You are on page 1of 9
ANTUNES VARELA DAS OCBRIGACOES EM GERAL VOLUME 1 10 EDIGAO, REVISTA E ACTUALIZADA, aeiMeRess40) WA ALMEDINA, ‘COIMBRA - 2003 Das obigaes em geral Te II, 2* ed, 1948; Berti, Teoris gencrale delle obbligazioni, 4 vols, 1953-195: GANo, Dirit gazion ICU, Liabbigazione nel patrimonio del debitore, 1948; GAL- commerciale, I, 1.° & 2.°, 1990; Gani 7+ ed., 9 vol ed., 1966; Luzarr Tiattato di di. priv, 1950; 38. ed., 1998. Le obbligazioni nel dit. itl, 1950; REsciGNo, 1 generale delle abbligazio 971; TRABUCHI, Ktituzioni, Obligazioni in genera Portugit: Além dos numerosos estudos publicados por VAZ SERRA no Boletim do Ministério da Justiga, como trabalhos preparatérios do Cédigo Civil de 1966, que Sio elementos fisndamentais para 0 conhe- cimento de todo © direito das obrigacdes (teferidos a propésito de cada instituto), importa destacar: ANDRADE (M.), Teoria geral das obri- gages, 3.* ed., 1966; Bastos (J), Das obrigazdes em geral, Ta WV, 1972; Cortno (PEREIRA), Obsigages (sumirios das ligées), 1967; Con- DEIR (MENEZES), Diteito das obrigacies, I e Hl (1980) e Ill (1990); Costa (ALMEIDA), Direito das obrigades, 7." ed., 1998; Faria (Raq neino), Direto das obrigages, 2 ed., TI, 1987/88; MorztRA (G), Instituigies, ML, 2+ ed., 1925; PIRES DE LIMA £ A. VARELA, Nowies fi- damentais de direito civil, L, 6." ed.; Id., Cdigo Civil anotado, 1, 4 ed., ell, 3 ed,, 1987 ¢ 1986; Trtes (GaIvaO}, Dineito das obrigaies, 6. ed., 1989; Vareta (A.), Das obrigacies em geral, 1, 9 ed, € 1,7 ed., 1998 © 1999; Id, Direito das obrigages, Le M1, FORENSE, Rio de Janeiro, 1977 © 1979, Suiga: TUHR (von), Allg. Teil des s¢ -25; Over & SCHONENHERGER, Das obligationenrecht, 1961; Git, Das Schw, Obligationenrcht, 7° ed., com a colab, de MERZ E DE Kummer, 1980. Obligationenrechts, 1924- 1,1968; GRoss0, Obbligazioni, 3° secgAo CONCEITO, ESTRUTURA EFUNGAO DA OBRIGACAO suaseceAot CONCHITO DE OBRIGAGSO 115-Aceppes-do-termo obrigase, Contos afins. © teemo 4 ysado, tanto na Tinguagem corrente como na prOpria jure, em satis dieses. Diz-se que 0 inguilino & o ‘ma que todos tém obi de respeitar a propriedade mandatirio & obrigado a aceitar a revoga¢io do mandato, que srigedo a contest 0s factosartculades pelo autor, ou que 2s partes fio obvigadas a reduie a compra a escritura pablica se el tver por Sbjecto coisa imével; como se diz ainda que temos ebrigaio de gimpostos langados pelo Estado (!) e antigamente se dizia tinhamos brigagao de cumprir 0 semico milftar : diferentes umas das outras, na sua expressio vinculativa?), que 4 ciéncia juridica cumpre distingui. Jo a pagar a renda, Gyo vows ins usa, Fra do dst, pra desgar sung cn sas de outro complexor aranca a ea orien de coals stimento Sliia,o born nae de outrem, o dever de ‘Mas ado se ens SL Das obrigaes om gral 1) Dever ji recorte, € do fo. A primeira dessas nogdes, a de mais amplo ios coercitivos (sa 1 prescrita O dever tutelado pela s \de ou do Estado, de uma general inadas. Qu: erese o dever é ade de pessoas, 0 pessoas deti ilo a ordem ju Fors ds cea dos dev eo polos velhos, a defers doe facos, © a «que podem tr elevinca pao dito, render, py nantiver prea ou det outa pesioa, ox de quis fst pi rade, 2 por exerplo 3 ae e "do Cdigo Perl, sera pido com reso ionamento da tutcl do interesse depensle da vontade do titular deste ciotjz-se que a0 dever corresponde um divito subjetvo(!). O diteito sabjectivo & o poder conterido pela ordem juridicaa cera pesson de Jagr deveeminado comportamento de outrem, como meio de stis- cio @). O tiular do dircto subjce ante interessado do comportamento fagio de um interese proprio ou assim, apenas um tagem do fimcionamento, ‘oslo em oR i etaidesencartegrs de de usta foe M ANDRA, Tas ged da a ja Di bigs mgr ‘ ee 1b Extado de sujeigdo. Diferente do dever ju Ona, 0 dever jurdio, correspondente aos dvs ‘etado de sujeigda, que constitui 0 contrapolo dos confunde com o lado passivo das obrigacdes de prestar, Ao deve ‘Assim, a0 poder que tem 0 man‘ mandato ot 20 poder que tem 0 ing le da agressio contra os direitos sobre as TO dever jurédico & assim uma categoria bastante mais ampla do ue os deveres de prestario correspondentes 3s obrigagées O dever jjuridico abrange nao s6-as situagdes de vinculacio de uma pessoa a ima conduta espeifica (como sucede nas obrigagse fs ruagdes de vineulagio de uma pessoa a um comportamento genériaa (como sucede co: 05 direitos reais) os deyeres gerais de abstencio, correspondentes, vaesell dt pigs 12 ¢ 4s.) MOTA 34 . is igo em geal dirigido a tal fim(!). A contraparte esté apenas sujita, quer quecica, quer nio, a que determinados efeitos (1 8) ou extingio (4) de um direito) se produzam na sua esfeta juri= nples vontade de outra pessoa, actuando estas umas vezes sdiante eecurso fo 10 a0 SrBios judicisrios (vg. dissolugio do casamento por divércio) © esuado de sujeigo consiste exactamente nesta sia inlutiel de wma pe ra jurdica a modificagto pessoa. O tiular pas wagio d n-se catacterizado 0 dite potesatvo (Por contrapasigio aos poders juridicos em gen, 3s lberdadese 3s faal- por uma dupla non; o direito potestativo € incrente a uma jeitos determinados; e esgotase com © acto do seu exercicio Gitwlagio ou resolucio do contrato; revoga- uincato ou da doagao; dissolugio ou suspensio do vinculo se, por conseguinte, do poder conferido a uma snilazerl (isolado ou apoiado em outro acto de uma entidade pil juridica com outra possoa 111) Gruss jurdico. Distinea das duas anteriores & a figaea do “juriico (ede outrassitwacSes afin) Se alguém, que adquire uma coisa imével, pretender que a aqui~ sigdo se imponha a terceirs, fem de inscrevé-La nos litos do segista redial PINIUA vecesidade do regio nio corresponde a nenhum estado de pois se exige do interessado a pritica de um acto (que ele é do. wii 0 livre de exeeutar ot no) para que se produza 0 efeito juridico visado Também nio hi a imposigio de um dever juridio (euposto que no sejaaplicivel a0 caso 0 regime do registo predal obyigativio)("), quer porque o sentido da Ici nio € o de impor a realizagio do acto, sob ‘cominagio de uma san¢io, quer porque 0 registo fi xe de quem 0 requer, , ‘A ordem juridica limita-se a atribuir certa vantagem 4 pri acto, a considerar este como requiito indispensi daguela, mas deixando a inteira discriso do inte conduta que mais the convenha 2), Tipo ds hind ego plo Cg do Rag rl Revalada exe eet aces rio de wma vartagen para o pr Sio duas, por conseguinte, as notas tipicas do dnus juridico, Por uum lado, o acto a que o énus se refere nav é imposto como wm dever O bras &, como alguns autores sugestivamente afirmam, wn dever lire wobserviineia de propriamente uma sar we PERLINGHERI(), para retratar esse lado do énus, obrigagio potestatiea; ¢ chamam-thes 05 autores alemvies meras fn as ou encargos (Obligenheiten) 2) Por 110 lado, o acto no visa satisfazer 0 interesse de outrem, sendo estabelecido, pelo contritio, no interesse exclusive ou també no interese do préprio onerado; 0 Gnus é um meio de se alcangar na vantagem ou, pelo menos, de se evitar uma desvantagem (3) seen CARNIVAL, La domtcone modal, Mino, (0) Ob ot, n.130, pg. 178 @) anand, All Tel, Sed, § 12.1 ply ©) vate 2d, pre 1936, pig. 8; Vors ta Ri i. po Inada siair um drs juridico para uma pessoa tepresentar um dever juti- {Teo para outra, Se o adquirence de um imBvel requerer 0 registo do ceo de aquisigio na reparticio competente, 0 requerente preenchers atm dnus, enquanto 2 realizagio do acto de registo requetide cons- Giuiri um dever para o oficial pablico a quem o requerimento é dirigido. ‘A figura do énus é relativamente vulgar, no s6 ma drea dos seguro: (direito comercial), mas também no dirto processual civil. No processo, 0 6mnus funciona c pares em juizo (Sem violentar o prindpio dispostivy), carceando para a Apreciagio da lide o maior ntimero possivel de elementos que ajudem a exacta reconstituigao da matéria de facto e preparem desse modo a no meio de incentivar a actividade das Jam a verdadeira fi estar (art. 484° do Céd. Proc. Ci) ¢ 0 nus de impugnaydo espeificada (valido para ambas as partes: arts. 490.° ¢ 505.°, I do mesmo diploma), ‘ns Roctiao SOARES, bese pili egaiade mite, 1988, pig, 30; MoTA Pr Ge a2 ®, pg 373, que recone 9 bindonia dre jriduo-ous i cisica dcotomia kan ‘anda 0 dveno cater do respoc- efron: (xt. fete a0 devedor ‘Sup. Te, Just, de 253.1982, RL, 4 as bvigaces em gna A lei nia quer forar o réu a contestar a accio, nem qualquer das partes a impugnar especificadamente os factos articulados pel © réu no cem (hoe sens 9 dever de contestar, nem os litigantes o dever de impugnar. O réu tera apenas de contestar, se quiser que nio se dé como certo tudo quanto, cm matéria de facto, o autor aduz na peticao € se passe imediatamente ao julgamento do aspecto juidico da questio; qualquer das partes teri de impugnar especificadamente os factos articulados pela outra, se nao quiser que eles se considerem em lugae de como provados e integrem desse modo a esp transicaremt para a base insiniria do processo (1), vam empenho direeto em que tas con- sequéncias se deixem de verificar, a lei outorga aos interessados plena liberdade de decidirem como melhor thes aprouver, de seren soberanos das sts com 1s como nfo ten féncias. E as partes podem realmente ter interesse legitimo (compreensivel, justificado) em no contestar ou em nfo impugnar, quer porque 0s factos sejam verdadeiros, quer porque, sendo falsos embora, no conduzam a qualquer resultado vantajoso para a contraparte, quer porque o abreviamento da lide Ihes ‘raga mais vantagens do que prejuizos (com o que poup. tas da accio, despesas, © incémodos de outra ordem) 2). Por isso indirect de defeader a pare beri grt in dle, conta a sua pepo ow os tet impos de momento, Peopiito ANDAAIA TORRENTE, La dracon, 1956, 1°71 € Bio 2K “ ixada na mesmo, 2 consequén i para a falta de impugnagio espe ‘ficada nio pode ter o sentido de uma cobertura (uridica) de um dever ide, como seria proprio da Iv) — Direitos-deveres(poderesfanconais). Diferentes das situagoes amteriormente descritas e dstintas também dos deveres de prestar pro prios dis obrigaedes, sio aquelassituagdes a que a dowtrina italiana fe di o nomic de poteté ea que, entre nds, a falta de termo técnico dequado, sc tem dado a designacio perifrstica de poders fi £ 0 caso tipico dos deveres reciprocos dos conju paternal, da tatela, da curatela € outros institutos rante mito tempo, 0 caso do chamado poder ma conferidos no interesse es(!), cdo poder ogos ¢ foi, d= 2), Sio direitos tuk adstritos. Kee 308 direitos de ‘poder de exigir de outra pessoa detern distinguem-se dos diteitos subjectivos patrimoniais porque o cular fio & lore no seu exercicio, temo obrigatoriamente. que sxeicé-los, por um ldo, ¢ tendo de fazé-lo, por outro, em obediéneia 3 fungio social a que o diteito se encontra adstrito ham-se aos direitos subjectivos e, consequent to, na medida em que conferem ao respectivo titular nado comportamento. Mas obrigay reais eas restantes classes de rlagGes juridicas, di-se a0 vocdbulo, ob ‘om © qual a expres ‘ou quando os autores contrapSem as ob gag um sent (0) Asin se expic, ais, que ellecindo = e comporsineato exgivet doe dnjoges rm G71 e segrirtesnio filer ds bigs Vide propérito, A LENE, Pee ot __ Davee om grt Diz-se obrigaydo a rela juridica por virude da qual una (ow ma pessoa pode exigir de outa (ou outras) « retizario de uma prestagi No mesmo sentido, mas definindo a relacio do lado oposto, diz go 397.° do por virtnde do io de uma prestagior “Trata-se de relagdes em que a0 direitosubjectivo de um dos sujai- a fica adstrita para com outa 3 realiza- pessoas, & um dever juri io. © dever (juridico) correspond: 10 genério, que no pesa especificadamente sobre 0 patri- ménio de nenhuma dela. categoria dos deveresjurdicos ae Inods0 da o facto de ser imposto no interes de determinada pessoa e de ‘9 seu objecto consistir numa prestacao. Sio obrigacdes em sentido técnico as elagdes constituidas entre ‘6 comprador, que tem 0 dever de pagar 0 prego, ¢ o vendedor, que tem o direito de exigir a entrega dele; entre o senhorio, que tem 0 dever de proporcionar 0 go20 temporsrio do prédio, e o arrendatitio, que tem o poder de reclamé-lo; entre 0 credor da sociedade que preende, portanto, o dever de prestar, que rec o poder de exigira prestacio o Das obras om A pesioa que tem o poder de exisir a prestagio di-se o nome genérico de aedor(}); 4 outta, sobre a qual incide 0 correlative dever de prest A prestagio que constitui objecto da obrigagio consiste as mais das vere fade, ima conduta de sin! p (entegar 110; res nformaci0 — consultor téc- proceso — mandatirio ie, uma emissio ou, como diziam os romanos, num non facre (no exercer certo ramo de activi- dade em determinada localidade, para nfo fazer concorséncia a ou- rom; 1 nprar certo produto seo a determinada empresa ou nnio vender certa mercadoria, dentro de determinada area, senio a tum revendedor — contratos de exclusivo; no revelar certo segredo sem cace na sua coutada; etc.). igar de se dizer que a prestagio consiste muma agiio ou em dade do devedor, & mais correcto afirmar que a prestagio se do obrigado, de fibrico; nio se opor a que certa act traduz Cert comportamento OU cor 13. Relagdes obrigacionais simples e complexas 2). A relagio juridica npreende o direito subjec~ ina ou sintples, quan‘ ico ou estado de sujeigio pla, quando até da es, para, com o adic feo 2077. ¢ 283. do Cdigo 9 artigo 28°, 1, do Cigo d Sea» do Gawvao Teta, Man a Cédigo Prctan Civil € as sucesde € dog ot abrange © conjunto de dircitos © de deveres ou estados de sujeigio nascidos do mesmo facto juriico(!). A distingio tem perfeito cabimento no dominio das obrigagées Imaginemos que o estudan ow jective) do autor do empréstimo do livto e © cortelativo dever jurdico do colega da coisa emprestada, Suponhamos que A, conduzindo o seu automéw posamente B, que acravessava an pedes. T tropela cul- na passagem aberta para os juridico de o dono ¢ condutor do automével pagar a indemnizagio dos danos causados ¢ 0 correspondente direito subjective da pessoa atropelada de exigir 0 pagamento di ‘Mas, se reflectirmos sobce o mais eorrente e vulgar do (ambém de caricter obrigacional) & ja uma relagio (obri pla ow complexa. Com efeito, a0 lado do dever juridico de entrega da coisa devida (que recai sobre-o vendedor) & do correlative direito subjective de exigit a entrega da coisa {atribuido a0 comprador), hi ainda, nese cato, o dever juridico de 0 comprador entregar 0 prego e © corres- pondente diréito (subjectivo) de o vendedor exigir o seu pagamento, E maior serd ainda a aomplexidade da relag3o obrigacional, quando a esses dois direitos ¢ correspondentes deveres (que sio comuns a gene~ lidacé das compras e vendas), outros direitos e dev Gireito 4 entrega de certos documentos, i compensagio das despesas feitas com a realizacio do acto, & reparagio ou substituigio da coisa, es correlativos (ML. ARDRADE, Tvs yer de rela ria 2

You might also like