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Amaury Patrick Gremaud, André Franco Montoro Filho, Antonio Evaristo Telxeira Lanzana, Carlos Antonio Luque, Carlos Marques Pinhg; £ Denisard Cnéio de Oliveira Alves, Diva Benevides Pinho, Francisco Anuatt! Neto, Gilson de Lima Garéfalo, Heron Carlos Esvael do Carmo, Joao Sayad, E José Paulo Zeetano Chahad, José Tiacci Kirsten, Juarez Alexandre Baldini Rizzer, Jullo Manuel Pires, Lulz Carlos Pereira de Carvalho, Manuel Enriquez Garcia, Marcio Boblk Braga, ‘Marco Antonio S. de Vasconcellos, Marcos Giannetti da Fonseca, Mafla Cristina Cacclamali, Paulo César Milone, Paulo Furquim de Azevedo, Raul Cristovao dos Santos, Roberto Guena de Oliveira, Roberto Luis Troster, Rudinel Toneto Jr., Simao Davi Silber Organizadores: Diva Benevides Pinho € Marco Antonio S. de Vasconcelos Professores do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administracao e Contabilidade da Universidade de S4o Paulo MANUAL D EQUIPE DE PROFESSORES DA USP se ahh CeintennnicetedincenaNneainnlE iene enh | ECO-32 Editora Saraiva (° sama MODELO DE INTERLIGACAO ENTRE O LADO REALE O | MONETARIO: ANALISE IS-LM | Rudinel Toneto Jr. (9:1 INTRODUGAO Este modelo, mais completo que o modelo keynesiano simples de determinagao da renda, sintetiza algumas das principais hipéteses das teorias cléssica e keynesiana, que também é conhecido como sintese neocléssica, formalizado por J. R. Hicks e A. Hansen. Os pressupostos bésicos continu demanda agregada d sintese das principals pressupostos bésicos am os mesmes:ademanda agregada determina oj au Pinca ldssca e keynesiana, produto nacional (o principio da demanda efetiva), sendo o nivel de pregos constants. A diferenga maior refere-se & incorporagdo do mercado de ativos @, conseqiientemente, da taxa de juros, que passa a influir na determinagao da renda, por meio do investimento. Onivel de renda, porém, também afeta a determinagéo da taxa de juros, por sua influéncia na demanda por ativos. Com isso, temos a determinago simulténea da taxa de juros e da renda, que equilibram os mercados de bens e de ativos. Constitui-se, portanto, num mo- delo de equagdes simultaneas, em que as decisdes de polftica econdmica representam as varidveis exégenas, que séo determinadas, independentemente do modelo, institucio- nalmente pelas decisées de polftica econémica (politicas expansionistas, contracionistas, entre outras). Iniciaremos a discusséo introduzindo no modelo keynesiano simples a taxa de juros na determinacao do investimento, para deduzir 0 equilibrio no mercado de bens e servi- gos. Na seqiiéncia, deduziremos o equilibrio no mercado de ativos, para o qual utilizare- 4 mos a discussao sobre demanda por moeda jé realizada anteriormente. Por meio das con- ¥ aigbes de equilbrio em cada um dos mercados, analisaremos o equilibrio simultaneo em *-ambos e o impacto das politicas monetéria e fiscal. HEGB.2 4 cunva 1s: 0 EQUILIIRIG NOMMERCADS DERENENS : A curva IS (investment-saving) mostra as condigdes de equilibrio no mercado de Curva IS (investment- { bens, isto é, em que a despesa agregada iguala @ renda agregada. Mantemos a mesma ving): mosira as g gstrutura do modelo keynesiano, mas actescentamos a taxa de juros para explicaroinves- Condes de eguilibio ento. Consideremos uma relagéo inversa entre investimento e taxa de juros. &emquea Dessa forma, o modelo de determinagao da renda é expandido da seguinte maneira: agregada iguala a renda agregada. Y=C%,)+104G, que: ¥ = nfvel de renda; C= consumo agregado; ¥,, = renda disponivel ¥, = Y — T; em que T = arrecadago de impostos; 1 = investimento agregado; 1 = taxa de juros; G = gastos piblicos. FIGURA 19.1 FIGURA 19.2 ‘Vimos, no modelo keynesiano, que alterag5es no investimento levavam & ampliagio Que da renda, tanto pelo maior dispéndio auténomo como pelo efeito do multiplicador. Naquele ga agreg: caso, considerévamos 0 investimento como exogenamente determinado. Quando introdu- Yesequilfl zimos a taxa de furos, torne-se possivel determinar o investimento pelo proprio modelo, pois agora 0 investimento depende da taxa de juros. Assim, com uma taxa de juros r, maior do que r,, temos um nivel de investimento ([,) menor do que o existente com uma taxa de juros ‘menor. Portanto, redugées na taxa de juros levam ao aumento no investimento e, conse- qlientemente, na renda. Isso pode ser visto nos gréficos da figura a seguir: Por ‘oferta e p fico segu jendo.cor Pode-se 1 menor a coberta } mpentost taxa de investim s |ocorrera vendo e: Assim, + tidades, que cor Percebe-se que para cada taxa de juros existe um nivel de renda correspondente que equilibra o mercado de bens (Y= C++ G). Combinando-se cada taxa de juros com a respectiva renda de equilibrio, chega- moe & curva IS, que corresponds 20 locus dos pares (¥.s) que | ein equilibram o mercado de bens. Como o investimento é inverss- mente relacionado com a taxa de juros, a relagdo entre taxade | Elaé juros e renda que equilibra o mercado de bens 6 negativamente | juros inclinada. Ou seja, Tr => 7 = Ly. cidac Essa relago pode ser vistana Figura 19.2, que representa} (ou c uma curva IS. maic acu aun cor der ume . Nooo DENMHNGACKO NEO ID ELE OHoNERG un BE ™ ‘Qualquer ponto sobre a curva JS representa umn equilibrio no mercado de bens: ren- da agregada igual @ despesa agregada. Pontos fora da curva IS correspondem a um desequilibrio no mercado de bens. Pontos a direita (ou acima) da curva IS correspondem a situagies de excesso de oferta @ pontos & esquerda, ou abaixo, excesso de demanda. Considere o ponto A no gré- fico seguinte. Com esse nivel de taxa de juros, o investimento é relativamente baixo, fa~ zendo com que a demanda seja insuficiente para esgotat o nfvel de renda correspondente, Pode-se raciocinar também da seguinte forma: como a propensdo marginal a consumir 6 menor que um, com niveis elevados de renda, a diferenga entre a renda eo consumo a ser coberta pelo investimento seré maior. Com taxas elevadas de juros nao haveré investi- ‘mento suficiente para tal, gerando excesso de oferta de bens. No ponto B, ocorte o inverso: a taxa de juros est muito baixa para o nivel do produto, induzindo um elevado volume de investimento e provocando excesso de demanda por bens. Seguindo a légica keynesiana, com pregos constantes, havendo excesso de oferta, ocorreré actimulo de estoques, fazendo com que as empresas diminuam a produgéo. He- vendo excesso de demanda, os estoques diminuirdo, forgando um aumento da produgao. Assim, sempre que houver desequilfbrios no mercado de bens, o ajuste correré via quan- tdades, alterando o nivel de produto (e de renda). Essa é a primeira regra de ajustamento que consideraremos, e que esté descrita na figura a seguir: FIGURA 19.3 Inclinagio da curva IS A inclinago da curva JS reflete a resposta da renda a variagdes na taxa de juros. Ela 6 negativa, como dissemos, devido a relagdo inversa entre investimento e taxa de juros. A inclinagao dependeré essencialmente de dois fatores: a sensibilidade (elasti- cidade) do investimento em relagdo a taxa de juros e a propenséio marginal a consumir (ou o multiplicador keynesiano). No que diz respeito ao primeiro, temos que, quanto ajor a elasticidade do investimento em relago & taxa de juros, mais horizontal seré curva IS, isto 6, menor a sua inclinagdo, pois uma pequene variagéo na taxa induzira uma grande variagao no investimento e, portanto, na renda agregada. E 0 oposto ‘correré quando o investimento for pouco sensivel a taxa de juros: variagdes na taxa (le juros produziréo um pequeno impacto sobre o investimento e a renda, levando a ‘uma IS préxima da vertical. No caso-limite em que o investimento ndo depende da staxa de juros, a curva JS torna-se vertical. FIGURA 19.4 (Quanto ao multiplicador, tom-se o seguinte: se a propenséo marginal a consumir for clevada 6, portanto, o multiplicador for grande, variagdes no investimento geraréo gran- des expansées na renda, como visto no capitulo de determinagao da renda, Dessa forma, quanto maior 0 multiplicador, maior seré 0 impacto sobre a renda de variagées na taxa de juros, ou seja, menor ser4 a inclinagéo da IS (mais horizontal). O inverso ocorreré com uma pequena propensio marginal a consumir. Posistio da curva S (Fatores de deslocamento da curva) ‘A posigéo da curva IS depende do volume de gastos autnomos, nos quais se incluem © consumo e o investimento auténomos e os gastos publicos. Quanto maior a despesa auténoma, mais para a direita se localizard a curva IS. Deste modo, mudangas nas despe- sas deslocam a curva, alterando sua posigao. Uma expansio nos gastos auténomos deslo- ca a IS para a direita (para cima) ¢ uma contrago a desloca para a esquerda (para baix0), como pode ser visto na Figura 19.4. 0 montante do deslocamento sera dado pelo multiplicador vezes a variagdo na despesa. Ou seja, dado o nivel da taxa de juros, 0 desio- ‘camento da renda de equilibrio seré determinado como no modelo keynesiano simples. Supondo um aumento dos gastos, o deslocamento da IS acontece como se segue: (Curva LM (liquidity ‘money) representa 0 equilibrio no mercado de arivos, Lal do Walran: andiive de um mercado para saber o que esté acontecendo no outro. A curva LM liquidity money) representa o equilibrio no mercacio de ativos. Consi- dere que existam dois tipos de ativos na economia, nos quais os individuos alocam sua iqueza. Estos so moeda e titulos puiblicos. A caracteristica do primeiroé possuir liquide absoluta, mas néo apresentar qualquer rendimento, isto , sua posse nao dé um rendi- mento.ao detentor. Jé os titulos rendem juros, porém possuem uma liquidez inferior a da moeda, isto 6, existe um custo para transformé-los em poder de compra. Considerando um determinado estoque real de riqueza, composta por moeda e titu- Jos piblicos, se um dos dois mercados estiver em equilfbrio, o mesmo valeré para out Se houver excesso de demanda por moeda, haveré excesso de oferta de titulos, e vice versa. Assim, basta analisar um mercado para saber o que esté acontecendo no outro. Essa propriedade é conhecida como lel de Walras do mercado de ativos. Podemos, entdo, desenvolver a anélise em relagao ao mercado monetario. Vimos. ‘em capitulo anterior, que o Banco Central possui instrumentos para controlar a oferta de moeda, aqui considerada como uma varidvel exégene. Quanto a demanda por moeda, como visto, as teorias que buscam explicé-la sto de dois tipos: motive transagao e motivo portfélio. Em relacdo ao primeiro motivo, a demanda por moeda é diretamente relacionada ao nivel de renda da economia. Quanto maior o nivel de produto, maior o volume de transages ¢, portanto, maior seré a quantidade de moeda requerida (demandada) para tealizé-las, Dessa forma, a demanda por moeda aumenta conforme aumen- taarenda. Jé no que diz respeito ao motivo portiblio,o individuo, ao tomar a decisdo de alocar ‘sua riqueza, compara o diferencial de rentabilidade entre os varios ativos. Desconsiderando a cexisténcia de inflapdo, o retomo real da moeda 6 zero, enquanto 0 dos titulos 6 a taxa de juros ‘que estes rendem. Por conseguinte, a taxa de juros corresponde ao custo de oportunidade de reter moeda e a demanda por moeda diminui conforme aumenta a taxa de juros. Percebe-se que a demanda por moeda é igual de um bem normal qualquer: varia inversamente com o prego e diretamente com a renda. Assim, para um certo nivel de tenda, podemos representar a demanda por moeda pelo seguinte gréfico, em que a de- ‘manda varia inversamente com a taxa de juros: ‘Ao considerarmos variagdes da renda, observamos que elas provocam deslocamen- tos da demanda por moeda. Quando a renda se amplia de ¥, para ¥,, a demanda por moeda desloca-se de L(Y,) para L(Y,), ou seja, qualquer nivel de taxa de juros que se con- sidere aumentaré a demanda por moeda. © equilibrio no mercado monetério ocorre quando a demanda pot moeda iguala a oferta de moeda. A ultima, como dissemos, pode ser considerada constante. Portanto, para termos equilibrio no mercado monetario (2, portanto, no mercado de . ativos), a demanda, combinando motivo transag&o € o motivo portiélio, deve se igualar & oferta de moeda, considerada constante, ou seja: M. L 2 eae P Para que isso acontega, como a demanda por moeda res- onde positivamente 4 renda e negativamente & taxa de ju- 0s, elevagdes na renda deve ser acompanhadas por aumen- 8 nas taxas de juros, de modo a compensar o impacto ex- ’ansivo sobre a demanda por moeda decorrente do maior n{- el de renda, o que pode ser visto na figura ao lado. Ly +L, ‘MODHO OE INIEGACAO ENE 0 LOO HAE OMOEA se EES Motive transagio: a demanda por moeda é diretamente relacionada 0 nivel de renda da economia. Motive portfélio: 0 tndividuo que compara 0 diferencial de rentabilidade entre os tives ao tomar a decisto de alocar sua riqueza, FIGURA 19.5 FIGURA 19.6 Eiincrocconcmn FIGURA 19.7 FIGURA 19.8 Plotando os pares (¥.1) que equilibram o mercado monetério obtemos a curva LM, como pode ser visto a seguit. Qualquer ponto sobre a curva LM corresponde a uma situagao de equilfbrio no mercado monetario, enquanto pontos fora da curva mostram uma situagao de desequilibrio. No caso de pontos a direita (abaixo), haverd excesso de demanda por moeda. Para pontos a esquerda (acima), haveré excesso de oferta de moeda. O excesso de demanda, como no ponto A da Figura 19.8, pode ser explicado da seguinte forma dada a oferta de moeda e o nivel de renda correspondente ao ponto A, os individuos demandam moeda em excesso, pois a taxa de juros esta abaixo do equilibrio, gerando excesso de demanda por moeda. O inverso ocorte no ponto B, em que hé um excesso de oferta Oajustamento nesse mercado é feito por meio da taxa de juros. Quando hé exces- so de demanda por moeda, hé excesso de oferta de titullos, ou seja, os bancos (por exem- plo) ndo conseguem captar recursos e passam a elevar a rentabilidade dos papéis para estimular os agentes a se desfazerem da liquidez (moeda). O inverso acontece quando hd excesso de oferta de moeda: os individuos querem direcionar toclos os recursos para 608 titulos, gerando um excesso de demanda por estes e provocando uma queda na taxa de juros, o que conduz o mercado monetério ao equilibrio. Essa 6 a segunda regra de ajustamento: desequilibrics no mercado monetaio sé corrigidos por variagdes na taxa de juros. Quando hé excesso de oferta, a taxa de juros diminui, e quando hé excesso de demanda,a'taxa de juros eleva-se. O proceso de ajusta- mento esté ilustrado na figura a seguir. NenEO BE NIRIGACAO EME © WE0 EO MONARO NDA” Indinagéo da curva LM A inclinagao da LM é positiva, pois, dada « oferta de moeda, quando um dos com- ponentes da demanda por moeda (transa¢o ou portfblio) se eleva, o outro deve se reduzir. Assim, se tivermos uma elevagéo da renda, que provoca o aumento da demanda por moe- da para transagao, a taxa de juros deve se elevar para diminuir a demanda por moeda pelo ‘motivo portfdlio, isto é, deve-se desestimular os individuos a reter moeda como ativo. Portanto, a inclinagéio da LM nos mostra qual deve ser a variagao na taxa de juros para compensar uma determinada variagdo no nivel de renda. Os fatores que afetam a inclinagéo da curva LM séo as elasticidades da demanda por moeda em relagao 4 renda e taxa de juros. Quanto maior a sensibilidade da demanda por moeda em relagdo & renda, maior seré a inclinagdo da curva LM, uma vez que uma pequena variagao na renda levaré a uma grande expansdo na demanda por moeda, exi- gindo maior elevagao na taxa de juros para compensé-la. Por outro lado, quanto maior a elasticidade de demanda por moeda em relagdo & taxa de juros, menor seré a inclinago. Sea demanda por moeda for muito sensivel a taxa de juros, qualquer variago nesta exigi- 14 mudanga significativa na renda para compensé-la; ou inversamente, qualquer altera~ ‘edo no nivel de renda exigira uma pequena mudanga na taxa de juros para manter o mer- cado monetario em equilibrio. Posiséio da curva LM (fatores de deslocamento da curva) A posigao da curva LM é determinada pela oferta real de moeda. Como estamos considerando o nivel de pregos constante, essa oferta é afetada, basicamente, pela poll- tica monetéria. Expansées na oferta de moeda deslocam a LM para a direita (para baixo) e contragao da oferta de moeda a desloca para a esquerda (para cima). Um aumento na oferta de moeda faz com que, para um certo nivel de renda inicial, se gere um excesso de oferta de moeda, levando @ queda na taxa de juros. Assim, com maior quantidade de moeda, teremos, para qualquer nivel de renda, menor taxa de juros que equilibra o mer- cado monetério, correspondendo ao deslocamento para a direita (para baixo) da curva LM, o que pode ser visto na Figura 19.9. O inverso ocorreria com uma redugdo na oferta de moeda em que, para qualquer nivel de renda, requerer-se-ia maior taxa de juros para equilibrar o mercaclo monetério, o que corresponderia a um deslocamento para cima da curva LM. Supondo uma politica monetdria expansionista, teremos: FIGURA 19.9 (Beg cree FIGURA 19.10 Para determinarmos o nivel de renda e da taxa de juros que ecrulibram simultaneamen- +te:05 mercados de bens e de ativos, basta juntarmos a IS e a LM conforme a figura a seguir: No ponto £, a economia estaré em repouso, pois ambos os mercados estaréo em equilibrio. Como o ponto E esta sobre a curva IS, o mercado de bens estard em equilibrio, nao havendo nenhuma pressdo para alteragao do nivel de renda, isto é, como nao ha nem excesso de demanda nem de oferta por bens, as firmas no tém por que alterar o nivel de produto. Nesse ponto, o mercado monetério também esta em equilibrio, pois 0 ponto E situa-se sobre a curva LM, Nesse caso, no ha nenhuma pressic para a alteragdo da taxa de juros. Tendo em vista as regras de ajustamento que discutimos acima, essa seré a ‘tnica situagdo em que a economia poderd permanecer. Conforme destacado anteriormente, a curva IS é tragada considerando-se uma determinada politica fiscal (nivel de gastos publicos e tributagao). Da mesma forma, a curva LM admite uma oferta de moeda fixa. Alteragdes no ponto de cquilibrio da econo- mia (em relagdo a taxas de juros e niveis de renda) decorrem de deslocamentos da curva IS, da LM, ou de ambas. Os principais fatores a provocar essas mudangas sto as medi- das de politica econdmica Consideraremos os casos de alteragées nas despesas do governo e na oferta de moeda. No caso da curva IS, outros fatores podem levar a deslocamentos como mudangas no investimento auténomo em decorréncia de modificagdes na eficiéncia marginal do capital ou, ainda, modificagées no consumo auténomo devido a mudangas no estado de confianga dos consumidores. No caso da LM, sous deslocamentos decorrem de modifica- ‘ges na oferta real de moeda, que pode ocorrer por alteragdes ou no estoque nominal de moeda ou no nivel de pregos. Consideraremos a seguir apenas as modificagdes decorren- tes da politica econémica, mantendo, ainda, o nivel de pregos constantes Politica monetéria Por politica monetaria entenderemos a atuag&o do Banco Central para alterar a ofer- tade moeda, Chamamos de politica monetéria expansionista o aumento da oferta de moe- da, e de politica monetéria contracionista a redugo na oferta de moeda. Vamos conside- ne seman tener ena A RR rar, inicialmente, o efeito de uma expansio monetéria. De acordo com 0 exposto até o ‘momento, conclui-se que o resultado final seré uma queda na taxa de juros e uma expan- so na renda, conforme a figura a seguir: FIGURA 19.11 ‘Vamos ver como ocorre a transigéo de E, para B,, Com 0 aumento na oferta de saldos monetérios reais, gera-se um desequilibrio no portfolio dos agentes que tentardo se desfazer da moeda excedente ampliando a demanda por titulos. Com a elevagao no prego dos titulos, reduz-se a taxa de juros' de modo a equi- ibrar o mercado de ativos: méeda e titulos. Note que, pata acomodar a maior oferta de mosda no portidlio dos agentes, a rentabilidade dos titulos deve cair para tornar mais atraente a retengdo de moeda. ‘A queda na taxa de juros estimula 0 investimento, ampliando a demanda agregada. No nivel inicial de produto, gera-se um excesso de demanda por bens, que as firmas aten- dem com redugao dos estoques. Com isso, as firmas passam a ampliar a produgéo para atender & maior demanda, Conforme a renda vai se elevando, a demanda por moeda para transacdo aumenta, forgando elevagbes na taxa de juros para diminuir a demanda pelo motivo portfolio, de modo a manter equilibrado o mercado monetério. Observe que, apesar de haver uma elevago na taxa de juros no segundo momento, esta nao volta a0 patamar inicial, mantendo-se abaixo, com o que a renda na nova situagao de equilibrio 6 superior & inicial. Caso a taxa de juros voltasse ao nivel inicial, ndo haveria qualquer impacto sobre a renda Assim, o mecanismo de transmisséo da politica monetéria é o seguinte: 1. amudanga na oferta de moeda deve gerar um desequilibrio de portfélio, de modo a alterar a taxa de juros; @ 2. amudanga na taxa de juros deve alterar os investimentos e, com isso, a deman- da agregada’. ee ee ei Fam postr w lo oe og ds Wo a oe, perso no sapunte exo: seperta gus outa um io 40 6 We, a5 aetna tra cern ba su nana plo soc Nossa cas, oa do papalaue dager ota ona ‘rma pt capttegh do rantani: P= rom avo Po per oul, 6a ron nomial Geta Aan oN ‘iteur drone end ce 10,0 wa ta jose ao preg co us ser Gale capa macsse para qv oleaco s.gue um eo de Rs 10000 ov aso prog srk do RS 20000, Se atsa des aa lon prs 10% uae cape noceai aa "ena nga dR 108.00 sect 1000.0 Daten odo, oro do clcon dagen rus tras Go on Orasochlopedh a te bom nad cocoon Armaditha da lquidez: sttuagao na qual a taxa de furos esta ‘em um nivel td0 batxo ‘que qualquer ampliagdo na oferta de moeda seré ‘retida pelo piblico. FIGURA 19.12 Fficdcla da politica monetéria Dado 0 mecanismo de transmissio, ¢ facil analisar quais so as condigdes que tor- nam a politica monetéria mais ou menos eficaz nesse modelo. O primeiro fator a afetar a eficécia da politica monetaria 6 a sensibilidade (elasticidade) da demanda por moeda em relagdo a taxa de juros. Se a demanda pot moeda for muito sensivel & taxa de juros, uma equena variagéo sera suficiente para ajustar o mercado de ativos. Assim, com essa pe- qquena mudanga na taxa de juros, induzir-se-é a uma pequena alteragao no investimento €, portanto, na renda, Ou seja, quanto maior a elasticidade da demanda por moeda em relagdo a taxa de juros, menor serd a eficdcia da politica monetaria. (© segundo condicionante da eficdcia da politica monetaria é a sensibilidade (elas- ticidade) do investimento em telagdo a taxa de juros. Se essa elasticiclade for baixa, mes- mo que a ampliaggo da oferta de moeda gere uma grande mudanga na taxa de juros, isso Poderd resultar em uma péquena variagao no investimento Conclui-se, portanto, que a eficdcia da politica monetéria seré maior quanto maior a «linagéo da LM e menor a inclinagao da IS. sto &, quanto mais préxima da horizontal estiver a LM (quanto mais sensivel a demanda por moeda em relagdo a taxa de juros), menor seré o impacto da politica monetaria sobre a renda, pois alteragdes na oferta cle moeda gerarao uma Pequena mudanga na taxa de juros e, portanto, uma pequena variago no investimento. Existe um caso-limite chamado de armadilha da liquidez, que seria uma situa- ‘940 na qual a taxa de juros esté em um nivel to baixo que qualquer ampliagao na oferta de moeda seré retida pelo piiblico, isto 6, a demanda por moeda ¢ infinitamente eldstica & taxa de juros, ndo provocando qualquer alteracdo nesta. Nesse caso, a LM serd totalmente horizontal e a politica monetéria ndo tera efeito algum sobre a rencla. Essa situago esté ilustrada na figura abaixo, Com base nesse caso pode-se imaginar uma situaco oposta em que os individuos néo consideram a moeda como um ativo financeiro e, portanto, a demanda por moeda é insenst- vel taxa de juros (LM vertical). Nesse caso, 0 efeito da politica monetatia seré ampliado. Desconsiderando esses extremos, a politica monetatia tende a afetar o nivel de ren- da por afetar a taxa de juros e esta influir nas decisdes de investimento dos agentes, Desse modo, o impacto da politica monetaria sobre a atividade econémica esta relacionado: (@) a0 desequilibrio que ela provoca no mercado de ativos e a modificagao que iss0 gera na taxa de juros; (ii) a influencia da taxa de juros sobre as decisées de investimento. {- nencoveno-cho ome ouBoKAtoNONTID wt i EER (Um aumento na oferta de moeda tende a reduzir a taxa de juros, ampliando o investi- mento a renda, Uma redugao na oferta de moeda tende a elevar a taxa de juros, diminuindo o investimento.e a renda. Assim, em situagdes normais, terfamos os seguintes impactos: TABELA 19.1 ferta de m ~_ Ree ivestinento Renda ane ee Politica fiscal Entende-se por politica fiscal a atuago do governs definindo o nivel de gastos pi- blicos e © volume de arrecadago de impostos. Jé foi discutida em capitulos anteriores a forma pela quel a tributagao e os gastos publicos afetam a despesa na economia. O gasto piiblico é um elemento direto de demanda que afeta o volume de gastos auténomos. Como visto no modelo keynesiano simples, quanto maior o gasto piblico, maior serd a renda de equilibrio, Os impostos, por sua vez, afetam indiretamente a demanda ao alterar a renda dispontvel e, consequentemente, o consumo. Portanto, no modelo keynesiano, os impos- tos afetam a propensdo marginal a gastar, isto 6, a parcela da renda que é destinada ao gasto e, portanto, o valor do multiplicador. Quanto maior o volume de impostos, menor seré a renda disponivel, o consumo ea renda, Chamamos de politica fiscal expansionista Politica fiscal ‘aumento das gastos publicos ou a redugao dos impostos, ¢' politica fiscal contracionista sxpansiont ss i ‘aumento dos gastos a redugdo dos gastos publicos e o aumento dos impostos. Fittest re Partindo da anélise entéo desenvolvida, vamos enalisar 0 impacto de uma politica jmpasta fiscal expansionista (por exemplo, a elevacao do gasto pitblico) no modelo IS-LM. Politica fiscal (O impacto inicial da variagao do gasto pubblico é o deslocamento da curva JS paraa contracionista: direita, uma vez que, para qualquer n{vel de taxa de juros, a demanda por bens seré maior, "eco dos gastos ‘A magnitude desse deslocamento 6 determinada pelo inoremento do gasto vezes o Publis ¢ aumento dex multiplicador, conforme ja discutido. O impacto final dessa politica sobre a economia sera ‘9 aumento da renda e da taxa de juros, como pode ser visto na figura 19.13: FIGURA 19.13 Deve-se destacar que, no modelo keynesiano simples, o impacto do gasto sobre ‘{itenda seria igual ao valor horizontal do deslocamento da IS, com o que a nova renda ia ¥, FIGURA 19.14 Por que no modelo IS-LM 0 impacto 6 menor @ a renda se eleva somente para ¥,? Isto decorre do fato de se alterar a taxa de juros. Conforme a renda se amptia em decorrén- cia do gasto, aumenta a demanda por moeda. Coma oferta de moeda fixa, a taxa de juros deve se elevar para equilibrar o mercado monetério. A elevago da taxa de juros, por sua vez, faz com que o investimento se reduza, amenizando o impacto da politica fiscal expansionista, mas mantendo ainda um impacto positivo sobre a tenda. Note, portanto, que, apesar do aumento do gasto piblico gerar um impacto positive sobre a renda, isso leva a uma queda do investimento privado. Eficacia da politica fiscal Pela explicagao acima, jé podemos perceber quais s4o os elementos que determi: nam o grau de eficécia da politica fiscal. O primeiro, assim como no modelo keynesiano, é otamanho do multiplicador que determinaré quanto se deslocard aS. Fora esse, os outros fatores que afetam so os mesmos que determinam a eficécia da politica monetaria: a elasticidade da demanda por moeda em relagdo & taxa de juros ¢ a elasticidade do inves- timento também em relagao aos juros. Quanto ao primeiro fator, quanto maior a sensibilidade da demanda por moeda & taxa de juros, maior seré o impacto da politica fiscal, uma vez que esta gerard uma peque- na variagao na taxa de juras e, por conseguinte, uma pequena compensagao negativa por parte do investimento. Por outro lado, quanto maior for a sensibilidade do investimento em relago A taxa de juros, menor seré 0 efeito da politica fiscal sobre a renda, uma vez que qualquer mudanga na taxa de juros gerard um grande impacto sobre o investimento, com- pensando a politica do governo. No chamado caso da armadilha da liquidez, em que a demanda por moeda é infini- tamente elstica om relagdo a taxa de juros, com a LM horizontal, o efeito da politica fiscal ser semelhante ao do modelo keynesiano, uma vez que a taxa de juros nao se alteraré em Tesposta ao deslocamento da IS, néo havendo, portanto, redugao do investimento. Bo ‘caso de maxima eficdcia da politica fiscal Pode-se, porém, pensar na situagéo oposta, em que a demanda por moeda independe da taxa de juros e a LM se aproxima da vertical. Nesse caso, a politica fiscal serd totalmen” te ineficaz. O maior gasto puiblico ndo leva a qualquer alterago da renda, apenas gere uma variago na taxa de juros, que provoca uma redugso no investimento de magnitude : ‘NODHO De NEUGACHO ENE © UDO HALE OMONETARO: aust BREE semelhante a variagao no gasto piblico. Tem-se apenas a substituigao de gastos privados por gastos pilblicos, o chamade crowding-out ou efeito deslocamento. Esse resultado Crowding-out ou efeito pode ser visto na Figura 19.15, deslocamento: substinutgdo de gastos Privados por gastos pablices. FIGURA 19.15 Em situagdes normais, como vimos, uma politica fiscal expansionista provoca 0 aumento da renda, pois eleva a demanda; mas esse aumento, ao elevar a demanda por moeda, provoca o aumento da taxa de juros. Uma politica fiscal contracionista provoca redugao da demanda e da renda, e, assim, ao diminuir a demanda por moeda causa redu- donna taxa de juros. TABELA 19.2 Piaissokititacoes FinNAIB* O modelo /S-LM, combinando o mercado de bens e de ativos, complementando 0 £ modelo keynesiano, parece ser um importante instrumental para analisar o comportamen- ‘to da economia a curto prazo, e suas flutuagSes econémicas. lantes entenderem o funcionamento da Macroeconomia e a integragao entre o mer- lode ativos ¢ o mercado de bens. Varios aprofundamentos séo posstveis nesse modelo: jue as empresas possam atender a qualquer demanda ao nivel de pregos dado, |, uma importante lacuna desse modelo é nao incorporar a oferta agregada e as con- de ajustamento de pregos e salérios. ‘Todos esses pontos devem ser considerados pelo leitor, que deverd aprofundar 0 BIO para o entendimento da Mactoeconomia. @ = Dotina as curvas IS @ LM: b. Qual a contribuigao desse modelo para a andlise macroeconémica? ‘O que ocorre com 0 equilfbrio renda-taxa de juros, no caso de uma politica fiscal expansionista? Dustre graficamente. @ iom, no caso de uma politica monetéria expansionista. @No modelo 18-LM, que fatores ou variéveis afetam o ofeito multiplicador keynesiano, no caso de um aumento dos gastos do governo? Descreva e ilustre graficamente os casos em que a economia esta fora do equili- a brio, no modelo IS-LM. CETERA NAL ee

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