguma coiss ~ 0 qué? — sabre o seduzido ra, nos consult BD No segundo parfgrafo,o seduzido se identifica 20 .., €$¢ opde 20... “poco waedugdn “Unnceobr BF No segundo parigrafo, deca registro associa-se: i i oy exoRe a Onde I Recija uma frase sobre a sedugfo em que entrem as soguntespalavas: jogos angistia, ozo, fret vengedor & Peete : Texto # Acdlasse do cléssico (Os herdis clissicos sio herdis da classe alta, que procuram demonstrat a “classe” tragédia e a epopéia como géneros maiores e ver nos seus herdis apenas o elevado seria desconhecer uma diferenga basica entre o hersiépicoeo _hex6itrégico, bem como uma dinamica es anifesta nas grandes obras”. “Ainda que passe por grandes dificuldades ¢ provagoes,¢ ainda que venha a constituir percurso €0 da queda, Masa queda cer em sua grandeza, asi 2 O herdi épico e alto edo baixo. Aquiles, o024) BX Quis os pares de palavras que se associat por oposi¢éo ao heréi épico? BH Elabore uma frase sobre 0 heréi épico usando uma das oposigées da resposta Quis os verbos de sentido negativo e de sentido positivo associados ao hersi épico no primeiro pardgrafo? BH Qual a palavra que se associa exclusivamente ao hs HH Elabore uma frase sobre o her6i trgico a partir de sua resposta anterior TH Retire do texto os trechos que colocam 0 her patamar de identidade, 2 io e o herbi épico no mesmo “Mas a queda do her6i trégico & 0 que the possbilita assim como 2 ‘baixezas’ do her6i épico é que o ‘elevam’”. HE Quais os verbos que expandem cada um dos heréis (Aquiles, Odisseu, Edipo) no segundo parigrafo? Bl Pelo processo de identidade, temos: + Odisseu. + Edipo =. Capitulo 3 DOMINANDO A COESAO TEXTUAL COESAO E COERENCIA Quando esere frase seguinte & ani uum texto, uma das maiores preocupagbes & como amarrar a 1036 € posstvel se dominarmos os prinefpios bisicos de ‘coesto. A cada frase enunciada devemos ver se ela mantém um vinculo com a ante- rior ot antetiores para néo perdermos o fio do pensamento, De outra forma, tere- mos uma seqiiéncia de frases sem sentido, sucedendo-se umas 2s outras sem muita ldgica, sem nenhuma coeré esse processo de olhar constantemente para tds ue desejo se trata na prdxima fase: Ble lo estabelecerrelagdes esteitas com uma frase a outra para dizer que estamos escrevendo reciso pensar na coeréncia. Voce pode escrever tum tex F exemplo: (0s problemas de um povo tm de ser resovidos pelo presidente. Este deve terideais muito clevados.Esses ideais se concretizardo durante a vigéncia de seu mandato. O Seu mandato deve ser respeitado por todos. is de imediato, decidir qual a sua palavra-chi ‘problemas do povo? A palavra escolhida daria esabilidade 20 pargrafo. Sem essa base cstivel, nfo haverd cocréncia no que se excrever; € 0 de idéias. Enquanto a coesio se preocupa com a parte ‘A ccoeténcia exige uma concatenagtio perfeita diversas frases, sempre em busca de ume unidade de sentido, Voet nfo pode dizer, por excmplo, numa fase, ws {ongaspilpebras, que subiam e desciam pesadas como cortinas de fe de um azl eve como oar As pélpeb forca, : Roberto Pompeu de Toledo, Veja, 21 out. 1992, Esse uecho de reportagem gira em tomo de Ulysses Guimaraes, que é sua pala- vra-chave. Ea retomada direta ou indireta do nome de Ulysses que dé estabil ninhando-o numa s6 directo: fazer uma descrigao precisa desse pol fico brasileiro. Além disso, as frases estio bem amarradas porque seu redator soube usar com preciso alguns dos recursos de coesfo textual, canto dentro da frase, quan- to ao passar de uma fiase para.qutra. A coeséo interna é to importante quanto a externa. ‘Vejaros em primeiro lugar os recursos de que Roberto Pom manter a eoeséo dentro de cada frase: 1 na primeira frase, ndrios aspectos projeta o texto para adiante. A palavra aspectos & recomada pelo segmento o primeire ¢ mais Sbvio ds quais ena a prépria figura, 2. na segunda frase, o pronome relative que recoma as longa, pein oe quais) subianne desciams 3. na iltima frase: {8 0 relativo onde mantém o elo coesivo com a regio dentro de si onde (na qual) guard sua fora, €08 pronomes s (dentro de si) e sua (Gua forga) reportamie ao sujcto ele de quando cle as abria, > xs ‘Agora € preciso ver como se realiza a coesto de frase para frase: cle da segunda frase retoma o nome Uses, enunciado logo no infcio da 3. na tia frase Ubysese 0 pronome as ret ito ele (quando ele as abria) refere-se mais uma vex. a pélpebras da frase anterior Em nenhum momento, 0 autor da reportagem se desvia do assunto (Ulysses Guimaraes) porque se mantém atento 2 coesio, RECURSOS DE COESAO Para escrever de forma coesa, ha uma série de recursos, como: 1. Epitetos Eplteto é palavra ou frase que qualifica pessoa ou coisa, Glauber Rocha fez filmes memordveis. Pena que 0 cineasta mais famoso do cinema brasi- (co pelo avalifenvo ocincasta mais famoso do cinema 2. Nominalizagées ‘Ocorre nominalizagéo quando se emprega um substantive que remete a um verbo enunciado anteriormente. oof Hes foram testemunhar sobre 0 caso. O juiz disse, porém, que tal testemunho nao era valido por serem parentes do assassino, Péde também ocorrer 0 contrério; um verbo retomar um substantive jé cnunciado. Ee no suportou a desfeitadiante de seu proprio filho. Desfitearum homem de bem no ra coisa para se defxar passar em branco, 3, Palavras ou expressdes sindnimas ou quase-sindnimas oan ue ram até de porta de galinheito. . Cléudio Abram, wm dos mai- literris, a reportage perdeu seu aspecto de narrativa fia ‘A regra do jogo: 0 jomlista ea étca do marceneiro. Sio Paulo, Companhia das Letras, 1993. . Ninguém pode di 0 tives observado, desrespeito ao paralelismo constitu ferro. Se Abramo ia escrito da seguinte forma: 'Nos tempos modernos,devido ainfluéncas vérias ea jornalstas com pendores literrio, a reportagem perdeu seu aspecto de narrativa fia (..). ‘Compare as duas frases € verd que a primeira é melhor que'a segunda, pois, 20 mudar de conectivo, ele coloca em relevo a segunda causa, charnando nossa aten¢ao PARALELISMOS MAIS FREQUENTES Os casos mais comuns de paralelismos dentro da frase ocorre 1. com as conjungdes a) evnem. He consegui transformarse no comandante das Forgas Armas no hore forte do governo. ‘ [Nao atianta tomar atitudes radicais nem fazer de conta que © one existe, A Sete ) nao sé... mas também. 0 projeto nao sé sera aprovado, mas também posto em pratica imediatamente. mas. ‘Nao estou descontente com seu desempenho, mas com sua arrogincia. dou (© governo ouse torna racional ou se destréi de ver. ©) tanto... quanto. Estamos qustionando fantoseu modo de eras problemas quanto sua forma de slucionéos. F) isto & ou seja ete. Vocé devia estar preocupado com seu futuro, isto é com a sua sobrevivencia, 2. com as oragdes justapostas (aquelas que estéo coordenadas sem conectivos) (© governo até agora nio apresentou nenhum plano para erradicar a miséria, nao criow rrenhum programa de empregos, ndo destinow os recursos necessérias para a educacéo e a Esse tipo de paraleismo & muito comum em textos literétios, sobretudo em poesia ‘O vento varria as O vento varria os ‘O vento varria as flores. manuel Bandeira) pocta recorre aos mesmos termos ¢3 mesma estrutura, sempre actescentando uma informagao nova 20 verbo varrer. Can rane se/aio 5 que} tudo foi produto exclusivo da gestio idades esto trabalhando com capacidade ple- i (..) primeica preacupagdo( BOE TE eRuRaHosatosiregulares — até agora no refutados pela LBA —,finas/Sima de achat tom a punigao dos que revelam desmandos oficiais. (Folha de S. Paulo, 30 ago. 1991) Gxfefruma teagio Towa do Ocdene pan rensalar ai Tegime autoritirio. (lstoé enbor, 27 ago. 1991) 2, Reescreva as frases abaino, estabelecendo os paralelistnos: BY Os ministros negaram estar © governo atacando a Assembléia ¢ que ele tem feito tudo para prolongar a votacao do projero. GO presidente sentia-se acuado pelas constantes dentincias de corrupgio em seu governo © 0 crescimento na Constituinte da pressio em favor da fixagio de seu mandato em quatro anos. {© Quando o ditador morreu, seu porta-voz conseguiu transformar-se no coman- dante das Forgas de Defesa e que era o homem forte do pas BD Poucas horas antes de um emissés dle se divertia com os netos the erazer a noticia e que se inteirasse dos 4 ‘eg "hee 3— cenga eins fore aga por ws do times seomecimete TZ Com isso, conseguia-se o objecivo duplo de fortalecer 0 governo amigo e ainda «cima as apasicionissas eram-ineriminados. if INCE Vi un desesperangados. G Nao s6 cod 1 Ocamaval entroniza um 0 0 reinicio da vida com a desentronizagio do rei c quando se 3. Bscreva um segundo segmento para cada frase, levando em consideragio 0 paralelismo sintitico e semantico BY A expansio do narcotréfico no Brasil deve-se& desinformagio dos males causa- dos pelas drogase... BA satide no Brasil necessita nio s6 da atengio de nossos governantes, mas também... @ E preciso que todos se conscientizem de que s6 educando 0 povo € possivel construir uma naga DO técnico da selegio ficou cheio de esperangas 20 convocar jogadotes tarim- bados e... GAs grandes cidades ou param de crescer desenfreadamente ou. BB As criangas que vivem pelas'ruas sofiem com o abandono da familia &.. G Depois do espesiculo, os artistas voltaram a0 palco para der umgupensagem de esperangs .. " 4, Idencifique os paralelistnos nos textos abaixo: Hi duas incerpretagées correntes ¢ quase antagénicas para o grau de racismo ‘existente no Brasil e nenhuma delas é verdadeira, De um lado, afirma-se que prati- ‘camente nio hé racismo-no pais. Essa é a versio do cadinho de ragas, do mundo cordial onde pretos se casam com brancos ¢ mulatos, numa integragdo quase perfi- ta. Haveria, por certo, una brineadeira aqui, uma zombatia ali, um abuso acolé, sas nada perturbador num pais pardacento e, grasas a Deus, livre do vivus do de- sentendimento racial, da mesma forma que ficou fora da zona dos fracdes e dos ay rerremotos. A outra versio, oposta, diz que o racismo esté apenas dissimulado no a nada ficaria a dever aquilo que se vé em palses de violentos conflits racia Vein 7 jul. 1993. BA noticia de que era pai, de que Olga estava viva, de que a mac. as irmas esta- vain bem, encheu de esperancas um Prestes 3s portas da condenecto por ium tribu- le excegao. Ele releu, dezenas de vezes, a carta da mulher ¢ a da mie no cubiculo ‘em que continuava preso. Quando Sobral Pinto d autorizagio para que respondesse & correspond edo. Ole 14. So Paso, Alb Ormgs 1907. p. 283 BO jogo é uma atividade livre, volunc material, praticada dentro de ¢ temporais prépzios, segundo uma ‘ordem ¢ certas regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatérias; le € acompanhado de um sentimento de tensio e de alegria cepar de absorver 0 jogador de maneira intensa ¢ total ¢ de uma consciéncia de ser diferente da vida cotidiana. A esstncia do espitite kidico € ousar, contr tiscos, suportar a tenso ca . desligada de todo « qualquer interesse ialmente, as capacidades espirituais fo jogo, ¢ essa intensificaczo pe jogando. Ele ria ordem e éordem. Invoduz na caafuiip da vi a menor desobediéncia a essa ordem “estraga 0 jogo”, privando-o de seu caréter proprio e de todo e qualquer valor. JANO, AntOnio Januzlli.A aprendizagem do ator. Sao Paulo, Atica, 1986. pp. 54-55. (Série Princpios, n® 64) Em toda sociedade civilizada existem necessatiamente duas classes de pessoas: a que tira sua subsisténcia da forga de seus bragos ea que vive da renda de suas propri- edades ou do produto de fungGes onde o trabalho do expitito prepondera sobre 0 rabalho manual. A primeira € classe operdria: a segunda ¢ aquela que eu chamaria a ‘Os homens da classe operdtia tém desde cedo nevessidade do trabalho de seus 10s. Estas criangas precisam adquirir desde cedo 0 conhecimento e sobretudo habito ¢ a tradigo do trabalho penoso 2 que se destinam. Néo podem, portanto, perder tempo nas esc 5c erudita, 20 contrétio, podem dedicar-se a estudar durante a coisa a aprender para alcangar o que se espera deles no 10 de conhecimento que s6 se pode aprender ce) cs sio fatos que no dependem de qualquer vontade humana; decorrem necessa riamente da propria natureza dos homens da de poder mudé-los. 0, tratase de dados invaridveis dos quats devemos partir Concluamos, entio, que em todo Estado bem administrado e no qual se di a devida atengio A educagio dos cidadios, deve haver dois sistemas completes de srugio que no tém nada em comum entre si TRACY, Destut de. In: HARPER, Babecte etal. Cuidado, escola! Sao Paulo, Braslense, sid. p. 28 ‘iedades ninguém esté em condighes AENFASE Compare as seguintes frases 1. Lanin desemarcou em 3 de abril de 1917 na estacioFinlindia, em Petrogrado,retomando de trem do exo. 2. Retornando de trem do exilio, Lénin. desembarcou em 3 de abril de 1917 na estacao Finlan-, dia, em Petrogrado. “ ejgr20 ago. 1991 hor. Néo porque tenha sido.a preferida por Vgja, mas porque pée em destaque segmentos de frase como retornando de trem db eillio ¢ em Petrogrado. Seu autor preocupou-se em escrever de tal forma que 0 or lesse toda a frase com mesma atengio. Em outras palavras, ele escreveu pre- cocupado com a énfise. A colocagio deste ou daquele termo no principio ou no fim da oragio alvera nossas expectativas. Tiata-se de um recurso de expressividade por meio do qual alguns termos, que em outra posigio passariam despercebidos, ga- nham relevo. A segunda opgio, evidentemente, & Geralmence, alguma citcunstincia (tempo, lugar, meio, fim) € enunciada em pimeiro lugar, antecedendo o nicleo do pensamento. Nas frases acima, esse nicleo waif Haig / ou idéia principal é: Lénin desembarcou em 3 de abrilde 1917 na estagao Finlindia. A segunda forma é mais enfitica que a primeira. A idéia principal ficou entre duas cireunstincias: de tempo — retornando de trem do ex, de lugar — em Petrogrado, A énfase cria certo suspense no leitor. Observe que a importante logo no i ra versio diz 0 mais e, quando isso acontece, nossa tendéncia é nfo dar muita a) adjuntos adverbiais de tempo, lugar, modo, fim ete No préximo dia 27, 0 Brasil vai comemorar o centenétio do grande escrtor alagoano b) alguns tipos de oragdes subordinadhs. Embora tivesse chegado atrasado, rao pediu desculpas. ©) oragies reduzidas de gertindio, participio ou infinitive. ‘Ao chegar en: casa foi logo ralhando com as criangas. “ bhi Reordene os petfodos abaixo-ebservando a enfaieiteiguns termos: O goveeno avancou por um caminho perigoso na semana passada, 20 anunciar \avo plano econdmico. EL Os dois astronaucas decidiram fazer a experitncia por conta prépria para provar sua teoria. 1G Esse fendmeno vem acomtecendo em outras regi6es da Terra desde que as quei- madas na Amazhnia comégaram 2 ser fetas sem nenhum controle. técnico reuniu os jogadores de seu time para anunciar que vai abandonar 0 cargo, antes de iniciar os treinamentos ontem de manh4, ¢2s0 nfo consigam vencer 2 partida do préximo sibado. 7 “ne FO ministro da Justiga foi metralhado dentro de seu carro no centro de Bogor, que comegava a incomodar demais os chefbes da droge, naquee oito de outubro. I Vitias grandes drvores tomaram-se ratos habitantes de viveiros ¢ hortos flores- ‘ais, como 0 jequitibd que chege a mais de 50 metros, ou 0 proprio pau-brasil, no caso da vegetacao, por exemple, “Texto modificado de Veja, 20 now. 1991 Seria de esperar que alguns problemas graves fossem resolvidos urgentemente, como a legito de 4,4 milhoes de criancas que nio feeqientam salas de aula, num pats como 0 Brasil onde os recursos destinados & educacio sao liberades com culdade, 11 © homem desembarcou, convencido de que a hipStese de confronto com a mulher él remativa agora em jogo a respeito da heranga, com o céu carre- gado de maus pressigios, na tltima quinta-feira, 2, Retina os segmentos de frase num s6 periodo, abservando a énfase ea clareza. BY Aos vince anos nos sentimos invulneréveis, imunes As desgracas. Pois desastes ¢ catdstrofes s6 acontecem aos outtes. ‘A morte nfo faz parte de nossas preocupagées. 1 Dezenas de profissionais jé trabalharam um sem-niimero de horas. Quando a noticia chega aré nés. Seja pela televsso,ridio ou jornal Cuidado, voce esté sendo vitima de um bombardeio. Se voc® se sente tocado por um anincio de TV. : Que € pensado milimetricamente por profissionais capaze®* pedago do eéu. As pessoas ficam meio perdidas. B4ligo que sou RP (relagbes-publicas). Como se estivessem diante de um extraterrestre Quando me perguntam o que fago. BE que nos cransporta aos tempos em que os engenhos € 0 comércio faziam do lugar um dos portos mais importantes do Brasil-Colénia. Principalmente quando se usufrui do aconchego de suas pousadas ¢ restaurantes, Parati € romantica. \ ay ‘Adaptado de Ponte Aérea, n. 89, id. p. 21, GF Acompantados pelo reco-reco, pelo carimbé (atabaque grande) ¢ pela viola Levantando os bragos acima das cabecas. Bxecutando variada coreografia ‘Os dangarinos se movimentam pelo salio. Simulando 6 cudo de castanhola com 0s dedos. ; ‘Adaptado de Cusine, MEE, 3, 1971. p69 GA imagem introdus um novo elemento de persuasio, Conseguindo atingir pessoas de qualquer nivel. Quando bem erabathada ‘Num outdoor. 3. As fiases dos textos abaixo sofreram modificagio em sua esteutura, Reordene-as, observando a énfase: : Nao aponte o dedo para cima quando, sem nenhuma nuvem maculando o negror cintlante, 0 céu estiver cheio de estrelas. Pode ser que aparega uma an verruga em seu natiz no dia seguinte. Isso se © que dizem for verdade no Brasil, & claro, Esta é uma das mais antigas ¢ superstigdes recolhidas pelos estudiosos do fold 1 Os mestres de jornal que mais viva impressio deixaram no meu espirito, avivan- do impresses que ali fui guardando, quando busco na meméria; dow por mina provincia natal, 20 ver pasar no Largo do Carmo exes dis ules, em Seo Luis, que 0 tempo jé desfer: Antonio Lopes da Cunha e Nascimento Morais. MONTELLO, Josué. Revise de Conuniceso, G Una dicta que protege 0 coracio e afasca 8) TH ica a Capitulo MELHORANDO O TEXTO ‘Agora que voce conheve os passos para esctever um texto com ceria seguranga, apzesentanos, a sepuit,algumas recomendasSes que ajudardo a melhorar sua reda- 4 palavra, Quanto mais voct cxcrita, Como afirmamos logo quem quer escr que vocé tenha seg AFRASE 1. Extensio Escreva sempre frases curtas, que nfo ultrapassem duas ou trés inhas, mas tam- bém nao caia no oposto, escrevendo frases curtas demais, Seu texto pode ficar can- sativo. ‘Uma frase de boa extensio:evita que voct se perca, Seja objetivo. Quanto mais vocé se alonga, mais 2 frase ramifica-se em muitas outras sem. es alex algum. Exemplo: A cise de abastecimento de Alcool ndo € apenas resultado da incompeténcia e imesponsabilidade das agéncias governamentais que deveriam tratar do assunto, pois ela tam- ‘bém foi causada por um outro vicio de origem que foi no primeiro caso os organisms do _governo encarregados de geri os destinas do Prosicool que foram pouco a poucosendo apro- priados pelos setores que eles deveriam controlar, se transformando em instrumentos de poder ‘esses mesmos stores que através dels passaram ase apropriar de rendas que no Thesper- tenciam, ‘Quando chegamos ao final da frase, nfo lemabramos 0 que estava no seu inicio. O que fazer? Ances de tudo, ver quantas idéias existem af e separd-las, x ‘Uma posstvel redacio para esse texto seria: A crise no abastecimento do alcool nao resulta apenas da incompeténcia ¢ da irresponsabilidade do govern. Ela é também causada por certos vicios que rondam o poder. 0s Grgios responséveis pelo destino do Prodicool se eximem de controléto com rigor, Disso resulta uma situaco estranha: os 6rgios do governo passam a ser dominados justamente pelos setores que deveriam ci ‘Transiormam-se assim em instrumentos de poder deusineiros ‘que e apropriam do E 2, Fragmentacao ‘Um erro muito comum em redages escolares é a frase fragmentada. Nunca interrompa seu pensamento antes de pronomes relaivos, gertindios, conjungSes subordinativas. Errado: 0 carro ficaraestacionado no shopping. Onde tinhamos ido fazer comy © Detran tem aumenta le tem utado para mantero status. Uma vez que perdeu quase toda 2 fortuna, Cento: (© carro fcaraestacionado no shopping onde tinhamos ido fazer comp (© Detran tem aumentado sua receta, multando cartos sem nenbum cr Ele tem lutado para mantero satus, uma vez que perdeu quase toa a fortuna. receita, Multando carros sem nenhum critério. 3. Sonoridade E preciso cuidar también da sonoridade da frase. Ecos, aliteragSes, assondincias devem ser evitados. Leia: Nao se realizard mais amanhai a camminhada divulgada nos jorais, Melhor dize 'Nio se realizaré mais amanki a caminhada que os jornais divulgaram onter, 4, Pronome relativo e conjungao integrante que \ Néo transforme sem necessidade 6 pronome relativo que em o qual, a qual, 08 quais, as quais. S6 o faca quando houver ambigiidade, como neste excimplo: & Encontramosafiha do fazendeiro que pedeu todo o dinheito na Bolsa, Nesse caso, 0 gue pode se referir tanto & filha quanto ao fazendciro. Se este foi o perdedor, desdobre 0 que em o gual; se foia filha, use 2 qual, dando, assim, maior clareza 3 frase. io abuse do que (pronome relativoe toma o estilo pesado, H4 muitos recursos: de boa extensdo (duas ou trés linhas), ep% pre uma forma de se chegar & frase enxuta. Disseram-me que o professor que foi contratado para dar aulas de inglés morou muitos anas em Londres, ‘Melb Londres. : 5. A conjungao pois 6.Onde ‘Atefig#6 para o emprego de onde, Sé deve ser usado quando se referir a lugar. O pais onde nasci fica muito distante, ‘Nos demais casos, use em que. ‘S40 muito convincentes os argumentos em que voce se hasela,_i Nao use onde para se refer a datas. : Isto aconteceu nes anos 70, onde houve uma verdadeirarevolucao de costumes, Melhor dizer 4 Isto aconteceu nos 2n0s 70, quando houve uma verdadeia revolucdo de costumes. 7. Poluigao grafica [Nao excreva um texto “manchado”, cheio de travess6es, aspas, exclamagées in- rerrogagées. O que dizer de uma seqiiéacia como esta: Serd que Deus & mesmo brasileiro? Entdo viva o Brasil! Mas pelo visto. 8. Ponderacéo No general pessoa escreve it do tipo Tado politico é um corrupto s6 fazer dizer que a leidamente. O VOCABULARIO Escreva com simplicidade. Nao empregue palavras co te bonitas. Escrever bem nao é tipo de texto que pretendemos te gem padrio, aquela que a non ma de grande interesse para lei dos erros gramaticsis, om boa linguagem. Observe .das ou supostamen- {azia na Camara os prolegimenos dos novos indices, os trabalhadores faziam do lado de fora o maior aué, achando que o governo nio estava com nada. 0 ter muito cuidado com as palavras. Nem sempre clas se substituem legdmenes por exposcto fo torna 0 am um texto, mas também a gia!” (ndo estava com nada). aa © texto poderia ser escrivo da seguinte forma: 0s grevstasrejeitaram o aumento proposto pelo governo. Enquanto o lider da situacio fazia na Camara a exposicio dos novos indices, os trabalhadoresfaziam do lado de fora uma grande manifestagSo. 1. Adjetivos certos na medida certa © emprego indiscriminado de adjetivos pode prejudicar as melhores idéias. Para que dizer um vendaval catastrifico destruiu Ira quando vendaval ji tcaz implicita a idéia de catéstrofe? ge 4 Ouro mau uso do adjetivo ocorre quando empregado intempestivamente, como ‘se 0 autor quisesse “embelezar” 0 texto. O que cle consegue, no minimo, é confun- ico leivor. Veja: Diante do assoberbado de interrogates. Entendeu? Nem nds O adjetivo pode ser empregado, sim, mas quando traz uma informagio nevessé- ria 20 fato,& noticia: (Ocestresse,afadiga crénica acompanhada de maios geladas nsbnia. orreria da vida urbana, talvez 6 perca para o colesterol ipado pelo surgimento de doencas Veja, 4 set. 1991. Os adjetivos ai empregados nao sio supérfluos. Se forem retirados, vo fazer 4 mies, por ser umm sintoma da fadiga cr6nicas 10 urbana paca evitara generalizagao. A reportage Bite usar adjetivos queri'se desgastaram com 0 uso como: calor exaldante saudosa memétia grata surprese Frio siberiano inguitante silencio (auto banquete sikimo adeus providéncias cabtveis vibrante torcida ag 2. Lugares-comuns e modismos Evite palavras, frases, express6es ou construgbes vulgares. A renovagéo da lin- guagem deve ser uma preocupasio constante de quem escreve, Nao hé boa iia que sobi to cheio de lugares-comuns. Abandone: po: agradat a gregos e croianos artebentar a boca do balio botar pra quebrae chover no molhado deitar ¢ solar dar com os bustos n'dgua ser a tibua de salvagio soko segutar com unhas e dences dizer cobras e lagartos ter um lugar ao sol ‘star em petigio de miséria estar com a bola toda ‘estar na crista da onda ficar literaimente arrasado b) modismos, invengdes, como: anivel de agudizar apoiamento alavancar curtie chocante exitoso galera imperdivel smagnificar Brite chav6es para concluir um texto, tais como “diante do exposto", ‘© mencionado acima’, “pelo que foi dito acim”, “apés as consideragées acima”. Lute sempre por uma linguagem pr6pria, distante do Iugat-comum. 3. A palavra mais simples 7 Entre duas palavras, cscolha a sondar? Obstancia em vex de empecilbo Siga sempre o conselho do grande escrtor francés Paul Vary: “Entre duas pala- ‘vras, escolha sempre a mais simples; entre duas palavras simples, escolhaa mais cura’, Evite também duzs ou mais palavras quando uma é capaz de substitut-les. Use: imples. Por que dizer auscultar em vez de 6 governador em vee de 0 chef do executivo o presidente em ver de o chefe da nario para ex. vex de com o objetivo de em 1995 em vex de no ano de 1995 lex > 4. Palavras abstratas As palavras abstratas podem ser empregadas, na maioria das ees, no singular, sem acnhum prejuize para a fase. Antes de usé-las no plural, experimenteo sing. lar e veja se 0 sentido da frase ficou mais preciso: : © projeto do governo tem gerado muita polémica, E ndo “imuitas polémicas”) ‘Apena de morte no vai acabar com crime, (Endo “com os crimes”) Faca.o mesmo quando o substantiva abs for o segundo elemento de uma locugaoligada por “de” e for empregado | ido genérico. (Os niveis de emprego cairam muito nos ciltimos anos. Nossa capacidade de investinentoestéesgotada, 5. Repeticbes desnecessarias ‘Nao repita palavras sem nenhuma razo ‘ (© servidor que ganha um sakirio miaimo pode fcar certo de que vai receber, no final do més, 0 salério minimo sem nenhumn reajuste, Melhor dizer: / (Oservidor que ganha um salério minimo pode ficar certo de que vai recebé-to, no final do ‘més, sem nenhum reajuste, 4 ee 6. Pleonasmos Alguns pleonasmos passam despercebidos quando escrevemes. Veja os mais co- ‘muns € troque-os pela forma exata: i = acadadia = acabamentos cencarar de frente = encarar destemidamente hd doze anos atrés = hd doze anos juntarnente com = com ‘monopslio exclusivo = monopélio 7. Aspas Nao use aspas indiseriminadamente. Elas devem aparecer nos segitintes casos: citagées, arcafsmos, neologismos, giras, estrangeirismos, expresses populares, ou para indicar que determinada palavra esté sendo usada com sentido diferente do habitual, Para esconder os lucros exorbitantes que tiham com os negécios, as correoras usavam ‘enderecos, contas ¢ registro de empresas “laranjas”. Folha de $.Paulo, 12 mar. 1997. A palavra lara As aspas também fica, no caso, “de fachada’, zm para indica ironia: (0s “revolucionétios” nao dispensam um wisque importadoe carro do timo tipo. ‘A noticia foi veiculada pelos principais jomais do pafs como O Globo, Jornal do Brasil etc. O leitor bem informado sabe que outros jornais ficaram subentendidos, como [Maitas vezes os pais no saber como falar aos filhos problemas relacionados ao sexo, morte et ‘Quais seriam os outros problems? Fica dificil saber. Anda duas observagoes sobre 0 ete: rnunea escreva “e ete.”, pois a conjungao mesmo que dizer “eas demas coisas"; faz parte da abreviatura. Seria o é indiference o uso da virgula antes. 0 tg A PARTICULARIDADES LEXICAS E GRAMATICAIS 1, Dentre Significa “do meio de”. Sempre se emprega com verbos como sar, tra, ressur- gic. Nos demais casos use entre. Dentre as mogas da sal, ele trou a mais hela para dancar. Entre os filmes em cartaz, o melhor é 0 do Palace. 2. Desde ‘Nunca escreva “desde de”. io o vejo desde 1980. (H no “desde de 1980") 3. Todo © pronome todo, quando acompanhado de artigo, particulatiaa 0 objetos sem 0 artigo, gencraliza-o. Compare estas duas frases Todo 0 fivto & pereito. (significa que olive Escreva sempre tedes os que nio todos que. Todos os que fizeram a provapassram, “adido &. Leia este exemplo: Hl & nosso representante unto a FFA, esta se ndo est corseta: ‘Voci tem de se explicar junio ao banco. O certo ¢ abandonar a palavra “junto” e usar a preposigio exigida pelo verbo: ‘Vocé tem de se explicar ao banco. 5, A medida que/na medida em que No confunda “& medida que” com “na medida em que”. A primeira locugio dé idéia de proporgéo ¢ a segunda de causa. Vocé vai melhorar @ medida que ( proporglo que} for tomando esse remédio, & PU ‘Vamos seguir o regulamento a medida em que (uma vez que) ele fol aprovado, Observagio: Nao existe a forma “& medida em que”. 6. Possuir/ter Muito cuidado quando empregaro vetbo posnir. Embora os di dizer que alguém tem a posse de, é proprictdro de alguma coi: Fle possi uma bela casa de campo. Nao é errado dizer que “ele tem uma bela casa de campo". Mas hé casos em que s6 0 verbo ter &accitdvel ‘Apraia tem agora quadras de esprte, bares limpos, boa ilminagio, Nés temos direitos adquiridos. Ela fem cabelos castanhos e olhos azuis. 7. Sendo/se nao ‘senio — significa “no caso contrério”, “de outro modo”, “a nfo ser", “mas sim". ‘Tome conta de seu cachorro, sendo (no caso contréti ‘se ndo — significa “quando nao" ou “caso no”. Ele foi muito rispldoytindo (quando no) mal-educado. 8, Por que/porque = porque a) nas perguntas. Por que vocé nio veio festa? b) quando se subentende a palavra “motivo”: He no me disse por que (motivo) faltou & aula, EES tees eet a iis «quando puder se subsiutdo por ‘pelo qual, “pela qual”, “pelos quai’, *pe- as quais”. Nao vou le dizer as razies por que deixel de vir aula, ) no final de frase recebe acento circunflexo. ‘Voce nio veio& festa por quét ‘Muitos estavam na passeata sem saber por qué. Porque 2) quando equivalea “pois’, “uma vex que”, “pelo fara”. Ni im aula porque estava doente. ) com acento quando ¢ substantivo. Nao sei o porque de sua auséncia, 9. Sequer/se quer ‘sequer — significa “pelo menos’, “xo menos”. Nao disse sequer uma palavra para agradecer. ‘se quer — 0 “se” € conjungio condicional mais 0 verbo “quecer” ‘Se quer viajar, viaje. 10-Mlawfmial mau — contrdrio de “bom”. Be estava de mau humor, smal — contrrio de “bem”. He é muito mathumorado. to/esse, isso/aquele — use para fazer referencia a alguma coisa que vai set ou acaba de ser (0 projeto do governo & est: acabar pouco a pouco com o vestibula. Acabar com a corrupgioe ciar mais emprego.Ito€ que todo canddatodizantes de ser eto, esse, iss0 — refere-se a algo jd mencionado. mm esse problema da educagio” logo, seu emprego esté incorreto, Setia melhor cupado com a educacio”. ‘este, esta — para tempo 1c em relagio a pessoa que fala. ‘Tenho pensado muito em vocé nestesitimos dias. esse, essa — para vempo pasado ou futuro no muito distantes de quem fala, ‘Voce vai ver que esse dia ha de chegar, Nessas horas ninguém aparece para dar uma ajuda. # esse (e suas variantes) — em referéncia a uma data recém-enunciada_ le mudouse para o Rio de Janeiro em 1940. Nesse ano, irianascer seu quintofilho, » aquele, aquela= ipo indefinido, distante, em relagéo a quem fala. Naquela época nem se flava em televisGo, 12, Ao invés de/em vez de ‘a0 invés de — significa “20 contritio de”. ‘Ao invés de chorar, ele sorta, @ emer de — significa “em lugar de” ‘Em vez de estidar, preferiu ver televisio. 2 Utes ee TTUT 0101 ag “im vez de” pode ser usado também no primeiro caso: "Em ver de chorar, ele “Ao invés de” s6 éusado quando marca uma oposicio. No segundo exemaplo set cemprego nao estaria correto, pois “estudar” nfo é o contritio de “ver televisio”. 13, Face affrente a Nunca use. Substitua por “ zante’, “em frente de fem face de”, “ante”, “em vista de”, “pe- ‘Inauguraram wma padaia em frente de nossa casa. 14, Acerca de/a cerca de/ha cerca de acerca de = sobre 'Nao disse nada acerca do plano econdmico que elaborou. a cerca de = aproximadamente Mina casa fea a cerca de cem metros da praia. hd cerca de = faz aproximadamente 1H cerca de dez anos que eles estudam esse assunto, 15. Hila Nio troque “a” por “ha” e vice-versa. Biara exprimir distancia ou tempo futuro. Minha escola fica a duzentos metros de casa. Use “ha” para tempo passado. Para saber se seu emprego esté correto, substitua o verbo haver por fazer: 1H (faz) vito anos que ni o vejo. ‘Veja a diferenca entre a tempo ¢ hé tempo. Chegou a tempo de fazer as malas. He esté na Austria hd (faz) tempo. & 16, Haja vista Prefira sempre essa forma, Haja vista 0s casos de dengue dos iltimos meses... Hija vista 0 seu interesse pelo caso. OLEITOR Para finalizar: esceva sempre seu texto pensando no leitor a que se destina. A linguagem deve ser adequeda ao fim a que voe8 se propée. Pensat no destinacério $ sum dos pré-requisitos para se alcancar uma boa comunicagio. Uma redagio escolar tem como alvo 0 professor ou a banca examinadora do vestibular, logo deve ser esctita em linguagem culea, sem gisis, sem lugares-comuns, sem coloquialisinos, de preferéncia na 3* pessoa, ou 1? do plural. Mas hoje & bastante comum encontrar textos argumentativos na I pessoa do singular. Porém é preciso no dizer a cada passo “eu acho”, “eu penso”, “do meu ponto de vi idado para As incer- nal destinado a jovens pode apresentar uma lin- guagem mais descontrafda, A adaptacio do texto ao destinatério € um dos pré- requisitos para se alcangar 2 boa comunicagio. Mos & obra e... sucesso! 1. Complete as frases com uma das palavras entre parénteses: IN... 0s paises de pior discribuigdo de renda esté o Brasil. (entre/dentre) GF... o tempo passava, cle ia fcanco mais otimista ( medida que/na medida em que) TH 0 uso de novas tecnologias em educacio ... sempre seus prds ¢ contras. (tem/ gi possui) Ble saiu ... horas. (hi/a) & GH... tanta dentincia, ele preferiu se calar. (diante de/face a) G Corra que voot chegard .. tempo. (hi/a) G de ficarfathedndo revistas,vé estuar. (em vez delao invés de) WH Vocé nao se sain... durante o debate. (mal/au) HEE uma pessoa lena, .. preguigosa. (senéo/se nao) Fale ato... ninguém vai ouvir nada. (senfio/se néo) 2. Empreguc todo ou todo o (¢ suas variantes): jorado compareceu as urnas. EB... povo elege seus governantes peasando no futuro. @ .... que estavam no local tiveram de prestar depoimento. BF O pobre homem sai... dia bem cedo na esperanca de conseguie um emprego. TB Nio conheso ... Nordeste, apenas Pernambuco ¢ Sergipe. I. O professor ficou satisfeito com ... curma. Isto acontece em... pals preocupado com a infincia, lar deveria ter redacio. @ Ficou ... manhi de ontem esperando o correo. Bi Eke empregou .. enerpia que tinha para conseguir 0 emprego, 3.Complete com porque, porqué, por que ou por qué: BY Nio se... voc! tem tanto medo de avido. BF Ele est asim... pai vig, 19 Nio fer o trabalho .. passou a noite intera jogando. L DI A causa... lutamos € muito elevade, GB Todo crime tem seu ... Bil Isso déi e nao sei... TG Bis... nko fui 4 sua festa DD Isto acontece ... somos muito acomodados. I Nao me interessa o .. de sua auséncia. HE Néo vou dizer as r2z6es... deixamos de-visjar com eles. 4, Empregue acerca de, a cerca de ou hi cerca de: IY A rorcida ficou ... em metros dos jogadores. Quando nos encontramos, nada felamos .. da separagio. Eles partiram ... meia hora, 1 Aquele menino estudou tudo ... dinossauros. {8 Falou abertamente sobre sua vida... duzentas pessoas. i Vocé nunca fala .. sua infaincia. {8 Quando o encontri, estivamos ... uzentos metros da fronteira. Bis donativos foraitV dtfibitds ... quinhentas pessoas. Hl Nio se falavam ... de cinco anos. HE Nada foi dito .. de sua inespereda sald, 5. Reescreva as frases abaixo substituindo os lugares-comuns por uma linguagem mais clevadas BY 0 mal de cervos politicos ¢ querer agradar a gregos e troianos. & i I O brasileiro aprendeu a viver. numa verdadeira corda bamba. GE muiw difteil jogar sob sol to escaldante, BD Bla achava que aquele emprego. :yllbua desalvacéo de sua vida. Durante 0 depoimento houve um momento onde o séu dea com os burros gua, A vida do funcionério piblico ese em petigio de miséria, G Temos &s vezes a impressio de que estamos numa nau sem rumo. BH 0 deputado demonstrou todo 0 seu poder de fogo. BE Durante a reunizo o diretor ea professora trocaram furpas 0 tempo todo. i Depois de todo 0 trabalho feito, voleemos & estaca zero. 6, Substitua os termos em negrito por outros mais apropriados & bos linguagem. EY A educagto € uma coisa com que todo governo devia se preocupar. 0s projetos para retirar as ctiangas da rua no passam de conversa fiada. 19 A Justice ndo devia ser tao frouxa com quem rouba o dinheito pitblico 1 Seo governo nio jogar duro contra o erime organizado, a violéncia seré cada ver maior nas grandes cidades. gia cstd cada vez mais agindo sobre a vida do homem. 5 iiita com computadores para as escolas, mas no & por af que se vai melhorar a educagio. _ Virios servigos que tinham grande imporcincia no passado hoje entraram em desuso. Por causa dos baixos salirios, os professore esto ficando gradativamente mais escassos. i Fics dificil acreditar no futuro de um pais que tem tanto ladréo ocupando cargos importantes. HE A escola piblica ensaia os primeiros passos para mclhotar sua qualidade. @ PRODUZINDO TEXTOS CChegou o momento de voct aplicar tudo o que estudou até agora. Produzic um texto exige, em primeiro lugar, conhecimento do assunto e, em segundo, o dominio 3s. Esses recutsos, sozinhos, nao resolve o problema da escrita, apenas Ihe fornecem o instrumental necessério para uma melhor estrucuragio das idéias, Ler muito serd sempre a melhor solucéo. Para pot em pritica os conhecimentos adquirides ao longo dessas nove escolhemos doze temas. Desenvolva-os em cerca de cinco patdgrafos. Isto nio sig fica um limite, mas o que consideramos como extensio minima para se fazer uma boa argumentacio. ‘A cada ema corespondem dois textos da seggo Temas textos (inicio na pigina 122) Leia-os procurando informagbes necessérias para sustentar seu ponto de vista. Voce poders utilizar dados neles presentes e mesmo fazer citagBes que julgue impor desde que indique a fonce. Para escrever, necessitamos de informagées. Reforg assim nossa diretrit: lea tudo 0 que for possivel. ‘Antes de comerar a desenvolver 0 tema, faga sempre o seguinte: a) formule um pressuposto ¢ veja se ele permite uma boa argumentagio. Fasa a pergunta por qué? ou camo’, b) liste seus arg 6) retire dos te trabalho, Quando terminar de escrever o texto, dé-the um titulo. Faca depois uma revisio rigorosa. 'No plano das idéias, veja se: a) logo no primeiro pardgrafo ficou claro o que voot quis discutirs ») seus argumentos respondem ao pressuposto i seus argumentos vo numa mesma di d) 0 tltimo pardgrafo tem estreita rel ext ay informagbes, dados, exemplos, que possam ilustrar seu iro, fechando assim 0 No plano da forma, observe se: ; a) hd coesio entre as frases ¢ entre os pardgrafos; | as fiases estio ber ajustadas do pomto de vista da énfasee dos paralelismos; €) as frases tém boa extensfo (um ponto a cada duas ou trés linkas) 4) ito hd lugares-comuns, assonéncis, palavras repetidas gratuitamente. TEMAS PARA REDACAO. (Cada tema est relacionado com os texts da secio Temas e textos, que comes nna pagina seguince. Leia-os antes de escrever sua redacio, ‘ema 1 — Rua ¢ escola: caminhos de vida. (UCSal-BA) ‘Tema 2. — Um sinal fechado, wma esmola, uma crianga explorada. (UFPE) ‘Tema 3. — Censura rima ou nio cora os meios de comunicasio? ‘Tema 4 — Pais sem educagio, pafs & detiva. ‘Tema 5 — Preservar a cultura é preservar aidentidade de um pals ‘Tema 6 —O Brasil ea globalizacdo: um ganhador ou um perdedor? ‘Tema 7 ~O trabalho do menor no Brasil deve sec tolerado? ‘Tema 8 ~ Sociedade sociedade doence iminagio néo investe contra grupos raciais, mas ‘contra segmentos socials economicamente fraco ‘Tema 10 ~ Néo hi sociedade forte sem princ{pios éticos sb] ‘Tema 11 — Os niveis de violéncia das grandes cidades brasile instituigio da pena de morte? ‘Tema 12 ~ Brasileiro: cidado de terceia classe, justificam a ar w” Temas e textos Ao ler cada texto, procure estabelecer: 1.0 pressuposto do qual parte 0 autor, 2. 06 argamentos que sustentam 0 texto; 3. a conclusao a que o autor chega. TEMA 1. 0 MENOR ABANDONADO- A. Ainfancia escamoteada B. A construgao do futuro Texto A A inflincia escamoteada essdo de que alguns problemas, como o dos menores de rua, so crénicos cam que, ignorando a crianga pedinte, estarzo r porém, deci. dindo-se pela doagapiencamtram ali uma oportunidade para mitigar as dores de ‘consciéncia que, em maior ou menor grau, atingem a todos. -onsciéncia individual pretende daro assunto por encerta- ‘© motorista foi didético em sua itedutibilidade e néo tem mais te acredita ter se reconeiliado com 2 miséria im pouco. , © problema da marginalidade infan- jal a respeito de sua magnicude do individusis. Folha de S,Paslo, 7 ago, 1995. ti requer mais a formagao de um: {que o mero aplacamento das consciénci ae Texto B A construsio do futuro Em um debate, em Brasilia, foi perguntado aos lideres de meninos de rua se eles acreditavam que um dia o Brasil néo teria mais uma tinica crianga abandonada, € como isto poderia ser conseguido. Na hora, alguém respondeu: “Basta dar emprego a nossos pais Uma solugzo tao simples e perfeita que provacou o siléncio e a pergunta de todos: por que isso no seria feito? Primeiro, porque a propriedade da terra veria de ser subordinada aos interesses dda maioria de trabalhadores ruras, que ficeria. no campo, que alimentaria suas fami- lias, que evitaria abandonar seus filhos nas ruas das cidades. Isso nao foi feito. Os propriettios de terra, os governos do pais preferiram que a terra servisse para a especulacio, para a produgio voltada& exporeacio. Criaram um sistema de incenti- vos, subsidios, manipulaces, mortes, ¢, ao longo de décadas, expulsaram os mithées de pais das criangas abandonadas nas cidade. Segundo, porque as opgbes de investimentos deveriam produzir os bens que atenderiam 2s necessidades da maioria, subordinando as técnicas @ o aumento da produtividade’ao emprego dos trabalhadores. Mas os empresérios e os governos prefericam outro caminko. Em vez dos produtos de que a maioria necessitava, subs- tieuiram as importagdes por produtos que ricos imporcavam; substituiram a mao- de-obra por méquinas desenhadas para pafses com outras caractris Terceito, porque em vez de investimentos na drea social, que abolissem 2s docn- gas endémicas, que educassem todos os habitantes, os governos opearam pela im- plantagéo da infra-estruture econémica, das rodovias que viabilizam a indsttia de hs hidrelécricas que viablizam ind\strias de aluminio. iafigas nao foram abandonadas, 0 abandono foi construido. A reversio dessa situacio no ocorreré através de investimentos, mas de uma nova ética, ¢ da redefinigéo dos propésitos nacionais. Néo se trata de investir para que as inddstrias que demitiram agora eriem emprego. Se na década de 70 o Brasil cresceu e o abandono de criangas aumentou, o fim da tragédia nao serd a conseqlién- i 9. Mas de um novo tipo de crescimento, onde a economia seja sociais, entre os quas, o fim da tragédia social, do abando- no de criangas, da miséria. 36. subordinagao da economia a uma ética social dard racionalidade & priorida- de aos investimentos sociais sobre os industrais, & producio voleada para 0 consu- ‘mo das massas nacionais sobre a exportagio para mercados inteenacionais. woe? 1m 3] milhGes de criangas, destas, apenas urés milhies terminario 0 uma forma de abandono disfargado, mesmo daquelas que niio dormem na rua. Um programa educacional para todas est pela ligica do crescimento econdmico, tn que seja subordinado e compati Criscovam Buarque, Humanidades, n. 1; 1992, pp. 10-12. im usando um cresc TEMA 2. ESMOLA ‘A. A favor da esmola B. Contra a esmola Texto A A fizwor da esmola Nunca consigo deixar de dar esmola, Quando vejo uma pessoa na miséria abso- Juta, mero a mao no bolse e dou uma ajuda, Naquele momento em que rcebe ura esmola, a pessoa excluida de um processo soci Em tese, pode ser correta esta idéia de que “dar esmola no é bom nem para quem . Trata-se, mesmo, de um processo global: hoje, é necessério que 0 operitio ssn caper de comprender o que Et, ai, pots consi para 0 aperigon mento do processo e do produto. do existe apenas na producto. Do outro lado da linha, 0 produgao, cada dia mas sisi rado para o consumo da do ponto de vista cond todas esses conceitos de qualidade, produ rnologia e modernidade. tinico fio capar. de costurar esse cfrculo € o da educacio. Tanto 0 operdtio ualificado para a nova tarefa industrial quanto o especialsta de nivel superior capaz de inovar e desenvolver tecnologia, quanto © cidadio/consumidor habilitado ince- lectual e economicamente 20 consumo s6 surgirio no Brasil (ou.em qualquer outro pals nas mesmas condigées) apds um longo petiodo de macigos ¢ permanentes i- vestimentos em educacio, luo mais educado, mais prepa- vista de sua assimilagao, quer 08 ses F Primeiramente, na educacio bésice, pois s6 cla serd capaz de tornar cidadios — consumidores, por extensio —a maioria da populagio analfabeca ada, situagio que ainda persiste entre nés. Concomitantement porte de recursos em volume suficiente ¢ de forma regular e continua para a pes- ica forma de desenvolver tecnologia. Como no Brasil tem sido a universi- ica a instituigso responsével pelo desenvolvimento da quase totalidade da nada mais natural que esse investimento se dirija para ela, que jd dispde de estrutura razodvel para responder a desafios dessa ordem. Siruagdo que no pode persistc, sc queremos realmente atingit a modemidade com “qualidade” e “produtividade”, écontinuarmos a conviver com sistemas pibli- 0 dos Cientistse Engenheitosjaponeses Kaoru Ishikawa, “a qualidade comega com a educacéo e termina com a educacao’ ‘Vanessa Guimaraes Pinto, Superinteresante, dea. 1991. p. 8. TEMA 5, CULTURA A. Dia da Cultura B. Diferencas de cultura Texto A o Dia da Culeurag: a No dia 5 de novembro comemoramos 0 Dia da Cultura. E apesar da data, ainda muito comum que se faga uma certa confusto acerca do que é cultura. Isso acon- tece porque nos acostumamos a considerar como cultura o conjunto de costumes ¢ valores de nossa sociedade, ¢ nos esquecemos de que outros povos tém hébitos ¢ crengas diferentes dos nossos. Certamente vocé ji ouviu a expresso “fulano é muito culto, ele vem muita c cura’, para designar uma pessoa bem informada, que Ié mi devemos considerar que ela Vejamos por exemplo um fndio que vive tranquilamente em sua aldeia. Fle nao 130 oats ESPs eee Bes fala outra lingua, nlo conhece a nossa literatura, no vai go teatro ou a0 cinema. ‘Mas nem por isso ele tem mais ou menos cultura do que nds, porque os valores ¢ ‘costumes da sua cultura slo diferentes. Coloque-se entio no lugar de um indio. Voc nfo acharia estranho 0 fato de nfo sabermos usar uma zarabatana, pescar de arpii ou cagar de arco ¢ fecha? Fazem parte da cultura de um povo a forma como cultiva a terra, seus habitos i pas que veste, suas formas de ‘Cada povo, de acordo com sua origem, hist izagdo geogrifica, enfim, de acordo com as suas necessidades, desenvolve o seu conjunto de costumes e valo- res, Portanto, existem varias Culturas em rodo 0 mundo, sem que se possa dizer que: uma é melhor ou pior que a outra. E certo, por exemplo, que todos os homens precisam comer, dormir ¢ morat. Mas 0 qué e como comer, onde dormir ¢ como ‘moras, sfo costumes que veriam muito. [Nés nos arrepiamos quando ouvimos falar que 0s drabes comem olhos de camei- ro, que os afticanos comem larvas, que os filipinos comem cachorros ou que 0s chine- ses comem cétebros de macacos. Mas se oferecermas a um indiano um prato de bife ‘om fritas, ele ficasia hororizado porque na India a vaca ¢ considerada animal sagrado. Desde cedo aprendemos a culeura de nosso povo, ou seja, pensamos, agimos ¢ sentimos como nosso povo. E isso é sempre tio bem feito que passamos a achar rural” o que € cultural. Comer com garfo, dormir em cama, morar em casas nos parecem coisas Sbvias, mas nfo sio, pois nem todos os povos fazem isso. Os chineses ‘6s {ndios dormem emi redes, os ciganos moram em tends. Mas nés 66 percebemos 0 quanto a cultura que aprendemos determina 0 nosso mode de pensar eagir quando conhecemos outras cultura. Por isso 0 contato ence jd que a troca de tragos culturais ensique- ce € aproxima os povos, evitando o preconceito. Por outro lado, deve-se ter muito cuidado nesses intereimbios, para impedir que uma cultura vena a destruis, por imposigfo, 2 outra. Andréa Sampaio, O Globo, 27 out. 1991 Texto B Diferengas de cultura Quando a crianga chega & escola, la jé traz.consigo experiéncias atitudes, valo- res, hdbitos de linguagem, que constituem ¢ refletem a cultura de sua familia e de at was i seu meio social, O desenvolvimento de sua inteligéncia, de sua personalidade, de sua afetividade, foi construido pela assimilacio destas atitudes e destes valores. Ora, a “cultura” da escola é a cultura do melo ambiente onde vivem as classes privilegiadas. As criancas dessas classes mais favorecidas estio habituadas desde a mais tenra inféncia & linguagem que a escola exige. Os textos escttos, livtos ¢ jor- nais, fazem parte de seu universo familiar e so petcebidos como fonte de prazer e de informacéo. Essas criangas sentem-se, assim, naturalmente & vontade na escola: mesma lin- guagem, mesma presence sentimento de quea escola € u ro, mesma cultura, Blas terfo menos que outros 0 ido arbitrariamente da realidade. Por isso, também, suportardo melhor as obrigagées escolares, enttarao mais no jogo da expressio verbal ¢ do raciocinio abstrato. wente Ao inverso, as ctiangas dos meios populates sentem grande estranheza diante da linguagem, normas e valores da escola, que sio totalmente diferentes dagueles a que ‘stio habituadas, Blas se sontirio ainda mais inferiorizadas pelo fato de nfo pode- rem trazer pata a escola sua mancira de falar esua experiéncia na familia eno bairro menos favorecido. Elas se sentirto perdides diante da falta de ser imediata dos exercicios escolares, confusas pelo lado artificial das situagdes vividas na cala de aula, Este mal-estar experimentado pelas criangas dos meios menos favorecidos pode desembocar numa atitude de recusa da escola, que se traduz em erros constantes, ‘num mutismo dentro da sala de aula, em suma, na instalagio progressiva do aluno numa situagéo de fracasso. HARPER, Babette lil. Cuidado, escola Sto Paulo, Brasiliense, s/d. p. 75. TEMA 6. GLOBALIZAGAO ‘A. Annova (des)ordem B, Por uma globalizacao mais humana Texto A A nova (des)ordem Em tempos de globalizagio de mercados, os pafses desenvolvidos passam por tum processo perverso: 0 crescimento de uma riqueza é acompanhado por uma di- “0 maior desafio do Brasil de hope é, portanto, educar sua gente. Destruido como: | i minuigfo no nfvel de emprego. Atibui-se o encolhimento do mercado de trabalho a escalada dos padres de qualidade e produtividade das empresas. A tevolugio tecnolégica é um processo sem volta. A cada inovacto, levas de trabalhadores vio sendo privadas do relacionamento ditrio como relégio de ponto, lo feito por Carlos Alberto dos Santos Vieira ¢ Edgar Luiz Gutierrez Alves, , registra algo de que jf se suspeitava: a modernizacio do modelo produtivo, fendmeno recente entre nds, assusta também o trabalhador braileito. A exemplo do que ocorre no chamado Primeito Mundo, a mai avango recnolégico e gerencial éa mio-de-obra menos qualificada. O novo merca- do tende a desprecar o funcionario formado & moda antiga, adestrado para executar carefas espectfcas. : Na economia emergence sio valorizados trabalhadores de formagio educacional sais densa, pessoas com maior capacidade de raciocinio. “De maneira crescente é sempenho do trabalho produtive", diz, desenvolvimento da capacidade de ad Formagées, de superar habitos tradicion: No contexto desse novo modelo, o grau de instrucio do trabalhiador passa a ser sua principal ferramenta. Os ntimeros disponiveis no Brasil/a esse respeito sf0 desoladores. Conforme pesquisa nacional feita pelo IBGE em 90, cerca de 33 mi- hoes de erabalhadores brasileios (53% do mercado de trabalho) tiham no méxi- mmo cinco anos de escudo. t A expetincia mundial, ainda de 2cordo com o trabalho do Ipea, indica que so necessérios pelo menos oico anos de estudos para quie uma pesioa esteja em condi- _gGes de receber treinamentos especificos. ests, 0 conserto do modelo educacional do pais é tarefa para duas décadas. Acé Id, a hrorda de marginalizados vai inchar. i Josias de Souza, Folha de S.Paulo, 20 ou. 1995. Texto B Por uma globalizazao mais humana A globalizacao € 0 escégio supremo da internacionalizacio. © processo de inter- cimbio ente pases, que marcou o desenvolvimento do captalismo desde periodo | wtf

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