You are on page 1of 4
BIBLIOTECA DE CIENCIAS DA EDUCACAO PIERRE ERNY Uninet Rama, Sou ETNOLOGIA DA EDUCACAO Tradugéo: Antonio Roberto Neiva Blundi Mestre om Sociologia pela cole des Hautes Etudes, Paris ZAHAR EDITORES 106 etmologia da educagio ‘macicamente impostas & propria abservagSo: os jogos de corpo-a-corpo da te que 0 corpo pode ser percebido como 0 das relagbes sociais; 0 ali imeiras aprendizagens da t irmap3o de um state ia do Ego e de Superego, “pois as di fades regulamentadas de ‘ou estranhos tema de representac6t identidade profunda do recém-chegado. Ao Os antepassados ticamente, € necessé esto assim admi- entes na trama quotidiana da educa etnologia da educaco chega incontes- desereveu com tanta mindcia. Nunca se chega fazendo a economia de ur de de base ‘Quando LéviStrauss afirma que a etnologia & primeiramente © em 1s da psicologia é 0 mesmo qui ‘movedigas. Mas os dais sem diivida no falam da mesma coisa: 0 p ategorias do esp/rito, dos os homens vao buscar ia, enquanto o segundo evoca ido de base para a antropologi fetndlogos da nova geragao muito (cio dos psicossocidlogos. O mérito de J. Rabain correntes de pensumento. 107 46 ter fundamentado seu estudo da educa¢o numa metodologia inatacdvel para situé-la fora do campo de tais discussBes, 9, Aetnologia estruturalista No que se refere & nogio de estrutura, ela foi utilizada de miltiplas manei- ras, e poderfamos assim descrever varios estruturalismos antropolégicos: © de Kardiner com a sua basic personality structure, o de Redcliffe-Brown ‘ou de Nadel, entremeado de funcional do método comparativo no quadro dos Human Relations Area Files, que ‘deu lugar a0 estudo de numerosas correlacBes muito esclarecedoras entr tragos dependentes da educagdo e tracos pertencentes a outros dominios Praga, tentou aplicar antropologia ~ o parentesco, rag kantianas de que 0 ‘cardo forma igualmente fechados, esperando q chegardo A escola estruturalista francesa pouco se inte Contentar-nos-emos em abordar aqui, através de um exemph ue formam outras tantas categorias de pensamen- to: pequeno/grande, alto/baixo, liquido/sélide, mole/duro, amido/seco, fresco/quente, branco/negro etc. 108 etnologia da educago nascimento € uma passagem do outro mundo para este mundo, como a morte é uma passagem deste mundo para o outro. Trata-se sempre de uma ida-e-volta, mas tudo depende do lugar em que nos colocamos. E ir a morte-passagem (que se ope ao na passagem) da morte-estado (que s© opée a vide-estado). A morte (aqui) & lum nascimento (em outro lugar), € 0 nascimento (aqui), uma morte {em nga 6 um ser que emerge do outro mundo ‘2 pouco a este mundo, como o velho & um ser que se vol ‘mundo e se desabitua pouco @ pouco deste mundo, Ambo: ‘hum estégio de transigo e de menor integracio. Eles se acl ‘tuagio simétrica em relacio aqueles que esto plenamente , quer no outro mundo — e s8o os ancestrais — quer ‘neste mundo ~ e sZo 0s adultos na forca da idade e procriadores, Da crianga propriamente dita, temos de distinguir 0 recém-nascido ‘ou 0 bebé que nfo possui ainda seus primeiros dentes, e que portanto s6 Imente falando, ele ainda no é al- ainda no tem funcSo, encontrando-se portando na categoria Sua posigdo 6 simétrica em relacdi morto por analogia com o recém-nascido: mente no 6 alguém, decompbesse, dissolves solidificase, Numerosos povos bantos chamam o bebé de “crianga-égua”. Ele eresceu no Ifquido amniético como um peixe ou um, elemento original e divino por exceléncia, ¢ uma das bases tes desse outro mundo de onde ele vem. As plat nasceram porventura da chuva que iquefaz-se. O outro recompbe-se, reconstitu-se, icapdo. Eis as suas grandes etapas entdo: jento, que € a passage de um mundo Ifquido para um do elemento mais duro que © corpo vai conhecer, permitindo a introdugso de elementos sélidos; = a posigfo sentada e o andar que revelam o endurecimento dos oss05; correntes de pensamento 109. = 0 desmame, abandono da alimentagio liquide que € 0 leite; 8 denti¢io detinitiva; — @ puberdat pois @sexualidade 4 integracio social. O cfrculo da erianca amplia-se cada vee mais: ea passa do ventre para a casa, depois para o quintal, depois para a aldeia, depois de passagem so celebrados. Muitos icam pela referéncia @ essas categorias de pensa- te em manter um fogo permanente na aquecé-la. O aparecimento mento, como a choupana dos dentes representa um momento partic mostra'se agora dura como uma etc, A medida que amadurece, Essas.categorias de pensamento, esbocadas. por Eberhardt a propésito dos venda da sentam uma espécie de base altamente inconsciente sobre a qual se pode Fo edificar concepctes pedolégicas mais elabor ‘ ‘obra de LéviStrauss esté cheia de amos assinalar a anélise sobre a qual > de uma instituigo pedagogica francesa em tue 0 ebalho mo torgarse ‘le engendra consist antdo am reco i compreende em seu conjunto, mas to, 0 "dlscurs9 comm que, sem tober, 6 produrido pelos di 110 etmologia da educapto ou grupos de agentes, 1twieo” cujo sentido s6 pode ser apre- fndido ee 0 relacionsrmos, por um lado, €om a estrutursideolbgica do con om as condi¢Bes socials da génese © de por uma forma de transfiguracio simbélica, 10. A pesquisa de correlacdes transculturais. Em Child training and personality. A cross-cultural study (1953), J.W.M. Whiting inaugurou uma colabor ifera com um experiment fem psicologia, I.L, Child, para aproveitar a imensa amostragem de ch zoges das Human Relations Area Files da Universidade de Yal jos a 75 culturas diferentes, oles estudaram ai correlactes entre alguns aspectos conhecidos da educacio da: ‘algumas crengas difundidas entre os adultos da mesma culture. Os con- cceitos trabalhados so de origem psicanalitica, mas reformulados em ter- mos de psicologia do comportamento, Cinco sistemas de conduta (0 dade, analidade, sexualidade, dependéncia e agressfo) sf0 examinados para ver s@ do origem a "fixacoes". De fato, os autores procuram saber se ral ou sexual ‘que # produzem no decorrer da infincia © 36 els correntes de pensamento. M1 ‘ou uma predominéneia duréveis que no exstram na ausincia de tais acon ‘ecimantos Ip. 130) Encontrase assim uma corrolacdo intima et ‘oral dominada pela ansiedade (baseada, por exemp| de satisfaco no decorrer da amamentagio, ou num desmame precoce ¢ rigoroso) e explicacbes da doenga que apelam para 2 oralidade (ingestdo dde substancias maléficas ou venenos, encantamentos, maus-olhados etc.). Verifica-se em outros termes por ume estat/stica aplicada no a individuos, mas a esses complexos de costumes e de crencas que sio as culturas, que as pessoas para quem a alimentagZo foi causa preocupante durante sua ia inclinam-se fortemente a explicar mais tarde 2 doenca em ddizagem precoce ou severa da higiene, e ex | a crenga de que esta é causada a par peito a um 4 significa absolutamente que se’descobriu uma relacio de ‘como nfo se sabe em que s i ‘o que parece mais provavel ‘escreve Otto Klineberg (Psichologie ‘outras pesquisas foram realizadas segundo métodos por exemplo, em “A cross-cultur {que se encontram ritos de iniciagdo fe- fem algumas sociedades e ndo em outras, e a que se devem as dife: sngas observadas no seu desenvolvimento. Segundo uma primeira hipbte- ‘se, 85 meninas seriam iniciadas principalmente na hipétese de continuarem 1a casa de suas mies depois do casamento, a fim de enfatizar aos ‘oprios olhos ¢ aos olhos daqueles que as cercam a mudanga de status que ai seriam percebidos como necessérios quando elas deixam suas f m no momento do casamento, o que introduz uma descontinuidade ‘te em sua existéncia, De acordo com uma segunda hipdtese, os iniciagdo femininos apresentariam um cardter doloroso, sob a 12 de mutilagbes sexuais ou de tatuagens por exemplo, quando as con es de vida em que se desenvolvem a inféncia ou a adolescéncia condu- zem a um conflito de identidade sexual no sentido em que a entende Whiting em sua teoria da identificario. De fato, quando a menina dorme com 0s Pi adultos considerados em toda 4 sua generalidade. Quando, ao contrério, ela dorme sozinha com a mie, o {que 6 freqiente no caso de residéncia patrilocal, ela 36 interioriza um papel

You might also like