Arte grega
‘As obras de arte que conhecemos até agora s20
‘como estranhos fascinantes; aproximamo-nes de-
las com plena consciéncia ce seu contexto impe
netrdvel ¢ das “»
58 como A ante coMEgat
53. Virgem, de Quics @) ¢. 520 a.C. Mérmore, ature
‘OSS m. Museu de Aerpele, Atenas
«as, com a pregas da bainha abrindose em Je-
que sobre uma bese circular, parece terse
desenvolvido a partir de uma coluna e no de um
bloco retangular. Mas 0 efeito majestoso da es
‘dna nfo depende tanto de sua proximidacle com
uma forma abstrata, quanto do mocio como a.co-
Jana ganhou realce com a suavidade das formas
arredondadas de um corpo vivo. Acompanhan
do 0 movimento circular continuo ¢ ascendente
das pregas inferiores do drapeada, o olho segue de
moradamente pela suave curva dos quadris, do
torso e dos seios. Se voltarmos & figura 16, num
relance perceberemos que a esposa de Miqueri-
nos, com uma anatomia muito mais explicita,
parece, em comparaglo, pesada e sem vida.
‘A virgem da figura 53 assemelhase, de varias
maneiras, & Hera de Samos: de fato, ela prover
velmente veio de Quios, outra ilha da Grécia
jonica. A grandiosidade arquitetonica de sua
ancestral cedeu lugar, entao, a uma graga deco-
rativa c requintada. Os trajes ainda ondeiam ao
redor do corpo em curvas sinuosas, mas o com-
Dlexo jogo de dobras e pregas tornou-se quase
tum fim em si mesmo. O cabelo da vingem rece-
bea um tratamento semelhante, @ 0 rosto tem
Escultura arquiteténica
Quando os gregos comeraram a construir seus
temples com pedras, tomaram-se também her
deiros de uma antiqifsima tradicfo de escultu-
ra arquitetOnica. Os egipcios cobriam as paredes
ce até mesmo as colunas de suas constragbes com
relevos, mas escas esculturas eram tao rasas que
no tinham volume ou peso préprios. As figuras
dos guardiGes da Porta dos Ledes, em Micenas,
‘S40 de um tipo diferente (ver fig. 39): embora se
jam esculpidas em alto-relevo numa laie exorme,
essa la € fina e leve, comparada 20s blocos c=
‘lopicos ao seu redor. Ao construir @ porta, 0
arquiteto deixou um triingulo vazio acima do lin-
tel, temeroso de que 0 peso da parede acima a
cesmagasse, e entdo preencheu esse espaco com
‘panel em relevo. Essa espécie de escultura ar-
quitetonica constitui uma entidade a parte, € n20
simplesmente uma modificagio na superficie da
parede. Os gregos seguiram 0 exemplo micEnico
= em seus templos, a escultura em pedra res
tringese ao fronizo (0 “trigngulo vazio" entre 0
teto e as laterais em declive do telhado) & parte
imediatamente acima dele (0 “fiso") — mas con-
cervaram a riqueza narrativa dos relevos egipcios.
O Combate enire Deuses e Gigantes (Sg. 54), parte
de-um frso, é feito em forma de altorelevo acen-
‘mado, com pormenores totalmente separados do
‘undo (a perma traseira de um dos lebes quebrou-
‘se, pois estava completamente destacado do fian-
do). O escaltor aproveiton todas as possibilidades
*eARTEGRECA 59
5A. 0 Combate entre Deuses¢ Gigante. Parte do fiso vere do Tesoro dos Siro. Delos, c. 530 aC. Marmere,altra:
0/66 m, Museu de Defos
espaciais dessa técnica arrojaday.a borda salien-
te da parte inferior transformowse em tnma pla-
taforma sobre a qual sto colocadas as figuras em
profundidade. A medida que elas se afastam de
‘bs, a escultura torna se mais rasa, ¢, no entan-
to, nem mesmo 0 plano mais distante desapare-
ce no fundo. O resultado € um espaco conden-
sado mas muito convincente, que permite wma
interagao dramitica entre as figuras, como mun-
ca se vi anteriormente. No apenas no sentido
fisico, mas também expressivo, conquistouse:
aqui uma nova dimenséc
Entretanto, o relevo foi completamente aban-
onado na escultura em frontio. Em vez disso,
encontramos estétuas separadas, colocadas lado
a lado em segiéncias draméticas € complexas
com 0 objetivo de ajustarem-