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Adeline Rucquoi HISTORIA MEDIEVAL 2 NSULA IBERICA A Historia da Peninsula Ibérica entre 409 ¢ 1516 ni apenas a Histéria dos Visigodos, dos Arabes, da Recon Cristé e dos Reis Catélicos; é, antes de tudo, a Hi uma antiga provincia romana em que esta antiga het permanece viva gracas 8 unificacdo visigética, & manutengio dos lagos com 0 Mediterrineo oriental meridional e & per- manéncia do direito romano. A abertura para a Europa oci- dental ¢ setentrional, a partir do fim do séc. XI, ni 4 uma ruptura profunda com este passado dando, evolucio ibérica a sua originalidade, no conjunto em formacao na Europa medieval. FICHA TECNICA: es Angleterre, Londres. esa (excepto Brasil) ‘Almangor, em 1002. ‘Como 0 feu; homénimo, o fundador da dinastia em/Espanha, Abder- procedeu reorganizagao militar, administrativa ¢ fiscal de Al- lomatica ¢ numerosas campanhas no quadro de uma politica externa a sent Poa cies 939, o califa fortificou a Marca média; para conter a agressividade do 16 ¢, cerca de vinte anos depois, em 968, uma imponente fortak ” __~ Teo ~@, MARCA INFERIOR MARIDA, Shatibae’ LL TULAYTULA 4 ein Kustantinae ALUshbina sf) KURTUBA Regido despovoada Terit6tios cristéos © Capital de Marca 78 foi Jevantada em Gormaz para protecgio da fronteira do Douro, série de aceifas vitoriosas obrigou os reis ¢ 08 condes. cris ‘Cérdova tréguas em troca d general da Marca média, Ghalib, enquanto a partir de 980 0 «homem forte» de Cérdova, Muhammad ibn Abi ‘Amir, mais conhecido por Almangor, recorria a numerosas campanhas devastadoras contra os reinos © 0s condados cristos ~ mais de cinquenta entre 981 1002 ~, que desorga- nizavam as regides repovoadas, aniquilando cidades inteiras ~ Barcelona em 985, Santiago de Compostela em 997 -, fazendo reinar o terror recolhendo espélios, escravos ¢ tributes. A sul, os califas preocuparam- -se em primeiro lugar em_deter 0 avango.dos Fatimidas Xiitas © em conservar a sua autoridade no Magrebe. O confronto directo foi, no ia e de Ceuta transferir em 973 ser fundada, afas pesar sobre 05 nos, que passava pelo Sul do A\ ido de Lisboa em 966 e 971 foram fa, enquanto cm 942 uma horda de huingaros jarca superior, entre Huesca e Lérida. Em contra- la, os «piratas» que apoiavam Cérdova no Mediterraneo € que se haviam fortificado em La Garde-Freinet cerca de 888, foram finalmente aniquilados em 972. iplomaciafoi um dos califa, AbderramAo III. Voltando as costas a Bagdade € a vai orientalizag2o» que caracterizara 0 poder dos Omiadas no século ‘ou por Constantinopla ¢ estabeleceu, com os hasileus, relagdes estrei- Uma embaixada de Constantino Porfirogeneta trouxe, em 949, a Anacir, colunas, fontes ¢ mosaicos para decoracio do seu palicio ¢ entre- gou-Ihe manuscritos de obras de Dioscorides e de Paulo Orésio; em 972, isces envion ao califa Aldqueme IT uma outra embai- ‘0 fundador do império romano germanico, Oto T da Sax6nia, havia enviado uma embaixada ao califa em 950-955 para protestar contra as depradagdes dos Muculmanos na Provenga; em 974, Otio II mandou por sua vez uma embaixada a Alaqueme Il. Abderra- izada pelo primeiro de iplas embaixadas passaram finalmente por Cérdova, provenientes dos varios Norte, nfo tendo todas por fi encontrou ali reftigio aquando do sew exilio em 958-959, partido para tratar, com os médicos da corte, uma obesidade que o impedia de montar a cavalo. A politica interna do primeiro califa assentava primeiramente na submissdo de todos aqueles que, durante 0 periodo precedente, haviam ignorado ou desafiado 0 poder central, Os rebeldes, reduzidos pela forva ou por persuasdo, submeteram-se entdo a Abderramio III. Em troca desta submissio as grandes familias, apbs um periodo de exilio, depois da comparéncia na corte e da promessa de satisfazer a vontade do prin- cipe dos crentes, foram confirmadas nos seus antigos cargos ¢ dominaram as setenta e uma provincias de Al-Andalus, provincias muitas vezes redue vidas a uma cidade € ao seu territério. Mesmo em Cérdova, para conjurar © perigo que podiam constituir as antigas familias, 0 califa rodeou-se de muwalladun ¢ de escravos europeus, 40s quais foram confiados numero- sos cargos palacianos ¢ uma grande parte da administragao; mercenirios, especialmente eslavos, foram recrutados para formar o exército que, no reinado de Aléqueme ‘ou igualmente bom ntimero de berberes A organizagio fiscal foi restabelecida, e 0s rendimentos do Estado au- 8 classes nfo pro- do califado ¢ 0 exército ~ favorecia 0 desenvolvimento das actividades econémicas. O dinar de ouro, que s6 fora cunhado em Espanha durante alguns anos depois da conquista, de novo das oficinas de moedas de Cérdova com, no reverso, 0 nom: também uma das grandes cidades do mun ‘com Bagdade, pelo menos com Constantinopla. Se necessirio di fiar das descrigées autores dos séculos XIII © XV — que atribuiram a belecimentos de banhos, cerca de quinhentas mesquitas ¢ mais de du, tuma populagio de cerca de cem mil habitantes, desempenhou no ocidental do século X 0 papel de uma metropole politica, eco cultural Abderramao III escolheu, porém, abandonar o antigo palicis por uma nova cidade, de que ordenou a construgio pouco dep proclamagdo do califado. Medina al-Zahra, «a cidade de Sara», -se assim rapidamente a uma légua a oeste de Cordova, nos 80 ia e, depois, o centro artesanal, en- va uma parte da populagai jalécio. A decoragio de Medina al- jvindicagio da origem damascena da sidas, e 05 elementos hele~ ia do Império Romano do z 11s siibditos. Alaqueme II (961-976) prosscguiu a p ‘denou o alargamento da mesquita de Cordova, cujas spgo arquitectural descobre-se ao mesmo ago a um passado sirio e a influéncia das seforo Focas ido Alaqueme II morreu, seu filho € herdeiro Hixeme I (976- nha apenas onze anos. 0 poder foi entio excrcido em seu nome ‘ou vizir Muhammad Ibn 'Abi Amir, Almangor, que gozava da ‘gio da favorita, mae do novo califa ‘Almangor no procurou suplantar o califa ¢ contentou-se com o ‘0 do poder e dos beneficios que rendia. As milltiplas ruidoras que levou a cabo contra os principados cristdos firmaram a sua reputagio como chefe militar, e as garant HVaquies € ulemas de Cordova — a expurgagio da bib por Aliqueme, uma cdpia do Corio de sua propria mio, uma ‘io da grande mesquita ~ fizeram emudecer as criticas que a usurpagio» suscitara, indo a politica que adoptara Abderramfio I1l, Almangor favore- \¢20 social de funciondrios provenientes do grupo dos escravos familias de segunda categoria ¢ a incorporagio de mercendrios no exército; embora a antiga aristocracia tivesse conservado 05 ios, o sistema tribal que prevalecia nas camadas dominantes por isso mesmo, seriamente abalado. A. pressio fiscal acentuou-se sivamente sobre o conjunto dos habitantes de Al-Andalus que, a de entio afastados dos cargos militares, comegaram a alimentar imentos contra a wberberizagion. Almangor quis por ‘uma cidade, a uma Iégua a leste de Cordova, jeceu em 981 81 istes, leopardos ¢ touros selvagens; segundo o poeta ‘Almangor passeava, além disso, com gosto, com um gamo a trea, A morte de Almangor, em 1002, no regresso de uma expedig&o contra ios do Norte, ndo parece ter provocado mudangas: sucedeu-Ihe que prosseguiu a sua , em 1008, por vezes a a seu irmao Abderramao Sane! a indignagao na capital, e Sanchuelo, de regresso de uma campanha infeliz, contra Ledo, foi assassinado em frente de Cordova enquanto Hixeme IT se via obrigado a abdicar a favor de um de Abderramio III, Muhammad. A guerra civil, ou berbere ~, ia marcar os vi ‘decurso dos quais Arabes, Berberes e Eslavos se defr ss pertencentes ais diversas facgdes se sucederam no trono de Cérdova. Os Berberes, ajudados por Castela, conseguiram apoderar-se de Cérdova a partir de 1009, tendo-se feito atribuir certas provincias. Os Eslavos, que haviam apelado aos condes de Barcelona e de Urgel, recuperaram rapidamente a cidade ano seguinte. Mé Zahira, simbolo das pretensdes amiridcas, destruigdio que se repetiu pouco depois Medina al-Zahra pelos Berberes. A guerra prolongou-se até a deposig. do tiltimo califa, Hixeme IIT al-Mu'tadd, em 1031. A fuga de al-Mu’ para Lérida, onde morreu cinco anos depois, marcou o desapare do califado que, um século antes, seu bisavé, Abderramao Il fundado. Com a derrocada da unidade politica e religiosa que, século: emires e califas de Cérdova haviam dividida numa série de principados, os taifas. Enquanto um certo nimero destes reinos, no Sul da pei era dominado por dinastias berberes - Granada, Malaga, Rot ciras, Arcos, Morén, Carmona e Ceuta ~e os que cedo surgiram entre os governantes destes reinos ram, porém, no campo cultural, Cada rei tentou o esplendores de Cérdova e atrair intelectuais, muy seu lado desejosos de fugir ao clima de a pole. A primeira metade do século x! florescimento artistico e cultural que reforgou 82 econémica do pais ¢ a perda de intensidade do controlo exercido pelos , a filosofia ou a teologie tenham sido, entio, ~ com excepgio de Ibn Masarra (883.931) 85 Gandia; todos recorreram a técnicas hidréulicas herdadas da Antiguidade tapetes, couros ‘ais e cerdmicas s brodugdes de Jitiva,enguanto Toledo w eee itbicasto de fcas ¢ de armas im compensicae eta ds baci mediterdnice, quer ltmica come Caio er 0 Oriente cristo ~ de onde exer Peles ~ podiam ser encontreday nos ea referido desde meados do século TiV33 as e de mercados florescent @ Al-Andalus uma aut io do século vu exploragdes agicolas foram foram confiad: segundo contratos que deixavam a e Os Arabes reservarai i faram para si as enquanto os Berberes se instalavam 90 € melhoradas, como 0s aquedutos e 08 moinhos de gua, ou importadas do Oriente, como a nora ¢ 0s posos; a irrigagdo das terras faz supor, como na época romana, um estreito controlo da utilizagao da agua para garantir a todos uma distribuigdo igualitéria, em tempo de abundancia como em tempo de seca. Pomares ¢ culturas horticolas cobriram deste modo as terras baixas de Al-Andalus, onde foram, além disso, aclimata- das as tamareiras ~ por Abderramio 1, segundo se diz, que sentia a igia da sua Siria natal -, as romazciras, os damasqueiros, as alfar- robeiras, as laranjeiras, 08 limoeiros, a alcachotra, 0 acaftdo, o arroz, a (08 espargos, os figos verdes ¢ 0 jardins botdnicos» e tratados de agronomia preo- algodio. Verdadeiros ‘cuparam-se com a ak suas necessidades de Nas zonas de co haviam estabelecido, especialment da, na Serra Morena, a oeste da regio de Marcas superior e média, desenvolveu-se a da figucira. A exclusio de toda a gordura ar mugulmanos ocasionou a intensificagao da cultura da oliveira, e Al- -Andalus cedo exportou 0 seu azeite para Alexandria, enquanto 0s figos de Mélaga eram apreciados tanto em Bagdade como na India ena China. A cultura da vinba é também largamente confirmada, bem como a pro- ‘dugio de vinko; com efeito, em meados do século 1X e sob a influéncia oriental, os juristas de Al-Andalus tinham declarado legal 0 consumo de Vinhos que, assim, se juntou ao de passas entre os Mugulmanos As zonas cerealiferas diminuiram rapidamente na Espanha mugul- mna, em parte porque o trigo nunca desempenhiou um grande papel imentagdo dos Arabes, e também porque as grandes zonas de cul- seca do vale do Douro haviam sido abandonadas em meados do século VII, Muwalladun e cristios conservaram, porém, nas regides dos cereais, as suas tradigdes. Parece, todavia, que 0 lo ali muitas vezes substituidos pelo 10 Al-Andalus nunca srosos Berberes se na Serra Neva- jontanhosas das Marces média e superior, onde 10 ovinos. Mas os documentos mantém-s silenciosos quanto ea extensio destas pra ei a, activa na Peninsul ium dos recursos de exportou, 0 ferro de Const desde a Antiguida- que utilizou em ina ~ a oeste de Cordova ~, 91 bre de Toledo © de Granada, o estanho de Ossénoba, 0 chumbo de ibra, a prata de Marcia, Athama e Hornachelos, o aliimen de Niebla. r exalios navai de Almeria contrbuiram para a desloestasdo da regio no século X, enquanto o Oeste da ula fornecia grandes lades de cortica 5 aed endimentos agricolas ¢ a diversificagio da produgo fei derramio III e, depois, Almangor pretendiam ser Fundadores de cidades, e dedicaram uma grande parte dos recursos piiblicos a erigit Medina al- ~Zahra ¢ Medina al-Zahira. As mesquitas, situadas no centro principal da vida urbana, foram igualmente objecto de amp embelezamentos. Porque foi no centro das cidades e, mais idades e, mais precisamente, em Cérdova n séculos DX € X que se desenvolveu 0 modelo social e cultural aos se falava arabe e que se produziram os contactos ¢ as trocas com o resto do Dar al-Islio. A adopsio da doutrina juridica malekita e 0 controlo exercido pelos alfaguies explicam, segundo certos autores, a auséncia de originalidade do pensamento especulativo na Espanha dos Omiadas. Se 15 letrados andaluzes se dirigiam a Bagdade no século IX e viajavam depois no conjunto do mundo istimico, os seus contactos com os fos helenistas e a sua descoberta das lutas entre mi ws, adeptos de sofisma, ¢ ash’aritas no parecem ter feito wescola» em Al-Andalus excepedo da de Ibn Masarra em Almeria. O desaparecimento do cal mento andaluz original filésofo pl vempace — de 92 Granada, Abdalé ibn Ziti, em Aghmat, onde partilhava o exilio ea prisio amid, 0 versificador ~, escrevia tomar com um passado nunca desaparecido. E em Sevilha, no principio do século XII, Ibn ‘Aldun afirma o fim de um mundo em que de futuro apenas contam os valores universais de ordem social e moral. ( interesse pelas ciéncias esp: nu-se igualmente em Al-Andalus a ir de meados do século X, na época em que a estabilidade politica, jada a0 grande miimero de converses a0 Islio, fornecia aos pensadores trados um meio onde desabrochar; paralelamente, as viagens dos ‘Andaluzes para Leste diminuiram, ao passo que o estudo das obras importadas fazia nascet um pensamento original. As matematicas ¢ a ‘astronomia, com Maslama de Madrid (morto em 1007) e seus diseipu- s, entre os quais se encontram Ibn Khaldun de Sevilha (morto em 1057), ‘Kirmani de Saragoga (morto em 1066) € taman ibn Hud; @ onomia, com Ibn Wafid de Toledo (morto em 1075), seu discipulo bn Luengo de Sevitha (morto em 1105) ¢ Tbn Bassal de Sevilha; a cirurgia ‘com os muwalladun da corte de Abderramao Ue de Aliqueme Tl, Yahya ibn Ishaq, Ibn Djuldjul, Ybn Hafsun ¢ o autor do Calendrio de Cordova, -Qurtubi; a farmacologia e outras disciplinas cientificas beneficiaram da ide mecenato dos califas ¢, depois, da dos emires de saifas. No X, Abderramio II] encorajou o estudo da botinica e da farmaco- enguanto Aliqueme II se interessou mais especialmente pela astro- mia; no século seguinte, os emires de Toledo ¢ de Sevilha favoreceram ‘agronomia, os de Toledo animaram também a astronomia e a astrolo- ia, ¢ 0s de Saragoca roderam-se de matematicos. 'O desenvolvimento dos conhecimentos apoiava-se igualmente numa fasta rede de escolas que facilitava, entre outras, a aquisigdo da lingua 0 arabe. No século IX 0 nimero das bibliotecas aumentou, ¢ con- joteca de Aldqueme I, os seus milhares de wente 0 modelo. A sua ;puragio» por Almangor no davia, que existia rdalus uma forte corrente contraria ao desenvolvimento do pen- fento cientifico e filos6fico. Um certo niimero de mulheres também se ou pelo se ros, como Fatima — que no século X por muitos paises em busca de livros raros ~ ou, ainda, Aisha, jetiria de uma biblioteca afamada e autora de varias obras; no XI outras mulheres ensinaram a caligrafia, @ retdrica ow a poe sendo mesmo versadas em dircito. ampo puramente técnico, finalmente, se os mugulmanos de Al- conservaram ou voltaram a pér em uso as técnicas antigas de io em terra seca e em adobe, do arco elevado ¢ dos arcos desdo- sem altura, de diques e de barragens, de canalizagbes de agua ¢ de tos, do arado e, mesmo, das solas de corti, em especial a transformagdo em vidro - e do vidro, 0 papel, as sedas Pesca, varias espécies de relégios — solares, foi, alids, rapidamente ado te adoptado pelos principados et depos difundid além dos Prenéus, Aes HOS do Norte, Arabia ou de Bagdade, Sociedade da misiea. Qu tas veescopindas dos levaram a um ponto extremo a sua decors ds madeira, da patra, da scltas oo a ouro e prata,o trabalho em ma ou prata, bem como a ceramica fina, co cl fo no prin ‘manos 86 passaram a ser mai irios ali em meados do séct , Por pouco mais de um sécul come resengatransformou profunda teum certo mimerodeestruturas soci, os modes de root oer eneas agrriase a paisagem urbana, Os quatto salen do" sabe fizeram entrar A-andatus no mundo islimi, ponde con to ~ tanto no campo comer ral ~com 0 Oriente © Extremo Oriente. Permitiram também que se conservassem os met to do mundo mediterinio, do gin passadas as alta poseiores co de constiuir uma fupture jento © a sua conservasio, com as contribuigdes orientais. hom poder dos Omiadas, lon, 5 no mugulmanos de Al-Andalus Damasco (717-720), 08 di tivessem sido submetidos a uma forte pressio fiscal -, como muitas vezes favorecida por grupos que viram neles servidores mais fidis que os Arabes ou os Berberes, ligados por pertencerem a familias ou clas. Por outro lado, a escravatura herdada da época antiga foi mantida e, ao comércio de escravos vindos da Europa central ou de Africa, juntaram-se os prisioneiros de guerra e os que eram capturados aquando das razias; a libertagdo dos escravos, fomentada pelo Islfo, s6 concedia, porém, a estes, 0 estatuto de mawiali, de prote- gidos dos seus antigos senhores. Os no mugulmanos foram, pois, numerosos e cons conjunto a maioria da populago sujeita ao poder dos e iadas, e uma grande parte daqueles que de raifas do século s altas personagens ia das populagé judaicas ¢ 0s Eslavées libertos de Al-Andalus i vezes, 0 que da uma visio deturpada da iarios na Espanha dos séculos inadas entre os conquistadores tes ou os magistrados das cidades gd, pelos cristios, da da capitagéo propria dos dhimmis, a djzya recebida 20 mesmo 1po em dinheiro e em frutos, e da proibigio de erguer novas igrejas, de tocar os sinos, de cultivar novas terras e de fazer proselitismo, os cristios conseguiram conservar uma grande parte das suas estruturas politicas ¢ culturas. Parece que também conservaram, em muitos , as suas propriedades, e que s6 os bens daqueles que, haviam ‘ou combatido os vencedores foram distribuidos aos Arabes ¢ eres. \s iltimos principados visigéticos sob dominio arabe, como o de ‘0 de Orihuela, desapareceram em meados do século VIII e, es, 0 sistema anterior, claborado por Revaredo e Leandro de i. AS comuni- importancia Alvaro de e social perante o Islio. Em meados do século ia assim deplorar a proliferagio dos com a sua erudi¢ao profana fe que,] entusiasmados . estudavam com avidez os volumes dos Caldeus, 95 Iendo-os atentamente, discutindo-os com ardor e, reunidos para a estu: dar, divulgavam por toda a parte a lingua com louvores, a0 mesmo tempo que ignoram a exceléncia da Igreja (..) Infelizmente os cristios niio conhecem a sua lei, € 08 Latinos jé nfo dio atengdo a sua propria lingua». E entio que verdadeiramente se pode falar de uma earabizagiion 0s cristdos de Al-Andalus, que, embora nem todos convertidos a0 Islio, se tornaram, contudo, «arabizados» ou mogirabes. © primeiro século e meio de dominio érabe, se provocou uma desorg nizagio politica e a fuga, para o Norte, de numerosos magnates ¢ bispos no significou ruptura profunda para o restante da populagdo cris continuou a set administrada pelos seus magi servou os seus prépri res — que julgavam segundo 0 Li Iudicum ~, 08 seus recebedores ¢ 08 scus tesourciros. Numerosos bis I € IX, com a aprovagio emires, embora s6 nos tenham chegado as actas do que reuniu em dova, em 839, cinco bispos e trés metrop. lo testemunho de Euldgio de Cordova, a cidade contava viagem ao Ni ula que 0 levou a Pamplona e aos mi sua regido; dali trouxe manuscritos de Virgilio, de Horacio, de J de Porfirio, bem como a Cidade de Deus, de Santo Aj do, na mesma época, um seriptorium cristo produzia uma cépia das Etimologias de Isidoro de Sevilha. Por outro lad da segunda metade do século 1x, Alvaro de Cérdova rev ecebiam sempre o tergo das dadivas feitas as igrejas «p: das basilicas e gastos com os pobres». ‘A desorganizacdo dos primeiros anos da conq: dois decénios de crise econdmica e p aparecimento de miiltiplas heresias; tradigdio das que os grandes concilios dos si nado. A partir de 730, Eviincio 96 metropolitan Elipando de Toledo ¢ do bispo Félix de Urgel que, sgunda metade do século Vill, levantaram 0 problema da natureza iagdo de Cristo. A controvérsia dita «adopcianista» deu lugar a troca de cartas e de optisculos; contra Elipando, Félix e uma parte espiscopado ergueram-se talvez o metropolitano de Sevilha, Teudula, s sobretudo o presbyter Beato de Liébana ¢ o bispo de Osma Etherius, ino de Toledo, numa carta dirigida ao abade Fidel, te atacado. Enquanto Be: Liébana redigia em eda indo, o bispo Félix de Urgel, cuja dio cese dependia de Narbona ~ coi ida pelos Francos uns vinte e cinco =, era preso € levado a Ratisbona perante Carlos Magno; as li condenadas por Alcuino, que se apoiava versio de Isidoro A polémica, que evocava no século Wo foi provavelmente considerada como tal em Espanha. Ou- ida da Igreja hispanica, tal como a dos acéfalos com a heresia de Migetivs, condenado em 785 pelo episcopado hol sob a autoridade de Blipando de Toledo — parece que a dou- apresentava as trés pessoas da Trindade como sendo 0 rei David, eS. Paulo -, ou 0 antropomorfismo do bispo simoniaco de Malaga, wecido sob 0 home de Hostegesis, contra o qual se ergueu, cerea de © abade Sansio, , s escritos dos grandes autores do século IX, Alvaro e Buldgio de jova, © abade Sansio de S. Zoilo e 0 padre Leovigildo, provam, 10 lado, a vitalidade da cultura crista «mogaraber mais de um o depois da conquista mugulmana: os temas que tratam, a natureza Cristo, a Trindade, a virgindade de Maria, 0 baptismo, os nomes de precedentes visigéticos, mas sio igualmente afirmagGes teo- lizadas, ins- se na tradigio visigética: Orésio, Agostinho, Potémio de Lisboa, ', Cassiano, Cipriano, Joio de Biclare, Gregorio, 0 sidoro de Sevilha, Taio de Saragoga, Juliano de Toledo, a0 de Cicero e de Horicio ~muitas vezes conhecidos gragas » Tertuliano, Boécio, Fulgéncio de Ruspe, Dracdncio, ‘embora parera que as conde- indo de Toledo e de Félix de Urgel tenham podido levar ver do seu passado vis Ihe proporcionava © 0 dos contactos, Romano do Oriente ¢ os cri res de Cordova de meados do século IX figura um certo 97 de um tratado sobre urina por um mé ice ae 8 umn mdio cristo de Cordova, Khalid on Ruman, ence eee eos profeics, mutes veres deo latio S. Methodi de femporibus caueinien chia omo.o Tul seepra de bro del Meco como a Reve- ulmanos circula- ap giavam o Islio como uma heresia mas atestam igualmente @ i? a, do drabe-e dos textos arabes que os conheciam perfeitamente, A croni- VIII nos meios cristios de Toledo ou de Crénica Mopirabe de 754, que pre- a le Jodo de Biclare e de Isidoro d daa partir de fontes drabes ¢sirias bem como de fontes bbeidas enous visivelmente a favor da dinastiaomiada contra ot adversidade. Outras di culo IX, como demo 883, que colocavam o tradugio frabe Em contrapartida, no campo artistco, ainterdigh grzer novos tmploy ou, mesmo, de repraroectondarseeg embora temperada pela autorizagdo de reconstrus injustamente destuidos, abrigos as comaiiena se uma parte das suas antiga igrejas, tendo as mais vasta t relomadas pelos Musulmanos para fazerem meee Bio de Cérdova, a igrejas da sua cidade cram ey como deviam sé-lo os templos das outras contra destacava 0 conjunto da igeeia de Santa Maria do vara 0s seus altos pilares. Em Toled Parte da populagito crista em 893 para ticas parecem ter sido utilizadas. & pro contornada pela criaglo de jarejas troglod segundo um plano que respon seus tesouros na altura da conquista, as igrejas tiveram igualmente de se eotivamente em 966 ¢ 927, revelam uma inegivel fide s hispano-visigéticos. difsio, desde mea és da profecia do jue anunciava a vitoria de um rei cristo sobre os M no século seguinte, feito nascer grandes esperangas nos cristdos de Al-Andal as que o tempo se encarregou de destruir. Por outro lado, a pressio exercida pelos Mugulmanos e o fascinio de um mundo que se abria entéo Bagdade e para o Oriente suscitavam ao mesmo tempo um niimero cente de conversdes ¢, como acentuava Alvaro de Cérdova, o aban- 10, por mumerosos cristios, dos seus costumes e da lingua latina. iss0, & conversio ao judaismo, em 839, de Bodo — diicono da corte do Por ocasido de uma peregrinagéo @ Roma, a sua igo em Saragoga sob o nome de Eleazar, as suas tentativas junto it Abderraméo II (822-852) para que obrigasse os cristios a con- se, bem como a polémica que manteve com Alvaro de Cérdova, abalado os meios cristios. Os mosteiros proximos de Cordova, em s de Tabanos, Pinna Mellaria, Cuteclara e S. Zoilo, acolheram ‘um niimeto crescente de «penitentes» desejosos de se retirar de um lentificado com o Islao. Foi destes meios que sairam, entre 851 € irios homens e mulheres que, desafiando as proibigies de proseli- de ataques contra o Isii0, foram condenados ¢ executados. esforgou-se, no seu Memo- ide crista como uma Igreja isaac, do censor Argemiro, do soldado @ procura do mai Jos perturbava a evantow um probl nto no se expandisse; revela de numerosos cristdos numa sociedade em movi- .do por Kenneth B, Wolf mostra efect mugulmano de Sevilha e sabia traduzir 0 dal com sua mie Artemia no mosteiro de Cuteclara sem que a ulmana soubesse ~; de familias divididas entre as duas lo do padre Rodrigo era mugulmano e aproveitou um ica deste para clamar a sua conversio ao Islio; 0 99 Especial 0 eu posto ao poderoso cunun do exécto,enguantoem 853 era dextruido o moseivode Hietert we rovre Argemiro, que ocupava o cargo de juiz 15 = Ms Cabra reuse converters am 855s union to Bape de oa tistio Gomes ibn Antonino iba Juliane abragou ofblig cote modo 0 posto invejado de sectetario do emir. aon ‘AS medidas tomadas oriundos de Cérdova e dos seus arredores, emigraram com os ser tuma cultura'em que se misturavam as tradigdes vsigs mento do drabe, ¢ ténicas romano-visig6ticas adoptadas pelos M. manos ou importadas do Oriente Paralelamente, a histria do bispo de Malaga, Hostegess, tal no proprio sio das comunidad, abalar a sobrevivéncia dc tos, Fi aca dos eristos, Filho de um serte depojava os pobres e fin, sand ocraas converteu ao Islio, Hostegesis comprou com a idad convert ic rou com a idade de vit leigdo para a sede episcopal de Malaga, ordenou padres Pagavam, mandou perseguit 0s que nfo pagavam o dizim meatoviam dinheiro — os seus guardas teriam, asim, chia nte alguns clérigos e rapado a cabega, antes de os pas Que se visse 0 castigo reservado wos que nio pagavam 0 ee lesviou fundos eclesidsticos para as suas proprias cai ‘40s banquetes e aos prazeres proibidos com os govert transmitiu aos recebedores de Cérdova a li Preferiu, num dia de Janeiro de 901, dirigir-se a Hashim em vez de cumprir as suas obrigagdes 100 \. Servandus, primo por alianga de Hosteze: adjectivos suficientes para o descrever — 8, avarus et rapax, crudelis et pertinax, superbus et super udax. Servandus & aqui acusado de ter enriquecido 0 fisco do ista dos cristios, pelo aumento das taxas que sobre eles pesavam io de uma parte dos recursos proprios das igrejas, e de ter as ordenagées para garantir a obediéncia ¢ a fidelidade do lostegesis e Servandus aliaram-se por fim a seita dos antropomor- igida pelo octogenério Romanus ¢ um certo Sebastido, aos quais ade Sansio nao deixa de censurar a Juxiria. Sansio, que fora alvo da do de Hostegesis e de Servandus, no era provavelmente uma inha imparcial. O seu texto revela, porém, que os bispos € os ‘» dispunham sempre de um grande poder no seio das comunida- is de Al-Andalus, poder que alguns nao hesitavam sem diivida em zar em seu proveito para conseguir favores e créditos junto dos emires 's governantes rabes ‘A emigragdo dos membros mais activos da comunidade crista © a i¢io de um certo niimero de centros religiosos e culturais empobre- cram esta: 0 mimero das converses multiplicou-se, ¢ o latim foi cada snos utiizado, Em 930, uma compilagéo histérica a partir dos de Orésio ¢ dos seus sucessores foi traduzida para drabe como 1m sido os Salmos em 886 por instigacao de um bispo de Valéncia © foram a Hispana Collectio, provavelmente, as obras hist 1a que conheceu © Razi; por seu lado, jecemundo de Cérdova esereveu 0 seu Calendério directamente em éra- ficou-o a Aliqueme IT. A influéncia mugulmana fez-se igualmente nos trajes, ao ponto de o padre Leovigildo de Cordova ter de cerca de 862, um Liber de habitu clericorum, onde explicava a em eo significado tanto da tonsura ¢ da barba como dos diversos srdotais. Ese sabemos que em meados do século X um certo s era 0 construtor de diversos edificios no mosteito de Lorvao, na io de Coimbra, a auséncia de crénicas, de textos apologéticos ou de dos concilios depois do século 1X langa um véu sobre a existéncia idades cristds, depois mogérabes, que constituiram ainda ifado e na época dos emiratos de faifas, cerca de um quinto ‘Jo. O caso do rebelde Ton Hafsun, cuja familia se tinha jo a0 Isldo cerca de 840, e que abragou de novo o cristianis- motivos tanto politicos como religiosos, no fim do século, mos- a mobilidade entre as religides era a regra: um dos filhos de Ton oi decapitado depois da tomada de Bobastro em 928, o segundo no exército do califa, o terceiro veio a ser um caligrafo irma, Argéntea, crista ¢ mistica, morreu pela sua fé. No segunda metade do século VIII e no século IX, 0s cristios 101 um escola neoplaénic, : em parte inspira por An ant agen de fomagdo que levaram ns eens nado, Bagdade ou Jerusalém'e dens oe or Hasdai Ibn © uma das personagens tedica de Diosco- 40 rei dos Khazars e ou «principe» da comunidade judaiea bn Shaprut recebera uma ‘pidamente altos postos no belo saber cientifico e literdtio, a a € aos estudos dos seus corre 1m atrair a C5 ao imperadores de Bisinco, de Cérdova, Abu Yusut Ha brifhante educagio que the pernt peli © Seu interesse pela gramat ua biblioteca, o apoio que du a on ‘gionarios, ce Bovassinagogas foram construe a Mine ~ gaa (morto cerca de 970), originario de Bai I vendido como esravo em Condor ens, depois seu ith Rabbi Harok, que mona cece nen hima academia ta cont 104, am nascer uma violenta polémica entre os dois homens, que os seus prosseguiram depois da morte dos mestres e que se saldou em istico © sobre a gramatica ¢ a exegese tratados que no excluiam o recurso aos insultos pessoais. O gua a fim de interpretar o mais justamente 1 as Escrituras que os caraitas colocavam na origem da sua dou- encontra-se nos trabalhos do primeiro grande gramético, Yehudah David, conhecido sob o nome de Hayyuy, que, rio de Fez © lexicégrafo caraita David al-Fasi ensinava , se estabeleceu em Jova no decurso da segunda metade do século x. ‘A poesia foi igualmente cultivada pelo jurista Yosef Ibn Abitur to cerca de 1024) e por Yishaq Ibn Khalfun (c. 970-1020), cujo pai rrara do Norte de Africa para Espanha e que viveu da sua escrita. A fina barbaryya, que levou a dissolugio do califado em 1031, pro- 1 indiscutivelmente uma dispersio dos letrados nas comunidades s em toda a peninsula; os seus membros mais influentes consegui- pequenos emiratos. judeus de Al-Andalus; em 1066, 0s habitantes de hares de judeus, entre icagdo deste desabrochar, 0 Jbraio ibn Ezra (1089-1164) identificou 0 pais de Sefarad, pelo profeta Abdias, com a Hispania; os judeus, «exilados ‘que, vitoriosos, subiram um dia montanha de Sido, ter- ‘no momento da destruigio do primeiro templo, no ies de Jesus Cristo ~ data que se compara aquela em que ava rei dos Visigodos de Espanha convertendo-se a0 ois de Jesus Cristo). Sob as influéncias conjugadas do 105 vos adoptaram a lingua, os costumes ios, No decorrer da segunda meta aes famoso em Cérdova pelo seu dotnnno ca; aleMaggarirecorda & tad i argumentos conica gules que nepaty a © a escrava liberta al-Arudhiya, que mc Sets coecimentos de gramiica de eel trios que exereveu, Or eeravos do exEicito ou do pact tie ese lea, ctiar verdadeiras dinastias ao redor de um po ts czail que apslava também, parm esenperas se ease Bevberes;em consequéncia da fina barbariyya, onde haviam precisamien, fntrado em conflio com os Berbers, ox Esaves eaten een Ped em Tortosa, Valéncia ¢ Denia. aa Nem todos os esravos se integraram no mundo ilimico, edede ao sttlo X que ot eristos do Norocte da peninsula vonage ‘uma crianga, Pe «martirizada» em Cérdova no Principio do século Per ‘er recusaclo abandonar a sua fé. Os historiadores esto, por outro lado, divididos quanto a influénci dee, Givididos quanto d influéncia que as concubinas crstas dos emies ¢ 4: Pamplona, viva de un nobre esto e mie da ita teenie ean Importados cm Espanha em grande ni 00 OO ae ak grandes desconhecidos da historia de Anal, onde nde eens A historia de Al-Andalus entre os sécul 08 séculos uma entidade homogénea sob o governo A heterogeneidade nha dos Omiadas, herangas. E se adi na, mais de uma vez a sua unidade px divisdo em reinos de raifas, ela ¢ 8 fas, ela & igualmente a origem de ual sem igual, em que os membros das trés grandes as prosseguiram ou criaram U1 Andalus constitui assim uma terra de excepe%o, tanto no mundo islamico como no mundo cristo. O geégrafo arabe Tbn Hawaal, que visitou a Espanha em 948, escreveu que os seus habitantes eram «um povo de costumes viciosos e baixas inclinagdes, de espirito estreito e com total falta de ardor, de coragem de bravura militar». E verdade ue numerosos mugulmanos ni falavam, ou falavam mal, o drabe, quer por serem de origem berbere quer por provirem das populagdes hispano- -romanas da época anterior. No século IX, um beduino ao servigo de Tb al-Hadjdjadj de Sevilha queixava-se de que a sua lingua tinha sido con- tagiada pelas expressdes de A/-Andalus. A poesia amorosa em lingua verndcula, ou romance, famente os poetas de lingua dra- be, que criaram uma composigao poética especifica, a muwashsl invengio da muwashsha arabe, que inclui uma jarcha em romance, foi atribuida por um autor do século XII a um certo Mugaddam Ibn lad ~ cerca do ano 900. surpreender 08 visitantes orien- tal como 0 uso do vinho, que a tradiglo faz remontar a Ziryab e que juristas de Al-Andalus, pela adaptagdo de um edicto de Abu Hanifa ‘0 ao vinho de palma haviam legalizado. No fim do séc 0 lado, os costumes © as modas berberes, durante mui batidas pelos emires ¢ pel e: a sul ea oeste do califado, 0 de Cérdova a apresent 8 poetas arabes est que usava um albornoz para atrair as boas jordvida, A lingua arabe, lingua dos governantes, mas também da cultura, foi nente adoptada e substituiu tanto mais facilmente 0 grego como quanto, depois da fundagdo, em Bagdade, em 832, do = ou «casa da sabedoria» ~ pelo califa al-Ma'mun, a maior ficas persas — astronomi ‘A maior parte dos muvalladun parece ter sido bilingue e ter into 0 romance como 0 rabe. Desde meados do século IX que wuiam este exemplo e, «arabizados», adoptavam a lingua e es dos Mugulmanos, 0 que Alvaro de Cérdova deplorava te. As populagdes cristis de Al-Andalus caracterizaram-se uso, mais frequente nos homens que nas mulheres, de bes e, por vezes, pela indicagao do ano da Hégira ao lado do provam 0s documentos de Lorvido, perto de Coimbra, s comunidades judaicas adap- jas, que «0 social, administrativa ¢ religiosa. $6 Tarragona resistin ¢ foi devas- luda pelas tropas de al-Hurr; o metropolitano refugiou-se na Liguria, os habitanies fugiram, O reino dos Francos, que se estendia a norte ¢ a oeste da Septimania, erecia, aos aristocratas hispano-visigoticos, apoio em caso de revolta ¢ n refilgio tdo nevessério. Mas constituiu em contrapartida, para os governadores muculmanos, uma ameaga permanente. A época agitada ue se seguiu & conquista mugulmana ¢ que corresponde & dos wular de spanha (711-752) caracterizou-se pelo abandono de numerosas terras € Jomeragdes de onde os habitantes cristdos emigraram para os territ6- os dos Francos ou recuaram para as zonas montanhosas. Herdeiros da romana, 0s Mugulmanos nunca tentaram, com eftito, alargar 0 er ds regides das montanhas, que nao possuiam nem cidades nem de comunicagio. Lérida, Huesca ¢ Pamplona, que comandavam as permiti- rel nas embaixadas, nos grupos de eos diversos estruturas familiares e sodas proprin ¢ sua religido cos seus rts, no sie de aera poder detrminavam g6es hispano-romanas ao mente. Mas no seul sequin os Mugulmanos eo lei © 05 seus magistrados, a 80% dos idalus; islamizaglo, notavel nas cidades do i ~ da Marea superior. ica procurou, pois, a alianga dos Francos set um poder que ndio Mas a relagio de forgas ja nfo era a sulos anteriores quando o bispo de Narbona, no fim do sécul nando, cerca de 630, haviam utilizado em seu prov ¢ oapelo aos Francos transfc antigas provincias hispano-vis Chapelle reprimiu duramente as reacgdes 26 u o Nordeste da Tarraconense no sistema defens sendo-o a Marca, O esboroamento do poder centr: lo século IX, provocou uma divisio te da fronteira do Tejo tos marcam o fim de s. A autoridade 2. Marea Hispaniea tulo de marchio, A fiegao quanto a dependéncia Antigas provincias profundamente romanizadas, 4 manutengao de uma autoridade piblica ¢ ‘Tarraconense haviam tentado numerosas vezes saci comercial e cultural sulo X. O processo de fragmentagao do no entanto, no centro de um mundo em que a recon: era abandonada ¢ em que a autoridade do conde era lio de possuidores de castelos, de terras, de \dalizagdo» da Marca no se fez, todavia, sem as, guerras privadas e exacedes contra os campone- Ziyad pos fim a uma nova tentativa Provineias onde, cerca de 710, o rei Agila Il havia sido Narbona, Gerona e Tarragona. a, Nines, Au my de Proveng e Avinh lou sob as mesmascondigdc Conceidas no conjunto da peninsula, endo cones reino de Aragio © se se-4_ incontes 10. O periodo de génese da Catalunha durou trés sé (8 auenoscondadosnascidos a noroste da antiga province de Neos mense vam afrounarprogresivamente os lagoveio os hence nha antes de 850 ¢ tarde, cerca de Alguns historiadores escolheram, A res escolheram, pois, prolongar 0 uso da express san de Espanha» durante todo este periodo: u tecipam-se a0 futuro e falam ja de «ondados A conquista franca (752-870) cia) Rrantamento gral dos Berberes crea de 740 nos paises sub pelos Arabes e a crise que dai decorreu em Espanha foram aprove Pela antiga aristocracia visigotica e os seus aliedos rancos abandonar as suas campankas na Galia para voltar 4 novo submeteu Pamplona, em 741; 0 walt de Cordova concen cidade todos os Arabes, e'a derrota dos Berberes proveceu 9 mento das regides setentrionais que ocupavam, etn copes Lusitinia, a bacia do Douro ¢ o alto vale do Ebro. NaS Franeos de Pepino, © Breve, conseguiram conguistar Nar -789 e, depois, o conjunto da provincia; por sua ver, a A 0 controlo do rei franco antes de 768, t ., Carlos Magno penetrou, em 778, vés dos Pirenéus is © por Roncesvales, m Saragoga, capital da Marca superior; a sua ret Bresso pelos Vasconsos, foi destruida aquando vales, © uma expedig20 do emir Abderra colénias cristas da regio de Jaca. As t se apoderar de Huesca em 797 e, depois, m2 por fracassos, e parece que foi assinada uma paz entre o imperador dos Francos e 0 emir de Cérdova em 812. Nos Pirenéus oci a regidio de Pamplona s6 por pouco tempo foi conquistada pelos Francos em 806 e 812, e uma expedigo financiada por Luis, o Pio, em 824, também no sguiu implantar-se em Navarra. A politica de expansio territori levada a cabo pelos Francos teve sucesso na Tarraconense mediterranica. Gerona rendeu-se em 785, depois, em 789, 0 Norte de Ausona e de Cardona caiu nas mos do rador; tr8s exércitos partidos de Tolosa tomaram Barcelona em 1. Tarragona s6 foi temporariamente ocupada em 808 ¢ Tortosa resis- ‘ fronteira de 801 ficou entao sem modificagao durante séculos. Em © conde de Tolosa tinha conseguido apoderar-se, nos Pirenéus, das de entdo, ficou ligada a do conjunto europeu nascido da dissolugdo npério depois de 843; e embora conservando uma heranga comum, 0 jula Ibética, a Marea de Espanha, seguiria futuramente itada pelo Norte dos Pirenéus. los Magno no causou ruptura 2. Sob a protecedo de Carlos Magno um movimento de repo- das terras situadas a sul dos Pirenéus foi iniciado desde o fim iéis aos artigos do livro X do Liber Iudicum, que estipu- , propriedade do fisco, passavam a ser ao fim de nos o bem daquele que as havia cultivado, grupos de habitantes reconhecer por Aix-la-Chapelle este direito de aprisio. Mas os ie rodeavam Carlos Magno nio estavam dispostos a favorecer Ses do aristocratas locais. A condenagao do bispo 8 potentiores hispano-visigéticos. ies nfo tardaram a dar-se por ocasiio de uma ruptura da la entre os Francos e os Mugulmanos, e da defesa de ie 0 conde Bera organizou em 815. Suspeito de ter pactuado inhos, Bera foi destituido das suas fungdes cinco anos mais, ‘os Francos langaram uma expediglo militar contra os m conde franco, Bernardo de Septimania, foi nomeado ‘de Bernardo de Septiminia completava 3 Marea inpai cconada's so eet feavam, de futuro, suetor por lagos de dcitene eae os, aa ger es *s das honores do Rossilhio, de Cerdanha-Urgel, de Falics,de Amps, de Boyde Geom sie nesaa ee io dara mess de anbhoesponcas oe eo contra os scus vizinhos. Bernardo de Septimani Toles: Gulierme cosets aga frente dos condados de Barcelona, Gerona, Narbona e Carcass: invejados pelo seu vizinho o conde Béranger de Tolosa, de 7 Rossilhio, Ampirias Pallars-Ribagorza —, mace inet diate mopuimare ened at uo um fo de Pein Leora Aqui Sunifedo (84-848), que replica Abderramdo'll ce Rive are nha, reunia os condados de Barcel Narbona, pt seu im, Sunyer, os do Ronde ede Annan ee cee Berardo de Sepiniiatntaram, conden ws Pa em que os Mugulmanos langavam novas expedides core, Ppunha Barcelona a saque em 850 851 A paz foi assinada fs abandonadas que até entio havia sido orientado sob real, foi prosseguido e encorajado pelos condes; em mead com efeito, as zonas montanhosas haviam alcangado um ragdo demogri ie 6 a colonizagio das terras biti As veleidades de independéncia de Ber tavam-se ds que manifestavam todos o5, 4 do antigo império de Carlos Magno, e foram reforgadas pela outorga, em 877, do capitular de Quierzy que reconhecia 0 costume hereditério na atribuigao das honores. Mas Bernardo de Gotia caiu por sua vez € 0s seus ‘dominios foram divididos entre os descendentes de Sunifredo e de Sunyer, ‘que sempre haviam sabido mostrar-se partidarios do poder real. A Marea de Espanha (870-985) A nomeagao de Guifré — Wifred -, 0 Peludo (878-897 fredo, & frente do Cerdanhae ssembleia de Attigny, foi completada em 878, em Troyes, p dura nos condados de Barcelona e Gerona, acompanhada do chio, 0 que constitwi provavelmente uma das dltimas medidas -0 pelos ataques leva- a. Paralelamente, 08 \dores, 0 nascimento adminis- . antes de lo de reis de Aragio. A criagdo do principado inscreve-se, 10 processo de fragmentagdo, pe dos reinos pro tes do império carolingio e corresponde a eleigio do conde Eudes de Franga, & proclamagio do conde Boson como rei de Borgo- Provenga, a eleigio do bastardo Amnolfo na Germania. A quase pendéncia de facto que entio adquiriu a antiga Marca de Espanha, le separada da Septimania ou Gothia, nada tinha de comum com 3s de independéncia dos comt icos do século Vil feng, nas actas, das fSrmulas de datar segundo as regras dos s francos prova a profunda integrago da Marca no sistema 0. A fidelidade dos condes e da maior parte dos habitantes do ra com esta longingua autoridade ~ numa época em que, pelo s proclamagées de reinos independentes eram legio — sur- Ela pode ser posta em relagdo com 0 papel de protector que reconhecido aos Francos desde o fim do século Vi em Septi- Nordeste da Tarraconense, Ela constituit essencialmente uma na em nome do qual o conde de Barcelona conseguiu jun propria autoridade durante perto de um século sobre de condes, viscondes, casteldes ¢ outros detentores de sobre os dominios tornados hereditarios. us condado de Barcelona consevou n Ho 0s Carolingios, eos sondes, ao leparon orn 8 © considerando que os bens do ised eam sess be ‘staram juramento de fidelidade aos reis. A di iso i izava na época os vestigios do império de Cat i , do Rossilhio, da Cerda idos; ao Barcelona-Gerona-Vie e 0 herdeiros a fren herdeiros, masculinose em Tudieum. psi Pouco depois da morte de Gui, o P desteuiram 0s condos de Urge se Barcelona sofia uma nova derreta en 9 cmirato foram aproveitadas pel °fortifcaram a honteira oc termo uma expediio contra Tarragona e Tortosa em 936-937. A politica enérgica do emir Abderramao IIT deteve, porém, a s veleidades de expansii territorial dos titulares da Marea de Espanha, mesmo quando desde 920-930 a autoridade dos Carolingios j& nio se manifestava, Borrell iniciou uma politica de aproximagdo com aquele que, em 929, se tornara eiro califa de Cordova, e enviou diversas embaixadas a Al- que, em 971 ¢ 974, negociaram a entrada do conde como vassalo de Aliqueme IT, Jovem principe em 940, Aléqueme tinha, alids, recebido do seu amigo o bispo Gotmar de Gerona uma crénica dos reis francos. ir de 972, 0 conde Borrel adoptou varias vezes 0 titulo de dux titulo que reivindicavam os condes de Tolosa e que, depois de 0 equiparava ao dux Hugo Capeto. A paz com Cérdova foi brutalmente rompida quando, em Julho de ército de hadjib Almangor fer. cereo a Barceloi ia: em 985-987 a ficgdo da ligagdo aos descendentes de Carlos desapareceu com o saque de Barcelona e a chegada do «usurpa- ‘Capeto a Franga. rnaicos, os cristdos vindos de Cérdova ou da Marca superior — 0 . bem como Guscdes ¢ os camponeses de Septimania, O movi- jue se prolongou até cerca de 940, presidiu a eclosio de uma de habitats ocupados por comunidades rurais de camponeses condes de Barcelona-Gerona, de Urgel, do Rossilhio, da Cer- ede Besalu preocuparam-se por outro lado em fortificar a regio, € de fortalezas sobrepés-se as estruturas nascidas do repovoa- rosos castelos foram dotados de uma igreja, que desempe- pel de igreja paroquial; outros controlaram regides mais podiam incluir, como no caso de Gurb, que comandava @ Vie, até cinco pardquias; dentro dos castelos outras obras de havam pelo campo. no decorrer do século X, as cidades repovoaram-se. Cerca 1a encontrava-se recuperada das destruigdes de que havia lo antes e retomava a sua antiga superficie; Eine, no La Sco de Urgel ¢ Vie conhe- (0 desenvolvimento do comér- 0 di © a paz com os Mugulmanos igdo do 0 porto 7 “ONFLENT, gas. G Y AL-ANDALUS OS CONDADOS PIRENAICOS U8. A cexisténcia de trocas comerciais favoreceu, por outro lado, a manuten- Go da economia monetiria, e 0 conde Raimundo Borrell I cunhow moedas de prata no fim do século x. reconhecimento da autoridade real carolingia, que legitimava as pretenses do conde de Barcelona-Gerona-Ausona, nao impediu, como vimos, a submissio do conde ao califa Aliqueme II em 971 e, depois, em 974, Uma terceira poténcia interessou os potentiores da Marca de Espa- nha no decurso do século X -, 0 papa de Roma. Herdeiros ao mesmo tempo da tradigao visigética do principe como defensor fidei ¢ da tra- digdo carolingia de protecgao da Igreja e, por outro lado, herdeiros da longa tradig4o que fazia dos bispos tanto administradores civis como religiosos, 0s condes resolveram controlar a atribuigdo das sedes epis- copais. ( bispado de Urgel tinha sido restaurado no final do século VIII, 0s de Eine, de Gerona ¢ de Barcelona foram-no depois de 810, €0 de Ausona no antigo vicus da cidade despovoada ~ Vic -, em 886. Mas a igreja metropolitana, Tarragona, era em territ6rio mugulmano, e os cinco bis- eja de Narbona que passara iris, a seguir ao de Urgel em 835, adoptaram a regra que havia sido promulgada em Aix-la-Chapelle em 816, enquanto a regra de S. Bento, revista por Bento de Aniane, se espalhava pelas comunidades mondsticas, Os Carolingios, em nome dos cus deveres de «protectoresy da Igreja ¢ do clero, nomearam bispos 2 substituido, em. Us0 a norte dos Pirenéus. As tentativas de resisténcia, como a do clétigo Tirsus cerea de 874, ou as dos bispos Sclua de Urgel ¢ Ermemir de Gerona para igarem da autoridade de Narbona em 887-890 saldaram-se por 5508. ‘A reorganizagio da Marca sob a égide dos descendentes de Guifté, 0 teve por corolério uma politica de independéncia em relagdo a que passou, a partir de meados do século X, pelo recurso directo €m 971 0 conde Borrell reclamou e conseguiu do papa o titulo de ‘ano para obispo de Vie, Atton, mas o assassinio deste fez t as pretenses dos hispanicae provinciae. Em contrapartida, os pir conseguiram, na segunda metade is: 0 conde Miré de Besalu e Val- Ino do conde da Cerdanha, oeupavasimuttaneament erase ineamente os cargos de abade de Rij at de Cana ipo de Vie Ign da Mare de pant colabee sens fer secular por conta do. qual admiuisiars anna impostos ¢ prestava justi¢a publica de acor oe Capitulos, catedrai tf oe do sée1 ea abades una filha do onde Gu era © @ abadessa de Sant Joan, que era sidades em obras igrejas que dependiam do seu i iotecas, das quais algumas nos ‘olumes do mosteiro de Cuxa, em 854, eram. ie menciona 35 livros em 915, a catedral de Vie is em 957, 0 mosteiro de Rip ais de 245 em 104 44 30 em 878, 0 bispo de Ein ossuia pelo menos 53 obra: gaviadas pelos imperadores alemies aos lores que traziam escravos e peles das fei aha @ Al-Andalus ou exportavam armas Cérdova ou objectos de ouro, prata e marfim, as *s contingentes de cristios do §; IX © do principio do X contri Por vezes ra dos «mogarabes 08 iiltimos decénios do sécul gncher numerosos mosteros de € de obras préprias para a cul Sagradas Escrituras e patristicos, os autores eliss 0s comentadores de todas as origens — autore ticos e carolingios ~ encontravam-se nas bi litdrgicos e mus © mosteiro de Ripoll Barcelona ¢ da Cerdanha, ‘vezes, cram bispos de Gerona (970-984) e Oliba (1008-1046) ticos ¢ obras: textos de leis e de obras cies nomia, de geometria e de mi sregos € 0 glossiio he ica. A. presenga de tradugdes de padres 10 redigido cerca do ano mil revelam novas preocupacées teologicas, Desde a segunda metade do século X que 6 brilho de Ripoll atraiu numerosos elérigos vindos do Norte; 0 mais célebre deles, Gerbert d’Aurillac, o futuro papa Silvestre II (999-1003), que havia sido convidado pelo bispo Atton de Vie, esteve ali na época em que Arnolfo era abade nos anos 960 ¢ deu a conhecer o resto da Europa 0 astrolabio. Se 08 autores do mundo carolingio ~ Béde, Raban Maur, Smaragde, Aimon de Fleury, Burchard de Worms — esto entdo presentes nas bi- bliotecas eclesidsticas da Marca, estas mantém-se, porém, fiéis 4 cultura hispano-visigética — de que Urgel sera sempre 0 chantre ~, e Isidoro de lha figura em primeiro lugar nos autores possuidos, lidos e utilizados; em Al-Andalus ¢ 08 que se , a imigragio de mu- ros0s cristios mogérabes por volta do ano 900 explicam também 0 iho, Cassiodoro, Baquidrio, Boécio, Greg6- “ordova e a presenga de cristdos do Sul ede judeus originarios de idalus favoreceram os estudos cientificos ¢ as tradugGes: deve-se, a0 arcediago Seniofré Yallah sobre o astrolal lade da Hispana Coll jcum, prova igualmente a influéncia ‘0s Francos certos notirios do inicio do séeulo X que equi Jos Visigodos» a Lex romana, Na mais pura tradigdo visigética, 0 de Barcelona-Gerona-Ausona, embora nomeado por um a de facto investido pelo direito de uma verdadeira por ha dos bens fiscais. O recurso a escrita para todos os actos da vida 1 e da privada, que constitui a riqueza dos arquivos da actual inscreve-se aqui também numa tradigdo hispanica. principio de uma autoridade soberana se mantinha em vigor, io di heranga visigética reforgava as veleidades de indepen- ica do conde de Barcelona, marchio e, depois, dicx da sua factos um processo de patrimonializagio e de privatizagao, cteristica do mundo franco, germinava nas cinco entidades condados de Barcelona, Ampirias-Rossilhio, Cerdanha- Pallars. Em cada condado, 0 detentor do poder rodeara- de juizes, de prelados e de viscondes; tentativas para criar tes seriam. os dos condados, acompanharam \dependéncia. Violentos incidentes parecem, iarcado certas tentativas de apropriagao de terras 12 AD de alargar os limites dos condados e, sob 0 conde Borrell a fron: it ene 0s eondados de Gerona e de Besa foi fortifcads. © fron tate mina los bens do dominio piblico, plas teras pertencentes ¢ te, pelas taxas sobre o comércio e as pa mn , gens, bem como a cunhagem mona fra rozressivamente a sr confundio com os bens pa, woniais dos condes: em 976, 0 conde Borrell procedeu, sscin o nosso al6dio que recebemos do nosso fiscon vndines nanan rasan qui nobis advent per nostrum flscum. Numerotos bene era erence og couse trons ~ foram coniagor plo ' nobres, a partir de entio chamados casteloe Samora nbs chamados easteldes ou eas ntagens fiscais ¢ a liberdade Autoridade dos visc met cays win condes Ermemir dos seus herders, ina [AS larguezas que continuava a Duiam pare enriqueer uma neers Jot seus rendimentos da explorasde pagan va era directamente valorizada rae ser enguate lo entre numerosorrendeivon Megtce 108 catedrais adoptarm igualmente o sistema ta eeceee non ‘sumentaram as suas propriedades durante a segunda nota Tena Ravina aide ngto da maior parte das pequenas igrejas privadas sec haviam sido eiieadas aquando do grande movimeuts fe eae anos $00. Camponeses lives ¢ pgcnon treet a vezes are @ operagdes defensivas, con: i i maioria da populacdo dentro de um a que os servi tendiam a desaparecer. weenie O saque de Barcelona Pelas tropas de Almangor, Barcelona-Gerona-Ausona d é vusona durante 0 século x: ‘potestas condal, legitimada ao mesmo tempo pelo dinsito cage tico € pela investidura carolingia, e pelas tondéneae conn ddentes de Guifré, 0 Peludo, presa por sua ver dae da Marea superior ~, 05 Carolingios e o papado, m2 PPE TT de Barcelona (985-1131) O-con Os apelos de ajuda langados pelo conde Borrell aos Carolingios néo receberam qualquer resposta, e 0 conde teve de pedir tréguas aos Mugul- anos. Dois anos mais tarde, o iltimo dos Carolingios de Franga, Luis V, , € 08 grandes do reino elegiam rei um dos seus, 0 dicx dos , Hugo, 0 Grande, dito 0 Capeto. Em 988, 0 conde Borrell nfo se ‘Aquiténia para prestar homenagem ao novo rei, rompendo deste a convengio de obediéneia com os descendentes de Carlos Magno, de facto que s6 sera reconhecida pelos reis de Franga em 1258, jo de Corbeil. As breves crénicas, redigidas antes de los do século Xit, adoptaram 0 saque de Barcelona de 985 como do principado. Com efeito, a auséncia de um poder de referéncia as datas dos reinados dos reis carolingios ~ levantou problemas ios da antiga Marea Hispfinica que adoptaram por vezes os ados dos papas; outras, os reinados dos imperadores, e s6 no fim ram a mencionar as datas do «reinado» dos condes. imediatas e, a0 morrer, Borrell '7) 08 condados de Barce- 10, Armengaud ~ Ermengol ~ 0 jo XI se resol iptura nao teve consequent filho Raimundo Borr © Ausona, ¢a seu outro je Urgel, que havia sido i em 948, por morte do seu s de Lérida; a aceifa do ano seguinte conduzida pelo do hadjib Abd Aimalique s6 pos em perigo posigdes de frontei- ndo a agitapdo suscitada por Abderramio Sanchuclo, 0 rcelona organizou uma expedigio contra Cordova em mente para ir ajudar o califa Muhammad al-Mahdi, que os wvam contra os Berberes; 0 conde de Urgel e 0 bispo de rreram na contenda, mas os condes de Barcelona haviam iva militar, contribuido para a divisao do califado em conseguido um espélio enorme: os mancusos de ouro n grande niimero no Nordeste da peninsula, Borrell, durante a expedigao de 1010 e, depois, em 1017 jeu ao apelo do califa omiada, reunira sob a sua bandeira s membros da aristocracia dos cinco condados. Herdeiro lo, parecia continuar a exercer um poder superior no 1 Marca. Mas nem Borrell depois de 988, nem Raimundo 1u puderam cingir a coroa real, quer por respeito para semelhante dos Carolingios quer porque a sua e exercia nominalmente sobre os condes dos outros 123 's. Ora, 08 condes de Barcelona-Gerona-Ausona ji niio desfruta- ia legitimidade que podia conferir-Ihes a ficgio carolingia, Nao asso decisivo que teria feito da sua familia @ propria origem idade € no cingindo a coroa real, os condes de Barcelona condenavam-se a ser apenas condes entre 0s outros, os pares dos deten- tores do poder no Rossilhio, na Cerdanha, em Urgel e em Besalu. A morte de Raimundo Borrel 8 condados transmitides ao filho mais velho, dew a0 seu, Raimundo Béranger I os condados de Barcelona e de Gerona, todavia amputados da regido situada a sul do Llobregat, que passava a Sang Béranger, ¢ deixou a Guilherme Béranger 0 condado de Ausona, O desenvolvimento econémico ¢ comercial, notivel a partir da segun= dda metade do século x, continuava todavia a enriquecer as cidades ~ os hhabitantes de Barcelona receberam, em 1025, uma carta que confirmava 4s suas liberdades ~, enquanto as melhorias técnicas nos campos intensi- ficavam e diversificavam a produgio; a circulagao dos metais preciosos ¢ «das moedas de ouro provam, ao longo da primeira metade do século X1, Vitalidade das trocas e o crescimento econdmico. Por outro lado, as expedigdes a Cérdova em 1010 e 1017 haviam permitido o enriquecimen: 3 s de condes e do seu circulo imediato, como também de uma multidio de nobres de segunda categoria, todos os vicar Yeguers que detinham, por mandamentum dos condes, 0s castelos e fo! lezas, ¢ ainda os que representavam a autoridade piblica junto ‘comunidades de habitantes 0s anos 1020-1040 foram aproveitados por uma nobreza avida de riquezas e de poder. O enfraquecimento da posigio dos condes de Barce- Jona no seio de uma entidade que nfo possuia nome genérico favore 4 apropriagio, pelos seniores, do poder piiblico, necessario ao con dos recursos econdmicos. Os detentores dos casira exerceram progres vamente em seu proveito 0 mandamentum, ou direito de comandar, rece. ber direitos e rendas ¢ de exigir o juramento de fidelidade de t hhabitantes das terras do castelo, bem como o alstrictum, ou di justiga. A apropriagio do poder piblico foi rapidamente acom -mbargo dos «bens puiblicos» ~ 0 fisco icagbes, de terras grandes ou pequenas; lenaram esses bens que incorporaram no seu ps se serviram para conseguir a fidlidade de outros nabres ra jado a fungao vicarial, tornou-se que unia os nobres entre si ido uma tal amplitude, irecto e da percepco das ido uma das bases do seu que sempre designara um bem do fisco 0 emblema do lango de deveres reciproc Em meados do século XI, 0 proceso ha que os condes ja nao di rendas sendo numa parte infima do que havi poder. ii ‘A auséncia de uma verdadeira p dos Mugulmanos pode explicar-se pelo enfraquecimento do poder central A seguir a morte de Raimundo Borrell, a condessa Ermesinda ¢ 0s seus conselheiros preferiram indubitavelmente assinar tratados de paz. com os seus vizinhos, os reinos de Lérida e de Tortosa, que estavam dispostos a fazer-se pagar por um apoio contra a poderosa fafa de Saragoga; a partir ‘mancusos, foram cunhadas em Barcelona. i também devda certamente i posi i ie a nova situagio de lidades de enriquecimento e de aventuras pessoais que a nova situay AlcAndalus fereci, Era, defacto, muito mas proveitoto para numero: s nobres organizar breves razias no Sul para obter um espolio, ow ainda thagar os seunervigo a ete on dle el date ca guerra contra oven vizinho, do que proceder 4 conquista, 20 repovoamento e a defesa de novas crs Non conladoa a apropos end, dos dro eds vantajosamente uma tal politica. As guerras ‘vadas provocaram correlativamente o recrutamento, pelos nobres, de mens de armas, 08 fide ‘ou, simplesmente, homines, que cedo a de conquista territorial & custa lizagao do poder pit joques, € as ambigdes de uns cedo se confrontaram com as dos seus nhos. A insegurago tornou-se geral, levando numerosas comunida- servigos, entre os ares. A pequena 4 obrigagio de participar nas campanhas jedade alodi Jo século XI, a pro- e homen: osteiros tuigdes eclesiésticas sofreram igualmente miltiplas usurpagdes ¢ vio- perderam uma parte do seu patriménio. Com 0 desaparecimento ou a ineficdcia da autoridade piblica, 0 a foi igualmente usurpado pelos detentores das as, que Organizaram os seus proprios tribunais de justiga; os 3s aos feudos ¢ as relagdes de vassalagem eram mandados 8 familias nobres, para lutar contra a inseguranga, recorreram tam= acordos privados, aliangas matrimoniais, pactos de no agressio, ws de paz, reforgados com juramentos de fidelidade; a oferta de 125 jerra ou de uma renda recompensava a prestagio di va a prestagio da homenagem. Os condados do Rossilhio © de Ampirias foram divididos a partir de 991; 0 de Pallars deu inicio, em 1011, a duas novas entidades. O visconde Bernardo Sunifredo iniciou em 1047 uma politica de anexagao de caste- los e de rendas pertencentes ao seu senhor, o conde Raimundo Guifté da Cerdanha, enquanto a norte dos seus dominios o conde de Barcelona Berd uma parte doe seus antgos direitos, Perante as violencias da aristocracia, altos dignitérios eclesidsticos arrastados pelo bispo e abade Oliba (1005-1046) impuseram o principio das assembleias de paz c da is igrejas e as suas dependéncias pelo testamento de seu pai, comegou desde a sua ascensio ao poder uma ica de restauragio da autoridade dos condes que cedo provocoi revolta da nobreza sob a égide de um membro da fs Geribert. A grande revolta feudal durou cerca d durante os nobres se apoderaram das fort fisco ainda nesas ¢ religiosas ¢ fizeram rei dispunha, contudo, de uma série de trunfos que iam do aj {que se opunham a privatizagdo e a divisio do poder ~ clero sec regular, juizes e notarios, cidades e comunidades camponesas, membros pela forga ou pela compra, a submissio dos revoltosos em 1059. "Raimundo Béranger I dedicou-se, pois, a reorganizagio do condado ¢ a restauragio da sua autoridade nos dominios antes sujeitos ao di n base da autoridade pil foi copiado e difundido, enquanto os que rodeavam 0 conde sed vam 4 revisio das leis para as adaptar 4s novas exig ‘irangeoneis eaktasporio set cotinader de RexeallaS retomado um século mais tarde nos Usatges, assinala expressamen cattnthalgathroniasaisnstantsliieh incon de-peleage ai 1no principio do documento, antes mesmo da invocagio di idade em que de ento em diante 0 conde se api no cédigo de que ele era, a0 longa perspectiva histérica, se comprazia a ident calcular 0 tempo do dominio muguimano, a apresen 126 como uma libertagio daquele ea recordar os acontecimentos surgidos desde do século XI estit foram a partir dai reservac ite dos cinco condud sido a do Liber Tudicum. ‘Os recursos financeiros de que dispunha Raimundo Béranger I em tude das parias fornecidas pelos reinos de Lérida c de Tortosa e gragas ontribuigdes dos mercadores de Barcelona, bem como o recurso 19 a0 Liber ludicwn, que exaltava 0 conccito de potestas, de- ‘a0 conde de Barcelona uma evidente supremacia sobre os que finalmente vencera em 1059. Mas 0 conde participava plena~ mnte do ideal aristocritico que se desenvolvera na antiga Marca ¢ cujas ves se devem procurar a norte dos Pirenéus. «Godo» ¢ no «espanhob, ‘undo Béranger procedeu & reorganizagao da Gothia, nio voltando tentando fazer prevalecer 0 conceito de autoridade piiblica basea- ei escrita ~ visigética ~, mas ratificando e encabegando o sistema snndmico ¢ social nascido no decorrer dos decénios anteriores. wundo Béranger exigiu, pois (e acabou por conseguir), 0 juramen- 3 nobres, gragas aos quais controlou ida sobre as miiltiplas fidelida- 5 pessoais e que, ao nivel infer va as comunidades campo- por intermédio dos tutores ¢ dos is exactamente, de resgate, perm 's dominios numerosas pragas-fortes, prestar-Ihe homenagem directamente, Raimundo Béranger no {now unicamente os nobres dos seus condados por lagos de vassa~ ‘conseguill igualmente que os condes de Urgel, de Besalu, da fanha, de Ampurias ¢ do Rossilhdo reconhecessem a sua soberania. 'o processo, o conde havia recuperado a sua supremacia € 0 seu inente, ja nao como detentor de direito da autoridade pablica, ‘controlo pessoal dos miitiplos detentores de parcelas do poder. sos que as parias davam permitiram por fim a Raimundo jor adquirit em 1066 0 condado de Carcassona, cujo titular morre- sem descendéncia; no ano seguinte, comprou também as pragas-fortes " Estopifian e Caserras, a sul do condado de Ribagorza e do ‘de Aragio. O conde de Barcelona, que, por outro lado, se re a organizar expedigdes «punitivas» contra a taifa de fava no entanto os olhares para 0 Norte dos Pirenéus ¢ a Winia, onde a sua politica nio tardaria a colidi condes de Tolosa. Consequéncia directa da det 127 "a conduzida pelos Partir de entio a0 Norte los-ia do empreendimento sua participagio na «cru. ‘ado de uma alianga com a ‘dade que as relagées com 0 dos Pirenéus ¢ @ bacia medit cia mediterrinica, comum a todos os Hispani com i, @ reconquista, A day de Barbastto em 1064 fol mare aan do que com Aragiio. E ver Béranger Raimundo Il (1076-108 uma grande parte da i expulso do poder (1096-113; acto que levantou contra e {Robrera do ‘condad e the ‘ lo filho de Raimundo Béranger, R AAs lutas fratricidas e 0 papel de ju retirando a sua fidelidade aoc que uma parte conde, abriram Drocuraram 0 apoio do castethane a 1aN0 e, a seguir d conquist Bae ofereccram-Ihe as parias de que beneficiava até entae > Bareslona. A norte dos Piru, 0 vseonde de Berne ee" ;poderava-se de Carcassona, onde se mantinha; os condee de homenagem sendo em tartimorm que thes servia de base; sé uma ms para designar o conde de Barcelona e, por extensio, os que o seguiam; os condes da Cerdanha, de Urgel ¢ das Ampiirias haviam efectivamente tomado parte na expedi¢io de Maiorea Cimo incontestado da pirdmide feudal, 0 conde de Barcelona, rodea- do ¢ aconselhado por uma curia con por nobres, clérigos e repre- nes da cidade de Barcelona, fez uma politica externa activa. O pacto assinado em m os cOnsules de Pisa teve por consequéncia a expedigdo vitoriosa contra Maiorca e abriu 0 Mediterraneo ao comércio © papado concedeu ao bispo de Barcelona, Olegirio idade de arcebispo de Tarragona. Uma politica de conde se comprometia a ndo empreender qualquer acgio contra um casamento janga com Afonso VII de Castela, 0 ‘No ano anterior havia sido assinada uma paz com o conde de racas a auséncia de autoridade real, os que viriaa ser a Catalunha conheceram um rapido processo de de apropriagio dos bens do fisco. A retomada do lares do condado de Barcelona, durante a segunda ve lugar segundo o costume feudal pelo reconheci- que se haviam apro- 's € rendas no scio de uma pirémide de fidelidades tantes das cidades, fortalecidos com os recursos que Ihes assegurava, conseguiram preservar a sua indepen- esmo ndo aconteceu com as comunidades rurais, sobre as u arbitrariamente 0 poder senhoril. Je que caracterizou o século XI, prosperidade devida 8 parias, as inovagdes técnicas no sector agricola, & aber- comércio maritimo, permitiu a continuagao das activida- juanto 05 condados setentrionais se cobriam de igrejas s de frescos, muitas vezes de influéncia lombarda, ros, € © Seu scriptorium estiva A incorporagio progressiva dos sua colecgio de jo do século grandes mosteiros de Ripol lui Cuxa © Sant Pere de Roda a lo, a sua vida o1 turgicas icas traduzidas do drabe, os Padres da Igreja africana e idades eclesiasticas passavam a de patriménios imensos, cons- sobre os homens; na nova ais, a Igreja encontrava-se do tages, os proprictiri titwidos tanto por rendas como por dit sociedade, proveniente das violéncias fet lado dos senhores, Angina barbariyya da primeira metade do século XI e, depois, os de 1086, levaram numerosos judeus a estabelecer. “ondados do Norte do Liobregat, Depressa as suas aproveitadas pelos comerciantes ¢ pelos bispos, ¢ a urbana, como testemunham numerosas men. tamentos, Notarios e escribas acomy els ‘acompanhavam as ides comerciais, enquanto os juristas que rodeavam os condes igiam o esboco dos Usatici Barchinonae, ¢ 0 latim e a lin cram igualmente praticados, : eee se uma, assim no seu teritério duas sociedades em tudo opostas enriquecido pelo comércio ¢ que s li paz de Deus na epoca de Alceasane Gregério Vil (1072-1080) prinepas mosteitos, dos costumer de Clg go nidades de cOnegos da ordem de Sain Rufsic 130. ‘contribuido para o abandono de uma cultura ainda fortemente visig6tica ‘em proveito das influéncias francesas 3. Os «eristiios» do Norte tre 711 ¢ 715 a conquista mugulmana havia incorporado a maior parte do territério da Espanha visigética no Dar , suscitando como reacydo, no decorrer da segunda metade do século VII, a conquis- a franca do Nordeste da peninsula. No Norte € no Noroeste da antiga Hispania encontravam-se zonas montanhosas, a cordilheira cantibrica ¢ 0 Pirenéus ocidentais, de dificil acesso, que tanto os Romanos como os Visigodos haviam sempre evitado. Uns e outros tinham-se contentado em belecer uma linha de fortificagdes militares para conter os «brbaros» regides, que manifestavam uma desagradével tendéncia para a jem, enquanto a partir do fim do século Vi um movimento de ngclizagdo-romanizacio era prosseguido por eremitas © pequenas for- s de anacoretas, fortemente influenciados pela espiritualidade dos ies do Deserto, Sé a Galiza havia beneficiado de uma rede de vias de tével organizagao ecle (0 demonstra o Parrochiale Suevorum. nstas regides montanhosas, profundamente rurais e pouco que se refugiaram os cristdos que fugiam das provinci sda conquista mugulmana, mas mais seguramente aquando ita dos Berberes e da grande seca dos anos 748-753 e, depois, no irenéus ocidentais ou centrais, de los de longos séculos de romai tncia das cidades, a fungdo real e 0 direito romano ocupa- igar predominante. Separava-os um abismo das populagdes s, que viviam principalmente da criagdo de gado e falavam sem 1 vontade as suas linguas do que o latim ou 0 romance. 1a de todos aqueles que, desde 0 fim do século IX se sob 0 termo genérico de «cristdos» ~ hispani era reservado 10 Sul ~ parece-nos ser uma das caracteristicas maiores do deu lugar aos futuros reinos de Ledo, de Castela, de Na- e de Portugal. nto, de uma historia que m esse facto, deu Iugar a as vores s¢ conserva iplas interpretagdes BI mugulmano ¢ alargar a sua autoridade na provincia. A escaramuga de 722 foi glor fe © tornou-se 0 acto de nascimento do 10 das Astiirias, quer dizer, da Espanha medieval: a Virgem teria iparecido ali para anunciar a Peligio a vitéria, enquanto o «maw» me- no de Toledo, o traidor Oppas, que tutava ao lado dos mugul- ‘manos, teria perdido a liberdade. As crénicas posteriores tiveram o cuidado de indicar a relagio entre gio e o rei visigodo Vitiza ¢ mencionaram que Pelagio, mesmo antes da ha» de Covadonga de 722, havia sido eleito rei: f 19 porque eleito, que a (ida instalado a sua acorte» em Cangas de Onis, a p: ernado até a sua morte, em 737. A Cant xx, Petrus ~ que as crénicas dizem descender dos «bons» Leovigildo ¢ Recaredo, mas que devia mais certamente pertencer arquias locais -, jornou genro de Peligio lava a grande et a derrota seg de Afonso III, redigida a pai tentativa de «ordenagion histéri realizada pelos proximos do rei. A narra queda da monarquia visigética e da sua «ontinuidaden nas Astirias do stealo fem, essim, por fim no relatar os aconteimentos tal como se fem ter produzido, mas legitimar a realeza do fim do século Por outro lado, as regides se ae de igre ‘mais préximos situavam-se na Galiza - Tria, Lugo e, talver, Sul da cordilheira cantibrica ~ em Astorga e Paléncia. Os primeiros et Soeeua orga e Paléncia. Os primeiros esta. anos do século sto relativam: constituem uma primeira iso» dos acontecimentos, que fazem das causas da ©) contribuiram para despovoar a bacia do Douro, into uma primeira yaga de imigrantes provenientes do Sul procura- igio nas montanhas setentrionais. Nascia o «reino das Astiria 1a continuidade real visigt como as de alguns historiadores que at cas ~ portadoras de valores viris e aut desde sempre rebeldes aos «invasor dieval, criando assim em particular Temos de admitir que, fora da {tamente «indigena ; quer em fungio de iettos proprios da Europa setentrional; tanto num caso como no \gor com que brilha a Espanha muculmana faz empalidecer a cia, Um estudo mais atento revela de facto um desejo de oloeda sb iedeum de ds una adminbtrado copia dat de epoce wage, informa dps no no peri aon noko,defarna ween spranenis ch sven & los que os «cristios» do Norte mantiveram com os Hispani, Mp Bal ccotn tndonrarstvadons ono qunsocr aca semper pacer ma nba ertura a coajunta da Peniaua Theron eto mundo medi ico ¢ biz 10. por mulher. doin rea de 718 e, to Peligio, originario de Cant teria vencido os Mugulmanos num vale entre escarpas ~ 8 ca que desde sempre utilizavam os montanheses contra a das planicies -, antes de conseguir matar numa batalha o jt 132 ae © aclamado rei. Os cronistas do é Oseronisa do in dos sculos 1x ou X content. de Ligbana redigiu em 785 em resposta ao toledano, tinham provavel- rex constituitur - sem indicat ‘mente conotagGes politicas: em 785, Mauregato havia usurpado o poder e Afonso I parece ter 36 o coaibervaval oon EDGR GON Moga ETATGNPNDS hed pazou titita= em especial tirar como a Igreja de Toledo, em virtude do seu estatuto de dhimmi. Uma das Berberes ¢ Arabes consequéncias da condenago das teses do metropolitano, reforgada pela fares, tomna-se dificil ‘que proferiu Aleuino em Aix-la-Chapelle, foi a emancipagao, durante 0 depaigaigenaee ‘aso. Os problemas que se lev: scrane Aen erin er BS ee “= °M, 0 Casto (79-842), parecem eicoee c leza durante a segunda metade do século vin Umeeneatet Silo lamanca; as populagdes cristas foram conduzidas ao norte da cor: gato (783-788), depois um . sucederam a Afonso I, antes de lho de Fruela e que fora procla 8-791), 0 trono Afonso 0s Vasconsos tomado por galegos e bascos, que comegavam a desempenhar um papel social € politico no principado: em 783, quando Mauregato usurpou a coroa, s0 Il parece ter-se refugiado entre a familia de sua mulher na Vas- 0s herdeiros, fe do patriménio, ‘A zona pirenaica havia ja comegado a acolher os hispani provenientes ul, © 08 primeiros vestigios do estabelecimento no Canal de Berdiin; le separa os altos macigos das serras meridionais, remontam aos anos Porém, a norte dos Pirenéus, os primeiros carolingios haviam em- e terminado a conquista da Aquitinia e faziam pressio sobre Vasconsos. Quando Afonso IT se refugiou a leste do reino de Canti- s, apenas cinco anos tinham decorrido desde o fracasso da de Carlos Magno contra Saragoga. Tinha sido criado um s vales, regido, em nome dos Francos, por um certo base, foram enviadas expedigées, embora sem Na regio de Pamplona, onde 1 de conquista franca io do século, escolhendo cada uma o seu c governante: Fruela era o tinico da do eram netos do dix Petrus, Silo pene Pe maciga de cristios do Sul nos 1 como as transferéncias de pop Afonso I provedeu, podem ter con oder. Tais divisées poderiam exp Por magnates em virtude do pagamen Que os cronistas censuraraio e Soca da organizagio de Al. A llenda transformaré, nimero de escravos, em das cada ano a Car A exi eseritos ditos Elipando. A acusagio vi i € 0 bispo de Osma Etheriu carta dirigida ao abade Fid ju 0 verdadeiro acto de nascimento de de meio século, nao dispunha ainda de imidade, o que viria, 134 ae a fa de Afonso II e dos seus colaboradores. O rei escolheu em Primeiro lugar apoiar o seu poder na autoridade dos Visigodos ¢ re. ctiou, na cidade de Oviedo, que havia sido fundada cerca de 781 ¢ que i, tuma monarquia que pretendia ser a herdeira de icuti Toleto fuerat tam in ecclesia quam in Afonso II rodeou-se de uma corte, a 8 Iaicos e eclesidsticos, os comites com o seu notarius regis, e nomeou frente das circunscrigdes territoriais, igualmente de um quadro digno da fungio que lo arquitecto Tiodo, iniciow a construgao de maiti- © eclesidsticos na sua capital. Os cronistas da época de relatardo a porfia 0 niimero e a beleza das igrejas devidas a0 rei: a basilica de S. Salvador com os seus doze altares 4 volta do altar. mor, a da Virgem Maria, que Ihe estava ligada e que servia de pantedo real; a de Santo Tirso, bem como uma igreja consagrada a §. Juliano, es ricamente ornamentados. Especificam por lo que os palicios reais dispunham de banhos, de salas de jantar, de alojamentos, de salas de guardas e de uma capela particular, a camara santa; as escavages revelaram que o palicio era consin Plano de uma villa romana, com as suas torres ¢ 08 seu capela possuia uma cripta, onde eram conservadas as re trazidas de Toledo -, dominada pelo oratorio propriamente de Sai -des-Prés, tipo ba: do com a liturgia hispan rica em que os motivos ror domina. O cenirio de que se rodeou a monarquia asturiana era uma lembranga do passado visigotico de que ela se afirmava herdeira. Os omamentos ¢ decoragdes dos monumentos atestam uma longa tradigéo arquitect6ni vez reforgada por artesios vindos do Sul da peninsula. © pal ter possuido uma oficina de ourivesaria, o em Toledo no século Vil, onde também trabalharam prova te artesios originirios do mundo carolingio; a cruz-relicario di ‘omamentada de pedras rei Alor aula regia, composta de magn: alatini, criow uma (0. A igreja » dotada de uma iconostase de acor- "a, possui ainda a sua decoragao picté- ios servem uma ideologia cristd que a cruz our reciosas e de camafeus antigos — que, em §0 1 ofereceu a igreja ~, conhecida pelo nome de «cruz dos Prova a vitalidade desta arte. O palarium possuia, enfim, o seu ue parece ter redigido anais ¢ uma cronica, hoje perdidos eaep6es contra Toledo, de onde o metropolitano Elipando © seu desprezo os clérigos do Norte, os anais, depois de um breve 4a historia da Espanha visigética, comegavam com Peligio No campo eclesidstico, o afastamento provocado pel, entre Beato de Ligbana ¢ a metrépole toledana foi apro 136 que criou, cerea de $10, um bispado na sua capi na sua Igreja, de que so II surgia como 0 sucessor dos Visigodos, apoiado na sua Tg q tra o protector. Ete papel fi wmiraulovamente>reforgado pela desco- berta, nos anos 820-830, do timulo do apéstolo S. Tiago, na Galiza, na diocese de Iria; Afonso IL mandou restaurar o sepulero ¢ construir uma a nas proximidades. A revelatio da existencia do timulo de S. Tiago rei asturiano foi apreentada como wm sinal dof ea pari de 84, s0 TI tomou 0 apéstolo como patronus et dominus totius Hispaniae; RS ag prim nel mer ererern no in do triarca de Jerusalém, Ledo, veio confirmar, alguns anos rd «pesapa do corpo de :Tngeam Cai, dano ordeal a partir da Terra Santa, Fiel a a, Afonso I nandou cobrir de marmore o interior do sepulcro do apéstolo, causando admiragéo dos primeiros peregrinos enh nk SS chem ica incluiam necessariamente o conjunto da Hispania. Tendo Ovie- hada em 794, as aceifas enviadas pelos emires de Cordova a leste da bacia despovoada do Douro, em especial & Ga no conseguiram penetrar no interior destas. Em contra des organizadas pelo rei de Oviedo mostraram-se provei ‘mesmo ao saque de Lisboa. Em 833, Afonso II apoiou a rebeliio, Cérdova, do mawla Ibn ’Abd al-Djabbar de Mérida, a quem deu }0asilo, antes de o mandar executar, sete anos depois, como traidor. ‘As relagdes que o reino de Oviedo manteve com o império carol so muito claras. Foram indicutivelmente estabelecidas relagées di- as, que favoreceram 0s numerosos hispani que haviam procurado norte dos Pirenéus. Frades como Bento de Aniane ~ cujo fo nome era Vita membro do alto clr, como o metropol Narbona Nebridius, o bispo de Orledes Teodolfo, o bispo de Claudio ou Agobardo de Lyon, ¢ magnates acolhidos na corte ios serviram certamente de intermedisrios ou de embaixado- Caroli Magni menciona mesmo que 0 rei Afonso II teria lo a preeminéncia de Carlos Magno; esta assergio, que chega- ha alguns séculos mais tarde e contra a qual os cronistas se ivamente criando 0 mito de Bernardo del Carpio ~ herdi da nica -, parece-nos pouco fidvel. O «renascimento» i ‘0. Ora, os Francos foram sempre zodos. A conquista franca la, como as ambigies de Carlos io, na Aquiténia e para além dela, nfo deviam ser do i pretendia ser 0 herdeiro de Toledo e em que os seus 137

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