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‘A CULTURA POLITICA Serge Berstein Falar decultura poitica'¢ a muitos tiulos colocsrse num campo 4 commonentes antagénicas. Achistria cultura, cujarqueza € com fiderivel desde ha algune anos, situs-se no cent dessa renovasao ‘em profundidade do estudo das sociedades humanas, a parte da convergincia das cencias soiais de que a Ecole der Annales osteo via Referinse 20 poltico € wababhar num campo a que os poets esta mesma escola langaram 0 andtema, caricatrando-o, antes que alguns dos seus membros soberbamente'9 ilustassem'. Do mesmo ‘modo, a evocagdo da cultura politica inscrovese na renovagio da hist potica, opera sob a inspragao de René Rémond © de que 2 univesidade de ParieX-Nantewe © © Instituto do Estudos Politicos ‘de Pats foram os lugares de eleigio®. Com efit, € no quateo da investing, pelos historiadores do poco, da expieagio dos com: portamentos politicos no decorrer da histria, que 0 fendmeno da ‘ultra poli surg como oferecendo uma rsposta mais satiatra 4do_que qualquer das propostas aé entdo, quer se tatase da tse ‘marxista de uma explicagio determinista pela socologia, da ese ieaisia pela adesto a uma doutina poltica, ou de molipas teses avangadas pelos socdlogos do comportamento « mesmo pelos Psi canalisas, Forgoso € verifier que 0 histriadr,aplcando a stages " Pensas. em poricul, os abt Francois Pet sabe Revol Francesa on, mais cetenene, sobre o comma, ou or de Mate Fa sobre a Rea ou 4 Pritt Gass Mandal 7 Enconra-se uma espssio ae grandes lina desta renoagbo obs ‘olecva pblcaa sob dresto de Rene Rérond Pour une Mie ple, Paris Le Seu, 1988, ao politica precisas esas grethas de anise levado a coneuir que eas io he permitem explicar, salvo de maneira parcial, fendmends com- plexos que tentacompreender. Ese a cultura politic responde meihor 4 sua expectativa € porque ela é, precisimente, nfo uma chave uni versal que abre todas as ports. mas um fenémeno de mitiplos Parimettos. que nfo leva 2 uma explicagdo univoca, mas genie adaplarse 2 complexidade dos comportamentos humanos 0 que € a cultura politica? Porque « nogdo & complexa, a sua defnigho io poderia ser sim- ples. Pode-se admir, com Jean-Francois Sirineli, que se tata de uma espécie de eédigo ede um conjunto de rferenes, frmalizados no seio de um partido ou, mats lurgament,difundidos no sei de uma familia ou de uma wadieso politica’. Dest definigdo, reteremos ois faetos fndamentais: por um lado, a importncia do papel das "epresentagdes na defnigdo de uma cultura paltica que faz dela outra coisa que no uma ideologia ou um conjunto de radigSes , por outeo Jado, o cardter plural das culuras poiticas num dado momento da historia e num dado pas E, porém, evidente que no & possvel satisfaer-se com uma de- ‘igo global, necessviamente abiracta,e que & indispensivel exe minar 0 contedo da nogio, se se quser poder wilizélae testa na sua eficdciaexplcativa. Ndo voltsemos a0 pormenor deste contedido ue, em seu tempo fi abjecto de uma proposta gue permitia delim tarthe a abordagem. © objetivo era mostrar que a cultura politica consttuia um conjunto coerente em que lado os elementos esto em {esteitarelagdo uns com os outzos, permitindo definie uma forma de idenidade do individuo que dela se reclams, Se o conjunto € homo- _Béneo, as componentes so diverts ¢levam a uma visio divide do ‘mundo, em que entram em simbiose uma base filosica ou doutrinal, * E- definiio que ele prope in Jean-Fransos Sinn dir, Misi des ros, 2, Culver, Pais, Galiar, 1982, Pp. Serge Bersein a historen eta culture pltigues Vingeme ste, Revue thisie, 1°38, Seu 1982, pp. 87-7. 350 2 mar pa das venes express sob forma de una vulgaa aces 20 maior nimer, uma lets consi e norma do psnado Nt "co com conotagio posta o nga com os grandes periods 3 pasado, una visio isitcional qe edz no plano da organza pola do Estado on das flostcos ou hstveos precedes, sos, oncepgio da Sociedade ids! al como a véem os deters desea cultura, para expimir 0 todo, sm dsewso coe em gue © Xocabiliriouiizao, at palaves-chave as Terms repeties 10 Poriaoras de signieaio, eng ritse imbols Jsempennan, one o ges da represents visual, o mesmo papel siguiente foi a enenacao de uma de clues politicos dominates do tino século gue contitus 0 objeto da oba olecuva Le Modale publican’ em que os atone verifcavam qu cultura epubicane + inscrevia na linge filosfca ds Lust edo posts, rca mmava a heranga hires eliza da Revluto France, io 2 conclasio institucional da adequag toa dstas referencia com tn regime de tipo psramentr, revniava ma sviedade de po. fFes0 gradual no seo da qa tao do Estado, combina com 9 nto dos inivdoos, devia evar eigto de mundo de equ, 105 propretirins, senbores dos seus instruments Je tabalho oo ma promogie de que escola seria oto encontando finn a se exprimit um vocabuliio do ql os trmos eidadtoon, sande antepassaoss, «pinion mori ou spores ona sem palavatchave,engunto barcefgio a tandia ticlor, © hino da Marselhese a represetsto da Maran, to sgusmente anaiads por Maurice Agulaon,extaelsium una linge ses tga aequada ss dos importantes desta cla place er qos {cau politica supe a0 mesmo tempo sua Tia como So ussador€ um «prjegio no fury vivida em conjuton? 5 Seip Bers e Ole Rel dir, Le Modelerpublicei, Pais, PUR, 1992. * Maurie Aguon, Marlene powoir, Uimagerie et la symboiue ipubiaines de 1880 & 1916, Pais, Hamation 1988, *Jen-Pangois Siri, sPour une itor der cules poiquss Vnoget hte. Melongs offers d Paul Gerbod, Bexangan, Amal ites Univers de Besayon, 1995, 351 Esta proposta de gretha de leitura do politico através da cultura Politica s6 tem evidentemente interese se oferecer a possibilidade de melhor fazer compreender a natureza eo aleance dos fendimenos que supostoexplicar. Sem o que s6 seria mais um termo, sctescenae sem proveito gira técnica dos historiadores, Foi a veificaglo ex. Perimentaltentad pela revista Vingidme siéele, ao propor num nu tmero especial* a uma quinzena de historadores e de politslogoe a apliagio desta nogdo a0 estudo das grandes familias poitiess da ranga contemporinea (0 comunismo, 0 gaullismo, 0 centisme, 9 Socialismo, a Frente Nacional), mas também das sensibilidades fo. Séficas ou religiosss (a cultura laica, 0 eatlicismo), novas comentes surgidas no campo do polio (a ecologia ow as mulheres), especie

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