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Lais Furquim de Azevedo LLeitura critica @ co-autoria na elaboragso dos exercicios, Dados internacionais de Catalogago na Publicagao (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Souza e Siva, Maria Cecilia Pérez do. laga Koch ~ 15. ed, — $80 Paulo : Cortez, 2009, Biblografia. ISBN €78-85.249-0204-8 83-1709 Indices para catélogo sistematico: 1. Morfologia : Portugués : Linglistica 469.5 2. Portugués: Lingistica 469 8, Sintaxe : Portugués :LingUfstica 469.5, 'S581L___Lingiistica aplicada ao portugués: sintaxo / Moria Cecfia Pérez de Souza e Silva, Ingedore Grunfeld Vik 1. Linguistica 2. Portugués - Morfologia 3. Portugués — Sintaxe |. Koch, Ingedore Grunfeld Vilaga. Il. Titulo, c0.469.5 “468 Maria Cectia Pérez de Souza e Siva Ingedore Grunfeld Vilaga Koch wna oussar__ [om S200. A857, Lingliistica aplicada ao ' portugués: sintaxe 15° edigaio 4 Organizagao e Constituigéo da Frase 1.1. A Frase 6 uma Estratura Costuma-se entender por frase a expresso verbal de um pen- samento, ou seja, todo enunciado suficiente por si mesmo para esta- bbelecer comunicagdo. Por meio deta, podem-se expressar juizos, descrever aces, estados ou fenémenos, transmitir apelos ou ordens, exteriorizar emogées. Toda frase de uma lingua consiste em uma organizagéo, uma combinagdo de elementos finguisticos agrupados segundo certos Principios, que a caracterizam como uma estrutura. Determinar tals prineipios constitul um dos objetivos deste capitulo, Examinando-se um conjunto qualquer de frases de nossa lin- gua, verifica-se, & primeira vista, que elas pouco tem em comum, ue variam consideravelmente quanto & extens&o, a0 sentido, as alavras de que se compéem e & ordem em que estas se apresen- tam. E possivel, porém, demonstrar que, sob essa aparente diversi- dade, todas elas possuem uma organizacao interna que obedece a Principios gerais bem definidos, a partir dos quais o falante sera ca- az de dizer: a) se uma seqdéncia de palavras estd de acordo com 0 sistema gramatical da lingua, isto 6, se essa seqdéncia pode ser obtida através da aplioagao das regras da gramética;' b) se ela se apresenta completa ou Incompleta; c) se passivel de interpretago seméntica, etc. Pode-se evidenciar, ainda, que tais frases se consti- " tuem de classes de elementos equivalentes quanto as fungdes que nelas vam a desempenhar. A observagéo de um pequeno texto, aleatoriamente seleciona- do, permite chegar,intutivamente, a algumas conclusdes elementares: *Voc8s acreditem que eu néo esperava jamais o que encontrs: um mar caro. Na verdada, era um mico téo grande @ forte como s@ fosse um finote de gorla, Ele estava muito agitado © nervoso, porque ainda no Conhesia bem a casa De pura agitacéo, subia de repente pelas roupas ‘estendidas na corda, sujando todas as roupas lavadas. De li de cima 12. Principios de Organizagéo da Estrutura Frasal A seqiéncia do presente capitulo seré destinada & descrigao das regras de estrutura frasal, ficando parte do capitulo dois reser- vada a0 estudo do tipo. Passar-se-d agora, mals especificamente, a determinagao dos elementos aptos a compor a proposieao das fta- ses do portugués, observando a sua organizagdo em classes e as ‘suas possibilidades combinatérias. A partir dos exemplos: (1) Pedro esté diante da vitrine de uma joatheria, (2) A policia detove varios suspeitos do fur. 13 i | | (3) A criancinha doente adormeceu, (4) Meu fio sonha ansiosamente com a noite de Natal. (6) Vooé tevars a encomenda, tentar-se-d verificar a possibilidade de decomposigo da proposigéo em unidades menores e de detectar a equivaléncia entre essas uni- dades. Para tanto, utilzar-se-d o procedimento da comutagao, cujas taretas basicas so: a) segmentagao — determinar os subconjuntos em que pode ser decomposta a proposigo; b) substituigdo— verifi- car quais desses subconjuntos exercem a mesma fungio.' Aplican- do-se a comutagao as oragdes acima, obtém-se: ‘sta diante da vitrine de uma joatheria deteve varios suspeitos do furto Pedro _adormeceu sonha ansiosamente com o dia ce Natal levard a encomenda Pedro © policiat Acciiancinha doente ‘Meu fino Voos esta dianto da vitine do uma joaheria, Em cada subconjunto ha elementos equivalentes, visto que, a0 se fazer a permuta, a integridade da oragdo se mantém. Cada um desses elementos constitul uma unidade sintético-semAntica: 0 sintagma. 1.3. Constituintes Oracionais: os sintagmas © sintagma consiste num conjunto de elementos que consti- tuem uma unidade significativa dentro da orago © que mantém en- Ite si relagdes de dependéncia e de ordem. Organizam-se em toro de um elemento fundamental, denominado niicleo, que pode, por si 86, constituiro sintagma. Assim, nos sintagmas: Pedro, o policial, a criancinha doente, meu filo, vocé, o nicleo é um elemento nominal (nome ou pronome), tratando-se, pois, de sintagmas nominais, JA ‘em: esté dlante da vitrine de uma joaiheria, deteve varios suspeitos do turto, adormeceu, sonha ansiosamente com o dia de Naial e leva- 14 rd encomenda, o elemento fundamental é 0 verbo, de modo que se tem, no caso, sintagmas verbais. Anatureza do sintagma depende, portanto, do tipo de elemen- to que constitui o seu niicleo; além do sintagma nominal (SN) e do sintagma verbal (SV), existem os sintagmas adjetivais (SA), que tém por nticleo um adjetivo e os sintagmas preposicionados (SP), que so, normaimente, formados de preposi¢ao + sintagma nominal. Na estrutura da oragéo, em sua forma de base, anarecem como constituintes obrigat6rios o SN e o SV. Por exemplo: (6) Os garotos| empinavam papageios de papel. SN sv (7) (Nés)|Assistimos a uma conferBncia sobre téxicos. SN sv Pormais longa que soja a frase,’ ela pode ser decomposta nes- ses dois subconjuntos: (€) Arma de uma conhecida de meu marido| recebeu uma belissima SN sv hhomenagem de seus'companheiros de trabaiho, (9) A carrocinha de po que passava peta minha rua todos 0s dias|perton- SN cia a um antigo empregado da prefetura municipal sv Nas regras de reescritura, o SN sujeito existe como posigtio estrutural,¢ embora muitas vezes este elemento ndo se atualize, isto 6, sua posigao nao seja lexicalmente preenchida:” (10) 4 Chove sN sv ‘Além dos elementos obrigatorios, SN e SV, existem oragdes ‘que apresentam um terceiro subconjunto, com as seguintes caracte- tisticas: a) 6 facuitatvo, isto é, sua auséncia nao prejudica a estrutu- ra sintatica da oragéo; b) 6 mével, ou seja, pode ser desiocado de ‘sua posigo normal (apés 0 SN e o SV), vindo anteposto a esses sintagmas ou, ainda, intercalado;c) apresenta-se, geralmente, soba forma de um SP: 15 (11) As flores SN ‘enfeitam os jardins | na primavera. sv SP Pode haver mais de um constituinte dasse tipo na oragao: iro | on ina. madrugada, (12) 0 paceiro | entrega o pao | na minha casa de madruzada, SN sv SP sP Assim, a0 lado das oragées constituidas apenas de SN + SV, tom-se aquelas composias de SN + SV + SP, de modo que as rearas bsicas de estrutura frasal so as seguintes: F3T+0 O-+SN+SV (SP) Essas regras podem ser representadas através de diagramas arbéreos* como os seguintes: ro OE TY Acianciha adormaceu ‘stores enetam na primavera doente os reine 1.3. Sirtagna Nominal O sintagma nominal (SN), como ja se disse, pode ter como niicleo um nome (N) ou um pronome (Pro) substantivo (pessoal, de~ ‘monsiratvo, indetinido, interrogativo, possessivo ou relativo). No titi- ‘mo caso, 0 pronome por si s6 constituiré 0 sintagma, que terd @ se- guinte configuragao: 16 : | i | i i i | | Fasc ec eee SN pro si sv pro No primeiro caso, o nome podera vir sozinho, ou antecedido de um determinante e/ou seguido de um modificador. 1.3.1.1. 0 determinant (Det), quando simples, 6 reprosentado por um artigo, numeral ou pronome adjetivo: as crianges estas | rminhas uss ‘Quando compiexo, constitui-se de mais de um elemento; 0 de- terminante propriamente dito ou elemento base (det-base); 0 pré- determinante (pré-det) © o pés-determinante (pés-det): Det N pre det Bés- det base det 7 Arregra completa do determinante 6, portanto, a seguinte: Det + (pré-det) det-base (pés-det) Funcionam como elementos-base de um determinante com- plexo em portugués, 0 artigo e 0 demonstrativo, que s4o, portanto, mutuamente exclusives (todos os alunos, estes dois meninos, todos ‘os meus livros); no havendo nem artigo, nem demonstrativo, um possessivo podera vir a ooupar a posigao de determinante-base: meus tr8s livros; nessos bons companheitos.” Funcionam, geralmente, como pés-determinantes, 0s numerais 05 possessivos (estes meus cinco amigos) como pré-determi- nantes, certos tipos de expresses indefinidas — quentificadores Universais (todos os meus amigos, nenhum dos meus amigos) ou artitivos (alguns de meus amigos, muitos dos meus amigos, quatro dos mous amigos, a maioria dos meus amigos). ‘Além dos ola mentos que se excluem mutuamente ("os estes ‘meninos, "aqueles os meninos, *os muitos amigos), ha também, uma ordem para a colocacao desses elementos no determinants (“dois 0 livros, “os todos colegas, etc.). 1.8.1.2. O modificador (Mod) pode ser constituido de um sinlagma adjetival (SA) ou de um sintagma preposicionado (SP): casa amare- Ja, casa de pedra, apresentando-se, pois, a seguinte regra: Moa (SA) ‘Se 0 modificador for um SA, poderd também preceder o nome: a nova tesidéncia de Paulo, os belos olhos de Marina."® Existem ainda, em portugués, oragdes cujos SN, néo s&o lexi- calmente preenchidos e, conseqientemente, se reescrevern em pos- tigos, conforme o exemplo (10) ha pouco citado. Dal, a regra comple- ta de reescritura do SN: SN ie (Mod) NV ee pro a 18 1.32. 0 Siniagma Preposicionado De maneira geral, o sintagma preposicionado (SP) 6 constitul- do de uma preposigao seguida de um SN: SP + prep +SN Examinando-se, porém, as oragées: (19) 0 leteiro sai cedtnho, adv. (14) 0 leiteiro sai de madrugada, SP (loc. ad.) (95) O leitevo sat a mesma hora todos os clas. SSP (loo. ad) SN (oc. adv.) pode-se verifcar, através do esquema arbéreo: om yoy | LL extn wtcro str [Soups | rots Sante que as express6es grifadas, embora nem todas apresentem estrutu- ras idénticas, desempenham 0 mesmo papel: 0 de modificadores circunstanciais (no caso, de tempo)."' Levando-se em conta, contu- do, 0 fato de serem esses modificadores, om sua maioria, expressos or locugdes adverbiais, normaimente introduzidas por preposigao, & possivel atribuir-Ihes a etiqueta de SP.'? Ha varios argumentos a favor dessa opgéo: a) muitos advér- bios possuem uma locugéo adverbial correspondente: rapidamente — com rapidez, aqui— neste lugar, agora — neste momenito, etc.;b) ‘08 advérbios constituem um inventério fechado, ao passo que as 19 locugées adverbiais formam, praticamente, um inventirio aberto, sendo, assim, mais econémico englobar a uns @ outros sob 0 rétulo de SP; c) a descri¢do tomna-se mais coerente, uma vez que toma ‘como base néo a estrutura, mas a fungéio desses medificadores, que 6 a mesma. Adotando-se tal posigdo, a regra de reascritura do SP passa a ser: Prep + SN sp — {Por } podendo a preposigdo, algumas vezes, néo aparecer ‘exicalizada ‘como em todos os dias (=dlariamente). Quando 0 SP ocorre como constituinte independerte, ou seja, uma terceira diviséo da oragdo (cf. item 1.3), ele poderd veioular in- formagdes sobre as circunstncias em que se efetivam 0s fatos con- tidos na proposigao (tempo, lugar, modo, causa, ete.), conforme 0 exemplo (16), ou indicaratitudes do falante, como nos exempios (17) 2 (18): 16 (i) No verdo, os dias s8o mais longos que as notes. (W)Lentamente, a note descia sobre & tera." 17 () Felizmente, néo houve vitimas no desastro, (i Pesarosamente, comunicamos 0 falecimento de nosso diretor. 18 () Provaveimente, 0 comicio néo se reelizaré, (i) Sem divida, nossa equipe sera a camped do tornelo, Observe-se que em (17) € (18), a0 contrério de (16), 0s SP néo fazem parte do contetido proposicional: em (17), exprimem os senti- mentos do falante perante os fatos veiculados pela proposigao e em (18) revelam o seu grau de engajamento relativamente ao enunciado ue produz, funcionando em ambos os casos como modalizadores ‘ou modificadores atitucinais."* Saliente-se, ainda, que este tipo de ‘modificador circunstancial ndo se inclui nas definicOes apresentadas pela maior parte das gramétioas da Lingua Portuguesa, segundo as quals “o advérblo 6 a palavra invaridvel que modifica 0 verbo, 0 adje- tivo ou 0 proprio advérbio, acrescentando-thes uma citcunstancia”. Aiguns autores mais modernos citam 0 modificador circunstancial 20 fre da oragéo,"* mas néo distinguem entre os dots subtipos acima men- cionados. E necessario ressaltar, porém, que, além de apresentar-se, muitas vezes, como um terceiro constituinte da oraga0, 0 SP pode ocorrer, também, dentro de um SN, de um SVou de um SA, funcio- nando como modiicador do niicleo, como nos exemplos (18) (23): (19) As folhas das arvores dangavam ao sabor do vento, N SP SN (20) A execucdo desse trabaho leverd varios cas. N SP ‘SN (21) 05 estudantes gostaram da palesia, v sp 7 (22) Os pais de Carlos chegaram da Europa. v SP. sv (28) 0 governo atuou com frmaza. vse sv (24) A docisto do juz fi favordvel ao réu ‘Adj SP SA Examinando-se todas as ocorréncias, podem-se distinguir dois tipos basicos de SP: os SPc, que exercem a funcao de complemen- tos-nominais: (20) e (24) ou verbais: (21) e (22), ocorrendo necessa- riamente no interior do sintagma cujo nicieo complementam;eos SP,, que desempenham o papel de adjuntos, apresentando-se ora no in- terior de outro sintagma (SN, SV, SA), como modificadores nominais (19) ou verbais (23), ora no exterior de qualquer sintagma, formando lum constituinte & parte, como mocificadores oracionais: (16), (17) e (18)."° A diferenciacdo entre os diversos tipos de SP nem sempre é das mais faceis, apesar da existéncia de alguns critérios ce ordem predominantemente seméantico-pragmética: a a) 0 SP, interno ao SV funciona como modificador ou intensiti- ‘cador do processo verbal: andar depressa, falar bem, trabalhar mul- to, enquanto 0 SP, externo apresenta-se como modificador circuns- tancial da oragdo como um todo, ou, entdo, como modificador attudinal da frase, este titimo ligado diretamente & enunciagdo. Note-se que, em se tratando de um SP, interno ao SV, é sobro ele que recai a egagdo 9 ndo sobre 0 processo verbal em si: ele no enda depres- sa, ele ngotala bem; b) 0 SP acompanha os verbos transitivos, isto 6, de predicagao incompleta, que exigem um complemento preposicionado. Deve-se aqui considerar a transitividade em sentido lato, abrangendo néo apenas as construgdes com objeto indireto (tradicionalmente acei- tas pelas nossas gramaticas), mas também aquelas com verbos de ‘movimento (como i, vr, chegar, morar, etc), que necessitam, na maioria, das vezes, de um complemento para integrar-Ihes o significado, insu- ficiente por si mesmo. Jé os SP, modificadores do verbo so termos estruturalmente acessérios, que assinalam qualquer circunstancia telativa a0 processo verbal. Portanto, a classificagao do SP como ‘SP. ou SP, depende da prépria natureza seméntica do verbo."” ©) Finalmente, a distingdo entre o SPz ¢ 0 SP, interiores ao SN tem também causado intimeras controvérsias, * embora possa, de ‘maneira simplificada, ser relacionada & questo da transitividade: 0 Pe integra (como complemento) o significado incompleto de: 1) no- ‘mes abstratos de agéo, de movimento, etc. derivados de verbos tran- sitivos em sentido lato (deverbais), como realizado, execugao, ida, ermanéncia; 2) nomes abstratos de sentimentos que reeaem sobre lum alvo especifico, como esperanga, medo, saudade: 3) nomes de- Fivados de adjetives de valor transitivo, como aptiddo, incompatibi- dade, capacidade. O SP,, por sua vez, modifica nomes irtransitives, isto é, de carga semantica completa, geralmente concretos, diminuin- do-ines a extensao para aumentar-ihes a compreensao pelo acrésc- mo de uma caracterizacao, especiticagdo, delimitacao, etc.” 133. 0 Sintagma Adjetval sintagma adjetival (SA) tem como niicleo um adjetivo que, & semelhanga do que ocorre nos demais tipos de sintagmas, pode vir sazinho ou acompanhado de outros elementos: intensificadores (intens)® ‘© modificadores adverbiais (SP,), antepostos 20 niiceo, e sintagmas Preposicionados (SP), pospostos a ele. Observem-se os exempios: 22 (25) Estes quadros sao antigos. Ad) Sa (26) Estes quadios so muito valiosos. inten. a SA (27) 0 ciretor despediu a secretaria recentemente nomeads ‘SP (tempo) _ a. ‘SA (28) 0 por-se-sol oferecia-nas um espeticulo surpreendentemente belo. SP (modo) adi ‘SA (29) © fumo 6 extremamente prejuaicial& saude. Intens, ad. SP SA ‘A oragao (29) que contém todos os elementos capazes de cons- tituir 0 SA, ficaria assim configurada em um diagrama arbéreo: a SN sv _—_—_— 6p ‘SA en intens. ad ‘SP _— prep. SN cee Det oN o N © — fumo 6 —extremamente projudicial saide 23 ‘Tem-se, pois, a regra do SA: ‘SA (intens) (SP,) Adj (SPc) 1.84. 0 Sinlagma Verbal © sintagma verbal (SV), um dos elementos basioos Ca oragao, cconforme se viu anteriotmente, pode apresentar configuragdes di- Nereificadas, as quais serdo determinadas nesta segao. Aibulse a Suqueta verbo (V) ao consttuinte do SV que contém a forma verbal. Composta de um s6 vocabulo (tempos vorbais simples) ou de vérios Yoodbulos (tempos compostos ou locugdes verbals). ‘0 SV pode ser representado apenas pelo nciclen, Isto &, 0 ver bo, como em (80): (80) A criancinha doente adormeceu, Vin sv ‘SV Vint. ‘Acfiancinha doente adormeceu ‘ou pelo verbo acompanhado de um ou mais elementos, precedidos tu nao de preposicdo, dependendo da regncia de cada verbo, con- forme (31)}-(85): 24 i (31) 0 garoto chupou as balas (duas balas, balas de aniz, etc) SN sv SV >V+8N ° garoto chupou as_—balas (82) Os alunos gostaram da palestra av SV V+ SPe SN Sv pat NOY SP (3) Paulo mora na Lapa sn [VSP sv SV V+ SPe ELEEeee reer sh 8V. | KO pall N fee ere sN eae pat I oma Eee Paulo moran (84) Os alunos desta turma| ofereceram um jantar ao dietor. SN Me SN SPe| sv SV 4Vy + SN + SPo So ; } | i i j | j } i | 1 (85) Eu falei de vood ao meu marido, SN [Vs _SPo Se sv SV V+ SPo+ SPe ‘pro prep SN Prep ‘SN si las fears a a seat ae ee et eae Os exemplos (30) a (35) apresentam o que as gramaticas trad cionais denominam de predicado verbal. Quando, em lugar do verbo, aparece a cépula, tem-se 0 chamado predicado nominal, que pode ser assim constituido: (86) A lua é desabitada SN [cop SA sv SV c6p + SA A tua é 27 desabitada (87) Awa 6 um satdite SN Losp__SN sv A wa 6 um satélte (98) Estas rendas s#0 do Ceard. ‘SN cop_ SP sv BV > oop + SP x eee Ree eet toe Ea oO ae tt 2B Nao raro, aparecem, ainda, dentro do SV, elementos modifica ores do verbo (quer intransitivo, quer transitive), que ora intensifi- Cam 0 proceso verbal (intensificadores), ora acrescentam circuns- tancias de tempo, lugar, modo, etc. (SP2): (99) Este operéro trabatha muito, Vax _intens. sv (40) As etianeas acordam cedo ‘equ. IVw __SPa (tempo) } SPs (ugar) ev (41) 0 baléo incenciado caiu longe. Vox_SPs (ugar) Sv (42) © foragido atravessou a fronteira muito fentamente.* We SN intons SP sv Sintetizando, podem-se estabelecer as principals possibilida- des de constituigéo do SV: Vi fintons) (SP) Ve intens) + gy sv Be (a SN + SPo cop { SA SN SP Considerando a descrigo de todos os sintagmas (SN, SP, SA, ‘SV) percebe-se que apenas o SV desempenha sempre @ mesma 29 fungo na orag&o, a de predicado; os demais podem exercer fungoes variadas, dependendo do nédulo ao qual se encontram ligados. As- sim, em (42), ha dois SN,, 0 primeiro (o foragido) exercendo fung&o de sujeito porque se apresenta como uma primeira divisdo da ora- ‘¢40, @ 0 segundo (a fronteira) funcionando como objeio direto, por- que & uma ramificagao do SV. Portanto, o mesmo tipo de sintagma pode aparecer em varias posigées, como subdivisdo de outros sintagmas, passando a exercer fungSes diferentes. Este mecanismo, que permite todas as expansdes possiveis néo s6 dos constituintes de uma orago, como também dos periodos simples em compostos, 6 denominado por Chomsy (1965) recursividade. Tal abordagem simplifica a descrig4o ao considerar-se, por exemplo, sujeito, 0 SN & esquerda do SV @ objeto direto, o SN a direlta do V dentro do SV™, dispensando as detinigoes cléssicas da gramética tradicional nem sempre suficientemente esclarecedoras. 14, Regras de Estrutura Frasal ou Gramdtica do Portugués ‘Ao conjunto de regras que permitem organizar as palavras de ‘uma lingua em frases chamamos de gramatica. Em uma gramatica completa, cada constituinte é detinido por uma regra de reescritura que contém todas as suas diferentes possi- bilidades de retransorig&o sintagmidtica, Trata-se de gramdticas de esirutura sintagmética cujas regras de reescritura, em seu conjunto, especificam as relagdes de domindncia, decompondo a oragao em partes analisdveis quanto & classe, e de precedéncia, atribuindo uma representacao formal as relagdes lineares. Portanto, a gramatica no Consiste na enumeracdo de todas as seqiiéncias possiveis de pala- vras particulares, que se apresentam em nmero infinito em todas as linguas, mas sim na formulagao de regras gerais. Tais regras tem uma ordenagdo intrinseca que diz respeito & ordem obrigatéria de introdugo dos simbolos. Assim, por exemplo, néo se pede ter uma Fegra SN — Det + N se em uma regra anterior nao tiver sido ja intro- duzida: O + SN + SV. Sintetizando todas as regras apresentadas neste capitulo, pode- ‘80, agora, formular um fragmento de gramatica, que define — preci- sa 6 explicitamente — isto 6, gera as frases simples do portugués. 30 0-9 SN+ SV (SP*) SN (ce (Mod) N gen ro 4 Det -> {pr6-dof) det-base (pée-det) Mod (sh SP SP (ese s) gv SA — (intens) (SP) AG (SP) V (intense) ((&)) (si sv ‘sa ip 4 SN SP. Esse conjunto de regras, também denominado gramética _gerativa;® que atribui uma descrigdo estrutural a todas (e somente) 8s frases de ume lingua, fornece os meios dé dizer se uma seqiiéncia qualquer de palavras esta em conformidade com o sistema gramatical dossa lingua, isto 6, se 6 gramaticalou agramatical. Por exemplo, qua quer falante do portugués é capaz de dizer que as frases 43 () e 44 () séo gramaticals e que as frases 49 (i) © 44 (i) so agramaticas, (Pal 43.) 0 vereador partcipou da abertura do congresso. (G)"Do vereador © participou congresso aberture de 44 (0) ovens andam de biciceta. (i) "Dirgir anda de bicicete ‘As nogtes de gramaticalidade e agramaticalidade prendem-se €s regras de estruturagdo das frases, as quais determinam a ordem dos elementos e as combinagdes possiveis. Assim, dizemos que uma oragdo & ou nao gramatical dependendo do fato de ela ser ou nao formada de acordo com as regras da gramética. Mas duas oragdes gramaticais podem nao ser igualmente aceitaveis; assim 6 que, con- siderando (45) e (46): 31 (45) 0 tivro que 0 aluno comprou é de ingoistca. (46) 0 tivro que o aluno que conhace tua irmai comprou & de finguistca. verificamos que (46) ¢ mais dificil de interpretar, portanto, menos aceitével que (45), embora ambas sejam gramaticais. A menor aceitabilidade de (48) decorre de limitagdes da memoria temporaria, ‘a qual estringe a quantidade de material lingUstico a ser intercalado entre 0 sujeito € 0 verbo de uma mesma oracdo.® A aceitblidade decorre também de tatores extralingiistico entre os quais mencionam- se limitagdes da atengéo e da meméria, interrupgdes, ruidos, ete.” 15. Vantagens e Limitagées da Gramética Sintagmética Postula-se que a gramatica sintagmatica, em oposigao a gra- matica tradicional, fornece meios mais adequados e simplificados para a desoricao estrutural das oragées, com base, entre outros, nos seguintes argumentos referentes a transitividade: a) verbos tradicionalmente considerados intransitivos como ‘sonhar, vives, morter (47), podem, em casos especizis, vit acom- Panhados de um SN objeto (48), cujo ndcleo esta implicitado neces- ‘sariamente no préprio proceso verbal, com o intulto de atribuir a esse nome uma explicitagao ou qualificagao: (47) A vitime do acidente ainda vive. (48) © pobre homem viveu uma vida de amarguras. : fei) Ea oe he aaa oe | Peciclian a | eat ey La Se ee Tee ee eulelte 32 A eat a & ~ ' Ee Ee cE EEE oe pec en to aap b) a distingdo entre objeto alreto e objeto indireto pode ser con- siderada como relativamente secundaria, j4 que s40 ambos compie- mentos verbals, sendo a presenca ou a auséncia de preposigéo con- dicionada apenas peio proprio verbo (regéncia verbal); este fato néio parece constituir razao sulicionte para se distinguirem dois tipos di- ferentes de relagao entre 0 verbo e 0 seu complemento, em casos como: (49) Rogério ama Renata, (60) Paula gasta de sou irméo, A distinggo se justifica apenas no caso de verbos que exigem dois complementos (verbos transitivos diretos e indiretos), em que o primeiro (objeto direto) funciona como o alvo sobre 0 qual recai o processo verbal ou 0 resultado desse processo, e 0 segundo (objeto indireto), como 0 destinatdrio ou o beneficiério: (51) Jorge encaminha 0 requerimento ao dfretor. ©) a diferenciagao entre verbos pronominals essenciais e aci- dentais torna-se mais evidente, na medida em que, no caso dos pri- ‘meitos, a particula se faz parte do constituinte V, 20 passo que, no ‘segundo caso, ver a constituir um SN dentro do SV, com fungao de objeto: 33

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