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Article ECLÉTICA www.scielo.br/eq


Volume 35, número 3, 2010
Conclusions [7] K. K. Loboz , A. S. Gross , J. Ray, A. J. McLachlan, J.
Chromatogr. B, 823 (2005) 115.
química Artigo/Article

[8] K. I. Al-khamis, J. Liq. Chrom. Relat. Tech. 12 (1989)


Two useful methods for the determination
645.
of BUP have been developed and validated. The [9] D.H. Schroeder, M.L. Hinton, P.G. Smith, C.A. Nichol,
assay results demonstrate that it is possible to use R.M. Welch, Fed. Proc. Fed. Am. Soc. Exp. Biol. 37 (1978)
mercury(II) nitrate, which is stable enough and 691. BIORREMEDIAÇÃO DE SOLOS CONTAMINADOS POR
need no special precautions during storage or use, [10] T.A. Jennison, P. Brown, J. Crossett, F.M. Urry, J.
as a reagent for determination of BUP in authen- Anal. Toxicol. 19 (1995) 69. PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS
tic samples. The only titrimetric method curren- [11] D. Zhang, B. Yuan, M. Qiao, F. Li, J. Pharm. Biomed.
tly available [20] uses non aqueous medium. The Anal. 33 (2003) 287. Juliano de Almeida Andrade1, Fabio Augusto2 & Isabel Cristina Sales Fontes Jardim3
proposed titrimetric method is simple, rapid, free [12] R.F. Butz, D.H. Schroeder, R.M. Welch, N.B. Mehta, 1
Laboratório de Pesquisas em Cromatografia Líquida (LABCROM), Departamento de Química Analítica (DQA), Instituto de Química
A.P. Phillips, J.W.A. Findlay, J. Pharm. Exp. Ther. 217 (1981)
from critical experimental variables, uses aqueous (IQ), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Caixa Postal 6154, CEP 13084-971, Campinas, SP, Brasil. E-mail: jaa1000@
602. gmail.com.
medium and applicable over a wide range (2-20 [13] T.P. Rohrig, N.G. Ray, J. Anal. Toxicol. 16 (1992) 343. 2
Laboratório de Cromatografia Gasosa (LCG), DQA, IQ, UNICAMP.
mg). The spectrophotometric method is the first [14] T.B. Cooper, R.F. Suckow, A. Glassman, J. Pharm. Sci. 3
LABCROM, DQA, IQ, UNICAMP.
visible spectrophotometric method for determina- 73 (1984) 1104.
tion of BUP and it is free from the usual analytical [15] R.F. Suckow, M.F. Zhang, T.B. Cooper, Biomed.
complications like heating and extraction. Mo- Chromatogr. 11 (1997) 174.
reover, the methods are accurate, reproducible, [16] M. M. Schultz, E. T. Furlong, Anal. Chem. 80 (2008) Resumo: Em vista da eficiência comprovada da biorremediação na degradação de compostos
adequately sensitive and free from interference by 1756. tóxicos ao ser humano, como o benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos (BTEX), diversas em-
common additives and excipients. The wide appli- [17] C. Arellano, C. Philibert, C. Vachoux, J. Woodley, G. presas, principalmente as relacionadas com consultorias e remediação ambiental, têm desper-
Houin, J. Chromatogr. B, 829 (2005) 50. tado grandes interesses pela implantação da biorremediação como opção para a reabilitação de
cability of the new procedures for routine quality
[18] R. Coles, E. D. Kharasch, J. Chromatogr. B, 857 (2007) áreas contaminadas. Em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, Canadá e vários países
control is well established by the assay of BUP 67.
in pure form and in pharmaceutical preparations. da Europa, a técnica bioquímica de remediação vem sendo amplamente utilizada em trabalhos
[19] V. Borges , E.Yang , J. Dunn, J. Henion, J. Chromatogr.
que se baseiam, por exemplo, no tratamento de solos contaminados por hidrocarbonetos de
B, 804 (2004) 277.
[20] L. Delazzeri, Caderno de Farmácia, 21 (2005) 37.
petróleo. Porém, ao contrário do que se tem notado nesses países, no Brasil, os projetos de
[21] Q. Meiling1 , W. Peng , G. Yingshu , G. Junling1 and F. biorremediação ainda estão no campo da teoria, com poucos casos práticos, embora exista uma
Acknowledgements probabilidade real de expansão. A esse despeito, uma das maiores pertinências dessa revisão é
Ruonong1, J. Chin. Pharmaceut. Sci., 11(2002)16.
[22] L. Delazzeri, S.B. Borba, A.M. Bergold, Rev. Ciênc. elucidar as vantagens que essa técnica pode oferecer quando é utilizada para a degradação de
One of the authors (MASA) wishes to ex- Farm. Básica Apl., 26 (2005) 211. compostos, como os BTEX, em solos tipicamente brasileiros, cujas características físico-quí-
press his thanks to Thamar University, Republic of [23] R. T. Sane, M. Francis, S. Khedkar, A. Menezrs, A. micas contribuem, em muito, para a degradação desses contaminantes. Nessa conjuntura, pes-
Yemen for awarding research fellowship and two Moghe, P. Patil, Indian drugs, 40 (2003) 231. quisas revelam que os fatores ambientais (como teores de umidade e oxigênio) e a disponibili-
of the authors (MASA and KBV) thank the autho- [24] A.I. Vogel, A Text-Book of Quantitative Inorganic dade de nutrientes nos solos, além das condições climáticas do Brasil, são bastante adequadas
rities of the University of Mysore for permission Analysis, Longman Group Limited, London, 3rd edn., 1961,
para o emprego dessa técnica. Isso pode trazer como vantagens, ótima relação custo-benefício
and facilities to carryout the research work. p. 274.
[25] W. Kemula, A. Hulanicki, A. Janowski, Talanta 7 (1960)
e maior eficiência na degradação de compostos tóxicos e recalcitrantes frente à maioria das
65. técnicas convencionais de remediação. Em síntese, a presente revisão busca enfocar o estado
[26] C.H. Wilkinson, R. Cole, J. Hosp. Pharm. 26 (1969) 45. da arte das técnicas de biorremediação de contaminantes em solos, apresentando as mais atuais
References [27] D. Zhou, W. He, Yaoxue Jangbao 20 (1985) 662. e recentes aplicações e inovações, tanto no âmbito nacional quanto no internacional.
[28] K. Basavaiah and V. S. Charan, IL Farmaco 57 (2002) 9.
[29] Z. Malkova, J. Novak, Chem. Listy. 86 (1992) 464. Termos de indexação: biorremediação; degradação; contaminantes; hidrocarbonetos de petróleo – BTEX;
[1] The Merck Index: An Encyclopedia of Chemicals, Drugs,
and Biologicals, Merck & Co., Inc., Whitehouse Station, New
[30] R.A. Day Jr., A.L. Underwood, Quantitative Analysis, solos; tratamento de áreas contaminadas.
Prentice-Hall of India Private Ltd, New Delhi, 6th edn., 2005,
Jersey, USA, 14th edn., 2006, p. 246.
pp. 221. CONTAMINAÇÃO DE SOLOS POR PETRÓ- vados podem vir a ocorrer derramamentos aciden-
[2] D.H. Schroeder, J. Clin. Psychiatry 44 (1983) 79.
[3] S.G. Bryant, B.G. Guernsey, N.B. Ingrim, Clin. Pharm. 2
[31] F.E. Clarke, Anal. Chem. 22 (1950) 553. LEO E SEUS DERIVADOS tais ocasionando a contaminação de solos, rios,
[32] International Conference on Hormonisation of Technical etc. Tais ocorrências vêm motivando, principal-
(1983) 525.
Requirements for Registration of Pharmaceuticals for Human mente, a realização de pesquisas relacionadas com
[4] R.M. Lane, G.B. Baker, Cell. Mol. Neurobiol. 19 (1999) O mundo atual está cada vez mais depen-
Use, ICH Harmonised Tripartite Guideline, Validation a remediação de sítios contaminados (Aislabie et
355. dente do petróleo e de seus derivados para a ma-
of Analytical Procedures: Text and Methodology Q2(R
[5] H.G. Kinnell, Br. J. Clin. Pharmacol. 322 (2001) 431. nutenção de sua atividade industrial. Durante a al., 2004; Marín et al., 2006).
1), Complementary Guideline on Methodology dated 06
[6] A.J. Johnston, J. Ascher, R. Leadbetter, V.D. Schmith, exploração, o refino, o transporte e as operações O que se tem notado, nas duas últimas dé-
November 1996, incorporated in November 2005, London.
D.K. Patel, M. Durcan, B. Bentley, Drugs 62 (2002) 11. cadas, é que a poluição causada por petróleo e
[33] G. A. Shabir, J. Chromatogr. A, 987 (2003) 57. de armazenamento do petróleo e/ou de seus deri-

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seus derivados tem sido um dos principais pro- Principais contaminantes de petróleo e seus deri- Unidos, a Agência de Saúde e Segurança Ocupa- de tratamento existe uma correlação direta entre
blemas ao meio ambiente. Quando ocorre o der- vados em solos cional (National Institute for Occupational Safety o tempo requerido para a remediação da área e o
ramamento de gasolina em solos, por exemplo, and Health – NIOSH), bem como a Agência de custo total, como pode ser visto na Figura 1, que
uma das principais preocupações é a contamina- O petróleo é uma mistura complexa que Proteção Ambiental (Environmental Protection mostra a faixa de valor cobrado para a desconta-
ção das águas subterrâneas, que também podem contém vários compostos, sendo que os hidro- Agency – EPA) também incluem o benzeno em minação de um metro cúbico (m3) de solo, usando
contaminar, especialmente, os aquíferos que são carbonetos representam a fração majoritária. De suas listas de produtos cancerígenos (EPA, 2003a; diferentes técnicas de remediação.
usados como fontes de abastecimento de água acordo com a sua origem, as suas composições IARC, 2006; NIOSH, 2006). Daí, a importância
para o consumo humano (Custance et al., 1992). químicas e as suas propriedades físicas variam de considerável em monitorar esses contaminantes
Os frequentes derramamentos de petróleo e seus um campo petrolífero para outro. Devido, prin- em episódios de contaminações.
derivados registrados em solos brasileiros vêm cipalmente, à complexidade dessa mistura, nor- Em solos contaminados por petróleo e seus
motivando o desenvolvimento de novas técnicas malmente o tratamento de áreas contaminadas derivados, além dos BTEX, geralmente, outras
que visam, principalmente, a descontaminação por essas substâncias é bastante difícil e proble- classes de compostos também são alvos de aten-
dessas matrizes. Diante disso, diversas técnicas, mático. Em solos contaminados por petróleo e ção, como os hidrocarbonetos policíclicos aro-
físicas, químicas e biológicas, vêm sendo desen- seus derivados, alguns contaminantes se destacam máticos (HPA), os compostos orgânicos voláteis
volvidas para a remoção ou a degradação in-situ frente aos demais. Neste caso, de forma geral, os (COV) totais e os hidrocarbonetos totais de petró-
ou ex-situ de petróleo derramado e para a redução compostos de interesse que exigem maior preo- leo (HTP). Os compostos BTEX, HPA e HTP são
de seus efeitos sobre o ecossistema, especialmen- cupação ambiental e que, normalmente, são os escolhidos, principalmente, pela toxicidade, mo-
te os tóxicos. Dentre as técnicas desenvolvidas, a principais a serem identificados e quantificados bilidade e persistência no meio ambiente; os COV
“biorremediação” vem se destacando como uma antes e durante um processo de remediação, são: totais, por representarem o total de emissões ga-
alternativa viável e promissora para o tratamento benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos (isôme- sosas, como perdas por volatilização provenientes
de solos contaminados por petróleo e seus deriva- ros: orto-, meta- e para-xileno). Esses compostos, do derramamento. Assim, qualquer contaminação
dos (Bento et al., 2003; Dua et al., 2002; Rahman conhecidos também como BTEX, são definidos oriunda dessas fontes merece atenção, não apenas
et al., 2002). como hidrocarbonetos monoaromáticos, cujas es- pelo contato direto (como a inalação de vapores)
De modo geral, a biorremediação baseia- truturas moleculares possuem como característica desses compostos indevidamente dispostos no
-se na degradação bioquímica dos contaminantes principal a presença do anel benzênico. São usa- solo, mas também quanto à sua presença em águas
por meio da atividade de microorganismos pre- dos, principalmente, em solventes e em combustí- utilizadas para o consumo humano.
sentes ou adicionados no local de contaminação veis e são os constituintes mais solúveis na fração
(Bernoth et al., 2000). Neste caso, os tratamen- da gasolina.
tos são basicamente de dois tipos: 1) ex-situ (ou Compostos como os BTEX, constituem TIPOS DE TRATAMENTO DE SOLOS
off-site), realizado fora do local onde ocorreu a em um grande problema, não somente no Brasil,
contaminação e, por isso, é um tratamento que mas em todo o mundo. Esses compostos aromáti- O objetivo desse tópico é introduzir as téc-
requer a escavação e a remoção do solo conta- cos são tóxicos tanto ao meio ambiente como ao nicas de remediação mais empregadas atualmente
minado para outro local. A adoção deste procedi- ser humano, nos quais atuam como depressores no tratamento de solos contaminados por petróleo
mento pode resultar em um aumento considerável do sistema nervoso central e apresentam toxici- e seus derivados, que serão descritas brevemente,
do custo do processo, porém, não obstante a essa dade crônica mais significativa que os hidrocar- a seguir. Para isto, será exemplificada cada técni-
desvantagem, é possível controlar, com maior fa- bonetos alifáticos (também presentes no petróleo ca de remediação: química (oxidação química in-
cilidade, as condicionantes do meio (vide o item e derivados), mesmo em concentrações da ordem -situ), biológica (atenuação natural e biorremedia-
“Fatores que influenciam a biodegradabilidade de μg L-1 (Watts et al., 2000). O benzeno é re- ção) e física (extração de vapores no solo). Assim,
dos contaminantes”), que são consideradas os conhecidamente o composto mais tóxico dentre dentre as formas de tratamento existentes, com
fatores-chave utilizados no tratamento dos solos; os BTEX e, por isso, pode ser apontado como o base no objeto principal do presente artigo, so-
2) in-situ (ou on-site), tratamento feito no próprio agente mais preocupante no tocante à saúde públi- mente a biorremediação será descrita em detalhes.
local da contaminação. Normalmente, essa opção ca. Segundo a Agência Internacional de Pesquisa De modo geral, deve-se salientar que cada
de biorremediação torna o processo mais atrati- de Câncer (International Agency for Research on técnica de tratamento é dependente de vários fa-
vo e economicamente viável, quando comparado Câncer – IARC), órgão da Organização Mundial tores, a saber: 1) condições físicas, químicas e
ao tratamento citado anteriormente. Além disso, da Saúde, o benzeno se classifica no Grupo I, ou biológicas do local contaminado; 2) concentração
o tratamento in-situ, normalmente, acarreta em seja, é uma substância comprovadamente cance- do contaminante e; 3) tempo requerido para a de-
menores impactos ambientais advindos da reme- rígena e que também pode causar leucemia em gradação ou a remoção do composto alvo, confor-
diação da área contaminada (Nano et al., 2003). seres humanos. Assim como a IARC, nos Estados me a técnica empregada. Em todos os processos

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Tipo de tratamento de solo nea (como o gradiente hidráulico, a velocidade e relação aos demais oxidantes, como reatividade
o tipo de recarga) e dos contaminantes que estão elevada, custos baixos e facilidades no manuseio
sendo despejados. Em áreas altamente contami- e na aplicação.
nadas a oxidação química pode ser uma etapa de Adicionalmente, em pesquisas voltadas
pré-tratamento que promove melhores condições para a otimização do reagente de Fenton na re-
Incineração para o emprego de outras técnicas, como os tra- mediação de matrizes contaminadas por hidrocar-
tamentos biológicos. Destes, fazem parte a bior- bonetos de petróleo, Andrade (2005) demonstra
remediação e a atenuação natural monitorada ou que é possível aumentar a eficiência desse rea-
Aterro acelerada, que geralmente são técnicas menos gente na degradação de BTEX utilizando agentes
onerosas que as químicas (EPA, 2001a e 2004a). complexantes no meio reacional. Este processo
Dentre os processos químicos emergentes foi denominado pelo autor de reagente de Fen-
para o tratamento de solos, os processos oxida- ton modificado (RFM). A partir desses estudos,
Lavagem tivos avançados (POA) destacam-se como uma desenvolveu-se um reagente registrado como
alternativa promissora, pois, envolvem a geração FENTOX® (patente de invenção PI-0501652-5),
de espécies químicas radicalares e altamente oxi- que apresenta cinética de reação bastante elevada
dantes, como o radical hidroxila (OH•). Esses ra- na degradação de contaminantes orgânicos, como
Biorremediação in-situ dicais são capazes de destruírem ou hidrolisarem, os BTEX. Segundo o autor, a adição de comple-
em curto período de tempo, contaminantes consi- xantes permite que a degradação de compostos
derados de difícil degradação, como os hidrocar- recalcitrantes, mediada pelo RFM, seja facilita-
bonetos de petróleo. Os POA, em função de suas da e acelerada. Além disso, o processo traz como
eficiências comprovadas na degradação de conta- principal vantagem frente ao reagente de Fenton
0 820 1640 2460 minantes de petróleo e seus derivados, represen- convencional, a possibilidade de trabalhar em
tam, atualmente, uma alternativa importante para matrizes ambientais sem que seja necessário o
Custo do tratamento por m3 de solo (dólar) a mitigação de problemas ambientais (Andrade, condicionamento adequado do local, previamente
2005). Dentre as técnicas químicas relacionadas à aplicação dos reagentes. Ressalta-se que, para
Figura 1. Comparação entre os custos do tratamento de solos empregando diferentes técnicas de remediação com os POA, as mais utilizadas são: reagente de que o reagente de Fenton convencional tenha efi-
(modificado de EPA) Fenton (H2O2/Fe2+/H+), persulfato (S2O82-), per- ciência máxima é necessário ajustar o valor de pH
A análise da Figura 1 permite observar que Oxidação química in-situ manganato (MnO4-), ozônio (O3/UV; O3/H2O2/UV; para valores próximos a 3,0 (Andrade, 2005).
a biorremediação é a técnica que apresenta o cus- O3/-OH; O3/H2O2), H2O2/UV e fotocatálise hetero-
to de tratamento mais baixo quando comparado A oxidação química in-situ, consiste na in- gênea (TiO2/UV).
às demais. A incineração caracteriza-se por apre- jeção de produtos químicos reativos diretamente O regente de Fenton destaca-se frente aos Atenuação natural
sentar custos maiores relacionados ao tratamen- no local contaminado, com o objetivo de degra- demais POA, por ser capaz de gerar o radical OH•
to de solos e, consequentemente, à inviabilidade dar rapidamente os contaminantes por meio de mesmo na ausência de luz, ao contrário dos pro-
O termo “atenuação natural” tem sido em-
do processo, dependendo do volume de solo a ser reações químicas que promovem a oxidação ou cessos que utilizam a radiação ultravioleta para
pregado para descrever a remediação passiva de
tratado. Utilizando a incineração como opção de a redução das espécies de interesse presentes em catalisar a reação. Além dessa vantagem, esse pro-
solo que envolve a ocorrência de diversos proces-
tratamento, dependendo do tipo de composto a ser uma determinada área. Também conhecido como cesso, em função da sua natureza homogênea, é de
sos, de origens naturais, como a biodegradação,
destruído, o custo total do processo pode chegar, ISCO (In-Situ Chemical Oxidation), segundo Bro- fácil implementação, mesmo para a remediação
a volatilização, a dispersão, a diluição e a adsor-
aproximadamente, em 2.665 dólares para cada m3 wn (2003), esse processo é mais frequentemente de matrizes complexas, como os solos e as águas
ção, promovidos na subsuperfície. Dentre estes,
de solo tratado. Salienta-se, porém, que aqui o ob- empregado em locais contendo concentrações subterrâneas (Andrade, 2005). No caso particular
somente a biodegradação, facilitada por microor-
jetivo não é desprezar e nem desmerecer uma téc- elevadas do contaminante, geralmente, presentes da remediação de solos, a presença de espécies de
ganismos, destrói fisicamente os contaminantes de
nica ou outra e, sim, elucidar algumas vantagens na fonte e na “pluma” de contaminação. A pluma ferro de origem natural, encontradas na maioria
interesse. Os demais processos citados envolvem,
apresentadas na utilização da biorremediação. é definida como o local onde estão distribuídos desses compartimentos ambientais, permite a uti-
basicamente, a transferência dos contaminantes
Sendo que esta, assim como qualquer outra técni- os contaminantes, normalmente lançados a partir lização do reagente de Fenton apenas por adição
de um local para outro ou a retenção do contami-
ca, traz diversas vantagens e limitações. Por isso, de uma fonte pontual. A extensão e a expansão do agente oxidante no sistema (Peralta-Zamora &
nante, no caso do processo de sorção. A principal
sugere-se que cada caso seja analisado criteriosa da pluma, normalmente, é prevista com o auxí- Tiburtius, 2004). Neste caso, dentre os oxidantes
vantagem do processo de atenuação natural é que,
e individualmente, principalmente, quando tratar lio de modelos teóricos e cálculos matemáticos, disponíveis (ozônio, peróxidos de hidrogênio e de
mesmo sem o acréscimo de nutrientes no solo ou
da tomada de decisão para a escolha da técnica de cujos dados são obtidos após a caracterização do cálcio, persulfato de sódio, permanganatos de só-
a adequação de qualquer condição ambiental, a re-
remediação a ser empregada. solo (como a permeabilidade), da água subterrâ- dio e de potássio), o mais empregado é o peróxido
dução do contaminante pode acontecer de maneira
de hidrogênio, que apresenta alguns benefícios em

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eficiente e contínua. Isso ocorre devido, principal- gradáveis, nas condições naturais do meio. Esta minado irá passar. Esta condição geralmente limi- minuem a eficiência do sistema de extração. O
mente, ao processo de adaptação natural da mi- alternativa baseia-se na capacidade de atenuação ta o emprego da SVE na “zona vadosa” (o mesmo fato de o processo envolver fluxo contínuo de ar
crobiota nativa existente no solo impactado. Nes- natural de contaminantes, no solo e nas águas que zona não-saturada). Em alguns casos, para no solo ocasiona, como vantagem, a possibilidade
te caso, esses microorganismos passam a utilizar subterrâneas, a qual, em geral, ocorre durante um melhorar a eficiência dessa técnica, a água sub- de promover e estimular a biodegradação in-situ
em seus metabolismos os compostos orgânicos longo período de tempo, no qual não devem ocor- terrânea é bombeada para abaixar o nível d’água dos compostos de baixa volatilidade, que possam
poluentes como fontes de carbono, provocando, rer riscos à saúde pública, ao meio ambiente e aos (N.A.) e, consequentemente, aumentar a área da estar presentes no local. A limitação do sistema
então, a redução das concentrações dessas subs- demais bens a proteger. A adoção da técnica deve zona não-saturada, permitindo a aplicação da SVE de SVE é que ele se baseia fundamentalmente na
tâncias ao longo do tempo (Robb & Moyer, 2001). ser precedida de um estudo criterioso que inclua em áreas classificadas anteriormente como “zona aplicação de fluxos de ar, o que o condiciona em
Além disso, o solo contaminado está sujeito aos a previsão da evolução das plumas de contami- saturada” (zona que pode ser constituída por dife- três fatores específicos: volatilidade do contami-
processos intempéricos de origem natural, nos nação, a metodologia de avaliação de risco e o rentes níveis ou camadas de solo ou formações ro- nante; ausência de ar em ambientes saturados com
quais, não somente os processos biológicos (como monitoramento durante o período necessário para chosas, onde todos os espaços porosos ou faturas água e permeabilidade do solo. Normalmente,
o processo descrito anteriormente), mas também que se atinjam as metas de remediação desejáveis. existentes estão completamente preenchidos por a SVE não irá funcionar bem em solos de baixa
os físicos e químicos, como a “lixiviação” (pro- Apesar disso, considerando principalmente o tem- água. O limite superior dessa zona é designado permeabilidade, como aqueles siltosos e argilosos
cesso através do qual ocorre o arraste vertical, po necessário para a reabilitação da área, a ANM como o nível freático). A segunda condição, é que com baixa porosidade, ou em camadas muito sa-
pela infiltração da água, de partículas, dissolvidas pode ser onerosa, gerando custos significativos, os contaminantes devem ser capazes de se transfe- turadas, como a franja capilar ou logo abaixo do
ou em suspensão, da superfície do solo para as ca- caso a atenuação se estenda por um longo período rirem de outras fases (sólida, aquosa ou orgânica) nível d’água. Entretanto, a ampliação das taxas de
madas mais profundas) e a volatilização, podem de tempo. Casos como este, comumente, exigem para a fase gasosa, sob a aplicação de vácuo. Este vácuo aplicado com bombas especiais mostrou-
estar envolvidos na redução da concentração do o tratamento in-situ ou ex-situ do solo impactado requerimento limita a SVE ao tratamento de com- -se efetiva em alguns solos de baixa permeabi-
poluente no solo. (EPA, 2004b). postos voláteis ou semivoláteis, que constituem a lidade (CETESB, 2004). Mesmo assim, a maior
A utilização desse processo, como opção maior parte dos contaminantes orgânicos de inte- desvantagem dos tratamentos físicos é que estes
principal de remediação, requer algumas ressal- resse, como os BTEX. processos não são de caráter destrutivo e, sim, de
vas, haja vista que as condições do meio, inclu- Extração de vapores no solo (SVE) Em suma, no tocante às extrações dos con- transferência de massa, que apenas promovem a
sive o tipo e a concentração dos contaminantes, taminantes por SVE, duas técnicas são utilizadas: transferência dos contaminantes de um local para
podem não contribuir para a redução de substân- uma denominada “vertical” e outra “horizontal”. outro, sem que haja a destruição dos mesmos (Di-
A extração de vapores no solo, também co-
cias tóxicas e recalcitrantes e, consequentemente, No primeiro caso, os gases são extraídos a par- Giulio & Varadhan, 2001; EPA, 2004c).
nhecida como SVE (Soil Vapor Extraction), é uma
aumentam os riscos de contaminação de pessoas e tir de pontos específicos construídos (perfurados)
técnica de remediação comumente empregada no
animais. Por esses motivos, o emprego da atenua- sobre a pluma de contaminação. Normalmente,
tratamento de solos contaminados, porém, deve-
ção natural é permitido e até recomendado, desde o processo é eficiente em profundidades maiores BIORREMEDIAÇÃO DE SOLOS
-se ressaltar que essa técnica é aplicada somente
que sejam respeitados os resultados obtidos em que um metro abaixo da superfície do solo. A se-
à “zona não-saturada” (zona que se situa imedia-
estudos preliminares sobre a avaliação de risco gunda técnica, extração horizontal, na maioria das
tamente abaixo da superfície topográfica e acima A biorremediação envolve a utilização de
da exposição da população, elaborada dentro de vezes, dependendo da geometria da pluma de con-
do nível freático, onde os espaços entre as par- microorganismos, de ocorrência natural (nativos)
um cenário real para o uso futuro da área. Nor- taminação, na maioria das vezes, é instalada em
tículas estão parcialmente preenchidos por gases, ou cultivados, para degradar ou imobilizar conta-
malmente, processos de atenuação natural costu- conjunto com a vertical, cuja finalidade é melho-
essencialmente ar atmosférico e vapor de água, e minantes em águas subterrâneas e em solos. Neste
mam durar de meses a anos. Por isso, o tempo e rar a eficiência da extração e evitar que os gases
por água. A água contida nessa zona encontra-se caso, geralmente, os microorganismos utilizados
a porcentagem de degradação dos contaminantes contaminantes sejam lançados na atmosfera, antes
à pressão atmosférica, podendo ser utilizada pelas são bactérias, fungos filamentosos e leveduras.
podem ser muito lentos e até imprevisíveis. É jus- de tratamento adequado. Os poços de extração de
raízes das plantas ou contribuir para o aumento Destes, as bactérias são as mais empregadas e, por
tamente por essa consideração, que, na maioria vapor devem ser dispostos de forma que as suas
das reservas de água subterrânea). De modo geral, conseguinte, são consideradas como o elemento
dos casos, é necessário que esse processo de trata- zonas de influência (geralmente determinadas em
a SVE baseia-se na aplicação de vácuo em pon- principal em trabalhos que envolvem a biode-
mento seja monitorado rigorosa e periodicamente. teste piloto) se interceptem e devem ser adequa-
tos estratégicos do solo, a fim de induzir o fluxo gradação de contaminantes. São definidas como
Este processo, denominado de “atenuação natural damente projetados e instalados, para evitar zonas
controlado de ar e, então, remover os contaminan- qualquer classe de microorganismos unicelulares,
monitorada” (ANM), é um dos mais utilizados nos potenciais de estagnação (áreas impactadas onde
tes presentes no solo, sobretudo, nas regiões da geralmente agregados em colônias, que vivem em
EUA para a redução do impacto ambiental cau- o ar não é removido pelos poços de extração).
subsuperfície. Nessa técnica, os gases extraídos compartimentos ambientais diversos. São impor-
sado por contaminações de solos com compostos A técnica SVE é aplicada somente para os
devem, obrigatoriamente, passar por etapas de tantes, em função de seus efeitos bioquímicos e
orgânicos. compostos orgânicos voláteis que apresentam o
tratamento de vapores, antes de serem lançados por destruírem ou transformarem os contaminan-
Devido aos custos elevados envolvidos valor da constante de Henry maior que 0,01 ou
para a atmosfera. tes potencialmente perigosos em compostos me-
na remediação de áreas contaminadas, a atenua- a pressão de vapor maior que 0,5 mm de Hg. Ou-
Há duas condições-chave requeridas para o nos danosos ao ser humano e ao meio ambiente
ção natural com monitoramento tem sido adotada tros fatores, como a umidade e a quantidade de
emprego de SVE. A primeira, é que o solo deve (NRC, 1993).
como uma possibilidade de intervenção em locais matéria orgânica, afetam consideravelmente a
conter uma fase gasosa, através da qual o ar conta-
contaminados por substâncias orgânicas biode- permeabilidade do solo e, por consequência, di-

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No que diz respeito aos tipos de utilização da técnica, quanto ao local de tratamento, a biorre- (reação de desnitrificação), manganês, ferro, sul- em alguns inconvenientes, como alterações do po-
mediação in-situ é a mais empregada no mundo. Porém, independente do local de aplicação, a biorre- fato e dióxido de carbono, sendo este, convertido tencial redox (Eh) da matriz estudada, o que pode
mediação, assim como as demais técnicas químicas de degradação, tem como objetivo principal a mi- em ácidos orgânicos para gerar o metano (Aelion provocar a solubilização indesejável de metais e,
neralização completa dos contaminantes, ou seja, transformá-los em produtos com pouca ou nenhuma & Bradley, 1991). consequentemente, a contaminação do local por
toxicidade (inócuos), como CO2 e água. Em suma, os microorganismos metabolizam as substâncias A “biorremediação anaeróbica”, que requer estas espécies (Nakagawa & Andréa, 2006).
orgânicas, das quais se obtêm nutrientes e energia. Sendo que, para que isso ocorra, os microorganismos um meio redutor, ocorre pela ação de espécies do- A “biorremediação co-metabólica” é aque-
devem estar ativos para desempenharem a sua tarefa de biodegradação. Um esquema geral e simplifica- adoras de elétrons, responsáveis pela degradação, la na qual a degradação ocorre pela ação de enzi-
do da ação de microorganismos em processos de biorremediação é mostrado na Figura 2 (EPA, 2001b). principalmente, dos poluentes halogênicos. Trata- mas produzidas por microorganismos para outros
-se do fenômeno pelo qual os microorganismos, fins. É uma técnica praticamente idêntica às ante-
Legenda: ao metabolizarem fontes alternativas de carbono riores, sendo que, do ponto de vista bioquímico,
1- Microorganismo (que não sejam os contaminantes de interesse), rege o princípio das reações de óxido-redução. No
2- Contaminante (como petróleo ou outro composto orgânico) liberam compostos inorgânicos hidrogenados, caso específico do co-metabolismo, caso não haja
hidretos (H-), que reagem com as moléculas do o substrato principal, ou seja, fontes preferenciais
contaminante e substituem um átomo de cloro de carbono, a degradação mediada pelos microor-
1 (hidrogenólise) ou removem simultaneamente ganismos não ocorre para um dado componente,
1 dois átomos de cloro adjacentes originando uma definido como “contaminante co-metabolizado”.
2
2
ligação dupla entre os átomos de carbono. A bior- Por outro lado, neste caso específico, na presen-
2
remediação anaeróbica in-situ é ideal para ser ça de uma fonte de carbono, a metabolização do
1 utilizada em locais contaminados por compostos substrato primário poderá gerar enzimas capazes
1
2 1 organoclorados, como o percloroetileno (PCE), de atuar na degradação do contaminante de inte-
uma vez que a fonte de carbono estimula nas resse (Garnier et al., 2000).
bactérias a reação denominada halorespiração ou Não obstante, em poucos casos as condi-
Microorganismo Microorganismo digere o Microorganismo haloeliminação. Embora esse princípio, também ções naturais do local contaminado fornecem to-
metaboliza o contaminante e o converte libera CO2 e H2O no denominado de descloração redutiva, seja aparen- das as substâncias essenciais, em quantidades su-
contaminante em gases inócuos (CO2) e local de tratamento temente simples, a dificuldade da técnica está em ficientes, para que a biorremediação possa ocorrer
orgânico em água (H2O) criar um modelo ideal de fonte de carbono para sem a intervenção humana. Esse processo natural
um determinado microorganismo. Esta fonte de também é conhecido como “biorremediação in-
carbono deve conter compostos que sejam pre- trínseca” e é utilizada, com sucesso, em alguns
Modificado de EPA ferencialmente e facilmente metabolizados pelos trabalhos (Borole et al. 1997; Chen et al., 2006;
microorganismos na presença dos contaminantes Troquest et al., 2003). Todavia, mesmo quando o
Figura 2. Esquema simplificado da ação de microorganismos em processos de biorremediação (EPA, 2001b) (Acton & Barker, 1992). Apesar do tratamen- meio é totalmente acondicionado ao cultivo dos
to anaeróbico ser menos comum que o aeróbico, microorganismos, a biodegradação pode ser afe-
Genericamente, os microorganismos na- o contaminante alvo. Além desse dois processos, existe atualmente uma tendência de se promover a tada, principalmente, devido à capacidade intrín-
tivos da subsuperfície podem desenvolver a ca- a biorremediação também pode ocorrer de forma biorremediação anaeróbica, utilizando como fon- seca de cada microorganismo de metabolizar uma
pacidade de degradar contaminantes após longo co-metabólica (Vidali, 2001). tes de carbono, melaço de cana, ácido lático, pro- substância qualquer. Por exemplo, de acordo com
período de exposição. Normalmente, estes seres Na “biorremediação aeróbica”, que requer teínas do leite e metanol. Considerando o melaço Embar et al. (2006), alguns microorganismos so-
microscópicos se adaptam em baixas concentra- um meio oxidante, o oxigênio atua como receptor de cana (caso incipiente brasileiro, subproduto da brevivem em condições ambientais extremamente
ções de contaminantes e se localizam nas regi- de elétrons e os contaminantes são utilizados pe- indústria sucroalcooleira), é importante ressaltar a adversas. Adicionalmente, pesquisas comprovam
ões externas à pluma de contaminação e, muito los microorganismos como fontes de carbono (do- necessidade de estudos mais avançados e detalha- que diferentes microorganismos podem degradar
dificilmente, estarão presentes na fase livre (fase ador de elétrons), necessárias para manter as suas dos, envolvendo, principalmente, a ocorrência de diferentes substâncias, dentre estas, substâncias
orgânica concentrada). Os compostos orgânicos funções metabólicas, incluindo o crescimento e diferentes tipos de fermentações. Normalmente, recalcitrantes, como os hidrocarbonetos de pe-
são metabolizados por fermentação, respiração a reprodução. Por exemplo, os compostos BTEX têm-se observado que determinados processos de tróleo. Em alguns casos, certos microorganismos
ou co-metabolismo (CETESB, 2004). Portanto, cumprem essa função como doadores de elétrons, fermentações podem aumentar consideravelmen- são mais especializados em degradarem contami-
o processo de biorremediação pode ser aeróbico caso haja receptores suficientes (oxigênio dissol- te os riscos operacionais. Isto ocorre, especial- nantes específicos. Por exemplo, para uma mes-
ou anaeróbico, requerendo oxigênio ou hidrogê- vido) para que a reação ocorra. Quando o oxigê- mente, em virtude da metanogênese (etapa final ma classe de substâncias, como os compostos
nio, respectivamente. Na maioria dos locais, a nio é totalmente consumido, os microorganismos no processo global da degradação anaeróbica de organoclorados, alguns microorganismos podem
subsuperfície é carente dessas espécies (oxigênio passam a utilizar outros receptores naturais de elé- compostos orgânicos, efetuada pelas Archaebac- degradar contaminantes como o dicloroetano e o
ou hidrogênio), o que impede os microorganismos trons disponíveis no solo, sendo que esse consumo terias metanogênicas, tendo como subprodutos o cloreto de vinila, porém, no mesmo local não con-
de se reproduzirem e degradarem completamente ocorre na seguinte ordem de preferência: nitrato metano e o dióxido de carbono), que pode resultar seguem degradar o tricloroetano. Contudo, pes-

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quisas sugerem que devido à elevada diversidade dos microorganismos e B) as condições físicas e
de compostos em solos contaminados por petróleo químicas do sítio contaminado (como pH, umi-
e derivados, estudos preliminares à biorremedia- dade, temperatura, salinidade, teor de oxigênio
ção são de suma importância para o tratamento e quantidade de nutrientes). Os nutrientes, que
dessas matrizes ambientais (Embar et al., 2006). geralmente são representados por nitrogênio, fós-
Salienta-se que, a princípio, o fator crítico para foro e potássio (NPK), durante a biorremediação,
definir se a biorremediação é a técnica mais apro- normalmente são utilizados na forma de nitrato
priada para o tratamento do local contaminado é de amônio (NH4NO3), di-hidrogeno fosfato de
a biodegradabilidade do contaminante. Por isso, potássio (KH2PO4) e nitrato de potássio (KNO3),
o estudo detalhado de cada parâmetro que afeta respectivamente (Betancur-Galvis et al., 2006).
a biodegradação deve ser feito cautelosamente Além das condições citadas, é de extrema impor-
pelos responsáveis do projeto de remediação. O tância o conhecimento prévio do teor de matéria
item a seguir descreve a influência desses fatores orgânica, o qual pode ser expresso pela quantida-
na biorremediação. de de carbono orgânico total no meio.
Adicionalmente, Hutchinson et al. (2003)
constataram que o fator principal que influencia
Fatores que influenciam a biodegradabilidade na biorremediação de solos contaminados por hi-
dos contaminantes e a problemática da contami- drocarbonetos de petróleo é a atividade microbio-
nação de solos por petróleo lógica. Neste caso, Alexander (1977) discutiu, em
detalhes, os efeitos desses fatores sobre os micro-
organismos. Para estes pesquisadores, a atividade
Embora vários contaminantes podem ser
e a população microbial estão fortemente associa-
metabolizados por microorganismos, alguns são
das com os conteúdos de água e de nutriente nos
mais facilmente biodegradados do que outros. No Figura 3. Variação da atividade biológica com a mudança do pH dos solos (modificado de Tate, 1995)
solos, com as espécies de plantas e com os tipos
caso dos hidrocarbonetos de petróleo, por exem-
de contaminantes. Além disso, a atividade micro- No tocante ao valor do pH, como mostra a bonetos de petróleo seja, na maioria das vezes,
plo, muitas áreas contaminadas possuem uma
biológica é afetada, sobretudo, pelo valor do pH Figura 3, observa-se que a faixa ideal de pH para realizada por bactérias, pesquisas mostram que
mistura complexa de compostos orgânicos, sen-
(Figura 3) e pela temperatura (Figura 4) dos solos que os microorganismos tenham atividade má- a utilização de fungos é uma opção considerada
do que a maioria destas substâncias, certamente,
(Tate, 1995). xima é entre 6,5 e 8,5. De modo similar, Vidali bastante viável. Esses microorganismos têm sido
não é metabolizada na mesma velocidade. Em vez
disso, as taxas de degradação dos diversos com- (2001) também sugere que o valor do pH do meio mais eficientes que as bactérias para agirem em
postos que são metabolizados são diferentes e reacional deva ser mantido próximo da neutralida- condições ambientais adversas, como em valores
dependentes de vários fatores. Em especial, a ve- de, no qual há o predomínio de bactérias e de fun- extremos de pH (menor que 5 e maior que 10), em
locidade de degradação é comumente depende da gos no local contaminado. Por outro lado, quando concentrações limitadas de nutrientes e em solos
concentração do contaminante e da quantidade de há diminuição do valor do pH, por exemplo, em com teores reduzidos de umidade (Vidali, 2001).
espécies catalisadoras, como as enzimas geradas função dos subprodutos ácidos gerados durante
on-site pelos microorganismos. Nesse contexto, a a biorremediação, sugere-se que se faça imedia-
quantidade de catalisador presente, de certa for- tamente a correção do pH do solo, caso contrá-
ma, representa o número de microorganismos há- rio, a eficiência do processo poderá ser diminuída
beis em metabolizar o contaminante, bem como a consideravelmente. Normalmente, essa correção é
quantidade de enzimas produzidas por cada célu- feita por meio de “calagem”, processo através do
la. Então, qualquer fator que afeta a concentração qual se aplica calcário ao solo, objetivando neu-
do contaminante, o número de microorganismos tralizar a acidez e, então, propiciar condições para
presentes ou a quantidade de enzimas específicas, o desenvolvimento de plantas e de microorganis-
pode aumentar ou diminuir a velocidade da biode- mos. Salienta-se, porém, que nos solos ácidos o
gradação do contaminante. desenvolvimento dos microorganismos é bastante
Em suma, as medidas corretivas a serem reduzido, principalmente das bactérias fixadoras
adotadas em quaisquer projetos que envolvam a do nitrogênio atmosférico, além de tornar o fósfo-
biorremediação dependem de vários fatores, den- ro de difícil aproveitamento pelos vegetais. Nesta
tre eles, pode-se citar: A) os tipos e as quantidades situação, embora a biodegradação de hidrocar-

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1 mg L-1, geralmente, são ótimos para a atividade relataram sobre estas e outras propriedades para
microbiológica (Morgan & Watkinson 1989). os HPA estudados.
Portanto, conforme aventado na presente Nesse contexto, a utilização de um agen-
revisão, observa-se que os solos possuem, natu- te tensoativo pode minimizar essas dificuldades e
ralmente, diversos microorganismos com ativi- aumentar a eficiência da biorremediação, haja vis-
dades metabólicas variadas e que são capazes de ta que os problemas relativos à baixa solubilidade
degradar eficientemente diferentes contaminantes, em água, elevada adsorção e baixa transferência
como o petróleo e seus derivados. Contudo, em dos hidrocarbonetos para a fase aquosa, são mi-
alguns casos, a contaminação de solos por estas nimizados. De acordo com Ou (2000), de fato, a
substâncias tem se tornado uma problemática maior eficiência na biorremediação de solos con-
mundial, principalmente, devido à dificuldade de taminados com hidrocarbonetos de petróleo pode
reabilitar a área contaminada. Estes problemas ser alcançada empregando-se surfactantes. Estes
têm ocorrido, pois uma das principais dificuldades compostos diminuem a tensão superficial entre a
envolvendo a descontaminação dessas matrizes fase aquosa (na qual normalmente ocorre a degra-
está relacionada, entre outros fatores, à presença dação do contaminante) e a fase orgânica (na qual
de materiais argilominerais. Estes argilominerais, o contaminante se encontra inicialmente presen-
quando presentes em quantidades elevadas no solo te), favorecem a dessorção e, consequentemente,
contaminado, podem reduzir consideravelmente a aumentam a solubilidade dos contaminantes. Os
eficiência do processo de biorremediação. Sabe-se surfactantes, como o dodecil sulfato de sódio, são
que os solos argilosos, de modo geral, apresentam capazes de emulsificar e aumentar a solubilidade
baixa permeabilidade, o que pode comprometer dos contaminantes hidrofóbicos, tornando-os mais
significativamente tanto a difusão de oxigênio, que acessíveis aos microorganismos (CLU-IN, 2006).
é o elemento fundamental ao processo aeróbico de Contudo, conclui-se que a degradação bio-
degradação, bem como a incorporação de nutrien- lógica de compostos orgânicos é alcançada com
tes. É evidente que a estrutura dos solos também eficiência somente em condições naturais favo-
exerce influências significativas sobre as caracte- ráveis, que proporcionem interações otimizadas
rísticas físico-químicas. Dependendo da estrutura, entre o microorganismo e o solo, entre o micro-
Figura 4. Resposta típica de uma população de bactérias mesofílicas em função da variação da temperatura mesmo que os solos sejam argilosos, eles podem organismo e o contaminante, assim como a re-
dos solos (modificado de Tate, 1995) ter permeabilidades elevadas. Os latossolos argi- lação mútua dos microorganismos entre si. Por
A análise da Figura 4 mostra que a faixa de Abaixo de 50 cm, a variação da temperatura dos losos, por exemplo, que ocupam extensas áreas no exemplo, Coulon & Delille (2006) e Hawrot &
temperatura ideal para os microorganismos meta- solos é pouco significativa. Brasil, apresentam comumente estrutura granular Nowak (2006) investigaram que as propriedades
bolizarem os contaminantes com eficiência ótima Por outro lado, a presença da vegetação e, desta forma, elevada permeabilidade. físicas, químicas e microbiológicas do solo e as
está entre 25 e 30 oC, na qual se encontra a tem- sobre a área contaminada também afeta muitos Além da presença de argilominerais, mui- condições climáticas, podem alterar a taxa de bio-
peratura média da maior parte dos solos do Brasil atributos físicos dos solos, incluindo estrutura, tos compostos orgânicos apresentam como carac- degradação de poluentes em solos contaminados,
contendo áreas degradadas por contaminação de porosidade, condutividade hidráulica e taxa de terísticas físico-químicas, baixa solubilidade em por exemplo, com óleo diesel. Neste caso, podem
hidrocarbonetos do petróleo (Tate, 1995). Ana- infiltração. Esses atributos, em geral, influenciam água, elevada afinidade pela matéria orgânica do ser empregados nutrientes, como o nitrogênio, o
logamente, estudos realizados pela EPA (1995) positivamente a atividade microbiológica por re- solo, como os ácidos húmico e fúlvico e, conse- fósforo e o potássio, além de procedimentos para
constatam que a atividade microbiana é bastante gular o transporte requerido de água e de nutrien- quentemente, baixa taxa de transferência de po- a correção de umidade e o controle da aeração
comprometida em temperaturas abaixo de 10 °C tes através do perfil dos solos e por controlar a luentes da fase sólida para a aquosa. Sendo assim, para acelerar os processos de biorremediação. A
e acima de 45 °C. Esta é uma excelente carac- aeração da zona vadosa. Além do mais, a biorre- devido principalmente às características hidrofó- Figura 5 mostra o esquema típico de um projeto
terística para a utilização de biorremediação em mediação de hidrocarbonetos de petróleo é assis- bicas, esses contaminantes tendem a se adsorve- envolvendo a aplicação in-situ da biorremediação
solos tipicamente brasileiros e, portanto, reforça tida por microorganismos, que, em geral, depen- rem nos colóides do solo dificultando a ação de (EPA, 2003b).
a probabilidade da implantação dessa técnica em dem fortemente das quantidades de umidade e de microorganismos e, por conseguinte, inviabilizan-
números maiores de locais contaminados. Além oxigênio adequadas. As propriedades físicas dos do a técnica de biorremediação. Portanto, outra
disso, verifica-se que a temperatura do solo varia solos influenciam o transporte de ambas espécies, limitação da biorremediação surge devido à bai-
diariamente nas proximidades da superfície, em oxigênio e água. Nesse caso, para a biorremedia- xa disponibilidade de contaminantes orgânicos,
solos com baixa densidade de cobertura vegetal. ção de solos, os conteúdos de água entre 50 e 80 % como os HPA e outros hidrocarbonetos de petró-
da capacidade e o teor de O2 dissolvido maior que leos. Schwarzenbach et al. (1993) presenciaram e

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ganismos indígenos apresentarem a capacidade de lizações. No entanto, em 22 de junho de 2007, a


Bo mba descontaminar o poluente alvo. A ANA, quando CETESB, através da Decisão de Diretoria (DD)
utilizada de forma controlada, é capaz de acelerar no 103/2007/C/E (essa DD possui caráter norma-
Água Tanque de mistura
o processo natural e diminuir o tempo de biorreme- tivo), publicou a seguinte informação: “... A utili-
Tanque de combus tível co m Nutrie ntes
Aeração Tra tamento de Água
diação do local, sendo que para isto, normalmente zação de microorganismos alóctones nos sistemas
vaz amento ( fonte pontual
de cont aminaç ão ) adiciona-se um ou mais dos seguintes compostos: de remediação deverá seguir as normas técnicas
Descar te
oxigênio, hidrogênio e nutrientes. A adição de CETESB e as legais pertinentes...” (CETESB,
Poço de injeção nutrientes e a otimização das condições ambien- 2007a). Assim sendo, após essa data, a utilização
de nutrientes e pa ra
o co ntrole d e aeraç ão tais permitem aumentar a taxa de crescimento e da bioaumentação passou a ser permitida no Bra-
as atividades metabólicas de microorganismos, sil, mais especificamente no Estado de São Pau-
com o consequente aumento da velocidade e da lo, porém, desde que sejam seguidas as normas
ZONA porcentagem de biodegradação. Neste contexto, pertinentes, explicitadas no referido documento.
VADOSA
a bioestimulação pode oferecer custo mais baixo Dentre as normas a serem seguidas, destaca-se a
em relação às demais técnicas de biorremediação norma técnica da CETESB no L1.022, de junho
(EPA, 2004d). de 2007, que trata sobre o uso de produtos bio-
tecnológicos, constituídos de microorganismos,
ZONA destinados ao tratamento de efluentes líquidos,
Poço de SATURADA Bioaumentação
monitoramento de resíduos sólidos e à remediação de solos e de
A bioaumentação, apesar de ser uma técni- águas (CETESB, 2007b).
ca relativamente recente e ainda em fase de desen- Atualmente, muitos produtos têm sido lan-
Poç o de extração de volvimento, encontra-se bem documentada na li- çados no mercado mundial com o intuito de au-
Sentid o do fluxo da ág ua subterrânea xiliar no tratamento de solos contaminados por
teratura. Resumidamente, ela é caracterizada pelo
água s ubterr ânea
aumento da microbiota nativa através da inocu- petróleo. Alguns produtos comerciais apresentam,
lação de microorganismos exógenos (alóctones). em sua composição, microorganismos exóge-
Modific ado de EPA nos que são utilizados com o objetivo de induzir
Estes microorganismos são pertencentes à espécie
não nativa de determinada região biogeográfica, a bioaumentação do solo a ser tratado. A fim de
Figura 5. Esquema típico do tratamento de solos e de águas subterrâneas por biorremediação (EPA, 2003b)
introduzidos em um ecossistema, podendo persis- melhorar as condições de biodegradação do con-
Técnicas de utilização da biorremediação ção) tir e até reproduzir-se por um tempo, participando taminante, ou seja, de favorecer a bioestimulação,
ou não de interações e de transformações ecológi- determinados produtos também apresentam em
Desde os meados dos anos 80 do século A técnica denominada de atenuação natu- cas (EPA, 2004d). sua formulação, micronutrientes, enzimas de ação
XX, as estratégias de biorremediação têm sido ral acelerada (ANA), diferente da ANM (técnica A utilização da bioaumentação em solos, externa e surfactantes que facilitam e estimulam a
adotadas como uma maneira eficaz e de custo bai- descrita anteriormente), é uma opção de biorre- basicamente, é justificada pela necessidade 1) de ação microbiana sobre os poluentes. Neste caso,
xo para o tratamento de solos contaminados com mediação in-situ na qual se busca, especialmente, uma biodegradação rápida do composto poluente as enzimas de ação externa atuam favorecendo
petróleo (Delfino & Miles, 1985; Tsao et al., 1998; instigar o crescimento da população microbiana e 2) da redução do período de adaptação que nor- a oxidação dos compostos de difícil degradação
van der Hoek et al., 1989). As diferentes estraté- nativa. Isto ocorre, fundamentalmente, pelo con- malmente antecede o processo de degradação pe- em compostos de fácil assimilação pelos microor-
gias de biorremediação, em geral, visam aumentar dicionamento do hábitat natural desses microor- los microorganismos autóctones. O emprego desta ganismos. Existem, porém, dois tipos básicos de
a população microbiana criando condições am- ganismos. Portanto, na ANA, a idéia fundamen- técnica depende, primeiramente, da concordância enzimas que na presença de O2 atuam na oxidação
bientais favoráveis ao seu desenvolvimento (Sil- tal é condicionar o local contaminado, de modo a e da autorização de órgãos governamentais e de de hidrocarbonetos: as “monoxigenases”, que atu-
va et al., 2004). A seguir, serão apresentadas duas acelerar o processo de atenuação natural, estimu- agências de fiscalização ambiental, como a Com- am sobre os n-alcanos; e as “dioxigenases”, que
das técnicas principais de biorremediação in-situ, lando, sobretudo, o desenvolvimento dos micro- panhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental atuam sobre os compostos aromáticos e cíclicos.
a primeira é a “atenuação natural acelerada”, tam- organismos autóctones (indígenos). Ressalta-se (CETESB). A aprovação da bioaumentação como Por outro lado, os surfactantes agem de maneira a
bém conhecida por “bioestimulação” e, a segun- aqui, que esses microorganismos, para serem de- estratégia de biorremediação depende de vários disponibilizar o petróleo para que este seja mais
da, trata-se da “bioaumentação”. Em seguida, será finidos com tal, devem ser nativos da região bio- fatores, dentre os quais, os tipos de microorganis- facilmente degradado pela microbiota (Shuhong
descrita uma das técnicas mais utilizadas para o geográfica, em que se pretende a sua aplicação, mos utilizados e a área de aplicação. et al., 2006).
tratamento ex-situ de solos contaminados, que é a participando de funções reprodutivas, de ciclo de Nessa conjuntura, um ressalva deve ser Inversamente às vantagens apresentadas,
biorremediação por “biopilhas”. nutrientes e de fluxos de energia (EPA, 2004d). feita no que diz respeito à utilização da bioau- em casos nos quais a bioaumentação de solos se
Para que esta técnica de biorremediação mentação em solos tipicamente brasileiros. Até mostra ineficiente, o insucesso da introdução de
seja utilizada de forma eficiente, o primeiro requi- junho de 2007, no Brasil, era proibida a utiliza- microorganismos poderá estar relacionado com
Atenuação natural acelerada (bioestimula- sito a ser atendido é a necessidade dos microor- ção desta técnica em quaisquer condições e loca- alguns fatores, como a limitação de nutrientes, a

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eliminação por predatismo de microorganismos as técnicas de biorremediação que aplicam apenas


introduzidos, a concentração de poluente orgâni- o uso da microbiota nativa podem vir a produzir Ponto de monitoramen to Ponto de entrada e
saída de ar
co muito baixa para suportar o desenvolvimento e, resultados eficazes e de menor impacto ao meio de vapores Coleta e tratamento
até mesmo, aos fatores ambientais desfavoráveis ambiente (Silva et al., 2004). de lixiviado
ao crescimento desses microorganismos (Alexan-
der, 1999; Sims et al., 1992). Além disso, o lança- Adição de nutrientes
Biopilhas e de umidade
mento de microorganismos alóctones pode acar-
retar em riscos consideráveis ao meio ambiente. O tratamento por biopilhas é controlado
Desta maneira, em função dos riscos ambientais por processos biológicos ex-situ sob condições
associados, por exemplo, ao emprego de produtos aeróbicas. Essa técnica de biorremediação en- Injeção de Ar
biotecnológicos, é de suma importância que tais volve basicamente a disposição do material con-
produtos sejam devidamente avaliados antes de taminado em montes denominados de biopilhas.
sua aplicação para, então, promover a degradação Para o emprego desta técnica, inicialmente o solo
de poluentes em sistemas de tratamento de resídu- é escavado e, em seguida, preparado e colocado
os ou em locais contaminados. Este procedimento em biopilhas, onde é feita a estimulação da ati-
deve ser realizado cuidadosamente, visando a sua Solo contaminado
vidade microbiana através de aeração, da adição (tratamento ex-situ )
utilização como prática segura e eficaz dos pontos de nutrientes e do aumento da umidade do solo,
de vista ambiental e sanitário. com o propósito de promover a biodegradação dos
Segundo a CETESB, os produtos biotecno- contaminantes de interesse. O esquema caracterís- Modificado de EPA
lógicos podem ser constituídos de microorganis- tico do sistema de um tratamento por biopilhas é
mos viáveis, metabólitos (como as enzimas) ou, mostrado na Figura 6 (EPA, 2004e). Figura 6. Esquema ilustrativo de um tratamento por biopilha (EPA, 2004e)
ainda, misturas de microorganismos e metabólitos
contendo produtos orgânicos e inorgânicos, atu- As biopilhas são construídas sobre uma quando comparado ao processo de atenuação na-
ando como conservantes, estabilizantes, nutrien- base impermeável para reduzir o potencial de mi- tural. Particularmente, quando as condicionantes
tes, ativadores e outros. A grande preocupação, gração do lixiviado da camada superficial para a do meio são bem controladas, as biopilhas têm
portanto, é que os microorganismos viáveis pre- subsuperfície do solo. Além disso, elas são co- sido bastante eficientes na redução da concentra-
sentes no produto acabado podem reproduzir-se, bertas por uma membrana, também impermeável, ção de compostos derivados de petróleo presentes
disseminar-se por novos locais e até transferir ma- para prevenir a liberação de contaminantes volá- em solos. A maior limitação desta técnica está re-
terial genético para os microorganismos natural- teis e semivoláteis do solo para a atmosfera, bem lacionada à remoção do solo contaminado, tendo
mente presentes no ambiente. Do mesmo modo, como para proteger o solo de intempéries naturais, em vista que o processo de tratamento ocorre no
as enzimas podem catalisar reações que interfiram como ventos e chuvas (USAEC, 2003a). Os mate- modo ex-situ. Neste caso, apesar de possibilitar a
no metabolismo normal de organismos origina- riais a serem tratados devem ser submetidos a um eliminação dos principais focos de contaminação
riamente existentes e, além disso, a introdução de estudo prévio, para a comprovação da tratabilida- na zona não-saturada, essa prática deve ser reali-
nutrientes e de outros compostos podem provocar de, mediante a realização de testes físico-químicos zada com cautela, pois pode propiciar a intensifi-
o desequilíbrio do ecossistema (CETESB, 2007b). e de ensaios biológicos e posterior otimização das cação do risco às vias de exposição humana, como
Apesar de toda essa discussão, a respeito condicionantes em laboratório. O propósito des- a inalação de vapores e de materiais particulados
da inserção de microorganismos não-indígenos tes estudos é avaliar o tipo e a concentração dos contaminados, cuja causa é advinda da transferên-
no solo, Top & Springael (2003) defendem que poluentes, a presença de possíveis inibidores da cia do passivo de um compartimento ambiental
o uso de microorganismos não modificados nor- biodegradação, a estrutura do material, os teores para outro (durante a escavação, o armazenamen-
malmente não constitui problema, contrariamente ótimos de umidade, de nutrientes e de oxigênio, a to, o transporte e a redisposição dos solos conta-
ao que se verifica com os microorganismos ge- temperatura e os demais fatores que influenciam minados). O passivo ambiental dessa área é com-
neticamente modificados, cuja utilização requer no processo (EPA, 2004e). posto não apenas do material que está sobre o solo
uma avaliação mais criteriosa. Assim sendo, as Esta técnica de biorremediação apresenta e pode ser contabilizado facilmente, mas também
técnicas biológicas que envolvem o uso da bio- como principal vantagem a possibilidade de maior de todo o contaminante que possivelmente foi li-
aumentação, isto é, que empregam a adição de controle das condições físicas, biológicas e quími- xiviado da superfície do solo e pode estar no aquí-
microorganismos exógenos, devem ser analisadas cas da matriz contaminada e, consequentemente, a fero ou em bolsões localizados na subsuperfície.
criteriosamente devido, principalmente, aos riscos obtenção de cinéticas de reação mais rápidas e a Além disso, a remoção e a redisposição de solos,
ambientais que a inserção de um microorganismo redução do tempo de degradação do contaminante dependendo da quantidade do material removido,
não nativo ao solo pode gerar. Por esse motivo,

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podem se tornar a alternativa mais onerosa dentre também poderão se tornar contaminados. Por anos, a biorremediação de solos tem se tornado tidas de compostos potencialmente poluidores ao
as técnicas de remediação, pois, além dos custos essas razões a adoção da técnica de remoção de tema recorrente de muitos estudos acadêmicos, meio ambiente. Para a determinação das concen-
relacionados com a remoção propriamente, de- solos se justifica somente nos casos os quais há gerando literatura técnico-científica abundante. trações máximas permitidas de cada composto,
vem ser considerados os custos do transporte, do a presença de resíduos perigosos, de solos alta- vários fatores foram considerados, dentre estes,
tratamento e da disposição final do solo tratado, mente contaminados ou em que uma análise mais a modelagem de avaliação de risco e a variação
além de outras exigências, como o treinamento de criteriosa demonstre a impossibilidade de aplica- LEGISLAÇÃO AMBIENTAL das porcentagens de matéria orgânica e de argila
pessoal. Essa prática também apresenta a desvan- ção de outras técnicas, de maneira a se atingir as em solos. Com base nas características físico-quí-
tagem de que a remoção do solo deve ser realizada metas de remediação requeridas, no intervalo de micas das matrizes estudadas, os novos valores
Conforme foi discutido, considerando as
com todos os cuidados para que não ocorra a pro- tempo desejado (EPA, 2004e). das concentrações foram divididos em três níveis
contaminações de solos por petróleo e seus deri-
pagação da contaminação para outros meios, ini- Entretanto, não obstante às limitações distintos, denominados de “valores STI”. (onde
vados, caso os compostos orgânicos oriundos des-
cialmente os não afetados, como o ar e as águas, apresentadas, de modo geral, a aplicação da bior- S: Streefwaarde, representa os valores de refe-
sa contaminação fossem distribuídos em ordem
ao exemplo do que ocorreria durante a remoção remediação vem sendo muito estudada em diver- rência; T: Toetsingswaarde, os valores de alerta;
de “toxicidade”, “persistência no meio ambien-
de solos contaminados com substâncias voláteis sos países e destaca-se como uma alternativa pro- e I: Interventiewaarde, os valores de intervenção)
te” e “efeitos carcinogênicos e mutagênicos”, os
(EPA, 2004e). missora para o tratamento de sítios contaminados (VROM, 1994).
BTEX, HPA e HTP representariam as três classes
Assim sendo, o transporte e o tratamen- por petróleo e seus derivados. A Tabela 1 apresen- Os valores para BTEX, HPA e HTP, es-
de compostos mais importantes a serem estuda-
to off-site dos solos por biopilhas possibilitam a ta as principais vantagens e limitações inerentes à tabelecidos pelo governo federal holandês são
das. Sendo que, especialmente por esse motivo,
transferência do problema para outros locais que biorremediação de solos. mostrados na Tabela 2 (CETESB, 2001; VROM,
estes compostos têm sido frequentemente objetos
1994). Para efeito comparativo entre as concen-
Tabela 1. Vantagens e limitações da biorremediação de solos de discussões nos órgãos governamentais de fisca-
trações estabelecidas pelos órgãos de fiscalização
lização ambiental (VROM, 1994).
ambiental, nesta Tabela são mostrados somente
De acordo com as legislações ambientais
VANTAGENS LIMITAÇÕES os valores de referência, alerta e intervenção para
mais avançadas, como a da Holanda (Dutch Refe-
solos, desconsiderando os teores de argila e de
Podem ser requeridos monitoramento contínuo por rence Framework STI – Values), a biorremediação
A aplicação envolve o uso de equipamentos de fácil matéria orgânica. Esta medida foi adotada, pois,
tempos longos e/ou manutenção do sítio submetido à só é reconhecida como tal se recuperar o solo inte-
obtenção, instalação e operação. os demais órgãos ambientais não consideram por-
biorremediação. gralmente, com base no padrão agrícola de fertili-
centagens de matéria orgânica e de argila em solos
dade. O Ministério da Habitação, Planejamento e
A técnica é ineficiente para compostos orgânicos que para os cálculos das concentrações.
Em atividades in-situ, a biorremediação gera Meio Ambiente Holandês (VROM) publicou, em
ficam adsorvidos no solo, tornando-os indisponíveis atendimento à Lei de Proteção de Solo (Soil Pro-
distúrbios mínimos ao meio ambiente.
à biodegradação. tection Act), os valores das concentrações permi-
Em condições ótimas de operação, apresenta custos É menos eficiente em períodos menores de tempo Tabela 2. Valores de referência (S), de alerta (T) e de intervenção (I) para solos, segundo a legislação hol-
menores em comparação às técnicas alternativas de em comparação às outras técnicas de remediação, andesa, considerando-se os teores de argila e de matéria orgânica de 0 % (CETESB, 2001; VROM, 1994)
remediação. como os POA.
Contaminantes de baixa solubilidade em CONCENTRAÇÃO EM PESO SECO (mg kg-1)
COMPOSTO
concentrações elevadas, como os HTP, podem
Pode ser combinada com outras técnicas, como a S T I
ser tóxicos aos microorganismos e/ou não
SVE, para acelerar o processo de descontaminação. Benzeno 0,01 0,11 0,20
biodegradáveis, inviabilizando a utilização da
técnica. Tolueno 0,01 13,0 26,0
Etilbenzeno 0,01 5,0 10,0
Na maioria dos casos, essa técnica não produz As propriedades físicas, químicas e microbiológicas
compostos tóxicos, que devem ser dispostos e do solo e as condições climáticas, podem alterar a Xilenos 0,01 2,5 5,0
tratados em outro local. taxa de biodegradação. HPA 0,2 4,1 8,0
É muito eficiente na biodegradação de petróleo e Dificuldade de utilização em solos argilosos ou com HTP 10 505 1000
seus derivados em solos permeáveis. baixa permeabilidade.
No Brasil, mais especificamente no Estado de São Paulo, os valores orientadores para solos são
Ressalta-se que no Brasil, até o momento, apenas alguns estudos foram realizados abordando a mostrados na Tabela 3. Neste, os valores descritos para os HPA correspondem à soma das concentra-
temática de biorremediação de solos. Ao contrário, em outros países, como nos Estados Unidos, essa ções de dez compostos prioritários selecionados pela CETESB (ver a lista dos compostos no rodapé da
questão é estudada com frequência, tanto no meio acadêmico como no industrial. Por isso, nos últimos Tabela 3). Vale ressaltar que, no Brasil, não existe uma legislação especifica para HPA total, bem como
para HTP (CETESB, 2005).

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Tabela 3. Valores orientadores para solos no Brasil (CETESB, 2005) concentrações controladas durante um período de
até 12 meses (Bastiaens et al., 2003; Colvin, 2005; e
Fukada & Takagi, 2003; Koennigsberg & Willett,
CONCENTRAÇÃO EM PESO SECO (mg kg-1) 2005; Reed, 2004; Wynm, 2003). A equação quí- .
mica dessa reação é:
COMPOSTO Valores de intervenção
Valores de
(1) CONSIDERAÇÕES GERAIS E CONCLUSÕES
prevenção agrícola residencial industrial
Ressalta-se que, no Brasil, a CETESB já
Benzeno 0,03 0,06 0,08 0,15 aprovou a utilização dos reagentes produzidos Qualquer prática de biorremediação que se
pela Regenesis, em casos de biorremediação de baseia em processos de degradação de contami-
Tolueno 0,14 30 30 75 nantes orgânicos, deve ser iniciada com um exten-
solos. O método mais recente e recomendado pela
Etilbenzeno 6,2 35 40 95 EPA para a quantificação dos compostos do petró- so e cauteloso levantamento hidrogeológico, geo-
leo e derivados é o Método 8260C. Assim como químico e microbiológico da área contaminada.
Xilenos 0,13 25 30 70
neste método, a maioria das determinações de Dependendo das condições da região, a cinética
HPA* 12,7 56,6 147,1 384,8 BTEX, HPA e HTP, descrita por outros métodos, de biodegradação dos compostos será mais rápida
HTP --- --- --- --- é realizada empregando técnicas analíticas basea- ou mais lenta. As condicionantes do meio, devida-
das em cromatografia gasosa. Para a quantificação mente estudadas, vão nortear não apenas a melhor
* Soma das concentrações de dez compostos selecionados pela CETESB: antraceno, benzo(a)antraceno, destes compostos, os detectores mais utilizados técnica de extração ou eliminação de contami-
benzo(k)fluoranteno, benzo(g,h,i)perileno, benzo(a)pireno, criseno, dibenzo(a,h)antraceno, fenantreno, são o por ionização em chama e o espectrômetro nantes, como também a possibilidade de biode-
indeno(1,2,3-c,d)pireno e naftaleno. de massas. Equipamentos de campo, como medi- gradação dos poluentes, o que normalmente pode
APLICAÇÕES E INOVAÇÕES DA BIORRE- disso, as inovações nessa área também estão di- dores de gases, também são comumente utilizados ocorrer como um polimento ou um incremento da
MEDIAÇÃO DE SOLOS recionadas ao estudo biotecnológico envolvendo para o monitoramento destes compostos. Geral- remediação, com ou sem estímulo da microbiota
a geração de organismos geneticamente modifi- mente, esses equipamentos operam com detecto- local.
cados, desenvolvidos com o intuito de degrada- res de infravermelho (EPA, 2006). Além da importância de se definir a téc-
Baseados na descoberta de que os micro-
rem contaminantes específicos em diferentes ni- De acordo com Maila & Cloete (2005), as nica a ser empregada, uma etapa preliminar de
organismos endógenos, presentes em areias de
chos ecológicos (Saul et al., 2005; Sánchez et al., atividades biológicas dos solos são vitais para a diagnóstico da área contaminada também se faz
praias ou em solos, podem degradar hidrocarbo-
2006). restauração de solos contaminados com hidro- necessária, pois permite que os profissionais res-
netos de petróleo nesses locais, desde então, mui-
No tocante ao desenvolvimento de novos carbonetos de petróleo. Muitas espécies de mi- ponsáveis pela remediação decidam, por exemplo,
tas pesquisas vêm sendo realizadas envolvendo a
reagentes, cujas utilizações estão voltadas para croorganismos dos solos conseguem metabolizar pelo uso de processos adicionais para acelerar a
biorremediação. Os baixos custos envolvidos nas
a aceleração de processos bioquímicos de degra- derivados do petróleo reduzindo-os em CO2 e H2O biorremediação ou, em alguns casos, para promo-
transformações bioquímicas in-situ, além da pos-
dação in-situ, podem-se citar os trabalhos atuais (produtos de sua completa mineralização). Neste ver a atenuação natural monitorada. Neste último
sibilidade de redução ou até mesmo de eliminação
de uma empresa localizada na Califórnia (EUA), caso, cerca de 50 % da matéria orgânica é incorpo- método, a ANM pode ser utilizada, principalmen-
total dos contaminantes, são condições que favo-
denominada “Regenesis”. Esta empresa realiza, rada à biomassa e os outros 50 % são transforma- te, nos casos em que uma análise exploratória per-
recem a atratividade das técnicas de biorremedia-
entre outras atividades, serviços de consultoria e dos em dióxido de carbono. Dessa forma, o total mite definir que a contaminação não representa
ção. Esses fatores atualmente têm sido considera-
de remediação ambiental, além de desenvolver e do contaminante consumido pode ser quantifica- riscos à sociedade, em curto, médio ou longo pra-
dos como os principais responsáveis pelas vastas
comercializar produtos que aceleram a degrada- do através da geração de CO2. Assim, o proces- zo. Dessa maneira, é de grande importância rea-
aplicações e inovações surgidas na área de reme-
ção natural de contaminantes. Um dos produtos so de biodegradação pode ser acompanhado por lizar uma análise de risco do local e, em seguida,
diação de solos mediada por microorganismos.
desta empresa é o Oxygen Release Compound cromatografia gasosa, mediante a dosagem deste determinar a taxa de degradação como forma de
A maioria das inovações envolvendo a
(ORC®), que vem sendo amplamente empregado composto, utilizando detectores por condutivida- prever até onde a pluma de contaminação irá se
biorremediação de solos, ao contrário de diver-
em inúmeros casos reais, sendo que existe um de térmica ou de infravermelho não-dispersivo. deslocar. Como mostra a Figura 7, quando a taxa
sas técnicas ligadas à degradação de compostos
histórico da aplicação deste produto em mais de Portanto, o percentual de biodegradação (PB) do de biodegradação for igual ou maior que a taxa de
orgânicos, não está relacionada com o desenvol-
11.000 locais de contaminação. Neste caso, a de- petróleo aderido ao solo é calculado pela Equação deslocamento dos contaminantes, a pluma deixa-
vimento de novas técnicas analíticas e de novos
gradação aeróbica de hidrocarbonetos de petróleo, 2 (Jaramillo, 1996). rá de se deslocar e diminuirá de tamanho. Neste
equipamentos empregados para o monitoramento
utilizando-se o ORC®, consiste, basicamente, na caso, se a fonte receptora não for atingida, não
ambiental e para a identificação desses compostos.
adição de peróxido de magnésio e de fosfato. Pes- , (2) existe a necessidade de implantação de métodos
O estado da arte está focado no desenvolvimento
quisas mostram que estes reagentes, dependendo onde: mais drásticos e, então, a ANM seria uma opção
de novos reagentes, que têm sido produzidos com
das condições do local, quando hidratados, podem economicamente viável de recuperação da área
o objetivo de serem utilizados in-situ para acelerar
liberar oxigênio molecular de maneira lenta e em contaminada. No entanto, se o processo de ANM
e melhorar a eficiência da biorremediação. Além

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não evitar o deslocamento da pluma até as regiões de risco, são necessários métodos que acelerem a Segundo a EPA (2004b), como apresentado constatado por alguns pesquisadores que o trata-
degradação dos contaminantes (EPA, 2004b; USAEC, 2003b). na Figura 8, nos EUA há quase 16 mil casos de mento de solos utilizando as técnicas de biorre-
ANM utilizados em contaminações por tanques mediação in-situ é tipicamente mais barato que
de combustíveis subterrâneos contra, aproxima- os tratamentos ex-situ. Nos processos in-situ, há
damente, três mil práticas de biorremediação in- um mínimo de distúrbio do local, além de não ser
-situ usadas com a mesma finalidade. Portanto, se necessária a utilização de grandes equipamentos.
não há risco que justifique pressa para a remedia- Por outro lado, nos processo ex-situ, os trabalhos
ção da área contaminada por poluentes solúveis que envolvem a remoção e o transporte das zonas
(alvo maior da bioestimulação) ou insolúveis, contaminadas, na maioria das vezes, é economi-
recomenda-se deixar a natureza se autodepurar, camente dispendioso, aumenta a exposição dos
ou seja, optar pela atenuação natural. Ressalta- trabalhadores aos contaminantes e nem sempre
-se, no entanto, que nos casos de adoção da técni- conduz à destruição ou à redução da toxicidade
ca da atenuação natural, os custos envolvidos na dos compostos.
fase de estudos podem ser bastante elevados, face De modo geral, a biorremediação de solos
à grande quantidade de informações necessárias apresenta-se como uma técnica bastante eficiente
Figura 7. Exemplo da atenuação natural monitorada de uma pluma de hidrocarbonetos de petróleo para subsidiar a tomada de decisão. É claro que na degradação de petróleo e seus derivados, mes-
todas essas informações relacionadas aos custos mo em condições ambientais extremas (Margesin
e à eficiência da técnica devem ser ponderadas e & Schinner, 2001). Isso pode ser comprovado
Portanto, trabalhos de diagnóstico correto e a implantação de um programa de ANM podem redu-
estudadas em laboratórios, antes de qualquer apli- facilmente pelo grande número de trabalhos pu-
zir consideravelmente o custo da remediação e evitar uma nova intervenção humana no local contami-
cação em grande escala. blicados recentemente em periódicos de grande
nado. Com base nessa informação, não é por acaso que nos Estados Unidos, onde o mercado ambiental
Uma outra possibilidade plausível de in- relevância para a comunidade científica. Não obs-
se encontra mais bem desenvolvido que no Brasil, a maior parte dos programas para a remediação de
tervenção, conforme recomendada pela CETESB tante à existência de alguns interferentes, como as
contaminações causadas por vazamento de tanques de combustíveis subterrâneos é feita por atenuação
(2004), seria a alteração do uso e da ocupação do condições ambientais (principalmente os teores
natural monitorada, como mostram os dados da Figura 8 (EPA, 2004b).
solo. Esta alternativa envolve os mesmos princí- de umidade e de aeração dos solos) e a disponi-
Modificado de pios da atenuação natural com monitoramento, bilidade de nutrientes, as vantagens como a rela-
com a diferença que, para garantir a ausência de ção custo-benefício e a eficiência de degradação
Atenuação natural riscos à saúde pública, ao ambiente e aos demais de compostos tóxicos e recalcitrantes, têm feito
monitorada 15.776
bens a proteger, faz-se necessária uma redefinição com que essa técnica de remediação seja utilizada
Bombeamento ou restrição do uso do solo na área afetada. Esta com frequência em vários países desenvolvidos.
8.879 restrição deve ser válida durante o período no qual Porém, ao contrário do que tem acontecido nos
e tratamento
o programa de monitoramento seja mantido. Estados Unidos, no Brasil os projetos de biorre-
Air sparging 5.577 Segundo a CETESB (2006), os trabalhos mediação e de atenuação natural monitorada ain-
envolvendo a biorremediação de solos, ocorrem da estão no campo da teoria, com poucos casos
Biorremediação em maior número no Estado de São Paulo, onde a práticos, embora exista uma real probabilidade de
2.971
in-situ maior parte das áreas contaminadas, catalogadas expansão. No caso do Brasil, a biorremediação
por esta agência ambiental, são provenientes de in-situ é favorecida pelas condições necessárias
Biosparging 1.941 vazamentos de tanques subterrâneos de postos de para a implementação de técnica, sobretudo, pelas
serviços. Em contaminações deste tipo, tem pre- condições climáticas típicas da maioria das regi-
valecido a utilização da biorremediação aeróbica ões geográficas nacionais.
0 5.000 10.000 15.000 20.000 in-situ. Entretanto, segundo Aislabie et al. (2006), Portanto, frente ao exposto, é imperativo
vale considerar que vários fatores podem afetar a que o profissional responsável pela reabilitação
eficiência das técnicas de biorremediação in-situ. da área apresente uma caracterização completa do
Figura . Número de locais contaminados por combustíveis procedentes do vazamento de tangues subter- Dentre eles, o oxigênio tem se revelado o fator local contaminado, identificando os tipos de con-
râneos versus as diferentes técnicas de remediação empregadas para o tratamento desses tanques instalados limitante para microorganismos capazes de degra- taminantes presentes, a delimitação da pluma de
nos EUA (EPA, 2004b) dar aerobicamente contaminantes como o petró- contaminação e uma avaliação correta do passivo
leo e seus derivados. Na ausência da concentração ambiental existente não apenas na área visível,
adequada de oxigênio, a degradação dos conta- mas também, no subsolo. Essas informações de-
minantes irá cessar ou poderá proceder de forma
mais lenta por processos anaeróbicos. Também foi

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