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ANTROPOLOGIA DA CIDADE lugares, situagies, movimentos Traducio Graca fnias Coieo Pretiio&edigio brasileira Gras nas Conkiro Her Pig ie INTRODUGAO Do urbano global a antropologia da cidade Fi a ee ip cone rr bls ego ee 19972008 edo pars Fees olfat potas horde nc ag Lo ‘Mahe lg pr pba confer poten ne bie da Chak Lalor da Ulu de Antes Solog da Unveniade Cals de Lunn em 2004 Apacs cool aloes mates ence ‘ spefundaado no mea sinks de Cdcnge e cnio Be EHS Chotepsops At dedocmsana ¢ ae gas than) cae 200 «308, dete pesca de ue Pein erlincchia qa disiiamea alamo Ines cmp de lade Vos xo de ame agen Bees eae Fi opal permite esi, ant um pcs mals = gi wo ectoie de urn analog de Sade Ge ie cen eerie {pbs de Linn dea Bele, muni, ere rte “Invasions et favear! Ao apresentar uma siteseempirica © re- fexdes metodoligicas (algumas das quais sio aqui includes, revista eatualzada’), invention de a vlle questionava a ne ‘cesidade ea posibilidade de um conhecimento ancrpobgico 1 da cidade. No inci, tratou-se de descreveros resultados das minhasinvestgageseanilises em diferentes contexts ut- bbanos da Africae da América Latina, procurando apresentar 0 onto de vista do antropslogo sobre cidade: um conjunto de conecimento, sempre em descavolvimentoe transforma ‘que entio chamei de cidade bs, ou sea, cidade produrida pelo ntropélogo a pati do ponto de vst dis prtias, eases © represenapes dos ciadinos que de prio observa dirtamente ccem stuagio.” F esse projeto que ressurge aqui sob a forma de vtios eogos pists. A partir de tes “entradas”dstnts e convergentes 0s re ‘er Gil 2: Ee proj ene fan pt ed ‘a npli pr n Rard ape, Lil d ‘Soke vl in Fae 197 el Pee, Ue Progen aces rome domaoce EES po ed Lap, eres Ucn wine eaapcomd es inet do eno ao at nor ci pe ‘om rs ula,“ te ner ae Seton at Gm Rt he 1 aon 1 ees quem To scape dow Pe co Chin {imeem 19) Noone pepe we nn de Pee tid acne pre open ‘ps dn ane 198 (Clee: ep 19 Pat ML Bye eee a tn aL Ds <2 saberes (a cidade dos antropdlogo), os espagas (a cidade em proceso) ¢ as stuagdes (2 cidade em movimentos) ~defendo 4 posibildade e utilidade pars todos (habitantes, designers ‘observadores€ reformadores das cidades) de uma forma de Galion "sg eee ution del atin pds Thar Jon og), re de 99 p50 A ta sno ce Sains pnd Mn pes de ics nar etn ne pas cr ete ‘Kcr moog er For Mar Man lt (pe be end de Rigs Pats a eee 200), at aio fe cspagos de conta: unidade da forma arquiteténia (em ger das casas de um pavimento), passagens estas que sé permitem um nico sceso pedesue, possibildade de uma port ou pértico com indicagio do nome do lugar ou dos habianes, acesibilidade 20 pillico, mantendo simultancamente am estatuto peivado. Esse tipo de vila, antiga ou emergent, reencontase em numeross cidade: at palafts das cidades do litorl pacifico ealombiano (Tamaco ou Buenaventura) ~€ as puenes (ponte), microbaieros, de css ede passagens amoncoadas- at cindades da Cidade do Mésico, of contigs de Sio Palo, a zaljons de Lima, a rj, vies dvlha cidade xa de Taquio. Nexes dkms, nota Clai- re Gallia, “o limite entre 0 plea ¢ o privado nio € claro ¢ 0 ‘xpago da aparece simplesmenteprolongar o expago doméstico «que se enconta 20 és do chig”*Traa-se de uma das pincpais caracterisicas das avenidas de Salvador. CConsesta-c assim que nem todas. formas wibanasapresentam 25 smesmaspotencialdadesrlacinis factando lgumas masque ‘utes, ima apropriago do espaco pblco pelos habitances: No entanto, appr privacidad &o principio de ua for material sind que is ves meméria dessa génese se tena perdido. Com ‘én ear até ea forma inci fazendo, de cada ver, sua ise, descrevendo sew proceso para aprender, hoje, a possbilidades dle sua eativagio a partis de qualquer “mac” urbana ~ cidade popular desubisbio,conjunt de moran, airs renovados dos ‘enor da cidade... ou neh recicaas As avenidas dos baieros arta ini comps Gai Cand Vl np ‘a fp ap moa Lb is Hoe 208, + Catan 999,p 52 19 populares da Bahia sso marcadas por spropriages do spas, no sentido da personalizacso¢ ds familarizasio do expago comum réximoe de sua transformagio num epaco préprio. Ao mesmo ‘tempo, las permitem, por sua morfolgia, uma observaio em rede. por iso interesante tomar, resumidamente, & hstria 4s forma urbana no limite ene public eprvado. Em Sahador,avenida €0 nome ques di em principio, ao al nhamentos de pequenas cass geminadas. No centro histico da cidade, no sélo XIX, a8 avenidas erm os cotredores ds habit oes dependences sinnadas na parte erasers da cass asda que «davam detamente paraa rin. temo permancce em so pa designar as pequenas ras (para pedestes) de habitagio. Bevos, teavessas, itis on vil so Iongos corredores a cu aberto, de trina a cem metros de comprimento e doi tés metros de ar ‘gua, com chio de ters batida ou cimento,Algumasromaran-se Tongs escadas que descem as colnas encontrando-se com outras rus idénteas,seguindo-se tra ands, acabando por compo auravés dos anos, a paisagem labia das “invases", As habi- ‘agbes forma flea aperadas, de ambos o ados da condor: ‘casas com paredes de tera, de huas ou de tos Asavenidas, tl como so conhecidas hoje no bro Liberdade, de Salvador foram aberas ns quintals das casas que tm los para a ‘emt as anos 1940 1960, ou sj, durant os inensos Nuos de migragbes que chegavam da regio cicundante (0 Revco) pra Salvador capital do exado da Bahia, Em gra proper de uma casa com lo para a tua edo terreno stud parte de ‘ais da casa (ou 0 ocupante que se decarava propricéio) cei, ‘em toca de um aluguel aio dedarado, a partes deste quital teaser, mas quas os ocupantes construam asta habitagio, Fo- ram tiados, sim, espagos propos, designados como “invases", send unas de dimensio edusid (com ders quarentabaracas ‘no cso de uma avenida), outs muito mais amplas, como sio 2 “invass”ciadas mas recentemente na priferia de Sabador [Na Liberdade (que e pode qualificar como uma antiga “inva” ‘ornada hoje um baitro popular inamuses), es duplapritica de abandono/invasfoinscuiu-se, em certor casos, como uma ptica mramenteimobiliviss pesous do bro guardam ind a recordaio de algumas familias conhecidas por trem “aberto” ‘numero avenidas sobre antigosterenosvagos do baer entre ‘8 anos 1940 1960, Din-sea“avenida Unee” (nome do primeiroquea aria) “beco do Sabo” ou “do Vinage”(izendoalusto a antiga rica ate- sanais siundasnofundo das rua). Hi uma continuidad entre 1s expacas prvados (as casas ites), semipablicos (corredores, fandos entradas das avenidas)epiblicos (ras asftadase praca ‘enual dos sub-airos) ata rua principal do bairo da Libera. Do pontode vist “do urbanimo como modo de vids", deacordo «coma femula de Louis Wire, convém sublinhar a auséncia de fechamento socal desas vias, Nio é a configuragSo “de uma alia na cidade’, mas, antes, a de wma lentapasagem que leva, ppouco a pouco as laces fads locaizadas no universo do- méstico a relages que se alargam sobre outros espagos urbanos. Assim, os percursos dos habianes a cidade urgem mais como ‘momentos de relagdes soca. ne es, io lugares © Lagos (0 tipo de espago urbane representa mas avenidas da Baia, nas twcindades ds Cidade do México, nas pent rn Tamaco ou 908 -ij.ry Taio encarna bem aici “de um lugar antropolégcs", como Mare Augéo defini’ aio a tustraioda tansparéncia ener as dimenstes do individ, do socal edo local, imagem da aldsis mii ou do gueta mas um expaga de lage, de mena © de ‘denifcaso relatvamentecxabiizadas, Que das css Formas Possuam im nome expect na linguagensurbanas locas con- firma sua free peronaidade. Esa representa contrat com, aquest do anonimato da impexsolidad dos lugares. O ndolugar perceptive a pari da expeiéncia da passagem, do eifego ou da deambuliglo shana, e&earacteriado pels exensos da “sobre. ‘modernidade”: a conragio doespaco em esa planeta graas 20 desenvolvimento dot meios de transporte ede conmunieag, a retraio do tempo eds histria pla onipresenga das informagdes midiiticas a predomindncia do individuo como modelo deagio «de comuniagio, Pode-seaproximi-los dascarctersicas da “era ‘pés-utbana” evocada por Fangoise Choay, que sublinh, além do mais, que dade do urbanismo dominado plo principio da cltealagiocontesponde om da escala intermedia entre o in viduo eas megaestrururas* Nos no lugares urbanos, as priticas cdtadinas so esencialmene individuals tanto em sua acto como ‘em se alcance medio. O fim da cidade, que, de scorda com 7 Ra rts Seri de ep sd at i. Francoise Choay ria odesaparceimento da eal ntermesia, cow local seria, por conseguine, também o fim do sujcito, na ccpcio de um ator que tenha perdido qualquer posibiidade de gitsobre o futur social do mundo que o ceca masque Ihe fogs The exapae pelo qual, cada ver mals, ele apenas pasa. Cada um pase, corre, sents-e no cho ou fala sozinho ma indifrenga de todos 0s que com ele se cruzam. occ ee Tome paamos de near ourrecomo, deacrd com Be cee ceo ee oe Tam conto deinen mora qua fore densidad ae cultural de cers lugares, asim como afxagéo que sentimasascu respeto, vm de dimensdes que no dependem, dtetamente, das ‘truuras materials urbana. © sentido do lugar condiconado ‘suetamene pea exténcia deuma toca simbolca social da qual <0 seu suport.” Nese quadto,a questo sobre espaca fico ests hem presente, mas secunda ov, para str uma expres désica «mals precisa asimbalica do espago“€sobredetrminads” peta simbslic das rages sciis que af se localiza. Assim, 0 foco plas dvindades do cult afto-braleo, pode “ser Fxado sobre um now terreno, se neces, median divers procediments tus. Les faco ‘spor rs dele, as necessidades es esraégias do “‘powo de sano” ‘qu fro existiralguma porio de er, dvores,cimentoevelhas ‘como lugar sano, Poe seu lado os sstemasresdencisi familiares de hoje, nas grandes cidades africans, so 0 produto dirto das ‘cuatégia adapativs de reorganizagio dos laos failaes num ‘pag do fxn. De acordo com cats pesquiss, os lugares 530 ddensos no que se refre a0 sentido, socal ou simbelico, que os Jimpregna, mas no sto crisalizados em sua fxg espacial. A dslcalizaggo nio suprime as componentes de uma densidad social ou simbalicarelocaiivel, Ea needa de exabelecet em ‘aa relcalizagio, uma rego com o espace, retoma as avis de simboizaio, sobreudo ria os terres, ou Lene vial trans Por outro lado, sem nos afisatos muito dos mundas domestics, ‘observamos i mobildades espacas abertus de cass par tras “Tales dbava em eam nem um op fan damio ‘mam ope grap a omnia gon Joc Mer —14— casas «circuses de ctadinos em diego a outros cadinos. A vida reacional dens ikimos extends assim para outros lugares cidade, aosqusiso acess individuals faz aravessandoespagos, principalmente pico, endo © permanecendo alguns destes esconhecidos pura aque que circula.O gra de sociabilidade & muito vativel nos no lugares assim perccbidos nas stages de passage, tanto maisimpesous, com efit, quanto mas so tos para. passigem, como as estes, 0s aroportos ou as rodovis, simbolos materia das multdoessliteas.Aravessamos, ent, ‘os lugares ds ouros ou o lugares de ninguém? As reds de casas 0s sistemas residencias mestram a ariculado teal que existe entre certs ancoragensespag tempos de senidose de elas, cera mobilidade dos citadinese, no conjunc, wma fail de da cidade vivid, que vai alm do quadro doméstico apenas (Cada um ecada uma uaga os seus percusos familiares na cidade, ‘mais ou menos vases ¢ densa de acordo com as alomerasics¢ 0 ‘conhecimento que ele ou cla tem, mas sempre indspensivel para se poder simplesment, a vive. A possibildade de conceher a cidade fie spe uma clara conscitncia da dstingSo entre a cidade que se vé ou se acredita vera dos outros edo desconhecido~ ea cidade ques ive, que ‘se apropria de miltpls mane. Independentemente das formas materia que ca ¢chamada ater, dimes fie da cidade uma parte esencial da vida na cidade —e, por conseguint, da vide das cidades. Fel que permite a aneoragem social minima

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